terça-feira, 19 de junho de 2018

Theodor Adorno - O Particular & A Moralidade na Formação de Pensar.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

                             A vida errada não pode ser vivida corretamente”. Theodor Adorno

                                                                 
        Theodor Wiesengrund Adorno provocou em muitas pessoas reações de forte antipatia. Bertold Brecht, por exemplo, achava-o pernóstico. Hannah Arendt, que o considerava presunçoso, acusou-o de ter adotado nos Estados Unidos, definitivamente o nome Adorno porque os norte-americanos tinham dificuldade para pronunciar Wiesengrund. José Guilherme Merquior descreve Adorno como “careca, gorducho e baixo” e diverte-se contando que durante um curso que ministrava em Frankfurt, entusiasmado com as passagens que lhe pareciam dialéticas, Adorno se punha na ponta  dos pés e repetia, excitado, para os alunos: - “Minhas senhoras e meus senhores, isso é muito dialético”. (“Meine damen und herren, das ist sehr dialektisch”). Talvez a própria proposta filosófica de Adorno tivesse, aos olhos da maioria das pessoas, algo de irritante e provocador. Desde a leitura de História e Consciência de Classe, de Georg Lukács, e do encontro com Walter Benjamin, na primeira metade dos anos 1920, Adorno se tornou marxista, a seu modo, pois fustigou Lukács em Notas de literatura I (cf. Adorno, 2003: 15-45), dizendo que seu erro básico se impõe em expressar diretamente a teoria.
       Todavia, quando em seu livro História e Consciência de Classe foi publicado, estava sendo organizado o Instituto de Pesquisa social, que passaria a funcionar nos anos seguintes em articulação com a Universidade de Frankfurt/Main, mas preservando sua autonomia graças ao apoio financeiro que lhe dava o comerciante e veterano socialista Herman Weil, que havia regressado muito rico da Argentina. Felix Weil, filho do patrocinador, redigiu o memorando que definia o projeto do social Instituto, e no texto do memorando já se notava o eco das concepções defendidas por Lukács em 1922: assumia-se o compromisso de empreender pesquisas voltadas para a “compreensão da vida social em sua totalidade”. Adotava-se uma perspectiva disposta a avaliar as questões presentes em cada campo da atividade na inter-relação dinâmica de umas com as outras, reconhecendo a inserção delas no processo histórico. A sede da organização foi inaugurada no campus da Universidade de Frankfurt/Main em 22 de junho de 1924. Na prática, apesar de seu elevado nível qualitativo, a produção teórica dos pesquisadores do Instituto de Frankfurt doravante nos anos de 1920 não se caracterizou por uma notável criatividade. Sobre a história social, a origem e significado do Instituto existe uma vasta bibliografia.
                                          
             Depois de 1936, o Instituto de Frankfurt deu aulas na divisão de extensão e patrocinou palestras de estudiosos europeus convidados, como Harold Laski, Morris Ginsberg e Celestin Bouglé, abertas à comunidade universitária. O mais importante, é claro, é que a visão europeia do Instituto transparecia sem seu trabalho. Como se poderia esperar, a teoria crítica foi aplicada ao problema mais proeminente da época: a ascensão do fascismo na Europa. Como assinalou Henry Pachter, muitos emigrados sem formação nem interesse político anteriores foram obrigados pelos acontecimentos a estudar o novo totalitarismo. Psicólogos como Ernest Kris examinaram a propaganda nazista, filósofos como Ernest Cassirer e a cientista política Hannah Arendt investigaram a formação do mito do Estado e as origens do totalitarismo, e romancistas como Thomas Mann escreveram alegorias da desintegração alemã. Nesse aspecto, o Instituto estava singularmente equipado para fazer uma contribuição importante. Começara a estudar os problemas da autoridade antes da emigração forçada. A teoria crítica fora desenvolvida, em particular, em resposta ao fracasso da teoria marxista tradicional (cf. Jay, 2008: 166-167) para explicar a relutância do proletariado em cumprir seu papel histórico. Uma das razões primordiais do interesse de Max Horkheimer na psicanálise rinha sido a ajuda que ela poderia fornecer para dar conta do "cimento" psicológico da sociedade. Por conseguinte, quando assumiu o projeto do Instituto em 1930, em seguida anunciou um estudo empírico sobre a mentalidade dos trabalhadores na República de Weimar.  

                                          

             Nas anotações que redigiu na segunda metade dos anos 1940 e publicou em 1951 como o título, Minima Moralia, Adorno também abordou o tema das novas formas da ideologia que apareciam nas condições da chamada “indústria cultura”. A convicção de Adorno é sempre a de que a falsidade da ideologia passa a ser perversamente mais importante à medida que ela, a ideologia, alimenta a pretensão de corresponder à realidade. E essa pretensão se fortalece ao máximo quando o sujeito é induzido a crer que alcançou uma visão global satisfatória, um conhecimento confiável no todo, do conjunto articulado das coisas compreendidas. A indústria cultural conferiu poderes avassaladores à capacidade que a ideologia dominante possui de induzir o pensamento, atenção e mesmo do olhar, a percepção, para os pontos por ela iluminados. A indústria cultural possibilitou, no século XX, a criação e o funcionamento de sociedades “totalmente administradas”, que já não precisam se empenhar em justificar suas prescrições e imposições: a massa dos consumidores tende a aceita-las passivamente, considerando-as normais, legitimadas pelo simples fato de existirem.             
       Para a ideologia dominante, “tudo é opinião”, mas algumas opiniões são falsas e outras são corretas. O poder de persuadir os indivíduos das opiniões corretas está ligado à capacidade da ideologia dominante de se apoiar em todo um vasto sistema educativo, em toda uma organização de formação cultural corrompida que é proporcionado ao amplo público consumidor. Mas eficazmente do que o conjunto das escolas, analisadas posteriormente por Pierre Bourdieu, a indústria cultural serve à multidão de produtos culturais simplificados, vulgarizados, amontoados acriticamente. Os professores se convencem de que estão ajudando seus alunos a avançar pouco a pouco na assimilação da cultura. Os alunos, massificados, lisonjeados com a semicultura, satisfazem-se com o que lhes está sendo dado, e são induzidos a preservar o que lhes parece ser o seu saber, e, portanto, o seu patrimônio cultural, reagindo contra quaisquer objeções dos eternos questionadores, sempre insatisfeitos, ou contra as investidas insensatas de uma crítica radical. A cultura nem sempre foi contraditória, por isso não devemos idealizá-la. No século XX, com a esmagadora predominância de critérios imediatistas e utilitários, esses valores críticos da cultura sofrem um brutal esvaziamento e as pessoas vão deixando de ter a capacidade de reconhecê-los, se por acaso com eles se defrontarem.
A divergência entre Adorno e Benjamin não resultava de um deles ser mais desconfiado que o outro. Ambos se recusaram a seguir a uma militância tumultuada, com elevados índices de frustração e autocríticas, concessões dolorosas feitas ao longo de mais de cinquenta. Na origem das divergências, estava a convicção de Benjamin de que, para intervir na ação, para participar ativamente na luta de classes, era preciso atuar de maneira coletiva, filiar-se ao instrumento da revolução e do partido. Uma das grandes forças dos escritos de Adorno é a sua capacidade de ligar as maiores questões metafísicas aos menores detalhes da existência humana. Como ele argumenta na introdução a Mínima Moralia, isso, em parte, é uma herança de Hegel. Do ponto de vista estético, Adorno valoriza Hegel e Beethoven, comparativamente, pela tensão que suas obras mantêm entre o individual e o global, entre a parte e o todo, mas ele suspeita que, em ambos os casos, o pequeno torna-se um mero momento no todo maior. O trabalho teórico de Adorno busca manter essa tensão dialética, como sugere a forma de Mínima Moralia. O livro é ordenado em três sequências de fragmentos, cobrindo tópicos da vida em família à história mundial, da experiência da criança no zoológico às críticas de Adorno a Hegel. Os fragmentos se mantêm juntos na forma do livro, mas não se somam entre parte e todo, em uma teoria abrangente. 

Ao conectar os detalhes aparentemente mais inocentes da vida cotidiana a absolutos morais, Adorno parece colocar em ação uma inversão paranoica das tendências totalitárias que ele discerne na sociedade contemporânea. Mas é apenas uma reformulação quando ele prefacia sua queixa quanto ao cinema, o fato social de que “não restou nada de inócuo”. No mundo cotidiano a liquidação do particular pelo universal é experimentada como sofrimento e mal-estar da civilização. Nesse cenário vão se propagar, erroneamente, cada vez mais ideias que aspiram por um vulgar impulso por transcendência. O desespero pelo que existe propaga as ideias, que em outros tempos foram contidas. Qualquer um, inclusive as pessoas que se ocupam com negócios desse mundo, considerará um desvario a ideia de que esse mundo finito de tormento infinito seja abarcado por um plano universal divino. Theodor Adorno refere-se a essa experiência da “via negativa” da “metafísica em queda” como a busca da “imediatez subjetiva intacta” ou “subjetivismo do ato puro”, experiência que nos daria o “interior dos objetos”, a redenção do materialismo por meio da metafísica que, finalmente, revelaria a aparente verdade do mundo. Que ele tenha, por outro lado, querido intensivamente ter contradito tal veredito, testemunham os 370 fragmentos que compõem o livro inacabado, nos quais Adorno trabalhou durante parcela significativa de sua vida intelectual, de 1938 até o final de sua vida, em 1969. Seu principal objetivo diria respeito à própria natureza e alcance da filosofia da música enquanto disciplina do ponto de vista do conhecimento científico.
            O livro deveria fornecer a filosofia da música, ou seja, determinar decididamente a relação da música com a lógica conceitual, no que Beethoven e Hegel são tomados como “paradigmas” em seus domínios respectivos. O problema social da forma de disjunção do interesse universal e particular seria, ao mesmo tempo, o problema da filosofia moral. Nisso, podemos seguir as ponderações de Adorno. As realidades sociais caracterizam-se pelo fato de que interesses particulares, ao nível ideológico, se colocam como interesses gerais. Os indivíduos devem representar seus interesses particulares, como se o interesse universal e o particular coincidissem. Enquanto esse estado de coisas se mantiver, encontramo-nos numa aporética situação de contradição. Por isso, a questão sobre a vida reta ou boa, refletiu Adorno, só poderia ser respondida por meio da “negação determinada” e isto, para ele, significava a práxis: nós poderíamos ainda assim tentar existir decentemente, mesmo quando o estado geral social, na condição do todo, impede-nos de fazê-lo, uma socialização heterônoma às formas socialmente sancionadas do ângulo da moral repressiva, isto é, tendo em vista as condições e possibilidades de se agir como representante da vida reta, a única que seria possível no todo falso. 

A ética ou a filosofia moral se tornam uma luz que permite discernir entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal, o amor próprio, o respeito, o princípio do dever e a busca pela felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre justifica os meios.
O fim do idealismo alemão, o aparecimento do materialismo, o pensamento de Friedrich Nietzsche e as teorias de Freud pareciam unir-se na luta contra a filosofia positivista que ganhava força com a industrialização: ordem e progresso unidos sob a batuta da ciência. Recorde-se que o anarquismo tinha ganhado raízes em Ascona, desde que em 1869, o célebre anarquista russo Mikhail Bakunin tinha vindo residir como refugiado político. Também pouco tempo depois começaram a chegar outros refugiados com projetos distintos, como o de fundar um convento laico com o nome de Fraternitas, por iniciativa dos teósofos Alfredo Pioda e Franz Hartmann, justamente nas montanhas de Ascona, que receberiam então, mais tarde, o nome de Monte Verità. Em 1900, sob o ambiente histórico e filosófico da Europa do período da pré-guerra, aparece a singular história da realização de uma utopia que tomou o nome de Monte Verità. Singular não só pelo seu alcance, mas também pela radicalidade das suas propostas iniciais, e pela atração que exerceu sobre inumeráveis artistas e pensadores, mas  também pelo fato da criação do “Círculo de Eranos”, o qual teve como expoentes figuras como Carl G. Jung, Rudolf Otto, Karl Kerenyi, Joseph Campbell, Mircea Eliade, Gilbert Durand, Gershim Scholem, Henry Corbin e Gerardus van der Leeuw.
Eranos é a designação dada a um encontro de pensadores dedicados aos estudos da espiritualidade que ocorreu regularmente próximo a Ascona, na Suíça, a partir de 1933. O nome, sugerido por Rudolf Otto, é derivação da palavra grega que significa “um banquete onde não existe um anfitrião a prover os convidados, mas onde todos contribuem com sua comida”. O grupo de Eranos foi fundado por Olga Froebe-Kapteyn em 1933, e as conferências ocorreram anualmente em sua propriedade desde então - às margens do Lago Maggiore, próximo a Ascona, na Suíça. Por mais de setenta anos, as reuniões serviram como ponto de contato entre intelectuais de diferentes orientações de pensamento. As conferências tinham duração de oito dias. Durante esse período, os participantes realizavam suas atividades em conjunto, vivendo de “forma comunal” e exercendo abertamente o diálogo e o debate. Dada a diversidade de pensamento, não é possível designar os encontros de Eranos como escola de pensamento, embora tenha havido uma intensa troca e partilha de questões em comum, como a hermenêutica dos símbolos e os fundamentos da possibilidade do conhecimento científico.



Horkheimer,  Adorno à direita e Habermas.
Nesses movimentos havia chefes e discípulos que utilizavam uma linguagem e um estilo específico, elemento e imagem de “sua intimidade emocional”, e celebravam certas palavras, como exemplo, gemeinshaft: a comunidade era aos seus olhos uma invocação mágica. As aspirações e valores dos wandervogel exprimiam “sua busca de alma, sua desconfiança em relação ao espírito”. Para falar do complexo de sentimentos e reações que exprime o espírito deste movimento de juventude, vale-se da expressão “busca de unidade”, que representa, em seu ponto de vista, uma regressão oriunda de um grande medo: “o medo da modernidade”. Segundo Peter Gay, as abstrações que Ferdinand Tönnies e tantos outros pensadores utilizaram revelam uma necessidade desesperada de raízes e pertença a uma determinada comunidade, constituem uma rejeição radical da razão, a que se acrescenta o apelo à ação direta ou à submissão a um chefe carismático. Observa que este conglomerado de sentimentos hostis que se fazia passar por filosofia incitou Ernst Troeltsch, a assinalar o perigo desta inclinação, a seus olhos alemã, que favorecia a “mistura de misticismo e brutalidade”.  
        À medida que a situação política na Alemanha de Weimar se deteriorava, essa teologia subterrânea era mais ou menos veladamente transfigurada em uma estrutura confessadamente marxista. Na verdade, a separação de crítica, cultura e questões de mobilização política e organização partidária, pela qual Adorno geralmente é atacado. A tarefa do intelectual não devia ser encontrar premonições de revolução nas ruínas da antiga ordem, mas lançar um ataque à nova ordem e aos movimentos que afirmavam ser capazes de transformá-la. A consistência intelectual da posição de Adorno baseia-se no repúdio de qualquer pretensão a um ponto de vista privilegiado para o intelectual como observador da sociedade. O elitismo inerente da arte, da política e da teoria da vanguarda era anátema para Adorno, e isto lança os fundamentos para a divergência entre o seu trabalho e as variedades comuns ou domesticadas da crítica marxista da ideologia. Mínima Moralia é a resposta de Adorno. Isto capacita Adorno a reformular vagas aspirações políticas e sociais de amigos em temos explicitamente morais.  
       Para um melhor dimensionamento do que se pode extrair desta frase para a interpretação do pensamento estético e filosófico de Adorno, convém ainda tematizar rapidamente o significado intrateórico de seu inacabado Beethovenbuch, cujo primeiro capítulo ela praticamente deveria introduzir, se seguirmos a ordenação proposta por Rolf Tiedemann, editor e aluno do filósofo. Dentre os projetos inacabados que Adorno gostaria de ter finalizado constituindo um momento essencial no desenvolvimento de sua obra e, por preencherem lacunas constatáveis, teria lhe conferido nova consistência, figura exemplarmente esse livro sobre Beethoven, que deveria se chamar, muitíssimo significativamente: “Beethoven: Filosofia da música”, pois salta aos olhos que Adorno não tenha escrito uma filosofia da música, mas apenas uma filosofia da nova música. As categorias, para Adorno essencialmente correlatas, de imanência e de totalidade serão, assim, essenciais para a compreensão do que Beethoven e Hegel representariam a história da música e da sua relação com a filosofia ocidental.
A relação particular do sistema beethoveniano comparativamente com o sistema hegeliano reside no fato de que a unidade do todo de pensamento deve ser compreendida apenas como uma unidade mediatizada. A forma beethoveniana é um todo integral, no qual cada momento particular só se determina a partir de sua função no todo, apenas na medida em que esses momentos particulares se contradizem e suprassumem na complexidade de apreensão do  todo. Em outros termos, poder-se-ia resumir a argumentação de forma bastante esquemática e mesmo algo violenta à sua complexidade, às seguintes teses correlatas. Arte e filosofia ocidental apresentam um desiderato interno. Manifesto, sobretudo na modernidade,  referido à autonomização. Seus discursos são traduzidos essencialmente em sua progressiva emancipação de elementos transcendentes: categorias teológicas, no caso da filosofia ou de inteligibilidade naturalizados – e de seu correlativo estabelecimento como totalidade conceitual, para a filosofia, e formal no caso das artes, dotada de sentido imanente.
Essencial para a plena consecução de tal autonomização decorreu, no caso da música, a consolidação do idioma tonal e, a ele correlato, da forma musical integral, com o advento do classicismo vienense; e no caso da filosofia, a dissolução de toda transcendência em sentido especulativo, tal como levada à cabo por Immanuel Kant que, por sua vez, se encontra nas tentativas sistemáticas do idealismo Alemão que por intermédio das interpretações de Beethoven e Hegel se concretizam tais processos. Dialética negativa é o nome que tem como representação o programa teórico que procura oferecer consistência a um pensamento que se localiza em tal lugar de enunciação. Por um lado, endossa-se enfaticamente o colapso do idealismo e de sua correlativa pretensão sistemática à totalidade, o que fará de uma dialética negativa um “antissistema” ou uma “anti-filosofia” que procura dissolver internamente todo sistema filosófico e toda filosofia da imanência; por outro lado, afirma-se simultaneamente que a filosofia só se realiza com uma visada à totalidade e à imanência radicais, o que faz da dialética negativa um antissistema que permanece fiel à sua vocação clássica e atrelada ao ideal da filosofia hegeliana. - “Por isso, a dialética negativa permanece atrelada, como seu ponto de partida, às mais elevadas categorias da filosofia da identidade”. 
É neste sentido que o viver correto seria impossível, não tanto porque a sociedade, de certa maneira, é inerentemente má, mas porque a natureza do certo e do errado é tal que nunca podemos dizer como confiança que um eclipsou o outro. Parte do contraponto que podemos sentir ao uso que Adorno faz da ideia de liberdade é que a maneira como geralmente pensamos sobre liberdade evoluiu para evitar justamente esse tipo de conflito: uma tendência encontrada não apenas no nosso cotidiano do termo, mas também nas tendências predominantes na teoria política liberal. Quando usamos a palavra “liberdade” tendemos a querer dizer que nenhuma limitação física ou jurídica nos impede de agir segundo nossos desejos ou, vendo pelo outro lado, segundo a capacidade jurídica ou física de realizar muitas ações desejadas. Em termos políticos, este é o famoso contraste entre liberdades positivas e negativas: a liberdade como um conjunto de direitos que detemos como cidadão; a liberdade como um conjunto de restrições ao que os outros, ou o Estado, como ocorre no julgamento político do líder sindical e ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva impõem. A liberdade, em todos os sentidos, está intimamente ligada à ideia do indivíduo. Os indivíduos detêm direitos como cidadão ou são protegidos contra a violação de suas liberdades. A autonomia do indivíduo é  presumida ao invés de provada. Ao rejeitar nossa interdependência mútua frente aos outros e o mundo que nos sustenta, a moralidade torna-se mera justificativa para a continuação da Bellum omnium contra omnes, que Adorno, seguindo Hobbes, supõe como estado de natureza.
Uma filosofia moral liberal, que parte do homem como indivíduo autônomo e independente, simplesmente não é uma filosofia moral, porque segundo Adorno (1989) a moralidade é um dos aspectos da cultura que nos permite suspender tal violência. Adorno segue uma tradição alternativa, exemplificada melhor na obra de Rousseau e Hegel, pensadores para quem a liberdade para um não tem significado sem a liberdade para o todo. A antipatia do indivíduo para com uma ordem social que ele sente como imposta a ele é uma consequência da natureza irreconciliada da sociedade, igualmente exibida na antinomia filosófica de sujeito e objeto. Portanto, Adorno não nega a experiência subjetiva da alienação, de ser colocado contra uma totalidade social que não parece corresponder aos nossos interesses e desejos. Pois, tanto o pensamento político liberal, como a experiência individual na sociedade tem de ser explicada, não como uma forma solucionada de uma síntese superior, mas como um problema insuperável. A liberdade deixa à altura sua promessa de reconciliação social: uma promessa que nos permite criticar não apenas a não liberdade social, mas também a liberdade parcial hipostasiada nas filosofias liberais que justificam a liberdade dos indivíduos. 
As sugestões autoritárias da insistência na autonomia moral como submissão ou respeito à lei derivam da experiência de leis como exteriores ao indivíduo. A discussão adorniana não pretende solucionar este puzzle ou mesmo sua condição de liberdade. A concepção da personalidade como estrutura é a melhor salvaguarda contra a inclinação a atribuir as tendências persistentes no indivíduo a algo inato ou básico ou racial que existe dentro dele. A alegação nazista segundo a qual são os traços naturais e biológicos que decidem o modo de ser global de uma pessoa não seria um expediente político tão bem sucedido se não fosse possível apontar as numerosas instâncias de fixação relativa na conduta humana e desafiasse aqueles que pensam poder explicá-las em qualquer outra base que não a biológica. Privados do entendimento da personalidade como estrutura, os autores cuja abordagem descansa na premissa de que a capacidade humana de responder e se adaptar à situação social existente é infinita em nada ajudaram, no tocante à matéria, ao referir-se às tendências persistentes com as quais eles não concordam como confusão,  psicose ou o [próprio] mal, sob um ou outro nome. Obviamente, existe alguma base para descrever como patológicos os padrões  de conduta que não se conformam às respostas tidas como mais comuns e, aparentemente, mais regulares aos estímulos do momento. 
Porém isso é usar o termo patológico no sentido muito estreito de desvio da média encontrada em um contexto social particular e, o que é pior, sugerir que tudo aquilo que existe na estrutura da personalidade pode ser posto sob esse título. Realmente a personalidade abarca variáveis amplas disseminadas na população e que possuem relações regulares umas com as outras. Os padrões de personalidade que têm sido desprezados como patológicos, porque não estão de acordo com as tendências manifestas mais comuns, ou mesmo com a maioria dos ideais dominantes existentes na sociedade, revelam-se à luz de uma investigação mais detalhada não ser senão exageros de algo que é quase universal no plano subjacente a essa sociedade. O que é patológico hoje pode se tornar a tendência dominante de amanhã, com a mudança das condições sociais. Parece claro então que uma abordagem adequada dos problemas que temos pela frente precisa levar em conta ao mesmo a fixidez e flexibilidade [da personalidade]; precisa ver as duas coisas não como categorias mutuamente exclusivas, mas como extremos de um mesmo contínuo, ao longo do qual as características humanas podem ser colocadas; e, por fim, precisa nos dar a base para entender as condições que favorecem um ou outro extremo. 
Personalidade é um conceito para dar conta de uma permanência relativa. Porém podemos enfatizar mais uma vez que ele designa,  sobretudo, em potencial;  é a prontidão para conduta antes  que a própria conduta. Embora consista em disposições para se conduzir de certo modo, a conduta realmente verificada vai depender da situação  objetiva. Onde a preocupação é com as relações antidemocráticas, das condições para expressão individual requer um entendimento da organização global da sociedade. Afirma-se há algum tempo que a estrutura da personalidade pode ser tal que torna o indivíduo suscetível à propaganda antidemocrática. Pode-se agora perguntar quais são as condições sob as quais tal propaganda poderia, aumentando seu grau e volume, vir a dominar a imprensa e o rádio e excluir os estímulos ideológicos contrários, de modo que o que agora jaz em potencial se tornasse efetivamente manifesto. A resposta não deve ser procurada em qualquer personalidade singular, nem nos fatores de personalidade existentes na massa da população, mas nos processos em ação na sociedade. Parece entendido que se a propaganda antidemocrática vai ou não se tornar uma força dominante neste país depende fundamentalmente da situação da maior parte dos interesses econômicos mais poderosos; se eles, seja ou não através de um plano consciente, farão uso desse expediente para manter seu status dominante; e essa é uma matéria sobre a qual a grande maioria das pessoas teria pouco a dizer.
Bibliografia geral consultada.
ADORNO, Theodor, Introdução à Personalidade Autoritária. In: Critical Theory and Society - A Reader. Tradução de Francisco Rudiger, 1989; Idem, Dialéctica Negativa. Madrid: Ediciones Taurus, 1992; Idem, “O Ensaio como Forma”. Disponível em: Notas de literatura I. São Paulo: Editora 34, pp. 15-45; 2003; Idem, Minima Moralia: Reflexões a partir da Vida Lesada. Rio de Janeiro: Editor Azougue, 2008; Idem, Três Estudos sobre Hegel. São Paulo: Editora Unesp, 2013; SCHWEPPENHÄUSER, Gerhard, “A Filosofia Moral Negativa de Theodor Adorno”. Disponível em: Educ. Soc. Campinas, volume 24, n° 83, pp. 391-415, 2003; RODRIGO DUARTE, Virginia Figueiredo; KANGUSSU, Imaculada, Theoria Asthetica em Comemoração ao Centenário de Theodor W. Adorno. Porto Alegre: Escritos Editora, 2005; THOMSON, Alex, Compreender Adorno. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2010; MUSSE, Ricardo, “Experiência Individual e Objetividade em Mínima Moralia”. Disponível em: Tempo Social - Revista de Sociologia da Universidade de São Paulo, volume 23, n° 1, 2011; LEMOS, Sólon Sales, Dialética Negativa: Formação e Resistência em Theodor Adorno. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira. Universidade Federal do Ceará, 2013; PUCCIARELLI, Daniel, “Só há Beethoven e Hegel? Breve reflexão sobre uma frase de Adorno”. Disponível em: Artefilosofia. Ouro Preto, n°16, julho 2014; VIANA, Cynthia Maria Jorge, A Tessitura do Ensaio em Theodor W. Adorno. Tese de Doutorado em Educação. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; FLECK, Amaro de Oliveira, Theodor W. Adorno: Um Crítico na Era Dourada do Capitalismo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2015; SAIZ, Gustavo dos Santos Rey, A Recepção de Theodor Adorno no Universo Intelectual e Acadêmico Brasileiro (1950-2015). Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. Faculdade de Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017; LIMA, Bruna Della Torre de Carvalho, Adorno, Crítico Dialético da Cultura. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; KUGNHARSKI, Gabriel Petrochen, A Categoria de Totalidade na Dialética Negativa de Theodor Adorno. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018;  entre outros.  

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Rússia 2018 - Política, Leninismo & Copa do Mundo de Futebol.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

                “Um trabalho tem sentido para uma pessoa quando ela o acha importante, útil e legítimo”. Edgar Morin
 


A Revolução Russa de 1917 serve de cenário para a história política de amor entre Yuri Jivago, um jovem médico aristocrata e Lara Antipova, uma enfermeira proletária. Lara é filha de uma costureira russa que, viúva, apenas consegue sustentar a casa em que ambas moram graças ao dinheiro que lhe é dado periodicamente por Victor Komarovsky, um importante e inescrupuloso expoente da sociedade corrupta russa. Apesar de Victor e a viúva manterem um relacionamento conjugal secreto, o homem se encanta pela beleza da doce Lara, que contava com apenas 17 anos quando ambos se beijaram pela primeira vez na volta de uma festa. Não obstante a relação vexatória mantida entre Lara e Victor, Pascha Strelnikoff, jovem romântico e revolucionário, apaixona-se pela menina e começa a namorá-la. Enquanto a relação de Lara e Victor mostra-se destrutiva, tendo em vista que a mãe de Lara, ao descobrir o relacionamento, tenta se matar o namoro de Pascha e a moça indica uma saída sensata para ela dessa confusão, pois o moço a pede em casamento e ela aceita. Ao saber do pedido, Victor discute com Lara e a violenta, chamando-a de vagabunda. Lara descontrola-se e invade uma festa de Natal na alta sociedade russa para tentar matar, sem sucesso, o ex-amante. A questão mais importante de qualquer revolução social é a dualidade dos poderes. Não é possível eludir nem afastar a questão do poder, nevrálgica e que determina tudo no desenvolvimento da revolução, sobretudo em suas relações políticas interna e externa. Ipso facto, do ponto de vista teórico representa um instrumento de pesquisa, um método de análise comparativamente às ciências da sociedade e, por sua vez, constantemente se enriquece com as novas conquistas das ciências e da práxis em torno das revoluções contemporâneas. A Rússia czarista representou um Estado que existiu desde 1721 até que foi derrubado pela Revolução de Fevereiro de 1917. Foi um dos maiores impérios da história da humanidade, que se estendia por três continentes, superado em massa de terra apenas pelos impérios Britânico e Mongol. Em 1958, Boris Pasternak publicou seu reconhecido trabalho no mundo ocidental: o romance Doctor Zhivago

O livro não pôde ser publicado na União Soviética, devido às críticas feitas ao regime comunista na obra. Os originais do livro foram contrabandeados para fora da chamada “Cortina de Ferro” e editados na Itália, tornando-se rapidamente em um verdadeiro best-seller, fazendo de Pasternak ganhador do Nobel de Literatura. Entretanto, pelo fato de ser um livro proibido pelo governo de Moscou, Pasternak foi impedido de receber o Nobel de Literatura e acabou sendo obrigado a devolver a honraria. Entretanto, Pasternak não viveu para ver seu livro adaptado para as telas cinematográficas. Ele morreu em 1960. Encontra-se sepultado no Cemitério Peredelkino, em Moscou. A proibição da publicação de Doutor Jivago na União Soviética vigorou até 1989. A política de Abertura de Mikhail Gorbatchev, líder da URSS, liberou a publicação e os russos puderam reconhecer a saga de Jivago. Em 1965, Doutor Jivago ganhou adaptação para o cinema, com Omar Shariff, no papel principal. O filme ficou famoso inclusive por sua bela trilha sonora, Lara`s Theme. Os materialistas Karl Marx e Friedrich Engels assinalaram uma ruptura analítica com a filosofia idealista, e o começo do novo período de interpretação da história e da filosofia do ponto de vista teórico, prático e afetivo. O materialismo, sendo dialético é uma filosofia que teve origem na Europa com base nas obras de interpretação destes pensadores. Trata-se de uma concepção de teoria cujo conceito interpreta que a realidade é social, e pode ser definida pela interpretação dos meios materiais de existência com base em estudos e pesquisas realizados, por exemplo, no âmbito de análise da economia, da geografia, das ciências, em sua origem e significado. Em seu fundamento expressa uma teoria, um método e objeto de análise mediado por um conjunto de práticas e saberes sociais. Não apenas uma forma de pensar, mas uma concepção nova da teoria. 

A essência revolucionária dos fundadores do marxismo reside em que a filosofia se tornou, pela primeira vez na história da humanidade, uma teoria que põe em xeque a neutralidade axiológica do pensamento, com o reconhecimento das relações sociais entre natureza e sociedade objetivando um modo de produção particular. Os sistemas do passado se caracterizavam pelo fato de que seus criadores, eram incapazes de elaborar um quadro de pensamento humano sobre o mundo, e amontoavam indistintamente os mais variados fatos sociais, conclusões, hipóteses e fantasias divinas. Pretendiam conceber a verdade absoluta e limitavam-na na sua essência, o vivo processo de reconhecimento sobre as formas e conteúdos da natureza e da sociedade.  Vladimir Illich Lenin nasceu em Simbirsk, em 22 de abril de 1870 e faleceu na cidade de Gorki, em 21 de janeiro de 1924. Foi um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela realização da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo, e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. Diversos estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história política contemporânea e o desenvolvimento do socialismo de Estado na Rússia, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenin teria sido “o personagem mais influente do século XX”.   

                            


Além disso, em sua autobiografia escreveu: “Faço parte da geração para quem a Revolução de Outubro representou a esperança do mundo”. No final de seu exílio em 1900, Lenin deixou a Rússia e viveu em Munique (1900-1902), em Londres (1902-1903) - onde uma placa memorial marca sua residência e ainda Genebra (1903-1905).  Em 1900, ele e Julius Martov fundaram o jornal Iskra e publicou artigos e livros sobre a política revolucionária, enquanto estava recrutando membros para o Partido Operário Socialdemocrata Russo (POSDR), que tinha realizado a sua primeira reunião em 1898 enquanto Lenin ainda no exílio na Sibéria. Como político na clandestinidade, assumiu vários apelidos e, em 1902, adotou Lenin como seu definitivo nome de guerra, derivado do Rio Lena, localizado na Sibéria. Em 1903, participou do 2º Congresso do Partido Operário Socialdemocrata Russo, que inicialmente se realizou em Bruxelas e depois terminou em Londres (cf. Pearson, 1975).  Entre janeiro de 1901 e julho de 1903 foram publicados 44 números do jornal Iskra, com artigos de conjuntura política, entre os quais se destacou: “As tarefas mais urgentes do nosso movimento”, escrito por Lenin. O Partido Operário Socialdemocrata Russo, em russo: POSDR - Росси́йская Социа́л-Демократи́ческая Рабо́чая Па́ртия = РСДРП foi um partido político social democrata russo fundado em 1898 em Minsk de modo a unir as várias organizações revolucionárias em um partido único. O POSDR mais tarde se dividiria nas facções Bolcheviques e Mencheviques, com os primeiros se tornando o Partido Comunista da União Soviética. 

          No final do primeiro congresso em março de 1898 todos os nove delegados foram presos. O POSDR foi criado para fazer oposição aos narodniks (“Народничество”) e o seu populismo revolucionário que privilegiava o campesinato. Já o programa socialdemocrata do POSDR era baseado nas teorias hic et nunc de Marx e Engels - que considerando a natureza agrária russa, acreditavam o verdadeiro potencial da revolução social estava no proletariado. Antes do Segundo Congresso um jovem intelectual chamado Vladimir Ilyich Ulyanov entrou no partido, usando seu pseudônimo - Lênin. Em 1902 havia publicado Que fazer?, expondo as estratégias e táticas do partido e sua metodologia de trabalho inspirado em Nikolay Tchernyshevsky. Para ele não bastava lutar por uma simples reforma salarial ou de jornada de trabalho. A ideia de criar um campeonato mundial de futebol surgiu em 1904, ano em que foi fundada a Federação Internacional do Futebol (Fifa), mas só foi concretizada em 1930, quando o Uruguai sediou a primeira Copa do Mundo. O país foi escolhido por possuir então o título olímpico no futebol e por celebrar, naquele ano, seus 100 anos de Independência. A decisão de realizar a primeira Copa do Mundo no Uruguai desagradou a dirigentes e jogadores europeus, que enfrentavam dificuldades por conta da crise econômica que se seguiu à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Uma viagem longa, cansativa e custosa, cruzando o Oceano Atlântico, era a última das preocupações que muitos gostariam de ter, e isso significava a possibilidade de viajar sem os melhores jogadores. Como resultado, das 13 seleções participantes (convidadas a entrar no torneio, já que não passaram por eliminatórias) apenas quatro eram europeias – França, Romênia, Bélgica e Iugoslávia. As outras nove equipes eram do continente latino e norte-americano: Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, Chile, Paraguai, Bolívia, México e Estados Unidos da América. A Copa do Mundo de Futebol é o maior evento do esporte mais popular do mundo. De magnitude similar, somente os Jogos Olímpicos podem ser comparados a organização e seleção do Mundial de futebol. Já foram realizadas 20 Copas de Futebol, em 16 países, de quatro continentes diferentes, a 21ª edição da Copa de Futebol ocorre na Rússia em 2018.

A primeira edição da Copa do Mundo foi a única sem o processo de qualificação. Todos os países afiliados à Federação Internacional de Futebol (FIFA) na época foram convidados a participar e deveriam dar uma resposta até o dia 28 de fevereiro de 1930. Muito interesse foi demonstrado pelas nações das Américas, já que Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai e Peru participaram. Um total de sete equipes sul-americanas disputaram a competição, mais do que em qualquer outra edição. No entanto, devido à longa e dispendiosa viagem por navio através do Oceano Atlântico, e a ausência necessária para os jogadores em seus clubes originais, poucas equipes europeias estavam dispostas a participar. Alguns se recusaram a viajar para a América do Sul em qualquer circunstância, e nenhuma equipe europeia se interessou em participar antes do prazo de fevereiro. Na tentativa de receber alguma participação europeia, a Associação Uruguaia de Futebol enviou uma carta de convite à The Football Association (Reino Unido), apesar de as nações britânicas, a saber: Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales terem se retirado da FIFA naquela conjuntura. A proposta foi rejeitada pelo comitê da federação britânica em 18 de novembro de 1929. Dois meses antes do início do torneio, ainda nenhuma equipe da Europa havia demonstrado interesse. O Presidente da FIFA Jules Rimet interveio e fez com que quatro equipes da Europa participassem, sendo a Bélgica, França, Romênia e Iugoslávia.  Os romenos, treinados por Constantin Rădulescu e liderados por Rudolf Wetzer e Octav Luchide, participaram da competição após a intervenção do recém-coroado rei Carlos II. Ele selecionou a equipe e negociou com seus empregadores para assegurar que os jogadores ainda garantissem seus empregos ao retornar. Os franceses entraram na competição após intervenção pessoal de Jules Rimet, mas o goleiro Manuel Anatol e o treinador da equipe Gaston Barreau decidiram não realizar a viagem. Os belgas participaram após o vice-presidente da FIFA Rodolphe Seeldrayers convence-los a participar. – “Estávamos a quinze dias a bordo do navio Conte Verde. Embarcamos em Villefranche-sur-Mer, juntamente com os belgas e romenos. Nós fizemos exercícios básicos de alongamento e treinamento no convés. O técnico nunca falou sobre táticas”.  

Os romenos embarcaram no navio SS Conte Verde em Gênova, enquanto os franceses embarcaram em Villefranche-sur-Mer em 21 de junho de 1930, e os belgas embarcaram em Barcelona. O navio também levou o presidente da FIFA Jules Rimet, o troféu da competição e os três árbitros europeus designados, os belgas Jean Langenus e Henri Christophe, juntamente com Thomas Balway. A equipe brasileira embarcou quando o navio atracou no Rio de Janeiro em 29 de junho, antes de chegar ao Uruguai no dia 4 de julho. A Iugoslávia viajou através do navio a vapor Florida de Marselha. Na Iugoslávia, havia dúvidas sobre a participação do país no início. Uma vez que os croatas decidiram boicotar a seleção nacional, o rei Alexandre I evitou que fosse feito o mesmo. Os funcionários da associação de futebol em Belgrado decidiram reunir apenas jogadores que atuassem no país, principalmente de dois clubes rivais, o BSK e SK Jugoslávia. Os iugoslavos foram o time mais jovem da Copa do Mundo, com uma idade média de 21 anos e 258 dias. Após a sua primeira partida, contra o Brasil, eles receberam um novo apelido “The Ich-es” (O eu-isso) ou “Ichachos” pela imprensa jornalística uruguaia, referindo-se à maioria dos sobrenomes dos jogadores de forma generalizada que acabavam com o sufixo “-” ou “-vić”, o que é bastante comum para os sobrenomes do país. Todas as partidas foram disputadas na capital Montevidéu. 

Três estádios foram utilizados, o Estádio Centenário, o Estádio Pocitos e o Estádio Parque Central. O Estádio Centenário, com capacidade para noventa mil pessoas, foi construído especialmente para a competição e seu nome vem da celebração do centenário da independência uruguaia. Foi o principal estádio da competição, sendo apelidado por Jules Rimet de “O Templo do Futebol”. O estádio abrigou dez das dezoito partidas da competição, incluindo as semifinais e a final. O restante das partidas foi disputado nos estádios Parque Central e Pocitos, com capacidade máxima de vinte mil e mil pessoas. Todas as partidas da Copa do Mundo de futebol foram disputadas na capital Montevidéu. Três estádios foram utilizados, o Estádio Centenário, o Estádio Pocitos e o Estádio Parque Central. O Estádio Centenário, com capacidade para noventa mil pessoas, foi construído especialmente para a competição e seu nome vem da celebração do centenário da independência uruguaia. Foi o principal estádio da competição, sendo apelidado por Jules Rimet de “O Templo do Futebol”. O estádio abrigou dez das dezoito partidas da competição, incluindo as semifinais e a final. O restante das partidas foi disputado nos estádios Parque Central e Pocitos, com capacidade máxima de vinte mil e mil pessoas.  A grande maioria dos jogadores de futebol convocados atuavam em equipes nacionais, principalmente devido à facilidade no translado e negociação com os respectivos clubes. Quinze árbitros participaram do torneio, sendo quatro europeus e onze americanos. Entre estes, estavam dois belgas, um francês, um romeno, seis uruguaios, um mexicano, um argentino, um brasileiro, um boliviano e um chileno. 

Para eliminar as diferenças na aplicação das regras do jogo, os árbitros passaram por um breve treinamento para resolver os problemas mais conflitantes no decorrer do jogo. Na competição alguns fatos foram marcados, como quando o árbitro brasileiro Gilberto de Almeida Rego encerrou a partida entre Argentina e França cerca de seis minutos mais cedo, e do boliviano Ulises Saucedo que era, além de árbitro, treinador da seleção boliviana, apitando a partida entre Argentina e México. O estádio tem quatro arquibancadas (Tribunas) separadas por quatro acessos inferiores. A principal é a Tribuna Olímpica, que recebeu esse nome pois a seleção uruguaia venceu dois campeonatos olímpicos consecutivos (1924 e 1928). Tem capacidade máxima para 21.648 espectadores localizados nos três anéis e no público. O estádio tem quatro arquibancadas separadas por quatro pistas. Depois, há as arquibancadas populares, assim chamadas pelo custo dos ingressos serem mais baratos, são eles: a Colombes, em homenagem a comuna francesa de Colombes, em que a seleção uruguaia se sagrou campeã olímpica em 1924 e a Amsterdã, onde a seleção uruguaia foi coroada campeã olímpica pela segunda vez em 1928. A arquibancada Colombes acomoda 13.914 espectadores, enquanto a Amsterdam acomoda 13.923. A Tribuna America é paralela à olímpica. Existem camarotes “vip” e cabines de imprensa com capacidade para 1.882 espectadores, assim como a plataforma tem capacidade para 2.911 espectadores, e adicional a arquibancada tem capacidade para 5.957 pessoas. Sob a Tribuna Olímpica estão localizadas a escola nº 100 Héctor Fígoli e o Museu do Futebol Uruguaio.

As treze equipes participantes foram sorteadas e divididas em quatro grupos, onde o grupo um conteve quatro equipes, e os outros apenas três. Na fase de grupos, foram disputadas partidas oficiais de todos contra todos em turno único, onde dois pontos foram conquistados por cada vitória de jogo e um ponto por empate. Caso houvesse empate na pontuação de um grupo ao final de todas as partidas, uma partida extra teria sido realizada para definir seu vencedor. As equipes melhores colocadas por pontos em cada grupo foram classificadas para as semifinais. Caso as duas equipes empatassem durante as semifinais, jogo do terceiro lugar ou final, haveria um tempo de prorrogação disponível. Os vencedores das semifinais foram classificados para a final, enquanto os perdedores disputaram o jogo para o terceiro lugar. O grupo um foi o único a conter quatro equipes, sendo elas Argentina, Chile, França e México. Dois dias após a vitória da França sobre o México, a seleção francesa enfrentou a Argentina. Algumas lesões prejudicaram a equipe, o goleiro Alex Thépot teve que deixar o campo aos vinte minutos, e Laurent, depois de um confronto com Luis Monti, passou a maior parte do jogo sentindo dores.

No entanto, eles aguentaram a maior parte da partida, levando apenas um gol aos 81 minutos, marcado de pênalti por Monti. O jogo apresentou uma controvérsia quando o árbitro Gilberto de Almeida Rego encerrou o jogo seis minutos antes do previsto. O jogo foi retomado apenas após protestos dos jogadores franceses. Embora a França tenha jogado duas vezes em 48 horas, o Chile ainda não havia disputado a primeira partida, quando enfrentaram o México no dia seguinte, ganhando pelo placar de 3–0. A partida entre França e Chile teve o primeiro pênalti marcado na história do torneio. O mesmo foi defendido pelo goleiro francês Alex Thépot da França, em 19 de julho, após cobrança do chileno Carlos Vidal aos trinta minutos da partida. Na segunda partida da Argentina contra o México, três penalidades foram marcadas e convertidas. Durante o mesmo jogo, o goleiro mexicano Óscar Bonfiglio salvou outra penalidade aos 23 minutos do jogo, após cobrança do argentino Fernando Paternoster. Guillermo Stábile marcou o primeiro hat-trick da competição, durante a vitória da Argentina sobre o México pelo placar de 6-3. A classificação foi decidida na última partida do grupo, onde Argentina e Chile venceram França e México, respectivamente. O jogo entre Argentina e Chile foi marcado por uma confusão entre os jogadores, após uma falta de Luis Monti no jogador Arturo Torres. A Argentina venceu a partida pelo placar de 3–1 e avançou para as semifinais. No total, 30.852.747 pessoas assistiram às partidas nos estádios que abrigaram a competição. Outras centenas de milhões acompanharam as transmissões do evento pela televisão, pelo rádio e pela rede mundial de computadores - internet. Em 84 anos de Mundial, a bola já balançou a rede 2067 vezes e o Brasil ganhou a Copa do Mundo em 5 oportunidades. Esta nova edição da Copa do Mundo de futebol tem como anfitriã a Rússia, que ocorre pela primeira vez em sua história social e desportiva. Com onze cidades-sede, o campeonato é disputado entre 14 de junho e 15 de julho de 2018, rememorando com a Universíada de Verão de 2013 e os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, também foram realizados em território russo, constituindo-se os primeiros eventos de importância mundial realizados no país desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1980. A edição de 2018 é a primeira realizada no Leste Europeu e a 11ª realizada na Europa, depois da Alemanha ter sediado o torneio no continente em 2006. 

O Campeonato Mundial de Futebol da Federação Internacional de Futebol de 2018 é a 21ª edição deste evento esportivo, um torneio internacional de futebol masculino organizado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). A Federação escolheu a Rússia por causa do aumento do interesse da população russa no futebol, aos investimentos financeiros no esporte, da importância da Primeira Liga Russa e a migração de jogadores para o país, além da ascensão econômica da Rússia após a dissolução da União Soviética em 1991. O nome Rússia é derivado da Rússia de Quieve, um Estado medieval povoado principalmente pelos Eslavos do Leste. No entanto, este nome próprio tornou-se mais proeminente posteriormente e o país normalmente era chamado por seus habitantes de “Русская Земля” (“russkaya zemlya”), que poderia ser traduzido como “Terra Russa” ou “Terra de Rus”. O nome atual do país, Россия (Rossiya), vem da designação grega bizantina Ρωσσία (Rossía) à Rússia de Quieve. A Federação da Rússia foi criada na sequência da dissolução da União Soviética, em 1991, mas é reconhecida como o Estado sucessor da URSS. O país é a 12ª maior economia do mundo por PIB nominal e a 6ª maior economia do mundo em paridade do poder de compra e com o quinto maior orçamento militar nominal. É um dos cinco Estados reconhecidos com armas nucleares do mundo, além de possuir o maior arsenal de armas de destruição em massa do planeta. A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, membro do BRICS, G20, Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), Organização para Cooperação de Xangai (OCX), EurAsEC, além de ser um destacado membro da Comunidade dos Estados Independentes (CEI). O povo russo pode se orgulhar de uma longa tradição de excelência em todos os aspectos das artes e das ciências, de uma tradição em tecnologia, incluindo de forma evidente o primeiro voo espacial humano.                    

A partir de 1985, o último líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Mikhail Gorbachev, tentou aprovar reformas liberais no sistema soviético e apresentou as políticas de glasnost (“abertura”) e da perestroika (“reestruturação”), na tentativa de acabar com o período de estagnação econômica e democratizar o governo. Isso, no entanto, levou ao surgimento de fortes movimentos nacionalistas e separatistas. Antes de 1991, a economia soviética era a segunda maior do mundo, mas durante seus últimos anos, foi atingida pela escassez de mercadorias em supermercados, enormes déficits orçamentários e pelo crescimento explosivo na oferta de dinheiro, o que levando à inflação. Em 1991, a crise econômica e política começou a transbordar e as repúblicas bálticas escolheram separar-se da URSS. Em 17 de março, foi realizado um referendo em que a maioria dos cidadãos votaram a favor de preservar a União Soviética como uma federação renovada. Em agosto de 1991, uma tentativa de golpe de Estado foi realizada por membros do governo dirigida contra Mikhail Sergueievitch Gorbachev e visava preservar a União Soviética. Em vez disso, levou ao fim do Partido Comunista da União Soviética. Apesar da vontade expressa pelo povo, em 25 de dezembro de 1991, a União Soviética foi dissolvida em 15 Estados pós-soviéticos. Nos anos 1990 foram expostos os conflitos armados na região da Ciscaucásia (Cáucaso do Norte), tanto os conflitos étnicos locais, quanto as insurreições de separatistas islâmicos. Depois que os separatistas chechenos declararam independência no começo dos anos 1990, uma guerra de guerrilha intermitente foi travada entre os grupos rebeldes e as forças militares russas. Ataques terroristas contra civis foram realizados por separatistas, sendo os mais relevantes a crise dos reféns do teatro de Moscou e o cerco à escola de Beslan, que causaram centenas de mortos e chamaram a atenção do mundo inteiro. refere-se ao sequestro dos espectadores de um teatro, na área de Dubrovka, em Moscou, entre 23 e 26 de outubro de 2002, por separatistas chechenos. Durante a apresentação do espetáculo musical Nord-Ost, 42 militantes chechenos armados ocuparam o teatro lotado, anunciando pertencer ao movimento separatista da Chechênia, e tomaram as 850 pessoas presentes como reféns. A Rússia assumiu a responsabilidade pela liquidação das dívidas externas da URSS, apesar de sua população ser apenas metade da população do Estado Soviético com a sua dissolução. Elevados défices orçamentais provocados pela crise da Rússia em 1998 resultaram em declínio maior do Produto Interno Bruto - PIB.
                           
Em 31 de dezembro de 1999, o Presidente Ieltsin renunciou, entregando o posto para o recém-nomeado primeiro-ministro, Vladimir Putin, que depois ganhou a eleição presidencial de 2000. Vladimir Putin suprimiu a rebelião chechena, embora a violência esporádica ainda ocorresse em toda a Cáucaso do Norte. A alta dos preços do petróleo e uma moeda inicialmente fraca, seguido do aumento da demanda interna, consumo e investimentos, tem ajudado a economia a desenvolver-se por nove anos consecutivos, melhorando a qualidade de vida e aumentando a influência da Rússia na cena mundial. Apesar das muitas reformas feitas durante a presidência de Vladimir Putin, seu governo tem sido criticado pelas nações ocidentais como sendo uma liderança não democrática. Putin retomou a ordem, a estabilidade e o progresso econômico e social, ganhou grande popularidade na Rússia. Em 2 de março de 2008, o então primeiro-ministro do governo Putin e também seu partidário, Dmitry Medvedev, foi eleito Presidente da Rússia, enquanto Putin se tornou seu primeiro-ministro. Em 2012 inverteram-se novamente os papéis políticos e Putin assume novamente a presidência e Medvedev como primeiro-ministro, desta vez com um mandato se estendendo até 2018, dando continuidade ao seu característico estilo de governo conservador/nacionalista, do qual é acompanhado de uma grande aprovação por parte da população russa girando em torno dos 80%.
Os outros países que se candidataram à sede da competição foram a Inglaterra e as candidaturas consorciadas de Holanda/Bélgica e Portugal/Espanha. O governo russo pretendia entregar todas as obras para a Copa do Mundo de 2018 um ano antes do início do torneio.  A FIFA escolheu a Rússia por causa do aumento do interesse da população russa no futebol. Além disso, graças aos investimentos financeiros no esporte, do aumento da importância da Primeira Liga Russa e a migração de jogadores estrangeiros para o país, tendo em vista a ascensão econômica da Rússia após a dissolução da União das Repúblicas Socialistas em 1991. Os outros países que se candidataram à sede da competição foram a Inglaterra e as candidaturas conjuntas de Holanda/Bélgica e Portugal/Espanha. O governo russo pretendia entregar todas as obras para a Copa do Mundo da FIFA 2018 antes do torneio. Joseph Blatter, ex-presidente da FIFA, afirmou que as organizações estão mais avançadas em comparação com as obras do Brasil, que sediou a edição anterior. Em 28 de março de 2017, a seleção brasileira foi a primeira seleção além do país-sede, Rússia, a se classificar para a Copa do Mundo de 2018.
A Rússia anunciou o seu interesse em organizar a Copa do Mundo FIFA, no início do ano de 2009 e conseguiu inscrever sua postulação a tempo. O então primeiro-ministro Vladimir Putin afirmou oficialmente o interesse e nomeou um antigo ministro dos esportes para ser presidente do então Comitê de Candidatura. De acordo com o governo federal da Rússia, o país podia gastar mais de US$ 10 bilhões de dólares para organizar o evento. Assim, 14 cidades estavam incluídas na candidatura e estariam divididas em quatro clusters, que no mundo empresarial representa uma concentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, tornam-se mais eficientes. No mundo existem diversos clusters industriais ligados a setores como o automóvel as tecnologias da informação, turismo, indústria audiovisual, transporte, logística, agricultura ou pesca entre outros. No sentido espacial estruturam-se o cluster no norte centralizado em São Petersburgo, o cluster central em Moscou a parte sul centralizada em Sóchi e a parte do rio Volga. Apenas uma cidade encontra-se na Rússia asiática: Ecaterimburgo. As outras cidades são: Rostov do Don, Iaroslavl, Níjni Novgorod, Cazã, Saransk, Samara, Sóchi e Volgogrado. O país, no entanto, não possui um estádio com mínimo de capacidade para 80.000 pessoas, mas o Estádio Lujniki em Moscou, que é considerado um estádio de elite pela UEFA, tem uma capacidade para 78 mil e será ampliado para o evento.
            O artilheiro momentâneo da Copa do Mundo é uma surpresa até para os russos. Afinal, até o jogo dessa quinta (14), o meia Cheryshev, de 27 anos, não havia feito um gol sequer pela seleção. Jogador do Villareal, o habilidoso canhoto mora na Espanha desde os cinco anos, e, reserva, não era nem cotado para ter muitos minutos em campo. A goleada da Russia, que venceu a Arábia Sauduta por 5 a 0 no jogo inaugural da Copa, foi surpreendente. Mas, no meio do primeiro tempo, as coisas pareciam que não seriam fáceis. Afinal, Dzagoev, um dos principais jogadores da equipe, foi substituído por causa de lesão. Foi então que entrou Cheryshev, um meia-esquerda que só havia feito 10 jogos pela seleção até então. Mas foram dos pés de Cheryshev que vieram os gols mais bonitos da partida, o que lhe gabarita como artilheiro (momentâneo) da Copa. No fim do primeiro tempo, o meia-esquerda recebeu um passe curto na esquerda, cortou dois defensores com um toque, e finalizou com força no ângulo. Denis Cheryshev deu um belo toque de trivela e evidentemente deve ter aberto um belo sorriso no presidente russo Vladimir Putin, que apareceu na tribuna em animada resenha com o príncipe saudita, Mohammed bin Salman, e o presidente da Fifa Gianii Infantino.
            O rendimento de Cristiano Ronaldo contra a seleção espanhola indica a presença de um complexo. O maior goleador da história de Portugal enfrentou a Espanha quatro vezes  – um amistoso e três jogos oficiais  – e nunca conseguiu marcar. Durante os cerca de 300 minutos oficiais, há registro de apenas dois arremates a gol. Duas finalizações na Copa Mundial da África do Sul, nas quartas de final, sete anos atrás. Uma vida inteira quando estamos falando de futebol profissional. No próximo 15/06, em Sochi, quando Cristiano Ronaldo voltar a enfrentar Ramos e Piqué, na 1ª rodada da Copa do Mundo, a estrela portuguesa terá completado 33 anos. Talvez seja a chance de superar a inibição que o impede de se destacar contra o adversário que conhece e melhor o conhece. A vez que Cristiano Ronaldo enfrentou a Espanha foi em Donetsk, nas semifinais da Eurocopa de 2012.           
Um dos aspectos positivos da candidatura se referem as infraestruturas que estarão disponíveis após os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e da Universíada de Verão de 2013. O logotipo do torneio foi revelado em 28 de outubro de 2014 através de astronautas russos na Estação Espacial Internacional, e depois projetado no Teatro Bolshoi de Moscou durante uma transmissão. O ministro russo dos Esportes, Vitaly Mutko, disse que o logotipo foi inspirado pela rica tradição artística da Rússia e sua história de realização audaz e inovação, e o presidente da FIFA Joseph Blatter afirmou que refletia o coração e a alma do país. Para a marca, um tipo de fonte tipográfica chamada de “Dusha” (Душа em russo) foi criado pela empresa de design portuguesa Brandia Central em 2014. Para definir o nome da bola oficial da Copa do Mundo FIFA de 2018, a inspiração da bola foi na Telstar, “bolas oficiais das Copas do Mundo de 1970 e 1974”. Sendo lançado em 9 de novembro de 2017, a bola oficial foi batizada de Telstar 18. As bolas da Copa do Mundo mudaram bastante com o passar das décadas. Apesar de a bola representar o escopo esportivo, elas não tiveram muito avanço  competitivo até que a Telstar foi apresentada no Mundial do México, em 1970.
Seu design branco e preto foi feito para ser visto com mais nitidez na televisão, enquanto a sucessora Telstar Durlast usou revestimento de poliuterano para melhorar a resistência contra a água. A primeira bola da Copa do Mundo sem couro foi a Tango Durlast, apresentada em 1986. Mais desenvolvimento viu a Etrusco Unico, uma bola mais veloz e resistente à água, usada em 1990 na Itália, enquanto a Questra de 1994 melhorou o controle dos jogadores. Para 2002, a bola recebeu um novo visual com a Fevernova, enquanto a Teamgeist da Copa da Alemanha foi descrita como a mais esférica da história. A Jabulani da África do Sul ficou conhecida por sua trajetória imprevisível, enquanto a Brazuca, usada no Brasil há quatro anos, recebeu apoio de estrelas como Lionel Messi e Zinedine Zidane. Veremos agora como a elite do futebol vai encarar a Adidas Telstar 18, a bola oficial da Copa da Rússia. A 21ª edição da Copa do Mundo começa nesta semana, e alguns dos melhores jogadores do mundo estarão em campo na Rússia. Com 32 equipes muito bem formadas, é difícil pré-definir um vencedor, mas alguns dos times são inevitavelmente melhor equipados do que outros quando se trata de jogadores. Recém-campeã da Copa das Confederações a Alemanha é uma grande candidata a ganhar a Copa do Mundo, de acordo com uma casa de apostas. O time de Joachim Löw está classificado como 9/2 para sair triunfante em Moscou, dia 15 de julho. A equipe terá que superar o México, a Suécia e a Coréia do Sul para sair da fase de grupos, e a equipe tem mostrado que possui potencial para ir longe a grandes torneios. No entanto, os alemães foram superados pelo Brasil nos amistosos, equipe também favorita a vencer o torneio com chances de 4/1. Apesar das dúvidas sobre a adaptação de Neymar, a equipe de Tite terminou no topo da tabela das classificatórias para a Copa pela Conmebol, 10 pontos à frente do segundo colocado, Uruguai.
A eliminação de 2014 não abalou o prestígio internacional do futebol brasileiro, e a nossa seleção chega à Rússia como uma das mais cotadas para a conquista do título. O time atravessa ótima fase desde que o técnico Tite assumiu seu comando em setembro de 2016. De lá para cá,  já foram disputadas 17 partidas entre amistosos e compromissos oficiais, e a equipe obteve 83,3% de aproveitamento, com 13 vitórias, três empates e apenas uma derrota. O Brasil sobrou nas Eliminatórias Sul-Americanas, e encerrou sua participação dez pontos à frente do Uruguai, o segundo colocado. Seu único revés aconteceu na partida de estreia, diante do Chile, no já distante ano de 2015. Contudo, o time foi pouco testado contra adversários europeus, e quando enfrentou a Inglaterra teve muitas dificuldades. O grupo atual é menos dependente de Neymar do que o de quatro anos atrás. No esquema 4-1-4-1 de Tite o craque do PSG atua pela esquerda, com Gabriel Jesus centralizado no ataque. O meio de campo tem Paulinho, no auge de sua carreira no Barcelona, e os laterais Daniel Alves e Marcelo, remanescentes da última copa, hoje com maior protagonismo. O problema é a falta de reposição à altura. Em caso de contusão de algum dos titulares o time pode vir a ter grandes problemas.
O time campeão do mundo em 2010, a Espanha, não é a mesma fúria Roja que dominou o futebol internacional no período de 2008 a 2012, mas com jogadores como Sergio Ramos, Isco e Andres Iniesta à disposição, eles continuam sendo uma equipe forte. No entanto, a seleção acaba de demitir o então técnico Julen Lopetegui, que assinou contrato com o Real Madrid, às vésperas da Copa. Além do Brasil, Alemanha e Espanha, a França também está entre os favoritos para vencer a competição, 20 anos após seu primeiro e único triunfo. Não é surpreendente verem as camisas Bleus tão bem classificados (13/2), considerando o fato que Didier Deschamps tem grandes talentos disponíveis como Paul Pogba e Antoine Griezmann. Há muitos anos especialistas do futebol sustentam a tese que a única coisa que falta para Lionel Messi “consolidar seu posto de melhor jogador da história é a conquista de uma Copa do Mundo”. O astro do Barcelona chegou à final do torneio em 2014 com sua seleção, mas foram batidos pela Alemanha, e a perspectiva para 2018 não é a mesma. A campanha da Argentina nas classificatórias foi quase um desastre, dependendo exclusivamente de Messi para garantir uma vaga no Mundial. O campeão da Eurocopa, Portugal, também não tem muitas chances nas apostas, que estão com chances de 25/1. Porém, não podemos desconsiderar o fator majoritário do time, que é Cristiano Ronaldo. Além dele, a equipe de Fernando Santos possui grandes talentos jovens, como André Silva e João Cancelo.
Outra aposta para a Copa do Mundo de 2018, segundo os analistas é a Bélgica, cuja “Geração de Ouro” - incluindo jogadores como Kevind De Bruyne, Eden Hazard e Romelu Lukaku - atingiu um nível de maturidade que os levaria a desafios maiores, refletindo em seu preço de apostas de 11/1. Durante esses anos, a Inglaterra teve que enfrentar expectativas em sucessivas Copas do Mundo, mas isso simplesmente acabou em 2018. Em termos de qualidade, o time de Gareth Southgate está muito longe da “Geração de Ouro” dos anos 2000, mas avaliados em 16/1 para ganhar. Duas vezes campeões mundiais, o Uruguai é outro time competitivo que pode ser considerado um azarão (28/1 de chances) na Copa do Mundo de 2018, mas mostraram que podem propor desafios para seus adversários. Além de ganhar edições anteriores, a camisa Celeste já terminou em quarto lugar em três Copas. A Croácia terminou em terceiro na Copa do Mundo da França há 10 anos, mas não conseguiu repetir o mesmo nível de sucesso desde então. No entanto, com Luka Modric, do Real Madrid, e Ivan Rakitic, do Barcelona, ​​eles têm o talento que muitos países invejam. Apesar disso, eles são certamente subestimados e considerados com uma aposta de 33/1 para ganhar.
A cada quatro anos parecem-nos que pelo menos uma equipe surge do nada para se classificar para os chamados “mata-matas”. O Senegal ajudou a derrotar os campeões da França em 2002, chegando às quartas de final, e entre as seleções africanas envolvidas é considerado o mais provável de deixar sua marca na Rússia com 150/1 de chances. Sete vezes vencedores da Taça das Nações Africanas, o Egito (150/1) é a nação africana de maior sucesso, mas ainda não conseguiu causar impacto no cenário mundial. No entanto, em 2018 eles terão a qualidade do astro do Liverpool Mohamed Salah, cuja habilidade pode ajudar a estimulá-los. Anfitriã deste ano, a seleção russa é uma aposta um tanto improvável. Foram eliminadas ainda na fase de grupos da Copa das Confederações do ano passado, e não venceu nenhum dos cinco amistosos. Os apostadores acreditam que há uma pequena chance de 40/1 de que as donas da casa sejam fortes o suficiente para o desafio. A Dinamarca precisou de um play-off para se classificar para a Copa, mas tem um elenco talentoso que inclui o craque Christian Eriksen, do Tottenham, e espera-se de um ponto de vista técnico-metodológico chegar ao menos na fase de eliminatórias. Eles estão com 80/1 no pier ranking. A Islândia está disputando a Copa do Mundo pela primeira vez na história, mas suas chances não são bem classificadas, em 200/1, enquanto outro time estreante no Mundial, o Panamá, tem chances ainda menores, em 1000/1.

Nestes anos, a Inglaterra teve que enfrentar a pressão de expectativas em sucessivas Copas do Mundo, mas isso simplesmente acabou em 2018. Em termos de qualidade, o time de Gareth Southgate está muito longe da “Geração de Ouro” dos anos 2000, mas avaliados em 16/1 para ganhar. Duas vezes campeões mundiais, o Uruguai é outro time que pode ser considerado um azarão (28/1 de chances) na Copa do Mundo de 2018, mas mostraram que podem propor desafios para seus adversários. Além de ganhar edições anteriores, a camisa Celeste já terminou em quarto lugar em três Copas. A Croácia terminou em terceiro na Copa do Mundo da França há 10 anos, mas não conseguiu repetir o mesmo nível de sucesso desde então. No entanto, com Luka Modric, do Real Madrid, e Ivan Rakitic, do Barcelona, ​​eles têm o talento que muitos países invejam. Apesar disso, eles são certamente subestimados e considerados com uma aposta de 33/1 para ganhar. A cada quatro anos parece que ao menos uma equipe surge para se classificar para os “mata-matas”. O Senegal ajudou a derrotar os campeões da França em 2002, chegando às quartas de final, e entre as seleções africanas envolvidas é considerado o mais provável de deixar sua marca na Rússia com 150/1 de chances. Sete vezes vencedores da Taça das Nações Africanas, o Egito (150/1) é a nação africana de maior sucesso, mas ainda não conseguiu causar impacto no cenário mundial.
No entanto, em 2018 eles terão a qualidade do astro do Liverpool Mohamed Salah, cuja habilidade pode ajudar a estimulá-los. Anfitriã deste ano, a seleção russa é uma aposta um tanto improvável. Foram eliminadas ainda na fase de grupos da Copa das Confederações do ano passado, e não venceu nenhum dos cinco amistosos. Os apostadores acreditam que há uma pequena chance de 40/1 de que as donas da casa sejam fortes o suficiente para o desafio. A Dinamarca precisou de um play-off para se classificar para a Copa do Mundo, mas tem um elenco talentoso que inclui o craque Christian Eriksen, do Tottenham, e espera chegar ao menos na fase de eliminatórias. Eles estão com 80/1 no ranking. A Islândia está disputando a Copa do Mundo pela primeira vez na história, mas suas chances não são bem classificadas, em 200/1, enquanto outro time estreante, o Panamá, tem chances ainda menores, em 1000/1. Enfim, o pôster oficial da Copa do Mundo FIFA 2018 é a principal marca visual do evento. O desenho retrata uma homenagem ao goleiro Lev Yashin retratado com a famosa boina preta, pulando como se estivesse fazendo uma defesa. Em suas mãos está uma bola de futebol, que dá espaço ao mapa da Rússia em meio aos seus gomos. Escolhido entre diversos concorrentes, o pôster foi criado pelo designer artista russo Igor Gurovich, que escolheu Yashin como a figura central para a obra, inspirado pelo Construtivismo. O símbolo foi escolhido pela comissão formada pela Secretária-Geral da FIFA, Fatima Samoura e do Comitê Organizador Local, Vitaly Mutko. 

Bibliografia geral consultada.
HUIZINGA, Johan, Homo Ludens - Essai sur la Function Sociale du Jeu. Paris: Éditios Gallimard, 1951; ALLPORT, Gordon Willard e POSTMAN, Leo, Psicología del Rumor. Buenos Aires: Editorial Psiquê, 1953; BENDIX, Reinhard, “A Study of Managerial Ideologies”. In: Economic Development and Cultural Change. Vol. 5, n° 2, jan. 1957; BENVENISTE, Émile, Le Vocabulaire des Institutions Indo-européenes. Paris: Éditions Minuit, 1969;  BALDELLI, Pio, Informazione e  Controinformazione. 1ª edizione. Milano: Gabriele Mazzotta Editore, 1972; FREUND, Julien, Pareto. La Théorie de l`Equilibre. Paris: Pierre Segheres Editeur, 1974; HABERMAS, Jürgen, “What Does Socialism Mean Today? - The Rectifying Revolution and the Need for New Thinking on the left”. In: New Left Review, n° 183 (9-10) 1990; GRYNSZPAN, Mário, Ciência Política e Trajetórias Sociais: Uma Sociologia Histórica da Teoria das Elites. Tese de Doutorado. Departamento de Antropologia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994; PORTER, Michael Eugene, The Competitive Advantage of Nations. New York: The Free Press, 1990; Idem, “Location, Clusters, and Company Strategy”. In: Oxford Handbook of Economic Geography. Gordon Clark, Maryann Feldman and Meric Gertler Editors. Oxford: Oxford University Press, 2000; BARRACHO, Carlos, Lições de Psicologia Económica. Lisboa: Instituto Piaget, 2001; CARDOSO, Fernando Henrique, Charting a New Course: The Politics of Globalization and Social Transformation. Estados Unidos da América: Editor Rowman & Littlefield Publishers, 2001; HOBSBAWM, Eric, Nazioni e Nazionalismi dal 1780. Programma, Mito, Realtà. Torino: Einaudi Editore, 2002; DECKER, Wolfgang e THUILLER, Jean-Paul (ed.), Le Sport dans l`Antiquité. Paris: Editeur Picard, 2004; TRAVASSOS, Juliana Azevedo, Responsabilidade Corporativa: Institucionalização e Ideologia. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais. Universidade Federal de Minas Gerais, 2012; BURAWOY, Michael, Marxismo Sociológico: Quatro Países, Quatro Décadas, Quatro Grandes Transformações e uma Tradição Crítica. São Paulo: Editora Alameda, 2014; BIUSO, Alberto Giovanni, Anarchisme et Anthropologie. Pour une Politique Matérialiste de la Limite. Paris: Éditions Asinamali, 2016; Artigo: “Quem vai Vencer a Copa do Mundo 2018? Os Favoritos, os Menos Cotados e Probabilidades”. In: http://www.goal.com/br/14/06/2018; FIDALGO, Gabriel; GURGEL, Anderson, Talvez o maior legado da Copa do Mundo foi criar uma Consciência. In: Communicare. São Paulo, Vol. 18.1, pp. 14-32, 2018; entre outros.