quinta-feira, 14 de junho de 2018

Will & Ariel Durant - Excelência e Experiência nas Lições da História.


                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

 Somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito”. Will Durant


  

William James Durant (1885-1981) foi um filósofo, historiador e escritor norte-americano, reconhecido por sua autoria e coautoria, junto à sua esposa Ariel Durant, da coleção A História da Civilização. Durant concebeu a filosofia como perspectiva total, ou seja, uma visão das coisas sub specie totius, expressão inspirada pelo sub specie aeternitatis de Spinoza. Procurou em sua obra unificar e humanizar o grande corpo de conhecimento histórico - que havia se tornado muito volumoso e se fragmentado em especializações com terminologias esotéricas, para aplicação contemporânea. Dotado de um talentoso estilo narrativo de prosa e considerado um excelente contador de histórias, Durant ganhou grande número de leitores, em parte por causa da natureza e da excelência da sua escrita, que, em contraste com a linguagem acadêmica, é animada, inteligente, carismática, colorida, ornamentada, epigramática, em suma, humanizada. Max Schuster, co-fundador da editora Simon & Schuster, comentou que a prosa de Durant “implora para ser lida em voz alta”. John Little, que fundou a Will Durant Foundation dedicando muito esforço de trabalho abstrato para popularizar as obras do autor no século XXI, ecoa a admiração de Schuster em palavras que o próprio Durant se utilizou muitas vezes para descrever algumas das melhores obras da Antiguidade Clássica: “prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e Ariel Durant foram agraciados com o Prêmio Pulitzer de Não Ficção Geral em 1968, e com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1977.

Durant nasceu em 5 de novembro de 1885 na cidade de North Adams, no estado de Massachusetts, com seus pais franco-canadenses que tiveram parte na emigração quebequiana aos Estados Unidos da América. Estes se chamavam Joseph Durant e Marry Allard. Em 1900, com quinze anos, foi admitido na Saint Peter`s Academy e mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de Jersey no estado de New Jersey. Em 1905 após graduar-se, mudou-se para a cidade de Nova Iorque onde teve contato com os círculos libertários a partir de contatos com intelectuais da época. Em 1907 passou a trabalhar como repórter para o periódico New York Evening ganhando dez dólares a semana. Neste jornal escreveu diversos artigos denunciando práticas de abuso sexual. Também em 1907 passou a lecionar Latim, Francês, Inglês e Geometria na universidade Setton Hall, na cidade de South Orange, New Jersey. Nesta mesma instituição atuou como bibliotecário organizando o acervo desta universidade. Devido a desentendimentos ideológicos com a direção da universidade deixa o emprego em 1911, ano em que passa a atuar na recém inaugurada Escola Moderna de Nova Iorque (Ferrer Modern School conhecida como Ferrer Institute) na qualidade de diretor e professor. O empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma viagem de Will Durant para a Europa. Esta mesma viagem nunca o fazer esquecer Freeman, fato evidenciado nas demonstrações de gratidão presentes no prefácio de sua A História da Filosofia. Entre 1911 e 1912 a revista Modern School passou a ser editada pela instituição. Na capa de sua primeira Edição Will Durant apareceu junto à sua turma de jovens estudantes em uma foto tirada na porta da Escola Moderna de Nova Iorque. 

Lecionando na Escola Moderna, Durant apaixonou-se por uma de suas alunas e casou-se com a mesma. A menina Ida Kaufmann, apelidada Ariel por Will, torna-se sua companheira por toda a vida. Juntos o casal tivera uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho, chamado Louis. Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A História da Civilização, seu nome, no entanto, só foi creditado na capa de apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se verifica na tiragem da primeira edição. Em 1913, Durant deixa o cargo de professor da escola moderna e para conseguir recursos passa a fazer palestras sobre história em uma igreja presbiteriana, por uma remuneração de 5 e 10 dólares. Parte do material destas palestras posteriormente serviu de ponto de partida para sua obra maior: A História da Civilização. Passa a trabalhar também como professor auxiliar na Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em sua tese de doutorado em filosofia, Will escreveu seu primeiro livro Filosofia e o problema social. Nele defendeu a tese de que a Filosofia havia deixado de se desenvolver por evitar os problemas sociais atuais. Durant concluiu sua tese de doutorado e recebeu o título de doutor ainda em 1917. Sua primeira obra de peso, A História da Filosofia, foi inicialmente publicada no formato de pequenos livretos azuis, que na época era o formato de materiais educacionais destinados aos trabalhadores nos Estados Unidos. Estes livros acabaram sendo tão populares que foram republicados no ano de 1926 pela editora Simon & Schuster, tornando-se imediatamente um bestseller, e dando aos pesquisadores Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo mundo várias vezes e passarem os próximos quarenta anos escrevendo A História da Civilização. 

William James Durant (1885-1981) foi um filósofo, historiador e escritor norte-americano, reconhecido por sua autoria e coautoria, junto à sua esposa Ariel Durant (1898-1981), da coleção A História da Civilização. Durant concebeu a filosofia como perspectiva total, ou seja, uma visão das coisas sub specie totius, expressão inspirada pelo sub specie aeternitatis de Spinoza. Procurou em sua obra unificar e humanizar o grande corpo de conhecimento histórico - que havia se tornado muito volumoso e se fragmentado em especializações com terminologias esotéricas, para aplicação contemporânea. Dotado de um talentoso estilo narrativo de prosa e considerado um excelente contador de histórias, Durant ganhou grande número de leitores, em parte por causa da natureza e da excelência da sua escrita, que, em contraste com o academicismo, é animada, inteligente, carismática, colorida, ornamentada, epigramática, em suma, humanizada. Max Schuster, co-fundador da editora Simon & Schuster, comentou que a prosa de Durant “implora para ser lida em voz alta”. John Little, que fundou a Will Durant Foundation dedicando muito esforço de trabalho abstrato para popularizar as obras do autor no século XXI, ecoa a admiração de Schuster em palavras que o próprio Durant se utilizou muitas vezes para descrever algumas das melhores obras da Antiguidade Clássica: “prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e Ariel Durant agraciados com o Prêmio Pulitzer de Não Ficção Geral em 1968, por Rousseau e a Revolução, o 10 volume d`A História da Civilização. Em 1977, eles foram agraciados com Medalha Presidencial da Liberdade de Gerald Ford, e Ariel eleita “Mulher do Ano” por Los Angeles. Os Durant’s receberam o Golden Plate Award da American Academy of Achievement em 1976.

Will Durant nasceu em 5 de novembro de 1885 na cidade de North Adams, no estado de Massachusetts, com seus pais franco-canadenses que tiveram parte na emigração quebequiana aos Estados Unidos da América. Estes se chamavam Joseph Durant e Marry Allard. Em 1900, com quinze anos, foi admitido na Saint Peter`s Academy e mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de Jersey no estado de New Jersey. Em 1905 após graduar-se, mudou-se para a cidade de Nova Iorque onde teve contato com os círculos libertários a partir de contatos com intelectuais da época. Em 1907 passou a trabalhar como repórter para o periódico New York Evening ganhando dez dólares a semana. Neste jornal escreveu diversos artigos denunciando práticas de abuso sexual. Também em 1907 passou a lecionar Latim, Francês, Inglês e Geometria na universidade Setton Hall, na cidade de South Orange, New Jersey. Nesta mesma instituição atuou como bibliotecário organizando o acervo desta universidade. Devido a cotidiana e de desentendimentos ideológicos com a direção da universidade deixa o emprego em 1911, quando passa a atuar na inaugurada Escola Moderna de Nova Iorque (Ferrer Modern School conhecida como Ferrer Institute) na qualidade de diretor e professor.

O empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma viagem de Will Durant para a Europa. Esta mesma viagem nunca o fazer esquecer Freeman, fato evidenciado nas demonstrações de gratidão presentes no prefácio de sua A História da Filosofia. Entre 1911 e 1912 a revista Modern School passou a ser editada pela instituição. Na capa de sua primeira Edição Will Durant apareceu junto à sua turma de jovens estudantes em uma foto tirada na porta da Escola Moderna de Nova Iorque. Lecionando na Escola Moderna, Durant apaixonou-se por uma de suas alunas e casou-se com a mesma. A menina Ida Kaufmann, apelidada Ariel por Will, torna-se sua companheira por toda a vida. Juntos o casal tivera uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho, chamado Louis. Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A História da Civilização, seu nome, no entanto, só foi creditado na capa de apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se verifica na tiragem da primeira edição.

Em 1913, Durant deixa o cargo de professor da escola moderna e para conseguir recursos passa a fazer palestras sobre história em uma igreja presbiteriana, por uma remuneração de 5 e 10 dólares. Parte do material destas palestras posteriormente serviu de ponto de partida para sua obra maior: A História da Civilização. Passa a trabalhar também como professor auxiliar na Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em sua tese de doutorado em filosofia, Will escreveu seu primeiro livro Filosofia e o problema social. Nele defendeu a tese de que a Filosofia havia deixado de se desenvolver por evitar os problemas sociais atuais. Durant concluiu sua tese de doutorado e recebeu o título de doutor ainda em 1917. Sua primeira obra de peso, A História da Filosofia, foi inicialmente publicada no formato de pequenos livretos azuis, que na época era o formato de materiais educacionais destinados aos trabalhadores nos Estados Unidos. Estes livros acabaram sendo tão populares que foram republicados no ano de 1926 pela editora Simon & Schuster, tornando-se imediatamente um bestseller, e dando aos pesquisadores Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo mundo várias vezes e passarem os próximos quarenta anos escrevendo A História da Civilização. 

Numa época em que, nos Estados Unidos das América, ser dona de casa e mãe era a principal ocupação social aprovada para as mulheres, Ariel Durant demostrou uma maneira de romper essa tradicional e conservadora relação social. Envolvida em um relacionamento de amor e trabalho ao longo da vida com o apaixonado marido, Will Durant, e com a filha, Ethel, Ariel Durant primeiro tornou-se assistente de pesquisa e, em seguida, uma coautora séria e disciplinada com seu prolífico marido, filósofo e escritor. Intelectual ativa e consciente dos direitos da mulher, Ariel Durant foi capaz de compartilhar da fama e das realizações pessoais do esposo. Mas com sua personalidade e ambição autoral, ela provavelmente teria preferido um reconhecimento independente para seu talento e engajamento como mulher. Ariel Durant nasceu com o nome Chaya Kaufmann, sendo seu nome Ida Kaufmann, em Proskurov, Rússia, hoje Khmelnytskyi, Ucrânia, em 10 de maio de 1898. Era filha dos judeus Ethel Appel Kaufmann e Joseph Kaufmann, que emigrou para a América do Norte, trazendo sua família, em 1901. O início da vida de Chaya/Ida foi agitado: os pais eram pobres, vendedores de jornais, e sua mãe acabou afastando-se da atenção à família para ser militante anarquista  que tem sua origem em um contexto particular da segunda metade do século XIX.  
Em sua autobiografia, Ariel se identifica com a “personalidade completa e intensa” da mãe, e descreve os sofrimentos da Sra. Kaufmann com pungência simpática. Quando tinha 14 anos, Chaya foi transferida das escolas públicas de Nova York, que tinha frequentado esporadicamente, para a Modern School, de inspiração anarquista. Um de seus professores era o historiador Will Durant. Chaya seria apelidada de “Puck”, o personagem travesso de “Sonho de uma noite de verão”, de William Shakespeare. Mais tarde seu apelido foi mudado para Ariel, o duende de “A Tempestade”, porque ela era “forte e valente como um menino, e rápida e travessa como um elfo”. Marido e mulher tinham personalidades opostas. Ele era tímido e reservado, e ela era extrovertida, alegre  e sociável. Ele ofereceu-lhe os meios de satisfazer sua curiosidade intelectual e ela o apresentou ao mundo dos artistas, poetas, filósofos e artistas com quem conviveram em Nova York e Los Angeles. Durante sua vida, eles conheceram figuras notáveis da ciência, da arte e da política, como Albert Einstein, Franklin D. Roosevelt, Chaplin e outros. Ariel desenvolveu uma conversação brilhante e debatedora afiada, sob a aparente tutela do homem que ela chamava de “professor, amante, mentor e amigo”. Will apreciava especialmente o entusiasmo de Ariel em falar de suas ideias, sua divertida e apaixonada valorização da vida, e sua defesa dos direitos das mulheres. 


Em torno de 1912, Will Durant imaginou escrever uma História da Civilização em cinco partes, descrevendo a narrativa através das histórias de pessoas famosas de cada época. Esta foi uma abordagem muito diferente da pesquisa histórica como era feita em seu tempo. Fez uma História legível para o público em geral, e os volumes foram bem recebidos por uma nação beligerante que se recuperava da guerra mundial, embora alguns acadêmicos rigorosos tenham sido críticos severos de A História da Civilização. De qualquer forma, tornou-se uma obra de 11 volumes, publicados entre 1935 e 1975. Ariel começou a ajudar Will com este grande projeto, metodologicamente ao classificar e organizar suas anotações. Como sua assistente literária, ela trabalhou ao seu lado em relativo anonimato por muitos anos. Ariel começou a ajudar Will com este grandioso projeto ao classificar e organizar suas anotações. Como sua assistente literária, ela trabalhou ao seu lado em relativo anonimato por muitos anos. Mais tarde, ela começou a completar e complementar a pesquisa de Will, e logo se tornou uma crítica e uma colaboradora. Ariel realizou grande parte da própria pesquisa para o volume 4, quando Will já estava em seus setenta anos de idade. Em 1961, quanto o sétimo volume foi publicado, Ariel Durant recebeu o crédito como coautora para este e os quatro volumes restantes. Seu interesse nas mulheres, na França e na Inglaterra teve um impacto social e político, nas questões de gênero, sobre o conteúdo da série.

As lições de vida e de amor de Will & Ariel Durant integram-se historicamente na lenda medieval do bravo Tristão, um dos Cavaleiros da Távola Redonda que cai de amores pela princesa irlandesa Isolda, esposa prometida para eu tio, o Rei Marcos da Cornualha. A lenda tornou-se a célebre ópera de Richard Wagner. O mais famoso casal da América Latina, María Eva Duarte e Juan Perón inscreveram a mulher na história da América, famosa na política, mas também pela sua elegância e carisma. Provavelmente a história de amor mais famosa de todos os tempos, a tragédia escrita por William Shakespeare, Romeu & Julieta, não cessa de inspirar versões e releituras para o teatro, cinema e televisão. A história de amor de Victor Hugo e Juliette Drouet é digna de um de seus romances. Eles se conheceram em Paris, quando Juliette ainda era uma atriz. Apaixonaram-se e ele pede que ela deixe sua vida artística para acompanhá-lo e ser sua musa inspiradora durante quase meio século incluindo seu exílio em Guernsey. Na modernidade, o indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social, etnia, minoria, movimento social, partido político, corrente de opinião pública, poder estatal, todas estas “manifestações de vida”, não mais se esgotam no âmbito da sociedade nacional, o que nos faz admitir que a diferenciação em comunidades locais, tribos, clãs, grupos étnicos, nações e Estados, perderam seu significado anterior em seu interior. 
William James Durant foi historiador e escritor norte-americano reconhecido por  sua autoria e coautoria, junto à sua esposa Ariel Durant, da coleção A História da Civilização (1926). De talentoso estilo de prosa e considerado um excelente narrador, Will Durant enredou um grande número de leitores, em parte por causa da natureza e da excelência da sua escrita, que comparativamente com a linguagem rígida acadêmica, é animada, inteligente, carismática, ornamentada, epigramática, em suma, humanizada. Max Schuster, cofundador da editora Simon & Schuster, admite que a prosa de Durant “implora para ser lida em voz alta”. John Little, que fundou e dirigiu a Will Durant Foundation, dedicando-se muito para popularizar as obras do autor no século XXI, ecoa a admiração de Schuster em palavras que Durant se utilizou vezes para descrever algumas das melhores obras da Antiguidade Clássica que uma “prosa tão bonita rivaliza com a poesia”. Will e Ariel Durant foram agraciados com o Prémio Pulitzer de não ficção, em 1968, e com a Medalha Presidencial da Liberdade em 1977. De Buda a Confúcio, de Jesus a Martinho Lutero, de Péricles a Aristóteles, de Nero a Alexandre.
 A história narrada a partir da vida de seus grandes homens foi o inestimável legado do historiador norte-americano Will Durant. Descobertos pelo editor John Little vinte anos após a morte de Durant (1885-1981), os originais de Heróis da História constituem uma síntese perfeita do grandioso trabalho de uma vida. Desde a publicação de A História da Filosofia (1926), notabilizou-se por traduzir aquilo que estava restrito à academia para o grande público. Foi essa a ideia que permeou a escrita de A História da Civilização. Ao longo de cinco décadas e com a parceria de sua esposa, escreveu um dos maiores e mais abrangentes estudos sobre a humanidade, premiado com o Pulitzer em 1968: nos onze volumes d`A História da Civilização, o autor interpreta acontecimentos e personagens com um estilo de narrativa apaixonante e único em sua clareza, características que fazem de sua obra uma leitura fascinante. A área editorial estava mudando o processo de trabalho e social de comunicação. Leitores que preferiam livros maiores queriam informação e diversão mais concisa, buscavam formas mais eficientes de entretenimento e educação.
      Will Durant decidiu, assim, no âmbito de um projeto inovador elaborar uma série de minipalestras. Melhor dizendo: conferências em áudio concentradas em figuras e acontecimentos-chave da história humana. Durant gostou da ideia e Ethel conseguiu que fossem gravadas; porém, numa carta à filha, datada de 7 de março de 1977, com a tenra idade de 92 anos, Durant manifestou uma certa hesitação quanto à sua capacidade de completar a tarefa: - Vejo com cuidado o programa que tracei para uma dupla de camicases intelectuais, e percebo que está além da minha capacidade física, mesmo com a ajuda de Ariel, compor e recitar tarefa tão ambiciosa. Acho que a ceifadora afinal nos descobriu, pois deixou o seu cartão sob a forma de falhas de memória, com certa instabilidade no andar e uma nova rigidez nas pernas. Essas intimidações da mortalidade não me entristecem; eu ficaria envergonhado de viver mais do que o meu tempo útil; em todo caso, não devo permitir que você ou a Paramount invistam energia ou dinheiro na minha permanência.        
Quatro anos antes de sua morte, Will Durant, vencedor do Prêmio Pulitzer, começou a trabalhar intensamente naquele que seria o seu último livro. O Pulitzer é um prêmio norte-americano outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Foi criado em 1917 por desejo de Joseph Pulitzer que, na altura da sua morte, deixou dinheiro à universidade. Parte do dinheiro foi usada para começar o curso de jornalismo na universidade em 1912. O primeiro Prêmio Pulitzer foi obtido em 4 de junho de 1917, mas é anunciado sempre em abril. Os indicados são escolhidos por uma banca examinadora independente, ao contrário das universidades, onde em geral há um conchavo para a formação de bancas em qualquer nível de exame. Apenas matérias e fotografias publicadas por jornais nos Estados Unidos são elegíveis pelo prêmio de jornalismo. No Brasil o equivalente ao prêmio Pulitzer é o Prêmio Esso.
O culto social da indiferença representa o hábito de estupidez de uma sociedade que perdeu o sentido de comunidade. O consumo é o leitmotiv do progresso que faz da cidade um lugar passageiro. Onde tudo pode ser destruído e reconstruído a qualquer momento, onde as histórias são substituídas por outras sem perspectiva de futuro. A forma do urbano, sua razão suprema, a saber, a simultaneidade e o encontro aparente não podem desaparecer. A cidade é fora de dúvida a maior vitrine, onde os episódios cotidianos da existência material são vividos e observados na indiferença da reprodução do capital. A ocupação divertida do urbano, por uma população sonhadora movida pelo acaso de viver o imprevisível, é descartada pela cidade contemporânea. A cidade é o palco da reprodução do “capital cultural”, onde tudo se descobre ou se reinventa, e se apaga na mesma velocidade. Quase tudo é vivido na condição de espetáculo como se a vida fosse um conjunto de cenas de teatro. A favela é fruto da falta de observação de que o operário existe na construção civil irradiada pela visão civil de Chico Buarque.
O projeto nasceu do desejo que ele compartilhava com a esposa e a filha de apresentar uma versão sucinta da muito festejada série de livros intitulada A História da Civilização. Nesse empreendimento, que demorou cerca de cinquenta anos para ser concluído, Durant apresentou em onze volumes, com a colaboração da esposa, Ariel, uma visão integrada de mais de 110 séculos. Durant tinha perfeita consciência do cenário em transformação que se revelava no mundo da mídia e da comunicação de massa. As gravações em áudio, a televisão e o cinema competiam em busca da atenção das plateias modernas. Ao contrário, quando o primeiro volume de A História da Civilização foi publicado, em 1935, a literatura competia apenas com o cinema e com o rádio, criação relativamente recente. Em 1977, Ethel, filha de Durant, na esperança de ampliar o público consumidor para o ensinamento dos pais, contatou os estúdios da empresa cinematográfica Paramount visando à criação da minissérie para a televisão baseada em A História da Civilização e recebeu do estúdio notícias animadoras. Os historiadores usam várias fontes de documentação para reconstruir a sucessão de processos históricos, como escritos, gravações, entrevistas e achados arqueológicos. Algumas abordagens são mais frequentes em certos períodos do que em outros e o estudo da história também acaba apresentando costumes e modismos, pois o historiador procura, no presente, respostas sobre o passado, ou seja, é influenciado pelo presente.
Durant formulou uma lista experimental de figuras da história que considerava interessantes e proveitosas para a leitura de um público moderno. A lista ia de Confúcio e Li Po a Abraham Lincoln e Walt Whitman. Essa concepção se revelaria importante por motivos além da mera apresentação, pois permitiria que uma pessoa conhecesse as realizações e as vidas de grandes homens e mulheres da história, diretamente através de da interpretação de Will e Ariel Durant. Com a magia do gravador de fita k-7 seria possível ouvir dois iluminados historiadores norte-americanos comentando o profundo significado de poetas, artistas, estadistas e filósofos que enalteceram a paisagem da história humana. Na verdade, as fitas acabariam transformando-se em aulas com o casal Durant, que poderiam ser ouvidas repetidas vezes, propiciando assim um meio social de educação contínua, na opinião de Durant, compartilhada por lorde Bolingbroke, Henry St John, de que “história é filosofia ensinada através de exemplos”. Entusiasmado com a tarefa, Durant foi atingido por uma rajada de criatividade e entrou num dos períodos mais criativos e produtivos da sua vida. Ele criara dezenove roteiros para esse empreendimento e, com Ariel, gravara boa parte em fitas k-7. Nessa ocasião, ocorreu-lhe a ideia de que, aperfeiçoado tecnologicamente, o áudio dos roteiros dessas conferências poderia se transformar num livro de leitura muito agradável.  
Sua démarche e formação como historiador é pródiga. Com quinze anos, em 1900, foi admitido na Saint Peter`s Academy e mais tarde no Saint Peter`s College sendo educado por jesuítas, na cidade de Jersey no estado de New Jersey. Após graduar-se, em 1905, mudou-se para a cidade de Nova Iorque onde manteve contato com os círculos libertários de seu tempo. Em 1907 passou a trabalhar como repórter para o jornal New York Evening ganhando dez dólares a semana quando escreveu diversos artigos denunciando práticas de abuso sexual. Também neste ano passou a lecionar Latim, Francês, Inglês e Geometria na universidade Setton Hall, na cidade de South Orange, New Jersey. Nesta mesma instituição atuou como bibliotecário organizando o acervo desta universidade. Devido a desentendimentos ideológicos com a direção da universidade deixa o emprego em 1911, ano em que passa a atuar na recém-inaugurada Ferrer Modern School (Ferrer Institute), na qualidade de diretor e professor. 
        Em 1911 e 1912 a revista Modern School passou a ser editada pela instituição. Na capa de sua primeira edição Will Durant apareceu junto à sua turma de jovens estudantes em uma foto tirada na porta da Escola Moderna de Nova Iorque. O empreendimento baseado nos ideais pedagógicos do catalão Francisco Ferrer contou com o apoio financeiro de Alden Freeman, que patrocinou também uma viagem de Will Durant para a Europa. Esta viagem rememora Freeman, fato social evidenciado com gratidão presente no prefácio de sua oba A História da Filosofia. Lecionando na Escola Moderna, Durant apaixonou-se por uma de suas alunas, e claro, casando-se com ela. A menina Ida Kaufmann, apelidada Ariel, por Will, torna-se sua companheira por toda a vida. Juntos o casal teve uma filha que recebeu o nome de Ethel, e um filho, chamado Louis. Ariel contribuiu substancialmente em todos os volumes de A História da Civilização, seu nome, injustamente, só foi creditado na capa de apenas um dos livros, o volume VII, A Era da Razão. Este fato só se verifica na tiragem da primeira edição.
Em 1913, Will Durant deixa o cargo de professor Auxiliar da Escola Moderna e para conseguir recursos passa a fazer palestras sobre história social em uma igreja presbiteriana, por uma remuneração variando entre 5 e 10 dólares. Pari passu trabalha como professor Auxiliar na Universidade de Columbia. Em 1917, trabalhando em sua tese de doutorado em filosofia, escreveu seu primeiro livro: “Filosofia e o Problema Social”. Argumentou a tese segundo a qual a Filosofia havia deixado de se desenvolver por evitar os problemas sociais atuais. Durant concluiu sua tese de doutorado e recebeu o título de doutor ainda em 1917. Parte do material destas palestras posteriormente serviu como referência e ponto de partida para sua obra de fôlego A História da Civilização, inicialmente publicada no formato de pequenos livros azuis, seguindo o padrão de materiais educacionais destinados aos trabalhadores norte-americanos. Estes livros acabaram tornando-se tão populares que foram republicados no ano de 1926, pela editora Simon & Schuster, e imediatamente um best-seller, dando aos Durant a independência financeira que lhes permitiu viajar pelo mundo várias vezes e passar os próximos quarenta anos escrevendo a grande obra A História da Civilização.
Tanto Will Durant quanto Ariel empenharam-se em dar forma ao que chamavam de história integral. Ambos se opunham à exacerbação da especialização histórica, ou seja, uma rejeição que anteviu em décadas o que mais tarde seria chamado “culto ao especialista”. Sua História da Civilização pretende ser uma biografia detalhada da civilização ocidental. Seu objetivo é ampliar o entendimento sobre a existência humana, tanto do ponto de vista de suas fraquezas, como de sua perversidade. Durant reprovava a estreiteza da vertente histórico-social que é reconhecida por eurocêntrica e etnocêntrica, comentando e identificando em seu livro: “Nossa herança Oriental” que a Europa foi apenas uma parte irregularmente projetada da Ásia, ou seja, a Europa foi uma colônia sociocultural da Ásia, e sua veracidade confere, pois desde o período clássico, cidades como Atenas foram colônias culturais da Ásia Menor. Will queixou-se especialmente com relação ao provincialismo de nossas tradições históricas que começaram com a Grécia e preteriam a Ásia, resumindo sua história social em apenas uma linha, demonstrando que este foi um dos maiores erros de nossa perspectiva e inteligência.

       Daí o fato histórico-cultural que reitera o etnocentrismo quando interpretamos que toda cultura opera assim uma di-visão entre ela mesma, que se afirma como representação por excelência do humano, e os outros, que participam da humanidade apenas em grau menor. O discurso que as sociedades primitivas fazem sobre si mesmas, discurso condensado nos nomes que elas se dão, é, portanto etnocêntrico de uma ponta á outra: afirmação da superioridade de sua existência cultural, recusa de reconhecer os outros como iguais. O etnocentrismo aparece então como a “coisa” do mundo social mais bem distribuída e, desse ponto de vista pelo menos, a cultura do Ocidente não se distingue das outras. Convém mesmo, salientar, aprofundando um pouco mais a análise, pensar o etnocentrismo como uma propriedade formal de toda formação cultural, como imanente à própria cultura. Pertence à essência da cultura ser etnocêntrica, na medida exata em que toda cultura em seu conjunto se considera como a cultura por excelência. Em outras palavras, a alteridade cultural nunca é apreendida como diferença positiva, mas sempre como inferioridade segundo uma interpretação cultural hierárquica.
O casal Will e Ariel Durant seguiu se envolvendo em diversas causas políticas e sociais com um viés crítico e libertário. Por muitos anos lutaram pelo sufrágio feminino, por salários igualitários para ambos os gêneros e por melhores condições de trabalho para o operariado estadunidense. Não apenas escreveram sobre muitos assuntos, mas se esforçaram por suas ideias socialistas libertárias em prática. Will é particularmente lembrado por seu esforço permanente por facilitar o acesso à história e à filosofia ao homem comum, tanto na linguagem adotada como também nos meios escolhidos por ele - de artigos de revista a panfletos publicados em série. Também foi Will um dos intelectuais pioneiros no ativismo em favor dos direitos civis, ainda no início de 1940, sendo, portanto, anterior ao surgimento do movimento por direitos civis em seu país. Exemplo conspícuo refere-se ao tratamento do tema “orientalismo”, utilizado para definir o estudo constituído por todas as sociedades fora do contexto histórico, teórico e ideológico ocidental, da cultura global europeia em curso.  
Por duas razões correlatas à filosofia pós-moderna. Trata-se de um eclético e elusivo movimento social caracterizado por sua crítica à filosofia ocidental. Começando como um movimento de crítica da filosofia Continental, foi influenciada fortemente pela fenomenologia, pelo estruturalismo e pelo existencialismo, incluindo Kierkegaard e Heidegger. Sofreu influências também associado ao positivismo da filosofia analítica de  Wittgenstein. Para a maior parte dos pensadores, a filosofia pós-moderna reproduz a volumosa literatura da teoria crítica. O que seria então esse Orientalismo cuja definição permite afirmar que o “Oriente é uma invenção do Ocidente”? Esse conceito tem diversos significados, mas que de modo geral descreve a forma específica pela qual o Ocidente europeu reproporiam ao nível ideológico e cultural a designação do que é o Oriente. Neste sentido o orientalismo não estabelece necessariamente uma relação dialética e real de identificação  com o Oriente e sim, inversamente é a ideia que, ideologicamente, o Ocidente faz dele. O Oriente ajudou a definir a Europa ou o Ocidente de forma transcendente com sua imagem, ideia, personalidade e experiência contrastantes. O Oriente na visão do Orientalismo é o lugar praticado do exótico. Precisamos tornar do ponto de vista teórico, prático e afetivo o exótico em familiar.
Bibliografia geral consultada.

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2 comentários:

  1. Geralmente, os intelectuais do início do século XX são pouco estudados, sendo as informações sobre seus trabalhos bastante escassos tanto no meio virtual quanto acadêmico. Nesse sentido, o artigo cumpriu bem a função de esclarecer a vida e obra de Will e Ariel Durant. Parabéns!

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  2. Felipe, o que é instigante no trabalho de pesquisa, e claro, na obra de Will & Ariel Durant é que eles sabem o que fazem, contrariando a questão ideológica no âmbito da historiografia que insiste na neutralidade científica do historiador.

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