quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Uma Linda Vida – Cinema, Introversão & Uma Estética Apaixonante.

              É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor”. William Shakespeare  

O entendimento moderno é distinto da visão historicamente tradicionalista. Os seres humanos desejam aquilo que amam, e odeiam coisas pelas quais têm aversão. Com o desejo significamos a ausência do objeto; com amor, sua presença. Com aversão a ausência e, com ódio, a presença do objeto. Primeiro filósofo moderno a articular “uma teoria detalhada do contrato social”, com sua obra Leviatã, escrita em 1651, Thomas Hobbes foi um filósofo inglês do século XVII, reconhecido como um dos fundadores da filosofia política e ciência política moderna. Desde Hobbes o poder de um homem, universalmente considerado, consiste nos meios de trabalho de que dispõe para alcançar, algum bem evidente tanto original (natural) como instrumental (político). O maior de todos os poderes humanos é o poder integrado de vários homens unidos com o consentimento de uma pessoa naturalmente ou civil: é o poder do Estado ou aquele feito representativo de um número de pessoas, cujas ações estão sujeitas à vontade de determinadas pessoas em particular, como é representado o poder de uma facção ou de facções coligadas no mundo contemporâneo. Ter servos é poder, como também ter amigos, pois isso significa união de forças. Igualmente, a riqueza, unida à liberalidade, é poder, pois congrega, une amigos & servos. Mas, sem a liberalidade, a riqueza não é protetora; pelo contrário, com grande facilidade expõe o homem à inveja e à traiçoeira rapina no processo de comunicação social. Reputação é o processo mediante o qual “o poder é representação de poder” (cf. Crignon, 2007), porque, por meio delas, obtemos a adesão e conquistamos o afeto político dos homens que precisam ser em tese protegidos.

Êxito, analogamente também é poder, pois a reputação da sabedoria ou da “boa fortuna” faz com que os outros homens temam, idolatrem ou confiem. O valor ou conceito de um homem é, como para todas as outras mercadorias, seu preço; isto é, depende de quanto seria dado pelo uso de seu poder. Assim, não é absoluto, mas apenas uma consequência da necessidade e do julgamento alheio, através do macróbio senhor dos códigos, escritor, filósofo e filólogo romano, autor das Saturnais e do Comentário ao Sonho de Cipião. Segundo uma das versões, nasceu por volta de 370 na Numídia, na África. Exerceu grande influência na Idade Média pela transmissão e elaboração de uma parte da tradição filosófica grega pagã no período pré-nissênico da escola neoplatônica do Ocidente latino. A estima pública de um homem, que é o valor que lhe é conferido pelo Estado, é o que denominamos ordinariamente dignidade. Essa valorização pelo Estado é expressa pelo cargo público para o qual é designado, tanto na magistratura como em funções públicas, ou quando esse valor é expresso por títulos e honrarias que lhe são concedidos. A fonte da honra é o Estado, e depende da vontade do soberano.  A honra não sofre alterações se uma ação é justa ou injusta. A honra consiste unicamente na opinião de poder. O medo é a única paixão que impede o homem de violar leis. O medo pode levar a cometer um crime expressando o que o influente cientista político canadense C. B. Macpherson (1911-1997) denominou de “individualismo possessivo” demonstra que há uma tradição política na qual a propriedade é constitutiva através da individualidade, da liberdade e da igualdade.

Fisiocracia tem como representação uma teoria econômica desenvolvida por um grupo de economistas franceses do século XVIII, que acreditavam que a riqueza das nações era derivada unicamente do valor de “terras agrícolas” ou do “desenvolvimento da terra” e que produtos agrícolas deveriam ter preços elevados na economia. Suas teorias surgiram na França e foram mais populares durante a segunda metade do século XVIII. A fisiocracia talvez seja a primeira teoria bem desenvolvida da economia. A fisiocracia foi formada por filósofos, negociantes, médicos, editores e intelectuais franceses que, sobretudo durante a década de 1760, buscavam realizar um sistema de filosofia fundado na noção de ordem naturalizada e no chamado jusnaturalismo, isto é a existência de leis naturais. No sistema filosófico moderno elaborado pelos fisiocratas, a compreensão dos fenômenos econômicos e sua explicação passa a assumir um papel invariavelmente preponderante. O movimento foi liderado por François Quesnay (1694-1774), mas contava com figuras importantes como Victor Riquetti de Mirabeau (1715-1789), Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), Nicolas Baudeau, Pierre Samuel Du Pont de Nemours e Le Mercier de la Rivière. Esse movimento imediatamente precedeu a primeira escola moderna, a economia clássica, que se iniciou com a publicação da “mão invisível” de Adam Smith (1793-1790), em seu livro clássico, intitulado: A Riqueza das Nações, em 1776, um filósofo e economista escocês, que teve como cenário da modernidade para a sua vida o atribulado no Século das Luzes, o século XVIII. A contribuição mais significativa dos fisiocratas tinha per se como primícias a sua ênfase humanamente possibilitada no trabalho produtivo como fonte de riqueza nacional.

Este pensamento abstrato econômico no âmbito de formação das sociedades europeias é contrastante, comparativamente, em relação ao das escolas anteriores, em particular o mercantilismo, que muitas vezes centralizava na riqueza do governante, no acúmulo de ouro, ou no saldo da balança comercial. Enquanto a escola Mercantilista de economia dizia que o valor dos produtos da sociedade era criado seu ponto de venda, com o vendedor vendendo seus produtos por mais dinheiro do que estes tinham originalmente valido, a escola Fisiocrática de economia foi a primeira a ver o trabalho como a única fonte de valor. No entanto, para os fisiocratas, apenas o trabalho agrícola criava este valor nos produtos da sociedade. Todo o trabalho incipiente industrial e não agrícola eram, por assim dizer, “apêndices improdutivos” para o trabalho agrícola. Na época historicamente em que fisiocratas estavam formulando suas ideias sociais e econômicas, a economia era quase totalmente agrária. Esse talvez seja o motivo pelo qual realmente a teoria tenha considerado apenas o trabalho agrícola como sendo valioso. No mundo dos fisiocratas estes viam a produção de bens e serviços como etapa de produção e consumo do excedente agrícola, uma vez que a principal fonte de energia era simultânea o músculo humano ou animal, e toda a energia era derivada a partir do excedente de produção agrícola. O lucro na produção pré-capitalista representava apenas o contrato social referente ao aluguel pelo proprietário na produção agrícola ocorrendo como capacidade de trabalho.

A percepção do reconhecimento dos Fisiocratas da importância fundamental do terreno foi reforçada no meio século seguinte, quando os combustíveis fósseis foram aproveitados pelo meio de trabalho e utilidade de uso da máquina a vapor. A produtividade aumentou consideravelmente. Ferrovias, e sistemas de abastecimento de água e saneamento a vapor, possíveis cidades de vários milhões de pessoas com valores da terra muitas vezes maior do que as terras produtivas agrícolas. Assim, enquanto os economistas modernos também reconhecem manufatura e serviços como produtivos e geradores de riqueza, os princípios econômicos estabelecidos pelos fisiocratas permanecem válidos. A Fisiocracia tem uma relevância importante em que toda a vida permanece dependente da produtividade do solo bruto e a capacidade do meio ambiente natural se renovar. O historiador David B. Danbom, autor e professor de história agrícola, na Universidade Estadual de Dakota do Norte por mais de quarenta anos explica: “Os fisiocratas condenavam as cidades pela sua artificialidade e elogiavam estilos mais naturais de vida. Eles celebravam os agricultores”. Eles se chamavam économistes, mas são geralmente referidos como fisiocratas para distingui-los das muitas escolas do pensamento que os seguia. O Confucionismo, per se um sistema filosófico desenvolvido a partir das ideais de Confúcio, foi adotado por fisiocratas como Quesnay. A Fisiocracia é uma filosofia de caráter agrário. No final da República Romana, a classe senatorial dominante não era autorizada a participar do setor bancário ou do comércio, mas dependia de seus latifúndios, grandes plantações, para a renda.

Eles contornaram esta regra socialmente estabelecida por meio de procurações dos chamados “homens livres” que vendiam bens agrícolas excedentes. Após o declínio do Império Romano, a desurbanização levou à cessação do comércio e ao declínio da comercialização de produtos agrícolas na maior parte da Europa Ocidental. As economias centraram-se nas casas senhoriais agrícolas onde guerreiros-proprietários, a nobreza medieval, coletavam alugueis de seus servos na forma exploratória de parte da produção. Este foi o sistema econômico dominante até que o comércio começou a ser revivido no final da Idade Média, promovendo a ascensão da classe mercantil. Outra inspiração veio do sistema econômico da China, considerado o maior do mundo. A sociedade chinesa amplamente distinguiu quatro ocupações, com bolsas de estudo burocratas, que também eram proprietários agrários, na parte superior e na parte inferior comerciantes, porque eles não produziam bens, apenas distribuíam os produtos fabricados por terceiros. Líderes como François Quesnay (1664-1774) eram confucionistas ávidos que defendiam as políticas agrárias da China, uma nação muito populosa da Ásia Oriental cuja ampla paisagem abrange pradarias, desertos, montanhas, lagos, rios e mais de 14.000 km de litoral. A capital Pequim combina a arquitetura moderna com locais históricos, como o complexo de palácios da Cidade Proibida e a Praça da Paz Celestial. Xangai é um centro financeiro globalmente repleto de arranha-céus. A Muralha da China corta de forma exuberante a região verdejante do Norte do país de Leste a Oeste. Estudiosos têm defendido ligações com a escola agriculturalista, que promoveu o “comunismo utópico”. Quesnay defendia que a terra era a única fonte de riqueza, considerando a agricultura como fonte principal da riqueza do Estado.

Uma questão muito importante foi levantada a respeito das ideias abstratas, ou gerais, a saber, se são concebidas pela mente como gerais ou particulares. É evidente que, ao formar a maior parte de nossas ideias gerais, se não todas elas, fazemos abstração de todo e qualquer grau particular de quantidade e qualidade; e que um objeto não deixa de pertencer a uma espécie particular cada vez que ocorre uma pequena alteração em sua extensão, duração ou outras propriedades. Pode-se pensar, portanto, em tese que existe um claro dilema, decisivo para a determinação da natureza das ideias abstratas, a qual tem sido motivo de tanta especulação por parte dos filósofos. Como a ideia abstrata de David Hume de homem de todos os tamanhos e todas as qualidades, conclui-se que ela só será capaz de fazer isso, se de fato poder representar ao mesmo tempo, abstratamente, todos os tamanhos e todas as qualidades possíveis, ou então se não representar nenhum tamanho ou qualidade particular. A primeira proposição tendo sido considerada formalmente absurda, porque implicaria uma capacidade infinita da mente, costumou-se inferir que a segunda seria a correta – e por isso se supôs que nossas ideias abstratas não representam nenhum grau particular de quantidade ou qualidade. A confusão que por vezes envolve as impressões procede somente de sua fraqueza e instabilidade, e não de uma capacidade que teria a mente de receber uma impressão que, em sua existência real, não possua um grau ou proporção particulares. Isso representaria uma contradição complexa em termos, e implicaria mesmo assim, a mais absoluta das contradições, a saber, que é possível que uma mesma coisa seja e não seja como vemos.

Pois uma das circunstâncias mais extraordinárias da presente questão é o fato de que, se por acaso formamos um raciocínio que não concorda com uma ideia individual produzida pela mente, e acerca da qual raciocinamos, o costume que a acompanha, reanimado pelo termo geral ou abstrato, sugere imediatamente qualquer outro indivíduo. Assim, se mencionamos a palavra triângulo e formamos a ideia de um triângulo equilátero particular que lhe corresponda, e se depois afirmamos que os três ângulos de um triângulo são iguais entre si, os outros casos individuais de triângulos escalenos e isósceles, que a princípio negligenciamos, imediatamente se amontoam à nossa frente, fazendo-nos perceber a falsidade dessa proposição, que, entretanto, é verdadeira em relação à ideia que havíamos formado. Se a mente nem sempre sugere tais ideias na ocasião apropriada, isso se deve a alguma imperfeição de suas faculdades, imperfeição esta que frequentemente gera raciocínios falsos e sofismas. Mas tal fato socialmente interpretado ocorre, sobretudo, no caso das ideias abstrusas (cf. Braga, 2020) e compostas. O costume é mais perfeito, e é raro cometermos esse tipo de erro. O costume, aliás, é tão perfeito nesses casos que se pode vincular a mesma ideia a diversas palavras diferentes, e emprega-la em diferentes raciocínios, sem qualquer perigo de erro. A ideia de um triângulo equilátero pode servir para uma figura regular, de um triângulo e de um triângulo equilátero. Uma ideia particular se torna geral quando a vinculamos a um termo que, por conjunção habitual, relaciona-se a outras ideias particulares, evocando-as na imaginação. Ao rejeitar a capacidade infinita da mente, supomos que ela pode atingir na divisão de suas ideias. Não há como fugir à evidência dessa conclusão.  

A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como fica evidente pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, seguindo a trilha aberta por Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que “esse costume arraigado de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração”. As demonstrações não são como as probabilidades, quer dizer, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma no pensamento. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, porém, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade. É uma máxima estabelecida da metafísica que tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível, ou, em outras palavras, que anda que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz na vida para a solução de todas as controvérsias em torno das ideias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente. As percepções deste tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente que as forma, dizer qual é exatamente sua natureza e composição. Uma aplicação desse princípio, histórica e filosoficamente revela per ser algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo. Isto é importante.

O arquiteto divino aparece também como uma derivação conceitual do artesão. Em todo lugar em que surge uma vontade capaz de dar forma ao projeto que ela mesma concebeu, o arranjo mecânico dos elementos, sustentado pelo decreto inicial, compõe uma totalidade externa cuja finalidade escapa por natureza aos componentes para se transportar inteira para a mente do organizador. O lucro do negociante sugere o lucro da nação. A balança é sua imagem obrigatória. O produto artesanal sugere o produto divino: o relógio, divisor do tempo, a máquina se torna sua representação privilegiada. Equilíbrio, ajuste e adaptação dos meios aos fins se unem no trabalho de montagem que supõe ao mesmo tempo um projeto humano, um plano, um construtor, condicionando uma escolha entre as diferentes séries de objetos manufaturados. Sem dúvida, é por ter apreendido nessas falências a lógica da argumentação, que Hume sugere nos seus Diálogos, a “fábula de uma repartição de tarefas”. Seus personagens debatem uma série perfeita de ideias e argumentos cujos proponentes acreditam que através do qual poderemos vir a conhecer a natureza de Deus. Os artesãos divinos contra os que persistem em considerar a questão da divisão do trabalho como conveniência comandada pela providência divina, mais do que a solução do problema que tem sido colocado como sobrevivência para a espécie.

Reconhecido pelo padrão demonstrado de que não há ideias inatas na vida e que todo o conhecimento vem da experiência rigorosamente ao nexo de causalidade e necessidade, David Hume em vez de tomar a noção de causalidade, como concedido, desafia-nos a considerar o que a experiência nos permite saber sobre a relação estabelecida entre causa e efeito, pois nada é mais usual e natural, para aqueles que pretendem oferecer ao mundo novas descobertas filosóficas e científicas que insinuar elogios ao seu próprio sistema de pensamento. O homem de discernimento e de saber percebe facilmente a fragilidade do fundamento, até mesmo daqueles sistemas bem aceitos e com maiores pretensões de conter raciocínios precisos e profundos. Isto é, alguns princípios acolhidos da confiança; consequências deles deduzidas de maneira defeituosa; falta de coerência entre as partes, e de evidência no todo – tudo isso se pode encontrar nos sistemas dos mais eminentes filósofos, e parece cobrir de opróbrio a própria filosofia, pois mesmo “a plebe lá fora é capaz de julgar, pelo barulho e vozerio que ouve, que nem tudo vai bem aqui dentro”.   Neste âmbito tampouco é necessário um conhecimento muito profundo para se descobrir a distância e imperfeição na sociedade moderna e contemporânea e que de fato, na análise histórica comparada, não há nada que não seja objeto de discussão e sobre o qual os estudiosos não manifestam opiniões contrárias. Se por um lado multiplicam-se as disputas, como se tudo fora incerto; e essas disputas são conduzidas da maneira mais acalorada, como se tudo fora certo na vida cotidiana. É daí que surge no século de David Hume, o preconceito comum contra todo tipo de raciocínio metafísico, como se a importância desse extraordinário conhecimento considerasse qualquer determinismo sobre a forma de fatos e explicações empíricas. 

Mesmo por parte daqueles que são doutos e que costumam avaliar de maneira justa todos os outros gêneros da literatura. E realmente nada, a não ser o mais determinado ceticismo, isto é, juntamente como um elevado grau de indolência, pode justificar tal aversão à metafísica. Pois se a verdade está ao alcance da capacidade humana, é certo que ela deva esconder em algum lugar muito profundo e abstruso. Não por acaso, devemos reunir nossos experimentos mediante a observação cuidadosa concernente da vida. Tomando-os tais aspectos como aparecem no curso habitual do mundo vivido, no comportamento dos homens em suas ocupações e prazeres. E criteriosamente reunidos e comparados, podemos estabelecer, com base neles, uma ciência, que não será inferior em certeza, mas superior em utilidade, a qualquer outra que esteja ao alcance da compreensão humana. Assim Hume sustenta que nossas ideias são imagens de nossas impressões, assim também podemos formar ideias secundárias, que são imagens das ideias primárias. Não se trata de uma exceção à regra, mas de uma explicação. As ideias produzem as imagens de si mesmas em novas ideias; mas como supomos que as primeiras são derivadas de impressões, continua sendo verdade que todas as nossas ideias simples procedem, mediata ou imediatamente, de suas impressões correspondentes. Esse é o primeiro princípio que Hume estabelece na ciência da natureza humana. Pois cabe notar que a presente questão, a respeito da anterioridade de nossas impressões ou ideias, é a mesma que produziu tanto barulho sob outra formulação, quando se discutiu se haveria ideias inatas, ou se todas as ideias derivam da sensação e da reflexão. A fim de provar que as ideias de extensão e de cor não são inatas, os filósofos nada mais fazem que mostrar que elas são transmitidas por nossos sentidos. Para provar que as ideias de paixão e desejo são inatas, eles observam que experimentamos previamente em nós mesmos essas emoções. A faculdade pela qual repetimos nossas impressões da primeira maneira quando a abstraimos se chama memória, a outra, imaginação. Mas se examinarmos cuidadosamente esses argumentos, veremos que eles nada comprovam, senão que as ideias são precedidas por outras percepções mais vívidas, das quais derivam e as quais elas representam a existência.

O amor é significativamente uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto e, nessa medida, é decerto geralmente reconhecido, segundo Simmel, como “formativo”, mas de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, abstratamente, nem criado um produto de uma nova categoria. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que elas atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. Conforme a ordem cronológica (cf. Jung, 1991; 2000), é preciso, antes, que o ser humano exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas, então, esse algo que acontece na vida cotidiana não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no descobrimento do sujeito que uma nova categoria fundamental se tornou criadora.

Do mesmo modo que Eu, enquanto amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa significar uma transformação visível de todas as minhas outras manifestações -, também o amado enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado. Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor – e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal – é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos preexistentes. Totalmente inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. No entanto, ele pertence a um estágio demasiado elevado da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexualmente. Tampouco podemos safar-nos do embaraço por esta escapatória fácil: em virtude de seu sentido metafísico de irradiação e volição, de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, sua realização humana ou psicológica colocá-lo-ia num estágio ulterior da série complexa na contínua evolução da vida terrena.

Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas areações na vida. De fato, o problema factual de seu dualismo certamente é aí, reconhecido e nitidamente expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade. O amor é sempre uma dinâmica que se gera, Para Simmel (1993) por assim dizer, a partir de uma autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do estado latente ao estado atual, mas que não pode ser, propriamente falando, provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui, e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se move em si mesmo, digamos um amor em roda livre.

   

 Seguramente, a pulsão em direção a um comportamento social poderá ser considerada como o aspecto afetivo do próprio comportamento humano, ele próprio já iniciado; o fato de nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento ulterior dessas primeiras inervações. Onde, apesar do impulso sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta, de pronto, para ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência tenham podido se prolongar num ato visível. Do mesmo modo, a possibilidade real, a ocasião apriorística desse modo de comportamento que chamamos amor, fará surgir, se for o caso, e levará à consciência, como um sentimento obscuro e geral, um estágio inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado. A existência desse impulso sem objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor.

A cultura da Grécia Antiga é a base sobre a qual se eleva acultura da civilização ocidental. Como sabemos, exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna, particularmente durante a renascença da Europa ocidental e de resto durante os diversos reviverem neoclássicos dos séculos XVIII e XIX. Conceitos sociológicos como cidadania e democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento nos manuscritos dos gregos. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses e todos conservadores. Por isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das cidades. Além disso, esses homens concentraram seus trabalhos em aspectos políticos, militares e diplomáticos, ignorando o que veio a se conhecer por áreas de conhecimento em história econômica e social. O homem é uma criação propiciada pelo processo real de transformação da realidade e por uma formação ideal exagerada da faculdade da imaginação que faz a essência do homem criadora.

Para que a espécie humana pudesse sobreviver, a psique precisou ser socializada e dar sentido a um mundo aparentemente sem-sentido natural-biológico. Ao criar as significações, institui-se a sociedade que é a origem de si mesma. Não se poderia pensar a humanidade fora do mundo de significações, ou a subjetividade, a partir do termo “para si”, das representações das instituições sociais. O “para si” é inferido a partir das instancias, interdependentes, em que todas existem, mas nenhuma se mantém sem a outra, numa completa relação de atividade e reciprocidade representando a totalidade do sujeito. O filósofo Cornelius Castoriadis admite que é impossível fazer filosofia sem uma ontologia, isto é, sem uma interrogação sobre o ser, mas, ao contrário do que possa pensar aquele para quem ontologia soa como “palavra proibida”, sua reflexão é inteiramente articulada à questão política. Não sendo, pois, uma idealização, mas um pensamento radical sobre a possibilidade de uma sociedade na qual os homens tenham consciência de seu poder. Por sua vez, o imaginário radical enquanto imaginário social aparece como corrente do coletivo anônimo, traduzindo-se na sociedade e no que para o social-histórico é posição, criação e fazer ser. Duas dimensões não incomunicáveis nem estáticas, embora a dimensão psíquica, especificamente nesse campo abstratamente a todo tempo, tenha a sua participação oculta na formação do que é próprio na criação.

 Muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade social, vai em direção a ele. De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos de domínio meramente religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles. Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitável do que foi sua razão de nascer.

  

Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade. Isso deve ser solidamente estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor lança talvez uma das pontes mais enganadoras na paisagem psicológica exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de significação. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, a reprodução da espécie. Pela propagação contínua do plasma germinal, a vida corre infinitamente, atravessando todos estágios ou levada por eles de ponta a ponta. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato) mas a mediações psíquicas complexas.

Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, a pulsão não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos.  Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio desejante do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém, sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo da vida absolutamente como um dispositivo discursivo de meios afetivos particularmente a serviço desse objetivo, e se levarmos em conta o significado simples e efetivo do amor para a propagação unicamente da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si na humanidade. 

 Durante o Renascimento, a cidade serviu como capital de fato da União de Kalmar, sendo a sede da monarquia, governando a maior parte da atual região nórdica em uma união pessoalmente com a Suécia e a Noruega governada pelo monarca dinamarquês servindo como chefe de Estado. É a capital e a maior cidade da Dinamarca, situada na costa oriental das ilhas da Zelândia e de Amager, ambas “banhadas pelas águas do estreito de Øresund, tendo do outro lado do referido estreito a cidade sueca de Malmö”. A “cidade de Copenhaga”, ou København em sentido mais restrito, abarca as três comunas de Copenhaga, Frederiksberg e Gentofte, e tem uma população em torno de 643 613 habitantes (2021). A “Grande Copenhague”, isto é, Hovedstadsområdet num sentido mais lato, abrange 18 comunas, e tem uma população de 1 360 000 pessoas (2023). A Electric and Musical Industries (EMI Group), também reconhecida como EMI Music, ou simplesmente EMI, representou uma empresa multinacional britânica competitiva do ramo fonográfico com sede na cidade de Londres, Inglaterra. No momento da sua dissolução, em 2012, é o quarto maior grupo de gravadoras e uma das quatro grandes majors fonográficas, sendo que agora apenas três.

Uma Linda Vida é um filme dinamarquês de 2023 que tem como background a vida de um jovem pescador que se torna uma estrela musical. O filme está disponível na Netflix.  Uma Linda Vida narra a história de Elliott (Christopher Nissen), um pescador da Dinamarca que tem a música como hobby. Ele se transforma em uma revelação musical, mas seu passado de traumas e inseguranças é um grande obstáculo. O filme foi dirigido por Mehdi Avaz, Mehdi Avaz nascido em 11 de março de 1982 em Irã. É diretor e autor, reconhecido pelo seu trabalho em Børnene fra Sølvgade (2024), Uma Linda Vida (2023) e que também dirigiu o filme Toscana (2022). O roteiro é de Stefan Jaworski. O filme demonstra a ascensão de Elliott e sua luta para superar os seus traumas e conquistar a fama e o amor. Christopher Nissen, nascido em 31 de janeiro de 1992, é um cantor dinamarquês de Copenhague, contratado pela EMI Dinamarca. A trama é desenvolvida originalmente uma vila de pescadores viking historicamente estabelecida no século X nas proximidades do que atualmente é Gammel Strand, Copenhague quando se tornou a capital da Dinamarca no século XV. A partir do século XVII, consolidou o centro de poder com instituições próprias, defesas e forças armadas. 

Seus selos incluíam a EMI Records, Parlophone e Capitol Records. EMI Group também teve uma grande editora musical, a EMI Music Publishing, também com sede em Londres, com escritórios no mundo ocidental. A empresa foi certa vez componente do índice FTSE 100, mas enfrentou problemas financeiros e 4 bilhões de dólares em dívidas, levando a sua aquisição pelo Citigroup em fevereiro de 2011. Em novembro de 2011, foi anunciado que o braço de gravação musical seria vendido para a Universal Music Group e a parte da editora musical seria adquirida por um consórcio liderado pela Sony/ATV Music Publishing. Tanto antes como depois do anúncio da venda, a Universal Music Group se comprometeu a vender ativos da EMI no valor especulativo de ½ bilhão de euros. Em 2020 seu “braço musical” foi relançado, sendo distribuído pela empresa Universal Music Group. O retorno da EMI buscava primeiramente substituir a Virgin Records. A presidente da editora fonográfica é Rebecca Allen, que, experiente, vem trabalhando no grupo há mais de 20 anos.  Seu single de estreia é “Against the Odds” de coautoria e parceria com Kay & Ndustry, Larsen Kasper, Brodersen Ole, Richa Curtis e Wetterberg Johan e produzido por Kay & Ndustry e GL Music Lasse Lindorff. Notável é que rapidamente “Against the Odds” foi lançado na indústria cultural em setembro de 2011 atingindo o #23 lugar no Singles Chart dinamarquês.

O vídeo da música foi dirigido por Nicolas Tobias Følsgaard & Lodahl Jonas Andersen. Seu segundo single, “Nothing in Common” lançado em 2012 entrou no topo do Singles Chart dinamarquesa na #5 posição. Seu primeiro álbum, chamado “Colours” foi lançado em 19 de março de 2012, pela gravadora EMI Music, tendo alcançado o #4 das paradas dinamarquesas. Em setembro de 2013, foi iniciado os trabalhos referentes ao seu futuro álbum. Com objetivo de dar “uma cara mais pop” para o som de Christopher, a faixa “Told You So” foi escolhida como primeiro single do projeto. O single conquistou o Certificado de Ouro em vendas na Dinamarca, se estabelecendo como a faixa de melhor desempenho do cantor. O álbum, também chamado “Told You So” foi lançado em 24 de março de 2014 e é Certificado de Ouro na Dinamarca, após vender mais de 10 mil cópias no país. O álbum também rendeu os singles “Crazy”, “Mama”, “Nympho” e “CPH Girls”. Em novembro de 2012, ele ganhou um prêmio no Danish Music Awards 2012 como artista “Revelação do Ano”, concedido pela plataforma de streaming Spotify. Possui três álbuns lançados, o debut Colors (2012), seguido por Told You So (2014) e Closer (2016). A cinematografia Uma Linda Vida (2023) acompanha Elliott, um jovem pescador com uma bela voz, que sofre uma reviravolta em sua vida, quando é descoberto por Suzanne, uma empresária famosa no mundo da música. A profissional inventa “uma dupla, formada por Elliott e a produtora musical Lilly”. No entanto, segredos dissimulados do passado recente ameaçam a ascensão do jovem ao estrelato e sua possibilidade simultaneamente de viver um grande amor.

Do ponto de vista filosófico Georg Simmel (1993) foi, sem dúvida nenhuma, a “figura de transição”, segundo Georg Lukács, o mais importante e interessante de toda a filosofia moderna. Por esse motivo metodologicamente exerceu uma atração sobre todos os verdadeiros talentos filosóficos da nova geração de pensadores. Simmel apresentou sua Soziologie em 1908 e contribuiu decisivamente para a consolidação desta ciência na Alemanha. Ele trata especificamente da sociologia e aprofunda a análise abstrata de seu objeto, a “sociação”, através de categorias sociais formais como a dominação, o conflito, o segredo, os círculos sociais e a questão da pobreza. Ao mesmo tempo, reflete sobre os determinantes quantitativos da vida social, bem como sobre a relação entre a vida grupal e a individualidade. Simmel sociologicamente desenvolveu a “sociologia formal”, ou das “formas sociais”, influenciado pela filosofia kantiana que distinguia a forma do conteúdo dos objetos de estudo do conhecimento humano. Tal distinção pretendia tornar possível o entendimento hic et nunc da vida já que no processo interativo de “sociação”, cunhou como objeto, o invariante eram as formas em que os indivíduos se agregavam e não os indivíduos em si. Para Simmel diante do “conflito” os indivíduos vivem em relações de cooperação, mas também de oposição, os conflitos são parte mesma da constituição da sociedade. Seriam momentos de crise, um intervalo entre dois momentos de harmonia, vistos, portanto, numa função positiva de superação das divergências.

Fundamenta uma episteme em torno da ideia de movimento, da relação, da pluralidade, da inexorabilidade do conhecimento, de seu caráter construtivista, cuja dimensão central realça o fugidio, o fragmento e o imprevisto. Por isso, seu panteísmo estético, como episteme, no qual se entende que cada ponto, cada fragmento superficial e fugaz é passível de significado estético absoluto, de compreender o sentido total, os traços significativos, do fragmento à totalidade. O significado sociológico do “conflito”, em princípio, nunca foi contestado. Conflito é admitido no âmbito da teoria sociológica por causar ou modificar grupos de interesse, unificações, organizações. Por outro lado, pode parecer paradoxal na visão comum se alguém pergunta se independentemente de quaisquer fenômenos que resultam de condenar ou que a acompanha, o conflito é uma forma de “sociação”. À primeira vista, este aspecto soa como uma pergunta retórica. Se todas as interações entre os homens é uma sociação, o conflito, - entendido afinal, como uma das interações mais vivas, que, além disso, não pode ser exercida por um indivíduo sozinho, deve certamente ser considerado como sociação. Os fatores socialmente de dissociação, enfim, o ódio, inveja, necessidade, desejo, são as causas da condenação, que irrompe por eles.

Conflito é, portanto, destinado a resolver os “dualismos divergentes”, é uma maneira de conseguir algum tipo de unidade, mesmo que seja através da aniquilação de uma das partes em litígio. A vida de Simmel apresenta-se entremeada de ensaios escritos em estilo brilhante, que representam uma parte de sua vasta obra, onde se revela também como filósofo. Seus escritos sobre “vitalismo”, ou filosofia de vida, quase no final de sua vida, dimensionam não tanto a “tragédia da cultura”, mas a ambivalência do sujeito frente à cultura, ou melhor dizendo, o conflito da cultura. Entende Simmel que, ainda que as formas culturais na sociedade mercantil avançada tornem difícil ao homem exprimir criatividade, o mesmo não consegue no sentido pleno viver sem elas. A comodidade, as construções simbólicas e de informação, as normas legais, a liberação da sexualidade, são manifestações sociais de uma espécie de outro lado da modernidade. Não obstante, essa percepção sensível de um maior avanço da cultura subjetiva não foi suficiente para cingir de sua análise em torno da crítica da dimensão dos bens culturais, os quais deixam os homens deprimidos por não assimilá-los todos no momento em que não podem excluí-los, pela fragmentação da existência em razão da separação crescente das esferas objetivadas e a erosão da cultura em correspondência com o avanço dos multivariados objetos que ganham e exigem conotação cultural (cf. Gombrich, 1994).

Embora os registros históricos mais antigos de Copenhaga sejam do final do século XII, achados arqueológicos recentes em conexão com o trabalho no sistema ferroviário metropolitano da cidade revelaram os restos de uma grande mansão de um comerciante perto da atualmente Kongens Nytorv de c. 1020. As escavações em Pilestræde também levaram à descoberta de um poço do final do século XII. Os restos de uma antiga igreja, com túmulos que datam do século XI, foram desenterrados perto de onde Strøget encontra Rådhuspladsen. Essas descobertas indicam que as origens de Copenhaga como cidade remontam pelo menos ao século XI. Descobertas substanciais de ferramentas de sílex na área fornecem evidências de assentamentos humanos que datam da Idade da Pedra. Muitos historiadores acreditam que a cidade data do final da Era Viking e possivelmente foi fundada por Sueno I da Dinamarca (963 d. C.-1014). O porto natural e os bons estoques de arenque parecem ter atraído pescadores e comerciantes para a área sazonalmente desde o século XI e de forma permanente no século XIII. As primeiras habitações foram centradas em Gammel Strand (“costa antiga”) no século XI. Sueno I reconhecido na Dinamarca como Svend Tveskæg, também chamado de Sueno Barba-Bifurcada, foi o Rei da Dinamarca de 986 até sua morte, Rei da Noruega entre 986-995 e 1000-1014, e Rei da Inglaterra a partir de 1013. 

Era filho do rei Haroldo I da Dinamarca e sua primeira esposa Gyrid Olafsdottir da Suécia. O reino unificado da Dinamarca foi fundado pelos reis viquingues Gormo e Haroldo I no século X, fazendo da monarquia dinamarquesa a mais antiga da Europa junto com a da Inglaterra. Originalmente uma monarquia eletiva, ela passou a ser hereditária apenas no século XVII durante o reinado de Frederico III. Uma decisiva transição para uma monarquia constitucional ocorreu em 1849 com a aprovação da primeira constituição do país. A casa real dinamarquesa é um ramo da Casa de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo, originalmente de Eslésvico-Holsácia na Alemanha, sendo também a atual casa real da família real norueguesa e da deposta família real grega. Ao ascender em 1972, a rainha Margarida II tornou-se a primeira soberana da Dinamarca desde Margarida I na União de Calmar entre 1375 e 1412.  

A menção escrita mais antiga da cidade ocorre no século XII, quando Saxo Grammaticus (1150-1220) em Gesta Danorum se referiu a ela como Portus Mercatorum, que significa “Porto dos Mercadores”, ou, in statu nascendi dinamarquês dos povos originários, Købmannahavn. Foi um historiador da Dinamarca medieval, que se julga ter sido um escrivão secular do arcebispo Absalão de Lund. É o autor da primeira história da Dinamarca. A fundação de Copenhague foi datada da construção pelo Bispo Absalão de uma modesta fortaleza na pequena ilha de Slotsholmen em 1167, onde fica o Palácio de Christiansborg. A construção da fortaleza foi uma resposta aos ataques de piratas Vendos que assolaram a costa durante o século XII. Muralhas defensivas e fossos foram concluídos e em 1177 a Igreja de St. Clemens foi construída. Os ataques dos Wends continuaram, e depois que a fortaleza original foi finalmente destruída pelos saqueadores, os ilhéus a substituíram pelo Castelo de Copenhague. Originalmente uma vila de pescadores viking estabelecida no século X nas proximidades do que hoje é Gammel Strand, Copenhaga tornou-se a capital da Dinamarca no início do século XV. A partir do século XVII, consolidou-se como centro regional de poder com suas instituições, defesas e forças armadas. Durante o Renascimento, a cidade serviu como capital de fato da União de Kalmar, sendo a sede da monarquia, governando a maior parte da atual região nórdica em uma união pessoal com a Suécia e a Noruega governada pelo monarca dinamarquês servindo como chefe de estado. A cidade floresceu como o centro cultural e econômico da Escandinávia por mais de 120 anos, no século 15 até o século 16, quando foi “dissolvida” com a Suécia deixando-a por meio de uma rebelião. Após um surto de peste e incêndio no século 18 passou por um período de reconstrução.

 Isto incluiu a construção do prestigioso distrito de Frederiksstaden e a fundação de instituições culturais como o Teatro Real da Dinamarca e a Academia Real de Belas Artes. Depois de mais desastres no início do século 19, quando Horatio Nelson (1758-1805) atacou a frota Dano-Norueguesa e bombardeou a cidade, a reconstrução durante a Era de Ouro dinamarquesa trouxe um visual neoclássico à arquitetura de Copenhaga. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o Plano Finger promoveu suas formas de moradias e negócios ao redor das cinco linhas ferroviárias urbanas que se estendiam a partir do centro da cidade. Desde a virada do século XXI, Copenhaga tem visto um forte desenvolvimento urbano e cultural, facilitado pelo investimento em suas instituições e infraestrutura. A cidade é o centro cultural, econômico e governamental da Dinamarca; é um dos principais centros financeiros do norte da Europa com a Bolsa de Valores de Copenhaga. A economia de Copenhagen tem visto um rápido desenvolvimento no setor de serviços, especialmente por meio de iniciativas em tecnologia da informação, produtos farmacêuticos e tecnologia limpa. Desde a conclusão da ponte de Øresund, Copenhaga tornou-se integrada à província sueca de Scania e sua maior cidade, Malmö, formando a região de Øresund. Com várias pontes conectando distritos, paisagem urbana caracterizada por parques, passeios e orlas.

Os marcos realizados na história social de Copenhague, como os Jardins de Tivoli, a estátua da Pequena Sereia, os palácios Amalienborg e Christiansborg, o Castelo Rosenborg, a Igreja de Mármore, Børsen e muitos museus, restaurantes e casas noturnas são atrações turísticas importantes. Copenhaga é o lar da Universidade de Copenhaga, da Technical University of Denmark, da Copenhagen Business School e da IT University of Copenhagen. A Universidade de Copenhaga, fundada em 1479, é a instituição de ensino universitário mais antiga da Dinamarca. Copenhague é a casa dos clubes de futebol F.C. Copenhague e Brøndby IF. A Maratona Anual de Copenhague foi criada em 1980. Copenhague é uma das cidades e last but not least “mais amigas da bicicleta do mundo”. A Movia é a empresa de transporte público de massa que atende todo o leste da Dinamarca, exceto Bornholm. O Metrô de Copenhaga, lançado em 2002, serve o centro de Copenhaga. Além disso, o Copenhagen S-train, o Lokaltog (ferrovia privada) e a rede Coast Line conectam o centro de Copenhague aos bairros periféricos. Atendendo a cerca de 2,5 milhões de passageiros por mês, o Aeroporto de Copenhague, Kastrup, é o mais movimentado no círculo de comuicação espacial dos países nórdicos. A “comuna de Copenhaga” (Københavns Kommune) tem uma população de 643 613 habitantes (2021).

Bibliografia Geral Consultada.

GOMBRICH, Ernest Hans Joseph, Para Uma História Cultural. Editora Gradiva, 1994; JUNG, Carl, Sincronicidade. 5ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 1991; Idem, Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. 2ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2000; AGAMBEN, Giorgio, Profanaciones. 1ª edición. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2005; WEBER, Max, Objetividade  do Conhecimento nas Ciências Sociais. Tradução de Gabriel Cohn. São Paulo: Editora Ática, 2006; BLANCHOT, Maurice, A Conversa Infinita: A Experiência Limite. São Paulo: Editora Escuta, 2007; LAGO, Gustavo de Carvalho Pinheiro, Conectividade: Um Estudo sobre o Amor Pós-Moderno. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009; BURTON, Robert, A Anatomia da Melancolia. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 2011; BUÑEL, Luís, Mi Último Suspiro. Barcelona: Edición Debolsillo, 2012; COLLOT, Michel, Poética e Filosofia da Paisagem. Rio de Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013; ROSSI, Túlio Cunha, Projetando a Subjetividade: A Construção Social do Amor a Partir do Cinema. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; DORNELES, Giele Rocha, Melancolia, Memória e Subjetividade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Instituto de Letras. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015; GREVE, Sabrina Tozatti, O Ator do Teatro ao Cinema: Um Estudo sobre Apropriação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; MOSCHETTA, Pedro Henrique; VIERA, Jorge, “Música na Era do Streaming: Curadoria e Descoberta Musical no Spotify”. In: Sociologias 20 (49) • Dezembro 2018; FREITAS, Flávio Luiz de Castro, A Discordância Conciliável em Relação à Psicanálise: Um Estudo sobre o Percurso que vai da Sintomatologia à Topologia dos Níveis Diferenciais na Filosofia de Gilles Deleuze. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2018; SCHACHT, Eduardo Calliari, Na Trilha de El Palomar a Los Angeles: A Música de Gustavo Santaolalla no Cinema. Dissertação de Mestrado.  Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2024; RODRIGUES, Jayanne, “Veja os passos para uma pessoa introvertida ser um líder bem-sucedido”. In: https://www.terra.com.br/noticias/26/01/2025; entre outros.

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