Processo de Trabalho, Rotinização & Assédio Moral Institucional.
Ubiracy de Souza Braga
“O trabalhador fica estigmatizado como portador de algum transtorno mental”. Maura Lúcia Gonçalves dos Anjos
Não
está referida nas ações articuladas às ideias de reconhecimento externo e
interno, de legitimidade interna e externa, mas a operações definidas como
estratégias balizadas pelas ideias de eficácia e de sucesso no emprego de
determinados meios para alcançar o objetivo particular que a define. Por ser
uma administração, é regida pelas ideias concepção e de gestão, planejamento,
previsão, controle e êxito. Não lhe compete discutir ou questionar sua própria
existência, sua função, seu lugar no interior da luta de classes, pois isso,
que para a instituição social universitária é crucial, é, para a organização
privatista, um dado de fato. Ela em certa medida sabe, ou julga saber, por que,
para que e onde existe. A vida social deriva inexoravelmente de uma dupla
fonte: a similitude das consciências e a divisão do trabalho social. O
indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não tendo individualidade
própria, confunde-se como seus semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo;
no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o
distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por
conseguinte, da sociedade que resulta de sua união.
O transtorno mental representa uma disfunção da atividade cerebral que pode afetar o humor, o comportamento, o raciocínio, exercício da razão pelo qual se procura alcançar o entendimento de atos e fatos, se formulam ideias, se elaboram juízos, se deduz algo a partir de uma ou mais premissas, a forma de aprendizado e maneira de se comunicar socialmente de um indivíduo. As perturbações mentais e comportamentais são consideradas como entidades com significado clínico quando originam alterações da capacidade cognitiva, do humor (emoções) ou provocam comportamentos que impedem ou dificultam o desempenham das funções pessoais e sociais do indivíduo concreto, de forma sustentada ou recorrente. Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também são fatores que contribuem para os transtornos mentais. Uma organização difere da instituição por definir-se pela prática determinada de acordo com sua instrumentalidade: está referida ao conjunto de meios administrativos com efeitos políticos particulares para obtenção de um objetivo particular.
Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas reparadoras sem caráter expiatório.Do
ponto de vista do trabalho a gestão de carreira envolve duas partes principais:
a da organização e a concepção do indivíduo. Diferentemente de décadas
passadas, quando as organizações definiam as carreiras de seus empregados, na
modernidade o papel do indivíduo na gestão da carreira se torna relevante e
assume um papel progressivamente mais atípico. Os empregados assumem, na
atualidade, o papel de planejar sua própria carreira, sendo estimulados a
acumular conhecimentos científicos e administrar suas carreiras para garantir
mobilidade no mercado de trabalho. No inícioindivíduos buscam desafios, salários atrativos e responsabilidades, após
amadurecerem, passam a se interessar por trabalhos que demandem: autonomia e
independência, segurança e estabilidade, competência técnica e funcional,
competência gerencial, criatividade intelectual, serviço e dedicação a uma
causa, desafio político, estilo de vida. Eis porque é necessário que a inteligência guiada disciplinarmente pela ciência adquira uma importância maior do que tem sido planejado meramente no curso social da vida coletiva.
A
instituição social aspira à universalidade. A organização sabe que sua eficácia
e seu sucesso dependem de sua particularidade. Isto significa que a instituição
tem a sociedade como seu princípio e
sua referência normativa e valorativa, enquanto a organização tem apenas a si
mesma como referência, num processo de competição com outras que fixaram os
mesmos objetivos particulares. Em outras palavras, a instituição se percebe
inserida na divisão social e política e pretende definir uma universalidade
(imaginária ou desejável) que lhe permita responder às contradições, impostas
pela divisão. Ao contrário, a organização busca gerir seu espaço e tempo
particulares aceitando como dado bruto sua inserção num dos polos da divisão social,
e seu alvo não é responder às contradições, e sim vencer a competição com seus
supostos iguais. A
questão nevrálgica refere-se à pergunta: Como foi possível passar da ideia da
universidade como instituição à definição como organização prestadora de serviços?
Em primeiro lugar através da passagem da produção de massa e da economia de
mercado para as sociedades de conhecimento baseadas na informação e
comunicação.
Na esfera de ação política é regulação da existência coletiva,
poder decisório, luta entre interesses contraditórios, disputa por posições de
mundo, confrontos mil entre forças sociais, violência em última análise. Só que
a produção dos processos políticos, baseados em instituições sociais como
esfera de poder, em segundo lugar, se diferencia radicalmente da produção
econômica porque usam eventualmente suportes materiais, como armas, livros,
processos, papéis onde se inscrevem as ordens, os atos de gestão e comunicação,
as sentenças ou as leis, mas não é uma produção material no sentido marxista do
termo.A concepção tradicional de assédio
moral refere-se à exposição de alguém a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e
no exercício de suas funções. São mais comuns em relações hierárquicas, em
geral autoritárias e em oposição assimétrica, em que predominam condutas
negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, de um ou mais
chefes dirigidas aos subordinados, desestabilizando a relação do assediado com
o ambiente de trabalho em uma
organização privada ou pública. É o tipo mais comum de assédio. Seu principal
objetivo é desestabilizar o trabalhador, de forma que este produza mais por
menos, sempre com a impressão de que não está atingindo os objetivos do
trabalho, quando a análise demonstra na maioria das vezes que já foram
ultrapassados. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado.
O assédio moral funciona como uma ideologia que interpela o indivíduo constituindo-o em sujeito. Esta expressão ideológica está presente desde
as primeiras formas sociais de relação de trabalho e constitui-se em um problema
teórico, histórico e ideológico mundial, que ocorre tanto no setor público,
como no setor privada. No assédio moral, não se observa mais um relação
simétrica como no conflito, mas uma relação dominante-dominado, na qual aquela
parte que comanda o jogo de relações sociais procura submeter o outro até
fazê-lo perder a identidade. Quando isto se passa no âmbito da relação de
subordinação, transforma-se em um abuso de poder hierárquico, e a autoridade
legítima sobre um subordinado se torna a dominação da pessoa. No Brasil, não há
uma lei específica para assédio moral, mas esta pode ser julgada por condutas
previstas no artigo 483 da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).A
prática do assédio moral não possui uma legislação específica no Brasil, mas
sua conduta pode ser analisada através da legislação existente, cujos fundamentos
encontram-se, seja Constituição Federal, no Código Civil, no Código Penal, e
seja na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O conceito de assédio moral
organizacional foi desenvolvido, em 2006, pela Procuradora Regional do
Trabalho, Adriane Reis de Araújo, como uma “tecnologia de gestão globalizada”. Um conceito amplo de assédio moral
nos é oferecido por Hirigoyen (1998), segundo o qual pode ser considerado
assédio moral qualquer conduta abusiva, seja através de gestos, palavras,
comportamentos ou atitudes, de forma repetitiva e sistemática, que atinja de
alguma forma a dignidade e a integridade, física ou psíquica, de uma pessoa,
ameaçando seu emprego ou tornando insuportável o clima de trabalho. Uma prática
que tem sido recorrente no ambiente de trabalho tanto na iniciativa privada
quando no serviço público. E consequentemente várias são as condições em que
pode ocorrer o assédio moral. Dentre elas podemos destacar àquelas referentes a
uma determinada tarefa no ambiente de trabalho, seja atribuindo propositalmente
tarefas superiores as que uma pessoa possa realizar ou que afetem sua saúde ou
tarefas humilhantes, seja dando permanentemente novas tarefas ou retirando o
trabalho que normalmente é da competência de uma pessoa, ou ainda criticando
uma tarefa de forma injusta ou exagerada. E mais importante: não transmitir
deliberadamente informações úteis para a realização de tarefas; utilizar
insinuações desdenhosas para desqualificar; enfim, tudo o que possa ser considerado como atentado
contra a dignidade da pessoa.
No
entanto, diferencia-se do conceito moral como descrito por
Marie-France Hirigoyen por tratar esta definição como uma expressão parcial, e,
portanto, deslocar a ênfase do tratamento psicológico do problema, concentrando
a discussão sobre as condições de trabalho e sobre os mecanismos de gestão de
pessoas. O conceito implica em soluções psicológicas e jurídicas que frequentemente
se sobrepõem as perspectivas organizacionais e coletivas da questão. A “escuta
clínica” dos testemunhos revela uma forma de sofrimento psíquico muito
semelhante como ocorre com vítimas do assédio moral: paralisia, inibição da
ação, ansiedade, depressão, síndrome de burnout, e perda do sentido do
trabalho; podendo desenvolver aspectos paranoides. A grande inovação do
conceito de assédio moral organizacional é justamente rejeitar a
individualização das situações de assédio, fugindo da dicotomia vítima “versus”
algoz, discussão pouco operativa por escamotear as fontes organizacionais da
violência no trabalho e responsabilizar exclusivamente os indivíduos pelos
danos ocorridos.
Levantamento
realizado pelo portal Vagas, demonstra estatisticamente que 52% dos trabalhadores relatam ter
sofrido algum tipo de assédio no local de trabalho.Porém, mais de 87% não denunciaram aos órgãos
competentes, o que serviu de alerta para que o tema voltasse à tona dos
debates, visando para dar suporte às vítimas. Propostas de criminalização do
assédio moral no trabalho foram debatidas pela Comissão Senado do Futuro – CSF.
A audiência pública fez parte do ciclo de debates 2022: O Brasil que queremos,
voltado à discussão de medidas para o desenvolvimento social, tecnológico e
econômico brasileiro até o ano em que se comemora o bicentenário da
independência do país. Segundo o presidente da Comissão, senador Hélio José
(Pros-DF), o assunto precisa ser debatido para que a legislação seja
aperfeiçoada e o assédio eliminado das relações de trabalho. “O assédio moral é
a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras
repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas
funções. Não podemos admitir o assédio moral, sexual e nenhum tipo de coação ou
de pressão contra o trabalhador”.
A
maior parte do grupo que relatou ter sofrido assédio no ambiente de trabalho –
39,4% – disse que não fez a denúncia por medo de perder o emprego. Outros
fatores apontados como inibidores foram receio de represálias, citado por 31,6%
dos entrevistados, vergonha (11%), medo que a culpa recaia sobre o denunciante
(8,2%) e sentimento de culpa (3,9%). Já entre os que tiveram coragem de relatar
o fato, 74,6% afirmaram que o agressor permaneceu na empresa mesmo após a
denúncia. Ainda de acordo como levantamento, o assédio moral, caracterizado por
piadas, chacotas, agressões verbais ou gritos constantes, lidera a incidência
de casos. Entre os entrevistados, 47,3% declararam já ter sofrido este tipo de
agressão. As mulheres são as maiores vítimas e respondem por 51,9% dos casos.
Outro grupo declarou ter sofrido assédio sexual, caracterizado por
comportamentos abusivos como cantadas, propostas indecorosas ou olhares
abusivos, somou 9,7% da amostra. As mulheres são definitivamente as mais
afetadas, respondendo por 79,9% da amostra. Já os homens, representam 20,1% do
total.
O
assédio traz consequências para a carreira. Entre as vítimas, 39,6% disseram
que o episódio impossibilitou ou causou dificuldades no desenvolvimento
profissional. Na audiência da CSF, Maura Gonçalves, coordenadora-geral do Coletivo
Nacional de Trabalhadores Assédio Nunca Mais, explicou que o grupo surgiu da
sua experiência com o assédio e tem o objetivo de amparar pessoas em igual
situação. “O assédio moral é uma coisa que deixa o profissional afastado dele
mesmo e de suas funções. Uma situação tão degradante que você não consegue
reagir. Eu passei por assédio moral durante três anos. Ele vai te roubando toda
a possibilidade de se firmar como pessoa e como profissional e você vai
adoecendo”. O coletivo propõe a criação de duas novas normas, uma que
criminalize o assédio moral e outra que reconheça o sofrimento de assédio como
uma doença do trabalho. Maura alerta ainda que muitas vezes as pessoas só
procuram ajuda quando chegam em uma situação extrema e prolongada de assédio, podendo
chegar ao suicídio.
Ricardo
Carneiro, procurador do Trabalho e membro da Coordenadoria Nacional de Promoção
de Igualdade de Oportunidades – Coordigualdade, afirmou que há
pouquíssimas normas de alcance geral no Brasil, a maior parte é de âmbito
estadual ou municipal. Além disso, destacou que a Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT é insuficiente porque não prevê punição ao assediador, exceto
quando se trata de assédio corporativo, não vale para o servidor público e não
abarca os vários tipos de assédio. - “É fundamental que se tipifique o crime
relacionado com o assédio moral. O Ministério Público do Trabalho é a favor da
criminalização do assédio moral que atenda tanto ao setor público quanto ao
setor privado”. Ricardo disse ainda que é preciso ter cautela na criação de uma
nova legislação para que esta não banalize o crime e não seja excessivamente
analítica ou inaplicável. Ele sugere que a conduta seja enquadrada como crime
formal, sem a exigência da produção do resultado para a ocorrência do crime, e
como delito simples, possível de ser praticado por qualquer pessoa. Na falta de
legislação, João Paulo Ferreira Machado, auditor fiscal do Ministério do
Trabalho, recomenda que as vítimas de assédio moral interpessoal anotem com
detalhes as ocorrências e evitem ficar sozinhas com os assediadores. Na
identificação da conduta, ele recomenda que a vítima recorra aos superiores
hierárquicos do assediador e às ouvidorias institucionais, além de sindicatos e
Ministério Público.
A
falta de reconhecimento tem sido também atribuída como uma origem do assédio moral.
Isso porque o trabalho desempenha um papel fundamental à dignidade do
empregado, que somente se encontra em sua plenitude quando este tem o seu valor
reconhecido na sociedade pelo sucesso em
seu trabalho. Nesse sentido, a inexistência do reconhecimento ensejaria um
sentimento de desmotivação, causando, assim, um estado de depressão em que o
trabalhador não tem mais vontade de se dedicar emocionalmente ao trabalho. No
entendimento de Hirigoyen (1998)sobre a
ausência social de reconhecimento, este é evidenciado quando o desprezo pelo
outro tem como significado o primeiro passo na direção do assédio moral e da
violência simbólica. É uma tática inconsciente para manter o domínio e o
processo de desqualificação das pessoas. No estudo das formas de organização, estão
compreendidas as empresas privadas, órgãos públicos etc., mas sabe-se que há a
manifestação de patologias individuais e coletivas atribuídas a esses
ambientes. O que se pretende com essa afirmação é demonstrar que a forma de agir
dessa organização gera um sistema vicioso em que a agressão se torna implícita.
Melhor dizendo, em uma determinada tomada de decisão, em que são estimuladas as
disputas em função da competitividade acirrada entre pares.
No
entanto, há muita coisa ainda em jogo, se bem atendemos no puro ser que constitui
a essência dessa certeza - o trabalho - e que ela enuncia como sua verdade. Uma
certeza sensível efetiva não é apenas essa representação da pura imediatez, mas
é um exemplo da mesma. Essa diferença entre a essência e o exemplo, entre a
imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas, mas a encontramos na
própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma em que nela se encontra. O
outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que
nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto
só porque ele é. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência. Ele é, tanto faz que
seja conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber
não é, se o objeto não souber que pode ser. Trata-se assim da singularidade
imediata de apreensão do objeto como inessencial.Os meios à compreensão do mundo histórico-social podem ser dessa
maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste
ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito.
A
experiência imediata e vivida na qualidade de “realidade unitária” (Erlebnis)
seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas
formas concreta e viva. O contato conceitual de Wilhelm Dilthey com a hermenêutica está relacionado à
sua preparação teológica. Sua reflexão para estabelecer as relações entre significados
e sistemas está presente nos seus longos escritos principalmente
àqueles relacionados sobre as “ciências do espírito”, com oscilações que
ensejam a leitura da sua obra tanto no âmbito psicológico quanto de uma
perspectiva mais propriamente sociológica. Sem dúvida ele recusou algum caráter
de ciência à sociologia, referindo-se às suas variantes positivistas, mas em
sintonia com uma preocupação com os fenômenos históricos em grande escala, nos
quais as dimensões decisivas dizem respeito às formas de organização social da
vida coletiva. Foi o primeiro pensador com uma formulação teórica original,
preocupado em aproximar a hermenêutica do terreno das incertezas da história
social europeia.
A inovação causada por sua teoria foi única e,
por isso, ele está na base de muitas correntes de pensamento que articulam
história e hermenêutica. A hermenêutica tradicional se refere ao estudo da interpretação de textos escritos, especialmente nas áreas de literatura,
religião e direito. A hermenêutica moderna e contemporânea engloba não somente
textos escritos, mas também tudo que há vívido no processo interpretativo. Isso
inclui formas sociais verbais e não verbais de comunicação, assim como aspectos
que afetam a comunicação, como proposições, pressupostos, o significado e a
filosofia da linguagem e a semiótica. Não tem a pretensão de eternizar o homem,
mas possibilitar ao homem se aproximar da vida, por meio de conexões que
integram, aproxima e relaciona os homens. A teoria compreensiva tem uma
importância ética ímpar para o mundo contemporâneo.A base para esse nexo é a relação
da vivência e a categoria do significado. Mas uma
estrutura que aparece como unidade de conjunto onde age o pensamento, os
sentimentos e a vontade.
Considerando
que há um balanço parte e todo no nexo da vivência, o que garante o equilíbrio
para esse balanço é a categoria do significado que para Dilthey, nada mais é do
que a integração num todo que nós encontramos junto e nos remete ao significado
contido na relação parte-todo que encontra na vivência e é seu fundamento. É
neste sentido que Dilthey considera que vida e a mudança dos seus principais
momentos estruturais fazem que a concepção do mundo sempre e em toda a parte se
expresse em oposições, embora sobre um fundo comum. Portanto, é na arte, na
religião e no pensamento que encarnam os ideais que vangloriam a existência de
um povo. Por conseguinte, toda a mundividência é produto da história. A
historicidade revela-se como uma propriedade fundamental da consciência humana.
Os sistemas filosóficos e sociológicos não constituem uma exceção. Como as
religiões e as obras de arte, contêm uma visão da vida e do mundo, inserida na
vitalidade das pessoas que os produziram e em consonância com as épocas em que
vieram à luz do dia; traduzem uma determinada atitude afetiva, caracterizam-se
pela imprescindível energia lógica, porque o filósofo e frequentemente o
sociólogo procuram trazer a imagem do mundo à clara consciência e ao mais estrito
urdimento cognitivo. Um esforço de reflexão e dos conceitos, que gera
uma circunspecção potencial reside o valor prático da atitude
filosófica.
Como
o centro da compreensão está na vida como um todo estruturado, mas sempre
resultando da relação entre individualidades, é possível perceber a conexão
entre a ética e a teoria compreensiva. Em verdade uma concepção da teoria, ao
longo de quase meio século, permeada lado a lado por um motivo básico: uma
unidade cuja garantia de existência é a presença do sentido. Há uma démarche
que atravessa o homem, e nesta noção de sentido está a marca de uma concessão
fatal a uma metafísica.Ele desejava
evitar tanto quanto o empirismo dos positivistas, desde que fique clara a
dimensão de ser criador de significados, que não é simplesmente a noção ampla
de vida, mas sua unidade constitutiva, a vivência, representada em toda
experiência humana. Ipso facto, a história é suscetível de conhecimento porque
é obra humana; nela o sujeito e objeto do conhecimento formam uma unidade.
Nessa direção chega-se à formulação final da concepção de Dilthey. Seus
elementos são: vivência, expressão e compreensão. A vivência surge nesse ponto,
como algo especificamente social – pela sua dimensão intersubjetiva, e cultural
– pela sua dimensão significativa -, para além do seu nível psicológico ou
mesmo biológico porque guarda na memória. Trata-se de um ato de consciência,
que propõe e persegue fins num contexto intersubjetivo.
As
interações humanas ganham corpo nas diversas formas de “manifestação de vida”
através da arte, filosofia, religião, ciência, como expressão desse caráter
objetivo que a experiência, intersubjetivamente constituída assume. Sua
concepção metodológica articula-se, portanto, em torno do movimento de ir e vir
que ocorre entre a vida, como conjunto de vivências e as formas objetivas que
seus resultados assumem na sua expressão. A referência às “vivências”, segundo
Gabriel Cohn, visa a preservar esse caráter imediato, no qual só é possível
compreender aquilo de que o próprio intérprete, pois é evidentemente de interpretação que se
trata, e não de mera observação especulativa, é também o produtor; ou seja, os propósitos, os fins
e os valores, ainda que ao intérprete caiba mais propriamente reproduzi-los, na
sua tarefa de reconstituir o processo da sua produção primeira. Enfim, a
diferenciação das ciências particulares da sociedade não se realizou por um
artifício da “inteligência teórica”, em resolver o problema posto pela
existência do mundo mediante a análise metódica do objeto de investigação: a
própria vida a realizou.
Por
fim, fica evidente que, na segunda metade do século XIX, todas as metafísicas
não podem ser classificadas como ciências, mesmo os grandes novos sistemas do
idealismo alemão. Por esta razão, Dilthey as declara “visões de mundo” que não
são comprováveis, mas também não são refutáveis e, por esta razão, permanecem
em eterno conflito entre si. Os três tipos de metafísica discernidos por
Dilthey – naturalismo, idealismo subjetivo e idealismo objetivo – têm a mesma
posição perante as ciências das três religiões monoteístas em Lessing: elas têm
uma verdade existencial, mas não uma verdade científica. A verdade é que há que
uma diferença crucial no despontar do pensamento heideggeriano e a assunção de
uma via histórica representada por influência de Wilhelm Dilthey e Heinrich
Rickert. Com Dilthey, Martin Heidegger percebeu que não se devem tratar as
questões filosóficas de maneira a-histórica,
mas sim as enraizando no seu contexto histórico particular, onde qualquer
experiência embora seja singular, a mesma só pode ser apreendida quando fazem
parte de uma “comunidade de sentido”. Mais uma vez compreendermos algo da ordem
“singular-universal”. Essa vivência singular encerra em si uma ligação com o
todo de um determinado tempo histórico, o que o próprio Dilthey irá chamar de “visão
de mundo”.
Com
o golpe de Estado de 17 de abril de 2016 reafirma-se a tese segundo a qual o
Brasil representa uma sociedade midiática desinformada e autoritária.
Apesar de a lei permitir que o presidente da República escolha qualquer um dos três nomes, o primeiro da lista é tradicionalmente o escolhido pelos últimos governos. Em 2018, último ano de Michel Temer, todas as sete nomeações divulgadas pelo MEC foram do candidato mais votado, mesmo quando a pasta questionou juridicamente a lista tríplice. As sete ocasiões em que o escolhido pela universidade ou instituto não resultou em nomeação neste ano aconteceram na Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina Historicamente a reconstrução da democracia ganhou ímpeto após o fim da
ditadura civil-militar, em 1985. Uma das marcas episódicas é a voga que assumiu
a palavra cidadania. Políticos, jornalistas, intelectuais, líderes sindicais,
dirigentes de associações, simples cidadãos, quase todos a adotaram. A
cidadania, com a liberdade dos meios de comunicação caiu na ideologia. Ela
substituiu o próprio povo na retórica política. Havia ingenuidade no
entusiasmo. A crença na democratização das instituições, na
manifestação do pensamento social e político livre, na ação política e sindical
livre. Isto quer dizer o seguinte a formação social brasileira é autoritária
desde as suas origens. É racista do ponto de vista da formação do Estado
nacional e da estrutura das classes sociais. É violenta no sentido estrito de
extermínio humano como tem ocorrido no dia-a-dia.
A
qualidade de vida é um tema que merece destaque pelo fato de se tratar de
questões sociais, conjunturais e políticas relacionadas diretamente com a
maneira com que os indivíduos conduzem sua forma de vida. A qualidade de vida
no trabalho pode ser definida como o conjunto das ações dentro da empresa que
envolve a implantação e manutenção de melhorias e inovações gerenciais,
tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Representa, portanto, como
a gestão e a educação para o bem-estar no trabalho, com decisões e escolhas
baseadas na cultura organizacional e no estilo de vida dos diferentes segmentos
ocupacionais. Apesar de ser uma linha de estudo recente e necessitar de
detalhamento de situações concretas para melhor compreensão do tema, a
qualidade de vida no ambiente de trabalho tem sido com diversas concepções e
teorias, que trouxeram à tona fatores preponderantes e pioneiros para o
desenvolvimento da atividade administrativa em função das condições adequadas
de trabalho, incentivos e recompensas salariais oportunas, cuidados com a saúde
do trabalhador etc.Isto
porque o capital representa uma relação social entre pessoas, relação que se
estabelece por intermédio de coisas. Resulta que tais
relações se convertem em mercadorias porque são os produtos dos trabalhos
privados executados com independência uns dos outros.
Para os trabalhadores as
relações de seus trabalhos privados parecem o que são, isto é relações
sociais imediatas das pessoas em seus trabalhos, senão relações sociais entre
coisas. Só em seu intercâmbio os produtos do trabalho adquirem como valores,
uma existência social idêntica e uniforme, distinta da material e uniforme que
têm como objetos de utilidade. Esta divisão do produto do trabalho em objeto
útil e objeto de valor se ampliam na prática quando o intercâmbio adquire
bastante extensão e importância, de modo que os objetos úteis se produzam com
vistas ao intercâmbio e seu caráter de valor tenha-se já em conta em sua mesma
produção. O futebol, em sua dimensão globalizada, mediatizada pelas relações
políticas competitivas entre nações e nacionalidades demonstra cabalmente como
se dão tais relações sociais e de produção no imaginário individual (os sonhos) e
coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), distribuídas através das rede de televisão. A cidadania pode
ser classificada como um status concedido pelo Estado que equiparam aos
direitos civis os membros de uma sociedade, concedendo-se ao cidadão um
conjunto de direitos e obrigações de ordem civil, política e social. Na crítica
à historiografia se chamam de “cidadãos incompletos”
aqueles que possuem alguns dos três direitos compreendidos pela cidadania, em
oposição àqueles que não se beneficiam de nenhum dos direitos. No estado do Ceará o assédio moral se esgueira como sombra em reconhecida universidade pública. Algumas mulheres sabem disso, mas se o assédio moral se referir à categoria sexual masculina é melhor que a situação seja velada. A
questão da demarcação acrescenta outra dimensão ao problema, uma vez que nem
todas as ações sociais discursivas relativas envolvidas no reconhecimento e no
reconhecimento equivocado são explícitas. O ato de delimitação opera de acordo
com uma forma performativa de poder que estabelece um problema fundamental da
democracia interna/externa em determinado grupo de trabalho coletivo de professores/as ao mesmo tempo em que
fornece o seu termo chave: estamos diante da blindagem acadêmica. Esta tese implica na seguinte
questão: se a performatividade é com
frequência associada ao desempenho individual, pode se provar, segundo Butler
(2018), passa a ser importante reconsiderar essas formas de performatividade que operam apenas por meio das formas de ação
coordenada, cujas condições e cujo objetivo são a reconstituição de formas
plurais de atuação e de práticas sociais de resistência. Portanto, esse
movimento ou inércia, esse estacionamento do meu corpo no meio da ação do
outro, não é um ato meu ou de outros, mas algumas coisas que acontece em
virtude da relação entre nós, surgindo dessa relação, usando frases equívocas
entre o eu e o nós - ele está gritando - buscando a uma só vez preservar e disseminar
o valor generativo desse equívoco, uma relação ativa e deliberadamente
sustentada, uma colaboração distinta da fusão ou confusão alucinatória.
Bibliografia geral consultada.
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Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2017; SERRANO, Patrícia Mattoso, Assédio
Moral nas Relações de Trabalho: Estudo Comparado Brasil e Estados Unidos da
América. Tese de Doutorado em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2017; BUTLER, Judith, Corpos em
Aliança e a Política das Ruas. Notas para uma Teoria Performática de Assembleia.
1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2018; entre outros.
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