domingo, 16 de fevereiro de 2025

Blue Jay – Interesse, Encontro Casual & Práticas de Arrependimento.

             Até na pessoa mais cansada o amor é como um despertar”. Francesco Alberoni

        Lawrence Jay Duplass Jr. nascido em 7 de março de 1973 é um cineasta, ator e autor norte-americano amplamente reconhecido por seus filmes The Puffy Chair (2005), Cyrus (2010) e Jeff, Who Lives at Home (2011), feitos em colaboração com seu irmão Mark Duplass mais novo. Duplass estrelou a série de comédia dramática da Amazon Video Transparent (2014–2019) e foi cocriador da série de comédia dramática da HBO Togetherness (2015–16) e da série antológica da HBO Room 104 (2017–2020). Home Box Office é uma rede de televisão por assinatura de propriedade da Warner Bros. Discovery. Duplass nasceu em Nova Orleans, Louisiana, filho de Cynthia (nascida Ernst) e Lawrence Duplass. Ele foi criado em uma família católica, e frequentou a Jesuit High School. Duplass se formou na Universidade do Texas em Austin; ele começou um mestrado em Belas Artes em cinema na UT, mas desistiu nos primeiros meses para buscar projetos de filmes independentes. Sua ascendência inclui cajun francês, italiano, judeu asquenaze e alemão. Duplass atribui muito do seu amor e do de seu irmão pelo cinema à sua apreciação por Raising Arizona. Em entrevista com Robert K. Elder para The Film That Changed My Life, Duplass especula sobre o que poderia ter acontecido se ele não tivesse visto o filme em sua juventude. - Eu provavelmente não estaria fazendo filmes — sério. Blue Jay tem como representação social um drama romântico de 2016, dirigido por Alex Lehmann na estreia em longa-metragem de ficção, com roteiro de Mark David Duplass. 

       É estrelado por Duplass e Sarah Paulson. O filme teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 12 de setembro de 2016. O filme foi lançado em 7 de outubro de 2016, em uma programação limitada antes de ser lançado em vídeo sob demanda em 11 de outubro de 2016. O filme foi rodado ao longo de 7 dias em Crestline, Califórnia. Uma região censo designada é área determinada pelo Departamento do Censo dos Estados Unidos da América, órgão estatístico do governo para a coleta de informações estatístico-demográficas. São comunidades que não possuem governo próprio governadas diretamente pelos condados onde estão localizadas. Fora isto, estas regiões assemelham-se a regiões organizadas, sociologicamente, tais como vilas ou cidades. Tais regiões são criadas na esfera política para fornecer informações estatísticas e geográficas para concentrações de população que são identificáveis por nome, mas não legalmente incorporadas, distritalmente, não possuem governo municipal próprio sob as leis do Estado onde tais regiões localizam-se. As fronteiras de tais regiões podem ser definidas em “cooperação com oficiais locais ou tribais”, mas não são fixas, e não afetam o status de um dado governo local ou de uma dada região incorporada. As fronteiras de uma região censo designada podem mudar na história social e política de um censo para o outro, refletindo mudanças em padrões de assentamento humano.  Julian Wass compôs a trilha sonora do filme. O filme marcou o a parceria de um primeiro filme dos irmãos Duplass sob seu acordo com a Netflix.

Ele durou tanto tempo. Foi realmente a raiz de tudo que Mark e eu sempre nos mantivemos ao fazer filmes. Isso quer dizer que Arizona Raising é o filme mais inspirado que já vi. Em 2012, Duplass participou das pesquisas de cinema Sight & Sound daquele ano. Realizadas a cada dez anos para selecionar os maiores filmes de todos os tempos, diretores contemporâneos eram convidados a selecionar dez filmes de sua escolha. Em 2014, ele estrelou como Josh Pfefferman na série de comédia dramática original da Amazon Prime Transparent, ao lado de Jeffrey Tambor, Gaby Hoffmann, Amy Landecker e Judith Light. A série foi recebida com grande aclamação da crítica, ganhando 11 indicações ao Primetime Emmy, incluindo indicações para Melhor Série de Comédia e na sequência Melhor Ator em Série de Comédia para Jeffrey Tambor. Em 2015, Mark e Jay Duplass, por meio de sua gravadora Duplass Brothers Television, assinaram um acordo geral com a HBO. Na segunda temporada do programa, o papel de Duplass se tornou mais proeminente, e ele foi indicado ao Critics` Choice Television Award de Melhor Ator Coadjuvante em Série de Comédia. Antes de Transparent, Duplass nunca havia atuado em um papel de destaque. Ele estava conversando com o diretor Joey Soloway em um jantar sobre a dificuldade que eles estavam tendo em encontrar um ator para interpretar o que acabaria sendo o papel de Duplass. Depois de sugerir muitos atores socialmenete para o papel para Soloway, Soloway se voltou para Duplass e disse a ele que ele deveria interpretar o papel.              

O filme Blue Jay teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 12 de setembro de 2016. A Orchard adquiriu os direitos de distribuição do filme e definiu o filme para um lançamento limitado em 7 de outubro de 2016, antes de estrear comercialmente em “vídeo sob demanda” em 11 de outubro de 2016. Foi lançado na Netflix, um serviço online de streaming norte-americano lançado em 2010 e é disponível em mais de 190 países, em 6 de dezembro de 2016. Jim Henderson retorna para sua cidade natal na Califórnia, nos Estados Unidos da América, com a intenção de reformar a casa de sua falecida mãe. Enquanto fazia compras em um supermercado, ele esbarra em sua ex-namorada do ensino médio, Amanda. Os dois se cumprimentam, mas Jim diz que não quer impedi-la de fazer o que quer que ela estivesse fazendo. Ele “esbarra” com ela novamente no estacionamento e eles decidem tomar um café no bar e restaurante de estrada Blue Jay. Eles conversam sobre o que aconteceu em suas vidas desde a última vez que se viram. Amanda se casou e se tornou madrasta de duas crianças. Como vimos, Jim trabalha na reforma de casas antigas, com seu tio, e está pensando em reformar a casa de sua falecida mãe. Enquanto acompanham Amanda até o carro, eles passam pela loja de bebidas que frequentavam quando eram mais jovens. 

Amanda aposta que o dono da loja os reconhecerá, embora Jim discorde. O amor é uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto e, nessa medida, é decerto geralmente reconhecido, segundo Simmel, como “formativo”, mas de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, nem criado um produto de uma nova categoria socialmente. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz analogamente o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. Conforme a ordem cronológica, é preciso, antes de mais nada, que o ser exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas, então, esse algo que acontece não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no sujeito que uma nova categoria fundamental se tornou criadora. Do mesmo modo que Eu, enquanto amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa significar uma transformação visivelmente de todas as minhas outras manifestações -, também o amado enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado. 

Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor – e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal – é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos preexistentes. Totalmente inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. Ele pertence a um estágio demasiado elevado da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexual. Tampouco podemos safar-nos do embaraço por esta escapatória fácil: em virtude de seu sentido metafísico, de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, mas sua realização humana ou psicológica colocá-lo-ia num estágio ulterior de uma série longa e complexa na evolução contínua da vida. Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas reações. Na prática o problema de seu dualismo é aí, reconhecido e nitidamente expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade.

Friedrich Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia (2007) vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência . Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata. Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações. 

   

Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta em identidade, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade.

A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim a Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, isto é, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência na história das sociedades. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Em primeiro lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada.

O homem é essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade.

   

O europeu sabe de si, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz) a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto quer dizer precisamente evolução. O em si que já não fosse em si seria outra coisa. Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança socialmente. Na mudança existe algo que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também sem dúvida falar da mudança, mas esta mudança deve ser tal que o outro, o que resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si não seja negado.

Para Friedrich Hegel a evolução não somente faz aparecer o interior originário, exterioriza o concreto contido já no em si, e este concreto chega a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato assim adquire o poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim a ser atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. É algo concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado, não poderia evoluir. Na alma, determinada como indivíduo, as diferenças estão nas mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno que nelas persiste e, segundo Hegel, enquanto momentos do seu desenvolvimento.

Por serem elas diferenças, à uma, físicas e espirituais, seria preciso, para determinação ou descrição mais concreta, antecipar a noção do espírito cultivado. As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a criança, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo – passando pela oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si mesmo não está pronto, o jovem, para chegar à relação verdadeira, ao reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo já presente, acabado; em sua obra, que leva a cabo por si e para si, o indivíduo retira, por sua atividade, uma confirmação e uma parte, mediante a qual ele é algo, tem uma presença efetiva e um valor objetivo (homem); até a plena realização da unidade com essa objetividade do conhecer: unidade que, enquanto real, vem dar na inatividade da rotina que tira o interesse, enquanto ideal se liberta dos interesses mesquinhos é das complicações do presente exterior (o ancião).  

O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporalidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular no gênio da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da harmonia natural, da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Nunca é demais repetir, que um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos seus pais, e no sentimento de ser amado por eles.

O amor é sempre uma dinâmica que se gera, Para Simmel (1993) por assim dizer, a partir de uma autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do estado latente ao estado atual, mas que não pode ser, propriamente falando, provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui, e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se move em si mesmo, digamos um amor em roda livre. Seguramente, a pulsão em direção a um comportamento poderá ser considerada como o aspecto afetivo do próprio comportamento, ele próprio já iniciado; o fato de nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento ulterior dessas primeiras inervações. Onde, apesar do impulso sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta, de pronto, para ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência tenham podido se prolongar num ato visível. A possibilidade real, a ocasião apriorística desse modo de comportamento originados pela presença humana na vida que chamamos amor, fará surgir se for o caso, à consciência, na oposição dialética, como um sentimento obscuro e geral, um estágio inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado.

A existência desse impulso sem objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor, muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade, vai em direção a ele. De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos invariáveis religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem de fato se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles. Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e centralmente dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitavelmente do que foi sua razão de nascer.

Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade. Isso deve ser solidamente estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor lança talvez uma das pontes mais enganadoras na paisagem psicológica exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de significação filosófica. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, por fim a reprodução da espécie. Pela propagação contínua do plasma germinal, a vida corre infinitamente, atravessando todos estágios ou levada por eles de ponta a ponta. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato do termo) mas a mediações psíquicas.

Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, a pulsão não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos.  Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém, sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo social de conhecmento e cosntrução social da vida absolutamente como um dispositivo de meios a serviço desse objetivo - a vida – e se levarmos em conta o significado simplesmente efetivo do amor para a propagação da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si.

A noção de causa é, na origem, o caso do litígio, depois a ocorrência em que surge um acontecimento. A coisa, de mesma origem, é a questão a tratar. A palavra “ordem” exprime primeiro a fórmula do comando e o resultado ordenado. O termo “cosmos” designa, primeiro, a organização de um exército, depois da constituição de um Estado, antes de tornar-se a constituição do mundo. A geometria nasceu das necessidades de agrimensura e de irrigação das civilizações agrárias; a aritmética, das necessidades de cálculo das civilizações urbanas. As Leis físicas são uma projeção das Leis jurídicas sobre o Universo. A ideia de um Deus legislador do Universo, em Descartes, desenvolve-se quarenta anos depois da teoria do Soberano Jean Bodin. A Ordem e as Leis da Natureza foram sugeridas à física por Deus, pelo Rei e pelo Estado. Mais recentemente, a energia, conceito-chave da física moderna e de trabalho no momento da primeira revolução industrial. É certo que todos os conceitos científicos extraídos da experiência social se emanciparam e transformaram. Nem por isso se separam totalmente: força, trabalho, energia, ordem, desordem conservam o seu cordão umbilical com a vida comum.  As sociedades científicas multiplicaram-se, depois, no século XIX, a ciência instalou-se na universidade, criando aí os seus departamentos e laboratórios. Em torno de 1840, o termo scientist aparece na Inglaterra, e a ciência profissionaliza-se. No século XX, ela se implantará no coração das empresas industriais e depois no aparelho de Estado.

O profissional é alguém que se interroga sobre certos problemas ligados a uma “história cumulativa” e que se esforçam em resolvê-los com certos métodos, eles mesmos produzidos pela história cumulativa. Os profanos que julgam os trabalhos de profissionais se apressam em julgar os profissionais com critérios profanos para se legitimarem como pseudoprofissionais realmente profanos. O que é que os profanos consideram num trabalho científico, sobretudo nas ciências sociais? Quanto ao sociólogo, ele é submetido constantemente a um veredicto imediato, pois aquilo de que fala é importante espontaneamente para a maioria das pessoas. A maioria dos profanos, entre os quais os jornalistas, não têm sequer consciência de ser profanos na matéria; os melhores são os que sabem seus limites. Os profanos consideram os resultados. Reduzem um trabalho científico a teses. A tomadas de posição, que podem ser discutidas, que são objeto de opinião assim como os gostos e as cores, como representação social na vida, as quais quase todo mundo pode julgar com as armas ordinárias do discurso ordinário: toma-se posição sobre um trabalho científico como se toma posição sobre a Guerra do Golfo [Pérsico], em função da escala de opinião veiculada entre a esquerda/direita etc., ao passo que o que conta do ponto de vista comunicativo são as problemáticas e os métodos; no máximo, o resultado é secundário.

O erro de quase todo erudito é viver numa torre de marfim – a lógica autônoma de um campo que desenvolve, ele mesmo, de maneira autotética, seus próprios problemas – e, assim sendo, quando encontra problemas de seu tempo encontra por acaso. Isso faz com que haja aí uma injustiça essencial que sem levarem em consideração a problemática específica obtém proveitos simbólicos no campo científico. Isso permite desacreditar um adversário. Sem proceder ao corte, sem instituir uma série de rupturas. Os profanos também estão em perigo por ter confiança. Os semi-hábeis têm também um sentimento de naturalidade, como os primeiros. Restam os hábeis: que não têm apenas o prazer de ver conceitos serem elaborados de maneira um pouco mais satisfatória, mas também e, sobretudo de encontrar esquemas de pensamento, hipóteses de pesquisa. Portanto, o Estado não é simplesmente uma instância que diz: a ordem social é assim. Não é simplesmente a universalização do interesse particular dos dominantes, que consegue se impor aos dominados. É uma instância (instare) que constitui o mundo social segundo certas estruturas. O Estado não é simplesmente um produtor de discurso de legitimação.

O Estado estrutura a própria ordem social e junto nosso pensamento. Essa espécie de pensamento de Estado não é um metadiscurso a respeito do mundo. É por isso que a imagem da superestrutura, das ideologias como coisas que pairam acima, é absolutamente funesta, ao mesmo tempo em que o constitui como ele o é, o faz como ele o é. Isso vale para tudo que o Estado produz. O Estado é constitutivo da ordem social nesse duplo sentido. O mundo social é um artefato histórico, um produto da história que é esquecido em sua gênese em favor da amnésia da gênese que toca todas as criações tidas como sociais. O Estado é desconhecido como histórico e reconhecido por um reconhecimento absoluto que é precisamente no plano de globalização das ideias o reconhecimento do desconhecimento. Os dominantes em geral são silenciosos, não têm filosofia, não têm discurso; começam a tê-los quando nós os importunamos, quando lhes dizemos: - “Por que vocês são como são?”. Então, são obrigados a constituir como ortodoxia, como discurso explicitamente conservador, o que até então se afirmava, aquém do discurso, no modo do isso-é-óbvio. Para a satisfação de Amanda, ele se lembra. Ele comenta literalmente sobre como os dois “pombinhos famosos” ainda estão juntos depois de duas décadas e dá a eles cerveja e jujubas de graça, enquanto Amanda e Jim brincam sobre “como eles ainda são um casal depois de todo esse tempo”. Eles discutem mais suas vidas em profundidade perto de um lago, deixando Jim chorando e se sentindo descontente na vida quando ouve o quão impressionante a vida dela parece. Indo para a casa de sua calorosa mãe, eles ficam nostálgicos sobre suas memórias individualmente compartilhadas. Enquanto vasculha velhas recordações, Amanda encontra uma carta endereçada a ela escrita anos atrás e a guarda. Ela então encontra gravações de Jim e ela interpretando suas vidas de meia-idade. 

Eles tocam as gravações e riem sobre o quão chatos eles eram. Jim propõe que eles se “divirtam” e recriem a fita, fingindo ser um casal comemorando seu 20º aniversário. No final da noite, Amanda confessa a Jim que está tomando antidepressivos e que não chora há anos. Eles eventualmente começam a se beijar apaixonadamente no quarto. Ela para de repente quando ele diz que a ama. É então revelado que Amanda fez um aborto no ensino médio e essa foi a causa do rompimento. Eles atacam um ao outro, terminando com Jim desabando e chorando no chão. Jim acompanha Amanda até o carro na manhã seguinte, e Amanda explica sua decisão. Jim pede que ela leia a carta que ele não enviou, dizendo que queria ficar com o bebê. Amanda começa a chorar, pela primeira vez em cinco anos, e então riem juntos. Jim e Amanda suspiram um para o outro e a tela escurece. Blue Jay recebeu críticas positivas dos críticos de cinema. Ele detém uma classificação de aprovação de 91% no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, com base em 34 avaliações, com uma classificação média de 7,5/10. O consenso do site diz: - “A música de Blue Jay aquecerá a alma de qualquer romântico incurável que ama viagens pela estrada da memória, cenas de dança improvisadas e apresentações de duas mãos naturalmente executadas”.  No Metacritic, o filme detém uma classificação de 69 de 100, com base em 16 críticos, indicando “críticas geralmente favoráveis”. O repórter do Canadian Press, David Friend, disse que o filme “consegue capturar o espírito do cinema independente dos anos 1990 no seu melhor, e oferece algumas surpresas de partir o coração ao longo do caminho”. Brian Tallerico, do site especializado RogerEbert.com, elogiou a atuação de Paulson, dizendo que o filme “apresenta uma das nossas melhores atrizes no tipo de papel que ela não consegue interpretar com tanta frequência”.

Bibliografia Geral Consultada.

MARÍAS, Julián, A Felicidade Humana. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1989; BOLTANSKI, Luc, L’Amour et la Justice Comme Compétences. Paris: Éditions Métailié, 1990; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; MIRZOEFF, Nicholas, An Introduction To Visual Culture. Londres: Editora Routledge, 1999; GADAMER, Hans-Georg, La Dialéctica de Hegel. Cinco Ensayos Hermenéuticos. 5ª edición. Madrid: Ediciones Cátedra, 2000; RICOEUR, Paul, La Mémoire, l`Histoire, l`Oubli. Paris: Éditions Du Seuil, 2000; NUNES, Glória Elena Pereira, Leituras de Shakespeare: Da Palavra à Imagem. Tese de Doutorado. Coordenação de Pós-Graduação em Letras. Centro de Estudos Gerais. Instituto de Letras. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2006; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2007;  MÁDOZ, Inmaculada Cuquerella, La Superación del Nihilismo en la Obra de Albert Camus: La Vida como Obra Trágica. Tese de Doutorado. Valência: Editor Universität de Valência, 2007; SILVA, Cláudia Sampaio Corrêa da, De Estudante a Profissional: A Transição de Papéis na Passagem da Universidade ao Mercado de Trabalho. Dissertação de Mestrado. Instituto de Psicologia.  Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010; PINKARD, Terry, “Saber Absoluto: Por que a Filosofia é seu Próprio Tempo Apreendido no Pensamento”. In: Revista Eletrônica Estudos Hegelianos. Ano 7, nº13, dezembro, 2010: 07-23; GONÇALVES, Telma Amaral, Falando de Amor: Discursos Sobre o Amor e Práticas Amorosas na Contemporaneidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Belém: Universidade Federal do Pará, 2011; ELDER, Robert K., “Entrevista com Jay Duplass”. O filme que mudou minha vida. Chicago: Chicago Review Press, 2011; WILLIAMS, Raymond, Cultura e Materialismo. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2011; GREVE, Sabrina Tozatti, O Ator do Teatro ao Cinema: Um Estudo sobre Apropriação. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; AZEVEDO, Jessica Santos, A Experiência da Perda e Luto Vivenciado por Colaboradores: Estudo Exploratório. Dissertação de Mestrado em Gestão de Recursos Humanos. Escola de Economia e Gesta. Minho: Universidade do Minho, 2025; entre outros.

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