Will & Ariel Durant - Excelência e Experiência nas Lições da História.
Ubiracy de Souza Braga
“Somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de
agir, mas um hábito”. Will Durant
William
James Durant (1885-1981) foi um filósofo, historiador e escritor norte-americano,
reconhecido por sua autoria e coautoria, junto à sua esposa Ariel Durant, da
coleção A História da Civilização. Durant concebeu a filosofia como
perspectiva total, ou seja, uma visão das coisas subspecie totius,
expressão inspirada pelo sub specie aeternitatis de Spinoza. Procurou em
sua obra unificar e humanizar o grande corpo de conhecimento histórico - que
havia se tornado muito volumoso e se fragmentado em especializações com
terminologias esotéricas, para aplicação contemporânea. Dotado de um talentoso
estilo narrativo de prosa e considerado um excelente contador de histórias,
Durant ganhou grande número de leitores, em parte por causa da natureza
e da excelência da sua escrita, que, em contraste com a linguagem
acadêmica, é animada, inteligente, carismática, colorida, ornamentada,
epigramática, em suma, humanizada. Max Schuster, co-fundador da editora Simon
& Schuster, comentou que a prosa de Durant “implora para ser lida em voz
alta”. John Little, que fundou a Will Durant Foundation dedicando muito
esforço de trabalho abstrato para popularizar as obras do autor no século XXI,
ecoa a admiração de Schuster em palavras que o próprio Durant se utilizou
muitas vezes para descrever algumas das melhores obras da Antiguidade Clássica:
“prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e Ariel Durant foram agraciados
com o Prêmio Pulitzer de Não Ficção Geral em 1968, e com a Medalha
Presidencial da Liberdade em 1977.
Durant
nasceu em 5 de novembro de 1885 na cidade de North Adams, no estado de
Massachusetts, com seus pais franco-canadenses que tiveram parte na emigração
quebequiana aos Estados Unidos da América. Estes se chamavam Joseph Durant e
Marry Allard. Em 1900, com quinze anos, foi admitido na Saint Peter`s Academy e
mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de
Jersey no estado de New Jersey. Em 1905 após graduar-se, mudou-se para a cidade
de Nova Iorque onde teve contato com os círculos libertários a partir de
contatos com intelectuais da época. Em 1907 passou a trabalhar como repórter
para o periódico New York Evening ganhando dez dólares a semana. Neste jornal
escreveu diversos artigos denunciando práticas de abuso sexual. Também em 1907
passou a lecionar Latim, Francês, Inglês e Geometria na universidade Setton
Hall, na cidade de South Orange, New Jersey. Nesta mesma instituição atuou como
bibliotecário organizando o acervo desta universidade. Devido a
desentendimentos ideológicos com a direção da universidade deixa o emprego em
1911, ano em que passa a atuar na recém inaugurada Escola Moderna de Nova
Iorque (Ferrer Modern School conhecida como Ferrer Institute) na qualidade de
diretor e professor. O
empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer
contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma
viagem de Will Durant para a Europa. Esta mesma viagem nunca o fazer esquecer
Freeman, fato evidenciado nas demonstrações de gratidão presentes no prefácio
de sua A História da Filosofia. Entre 1911 e 1912 a revista Modern School
passou a ser editada pela instituição. Na capa de sua primeira Edição Will
Durant apareceu junto à sua turma de jovens estudantes em uma foto tirada na
porta da Escola Moderna de Nova Iorque.
Lecionando na Escola Moderna, Durant
apaixonou-se por uma de suas alunas e casou-se com a mesma. A menina Ida
Kaufmann, apelidada Ariel por Will, torna-se sua companheira por toda a vida.
Juntos o casal tivera uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho,
chamado Louis. Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A
História da Civilização, seu nome, no entanto, só foi creditado na capa de
apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se
verifica na tiragem da primeira edição. Em 1913, Durant deixa o cargo de
professor da escola moderna e para conseguir recursos passa a fazer palestras
sobre história em uma igreja presbiteriana, por uma remuneração de 5 e 10
dólares. Parte do material destas palestras posteriormente serviu de ponto de partida
para sua obra maior: A História da Civilização. Passa a trabalhar também
como professor auxiliar na Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em
sua tese de doutorado em filosofia, Will escreveu seu primeiro livro Filosofia
e o problema social. Nele defendeu a tese de que a Filosofia havia deixado de
se desenvolver por evitar os problemas sociais atuais. Durant concluiu sua tese
de doutorado e recebeu o título de doutor ainda em 1917. Sua primeira obra de
peso, A História da Filosofia, foi inicialmente publicada no formato de
pequenos livretos azuis, que na época era o formato de materiais educacionais
destinados aos trabalhadores nos Estados Unidos. Estes livros acabaram sendo
tão populares que foram republicados no ano de 1926 pela editora Simon &
Schuster, tornando-se imediatamente um bestseller, e dando aos
pesquisadores Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo
mundo várias vezes e passarem os próximos quarenta anos escrevendo A
História da Civilização.
William
James Durant (1885-1981) foi um filósofo, historiador e escritor norte-americano,
reconhecido por sua autoria e coautoria, junto à sua esposa Ariel Durant (1898-1981),
da coleção A História da Civilização. Durant concebeu a filosofia como
perspectiva total, ou seja, uma visão das coisas subspecie totius,
expressão inspirada pelo sub specie aeternitatis de Spinoza. Procurou em
sua obra unificar e humanizar o grande corpo de conhecimento histórico - que
havia se tornado muito volumoso e se fragmentado em especializações com
terminologias esotéricas, para aplicação contemporânea. Dotado de um talentoso
estilo narrativo de prosa e considerado um excelente contador de histórias,
Durant ganhou grande número de leitores, em parte por causa da natureza
e da excelência da sua escrita, que, em contraste com o academicismo, é animada, inteligente, carismática, colorida, ornamentada,
epigramática, em suma, humanizada. Max Schuster, co-fundador da editora Simon
& Schuster, comentou que a prosa de Durant “implora para ser lida em voz
alta”. John Little, que fundou a Will Durant Foundation dedicando muito
esforço de trabalho abstrato para popularizar as obras do autor no século XXI,
ecoa a admiração de Schuster em palavras que o próprio Durant se utilizou
muitas vezes para descrever algumas das melhores obras da Antiguidade Clássica:
“prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e Ariel Durant agraciados com o Prêmio
Pulitzer de Não Ficção Geral em 1968, por Rousseau e a Revolução, o 10 volume d`A História da Civilização. Em 1977, eles foram agraciados
com Medalha Presidencial da Liberdade de Gerald Ford, e Ariel eleita “Mulher do
Ano” por Los Angeles. Os
Durant’s receberam o Golden Plate Award da American Academy of
Achievement em 1976.
Will
Durant nasceu em 5 de novembro de 1885 na cidade de North Adams, no estado de
Massachusetts, com seus pais franco-canadenses que tiveram parte na emigração
quebequiana aos Estados Unidos da América. Estes se chamavam Joseph Durant e
Marry Allard. Em 1900, com quinze anos, foi admitido na Saint Peter`s Academy e
mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de
Jersey no estado de New Jersey. Em 1905 após graduar-se, mudou-se para a cidade
de Nova Iorque onde teve contato com os círculos libertários a partir de
contatos com intelectuais da época. Em 1907 passou a trabalhar como repórter
para o periódico New York Evening ganhando dez dólares a semana. Neste jornal
escreveu diversos artigos denunciando práticas de abuso sexual. Também em 1907
passou a lecionar Latim, Francês, Inglês e Geometria na universidade Setton
Hall, na cidade de South Orange, New Jersey. Nesta mesma instituição atuou como
bibliotecário organizando o acervo desta universidade. Devido a cotidiana e de desentendimentos
ideológicos com a direção da universidade deixa o emprego em 1911, quando passa a atuar na inaugurada Escola Moderna de Nova Iorque (Ferrer Modern
School conhecida como Ferrer Institute) na qualidade de diretor e professor.
O
empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer
contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma
viagem de Will Durant para a Europa. Esta mesma viagem nunca o fazer esquecer
Freeman, fato evidenciado nas demonstrações de gratidão presentes no prefácio
de sua A História da Filosofia. Entre 1911 e 1912 a revista Modern School
passou a ser editada pela instituição. Na capa de sua primeira Edição Will
Durant apareceu junto à sua turma de jovens estudantes em uma foto tirada na
porta da Escola Moderna de Nova Iorque. Lecionando na Escola Moderna, Durant
apaixonou-se por uma de suas alunas e casou-se com a mesma. A menina Ida
Kaufmann, apelidada Ariel por Will, torna-se sua companheira por toda a vida.
Juntos o casal tivera uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho,
chamado Louis. Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A
História da Civilização, seu nome, no entanto, só foi creditado na capa de
apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se
verifica na tiragem da primeira edição.
Em
1913, Durant deixa o cargo de professor da escola moderna e para conseguir
recursos passa a fazer palestras sobre história em uma igreja presbiteriana,
por uma remuneração de 5 e 10 dólares. Parte do material destas palestras
posteriormente serviu de ponto de partida para sua obra maior: A História da
Civilização. Passa a trabalhar também como professor auxiliar na
Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em sua tese de doutorado em
filosofia, Will escreveu seu primeiro livro Filosofia e o problema social. Nele
defendeu a tese de que a Filosofia havia deixado de se desenvolver por evitar
os problemas sociais atuais. Durant concluiu sua tese de doutorado e recebeu o
título de doutor ainda em 1917. Sua primeira obra de peso, A História da
Filosofia, foi inicialmente publicada no formato de pequenos livretos
azuis, que na época era o formato de materiais educacionais destinados aos
trabalhadores nos Estados Unidos. Estes livros acabaram sendo tão populares que
foram republicados no ano de 1926 pela editora Simon & Schuster,
tornando-se imediatamente um bestseller, e dando aos pesquisadores
Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo mundo várias
vezes e passarem os próximos quarenta anos escrevendo A História da
Civilização.
Numa
época em que, nos Estados Unidos das América, ser dona de casa e mãe era a
principal ocupação social aprovada
para as mulheres, Ariel Durant demostrou uma maneira de romper essa tradicional
e conservadora relação social. Envolvida em um relacionamento de amor e
trabalho ao longo da vida com o apaixonado marido, Will Durant, e com a filha,
Ethel, Ariel Durant primeiro tornou-se assistente de pesquisa e, em seguida,
uma coautora séria e disciplinada com seu prolífico marido, filósofo e
escritor. Intelectual ativa e consciente dos direitos da mulher, Ariel Durant
foi capaz de compartilhar da fama e das realizações pessoais do esposo. Mas com
sua personalidade e ambição autoral, ela provavelmente teria preferido um
reconhecimento independente para seu talento e engajamento como mulher. Ariel
Durant nasceu com o nome Chaya Kaufmann, sendo seu nome Ida Kaufmann, em
Proskurov, Rússia, hoje Khmelnytskyi, Ucrânia, em 10 de maio de 1898. Era filha
dos judeus Ethel Appel Kaufmann e Joseph Kaufmann, que emigrou para a América
do Norte, trazendo sua família, em 1901. O início da vida de Chaya/Ida foi
agitado: os pais eram pobres, vendedores de jornais, e sua mãe acabou
afastando-se da atenção à família para ser militante anarquista que tem sua origem em um contexto particular da segunda metade do século XIX.
Em
sua autobiografia, Ariel se identifica com a “personalidade completa e intensa”
da mãe, e descreve os sofrimentos da Sra. Kaufmann com pungência simpática. Quando
tinha 14 anos, Chaya foi transferida das escolas públicas de Nova York, que
tinha frequentado esporadicamente, para a Modern School, de inspiração
anarquista. Um de seus professores era o historiador Will Durant. Chaya seria
apelidada de “Puck”, o personagem travesso de “Sonho de uma noite de verão”, de
William Shakespeare. Mais tarde seu apelido foi mudado para Ariel, o duende de “A
Tempestade”, porque ela era “forte e valente como um menino, e rápida e
travessa como um elfo”. Marido e mulher tinham personalidades opostas. Ele era
tímido e reservado, e ela era extrovertida, alegre e sociável. Ele ofereceu-lhe os meios de
satisfazer sua curiosidade intelectual e ela o apresentou ao mundo dos
artistas, poetas, filósofos e artistas com quem conviveram em Nova York e Los
Angeles. Durante sua vida, eles conheceram figuras notáveis da ciência, da arte
e da política, como Albert Einstein, Franklin D. Roosevelt, Chaplin e outros. Ariel
desenvolveu uma conversação brilhante e debatedora afiada, sob a aparente tutela
do homem que ela chamava de “professor, amante, mentor e amigo”. Will apreciava
especialmente o entusiasmo de Ariel em falar de suas ideias, sua divertida e
apaixonada valorização da vida, e sua defesa dos direitos das mulheres.
Em
torno de 1912, Will Durant imaginou escrever uma História da Civilização em cinco partes, descrevendo a narrativa
através das histórias de pessoas famosas de cada época. Esta foi uma abordagem
muito diferente da pesquisa histórica como era feita em seu tempo. Fez uma
História legível para o público em geral, e os volumes foram bem recebidos por uma
nação beligerante que se recuperava da guerra mundial, embora alguns acadêmicos
rigorosos tenham sido críticos severos de A
História da Civilização. De qualquer forma, tornou-se uma obra de 11
volumes, publicados entre 1935 e 1975. Ariel começou a ajudar Will com este
grande projeto, metodologicamente ao classificar e organizar suas anotações.
Como sua assistente literária, ela trabalhou ao seu lado em relativo anonimato
por muitos anos. Ariel começou a ajudar Will com este grandioso projeto ao
classificar e organizar suas anotações. Como sua assistente literária, ela
trabalhou ao seu lado em relativo anonimato por muitos anos. Mais tarde, ela
começou a completar e complementar a pesquisa de Will, e logo se tornou uma
crítica e uma colaboradora. Ariel realizou grande parte da própria pesquisa
para o volume 4, quando Will já estava em seus setenta anos de idade. Em 1961,
quanto o sétimo volume foi publicado, Ariel Durant recebeu o crédito como
coautora para este e os quatro volumes restantes. Seu interesse nas
mulheres, na França e na Inglaterra teve um impacto social e político, nas
questões de gênero, sobre o conteúdo da série.
As
lições de vida e de amor de Will & Ariel Durant integram-se historicamente
na lenda medieval do bravo Tristão, um dos Cavaleiros da Távola Redonda que cai
de amores pela princesa irlandesa Isolda, esposa prometida para eu tio, o Rei
Marcos da Cornualha. A lenda tornou-se a célebre ópera de Richard Wagner. O
mais famoso casal da América Latina, María Eva Duarte e Juan Perón inscreveram
a mulher na história da América, famosa na política, mas também pela sua
elegância e carisma. Provavelmente a história de amor mais famosa de todos os
tempos, a tragédia escrita por William Shakespeare, Romeu & Julieta, não
cessa de inspirar versões e releituras para o teatro, cinema e televisão. A
história de amor de Victor Hugo e Juliette Drouet é digna de um de seus
romances. Eles se conheceram em Paris, quando Juliette ainda era uma atriz.
Apaixonaram-se e ele pede que ela deixe sua vida artística para acompanhá-lo e
ser sua musa inspiradora durante quase meio século incluindo seu exílio em Guernsey.
Na modernidade, o indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social,
etnia, minoria, movimento social, partido político, corrente de opinião
pública, poder estatal, todas estas “manifestações de vida”, não mais se
esgotam no âmbito da sociedade nacional, o que nos faz admitir que a
diferenciação em comunidades locais, tribos, clãs, grupos étnicos, nações e Estados,
perderam seu significado anterior em seu interior.
William
James Durant foi historiador e escritor norte-americano reconhecido por sua autoria e coautoria, junto à sua esposa
Ariel Durant, da coleção A História da
Civilização (1926). De talentoso
estilo de prosa e considerado um excelente narrador, Will Durant enredou um
grande número de leitores, em parte por causa da natureza e da excelência da
sua escrita, que comparativamente com a linguagem rígida acadêmica, é animada,
inteligente, carismática, ornamentada, epigramática, em suma, humanizada. Max
Schuster, cofundador da editora Simon & Schuster, admite que a prosa de
Durant “implora para ser lida em voz alta”. John Little, que fundou e dirigiu a
Will Durant Foundation, dedicando-se muito para popularizar as obras do
autor no século XXI, ecoa a admiração de Schuster em palavras que Durant se utilizou vezes para descrever algumas das melhores obras da
Antiguidade Clássica que uma “prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e
Ariel Durant foram agraciados com o Prémio Pulitzer de não ficção, em 1968, e
com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1977. De Buda a Confúcio, de Jesus a Martinho Lutero, de Péricles a Aristóteles, de Nero a Alexandre.
A história narrada a partir da vida de seus grandes homens foi o
inestimável legado do historiador norte-americano Will Durant. Descobertos pelo
editor John Little vinte anos após a morte de Durant (1885-1981), os originais
de Heróis da História constituem uma
síntese perfeita do grandioso trabalho de uma vida. Desde a publicação de A História da Filosofia (1926),
notabilizou-se por traduzir aquilo que estava restrito à academia para o grande
público. Foi essa a ideia que permeou a escrita de A História da Civilização. Ao longo de cinco décadas e com a
parceria de sua esposa, escreveu um dos maiores e mais abrangentes estudos
sobre a humanidade, premiado com o Pulitzer em 1968: nos onze volumes d`A História da Civilização, o autor
interpreta acontecimentos e personagens com um estilo de narrativa apaixonante
e único em sua clareza, características que fazem de sua obra uma leitura
fascinante. A área editorial estava mudando o processo de trabalho e social de
comunicação. Leitores que preferiam livros maiores queriam informação e
diversão mais concisa,buscavam formas mais
eficientes de entretenimento e educação. Will Durant decidiu, assim, no âmbito de um projeto inovador elaborar uma série
de minipalestras. Melhor dizendo: conferências em áudio concentradas em figuras e
acontecimentos-chave da história humana. Durant gostou da ideia e Ethel
conseguiu que fossem gravadas; porém, numa carta à filha, datada de 7 de março
de 1977, com a tenra idade de 92 anos, Durant manifestou uma certa hesitação
quanto à sua capacidade de completar a tarefa: - Vejo com cuidado o programa
que tracei para uma dupla de camicases intelectuais, e percebo que está além
da minha capacidade física, mesmo com a ajuda de Ariel, compor e recitar tarefa
tão ambiciosa. Acho que a ceifadora afinal nos descobriu, pois deixou o seu
cartão sob a forma de falhas de memória, com certa instabilidade no andar e uma
nova rigidez nas pernas. Essas intimidações da mortalidade não me entristecem;
eu ficaria envergonhado de viver mais do que o meu tempo útil; em todo caso,
não devo permitir que você ou a Paramount invistam energia ou dinheiro na minha
permanência.
Quatro
anos antes de sua morte, Will Durant, vencedor do Prêmio Pulitzer, começou a
trabalhar intensamente naquele que seria o seu último livro. O Pulitzer é um
prêmio norte-americano outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência
na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela
Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Foi criado em 1917 por desejo de
Joseph Pulitzer que, na altura da sua morte, deixou dinheiro à universidade.
Parte do dinheiro foi usada para começar o curso de jornalismo na universidade
em 1912. O primeiro Prêmio Pulitzer foi obtido em 4 de junho de 1917, mas é
anunciado sempre em abril. Os indicados são escolhidos por uma banca examinadora
independente, ao contrário das universidades, onde em geral há um conchavo para
a formação de bancas em qualquer nível de exame. Apenas matérias e fotografias
publicadas por jornais nos Estados Unidos são elegíveis pelo prêmio de
jornalismo. No Brasil o equivalente ao prêmio Pulitzer é o Prêmio Esso.
O
culto social da indiferença representa
o hábito de estupidez de uma sociedade que perdeu o sentido de comunidade. O
consumo é o leitmotiv do progresso que faz da cidade um lugar passageiro. Onde
tudo pode ser destruído e reconstruído a qualquer momento, onde as histórias
são substituídas por outras sem perspectiva de futuro. A forma do urbano, sua
razão suprema, a saber, a simultaneidade e o encontro aparente não podem
desaparecer. A cidade é fora de dúvida a maior vitrine, onde os episódios
cotidianos da existência material são vividos e observados na indiferença da
reprodução do capital. A ocupação divertida do urbano, por uma população
sonhadora movida pelo acaso de viver o imprevisível, é descartada pela cidade
contemporânea. A cidade é o palco da reprodução do “capital cultural”, onde
tudo se descobre ou se reinventa, e se apaga na mesma velocidade. Quase tudo é
vivido na condição de espetáculo como se a vida fosse um conjunto de cenas de
teatro. A favela é fruto da falta de observação de que o operário existe na
construção civil irradiada pela visão civil de Chico Buarque.
O
projeto nasceu do desejo que ele compartilhava com a esposa e a filha de
apresentar uma versão sucinta da muito festejada série de livros intitulada A História da Civilização. Nesse
empreendimento, que demorou cerca de cinquenta anos para ser concluído, Durant
apresentou em onze volumes, com a colaboração da esposa, Ariel, uma visão
integrada de mais de 110 séculos. Durant tinha perfeita consciência do cenário
em transformação que se revelava no mundo da mídia e da comunicação de massa.
As gravações em áudio, a televisão e o cinema competiam em busca da atenção das
plateias modernas. Ao contrário, quando o primeiro volume de A História da Civilização foi publicado,
em 1935, a literatura competia apenas com o cinema e com o rádio, criação
relativamente recente. Em 1977, Ethel, filha de Durant, na esperança de ampliar
o público consumidor para o ensinamento dos pais, contatou os estúdios da empresa
cinematográfica Paramount visando à criação da minissérie para a televisão
baseada em A História da Civilização
e recebeu do estúdio notícias animadoras. Os historiadores usam várias fontes
de documentação para reconstruir a sucessão de processos históricos, como
escritos, gravações, entrevistas e achados arqueológicos. Algumas abordagens
são mais frequentes em certos períodos do que em outros e o estudo da história
também acaba apresentando costumes e modismos, pois o historiador procura, no
presente, respostas sobre o passado, ou seja, é influenciado pelo presente.
Durant
formulou uma lista experimental de figuras da história que considerava interessantes
e proveitosas para a leitura de um público moderno. A lista ia de Confúcio e Li
Po a Abraham Lincoln e Walt Whitman. Essa concepção se revelaria importante por
motivos além da mera apresentação, pois permitiria que uma pessoa conhecesse as
realizações e as vidas de grandes homens e mulheres da história, diretamente
através de da interpretação de Will e Ariel Durant. Com a magia do gravador de
fita k-7 seria possível ouvir dois iluminados historiadores norte-americanos
comentando o profundo significado de poetas, artistas, estadistas e filósofos
que enalteceram a paisagem da história humana. Na verdade, as fitas acabariam
transformando-se em aulas com o casal Durant, que poderiam ser ouvidas
repetidas vezes, propiciando assim um meio social de educação contínua, na
opinião de Durant, compartilhada por lorde Bolingbroke, Henry St John, de que “história
é filosofia ensinada através de exemplos”. Entusiasmado com a tarefa, Durant
foi atingido por uma rajada de criatividade e entrou num dos períodos mais
criativos e produtivos da sua vida. Ele criara dezenove roteiros para esse
empreendimento e, com Ariel, gravara boa parte em fitas k-7. Nessa ocasião,
ocorreu-lhe a ideia de que, aperfeiçoado tecnologicamente, o áudio dos roteiros
dessas conferências poderia se transformar num livro de leitura muito
agradável.
Sua
démarche e formação como historiador
é pródiga. Com quinze anos, em 1900, foi admitido na Saint Peter`s Academy e
mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de
Jersey no estado de New Jersey. Após graduar-se, em 1905, mudou-se para a
cidade de Nova Iorque onde manteve contato com os círculos libertários de seu
tempo. Em 1907 passou a trabalhar como repórter para o jornal New York Evening
ganhando dez dólares a semana quando escreveu diversos artigos denunciando
práticas de abuso sexual. Também neste ano passou a lecionar Latim, Francês,
Inglês e Geometria na universidade Setton Hall, na cidade de South Orange, New
Jersey. Nesta mesma instituição atuou como bibliotecário organizando o acervo
desta universidade. Devido a desentendimentos ideológicos com a direção da
universidade deixa o emprego em 1911, ano em que passa a atuar na recém-inaugurada
Ferrer Modern School (Ferrer Institute), na qualidade de diretor e professor. Em
1911 e 1912 a revista Modern School passou a ser editada pela instituição. Na
capa de sua primeira edição Will Durant apareceu junto à sua turma de jovens
estudantes em uma foto tirada na porta da Escola Moderna de Nova Iorque. O
empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer
contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma
viagem de Will Durant para a Europa. Esta viagem rememora Freeman, fato social evidenciado
com gratidão presente no prefácio de sua oba A História da Filosofia. Lecionando na Escola Moderna, Durant apaixonou-se
por uma de suas alunas, e claro, casando-se com ela. A menina Ida Kaufmann,
apelidada Ariel, por Will, torna-se sua companheira por toda a vida. Juntos o
casal teve uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho, chamado Louis.
Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A História da Civilização, seu nome, injustamente, só foi creditado
na capa de apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se verifica na tiragem da primeira
edição.
Em
1913, Will Durant deixa o cargo de professor Auxiliar da Escola Moderna e para
conseguir recursos passa a fazer palestras sobre história social em uma igreja
presbiteriana, por uma remuneração variando entre 5 e 10 dólares. Pari passu trabalha como professor
Auxiliar na Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em sua tese de
doutorado em filosofia, escreveu seu primeiro livro: “Filosofia e o Problema
Social”. Argumentou a tese segundo a qual a Filosofia havia deixado de se
desenvolver por evitar os problemas sociais
atuais. Durant concluiu sua tese de doutorado e recebeu o título de doutor
ainda em 1917. Parte do material destas palestras posteriormente serviu como
referência e ponto de partida para sua obra de fôlego A História daCivilização,
inicialmente publicada no formato de pequenos livros azuis, seguindo o padrão
de materiais educacionais destinados aos trabalhadores norte-americanos. Estes
livros acabaram tornando-se tão populares que foram republicados no ano de 1926,
pela editora Simon & Schuster, e imediatamente um best-seller, dando aos
Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo mundo várias
vezes e passar os próximos quarenta anos escrevendo a grande obra A História da Civilização.
Tanto
Will Durant quanto Ariel empenharam-se em dar forma ao que chamavam de história integral. Ambos se opunham à
exacerbação da especialização histórica, ou seja, uma rejeição que anteviu em
décadas o que mais tarde seria chamado “culto ao especialista”. Sua História da Civilização pretende ser uma
biografia detalhada da civilização ocidental. Seu objetivo é ampliar o
entendimento sobre a existência humana, tanto do ponto de vista de suas
fraquezas, como de sua perversidade. Durant reprovava a estreiteza da vertente
histórico-social que é reconhecida por eurocêntrica e etnocêntrica, comentando
e identificando em seu livro: “Nossa herança Oriental” que a Europa foi apenas
uma parte irregularmente projetada da Ásia, ou seja, a Europa foi uma colônia
sociocultural da Ásia, e sua veracidade confere, pois desde o período clássico,
cidades como Atenas foram colônias culturais da Ásia Menor. Will queixou-se
especialmente com relação ao provincialismo de nossas tradições históricas que
começaram com a Grécia e preteriam a Ásia, resumindo sua história social em apenas
uma linha, demonstrando que este foi um dos maiores erros de nossa perspectiva
e inteligência.
Daí
o fato histórico-cultural que reitera o etnocentrismo
quando interpretamos que toda cultura opera assim uma di-visão entre ela mesma, que se afirma como representação por
excelência do humano, e os outros, que participam da humanidade apenas em grau
menor. O discurso que as sociedades primitivas fazem sobre si mesmas, discurso
condensado nos nomes que elas se dão, é, portanto etnocêntrico de uma ponta á
outra: afirmação da superioridade de sua existência cultural, recusa de
reconhecer os outros como iguais. O etnocentrismo aparece então como a “coisa”
do mundo social mais bem distribuída e, desse ponto de vista pelo menos, a
cultura do Ocidente não se distingue das outras. Convém mesmo, salientar, aprofundando
um pouco mais a análise, pensar o etnocentrismo como uma propriedade formal de
toda formação cultural, como imanente à própria cultura. Pertence à essência da
cultura ser etnocêntrica, na medida exata em que toda cultura em seu conjunto se
considera como a cultura por excelência. Em outras palavras, a alteridade
cultural nunca é apreendida como diferença positiva, mas sempre como
inferioridade segundo uma interpretação cultural hierárquica.
O
casal Will e Ariel Durant seguiu se envolvendo em diversas causas políticas e
sociais com um viés crítico e libertário. Por muitos anos lutaram pelo sufrágio
feminino, por salários igualitários para ambos os gêneros e por melhores
condições de trabalho para o operariado estadunidense. Não apenas escreveram
sobre muitos assuntos, mas se esforçaram por suas ideias socialistas
libertárias em prática. Will é particularmente lembrado por seu esforço
permanente por facilitar o acesso à história e à filosofia ao homem comum,
tanto na linguagem adotada como também nos meios escolhidos por ele - de artigos
de revista a panfletos publicados em série. Também foi Will um dos intelectuais
pioneiros no ativismo em favor dos direitos civis, ainda no início de 1940,
sendo, portanto, anterior ao surgimento do movimento por direitos civis em seu
país. Exemplo conspícuo refere-se ao tratamento do tema “orientalismo”,
utilizado para definir o estudo constituído por todas as sociedades
fora do contexto histórico, teórico e ideológico ocidental, da cultura global
europeia em curso.
Por
duas razões correlatas à filosofia pós-moderna. Trata-se de um eclético e
elusivo movimento social caracterizado por sua crítica à filosofia ocidental.
Começando como um movimento de crítica da filosofia Continental, foi
influenciada fortemente pela fenomenologia, pelo estruturalismo e pelo existencialismo,
incluindo Kierkegaard e Heidegger. Sofreu influências também associado ao
positivismo da filosofia analítica de Wittgenstein. Para a maior parte dos
pensadores, a filosofia pós-moderna reproduz a volumosa literatura da teoria
crítica. O que seria então esse Orientalismo cuja definição permite afirmar que
o “Oriente é uma invenção do Ocidente”? Esse conceito tem diversos
significados, mas que de modo geral descreve a forma específica pela qual o Ocidente
europeu reproporiam ao nível ideológico e cultural a designação do que é o
Oriente. Neste sentido o orientalismo não estabelece necessariamente uma
relação dialética e real de identificação com o Oriente e sim,
inversamente é a ideia que, ideologicamente, o Ocidente faz dele. O Oriente ajudou a definir a Europa ou o Ocidente de forma transcendente com
sua imagem, ideia, personalidade e experiência contrastantes. O Oriente na
visão do Orientalismo é o lugar praticado do exótico. Precisamos tornar do ponto de
vista teórico, prático e afetivo o exótico em familiar.
Bibliografia
geral consultada.
VOVELLE, Michel, Ideologies et Mentalités. Paris: Éditions
François Maspéro, 1982; FURET, François, A
Oficina da História. Lisboa: Editora Gradiva, 1991; DURAND, Gilbert, De la Mitocritica al Mitoanálisis: Figuras
Míticas y Aspectos de la Obra. Barcelona: Éditions Anthropos, 1993; CHARTIER, Roger, A Aventura do Livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Editora UNESP, 1999; DURANT, Will, História da Filosofia: Vida e Idéias dos
Grandes Filósofos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942; Idem, Nossa Herança Oriental. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1944; Idem, La
Civilización de la India. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1960; Idem, A Era de Luís XIV. Rio de Janeiro: Editora Record, 1994; Idem, A História da Filosofia. São Paulo:
Editora Nova Cultural. 1996; SANDES, Noé Freire, “1930: entre a memória e a história”. In: História Revista, 8
(1/2); jan./dez.; 2003; HAY, Louis, A Literatura dos Escritores. Questões de Crítica Genética. Belo Horizonte: Editora da Universidade Federal de Minas Gerais, 2007; BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes, Ensino de História: Fundamentos e Métodos. 3ª edição.
São Paulo: Editora Cortez, 2009; DURANT,
Will; DURANT, Ariel, The Lessons of
History. Estados Unidos: Editora Simon & Schuster, 2010; PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de (Orgs.), O Historiador e suas Fontes. São Paulo: Editor Contexto, 2011; DURANT, Will, Heróis da História. Uma Breve História da Civilização da Antiguidade ao
Alvorecer da Era Moderna. Porto Alegre: L&PM Editores, 2012; LIMA, Marta Margarida de Andrade, As Tessituras da História Ensinada nos Anos
Iniciais: Pelos Fios da Experiência e dos Saberes Docentes. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2013; OLIVEIRA, Everton
de, “Em Memória de Ariel”. In: http://favoravento.blogspot.com/2014/05/; SANTOS, Samuel
Nunes dos, Concepção de Passado, Presente
e Futuro na I Apologia de Justino Mártir: Uma Visão do Tempo Histórico no
Século II d. c. Tese de Doutorado. Programa
de Pós-Graduação em História. Faculdade de História. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2017; BALBINOT, Giovani, “Detratores e Defensores da Imigração Italiana para o Brasil:
O Decreto Prinetti de 1902 e a Exposição Mundial de 1906”. In: Saeculum. João Pessoa: Revista de História, 2018; entre
outros.
Geralmente, os intelectuais do início do século XX são pouco estudados, sendo as informações sobre seus trabalhos bastante escassos tanto no meio virtual quanto acadêmico. Nesse sentido, o artigo cumpriu bem a função de esclarecer a vida e obra de Will e Ariel Durant. Parabéns!
Felipe, o que é instigante no trabalho de pesquisa, e claro, na obra de Will & Ariel Durant é que eles sabem o que fazem, contrariando a questão ideológica no âmbito da historiografia que insiste na neutralidade científica do historiador.
Geralmente, os intelectuais do início do século XX são pouco estudados, sendo as informações sobre seus trabalhos bastante escassos tanto no meio virtual quanto acadêmico. Nesse sentido, o artigo cumpriu bem a função de esclarecer a vida e obra de Will e Ariel Durant. Parabéns!
ResponderExcluirFelipe, o que é instigante no trabalho de pesquisa, e claro, na obra de Will & Ariel Durant é que eles sabem o que fazem, contrariando a questão ideológica no âmbito da historiografia que insiste na neutralidade científica do historiador.
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