“É a culpa, e não a fé, que remove montanhas”. Sigmund Freud
A
questão da trivialização do conhecimento não faz produto do conhecimento
apenas um produto determinado, faz também dele um produto qualquer. Mas as
ideias podem tornar-se ideológicas, na medida em que sua estrutura socialmente
obedece às estruturas socioprofissionais. Sua produção integra-se entre os
outros processos de produção e a cultura torna-se cognoscível a partir das
categorias econômicas do capital e do mercado. Mas nem a informação, nem a
concepção de teoria, nem o pensamento abstrato, nem a cultura são
produtos triviais, ainda que mais não seja pelo fato de serem, ao mesmo tempo,
produtos/produtores e, mesmo comportando a questão urbana hologramaticamente a
dimensão socioeconômica, não poderiam ser reduzidas a isso. A redução
trivializante não teme exercer-se como sujeito sobre o conhecimento
científico. Este nível abstrato de relações como qualquer outro é apropriado pelo
pensamento, como a religião e através da ciência, prevalentemente, com suas relações de força e
monopólios, suas lutas e suas estratégias, seus interesses e seus prováveis
ganhos. Mas, por seu lado, os estudos de etnografias dos laboratórios, estes
que parecem ter dinamismo, demonstram-nos como se estabelecem essas mediações
complexas dos pesquisadores, em função de posições, ou status, as lutas
e a utilização de truques diabólicos pelo reconhecimento per se, pelo
prestígio ou pela glória, com as negociações ao estabelecimento de uma prova,
os ritos de passagem na pesquisa e na universidade. A motivação do
cientista é a notoriedade.
Além
da própria historiografia, o conhecimento a história tem sido uma tarefa
ímpar de todas as ciências sociais. A sociologia, a economia política, a
ciência política, a antropologia, a psicologia, trabalham com questões
políticas, econômicas, sociais, culturais, religiosas, militares, demográficas
e outras, que correspondem a ações, relações, processo e estruturas tomados em
algum nível da historicidade. Mesmo as correntes de pensamento orientadas no
sentido de formalizar as interpretações, em temos de indução quantitativa ou
construção de modelos, mesmo nesses casos onde a pesquisa produz alguma
explicação nova, reavalia ou reafirma explicações vigentes, sobre os modos e os
tempos da história. Também há aqueles que formalizam e fetichizam as categorias
dialéticas de pensamento, perdendo de vista o fluxo real das ações, relações,
processos e estruturas que expressam movimentos e as modificações das gentes,
grupos, classes e nações. Uns e outros constroem mitos. Em todos os casos, no
entanto, a história aparece de alguma forma, como história real ou invenção,
drama ou epopeia, elegia ou profecia. A multiplicidade de ciências e teorias
relativas ao nível social, tem dado origem a distintas interpretações como se
escreve ou produz a história. São distintas e heterogêneas a histórias do capitalismo
que aparecem nas análises de Ricardo, Marx, Tocqueville, Durkheim, Weber,
Keynes, Parsons, Hobsbawm e outros.
Não só na sociologia, mas no conjunto das ciências socais, encontram-se as mais diversas explicações sobre como e por que se dá a mudança, a evolução, o progresso, o desenvolvimento, a modernização, a crise, a recessão, o golpe de classe, a reforma, a revolução. Para explicar as transformações sociais, em sentido amplo, o sociólogo, antropólogo, economista, politólogo, psicólogo, historiador e outros têm buscado causas, condições, tendências, fatores, indicadores, variáveis, e assim por diante. Ao analisar as condições de formação, funcionamento, reprodução, generalização, mudança e crise do capitalismo globalizado, os cientistas sociais têm proposto explicações que nem sempre se excluem. Em certos casos, umas implicam outras, ou as englobam. Em primeiro lugar, uma interpretação que se generalizou bastante, desde os arquétipos comparados da Revolução Industrial, estabelece que o progresso econômico é o resultado da “criatividade empresarial”. Isto é, toda mudança, inovação ou modernização econômica substantiva tende a consumar a capacidade de criação e liderança de empresários imaginosos, inventivos ou mesmo lúdicos, capazes de articular e dinamizar os fatores da produção preexistentes e novos. Essa interpretação tem os seus principais enunciados nos escritos de economistas clássicos, seus discípulos e continuadores no século XIX e XX. Os valores relacionados aos self-made man ao tycoon, ao capitão de indústria, ao pioneiro, à identidade entre propriedade privada, livre empresa e sociedade aberta, ligam-se à tese de que a criatividade é a base do progresso capitalista.
A segunda interpretação, reconhecida como
“teoria das elites”, está relacionada com a anterior. Recebeu contribuições de
Vilfredo Pareto e Gaetano Mosca. E tem sido retomada, em diferentes linguagens,
por outros cientistas sociais e escritores, como James Burnham, Samuel P.
Huntington, Clark Keer, David E. Apter, John Kenneth Galbraith e outros. É uma
corrente de pensamento que propõe o funcionamento da sociedade e a mudança
social em termos de elites empresariais, gerenciais, militares, intelectuais e
outras. Desde o término da 2ª guerra mundial, essa teoria tem sido a base de
programas organizados pelo imperialismo norte-americano, no treinamento de
quadros de intelectuais, tecnocratas, militares, gerenciais, empresariais e
outros, para soluções golpistas ou não em países dependentes e coloniais. Em
terceiro lugar, há a intepretação que atribui importância especial à divisão
social do trabalho. Toma-se o meio de trabalho como o processo social, de
âmbito estrutural, que comanda o funcionamento, as combinações e as
transformações das elações sociais e instituições, em níveis econômico,
político e outros. Adam Smith e Émile Durkheim são autores importantes nessa
corrente de pensamento. Boa parte do pensamento liberal apoia-se nessa ideia. A
divisão internacional do trabalho foi apresentada durante o século XIX e até a
década de 1930, como a base da prosperidade econômica e social das pessoas, de
grupos sociais e das nações. As teorias sobre a democracia liberal, o
pluralismo democrático e a cidadania apoiam-se implicitamente na ideia de que a
divisão social do trabalho, em sentido amplo, é o processo estrutural, mas que
historicamente é o que fundamenta e dinamiza a melhor expressão e articulação
de pessoas e grupamentos sociais, atividades e instituições políticas e
econômicas de setores produtivos e países.
O
irreversível desmoronamento, século após século, do que ainda restava da
civilização greco-romana, depois sucedeu-se do fim do Império Romano do
Ocidente, no século V, transformara o território europeu em campo de batalha
onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings,
bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos, um sem-fim de
povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de
“bárbaros”. Além da violência simbólica e física das religiões, a miséria, a
ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000. Os
proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, com
fortificações feitas de árvores e espinheiros e habitações cercadas de
paliçadas. Registrou um observador do ano 888: - “Cada qual quer se fazer rei a
partir das próprias entranhas”. A cidade, como sede da política e da
administração, centro do comércio e do conhecimento, à maneira de Roma, e
comparativamente, Atenas ou Alexandria na Antiguidade clássica, inexistia na
paisagem ocidental desse período de singularidades sociais. Havia
historicamente burgos descendentes dos centros logo fundada pelos
conquistadores romanos, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de
almas, nascidos da presença, nas proximidades, de um mosteiro ou de um vale
fértil, ou do fato de se situarem no centro de uma região dominada por um
príncipe.
Nada,
porém, que se comparasse a Constantinopla (Istambul), capital do Império Romano
do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e
porto movimentado. Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu
eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos
homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes
clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a
boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente
muitos braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a
necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os
mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os
animais selvagens, e terrores imaginários historicamente constituídos na
Europa, como monstros e demônios, analisados na obra de Thomas Hobbes (1588-1679) espreitavam os aldeões que adentravam a mata
em busca de carne de caça e de mel, a única fonte de açúcar dos europeus de então.
Comparativamente, vista pelos olhos de hoje, a vida cotidiana tinha tons de
pesadelo.
Culpa,
por outro lado, se refere à responsabilidade dada à pessoa por um ato que
provocou prejuízo material, moral ou espiritual a si mesma ou a outrem. O
processo de identificação e atribuição de culpa refere-se à descoberta de quem
determinou o primeiro ato ilícito ou prejudicial, e pode se dar em três planos
da atividade analítica: subjetivo, intersubjetivo e objetivo. No sentido
subjetivo, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando o
sujeito avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas,
erros e imperfeições. O processo pelo qual se dá essa avaliação é estudado pela
Ética, a disciplina filosófica que estuda os fundamentos da ação moral,
procurando justificar a moralidade de uma ação e distinguir as ações morais das
ações imorais e amorais e pela formação em Psicologia, que trata, estuda e
analisa os processos mentais e comportamentos de indivíduos e grupos humanos em
diferentes situações. A psicologia, do ponto de vista técnico-metodológico, tem
como objetivo a compreensão de grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento
de princípios universais, como pelo case study específico, e tem,
segundo alguns analistas, objetivo final o benefício geral da sociedade. Um
pesquisador ou profissional desse campo de atividade é reconhecido como
psicólogo, podendo ser classificado como cientista social, comportamental ou
cognitivo. A função dos psicólogos é tentar compreender o papel das funções
mentais no comportamento individual e socialmente, estudando também,
simultaneamente, os processos fisiológicos e biológicos que acompanham os
comportamentos e funções cognitivas.
Entretanto,
o sentido religioso de culpa, pelo qual um ato da pessoa recebe uma avaliação
negativa da divindade, por consistir na transgressão de um tabu ou de uma norma
religiosa. A sanção religiosa é um ato social, e pode corresponder a repreensão
e pena objetivas. De outra parte, a culpa religiosa pode compreender também um
estado psicológico, existencial e subjetivo, que propõe a busca de expiação de
faltas ante o sagrado como parte da própria experiência religiosa. O termo
pecado, por exemplo, está geralmente ligado à culpa, no sentido religioso,
sendo a culpa consequência do pecado cometido e arrependido por quem o cometeu.
Por outro lado, a religião, principalmente neste caso o cristianismo, trata
solenemente a culpa como um sentimento necessário ao arrependimento e a
melhoria pessoal do infrator pois o mesmo alcança a mudança apenas se
reconhecer como inadequado o ato cometido. Conforme II Coríntios, capítulo 7,
verso 10, a culpa ou tristeza leva ao arrependimento para a salvação daquele
que está amparado por Deus ao contrário do indivíduo, que sem este amparo, tem
a culpa ou tristeza proveniente do mundo que o leva para a morte. A
consequência da culpa poderá ser a mudança pessoal amparada por Deus que nos
livra do pecado e das dores ou a autopunição consciente ou inconsciente daquele
que carrega consigo toda a sua culpa.
O
sentimento de culpa tem como representação o sofrimento humano obtido após
reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A
base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada
pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo
que achamos que deveríamos ter sido. Há também outra definição para “sentimento
de culpa”, quando se viola a consciência moral pessoal, ou seja, quando pecamos
e erramos, surge o sentimento de culpa. Para a psicologia
humanista-existencial, especialmente a da linha de pesquisa rogeriana, a culpa
é um sentimento como outro qualquer e que pode ser “trabalhado”
terapeuticamente ao se abordar este sentimento com aquele que sofre. Para esta
linha de raciocínio de Psicologia, temcomo representação um sentimento como esse, quando chega a ser
considerado um obstáculo por aquele que o sente, é resultado de um inadequado
crescimento pessoal, mas não é considerado uma psicopatologia. Para os teóricos
rogerianos, todas as pessoas têm uma tendência a atualização que se
dirige para a plena auto realização; o sentimento de culpa pode ser apenas
limitação momentânea no processo de auto realização. É bastante concebível que
tampouco o sentimento de culpa produzido pela civilização seja percebido como
tal, mas que em grande parte permaneça inconsciente, ou apareça como uma
espécie de mal-estar, uma insatisfação, para a qual as pessoas buscam outras motivações.
As religiões nunca desprezaram o papel desempenhado na civilização pelo
sentimento de culpa. O sentimento de culpa, a severidade do superego, é,
portanto, o mesmo que a severidade da consciência. É a percepção que o ego tem
de estar sendo assim vigiado, a avaliação da tensão entre os seus próprios
esforços e as exigências do superego.
É
o ponto-chave do ensaio “Mal-estar na Civilização” de Sigmund Freud, um médico
neurologista criador da psicanálise. Freud, como se tornara reconhecido, nasceu
em uma família judaica, em Freiberg in Mähren, pertencente ao Império
Austríaco, atualmente, a localidade é denominada Příbor, e pertence à República
Tcheca. Freud iniciou seus estudos pela utilização da técnica da hipnose no
tratamento de pacientes com histeria, como forma de acesso aos seus conteúdos
mentais. Frigidez ou anafrodisia é progressiva a falta de desejo sexual tanto
em homens quanto em mulheres. Mas a frigidez deve ser diferenciada da anorgasmia,
condição em que ocorre a falta do orgasmo, mas na qual há o desejo sexual. Na
absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores
psicológicos ou sociais, sendo um dos mais frequentes determinantes a monotonia
conjugal com o social irradiado através dos condicionamentos cotidianos da
velhice. Também a educação que se recebeu, a falta de diálogo entre os
parceiros, as práticas sexuais pouco gratificantes e até a resistência
disciplinar em inovar, sobretudo em torno do corpo, acabam por minar o
relacionamento e facilitam o desinteresse. O próprio fato de envelhecer e as
dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual. A
grande maioria é causada por vivências sexuais destrutivas, culturas empíricas
ou religiosas. Frigidez pode ser causada, segundo seus especialistas, por
traumas de infância, como por exemplo abuso e violência sexual, medo de
engravidar, ansiedade, experiências obstétricas traumáticas e na maioria das
vezes relações didáticas inadequadas através das medições complexificadas pela
falta de diálogo no convívio. Junto com a frigidez, vem uma série de problemas
que podem se tornar agravantes. A ansiedade é o primeiro dos sintomas, seguido
de desinteresse e falta de apetite sexual.
Vale lembrar que o interesse
especial da paixão é, portanto, inseparavelmente da realização do
universal, pois o universal resulta do particular e definido e de sua negação.
É o particular que se esgota na luta, onde parte dele é destruída. Não é a
ideia geral que se envolve em oposição e luta expondo-se ao perigo, ela
permanece no segundo plano, intocada e incólume. Isto pode ser chamado astúcia
da razão, porque deixa as paixões trabalharem por si, enquanto aquilo através
do qual ela se desenvolve paga o preço e sofre a perda. O fenomenal é que em parte
é negativo e em parte, positivo. Em geral o particular é muito insignificante
em relação ao universal, os indivíduos são sacrificados e abandonados. Ela
contraria o tributo da existência e da transitoriedade, não de si mesmo, mas
das paixões dos indivíduos. Podemos achar tolerável a ideia de que os
indivíduos, seus objetivos e suas satisfações sejam assim sacrificados e sua
felicidade entregue ao domínio do acaso, a que ela pertence – e que em geral os
indivíduos sejam vistos sob a categoria social de seus recursos. Este é um
aspecto dinâmico de representação da individualidade humana que devemos recusar
a tomar exclusivamente a esta luz, mesmo em relação ao mais elevado, um
elemento que absolutamente não está subordinado, mas que existe nos indivíduos
como essencialmente eterno e divino. Estamos falando da moral, da ética e da
religião. Por prosperidade
pode-se entender analogicamente muitas coisas – a riqueza, a honra aparente e
afins, mas ao falar-se de objetivo em si e por si, o que chamamos de
prosperidade ou infelicidade, deste ou daquele indivíduo isolado, não pode ser
visto como elemento essencial na ordem racional do universo que vivemos.
A substância viva é o ser, que na verdade é sujeito, ou que é na verdade efetivo, mas só na medida em que é o movimento do pôr-se-a-si-mesmo, ou a mediação consigo mesmo do tornar-se outro. Como sujeito, é a negatividade pura e simples, e justamente por isso é o fracionamento do simples ou a duplicação oponente, que é de novo a negação dessa diversidade indiferente e de seu oposto. Só essa igualdade se reinstaurando, ou só a reflexão em si mesmo no seu ser-Outro, é que são o verdadeiro; e não uma unidade originária enquanto tal, ou uma unidade imediata enquanto tal. O verdadeiro é o vir-a-ser de si mesmo, o círculo que pressupõe seu fim como sua meta, ipso facto sua antítese, que o tem como princípio, e que só é efetivo mediante sua atualização e seu fim. Friedrich Hegel era crítico das filosofias claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da ontologia. Neste sentido, a clareza não seria adequada para conceituar o próprio objeto. Introduziu um sistema de pensamento para compreender a história da filosofia e do mundo chamado geralmente dialética: uma progressão no âmbito da história e sociedade na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior. Com mais razão do que a felicidade, comparativamente falando, ou as vezes afortunadas, requer-se do objetivo do mundo que os objetivos bons, morais e corretos encontrem sua satisfação e segurança realizadas de forma plena.
O
que faz os homens insatisfeitos moralmente – uma insatisfação de que eles se
orgulham – é que não acham o tempo presente adequado à realização de objetivos que em
sua opinião são corretos e bons, especialmente os ideais das instituições
políticas de nosso tempo. Comparam as coisas como elas são, com seu ideal de
como deveriam ser. Neste caso, não é o interesse privado ou a paixão que deseja
a satisfação, mas a razão, a justiça, a liberdade. Em seu nome as pessoas pedem
o que lhes é devido e geralmente não estão apenas insatisfeitas, mas
abertamente revoltadas contra a condição de mundo. Para julgar esses pontos de
vista e esses sentimentos, ter-se-ia de examinar as exigências persistentes e
as opiniões dogmáticas em questão. Em nenhuma época tanto como na nossa vida
privada esse tipo de princípios e ideias gerais se apresentou com tamanha
pretensão. Embora as paixões não faltem, a história demonstra uma luta de
ideias justificáveis e, em parte, uma luta de paixões e interesses subjetivos
sob as pretensões mais elevadas como possíveis que são encaradas como legítimas
em nome do suposto destino ou conteúdo de sentido da Razão, têm assim validade
como fins absolutos, da mesma maneira que a religião, a moral, a ética. No
amor um indivíduo tem a consciência de si na
consciência do outro, se considerarmos que ele vive de maneira altruísta.
Nesta renúncia cada um ganha a vida do outro e também a sua, que é uma só com o outro. Contra tal unilateralidade tem a efetividade uma força própria: alia-se à verdade contra à consciência, e lhe mostra enfim o que é a verdade. Mas a consciência ética bebeu, da taça da substância absoluta, o olvido de toda a unilateralidade do ser-para-si, de seus fins e conceitos peculiares; e por isso afogou, ao mesmo tempo, nessa água do Estige toda essencialidade própria e significação independente da efetividade objetiva. É, portanto, seu direito absoluto que, agindo conforme à lei ética, não encontre outra coisa nessa efetivação que o cumprimento dessa lei mesma, e o ato não mostre outra coisa senão o agir ético. O ético, enquanto essência absoluta e ao mesmo tempo potência absoluta, não pode sofrer perversão de seu conteúdo. Fosse apenas a essência absoluta sem a potência, poderia experimentar uma perversão por parte da individualidade, mas essa, como consciência ética, com o abandonar de seu ser-para-si unilateral, renunciou ao perverter. Inversamente, a simples potência seria pervertida pela essência, caso fosse ainda um tal ser-para-si. A individualidade é pura forma da substância, que é o conteúdo; e o agir comunicativo humanamente do pensamento à efetividade, somente como o movimento de uma oposição socialmente carente-de-essência, cujos momentos não possuem conteúdo e essencialidade distintos entre si. O direito absoluto da consciência ética consiste em que a figura de sua efetividade – não seja outro, senão o que ela sabe.
As
histórias de quatro pares se desenvolvem em uma pequena cidade escocesa à beira-mar:
Frances (Emma Thompson), uma fotógrafa recém-viúva decide voltar para a
Austrália com o filho adolescente Alex (Gary Hollywood). Mas tudo muda quando
ela reencontra sua mãe, Elspeth (Phyllida Law), “tão carente e insegura quanto
Frances”. Alex, por outro lado, questionando a vida e assombrado pelas memórias
do pai, vive um encontro amoroso com uma garota da cidade. Enquanto isso,
duas senhoras de idade fazem suas atividades favoritam: visitam enterros. Por
fim, dois jovens decidem “matar aula e se divertir”. Uma reflexão sobre o
amadurecimento e a busca de redenção. Frances é uma fotógrafa recém enviuvada
que tem na cabeça a ideia de emigrar para a Austrália com seu filho
adolescente. Um encontro com usa mãe desperta sentimentos de compaixão e
saudades, pelos vivos, pelos mortos, por ela mesma. Enquanto isso, seu filho,
assombrado pelas memórias do pai, está prestes a ter sua primeira experiência
sexual com uma provocante vizinha. A tensão é quebrada pela história de “duas
velhinhas que passam o tempo indo a funeral de estranhos”. Um dado interessante
é que mãe e filha no filme, são mãe e filha na vida real: as talentosas atrizes
Emma Thompson e Phyllida Law.
Fotografia
do grego φως [fós] (“luz”), e γραφις [grafis] (“estilo”,
“pincel”) ou γραφη grafê, significa sociologicamente: “desenhar com luz
e contraste”, por definição, “é essencialmente a técnica de criação de imagens
por meio de exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível”. A
primeira fotografia reconhecida socialmente remonta ao ano de 1826 e é
atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833). Contudo,
compreende-se que a invenção da fotografia não é obra de um só autor. Mas um
processo de acúmulo de avanços por parte da interpelação de muitas pessoas,
trabalhando, juntas ou em paralelo, ao longo de duração de muitos anos. Se por
um lado os princípios fundamentais da fotografia se estabeleceram há décadas e,
desde a introdução do filme fotográfico colorido, quase não sofreram mudanças
técnicas, por outro, os avanços tecnológicos têm sistematicamente possibilitado
melhorias na qualidade técnica e visual das imagens produzidas no processo
social de produção com a redução de custos, popularizando o uso no mercado da
fotografia. A primeira fotografia colorida permanente foi tirada em 1861 pelo
físico James Clerk Maxwell (1831-1879). O primeiro filme colorido, o Autocromo,
não chegou ao mercado global antes de 1907 e era baseado “em pontos tingidos de
extrato de batata”. O primeiro filme
colorido moderno, o Kodachrome, foi introduzido em 1935 baseado em três
emulsões coloridas. A maioria dos filmes coloridos contemporâneos, exceto o Kodachrome,
são baseados na tecnologia pela Agfacolor produzida na Alemanha pela Cia.
Agfa em 1936. Do ponto de vista técnico-metodológico o filme “colorido
instantâneo” foi introduzido pela Polaroid em 1963.
A Polaroid foi fundada em 1937, desenvolvendo materiais polarizadores patenteados em 1929 por Edwin H. Land (1909-1991). Land dirigiu a empresa até 1981. Seu pico de empregos foi de 21 000 em 1978, e sua receita de pico foi de US$ 3 bilhões em 1991. Quando a Polaroid Corporation original foi declarada falida em 2001, sua marca e ativos foram vendidos. A “nova” Polaroid foi formada como resultado, declarando-se falida em 2008, resultando em uma nova venda. Em maio de 2017, a marca e a propriedade intelectual da Polaroid Corporation foram adquiridas pelo maior acionista do Impossible Project, que originalmente começou em 2008 com a produção de novos filmes instantâneos para câmeras Polaroid. O Impossible Project foi renomeado para Polaroid Originals em setembro de 2017, e em março de 2020 foi renomeado simplesmente para Polaroid. Estes materiais anisotrópicos, capazes de polarizar a luz, foram utilizados em produtos como óculos de sol, microscópios ópticos e mostradores de cristal líquido. Em 1948, a Polaroid lançou a sua primeira câmera instantânea comercial, a Land Câmera Model 95. Este produto revolucionou a fotografia ao permitir a revelação imediata das imagens capturadas. Com o advento da fotografia digital, a Polaroid perdeu espaço no mercado e declarou falência em 2001. Em 2008, a empresa enfrentou novamente dificuldades financeiras e encerrou a produção de filmes instantâneos. Em 2017, a Polaroid foi adquirida pelo maior acionista do The Impossible Project, que havia iniciado a produção de filmes instantâneos para câmeras Polaroid clássicas. A marca foi relançada como Polaroid Originals e, em 2020, voltou a ser conhecida simplesmente como Polaroid. As câmeras Polaroid influenciaram gerações de fotógrafos e artistas, tornando-se ícones culturais da fotografia analógica. Sua capacidade de proporcionar imagens instantâneas foi amplamente celebrada na cultura pop e na arte contemporânea.
Metodologicamente, a primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado “Betume da Judeia”. A imagem foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. Nièpce chamou o processo de “heliografia”, gravura com a luz do Sol. Paralelamente, outro francês, Daguerre, produzia com uma câmera escura efeitos visuais em um espetáculo denominado “Diorama”. Daguerre e Niépce trocaram correspondência durante alguns anos, vindo finalmente a firmarem sociedade. Após a morte de Nièpce, Daguerre desenvolveu um processo com vapor de mercúrio que reduzia o tempo de revelação de horas para minutos. O processo foi denominado “daguerreotipia”. Daguerre descreveu seu processo à Academia de Ciências e Belas Artes, na França e logo depois requereu a patente do seu invento na Inglaterra. A popularização dos daguerreótipos deu origem às especulações teóricas e práticas sobre a possibilidade do “fim da pintura”, inspirando o Impressionismo. Contudo, lembramos que, em 1840, aos 14 anos, dom Pedro II foi coroado imperador do Brasil. No mesmo ano, conheceu o daguerreotipo, aparelho criado pelo francês Daguerre para registrar imagens. Pedro II pode ter sido o primeiro fotógrafo brasileiro: o abade Louis Compte trouxe a novidade de Paris e mostrou-a ao jovem, que, impressionado, logo encomendou o seu. A paixão pela fotografia foi fulminante. Pedro II estava sempre retratando pessoas, paisagens e a realidade da família real. Para exaltar os amantes dessa arte, criou o título de Photographo da Casa Imperial. Entre 1851 e 1889, dezenas de fotógrafos receberam a homenagem. Anos mais tarde, em 1876, resolveu passear mundo afora. Foram 18 meses de viagem, quatro continentes e mais de 100 cidades visitadas. Além dos registros fotográficos próprios, contratou um fotógrafo particular. A coleção do monarca, a essa altura, já tinha 25 mil peças. Em 1889, com a Proclamação da República, dom Pedro II foi expulso do país. Sem mágoas, doou à Biblioteca Nacional seu arquivo, com quase 30 mil fotos. O acervo ficou esquecido por mais de 100 anos, pois em 1990 os arquivos foram abertos ao público e estão acervados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
A
grande maioria das imagens do Império eram compostas de litogravuras, pinturas,
esculturas e aquarelas, a partir, sobretudo do início dos anos 1860, torna-se
cada vez mais nítido o predomínio do material fotográfico. A explicação da
inovação tecnológica está vinculada de maneira direta a d. Pedro II, que não
foi só um incentivador dessa técnica, como se tornou ele próprio um fotógrafo:
o primeiro fotógrafo brasileiro, o primeiro soberano-fotógrafo do mundo. O
pioneirismo do soberano se evidencia já quando da concessão de seu imperial
patrocínio a um fotógrafo, em 8 de março de 1851. Nessa época conferiu o título
de Fotógrafos da Casa Imperial a Buvelot & Prat, antecipando-se dois anos à
rainha Vitória. Na verdade, o colonizador d. Pedro fará da fotografia “o grande
instrumento de divulgação de sua imagem: moderna como queria que fosse o reino”
- “Finalmente passou do daguerreotipo para cá os mares e a fotografia que até
agora só era conhecida no Rio de Janeiro por teoria (...). Hoje de manhã teve
lugar na hospedaria Pharoux um ensaio fotográfico tanto mais interessante,
quanto é a primeira vez que a nova maravilha se apresenta aos olhos dos
brasileiros (...) preciso ver a coisa com seus próprios olhos para se fazer
ideia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de nove minutos o
chafariz do Largo do Paço, a praça do Peixe, o mosteiro São Bento (...) se
acharam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se
via que a coisa tinha sido feita pela própria natureza, e quase sem a intervenção
do artista” (cf. Schwarcz, 2007: 345- 346). O mito da fidedignidade, o
fascínio de apreensão do real, que parece se revelar por meio da fotografia,
encorar a carga conotativa, presente nessa técnica precisa, que recortava a realidade
pelo que observa olho do fotógrafo. A rotina, isto é, tudo aquilo que é feito habitualmente,
constitui um elemento básico da atividade social genuinamente humana.
Anthony Giddens (2009) observa, que a rotinização é vital para os mecanismos psicológicos por meio dos quais um senso de confiança ou de segurança ontológica é sustentado nas atividades cotidianas da vida social. Contida primordialmente na consciência prática, a rotina introduz uma cunha entre o conteúdo potencialmente explosivo do inconsciente e a monitoração reflexiva da ação que os agentes exigem. O caráter situado da ação no tempo-espaço, a rotinização da atividade a natureza repetitiva da vida cotidiana – são esses fenômenos que articulam a discussão do inconsciente com as análises de co-presença de Erving Goffman. Apesar de seu manifesto brilhantismo, os escritores de Goffman são usualmente considerados, talvez, um tanto limitados, no que se refere a seu conteúdo teórico ou por ser ele visto, sobretudo, como uma espécie de raconteur sociológico – o equivalente de um mexeriqueiro sociológico, cujas observações entretêm, divertem e excitam, mas são, no entanto, superficiais e essencialmente triviais – ou então por retratar coisas específicas da vida social, na moderna sociedade de classe média, uma sociedade cínica de protagonistas amorais. Isso pode ser deveras instrutivo, mas não é o modo mais útil de relacionar sua obra com problemas da teoria social, porque não preenche as lacunas certas no que ele tem a dizer, uma das quais é a ausência de uma discussão da motivação, a principal razão de seus escritos serem passíveis da segunda interpretação. A confiança de Goffman na confiança e no tato ecoa, de maneira flagrante, temas encontrados na psicologia do ego e gera uma compreensão analiticamente poderosa da monitoração reflexiva do fluxo de encontros envolvidos na vida cotidiana.
Fundamental para a vida social é o posicionamento do corpo em encontros sociais. “Posicionamento” é aqui um termo muito rico. O corpo está posicionado nas circunstâncias imediatas de co-presença em relação aos outros: Goffman fornece um conjunto extraordinariamente sutil, mas revelador de observações sobre face work, sobre gestos e controle reflexo do movimento corporal como inerentes na continuidade da vida social. Entretanto, o posicionamento deve também ser estendido em relação com a serialidade de encontros no tempo-espaço. Todo e qualquer indivíduo está imediatamente posicionado no fluxo da vida cotidiana; no tempo de vida que é a duração de sua existência; e na duração do “tempo institucional”, a estruturação “supra-individual” de instituições sociais. Finalmente, cada pessoa está posicionada, de um modo “múltiplo”, dentro de relações sociais conferidas por identidades sociais específicas; essa é a principal esfera de aplicação do conceito de papel social. As modalidades da co-presença, mediadas diretamente pelas propriedades sensoriais do corpo, são claramente distintas dos vínculos sociais e das formas de interação social estabelecidas com outros ausentes no tempo ou no espaço. Não são apenas os indivíduos que estão “posicionados” em relação uns aos outros; os contextos de interação social também estão. No exame dessas conexões, relacionadas com a contextualidade da interação social, as técnicas e a abordagem de tempo-geografia, conforme desenvolvidas por Hägerstrand, são esclarecedoras. O tempo-geografia também tem como seu principal interesse a localização de indivíduos no tempo-espaço, mas confere especial atenção às restrições à atividade decorrentes de propriedades físicas do corpo e dos ambientes em que os agentes se movimentam.
Mas de toda maneira, numa era de certezas e de positividades, a fotografia era incorporada à memória individual e coletiva como um exemplo de perfeição da representação do social. Em meio a uma sociedade em boa parte iletrada, sob a égide do trabalho escravo, as suas potencialidades são rapidamente percebidas. Entre nós no Brasil entre 1840-55, diversas capitais foram visitadas por daguerrreotipistas itinerantes, que também fizeram incursões pelo interior, à procura de clientes na aristocracia rural. O resultado é revelador da feição peculiar da nobreza brasileira, muitas vezes escondida em seus casarões de fazenda. A foto tornava-se, então, não só símbolo da modernidade como marca de status e de civilização; uma distinção nas mãos de poucos. Assim, se os usos e funções políticas da fotografia do século XIX tenderam a se expandir, de outro modo dialogaram com o imaginário individual e coletivo, que por meio dela reproduziam imagens e paisagens - como o fez Marc Ferrez (1843-1923) a partir da década de 1870. Grandes fotógrafos se consagraram no Brasil, como H. Florence e Victor Frond, ou mais tarde Marc Ferrez, além de uma série de firmas que aqui se instalaram, prometendo maravilhas para essa corte encantada com os avanços tecnológicos europeus. Muitos se fizeram fotografar, contudo nenhuma outra família gastou tanto economicamente falando quanto ocorreu com a Casa Imperial. Era inclusive comum encontrar nos jornais anúncios em que os profissionais expunham sua condição de “fotógrafos da família imperial”, como chamariz para outros clientes.
O britânico William Fox Talbot (1800-1877), que já efetuava pesquisas com papéis fotossensíveis, ao tomar conhecimento dos avanços de Daguerre, em 1839, decidiu apressar a apresentação de seus trabalhos à Royal Institution e à Royal Society, “procurando garantir os direitos sobre suas invenções”. Talbot desenvolveu um diferente processo denominado “calótipo”, usando folhas de papel cobertas com cloreto de prata, que posteriormente eram colocadas em contato com outro papel, produzindo a imagem positiva. Este processo é muito parecido com o processo fotográfico em uso hoje, pois também produz um negativo que pode ser reutilizado para produzir várias imagens positivas. À época, Hippolyte Bayard também desenvolveu um método de fotografia. Porém, por demorar a anunciá-lo, não pôde mais ser reconhecido como seu inventor. A fotografia então se popularizou como produto de consumo a partir de 1888. A empresa Kodak abriu as portas com um eficaz discurso mercadológico de marketing tornando-a mercadoria que, na definição de Marx, “é a célula econômica da sociedade capitalista”, onde todos podiam tirar suas fotos, sem necessitar de fotógrafos profissionais com a introdução da câmera tipo “caixão” e pelo filme em rolos substituíveis criados por George Eastman. O mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evolução tecnológica, com o estabelecimento do filme colorido como padrão e o foco automático, ou exposição automática. Essas inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento técnico, mas muito pouco foi alterado nos princípios básicos ou essenciais da fotografia.
Alan Rickman nasceu em Londres e possui dois irmãos e uma irmã. Antes de iniciar sua carreira como ator, ele estudou designer gráfico na Faculdade de Chelsea, onde conheceu Rima Horton, que mais tarde se tornaria sua parceira. Após três anos, Rickman se graduou na Royal College of Art e abriu um negócio bem sucedido de designer gráfico que comandou por anos junto com amigos. Apesar de ter se envolvido no teatro quando jovem, apenas aos 26 anos ele decidiu no momento certo fazer uma audição na Royal Academy of Dramatic Art (RADA), onde conseguiu uma bolsa de estudos. Após apresentações no teatro britânico experimental e um papel na televisão, Rickman ganhou visibilidade ao interpretar Vicomte de Valmont na peça Les Liaisons Dangereuses da Royal Shakespeare Company, papel que lhe rendeu uma indicação ao Tony Awards. Após alguns telefilmes, seu primeiro papel no cinema foi de vilão em Duro de Matar (1988). Memorável em Hollywood pelas interpretações de vilões, sua carreira possui um amplo leque de personagens e gêneros cinematográficos. Dentre os vilões, seu papel em Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões (1991) lhe rendeu artisticamente um dos seus primeiros prêmios, o BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante. Outro personagem estiloso que gerou premiações em sua carreira foi em Rasputin (1996), onde saiu ganhador de um Globo de Ouro e um Emmy. Em 2001, a carreira de Rickman deu um salto ao aparecer como Professor Snape em Harry Potter e a Pedra Filosofal. A saga, da qual participou até 2011 na conclusão Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2, introduziu o ator a uma nova e mais jovem geração de fãs. Entre outros dos seus filmes estão Perfume - A História de um Assassino (2006), Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007), Alice no País das Maravilhas (2010) e Alice Através do Espelho (2016), que marcou provavelmente sua última participação em uma produção cinematográfica.
Scotland
vem de Scoti, o nome latino para os gaels. A palavra latina Scotia
(“terra dos gaels”) era inicialmente utilizada para se referir à Irlanda. Até o
século XI, o termo Scotia foi usado para se referir a Escócia ao Norte do rio
Forth, juntamente com os termos Albania ou Albany, ambas derivadas do gaélico
Alba. O uso das palavras Escócia para se referir a tudo o que é agora o
território escocês tornou-se comum durante a Idade Média. A história escrita da
Escócia começa, em linhas gerais, com a ocupação do sul e do centro da
Grã-Bretanha pelo Império Romano, território transformado na província romana
da Britânia e que equivale atualmente à Inglaterra e ao País de Gales. O Norte
da ilha, reconhecido como Caledônia e habitado pela tribo celta dos pictos, não
foi conquistado pelos romanos. Segundo a tradição, o Reino da Escócia foi
fundado em 843, quando Kenneth I se tornou rei das tribos dos pictos e das
tribos dos escotos. A conquista normanda da Inglaterra em 1066 e a ascensão ao
trono de Davi I permitiram a introdução do feudalismo na Escócia e um maior
relacionamento comercial com a Europa. No final do século XIII, diversas
famílias normandas e anglo-saxãs haviam recebido terras escocesas. A primeira
sessão do Parlamento escocês foi realizada naquele período.
Uma
disputa pelo trono permitiu que Eduardo I da Inglaterra tentasse coroar um fantoche
seu como rei da Escócia. A resistência escocesa, liderada por William Wallace
(1270-1305) e Andrew Moray, foi um proeminente líder militar durante a Primeira
Guerra de Independência da Escócia. Ele liderou uma revolta no Norte da Escócia
no verão de 1297 contra o rei Eduardo I da Inglaterra, conquistando vitórias e
terras para o rei escocês João Balliol (1249-1314). Ele, subsequentemente, uniu
forças com William Wallace e juntos levaram os escoceses a vitória na Batalha
de Stirling Bridge. Moray foi mortalmente ferido,
falecendo após o combate em uma data desconhecida, nos tardios meses de 1297, e,
mais tarde, por Robert Bruce (1274-1329), fez com que este fosse coroado rei da
Escócia em março de 1306 e saísse vitorioso na batalha de Bannockburn,
contra os ingleses, em 1314. Uma Segunda Guerra de Independência Escocesa
eclodiu no período 1332-1357, quando Eduardo Balliol (1282-1364) tentou tomar o
poder com o apoio do monarca inglês. O quadro político escocês voltou a
estabilizar-se com a emergência da Casa de Stuart nos anos 1370. Em 1603, o Rei
Jaime VI da Escócia (1566-1625) herdou o trono inglês e tornou-se Jaime I
da Inglaterra. A Escócia continuou a ser um Estado separado, exceto durante o
Protetorado dos Cromwell (1653-1659). Na história política da Inglaterra, da
Escócia e da Irlanda, dá-se o nome de Protectorado ou Ditadura Cromwell ou,
ainda, República Puritana ao período de 1653 a 1659, quando o governo da
Comunidade da Inglaterra (que incluía também a Escócia e a Irlanda) foi
exercido por um Lorde Protetor. Em 1707, após ameaças inglesas de interromper o
comércio e a livre circulação na fronteira, os Parlamentos da Escócia e
da Inglaterra promulgaram os Atos de União criando o Reino Unido da
Grã-Bretanha.
Em
1776 fora lançado um dos livros mais influentes: “Uma investigação sobre a
natureza e a causa da riqueza das nações”, escrito pelo escocês Adam Smith, um
dos maiores defensores do capitalismo. Em seguida ao Iluminismo escocês e à
Revolução Industrial, a Escócia tornou-se uma das potências comerciais,
intelectuais e industriais da Europa. A sua decadência industrial após a 2ª Guerra
Mundial (1939-1945) foi grave, mas mais recentemente o país tem vivido um
renascimento cultural e econômico, em especial nas áreas de serviços
financeiros, de eletrônica e de petróleo. Por meio do Scotland Act
britânico de 1998, o Parlamento escocês foi reaberto. A Escócia ocupa o terço
setentrional da ilha da Grã-Bretanha. Com uma área de aproximadamente 78 772
km², sua única fronteira terrestre é com a Inglaterra, ao Sul. A Escócia
encontra-se entre o Oceano Atlântico, a Oeste, e o Mar do Norte, a Leste. O
país inclui o território na Grã-Bretanha e diversos arquipélagos, como as
Shetland, as Órcades e as Hébridas. O território britânico da Escócia pode ser
dividido em três áreas, a saber, as Highlands ao Norte, o Cinturão
Central (Central Belt) e as Terras Altas Meridionais (Southern Uplands) ao Sul.
As Highlands são montanhosas e apresentam as maiores elevações das Ilhas Britânicas,
com Ben Nevis, com 1 344 metros, o ponto culminante. O Cinturão Central é
plano, concentra a maior parte da população e inclui grandes cidades Glasgow e
Edimburgo. É uma união política de quatro países constituintes:
Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. O governo é regido por
um sistema parlamentar, cuja sede está localizada na cidade de Londres, e por uma monarquia constitucional que tem o rei Carlos
III como chefe de Estado.
As
dependências da Coroa das Ilhas do Canal (ou Ilhas Anglo-Normandas) e a Ilha de
Man (formalmente possessões da Coroa), não fazem parte do Reino Unido, mas
formam uma confederação com ele. O país que
colonizou cerca de ¾ do globo terrestre tem quatorze territórios ultramarinos,
todos remanescentes do Império Britânico, que no seu auge possuía quase um
quarto da superfície da Terra, fazendo desse o maior império da história
contemporânea. Como resultado da Chamada Era Imperial, a influência britânica
no mundo pode ser vista no idioma, na cultura e nos sistemas judiciários de
muitas de suas antigas colônias, como principalmente o Canadá, a Austrália, a
Índia e os Estados Unidos da América. O rei Carlos III permanece como o chefe
da Comunidade das Nações (Commonwealth) e chefe de Estado de cada uma
das monarquias na Commonwealth. O Reino Unido é um país desenvolvido,
com a quinta (PIB nominal) ou sétima (PPC) maior economia do mundo. Foi o
primeiro país industrializado do mundo e a principal potência mundial durante o
século XIX e o começo do século XX, mas o custo econômico de duas guerras
mundiais e o declínio de seu império na segunda metade do século XX reduziu o
seu papel de líder nos temas mundiais. O Reino Unido, no entanto, permaneceu
sendo uma potência importante com forte influência econômica, cultural, militar
e política, sendo uma potência nuclear, com o terceiro ou quarto, dependendo do
método de cálculo, o maior gasto militar do mundo. Tem um assento permanente no
Conselho de Segurança das Nações Unidas e é membro do G7, da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), da Organização Mundial do Comércio
(OMC) e da Comunidade das Nações. Foi um membro da União Europeia até 31 de
janeiro de 2020.
Bibliografia
Geral Consultada.
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