“Ah! felicidade. Em que vagão de trem noturno viajarás?”. Chico Buarque
Os
trilhos ou também chamados carris são perfis de aço laminado, dispostos de forma paralela entre
si, sobre dormentes as quais são peças de madeira, de concreto armado, de aço
ou ainda de polímeros. Os trilhos são fixados sobre os dormentes através de
elementos de fixação, compostos por grampos ou tirafundos. As travessas
assentam por sua vez em cima de brita, composto por rochas trituradas em
granulometrias definidas. O conjunto forma as denominadas vias-férreas por onde
podem circular trens (comboios), bondes (elétricos), automotoras. As pedras nos
trilhos do trem podem se mover ou se mexer devido à expansão do calor,
vibrações ocasionadas pelo trem e até mesmo pelo movimento da terra. Para
deixar o terreno preparado, essas pedras são jogadas antes da colocação de
vigas de madeira, que estruturam os trilhos, e depois, colocam ainda mais
pedras. Por último, os ferros do trilho são instalados e ancorados para
mantê-los sempre para baixo. As pedras são esmagadas e colocadas irregularmente
de maneira proposital. Quando estão gastas, uma máquina de compactação auxilia
a repor o material ao longo da malha viária. A palavra “lastro” está
relacionada com o mar, e no meio náutico, sociologicamente do ponto de vista da análise comparada, esse nome é referente às pedras que
dão estabilidade às grandes embarcações e navios em partes em que são atracados.
As
ferrovias representam o meio de transporte terrestre com maior capacidade de
transporte de carga e de passageiros. Em muitos países em desenvolvimento da
África e da América Latina, as ferrovias foram preteridas pelas rodovias como
tipo de transporte predominante. Exceto no Reino Unido onde foi inventado esse
sistema (cf. Dobb, 1946), todos os países tiveram que ter o Estado patrocinando
a criação de ferrovias. As rodas dos trens se encaixam nos trilhos, mantidos a
uma distância específica constante, chamada bitola. A função das travessas é
manter os carris na mesma bitola, para evitar distâncias irregulares. Acidentes
provocados pela saída das rodas dos carris são chamados descarrilamentos. O
percurso das ferrovias é pontuado por estações, gares, ou terminais, dispostos
em locais estratégicos, como concentrações populacionais: as cidades, vilas,
povoados, ou de produção: fazendas, indústrias, portos. Devido o peso do trem e
sua carga específica, as ferrovias não possuem condições técnicas de subir e
descer montanhas, como os caminhões fazem nas rodovias, com
isso a principal solução encontrada foi a criação de túneis e pontes de grande
altura.
A
estrada de ferro foi considerada a maior conquista da Revolução Industrial depois
da máquina a vapor. Esta substitui as forças vitais pela força mecânica e
transformou radicalmente não só a estrutura de produção industrial, mas também
os meios de comunicação. Os caminhos de ferro, além de resolverem o problema do
transporte e comunicação da sociedade contemporânea, impulsionaram a indústria de
bens de capital acelerando, assim, a transformação na indústria metalúrgica. A
Inglaterra - berço das ferrovias - exportou grande soma de capital e tecnologia
para o resto do mundo. Alguns números comprovam tal fato. Entre 1850 e 1875, o
país exportou anualmente uma média de 15 milhões de libras. Em 1880, os aportes
de capitais ingleses alcançam a cifra de 179 milhões de libras na América
Latina. Desse montante, 35,8 milhões foram investidos no Brasil. E a maior parte
desses investimentos destinava-se à construção ferroviária. Porém, a
implantação de vias férreas sobre o conjunto dos países latino-americanos foi
morosa e espacialmente irregular, como todo processo de modernização dependente
ocorrido no continente. A penetração dos trilhos no território acompanhou a
expansão e regionalização da economia primário-exportadora. As linhas de ferro
foram construídas segundo interesses de grupos dominantes nacionais e estrangeiros.
A
ferrovia Transiberiana é uma das mais antigas estradas de ferro do mundo. O
principal trecho da ferrovia com extensão de 7500 km, que vai de Tcheliábinsk a
Vladivostok, foi construído entre 1891 e 1916. O transporte direto de
passageiros entre Moscou e Vladivostok só teve início após a conclusão da
construção da ponte sobre o rio Amur, junto à cidade de Khabárovsk, no ano de
1916. Antes disso, para percorrer o mesmo trajeto, eram utilizados trechos da
estrada de ferro Chinesa-Oriental e a viagem em um único sentido prolongava-se
por 16 dias. A construção de uma ferrovia de tais dimensões foi realmente um
evento importantíssimo para o Império Russo. Prova disso é o fato de que o
príncipe Nikolái Aleksándrovitch, por incumbência do tzar Aleksandr III, esteve
presente na missa celebrada para o lançamento das bases da ferrovia. A ideia de
uma ferrovia na região surgiu, no século XIX, como alternativa para desbravar e
desenvolver economicamente as longas distâncias daquele território de dimensões
continentais com mais de 17 milhões de km², considerado o maior país do mundo.
Para se ter uma ideia de planejamento econômico e político que o governo russo
tinha para ver aqueles linhas férreas em funcionamento, a cada ano eram
acrescentados novos mil km de trilhos, cujo auge das obras otimizadas no período
de 1895 a 1896 contou a força de trabalho aproximada de 84 mil trabalhadores.
Ipsofacto a implantação das ferrovias
iniciada no século XIX ocorreu simultaneamente no mundo globalizado.
No Brasil, a assinatura do primeiro decreto e de suas primeiras concessões
coincide com a primeira fase do boom ferroviário, do ponto de vista da análise
comparada, verificado na Inglaterra entre 1835 e 1837. Nos países ditos
centrais, em oposição às periferias, as linhas ferroviárias alcançaram, até o
ano de 1900, quase que a sua extensão total, permitindo integrar os territórios
e ligar as principais cidades. Desde o seu surgimento, o trem, chamado no
continente negro de “cobra de ferro”, é considerado uma das maiores conquistas
da técnica, no âmbito da revolução industrial, seguido da invenção do
telégrafo, do telefone, da lâmpada elétrica e da “sétima arte”, usado para
designar o cinema, estabelecido por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete
Artes”, em 1912, publicado apenas em 1923, coincidindo com o nascimento da
Escola de Frankfurt. A construção das ferrovias ocorreu de forma ímpar na
relação espaço e tempo, constituindo a base definidora entre regiões
competitivas ou potencialmente, acelerando e acentuando, desse modo a
diferenciação das regiões. Diferenciação que estava relacionada com as
técnicas e normas como memória e atravessasse a própria existência.
Com
o surgimento das empresas ferroviárias um novo ambiente normativo foi sendo instituído
para regular o funcionamento das ferrovias e da dinâmica do sistema. As normas definiram
grande parte do funcionamento da sociedade e das regiões, que passaram a ter como
parâmetro de organização e de circulação os horários e os traçados das
ferrovias. Foi o período que deu início à emergência de espaços racionalizados
e ao processamento de transporte nacional, e depois à configuração de espaços
em processo de internacionalização. As ferrovias deram origem há um complexo
sistema de divisão internacional do trabalho, devido ao incremento de
produtividade nos transportes. Contribuíram para modificar a relação entre tempo
e movimento dos homens e reduzir o lapso de tempo que permitiu instalar uma
ponte entre lugares distantes, tornando-os reais.Os sistemas de transporte dinamizaram-se após
o surgimento das ferrovias e na organização das empresas e dos países. As
escalas de planejamento das empresas e do Estado mudaram possibilitando a
planificação das ações e especialização/diferenciação das regiões. O poderio mercantil
que estava restrito principalmente aos portos avançara sobre o interior dos territórios
com grande velocidade. O surgimento das ferrovias no início do século XIX na Inglaterra
e na metade do mesmo século no Brasil contribuiu para a organização das
relações comerciais e sociais entre regiões, países e continentes. Modificaram
a configuração de muitos países, como foi o caso dos Estados Unidos da América
que em meados do século XIX, conseguiram integrar o país e transformar a
atuação das empresas de regional para nacional e também no plano internacional.
Tomando-se
o início do século XX, por volta do final da década de 1930, como um patamar em
que o sistema ferroviário alcançou sua conformação, segundo Antônio Zorzo
(2003), pode-se contar sua representação que eram sete as principais linhas
ferroviárias que se construíram na Bahia. A primeira ia da capital, Salvador, à
Juazeiro passando, por Alagoinhas que começou a ser construída em 1956. A segunda,
iniciada em 1867, a Estrada de Ferro Central da Bahia, ia de Cachoeira para
Feira de Santana e para a Chapada Diamantina. A terceira, que ia de Nazaré a
Jequié, foi começada em 1871. A quarta, a Estrada de Ferro de Santo Amaro foi
começada em 1875. A quinta, a Estrada de Ferro da Bahia a Minas, foi iniciada
em 1991. A sexta, na verdade era uma ligação do Ramal de Alagoinhas a Timbó com
a Estrada de Ferro de Sergipe, de 1884. A última, a Estrada de Ferro de Ilhéus
a Vitória da Conquista, obra de 1904. Salvador e a região do Recôncavo eram as
zonas mais bem servidas pela rede de ferrovias. A rede atingiu 38.000 km de
ferrovias, mas foi sendo desativada a partir de 1960. Vale dizer que hoje funciona
apenas uma pequena parte da antiga rede, sendo operada pela poderosa FCA/Vale -
Ferrovia Centro Atlântica/Companhia Vale do Rio Doce.
Quanto à rede urbana baiana, de acordo
com a análise de Zorzo (2003), pode-se conferir a população urbana das dez
cidades baianas com mais de 10 mil habitantes em 1940: Salvador com 290.443
habitantes; Ilhéus, 19.751 hab.; Itabuna, 15.712 hab.; Feira de Santana, 14.131
hab.; Nazaré, 13.268 hab; Alagoinhas, 13.317 hab.; Jequié, 13.268; Santo Amaro,
10.929 hab; Juazeiro, 10.831 hab.; Cachoeira, 10.374 hab. Para se ter uma ideia
da relação de sinergia entre a rede urbana e a ferrovia, na data de 1940, vale
constatar que todas essas cidades, que podem ser consideradas dentre as mais
importantes da Bahia, eram servidas pela rede ferroviária. Segundo Zorzo, as
cidades analisadas, como Salvador, Nazaré e Jequié, foram fortemente afetadas
pela chegada da ferrovia. Salvador, Nazaré e Jequié eram localidades com características
próprias e, por isso mesmo, sofreram o impacto da ferrovia de modo distinto, tornando-se
capitais regionais importantes, em tempos diferentes. Vale lembrar que estas
três cidades exemplificam nitidamente tipos distintos de cidades brasileiras.
Comparando-se as três cidades, Salvador foi a grande metrópole colonial
brasileira, Nazaré foi uma cidade que frutificou no período do Segundo Reinado,
Jequié desenvolveu-se na fase republicana. Enfim,
Salvador foi a grande capital do Brasil Colônia. Ela foi fundada como cidade
sede da capitania e do Governo Geral, em 1549; foi cabeça da primeira rede
urbana brasileira, a do Recôncavo Baiano. Salvador foi a primeira cidade da
Bahia a ter ferrovia inaugurada em 1860. As obras ferroviárias, que começaram
em 1856, estão entre as primeiras do país. A capital da província da Bahia foi
a praça comercial por onde fluíram os recursos financeiros necessários para a
construção das ferrovias, somando recursos regionais com o capital nacional e
internacional. O capitalismo do século XIX na Bahia era do tipo agroexportador e
importador de objetos fabricados ou beneficiados fora. O estoque de capital
local na sua maioria pertencia à classe comercial. A ferrovia não chegou ao
centro da cidade, que na época foi atendido por trilhos de bondes. A estação
central na Cidade Baixa tinha uma conexão mais evidente com o porto e com a
Baía de Todos os Santos. A principal linha se dirigia ao Recôncavo da Baía na
faixa mais imediata e à Juazeiro, passando por Alagoinhas. De resto as ligações
com outras vias e ferrovias foram por muito tempo por barco. Isso se deve à
estratégia de preservação de interesses econômicos de antigos proprietários
capitalistas.
A
retomada dos investimentos em ferrovias, voltados principalmente para o
escoamento dos produtos agrícolas, implica em reorganização e uso planificado do
território. São necessárias normas técnicas para o funcionamento dessas
regiões, para a regulação das relações econômicas entre os diversos agentes.
São justamente essas mudanças que condicionam a história nas relações de
produção. Tanto a privatização do sistema ferroviário como a produção agrícola
dos novos fronts são eventos que
implicam na mudança das práticas e da lógica que preside a organização social
do espaço.O sistema ferroviário
brasileiro para o transporte de cargas e de passageiros de longa distância tem
cerca de 29 000 km. Em 1994, foi operado por quatro grandes empresas, três das
quais da União: a Rede Ferroviária Federal S.A, a Estrada de
Ferro Vitória - Minas (EFVM) e a Estrada de Ferro Carajás (EFC), essas duas
últimas pertencentes à estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A quarta
operadora, a Ferrovia Paulista S.A., é de propriedade do estado de São Paulo.
Compõe
ainda o sistema de comunicação ferroviária, representando em torno de 1,4% da malha,
a Estrada de Ferro Campos do Jordão, com objetivo turístico e vinculado à
Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, a Estrada de Ferro Amapá, a
Estrada de Ferro Perus-Pirapora, a Estrada de Ferro Votorantim, a Estrada de
Ferro Jari - (as quatro últimas de propriedade privada, e a Estrada de Ferro
Mineração Rio do Norte do grupo Companhia do Vale do Rio Doce, todas dedicadas
ao transporte de produtos específicos, especialmente minérios. À pequena extensão
da malha ferroviária somam-se distorções
técnicas provenientes do seu traçado, das bitolas diferenciadas e, certamente,
da ausência da manutenção apropriada do sistema. Com exceção das chamadas
linhas de minério, a Concessionária Estrada de Ferro Vitória a Minas S.A.,
também conhecida pela abreviação EFVM, é uma empresa ferroviária brasileira que
interliga a Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, a Belo
Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, trecho da EF-262. Sua locação se
iniciou no final do século XIX e tinha como objetivo inicial simultaneamente o
transporte ferroviário de passageiros e escoamento da produção cafeeira do Vale
do Rio Doce e Espírito Santo.
A
EFVM é uma das poucas ferrovias brasileiras a manter o transporte contínuo de
passageiros, com o número insignificante de 3 mil usuários diariamente, o que
lhe confere apenas importância turística. Juntamente com a Estrada de Ferro
Carajás (Pará–Maranhão) e a Noroeste do Brasil, é uma das últimas ferrovias a
realizarem este serviço em longa distância, mantendo um total de 30 pontos de
embarque e desembarque em 42 municípios atendidos pela extensão dos 664
quilômetros percorridos pelo trem de passageiros, transportando uma média de
cerca de 1 milhão de passageiros ao ano, segundo informações de 2014. O trem
atravessa a região com significativa quantidade de montanhas e rios e que tem
como vegetação típica alternância entre a Mata Atlântica e o Cerrado, estando
grande parte de sua extensão às margens do rio Doce, até chegar às famosas
praias capixabas. Durante a alta temporada, o comboio é composto por 2
locomotivas (G12 e G16), 1 grupo gerador, 1 carro comando, 1 carro lanchonete,
4 carros executivos e 13 carros de classe econômica. Na baixa temporada, a
formação fica a cargo de 2 locomotivas (G12 e G16), 1 grupo gerador, 1 carro
comando, 1 carro lanchonete, 4 carros de classe executiva e 7 carros de classe
econômica. Em 2014, foram substituídos por uma nova frota,
comprados na Romênia, que passou a contar inclusivamente
com vagão para “cadeirantes”, ar-condicionado em todos os compartimentos e
portas com abertura automática e sensor de presença.
Seu
escopo foi alterado em 1908, passando a visar Itabira e escoamento do minério
de ferro extraído no município até os complexos portuários capixabas. A partir
da construção da via férrea, estruturaram-se povoados que deram origem a novos
municípios, tais como Coronel Fabriciano e ao Vale do Aço, cujo crescimento
industrial só foi possível pela existência da Estrada de Ferro Vitória a Minas,
que também passou a servir como forma de escoamento da produção das indústrias
locais. Em 1994, a ferrovia alcançou a capital mineira, configurando-se como a
única no Brasil a fornecer trens de
passageiros com saídas diárias a longas distâncias. Também concorrem neste
aspecto a Estrada de Ferro Carajás ou EF-315 com 892 km de extensão, em bitola
larga, operada pela mineradora Vale S.A. Passa pelos estados do Maranhão e do
Pará, ligando o Porto do Itaqui no município de São Luís (MA) a Marabá e
Parauapebas (PA). É
a maior ferrovia de transporte de passageiros em operação no Brasil, possuindo
5 estações e 10 pontos de paradas, percorrendo São Luís (MA), Santa Inês (MA),
Açailândia (MA), Marabá (PA) e Parauapebas (PA). A Estrada de Ferro Carajás é especializada no transporte de minério de ferro extraído da Serra dos
Carajás, em Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá, e transportados
até o porto da Baía de São Marcos no Maranhão para exportação.
Por seus
trilhos, são carregados mais de 120 milhões de toneladas de carga e em torno de
350 mil passageiros por ano. Existem também os segmentos chamados de Linha do
Centro e Ferrovia do Aço da Rede Ferroviária Federal S. A., mais alguns corredores
a Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA), uma empresa ferroviária que pertencia ao
estado de São Paulo, embora sua malha se estendesse Pelo estado de Minas Gerais
até Araguari, um município localizado no norte do Triângulo Mineiro, tendo
também um ramal até a cidade de Sengés, no Paraná. Foi extinta ao ser
incorporado à Rede Ferroviária Federal no dia 29 de maio de 1998. As demais
linhas, com poucas novas variantes, permanecem com os traçados de sua
implantação ocorrida anteriormente a 1940. Essa implantação, quase sempre com padrões
do século XIX, servia aos imperativos econômicos do Segundo Reinado. A
ferrovia, que surgiu no início do século XIX, contribuiu para o início de uma
nova sociedade, de uma nova relação entre agentes, países e regiões e para uma
formação espacial muito mais complexa. Esta nova realidade alterou as relações econômicas entre diferentes localidades, reduziu a distância
social medida em tempo e espaço e fomentou grande parte das cidades que conhecemos
atualmente.
Desde
2010 a Estrada de Ferro Carajás está passando por um processo de duplicação,
que pode vir a diminuir os atrasos no transporte de passageiros e cargas da
ferrovia. Está prevista a duplicação de 570 km desta malha, incluindo a
construção de um novo ramal ferroviário com 101 km ligando a nova mina Canaã
S11D, perto de Carajás, à ferrovia. Os maiores trens do mundo trafegam na Estrada de Ferro Carajás com 330 vagões e 3,3 km de extensão. O sistema chamado Locotrol, que permite o transporte de mais vagões em um mesmo trem, controla a tração (força) e a frenagem de trens de forma sincronizada e independente. A maioria das composições de 330 vagões são
puxadas por três locomotivas. Os trens usam o combustível B20 – mistura
de 20% de biodiesel vegetal com 80% de diesel -, diminuindo a emissão de CO2. Em
2015, foram transportadas 4,2 milhões de toneladas de grãos. Em
2016, EFC transportou 156,6 milhões de toneladas de carga, sendo 151,8 milhões
de toneladas em minério de ferro, além de cobre, níquel, grãos: soja, farelo e milho,
combustível e celulose. O Terminal do Porto do Itaqui (Tegram) recebe
em média 26 mil toneladas de soja e milho por dia. De janeiro a outubro
de 2017 foram escoados 5,5 milhões de toneladas de grãos pela EFC, um
crescimento de 31% entre 2017 e 2015. De 2014 a 2017, foram escoados 11,7
milhões de toneladas de grãos entre Porto Nacional (TO) e o Porto de Itaqui
(São Luís).
A
consolidação da unificação das ferrovias vai ocorrer no governo de Laudo Natel,
quando este através do decreto nº 10.410, de 28.10.1971, sancionou a criação da
nova empresa, oficializando, a FEPASA - Ferrovia Paulista S/A. Para solucionar
conflitos de caráter jurídicos trabalhistas, o Estado criou a Lei Número 200,
de 13 de maio de 1974, respeitando assim as leis que concediam direitos e
deveres, aos empregados do Estado de São Paulo. Ao invés de ocorrer uma fusão
entre todas as companhias, como preceituava a letra da lei, foi decidido em
Assembleia Geral Extraordinária convocada para o dia 10 de novembro de 1971,
alterar previamente a denominação social da Companhia Paulista de Estradas de
Ferro para FEPASA - Ferrovia Paulista S.A.
seguido de incorporação à FEPASA do acervo total da Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro, da Estrada de Ferro Araraquara S.A., Estrada de Ferro
Sorocabana S.A. e Estrada de Ferro São Paulo e Minas. As quatro companhias
foram extintas e tiveram incorporados os seus respectivos acervos à FEPASA. Em
2 de janeiro de 1998 a FEPASA foi federalizada e incorporada à Rede Ferroviária Federal S.A., após a autorização
dada pela Assembleia Geral Extraordinária ocorrida em 29 de maio de 1998.
Com
isso, o trecho correspondente a malha ferroviária da antiga Ferrovia Paulista
S.A., passa a se chamar de Malha
Paulista. Com o leilão de concessão da Malha Paulista, ocorrido no dia 10
de novembro de 1998, na Bolsa de Valores de São Paulo, foi vencedor o consórcio
ligado à Ferrovias Bandeirantes S.A., concessão essa por um período de 20 anos
renováveis em igual prazo, a partir de 1 de janeiro de 1999, quando assumiu o
controle do trecho paulista. Com o passar do tempo, a ferrovia teve seu
controle indireto assumido pela América
Latina Logística, tendo em vista a operação privatista de incorporação de
ações do holding Brasil Ferrovias à
ALL. A holding governamental RFFSA
foi dissolvida de acordo com o Decreto nº 3.277 de 7 de dezembro de 1999,
entrando em liquidação, iniciada em 17 de dezembro de 1999, por deliberação da
Assembleia Geral dos Acionistas, conduzida sob responsabilidade de uma Comissão
de Liquidação, com o seu processo supervisionado pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, através do Departamento de Extinção e Liquidação - DELIQ. A parte da malha
ferroviária da FEPASA utilizada para o transporte suburbano nas regiões Oeste e
Sul da Grande São Paulo permaneceu sob o controle do governo do Estado de São
Paulo através da CPTM - Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Com
as ferrovias do ponto de vista do processo de trabalho e comunicação ocorreu o
começo do fim do isolamento das pessoas e das regiões. As trocas mercantis
aumentaram no começo do século e no período desenvolvimentista contribuíram
para o surgimento de regiões especializadas em determinado tipo de produto. As
empresas abrangência local, passaram a atuar nas escalas nacional e internacional,
necessitando, de novas técnicas e normas para gerir os recursos materiais e
imateriais. A organização das empresas foi possível também graças ao surgimento
do telégrafo, que evoluiu junto com as ferrovias. Com o surgimento das empresas
ferroviárias, um novo ambiente normativo foi sendo instituído para regular o
funcionamento das ferrovias e da dinâmica do sistema. As normas definiram
também grande parte do funcionamento da sociedade e das regiões, que passaram a
ter como parâmetro de organização e de circulação os horários e os traçados das
ferrovias. Esse período compreendido entre o início do século XIX e meados do
século XX, verificou-se uma nova organização do mundo e das relações econômicas
baseada numa crescente diminuição da fricção interétnica. Com o
emprego de técnicas, a ferrovia e o telégrafo, permitiu a aceleração do fluxo
de pessoas e bens materiais e imateriais, como informação, relatórios e
cotações de preços. Utilizada pelas empresas e organizações, essas técnicas
permitiram as primeiras percepções da possibilidade da ação à distância quase
que de forma imediata. Foi o início da convergência dos momentos e de um novo uso
do tempo e do espaço.
Bibliografia
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Artigo: “7,6 mil sucatas vão ser tiradas de linhas de trem”. Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/30/08/2012; SILVA, Gabriel Gomes, Estudo de Vibrações Induzidas por Linhas Férreas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Modelagem e Otimização. Catalão: Universidade Federal de Goiás, 2017; FICI, Ricardo Petrillo, O Sistema Ferroviário Mundial: O Caso Brasileiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 2017; SILVA, Stanley Plácido Rosa, O Tramway da Cantareira e sua Relação com o Desenvolvimento Local: Infraestrutura Urbana e Transporte de Passageiros (1893-1965). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Econômica. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; entre outros.
“The death of the forest is the end of our life”. Dorothy Stang
Todas
as tentativas feitas até hoje para resolver os problemas do sonho partiam
diretamente do conteúdo onírico manifesto dado na memória, esforçando-se
para obter a partir dele a interpretação do sonho ou, quando renunciavam a uma
interpretação do sonho ou, quando renunciavam a uma interpretação, para
fundamentar seu juízo sobre o sonho por referência a esse conteúdo. Para Freud
(2017) somos os únicos a nos defrontar com outros fatos; para nós, um novo
material psíquico se introduz entre o conteúdo onírico e os resultados de nossa
observação: o conteúdo onírico latente – ou os pensamentos oníricos –
obtido pelo nosso método. Foi a partir desses pensamentos, e não do conteúdo
onírico manifesto, que desenvolvemos a solução do sonho. Por isso também se
apresentou a nós uma nova tarefa que antes não existia, a de investigar as
relações de conteúdo onírico manifesto com os pensamentos oníricos latentes e
pesquisar os processos que levaram estes a se transformarem naquele. Os
pensamentos oníricos e o conteúdo onírico se mostram a nós como duas figurações
do mesmo conteúdo em duas línguas diferentes, melhor dizendo, se apresenta como
uma tradução numa outra forma de expressão, cujos signos e leis sintáticas
devemos conhecer pela comparação entre o original e a tradução. Os
pensamentos oníricos são compreendidos.
Uma
observação perspicaz de Stricker, segundo Freud, chamou nossa atenção para o
fato de as manifestações de afeto no sonho não poderem ser despachadas com o
desdém com que, despertos, costumamos nos livrar do conteúdo onírico: - Quando
tenho medo dos ladrões no sonho, os ladrões em dúvida são imaginários, mas o
medo é real”, e o mesmo acontece quando me alegro no sonho. Segundo o
testemunho de nossa sensibilidade, o afeto experimentado no sonho de forma alguma
é inferior comparado aquele de mesma intensidade que se experimenta na vigília,
e mais energicamente do que pelo seu conteúdo de representações, é pelo seu
conteúdo de afetos que o sonho reivindica o direito de ser incluí entre as experiências
reais da psique. Não realizamos essa inclusão na vigília porque não sabemos
avaliar psiquicamente um afeto a não ser ligando- a um conteúdo de
representações. Se o afeto e a representação não se corresponderem segundo o
tipo e a intensidade, nosso juízo de vigília fica desnorteado. Strümpell
afirmou que nos sonhos as representações são privadas de seus valores
psíquicos. Porém, o contrário também não falta no sonho, ou seja, que surja uma
intensa manifestação de afeto no caso de um conteúdo que não parece oferecer
ocasião para a liberação do afeto. Encontro-me em sonhos numa situação
terrível, perigosa ou repugnante, porém não sinto qualquer medo ou repugnância;
em compensação, outras vezes me apavoro com coisas inofensivas e me alegro com
coisas pueris. Esse enigma desaparece tão súbita e completamente como talvez
nenhum outro dos enigmas oníricos se passarmos do conteúdo manifesto ao
latente.
Do ponto de vista sociológico,
ambientalismo, é movimento ecológico ou movimento verde que consiste em uma diversidade
de correntes de pensamento e movimentos sociais que têm na defesa do ambiente
sua principal preocupação, reivindicando medidas de proteção ambiental e,
sobretudo, uma ampla mudança nos hábitos e valores da sociedade de modo a
estabelecer um paradigma de vida
sustentável. O ambientalismo teve de esperar o fim das grandes guerras
ocidentais para emergir como uma tendência influente e como um campo ou área de
estudos específicos. Assim, mediante a constatação de que o modelo de
desenvolvimento global em vigor, baseado numa perspectiva de crescimento
contínuo, na manipulação tecnológica da natureza e numa visão positivista de
que os recursos naturais são inesgotáveis existem basicamente para o benefício
humano (cf. Cunha e Menezes, 2015; Bringel, 2015; Amaral, 2017). A esta dimensão histórica de tempo e espaço social já haviam causado uma destruição ímpar ambiental, sem
precedentes na história da humanidade, pondo em risco até mesmo a futura sobrevivência
da espécie humana.
Rapidamente
o movimento ganhou grande espaço nas mídias e desde então vem obtendo
resultados importantes, atraindo uma enorme quantidade de outros campos do
saber para o debate e a pesquisa ambiental, considerando todas as esferas da
sociedade diretamente implicadas e corresponsáveis tanto pelos problemas como
pelas soluções que devem ser encontradas, e ambicionando o desenvolvimento de
uma visão integrada e de um manejo racional, respeitoso e responsável da vida
sobre a Terra. O nível de conscientização popular e de envolvimento acadêmico e
institucional nunca foi tão alto, mas ao questionarem o atual modelo de
civilização os ambientalistas atraíram uma sonora e poderosa legião de críticos
do planejamento comprometidos com o status
quo e outro tanto de céticos. Muitas vezes os embates foram violentos e
houve retrocessos dramáticos. Mas, como já foram reconhecidos por inúmeras
organizações internacionais respeitadas, pesquisadores renomados ligados a
grandes universidades e mesmo instâncias governamentais de inúmeros países, os
impactos negativos que a sociedade moderna tem acarretado ao meio ambiente são
vastos, requerem medidas urgentes de mitigação ou reversão e, ipso facto consequências globais
catastróficas com tendência destrutiva continuada e inalterada, especialmente
quando se considera a velocidade do bendito progresso
na modernidade comparado ao crescimento da população mundial.
A
tese central do “nacionalismo desenvolvimentista” tem como representaçãosocial o
desenvolvimento econômico e a consolidação da nacionalidade constituindo dois
aspectos do mesmo processo emancipatório. O desenvolvimento
dependeria, assim, de uma consciência nacional mobilizada em torno de uma
vontade no plano global de desenvolvimento. Na esfera de ação cultural, a
retórica do início dos anos 1960, tanto de “direita” como de “esquerda”, para
lembrarmo-nos da ciosa interpretação de Norberto Bobbio, foi demarcada pelo uso
corrente das categorias sociais “povo” e “nação”, ou nacional- popular. Os
movimentos de esquerda no caso emblemático do Centro Popular de Cultura (CPC), além do discurso anti-imperialista
adotaram também uma postura vanguardista, baseada na premissa de que a
autêntica cultura popular revolucionária é 2aquela produzida por artistas e
intelectuais que optaram por ser povo - enquanto a cultura do povo era
considerada arcaica e atrasada. A coleção Cadernos
Brasileiros e a Revista Civilização
Brasileira, editadas por Ênio Silveira, e a História Nova, organizada por Nelson Werneck Sodré, sugerem a
intensa colaboração entre o ISEB e o CPC.
Dorothy
Mae Stang, reconhecida como Irmã Dorothy foi uma freira norte-americana
naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur,
congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart e Françoise Blin
de Bourdon. Esta congregação católica internacional reúne mais de duas mil
mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes. Dorothy Stang ingressou
na vida religiosa em 1948, emitiu seus votos perpétuos: pobreza, castidade e
obediência em 1956. De 1951 a
1966 foi professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City,
Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity
School (Phoenix, Arizona). Neste ano iniciou seu ministério no
Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão, mas estava presente na Amazônia
desde a década de 1970 junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua
atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com
projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais
da Transamazônica. Seu trabalho tinha como escopo a minimização dos conflitos
fundiários entre trabalhadores rurais e latifundiários. Como missionária atuou
ativamente nos movimentos sociais no Pará.
A
floresta amazônica localiza-se no norte da América do Sul, abrange os estados
do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Pará e Roraima, além de menores proporções
nos países: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e
Guiana Francesa. Por estar localizada próxima à linha do Equador, a floresta
amazônica apresenta clima equatorial. Assim, é marcada por elevadas
temperaturas e umidade do ar. A floresta amazônica é considerada a maior
floresta tropical do mundo e concentra enorme biodiversidade. Além disso, ela
faz parte do bioma Amazônia, o maior dos seis biomas brasileiros. Ela
corresponde a 53% das florestas tropicais ainda existentes. Por isso, a sua
conservação é debatida em âmbito internacional, em virtude de sua dimensão e
importância ecológica. Criada em 1953, a Amazônia Legal é uma área que abrange
nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato
Grosso, Tocantins e Maranhão. Ela compreende, aproximadamente, área global em
torno de 61% de todo o território brasileiro. O objetivo político da criação da
Amazônia Legal é promover o desenvolvimento
econômico, social e ambiental da região.
Irmã
Dorothy Stang esteve presente na Amazônia desde a década de 1970 junto aos
trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária
propunha a geração de emprego e renda com projetos sociais de reflorestamento
em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica
construída no decorrer do governo do general Emílio Garrastazu Médici, entre
1969 e 1974. Uma obra de grande proporção para o desenvolvimento da região, quando
o governo conduziu aproximadamente quatro mil homens entre 1970 e 1973, com o
intuito de abrir estradas e estabelecer a comunicação entre as cidades. Seu
trabalho como religiosa também tinha como escopo a minimização dos conflitos
fundiários na região. Atuou ativamente na formação dos movimentos sociais no
Pará. Devido seu engajamento sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da
pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 km de
Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.
Do
ponto de vista do espaço o município de Anapu enfrenta conflitos por terra, com
assassinatos históricos e pontuais de trabalhadores rurais e de defensores dos
direitos civis. Criado há 15 anos por Dorothy Stang e militantes do movimento sem-terra,
o PDS Virola-Jatobá tinha o objetivo de criar renda social para famílias
assentadas usando recursos naturais da floresta, no entanto, sem destruí-la. A
utilização dos 160 lotes é dada por meio de uma concessão, ou seja, “o morador não se torna proprietário do pedaço
onde vive”. Uma pequena parte da área pode ser usada para agricultura familiar. O restante é floresta e deve ser preservado -
é essa área de reserva que está sendo desmatada pelos invasores. A criação da
reserva criou conflitos com exploradores ilegais de madeira e grileiros que
atuavam em Anapu. Em fevereiro de 2005, a freira Dorothy Stang, de 73 anos, foi
assassinada com seis tiros. O crime teve repercussão política internacional.
Cinco homens foram condenados pela morte - um deles, um fazendeiro, foi
apontado como mandante. Por outro lado, uma das controvérsias exógena ao modelo
PDS é de que ele não conseguiu consolidar as famílias no terreno, questão
imanente à reforma agrária e menos por não ser economicamente sustentável.
Pelos 160 lotes originais já passaram mais de 600 famílias em 15 anos de
projeto social.
A
religiosa participava da Comissão Pastoral
da Terra (CPT) da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com
determinação e solidariedade a vida e a luta de organização dos trabalhadores
do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma
reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de
diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções
duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração laboral da
terra na Região Amazônica. Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais
empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de
professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a
Escola Brasil Grande. Ainda em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do
Brasil, secção Pará, pela sua luta em defesa dos direitos humanos. Em 2005, foi
homenageada pelo documentário “Amazônia Revelada”.
O
seu trabalho pastoral era a catequese e a formação de Comunidades cristãs. O
zelo da Irmã Dorothy a levava a atuar em várias cidades e vilarejos rurais da
região do Xingu, formando filhos e filhas de Deus. Ela buscava também a geração
de emprego e renda, com projetos de reflorestamento em áreas degradadas. Seu
trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários existentes na
região. Atuou em várias pastorais sociais do Pará, principalmente na Comissão
Pastoral da Terra. Devido ao seu trabalho junto aos agricultores, ganhou vários
prêmios a nível nacional e internacional. Participava ativamente na luta dos
trabalhadores do campo contra a grilagem e a devastação da floresta. Ajudou a
fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia Transamazônica.
Planejada para integrar o Norte brasileiro com o resto do país, foi inaugurada
em 27 de agosto de 1972, ainda inacabada e faltando vários trechos a serem
asfaltados. Inicialmente projetada para ser uma rodovia pavimentada com 8 mil
quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil
com o Peru e o Equador, não sofreu maiores modificações desde sua inauguração.
Depois
o projeto foi modificado para 4 977 km até Benjamin Constant, porém a
construção foi interrompida em Lábrea totalizando 4 223 km. É a terceira maior
rodovia do Brasil, com 4 223 km de comprimento, ligando a cidade de Cabedelo,
na Paraíba à Lábrea, no Amazonas, cortando sete estados brasileiros: Paraíba,
Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas. É classificada como rodovia
transversal. Em grande parte, principalmente no Pará e no Amazonas, a rodovia
ainda não é totalmente pavimentada. Os trabalhadores ficavam completamente
isolados e sem comunicação por meses. Alguma informação era obtida apenas nas
visitas ocasionais a algumas cidades próximas. O transporte geralmente era
feito por pequenos aviões, que usavam pistas totalmente precárias. Por não ser pavimentado,
o trânsito na Rodovia Transamazônica é impraticável nas épocas de chuva na
região, entre outubro e março. O desmatamento em áreas próximas à rodovia é um
sério problema ocasionado por sua construção.
A
pavimentação dos 993 quilômetros da rodovia BR-163 que atravessam o sudoeste paraense
desponta como uma das principais e mais estudadas e debatidas obras de
infraestrutura da atualidade brasileira. Se, por um lado, o debate em torno da
obra reforça sua importância estratégica para o escoamento da produção de soja
do centro-norte do Mato Grosso, por outro, gera revolta nos movimentos
socioambientais e nas populações tradicionais que, apesar de quererem a
trafegabilidade da estrada, têm convivido com um clima intenso de violência e o
conflito pela posse da terra e pela exploração descontrolada e ambiciosa dos
seus recursos naturais. O cenário político é agravado pela situação controversa
fundiária indefinida da região, que facilita a grilagem de terras da União e a
expulsão de trabalhadores rurais, facilitado pela ausência do Estado ou
cumplicidade das autoridades ambientais, fundiárias, policiais e indígenas. A ausência do Estado nessa rodovia ajuda a acirrar os conflitos e põe
em xeque a viabilidade socioambiental e a sustentabilidade do empreendimento.
Essas
decisões de cunho fundiário, associadas à intensificação da ação do Ibama na
região, à expedição da Portaria 10 do Incra, que suspendeu a liberação de planos
de manejo em terras públicas, e às operações de investigação contra a corrupção
no Incra e no Ibama, criaram uma situação de caos na economia local, dominada
pelo comércio de terras e de madeira. Em abril de 2005, a segunda versão do
Plano BR-163 Sustentável foi discutida em uma nova rodada de consultas públicas
na região. O resultado está sendo sistematizado pelo GTI da BR-163 e está
prestes a ser apresentado com a última versão do plano. Apesar de o processo de
consultas terem sido criticados pelo pouco retorno de seus resultados aos
trabalhadores rurais a metodologia empregada possibilitou o diálogo e o
confronto entre os atores econômicos, sociais e políticos. A última audiência
pública referente à rodovia BR-163 ocorreu em maio de 2005, em Brasília, e
tratou da apresentação do estudo sobre o modelo de concessão da estrada
encomendado pelo DNIT ao Instituto Militar de Engenharia (IME). Na audiência,
foi confirmada a viabilidade econômica da exploração da rodovia e foi assumido
que a pavimentação da BR-163 ficaria sob a responsabilidade do setor privado –
prevista para ser uma concessão de 20 anos –, descartando o arranjo previamente
suscitado de Parceria Público-Privada (PPP). Atualmente, o DNIT está esperando
a análise do EIA-Rima e a liberação da licença de funcionamento pelo IBAMA,
além de preparar o edital para a licitação dos trechos de pavimentação e
manutenção da estrada.
A
morosidade da ação burocrática governamental nas suas três esferas de governo e
a fragilidade dos órgãos públicos com base no regionalismo acentuam-se com o sucateamento
da infraestrutura e com a corrupção presente no corpo funcional. As recentes
ações de fortalecimento dos órgãos públicos na região, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), associadas ao poder de polícia, além
da expedição de marcos regulatória, como a Portaria 10, de dezembro de 2004,
assinada conjuntamente pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), e a Medida Provisória 239, que estabelece a
limitação administrativa de 8,2 milhões de hectares no percurso da rodovia, só
têm acirrado os conflitos na região, pois afetam diretamente a grilagem de
terras e a exploração madeireira identificada como ilegal. Essas duas últimas
atividades, apesar de ilícitas, representam o lastro da economia local
atualmente, pois se constituem de fonte de empregos e de poder político. Em
suma, o governo federal encontra-se em uma encruzilhada histórica desenvolvimentista. Se, por um lado,
suas ações têm repercutido na direção da solução dos problemas de ocupação desordenada
da terra e do uso indiscriminado de seus recursos, por outro, têm acirrado a
violência contra trabalhadores rurais e determinado o desmatamento na região.
A
contradição real nos faz acreditar que a sustentabilidade para a região depende
somente das ações legitimistas governamentais e da presente capacidade da
sociedade local em perceber o que representa suas riquezas para a preservação
da região. No passado recente, a abertura de estradas numa região aparentemente
inóspita como a Amazônia despertou interesse dos cidadãos brasileiros, principalmente
do Nordeste do país, pela terra e dos governantes e empresários, pela
facilidade de acesso aos recursos naturais como minérios e madeira. Essa estratégia
geopolítica possibilitou o avanço da fronteira agrícola, a expansão das atividades
agropecuárias para o interior da Amazônia, além de permitir a ligação com as
regiões mais desenvolvidas do país. Apesar dos projetos sociais aparentemente
estarem embasados na premissa de que se propõem trazer melhorias para a
produção econômica e para o bem-estar social, o resultado histórico desses investimentos,
como a abertura de novas estradas, teve como impacto social uma ocupação
desordenada decorrente de negligência do Estado: É notório que 80% do desmatamento
da região encontram-se nas principais rodovias federais. Acredita-se que parte
dos impactos causados pela abertura ou pavimentação de uma estrada na Amazônia
possa ser minimizada se os investimentos forem acompanhados de apoio técnico governamental
em outras áreas que não somente a de infraestrutura.
A
Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao
redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete
horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a
53 km da sede do município de Anapu, no Estado do Pará. Segundo testemunha,
antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava
armada, Ir. Dorothy afirmou: “eis a minha arma!” mostrando a volumosa Bíblia.
Leu ainda alguns versículos das bem aventuranças para aquele que logo em
seguida lhe balearia. No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome
associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e
morrem sem ter seus direitos civis respeitados. O corpo da missionária está enterrado
em Anapu, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as
virtudes heroicas da matrona cristã. O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida,
acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro
julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento foi absolvido. Após um
terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de
prisão.
A
reação do governo foi rápida. Ministros de Estado se deslocaram até Anapu (PA).
Autoridades de todos os níveis se manifestaram condenando a agressão. O
exército brasileiro deslocou contingentes para a região. Promessas de punição
implacável dos culpados se repetiram. Medidas para regularizar a posse das
terras foram anunciadas e áreas de proteção ambientais criadas. Não demorou
muito tempo e os dois pistoleiros executores do crime foram detidos. Depois foi
preso o intermediário que os contratou e por fim dois fazendeiros, apontados
como mandantes do crime. As investigações da polícia federal apontaram para uma
ação envolvendo um consórcio de fazendeiros e madeireiros interessados na
eliminação desta missionária. Os executores do assassinato, Rayfran das Neves
Sales e Clodoaldo Carlos Batista e o intermediário Amayr Feijoli da Cunha, o
Tato, foram julgados e condenados num processo muito rápido para a morosidade
da justiça paraense. Um dos mandantes, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi
condenado a 30 anos de prisão, em 2007, porém, menos de um ano depois, em
segundo julgamento, foi absolvido. Julgado novamente em abril de 2010, foi
condenado, após 15 horas de julgamento, a 30 anos de prisão em regime fechado.
Em outubro de 2011 obteve o direito de cumprir sua pena em regime semiaberto.
O
outro acusado de ser mandante, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, esteve preso durante um ano, mas foi solto, pouco depois,
por habeas corpus emitido pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).Julgado
novamente em 2010, Regivaldo também foi condenado a 30 anos de prisão. O
Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), ao rejeitar a apelação, decretou sua prisão
cautelar. Um pedido de habeas corpus
foi feito para que o réu pudesse permanecer em liberdade até o julgamento do
último recurso contra a condenação. Este foi negado pelo relator do caso,
desembargador convocado Adilson Vieira Macabu, que considerou não haver
elementos que justificassem sua libertação. As outras medidas governamentais
não surtiram o efeito proclamado. Pior do que isso, em 2008 e 2009, o governo
federal publicou as Medidas Provisórias
422 e 458 que acabam regularizando a grilagem de terras na Amazônia em áreas de
até 1500 hectares. Com o discurso de propor um ordenamento jurídico para a
ocupação da Amazônia, pavimenta-se, o caminho para a ampliação do agronegócio,
com suas monoculturas predatórias para a exportação. O projeto de reformulação
do Código Florestal e a aberração de Belo Monte, abriram feridas na ecologia da
Amazônia de Dorothy, de Chico Mendes e de tantos outros e outras, cujo sangue
semeia e fertiliza estas terras. Em 2011, essa mesma realidade vitimou, José
Cláudio e Maria do Espírito Santo, assassinados por defender a floresta e a
convivência harmônica dos povos com ela.
Bibliografia
geral consultada.
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Doutorado. Belém: NAEA - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. Universidade
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Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Belo Horizonte: Escola
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“Supremo Manda Soltar Mandante do Assassinato de Dorothy Stang”. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/2018/05/25; FREITAS, Hingryd Inácio de, Assentamentos Rurais em Terras Baianas: Sujeitos em Luta, Territórios em Disputa. Tese de Doutorado. Departamento de Geografia. Centro de Ciências. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2018; entre outros.
“Agora é uma questão de desespero”. Walace Landim, o Chorão, presidente da Abrava.
A
resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se
a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas -
choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Sem entrar em
surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas
para enfrentar e superar as adversidades. Nas organizações, a resiliência se
trata de uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a
tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças
estratégicas na pessoa para enfrentar a adversidade. Manter a imunidade mental
é a base para criar resiliência emocional. O indivíduo condiciona a mente a
tolerar os pensamentos assustadores e consegue esquivar-se do sofrimento ao
entender que a dor fará, inevitavelmente, parte da trajetória da vida. É a habilidade
de se manter sereno diante de uma situação de estresse. Pessoas
resilientes quanto a esse fator são capazes de utilizar as pistas que leem nas
outras pessoas para reorientar o comportamento, promovendo a questão tópica da autorregulação.
Quando
essa habilidade é rudimentar, as pessoas encontram dificuldades em cultivar
vínculos e com frequência desgastam, no âmbito emocional, aqueles com quem
convivem em família ou no trabalho. É a capacidade de regular a intensidade de
seus impulsos no sistema neuromuscular (nervos e músculos), não se deixando
levar impulsivamente pela experiência de uma emoção. As pessoas podem exercer
um controle frouxo ou rígido do seu sistema muscular, visto que esse sistema
está vinculado à regulação da intensidade das emoções. Dessa forma, a pessoa
poderá viver uma emoção de forma exacerbada ou inibida. O controle de impulso
garante a autorregulação dessas emoções ou a possibilidade de dar a devida
força à vivência de emoções, tornando o grau de compreensão do autor mais
sensível e apurado mediante a situação histórica e pontual. É a crença otimista
de que determinada ordem de coisas pode mudar para melhor. Há investimento
contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção da capacidade de controlar
o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão esteja fora das mãos. O
otimismo se alia à competência social e à proatividade, tendo por base a
autoeficácia.
O
Congresso Nacional passou a governar diante da falta de responsabilidade e de respostas do governo golpista de Michel Temer (PMDB) para
os caminhões parados, num misto de greve dos autônomos com lockout das empresas do setor. Na quinta-feira o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aprovou dispositivo zerando a incidência de “PIS-COFINS” -Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público. COFINS – Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social,sobre o diesel, atropelando literalmente o enviado do Planalto. Ontem quem se
vestiu de primeiro-ministro foi o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE),
reunindo às pressas os líderes para tentar aprovar a medida. Michel Temer (2016-2019) participava de “uma inacreditável distribuição de carros para conselhos
tutelares numa montadora”. No final do dia, começou a chuva de liminares
autorizando o desbloqueio das rodovias com autorização do uso da força. Aí mora
o perigo de tudo descambar para uma aventura autoritária, dizia a paúra
instalada nas redes da esquerda, desconfiada de uma paralisação que partiu também dos patrões, e não apenas do
terço de caminhoneiros autônomos na composição da frota nacional. Os pregadores em geral reacionários e considerados de plantão da intervenção militar atuaram com afinco alarmista nas redes sociais.
O presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia
(DEM-RJ), reeleito para o biênio 2017-2019 só pode aprovar o projeto da reoneração da folha de pagamento das empresas,
parado há tantos meses, e nele inserir a zeragem do PIS-COFINS para o diesel,
porque fez um acordo nestes dias com a oposição: em troca da suspensão da obstrução,
mandou para o espaço uma Medida Provisória essencial à privatização da
Eletrobrás, impondo séria derrota ao governo. A reoneração da
folha de pagamento foi uma medida do governo para equilibrar as contas do país,
devido à redução dos impostos nos combustíveis. Empresas podiam
optar por uma carga tributária menor. No Senado, seu correligionário
Ronaldo Caiado (DEM) chegou à reunião dizendo: - “a incompetência deste governo
virou ingovernabilidade”. Se ao governo restou usar a força, o Congresso
avançará com a tutela que terá um alto custo fiscal. Outra escolha de M. Temer
é a negação da independência empresarial que deu à Petrobras, arranhada com a
redução de 10% no preço do diesel, apresentada como voluntária pelo presidente,
Pedro Parente. Não apenas petistas lembravam que o presidente eleito pelo voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alterou o preço dos
combustíveis oito (8) vezes em oito anos de mandato, ao passo que sob
Temer-Parente, de forma estapafúrdia a gasolina subiu 229 vezes em dois anos.
A
distribuição espacial da logística de transportes no território brasileiro
revela uma predominância do modal rodoviário, bem como sua concentração na
região Centro-sul com destaque para o estado de São Paulo. Mesmo com
distribuição desigual pelo território nacional, a malha rodoviária tem
vascularização e densidade muito superiores às dos outros modais de transporte
e só não predomina na região amazônica, onde o transporte por vias fluviais tem
grande importância, devido à densa rede hidrográfica natural. Por outro lado, a
distribuição das ferrovias e hidrovias é bem reduzida e tem potencial muito
pouco explorado, especialmente em um País das dimensões do Brasil. Esse é o
cenário ilustrado pelo mapa mural “Logística dos Transportes no Brasil”, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representado, na escala
de 1:5.000.000 (1 cm = 50 km), que exibe as principais estruturas de transporte
do país (rodovias, ferrovias, hidrovias etc.), bem como equipamentos associados
à logística do transporte de cargas e pessoas no Brasil, como armazéns,
estações aduaneiras de interior (“portos secos”), pontos de fronteira,
aeródromos públicos e terminais hidroviários.
A
distribuição espacial da logística de transportes no território brasileiro
apresenta predominância de rodovias,
concentradas principalmente no Centro-Sul do país, em especial no estado de São
Paulo. Em 2009, segundo a Confederação
Nacionalde Transportes (CNT),
61,1% de toda a carga transportada no Brasil usou o sistema modal rodoviário;
21,0% passaram por ferrovias, 14% pelas hidrovias e terminais portuários
fluviais e marítimos e apenas 0,4% por via aérea. Infraestrutura paulista de
transportes conjuga ferrovias, rodovias e hidrovia. São Paulo é o único estado
com uma infraestrutura de transportes na qual as cidades do interior estão
conectadas à capital por uma vasta rede, incluindo rodovias duplicadas,
ferrovias e a hidrovia do Tietê. O estado ainda comporta o maior aeroporto
(Guarulhos) e o porto com maior movimentação de carga (Santos) do País. Também
chama atenção a extensão de rodovias pavimentadas não duplicadas no noroeste do
Paraná, Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais e Distrito Federal e seu entorno,
bem como no litoral da Região Nordeste, entre o Rio Grande do Norte e Salvador
(BA). Esta distribuição evidencia a importância econômica dessas regiões, que
demandam por maior acessibilidade e melhor infraestrutura de transporte.
A
malha ferroviária serve, pois, principalmente ao transporte de commodities. A malha ferroviária
acompanhou a expansão da produção cafeeira até o oeste paulista do século XIX
(1830) até o início do século XX (1930). Porém, os principais eixos ferroviários da
atualidade são usados para o transporte das chamadas commodities, principalmente minério
de ferro e grãos provenientes da agroindústria. Algumas das poucas ferrovias mais
importantes são: a Ferrovia Norte-Sul, que liga a região de Anápolis (GO) ao
Porto de Itaqui em São Luís (MA), transportando predominantemente soja e farelo
de soja; a Estrada de Ferro Carajás, que liga a Serra dos Carajás ao Terminal
Ponta da Madeira, em São Luís (MA), levandoprincipalmente minério de ferro e manganês e a Estrada de Ferro Vitória-Minas,
que carrega predominantemente minério de ferro para o Porto de Tubarão.
As
hidrovias, comparativamente como os transportes das ferrovias, são predominantemente utilizadas para
transporte de commodities, como grãos e minérios, insumos agrícolas, bem como
petróleo e derivados, produtos de baixo valor agregado e cuja produção e
transporte em escala trazem competitividade. A exceção é a região Norte, onde o
transporte por pequenas embarcações de passageiros e cargas é de histórica
importância. Além das hidrovias do Solimões/Amazonas e do Madeira, essa região
depende muito de outros rios navegáveis para a circulação inter-regional. Outras
hidrovias de extrema importância para o país são as hidrovias que permite o
processo de comunicação do Tietê-Paraná e do Paraguai, que possuem importante
papel na circulação de mercadorias e de produtos agrícolas no estado de São
Paulo e parte da Região Centro-Oeste.
A
gasolina é um subproduto natural da indústria do petróleo, sendo que o querosene
representa o principal produto resultante do refino do petróleo. A gasolina é
produzida por destilação, separação das frações mais valiosas e voláteis do
petróleo bruto. Inúmeros processos e agentes necessários foram inventados para
melhorar a qualidade da gasolina. Curiosamente a palavra gasolina foi usada
pela primeira vez como uma marca do
novo destilado de petróleo no final de 1800, tendo em vista que ele não era
realmente um combustível até o momento. Um fato pouco conhecido é que ela foi
inicialmente utilizada como “um medicamento tópico para livrar pessoas de
piolhos”. Inicialmente, a gasolina foi, na verdade, uma marca, da mesma forma
que a vaselina representa uma marca de produto. E enquanto a palavra gasolina
ainda não tinha sido registrada como marca, não é realmente um gás, não no
sentido de química de qualquer maneira - ou é um líquido, não um vapor – não
havia sua mercantilização.
MST se solidariza aos caminhoneiros.
Para
os Estados defensores dos direitos civis, um dos maiores erros da Europa na
crise migratória do Mediterrâneo ocorreu com o fim do programa italiano de
patrulha e salvamento chamado “mare Nostrum”. Sob a liderança da Marinha, o
programa salvou milhares de migrantes no mar. Mas seu fim, em grande parte por
razões econômicas e em parte por razões ideológicas, teve efeitos políticos e
sociais que vão muito além da redução dos esforços humanitários. “Mare Nostrum”
era o nome dado pelos antigos romanos para o mar Mediterrâneo. Após a
unificação da Itália, em 1861, o termo foi revivido por nacionalistas, que se
acreditavam como sucedâneo do Império Romano os territórios que pertenceram a
Roma em sua fase imperialista por todo o Mediterrâneo.
Historicamente
o termo latino “mare Nostrum” foi usado originalmente pelos antigos romanos
para se referir ao mar Tirreno, logo após a conquista da Sicília, Sardenha e
Córsega, duranteGuerras Púnicas,
ocorridas contra Cartago. Em 30 a. C., a dominação romana já se estendia da
Hispânia ao Egito, e a expressão “mare Nostrum” passou a ser utilizado no
contexto de todo o mar Mediterrâneo. A ascensão do nacionalismo italiano
durante a chamada “Partilha da África” da década de 1880 gerou o desejo geral
da nação do estabelecimento de um império colonial italiano. A expressão teria
sido utilizada pela primeira vez pelo poeta Gabriele d Annunzio, símbolo do
decadentismo e herói de guerra. Além de sua carreira literária, teve também uma
excêntrica carreira política. A África é o terceiro continente mais extenso,
somente atrás da Ásia e da América do Norte, com cerca de 30 milhões de km²
cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo continente
mais populoso, apenas atrás da Ásia com 1 bilhão de habitantes (dados de 2005),
representando cerca de 1/7 da população mundial, contando com 54 países
independentes no processo civilizatório.
Devido
ao regime colonialista estabelecido
no continente, foram destruídas e modificadas as estruturas sociais,
econômicas, políticas e religiosas da maioria do território da África negra. As
colônias que proclamaram sua Independência, processo emancipatório que se
iniciou após a 2ª guerra mundial e concluiu-se principalmente de 1960 até 1975,
estiveram sob a ameaça da gravidade de problemas de integração nacional, que
resultaram das fronteiras arbitrárias como legado do sistema colonialista, além
da pobreza, sendo que o rápido crescimento da população africana é mais elevado
do que o número de alimentos produzidos. Como dependem econômica e
politicamente das antigas metrópoles, a ineficiência da administração, as
tribos e as ideologias conflitantes entre si, todos esses fatores agravantes
fizeram com que a população das cidades crescesse. Estas são as principais
barreiras que impedem que os novos países desenvolvam-se. A cooperação coletiva
para a solução desses problemas deu origem a uma diversidade de organizações
supranacionais que se baseiam na ideia do pan-africanismo,
ou a totalidade dos povos africanos unidos no entorno dos interesses comuns; a
de maior importância é a Organização da
Unidade Africana (OUA).
Com
a Revolução Industrial, a exploração das fontes de energia sofreu uma de suas
mais importantes guinadas. O desenvolvimento de novas tecnologias e a produção
em larga escala motivou a busca por novos combustíveis. Nesse contexto, entre
os séculos XVIII e XIX, o carvão mineral se tornou indispensável para o
funcionamento dos primeiros motores movidos a vapor. Nos dias de hoje, após
sofrer uma acentuada queda em seu uso, o carvão mineral dá sinais de
recuperação com as crises do setor petrolífero. Nos primeiros anos do século
XX, a popularização dos automóveis ampliou ainda mais a demanda internacional
por combustíveis de alto desempenho. Dessa forma, os combustíveis fósseis somente
empregados na obtenção do querosene passaram a ser fonte de obtenção da
gasolina. Algumas décadas mais tarde, essa mesma tendência transformou o diesel
em um combustível de grande uso a partir da 2ª guerra mundial.
Os
economistas assumiram que o estudo das ações econômicas do homem poderia ser
feito abstraindo-se as outras dimensões culturais do comportamento humano:
dimensões morais, éticas, religiosas, políticas, etc., e concentraram seu
interesse naquilo que eles identificaram como as duas funções elementares
exercidas por todo e qualquer indivíduo: o consumo e a produção. O homo economicus nada mais é do que um
fragmento de ser humano, a sua parcela que apenas produz e consome no mundo das
mercadorias, cujo único critério de verdade apoiava-se na evidência. O conceito
de homo economicus é um postulado da racionalidade global vigente. É
caracterizada pelo triunfo dos economistas que encontraram nele, a semelhança
dos biólogos no que se refere ao darwinismo social, e na psicologia propriamente dita sustentada na explicação de uma teoria do comportamento
coerente. No
século XIX, gás, carvão e querosene feitos de petróleo eram usados como
combustíveis e em lâmpadas. Os motores dos carros novos pediam quantidades sem
precedentes de petróleo. Nos primeiros anos do século XX, o automóvel estava no
caminho para se tornar o principal meio de transporte no ambiente urbano.
Surgiu, então, uma necessidade por novos combustíveis. Os motores de automóveis
usavam combustíveis que tinham o petróleo como matéria-prima. Refinarias não
poderiam converter petróleo em gasolina suficientemente rápido conforme os
carros e outros veículos iam saindo da linha de montagem das fábricas. Além
disso, o que restava do processo de refinamento era desperdiçado ou derramado
no meio ambiente. A invenção e desenvolvimento do automóvel exigiam em paralelo
com os combustíveis. Havia uma necessidade crescente na economia de melhoria no
processo de refino de combustíveis que impedisse batidas do motor e aumentassem
sua eficiência - especialmente para os novos motores de alta compressão de
automóveis que estavam sendo projetados.
Os
processos para melhorar o rendimento da gasolina a partir de petróleo bruto são
conhecidos como cracking. No refino
de petróleo, cracking é um processo
pelo qual moléculas de hidrocarbonetos pesados são quebradas, por meio de
calor, pressão e catalisadores tornando-se o principal processo da produção de
gasolina. Em 1913, o “craqueamento” térmico foi inventado por William Meriam
Burton, um processo que empregava calor e altas pressões. Em 9 de dezembro de
1921, o engenheiro Thomas Midgley Jr. da General
Motors descobriu que adicionando chumbo a gasolina se reduz a trepidação e
o barulho na combustão interna do motor. O recém-inventado sistema de ignição
por fagulha não suportava a pressão explosiva da gasolina, que fazia os carros
superaquecerem, gerando trepidação e barulho ao motor parecendo que partes
estavam soltas. Midgley descobriu que adicionando chumbo tetraetílico a
gasolina torna a redução da reação química menos combustível, fazendo com que o
motor trabalhe com mais suavidade. Apesar de outros compostos encontrados terem
o mesmo efeito, o chumbo era o composto mais barato e assim a mistura podia ser
patenteada com maior margem de lucros. Midgley foi envenenado por chumbo devido
ao manuseio e não pôde estar presente na compra de gasolina com adição de chumbo
em 1923 por estar doente.
Dois
de seus assistentes também morreram de envenenamento por chumbo e cerca de
quarenta empregados da fábrica que trabalhava sofrerem severos danos neurológicos
pelo contato com o produto químico. Somente após décadas de insistente utilização
por empresas de óleo e automobilística foi admitido que o chumbo fosse muito perigoso.
Embora a gasolina com chumbo tenha sido substituída nos Estados Unidos da
América (EUA) e outros países competitivos na década de 1970, a gasolina com
chumbo ainda está em uso em algumas partes autônomas da Europa Oriental,
América do Sul e no Oriente Médio. Combustíveis alternativos, também conhecidos
como combustíveis não convencionais, são materiais ou substâncias que podem ser
utilizados como combustíveis, com exceção ou em substituição dos combustíveis
convencionais, ou seja, são uma alternativa aos combustíveis fósseis (petróleo,
carvão, propano e gás natural), e de materiais nucleares, como urânio. O
impulso que estas novas fontes de energia receberam nos últimos tempos, melhor dizendo, desde a década de 1950, devem-se, sobretudo na diminuição dos impactos ambientais devidos ao uso de
combustíveis fósseis, assim como uma maior racionalização de meios e recursos
técnicos, humanos e financeiros.
O
termo discurso pode também ser definido do ponto de vista formal lógico. Quando
pretendemos significar algo a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir
um conjunto de informações coerentes - essa coerência é uma condição essencial
para que o discurso seja entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas
para dar uma estrutura compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam
com regras lógicas para estruturar o pensamento. Um discurso político, por
exemplo, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do discurso econômico,
mas politicamente pode operar a dimensão econômica produzindo efeitos sociais
específicos em termos de persuasão. Os economistas assumiram que o estudo das
ações econômicas do homem poderia ser feito abstraindo-se as outras dimensões
culturais do comportamento humano: dimensões morais, éticas, religiosas,
políticas, etc., e concentraram seu interesse naquilo que eles identificaram
como as duas funções elementares exercidas por todo e qualquer indivíduo e as formas de reprodução da existência: o consumo e a produção. O “homo
economicus” nada mais é do que um fragmento de ser humano, a sua parcela que
apenas produz e consome no mundo das mercadorias, cujo único critério de
verdade apoiava-se na evidência. O conceito de “homo economicus” é um postulado
da racionalidade global vigente na modernidade. É caracterizada pelo triunfo
dos economistas que encontraram nele, a semelhança dos biólogos no darwinismo,
e na psicologia uma teoria do comportamento coerente.
O
trabalho dos frentistas situa-se em um contexto de serviço de atendimento ao
público consumidor de gasolina com a utilização de veículos automotivos. A atividade
sintetiza e integra os diferentes fatores técnicos e sociais que estruturam o
processo de trabalho. É na situação real de trabalho que a atividade produtiva dá
visibilidade aos determinantes que condicionam a sua interação com o ambiente. A
função de uma bomba de combustível diz respeito ao deslocamento do combustível
que está no tanque para o sistema de alimentação do motor, subsumindo, assim,
todas as suas condições nas etapas do processo de trabalho e comunicação, como
carga, rotação e temperatura. Existem dois tipos de bombas: a mecânica,
presente nos carros carburados e movidos por um eixo; e a elétrica, que equipa
os veículos com injeção eletrônica e é acionada por um motor elétrico. Entre os
modelos de bombas elétricas estão as do tipo interna e externa ao tanque. A
primeira fica submersa e aspira ao combustível do fundo do tanque,
impulsionando-o através de um tubo de abastecimento aos bicos injetores. A
segunda, do tipo externa, está fixada no chassi do veículo, próxima ao tanque
ou ao motor, e suga o combustível por um tubo coletor dentro do próprio tanque.
Até
meados da década de 1990, houve a interferência do Estado brasileiro na
distribuição e revenda de combustíveis automotivos contemplava o controle de
preços, margens de comercialização e fretes. Depois, iniciou-se um processo de
liberalização de preços em toda a cadeia produtiva de petróleo, gás natural e
combustível, além de gradual redução dos subsídios governamentais. Mas foi
somente a partir da Lei do Petróleo nº 9.478/1997 que a liberalização no
mercado de combustíveis automotivos se deu de modo mais efetivo, tendo sido
concluída em 31 de dezembro de 2001. A partir dessa data, os reajustes nos
preços dos combustíveis passaram a caber exclusivamente a cada agente econômico
– do poço ao posto revendedor –, que estabelecem seus preços de venda e margens
de comercialização em cenário de livre concorrência. A Lei do Petróleo também
criou a ANP e conferiu-lhe a competência para desenvolver uma política
energética nacional no que se refere a petróleo, gás natural e combustível, com
ênfase na garantia do suprimento de derivados de petróleo, de gás natural e
seus derivados e de biocombustíveis em todo o território nacional, e na
proteção dos interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta desses
produtos.
Dado
que a Agência não controla preços ou quantidades de quaisquer produtos, essas
atribuições legais devem ser exercidas por meio da proteção do processo
competitivo nos mercados, uma vez que a Lei do Petróleo estabelece, também, a
promoção da livre concorrência de mercado entre os princípios e objetivos da
política energética nacional. Desde a década de 1990 tem ocorrido a liberação
dos preços de gasolina automotiva e etanol hidratado combustível nas unidades
de comércio atacadista e varejista, bem como das margens de comercialização dos
postos revendedores e das distribuidoras nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste,
nos estados de Goiás e do Mato Grosso do Sul, no Distrito Federal e na Base de
Barra do Garça (MT), conforme Portaria MF nº 59/1996), tendo em vista que é município
brasileiro, localizado na Região Centro-Oeste, no estado de Mato Grosso, do
qual é o nono município mais populoso, com população de 58 974 habitantes,
conforme a estimativa do IBGE de 2017. Extensão dessas medidas aos estados de
Tocantins e do Mato Grosso e aos municípios de Porto Velho (RO), Manaus (AM) e
Belém (PA) - (Portaria MF nº 292/1996). Houve o estabelecimento do prazo de 36
meses para conclusão do processo de liberalização dos preços dos combustíveis
automotivos, em agosto de 2000 (Lei do Petróleo), e liberalização das margens de
distribuição e de revenda de óleo diesel em todo o território nacional
(Portaria Interministerial MF/MME nº 293/1997).
Assim
como a liberação dos preços de gasolina automotiva e etanol hidratado
combustível nas unidades de comércio atacadista e varejista, bem como as
margens de comercialização dos postos revendedores e das distribuidoras nas
localidades não contempladas anteriormente, conforme a portaria Interministerial
MF/MME nº 28/1999. A Lei nº 9.990, de 21 de julho, estende o prazo estipulado
pela Lei do Petróleo e estabelece nova data para que se finalize o processo de
liberalização de preços de combustíveis: 31 de dezembro de 2001. A Portaria
Interministerial MF/MME nº 240, de 27 de julho de 2001, libera os preços de
venda, em todo o País, de óleo diesel nas unidades de comércio atacadista e
varejista. O processo de abertura do mercado brasileiro de combustíveis é
finalizado na data prevista, 31 de dezembro de 2001, com a liberação dos preços
nas unidades produtoras onde ainda vigorava controle. De 1º de janeiro de 2002 em
diante passou a vigorar o regime de liberdade de preços no mercado de
combustíveis automotivos. É neste sentido que transparece o véu da noiva.
Do
ponto de vista da análise de conjuntura poder de barganha significa no mercado
o poder de troca; permuta. Mas barganhar que representa o ato de trocar pode
definir na formação do nível de análise econômica de forma fraudulenta não um
objeto por outro. Mas a força de uma pessoa (monopólio) ou grupo (oligopólio)
ao discutir preços, colocando pressão e exigindo, por exemplo, maior qualidade
em menor preço. Barganha tem origem na palavra inglesa bargain, que
representa o verbo barganhar em português. Em sentido figurado, barganha com o
“jeitinho” brasileiro pode ser sinônima de trapaça, porque pode representar uma
transação fraudulenta. Poder de barganha comparativamente compõe dois dos
fatores deste modelo. O poder de barganha dos compradores é uma das cinco
forças, é a capacidade de barganha dos clientes para com as empresas do setor.
Este “campo” tem a ver com o poder de decisão dos compradores sobre os
atributos do produto. Principalmente quanto a preço e qualidade, quando
clientes exigem qualidade por um menor preço de bens e serviços, forçando os
preços, aumentando o consumo e concorrentes uns contra os outros.
Neste
sentido, os setores variam de acordo com as forças competitivas básicas e a
compreensão dessas forças torna-se fundamental para se elaborar a estratégia e
garantir uma vantagem. Michael Porter (1979) argumentava que, embora a melhor
estratégia para qualquer dada empresa dependesse de suas circunstâncias
específicas, no nível mais amplo uma empresa só pode assumir três posições
defensáveis que lhe permitirão lidar com sucesso com as cinco forças
competitivas, assegurar um retorno superior sobre os investimentos para seus acionistas
e ter um desempenho superior ao de seus concorrentes no longo prazo.
Finalmente, do ponto de vista meramente econômico a análise das fontes da
vantagem competitiva tinha que ocorrer não no nível da empresa como um todo,
mas no nível das atividades distintas que uma empresa realiza para projetar,
produzir, comercializar, entregar e oferecer suporte ao seu produto. Em suma,
em todas as empresas haveria uma cadeia de atividade que gerava valor para seus
clientes, e somente por meio da cuidadosa análise nessa “cadeia de valor” é que
a empresa poderia encontrar fontes de vantagem competitiva, concorrencial e
sustentável.
O
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) se solidarizou, nesta quinta-feira (24/05/2018), com
caminhoneiros que estão encampando uma paralisação desde segunda-feira (21/05)
contra os sucessivos aumentos no preço do combustível impostos pela
radicalização política do governo golpista de Michel Temer. Militantes do
movimento improvisaram uma cozinha em plena rodovia Presidente Dutra, em São
Paulo, e cozinharam em solidariedade para os grevistas. O gesto de
solidariedade do movimento, acostumado com marchas em estradas e grandes
mobilizações, vem independente da opinião dos caminhoneiros com relação ao
próprio Movimento dos Trabalhadores Sem Terras. Entre os grevistas há as mais variadas opiniões políticas até
mesmo contraditórias, como aquelas que vêm sendo formulada desde o golpe de
Estado de 2016 pela rede Globo de televisão que dão conta de apoiar uma intervenção cirúrgica civil-militar,
ideia que é rechaçada pelos sem-terra.
Bibliografia
geral consultada.
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de Açúcar e Etanol. Tese de Doutorado em Economia Aplicada. Piracicaba:
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Industriais no Brasil: Uma análise setorial do período 1999-2013. Tese de
Doutorado. Instituto de Economia. Universidade Estadual de Campinas, 2016; MEDEIROS, Wesley José Nogueira, Modelo para Determinação de Resiliência em Sistemas de Transportes: Uma Aplicação no Sistema de Tráfego Aéreo. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2018; entre outros. entre
outros.