Ubiracy de Souza Braga
“Em um sistema acadêmico consistente, citar deve ser um prazer e um orgulho”. Roberto DaMatta
O polêmico filme: Anticristo, dirigido por Lars Von Trier (2009),
narra a história de uma mulher que sofre religiosamente pela morte acidental do
filho pequeno. A opção do diretor dinamarquês parece ser a de investir na “mítica
culpa feminina” estabelecendo um elo entre o desejo sexual irrefreável da
personagem – caracterizada como quase ninfomaníaca – e o acidente que vitima a
criança. O conflito psicológico entre a mulher e a mãe talvez esteja no fundo
obscuro do filme (cf. Canguilhem, 1966). Mas isso é o que menos importa diante de um elemento mais
curioso e politicamente mais perigoso. Trata-se do fato de que a personagem
interpretada pela atriz Charlotte Gainsbourg é uma estudiosa do que se chama de
“feminicídio”, do qual ela mesma será vítima. Ela morre ao final, depois de ter
mutilado o marido e ter se automutilado sexualmente, como se seus corpos desejantes devessem ser punidos de um
crime (cf. Foucault, 2001). Mas, obedecendo aos condicionamentos sociais e políticos em relação à realidade, ela é que é morta e queimada pelo marido
diante de sua própria casa. A morte por incineração é comum como “crime doméstico” em
alguns países ocidentais. O que o filme demonstra, entretanto, é que o destino das mulheres é padecer
sob o sentimento da culpa até sua
eliminação (cf. Esposito, 2014) como na representação de papel queimado.
O
feminicídio constitui uma categoria sociológica
claramente distinguível e que tem adquirido especificidade normativa a partir
da “Convenção de Belém do Pará”, a “Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”, adotada pela Assembleia Geral
da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 09 de junho de 1994
e ratificada pelo Brasil em 27 de novembro de 1995. Feminicídio é um termo de “crime
de ódio” baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres,
mas as definições variam dependendo do contexto cultural. A categoria
“feminicídio” ganhou espaço e lugar no debate latino-americano a partir das
denúncias de assassinatos de mulheres em Ciudad Juarez – México, onde, desde o
início dos anos 1990, práticas de violência sexual, tortura, desaparecimentos e
assassinatos de mulheres têm se repetido em um contexto de omissão do Estado e
consequente impunidade para os criminosos, conforme denúncia de ativistas
políticas.
A
feminista Diana E. H. Russell foi uma das primeiras a usar o termo definindo a
palavra como “a matança de mulheres por homens, porque elas são mulheres”.
Outras feministas colocam ênfase na intenção ou propósito do ato que está sendo
dirigido às mulheres especificamente porque são mulheres; outros incluem a
morte de mulheres por outras mulheres. Muitas vezes, a necessidade de definir o
assassinato de mulheres separadamente do homicídio em geral é questionada. Os
oponentes argumentam que mais de 80% de todos os assassinatos são de homens,
então o termo estrutura demasiada ênfase no assassinato menos prevalente de mulheres.
A expressão como formulada originalmente é atribuída a Diana Russell, que a teria
utilizado em 1976, durante um depoimento perante o Tribunal Internacional de Crimes contra Mulheres, em Bruxelas. Diana
Russel e Jill Radford escreveram o livro: “Femicide: the politics of woman
killing” que se tornou uma das principais referências para estudiosos do tema.
Feminicídio
é a mais grave forma de violência contra a mulher, tendo esse termo sido usado
pela primeira vez por Russell em 1976, com o objetivo de chamar a atenção e
retirar a invisibilidade do assassinato de mulheres. No Brasil, foi incluído
pela primeira vez no Código Penal em 2015. A taxa de feminicídios é de 4,8 para
100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o
público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de
mulheres negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875. Na mesma década, foi
registrado um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da
relação entre as taxas de mortalidade branca e negra. A quantidade anual de
homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em
2013. Do total de feminicídios registrados em 2013, 33,2% dos homicidas eram
parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
As
estatísticas são alarmantes: 5° lugar no ranking
de mortes de mulheres, sendo que 4 em cada 10 mulheres, com 18 ou mais anos de
idade, foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiros. A violência de gênero,
típica da cultura patriarcalista, tem por base a divisão sexual do trabalho,
que tolera que o homem use de violência para corrigir comportamentos femininos
contrários aos papéis esperados de mulher submissa, mãe e dona de casa. A
vítima é vista como culpada pela agressão que sofre, por seu comportamento
“inadequado”, obrigando o homem a provar sua masculinidade. A violência do
feminicídio é estrutural e não apenas individual ou patológica, pois o que move
esse ódio é acima de tudo a manutenção da dominação masculina. É urgente a
efetivação de políticas públicas para mulheres, a prevenção, debater machismo e
gênero nas escolas, lutar contra o preconceito e todas as opressões raciais e
sexuais para prevenir a violência de gênero e impedir que políticos
oportunistas e misóginos se aproveitem dessa onda social de frustrações para
instrumentalizar ódio nas chamadas “redes sociais”, nas quais o machismo, o
racismo, a intolerância e o preconceito social são insuflados por discursos
populistas de direita e de próceres conservadores. Para a qualificação de feminicídios íntimos é necessária a superação de duas dificuldades: a equiparação entre os feminicídios e a ideologia dos chamados de “crimes passionais” e a demonstração de que as mortes de mulheres são diferentes das mortes que decorrem da criminalidade, em particular das mortes provocadas por gangues e quadrilhas.
Feminicídio íntimo são
aqueles crimes cometidos por homens com os quais a vítima tem ou teve uma
relação íntima, familiar, de convivência ou afins. Incluem os crimes cometidos
por parceiros sexuais ou homens com quem tiveram outras relações interpessoais
tais como maridos, companheiros, namorados, sejam em relações atuais ou
passadas. Uma das grandes dificuldades para se qualificar os crimes de gênero é a falta de
dados oficiais do Estado que permita reconhecer o número de mortes de mulheres
e os contextos sociais em que elas ocorrem. Portanto é a ausência da figura
jurídica “feminicídio” na grande maioria dos países, inclusive no Brasil. Feminicídios
devem ser distinguidos dos crimes de gênero que são praticados contra a mulher
em ambientes privados, por abusadores reconhecidos de suas vítimas. E
principalmente, a exploração efetiva das causas, dos efeitos sociais
específicos e dos contextos em que são cometidos esses crimes e a identificação
das relações de poder que levam ao seu acontecimento.
Em
26 de junho de 2010, a Polícia Civil de Minas Gerais declarou o goleiro Bruno
Fernandes de Souza suspeito, por conta do desaparecimento da ex-amante, a
paranaense Eliza Samudio, “que tentava provar na Justiça que ele é o pai do
filho dela, à época com 4 meses de idade”. Eliza afirmou em depoimento que
vinha sendo ameaçada pelo goleiro depois que contou que estava grávida em 2009,
“e que foi forçada a tomar remédios abortivos, foi sequestrada, espancada e
teve uma arma apontada em sua cabeça, pelo próprio Bruno”. O goleiro Bruno foi
casado com Dayanne Rodrigues do Carmo Souza e com ela teve duas filhas. Ela
também foi investigada. Segundo relatos de Bruno Fernandes de Souza, “ele conheceu
Eliza e manteve relações sexuais com ela numa orgia na casa de outro jogador do
Flamengo. Bruno disse que o preservativo rompeu no ato sexual”. O goleiro
afirmou que “festas desse tipo são comuns entre os jogadores de futebol”. De
acordo com as investigações policiais, Eliza Samudio encontrava-se, antes de
ser sequestrada, no sítio do jogador
em Esmeraldas, interior de Minas Gerais, a pedido
dele, já que ela passou “o período da gravidez em São Paulo na casa de amigas e
[ela] chegou a morar em hotéis no Rio de Janeiro, pagos por Bruno”.
Nascido
em 23 de dezembro de 1984 como Bruno Fernandes Souza, o jogador nunca teve uma
boa estrutura familiar. Três meses depois do seu nascimento, ele foi abandonado
pelos pais e acabou criado pela avó paterna, em Ribeirão das Neves, na região
metropolitana de Belo Horizonte. Os pais do jogador e o irmão foram morar no
Piauí. Os pais de Bruno se separaram poucos anos depois, em 1988. Bruno só
voltaria a encontrar a mãe em 2006. Em 1996, sua mãe, Sandra, atirou cinco vezes
em uma mulher, sendo que nenhum dos tiros atingiu o alvo. Sandra teria
discutido com a mulher, após consumirem cocaína em uma festa. A mãe do jogador
foi denunciada pelo Ministério Público por tentativa de homicídio, mas nunca
foi presa. Em 2005, Sandra e seu companheiro, foram acusados de
fraudar documentos de um terreno na Bahia. O pai do jogador, Maurílio
Fernandes das Dores de Souza, foi acusado de furto e teve a prisão pedida sete
vezes. Maurílio morreu em 2008. O irmão de Bruno, Rodrigo Fernandes, de 20
anos, foi preso há dois anos por roubo em Teresina, no Piauí.
Em
abril, decepcionado com a apatia demonstrada por Petkovic durante a derrota no
primeiro tempo para a Universidade de Chile, válida pela penúltima rodada do
Grupo 8 da Libertadores, Bruno se
desentendeu com o companheiro e teria trocado insultos e empurrões com o meia a
fim de cobrá-lo para ter melhor desempenho durante o segundo tempo. Em junho,
os jornais italianos noticiavam o interesse do Milan na contratação do goleiro
flamenguista. Com a saída de Dida, a diretoria do clube italiano estaria de
olho em Bruno. Posteriormente, o goleiro revelou que tinha um pré-contrato
assinado com os italianos. Lá, receberia R$500 mil mensais. Foi então que
chegando o mês de julho, e com ele o veio o chamado “Caso Eliza Samudio”.
Impedido de exercer sua função como goleiro no Flamengo por estar à disposição
da Justiça, o time de futebol suspendeu o contrato com Bruno no dia 8, um dia
depois de sua detenção. Com isso, a partir de então, o clube passou a não mais
pagar salários ao atleta. A Olympikus
marca fornecedora de material esportivo do clube e patrocinadora do jogador,
também suspendeu o contrato de patrocínio até o caso fosse concluído.
Segundo o jornal Lance!, no dia de
sua detenção, em 7 de julho de 2010, tinha nas mãos uma tentadora oferta do
Zenit, da Rússia. A proposta havia sido recebida antes da prisão. A oferta
por Bruno era de 8 milhões de euros (R$ 17,5 milhões), na cotação de
mercado. Segundo o mesmo jornal, o Flamengo estava feliz com o negócio. No dia
15 de julho, o Flamengo decidiu, após reunião de sua comissão jurídica, demitir
Bruno por justa causa.
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Após liberação do goleiro Bruno, a mãe de Eliza Samudio volta a temer pela vida e bem-estar do neto. |
Eliza
ainda mantinha esperança de fazer uma conciliação
com o goleiro. Bruno diz que “ela desapareceu porque quis e abandonou a criança
com um colega seu. O menino foi achado numa favela de Ribeirão das Neves e
Dayanne é suspeita de tê-lo deixado lá”. Sociologicamente o caso dramático de
crime de ódio de Eliza Samudio refere-se aos acontecimentos que envolveram o
desaparecimento e morte da modelo e atriz Eliza Silva Samudio. Durante as
investigações policiais, uma das testemunhas relatou aos investigadores que “a
moça teria sido morta por estrangulamento”. Em seguida, a tragédia revela que “o
cadáver teria sido esquartejado e enterrado sob uma camada de concreto”. O caso
policial obteve repercussão nacional e internacional. O julgamento estava
marcado para 19 de novembro de 2012 às 9h, no Tribunal do Júri de Contagem, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte, porém, foi “desmembrado”, como o corpo
e adiado para 4 de março de 2013. Diante do descaso na investigação policial das
agressões inicialmente sofridas pela modelo, declarou Maria da Penha: - “O
Estado tem que responder. Ele foi negligente com o pedido de socorro dessa
mulher”.
A
mãe de Eliza Samudio pediu a guarda da criança, o que foi concedido pela
Justiça. O pai de Eliza pleiteou na Justiça a guarda do neto e o reconhecimento
da paternidade por Bruno Fernandes. Em 6 de julho de 2010, um jovem de 17 anos,
primo do goleiro, foi encontrado na residência de Bruno Fernandes na Barra da
Tijuca, litoral do Rio de Janeiro e afirmou ter dado uma coronhada em Eliza,
que desacordada, teria sido levada para Minas Gerais, e lá esquartejada por
traficantes a mando do goleiro e dada a cachorros rottweiler, que teriam dilacerado seu corpo; os ossos da modelo
teriam sido concretados. Essa versão ainda não foi confirmada pela Polícia. Em
8 de julho de 2010, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como “Neném”,
“Paulista” ou “Bola”, e acusado de também ter matado Eliza Samudio, foi preso
pela Polícia Militar de Minas Gerais. Antes do início de julgamento, a juíza do
caso estabeleceu que nenhum lugar da
plateia seria oferecido a populares da região de Contagem; e que ela será
destinada a parentes dos envolvidos no caso Eliza Samudio, jornalistas e
estudantes de direito. O julgamento, curiosamente, também não foi transmitido
ao vivo.
Marixa,
de 42 anos, precisou de paciência para enfrentar táticas de advogados na fase de instrução. Na abertura do
julgamento do goleiro Bruno Souza e de outros quatro envolvidos no sumiço e
morte de Eliza Samudio, marcado para 19 de novembro, é de se esperar por uma
voz serena, em tom de baixo a médio. Mas a mulher por trás da voz “é uma
obcecada pela verdade”, reconhecida por não tolerar manobras. Esse é o estilo
da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que, com quase 14 anos de
magistratura, presidirá um dos mais esperados júris da história recente da
Justiça brasileira que tem como escopo a 1ª vítima de feminicídio na história
policial do Brasil. Bruno Fernandes já conhece o estilo advocatício de Marixa.
Na fase da instrução processual, mal começou a contar sua versão do dia em que
conversou amigavelmente com Eliza debaixo de um pinheiro, numa mesa de vidro, e
foi questionado pela juíza “se ele pretendia falar a verdade sobre o caso”. Em
tom sereno, lembrou que ele continuava preso, assim como os outros acusados,
apesar das promessas da defesa “de que não ficariam mais que 100 dias detidos”.
Um recado insinuando que como representante da Lei, de que ela não estava ali como
juíza para um bate-papo entre amigos.
Logo
no 1° dia do julgamento, houve discordância entre advogados de defesa de Marcos
Aparecido dos Santos e a juíza. Eles questionaram alguns prazos de defesa
estabelecidos pela mesma e abandonaram o julgamento. O réu recusou a indicação
de um defensor público e acabou-se por desmembrar
o julgamento de Marcos dos Santos. Ércio Quaresma, um dos advogados de Marcos
dos Santos afirmou que não trabalharia em um julgamento onde “a defesa é
cerceada”. No 2° dia, o goleiro Bruno Fernandes pediu a destituição de seus
advogados de defesa, Rui Pimenta e Francisco Simim. A juíza Marixa Fabiane
Rodrigues afirmou que viu como “uma manobra para adiar o julgamento”, visto que
o goleiro já havia pedido a destituição de Francisco Simim, tendo sido negado o
pedido. Após o fato, o julgamento prosseguiu com as testemunhas de acusação. No
3° dia, a juíza Marixa Fabiana decidiu adiar o julgamento de Bruno para março
de 2013. Segunda ela, o adiamento foi pedido pela defesa do goleiro. O júri
continuou para os outros dois réus no processo: Luiz Henrique Romão (Macarrão)
e Fernanda Gomes de Castro (ex-namorada do goleiro). Ao fim, Macarrão “foi
condenado a 15 anos de prisão por sua participação no sequestro e assassinato
de Eliza Samudio”.
O
júri popular formado por cinco mulheres e dois homens condenou no início da
madrugada daquela sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o
réu Bruno Fernandes de Souza a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação
de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho
Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de
sequestro e cárcere privado do bebê. Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em
regime fechado por homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe, asfixia
e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, a outros 3 anos e 3 meses
em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses
por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado
o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador. Eliza Samudio desapareceu
em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Tinha 25 anos e era mãe do filho
recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi companheira. O jogador era titular
do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Bruno
Fernandes das Dores de Souza, nascido em Ribeirão das Neves, em 23 de dezembro
de 1984 e reconhecido como “goleiro Bruno”, um futebolista brasileiro que
atua como goleiro, e que atualmente defende o clube Boa Esporte. Foi preso em
2010 por participação no sequestro e assassinato de Eliza Samudio, modelo com
quem havia se envolvido, e em 2013 foi condenado a 22 anos e três meses de
prisão. Em fevereiro de 2017, após seis anos e sete meses preso, conseguiu habeas corpus por uma liminar deferida pelo ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio Mello. Em 10 de março de 2017, após conseguir um habeas
corpus por uma liminar deferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco
Aurélio Mello, o que constitui desamparo das mulheres ao direito penal, beneficiando Bruno Fernandes que foi confirmado como novo “reforço” do clube Boa Esporte
Clube, de Varginha, também reconhecido como “Boa” ou “Boa Esporte”, representa uma associação esportiva mineira fundada originalmente em Ituiutaba, pontal do Triângulo Mineiro, em 30 de abril de 1947, tornando-se profissional em 1998. Em 2011, a equipe se transfere para a cidade de Varginha, passando a jogar sob o nome de Boa Esporte Clube. Após a confirmação de sua contratação, as redes sociais do
Boa Esporte sofreram protestos de internautas. Mesmo
recebendo estas críticas, o clube confirmou que o negócio está realizado contratualmente e que não cogita voltar atrás na decisão da compra do jogador. Além
disso, alguns dos patrocinadores do clube admitiram que irão deixar o clube
caso Bruno seja mesmo contratado.
Dois dias depois do anuncio da contratação do
goleiro, o site do clube foi “hackeado”,
em um protesto anônimo. No lugar da página oficial apareceram mensagens
acusando o clube de “apoiar diretamente o feminicídio”. No mesmo dia, o clube
divulgou uma nota oficial, assinada pelo presidente Rone Moraes da Costa, se
defendendo das críticas. O comunicado diz que a oportunidade dada ao goleiro
não representa “nenhum crime conforme a legislação brasileira e perante a lei
de Deus”, e que o clube tenta “fazer justiça ajudando um ser humano”. A
apresentação oficial do Bruno no clube se deu no dia 14 de março de 2017. Ele
vestiu a camisa com patrocinadores que já haviam deixado o clube e se negou a
responder algumas perguntas em sua apresentação como atleta. O
feminicídio é caracterizado quando a mulher é assassinada justamente pelo fato
de ser mulher. A lei de número 13.104 altera o código penal para prever o
feminicídio “como um tipo de homicídio qualificado e inclui-lo no rol dos
crimes hediondos”. Na prática, isso quer dizer que casos de violência doméstica
e familiar ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher passam a
ser vistos como qualificadores do crime. Os homicídios qualificados têm
pena que vai de 12 a 30 anos, enquanto os homicídios simples preveem reclusão
de 6 a 12 anos. Os crimes hediondos, por sua vez, são aqueles considerados de
extrema gravidade e que, por isso, recebem um tratamento mais severo por parte
da justiça. Eles são inafiançáveis e não podem ter a pena reduzida, por
exemplo.
De
acordo com a juíza Adriana Mello, criadora do Projeto Violeta e vencedora do
prêmio Innovare, sabe-se que existem grupos de mulheres que são ainda
mais vulneráveis à violência e merecem essa proteção tida como diferenciada.
Para ela a lei do feminicídio traz a perspectiva de duas importantes mudanças.
A primeira delas é responder à necessidade de que sejam tomadas providências
mais rigorosas em resposta aos altíssimos índices de violência contra as
mulheres no Brasil. Em segundo lugar, a lei do feminicídio tem o importante
papel ideológico de evidenciar politicamente a existência de homicídios de
mulheres por questões de gênero. O Projeto Violeta tem como objetivo
garantir a segurança e proteção máxima das mulheres vítimas de violência
doméstica e familiar, acelerando o acesso à Justiça daquelas que estão com sua
integridade física e até mesmo com a vida em risco. O Projeto Violeta
tem como objetivo garantir a segurança e proteção máxima das mulheres vítimas
de violência doméstica e familiar, acelerando o acesso à Justiça daquelas que
estão com sua integridade física e sobretudo com a vida em risco. Todo o processo de trabalho deve ser
concluído em cerca de quatro horas: a vítima registra o caso na delegacia, que
o encaminha de imediato para apreciação do juiz. Depois de ser ouvida e
orientada por uma Equipe Multidisciplinar do Juizado, ela sai com uma
decisão judicial em mãos. Todo o processo e método de trabalho deve ser
concluído em cerca de quatro horas: a vítima registra o caso na delegacia, que
o encaminha de imediato para apreciação do juiz. O que é verdade para o
problema da origem do mal também é para
o valor ético e social do mundo globalizado, depois que o mal nele se
introduziu com a falta original.
Bibliografia
geral consultada.
FOUCAULT, Michel, Los Anormales. Madrid: Ediciones Akal, 2001; HIRATA, Helena
(Org.), Dicionário Critico do Feminismo. 1ª edição. São Paulo: Editora
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Ferreira, Como Morre Uma Mulher? Configurações
da Violência Letal Contra Mulheres em Pernambuco. Tese de Doutorado em
Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Centro de Filosofia e Ciências
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no Submédio do Vale do São Francisco. Tese de Doutorado em Ciências Sociais.
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Natal: Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, 2014; CASTRO, Flávia Lages de, Mulheres por Direito: Crimes
na Legislação, Doutrina e Jurisprudência em Vassouras 1860-1889. Tese de Doutorado
em Sociologia e Direito. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2015; OLIVEIRA, Maria de Fátima Costa de, In Memorian: Entre Dana e Eliza: Discursos, Imagens e Sentidos sobre a Mulher. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Memória Social. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2016; ROMIO, Jackeline Aparecida Ferreira, Feminicídios no Brasil, Uma Proposta de Análise com Dados no Setor de Saúde. Tese de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2017; MENEGHEL, Stela Nazareth, et al, “Feminicídios: Estudo em Capitais
e Municípios Brasileiros de Grande Porte Populacional”. In: Ciência &
Saúde Coletiva, vol. 22, nº 9, pp. 2963-2970, 2017; COSTA, Bruna Santos, Feminicídios e Patriarcado: Produção da Verdade em Casos de Agressores Autoridades de de Segurança e Defesa do Estado. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Direito. Faculdade de Direito. Brasília: Universidade de Brasília, 2017; entre outros.
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