Paul Lafargue & Laura Marx – Amor, Preguiça & Suicídio Altruísta.
Giuliane de Alencar & Ubiracy
de Souza Braga
“Sejamos preguiçosos em tudo, exceto em amar
e em beber, exceto em sermos preguiçosos”. Paul Lafargue
Paul
Lafargue representava o filho único de uma família de agricultores, com origem francesa da
colonização dominicana e cubana. Tinha seis anos, quando saiu de Havana e foi
para a França com seus pais. Estudou em Bordéus, e, mais tarde, em Toulouse.
Finalmente, foi para Paris, onde cursou medicina, carreira que concluiu, mas
que optou por não exercê-la. Enquanto estudante de medicina declara-se hic et nunc republicano, socialista,
materialista e ateu, colaborando com o quem viria a ser o seu cunhado, Charles
Longuet, na revista “Rive Gauche”. Politicamente era positivista e proudhoniano. Em
1865, visita Marx, em Londres, e adere
a Primeira Internacional. Continua os
estudos, em Londres. No ano seguinte, é nomeado membro do Conselho Federal e,
depois, é enviado para Espanha, como secretário. Conhece e
casa-se, com a segunda filha de Marx, Laura, contrariando Marx, do ponto de vista anarquista, mas que será sua
companheira e colaboradora ativista até à morte. Embora Lafargue tenha estudado
medicina sofre a fatalidade da perda de três filhos morrerem
recém-nascidos. Foi
político, militante aparentemente comunista e escritor francês de origem
cubana. “Paul Lafargue
was born in Santiago, Cuba, on 16 June 1842, the son of a planter. His paternal
grandmother was a mulatto from Santo Domingo, who fled from there during the
French Revolution. His paternal grandfather was French, killed in the risings
in Haiti. His maternal grandfather, Abraham Armagnac, was a French Jew and his
maternal grandmother a Carib Indian. He was truly a born internationalist”. In
1851 his family took the young Paul to France, where he studied in the lycées
of Bordeaux and Toulouse before taking up medicine in Paris. Genro
e discípulo de Karl Marx. Nasceu a 5 de janeiro de 1842, em Santiago, Cuba.
Morreu a 26 de novembro de 1911, em Draveil, Essonne, França. Membro da Comuna de Paris, foi obrigado pelas autoridades governamentais a
deixar a França, exilando-se na Inglaterra, onde se casou em 1868 com Laura Marx,
filha de Marx. De volta à França, elegeu-se deputado por Lille.
Em
1880 fundou com Jules Guedes o Partido Operário Francês, tornando-se difusor
das ideias de Marx. Sua obra consiste, sobretudo de “Le droit à la paresse”,
escrita na prisão, onde exibe a dialética sobre as falhas do sistema
capitalista; “La légende de Victor Hugo”; “Souvenirs”; “La religion du
capital”; “Le communisme et l'évolution”; “Les trusts américains”; “La charité
chrétienne”. Publicou o trabalho “Correspondence”, das cartas mantidas entre
ele, Laura Marx e Friedrich Engels, e o livro póstumo “Critiques Littéraires”. Vale lembrar que o ensaio “Le
Droit à la Paresse” é um manifesto
político escrito por Paul Lafargue que polemiza com as visões sociais de mundo liberais,
algumas conservadoras e mesmo algumas marxistas do trabalho.
Sir
Charles Spencer Chaplin, reconhecido como Charlie Chaplin (1889-1977), foi um
ator, diretor, produtor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. E um dos atores mais famosos da chamada “Era do Cinema Mudo”,
notabilizado pelo uso de mímica e da “comédia pastelão”. Atuou, dirigiu,
escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes, sendo fortemente
influenciado por um antecessor, o comediante francês Max Linder (1883-1925), a
quem ele dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento
durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando ainda era criança
nos teatros do Reino Unido durante a Era Vitoriana quase até sua morte aos 88
anos de idade. Sua vida pública e privada abrangia adulação e controvérsia.
Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin fora
co-fundador da United Artists, uma Companhia fundada em 5 de fevereiro
de 1919. D.
W. Griffith nasceu em La Grange, Oldham County, Kentucky, filho de Jacob
“Roaring Jake” Griffith, um colono do Confederate Army e herói da Guerra
Civil Americana. Começou sua carreira como um próspero dramaturgo, mas não
conseguiu sucesso global. Depois se tornou ator. Encontrando seu caminho no
cinema, em pouco tempo dirigia um grande corpo de trabalho, levando Charles Chaplin
a chama-lo de “o professor de todos nós”. Chaplin foi um ator, diretor,
produtor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. Um dos atores
mais famosos da era do chamado “cinema mudo”, notabilizado pelo uso de mímica e
da “comédia pastelão”, sendo influenciado por seu antecessor, o comediante
francês Max Linder (1883-1925), um extraordinário ator de cinema francês da chamada “era do cinema mudo”,
o pai da primeira geração de comediantes do cinema norte-americano, a quem ele
dedicou um de seus filmes.
Seu
principal e mais famoso personagem historicamente foi The Tramp,
reconhecido internacionalmente como Charlot, na Europa, e igualmente
reconhecido como Carlitos, ou “O Vagabundo”, entre nós, em análise
comparada no caso do brasileiro. Consiste em um andarilho pobretão que possui
todas as maneiras refinadas e a dignidade de um gentleman, usando “um fraque
preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número,
um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e – sua marca pessoal – um
pequeno bigode-de-broxa”. Foi também um talentoso jogador de xadrez e chegou a
enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky. Em 2008, em uma resenha do
livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: - “Chaplin não foi apenas
´grande`, ele foi gigantesco”. Em 1915, ele “estourou” um mundo dilacerado pela
guerra trazendo da comédia, risos e alívio enquanto ele estava se
dividindo ao meio pela Primeira grande Guerra. Durante os próximos 25 anos,
através da Grande Depressão e da infeliz ascensão do nazismo,
ele permaneceu no emprego.
Ele
foi maior do que qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado
mais entretenimento, prazer e alívio para tantos seres
humanos quando eles mais precisavam. O termo Sétima Arte, é usado para designar
o cinema; foi estabelecido por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete Artes”,
em 1911, embora tenha sido publicado apenas em 1923. Por sua inigualável
contribuição ao desenvolvimento da Sétima Arte, Chaplin é o mais homenageado
cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelo governo
britânico: “Cavaleiro do Império Britânico”, pelo governo francês: “Légion
d`Honneur”, pela Universidade de Oxford: Doutor Honoris Causa e pela Academia
de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América com o Óscar
especial “pelo conjunto da obra”, em 1972.
Além
de atuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha
sonora de seus próprios filmes, tornando-se uma das personalidades mais
criativas e influentes em sua progênie da era do “cinema mudo”. Chaplin foi
fortemente influenciado por um antecessor, como vimos o comediante francês Max
Linder, a quem ele dedicou um de seus filmes. Era canhoto, nasceu no dia 16 de
abril de 1889, na East Street, Walworth, Londres, Inglaterra. Seus pais eram
artistas de music-hall. Seu pai, Charles Spencer Chaplin, era vocalista e ator,
e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Chaplin aprendeu a cantar com
seus pais, os quais se separaram antes dele completar três anos de idade. Após a
separação, Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez
mais instável emocionalmente. O censo de 1891 demonstra que sua mãe morava com
Charlie e seu “meio-irmão” mais velho Sydney na Barlow Street, Walworth. Um
problema de laringe finda a carreira da mãe de Chaplin.
A
primeira crise de Hannah ocorreu em 1894 quando ela estava cantando no “The
Canteen”, um teatro em Aldershot, geralmente frequentado por manifestantes e
soldados. Além de “ser vaiada, Hannah foi gravemente ferida pelos objetos
atirados pela plateia”. Nos bastidores, ela chorava e argumentava com o seu
gerente. Enquanto isso, com apenas cinco anos de idade, o pequeno Chaplin subiu
sozinho ao palco e cantou uma música popular da época, “Jack Jones” (cf. Chaplin,
1981). Seu pai, Charles, era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho,
apesar de Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo
com seu pai e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road, onde há uma placa em
homenagem ao fato histórico e social. Os “meios-irmãos” viviam ali, enquanto
sua mãe, mentalmente doente, residia no Asilo Cane Hill em Coulsdon. A amante
do pai de Chaplin enviou o menino para a Archbishop Temples Boys School. Seu
pai morreu de cirrose no fígado quando Chaplin tinha doze anos, em 1901. De
acordo com o censo de 1901, Chaplin residia na Streets 94 Ferndale Road,
Lambeth. Após a mãe de Chaplin ter sido novamente admitida no Asilo Cane Hill,
seu filho foi deixado, lamentavelmene, como de costume na porta de entrada em uma “casa de trabalho” em Lambeth, no Sul de Londres,
mudando-se após várias semanas para a Central London District School, “uma
escola para pobres em Hanwell”.
Os
jovens irmãos Chaplin começaram um íntimo relacionamento, a fim de
sobreviverem. Ainda jovens, foram atraídos para o music hall, e ambos provaram
ter grande talento. A mãe de Chaplin morreu em 1928, em Hollywood, sete anos
após ter sido levada de Londres para os Estados Unidos por seus filhos. Chaplin
começou a trabalhar junto com Normand, que “dirigiu e escreveu vários de seus primeiros
filmes”. Contudo, Chaplin não gostou de ser dirigido por uma mulher, e os dois
discutiam frequentemente. Ele acreditava que Sennett pretendia demiti-lo caso
houvesse um desentendimento com Normand. No entanto, seus filmes fizeram tanto
sucesso que ele se tornou uma das maiores estrelas da Keystone. Kid Auto Races
at Venice (1914), foi o segundo filme de Chaplin e historicamente a primeira “aparição”
d`O Vagabundo. Foi no estúdio Keystone desenvolveu seu principal
personagem: O Vagabundo, reconhecido como Charlot na França e no
mundo francófono, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, Carlitos
no Brasil e na Argentina, e Der Vagabund na Alemanha.
Etnograficamente
falando temos n`O Vagabundo a representação social, no sentido que empregam
Berger & Luckmann (1985) e artística de um andarilho pobretão que possui
todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro; aparece
sempre vestindo um paletó apertado, calças e sapatos desgastados e mais largos
que o seu número, e um chapéu-coco; carrega uma bengala de bambu; e possui um
pequeno bigode-de-broxa, como vimos. O público viu o personagem pela primeira
vez no segundo filme de Chaplin, Kid Auto Races at Venice, lançado em 7
de fevereiro de 1914. No entanto, ele já havia criado o visual do personagem
para o filme: Mabel`s Strange Predicament, produzido alguns dias antes,
porém lançado mais tarde, em 9 de fevereiro de 1914. Os primeiros filmes de
Chaplin no estúdio Keystone usavam a fórmula padrão de Mack Sennett, “que
consistia em extrema comédia pastelão e gestos exagerados”. Do ponto de vista
técnico-metodológico a pantomima de Chaplin foi mais sutil, sendo mais adequada
para comédias românticas e “farsas domésticas”. As piadas visuais, no entanto,
seguiam exatamente o padrão de comédia da Keystone. Em seus filmes, O
Vagabundo atacava seus inimigos com chutes e tijolos. O
público da época amou este novo comediante, apesar dos críticos alertarem que
as travessuras beiravam a vulgaridade.
Paul Lafargue & Laura Marx em comício na Espanha. Logo
depois, Chaplin se ofereceu para Dirigir e Editar seus próprios filmes. Durante
seu primeiro ano no ramo do cinema, ele fez mal, comprando aos Laboratórios das
universidades contemporâneas, “34 curtas-metragens para Sennett, assim como o
longa-metragem Tillie! s Punctured Romance”. Assim, diz o irreprochável Chaplin
quando da criação de seu “Vagabundo”: - “não tinha a menor ideia de como
poderia me vestir. Não me gostava o disfarce de jornalista. Não obstante,
enquanto me dirigia ao vestuário, me ocorreu por calças (pantalonas), um par de
sapatos grandes, uma bengala e um chapéu (sombrero) longo. Queria que tudo
parecesse uma contradição: as calças (pantalonas), abolsados (em forma de
bolsa); a jaqueta, ajustada: os sapatos, grandes, e o chapéu, pequeno…” (cf.
Chaplin, 1981: 233). Para Octavio Ianni (1989), é uma das mais extremas e
cruéis sátiras sobre o Mundo Moderno. A Sociologia e a Modernidade surgem na
mesma época, na mesma idade. Talvez se possa dizer que a revolução popular de
1848 despertou o Mundo para algo novo, que não havia sido ainda plenamente
percebido. A multidão aparecia no primeiro plano, no horizonte da história. E
aparecia como multidão, massa, povo e classe. A revolução de 1848 em
Paris repercutiu em toda a França, na Europa e em partes do mundo. Via-se que a
multidão se tornava classe revolucionária em conjunturas críticas. A
metamorfose pode ser brusca, inesperada, assustadora, fascinante. Em Paris de 1848 viviam, trabalhavam, produziam e lutavam Tocqueville, Proudhon, Comte, Marx,
Blanqui e Baudelaire. Na capital do século XIX, são os sinais de
que a sociedade burguesa também é histórica, transitória, nascem
a Sociologia e a Modernidade. É o herói solitário e triste de Charles Chaplin.
Foi publicado no
jornal socialista “L`Égalité” em 1880. Neste período, em Paris, a jornada de
trabalho superavam as 12 horas diárias e por vezes estendendo-se até 17 horas.
Lafargue denuncia a “santificação” do trabalho debochando dele como um “dogma
desastroso”. Ele e Laura, numa atitude corajosa, temendo a decrepitude oriunda
da velhice, fixaram em 70 anos a duração de suas existências. Assim, após 43
anos de vida em comum, ele com 69 anos, ela com 66 anos, anteciparam aquele projeto
e, na noite de 26 de novembro de 1911, trancaram-se em sua imensa propriedade
de Draveil e lá se suicidaram, injetando ácido cianídrico nas veias. Jenny
Laura Marx, nascida em 26 de setembro de 1845 foi a segunda filha de Marx e
Jenny von Westphalen. Em 1868 ela se casou com Paul Lafargue, nascido em
Santiago de Cuba de família Franco-Caribenha, sob o nome de Pablo em 16 de
junho de 1842, com quem passou a maior parte de sua vida na França, e um
período extraordinário na movimentada Inglaterra e a anárquica Espanha de importantes movimentos sociais do ponto de vista da organização laboral.
“Partisan du courant fondé par Jules Guesde, Lafargue portera durant les
années 1890-1905 un socialisme intransigeant inspiré des sociaux-démocrates
allemands et qui hésitera pas à égratigner ses camarades, et surtout Jean
Jaurès, lorsque ceux-ci s'éloigneront de la ligne idéologique qu'il défend.
Acteur de la vie politique française, il cherchera à rapprocher les thèses
complexes de Marx des ouvriers, en vulgarisant le marxisme et en créant un
corpus d`éléments de langage qui formeront la base du lexique de la “lutte des
classes”. Il martela alors ces écrits, inlassablement, dans L`Humanité
et les autres journaux de même obédience
Nas notas sobre a figuração intelectual
e paterna de Marx, apresenta-se da seguinte descrição na leitura de Paul
Lafargue. Vi Marx, pela primeira vez, em fevereiro de 1865. Num comício do
Saint Martin`s Hall acabava de fundar-se a Internacional.
Eu chegava de Paris para tomar conhecimento dos progressos da novel
organização. M. Toloin, hoje representante do Senado burguês e um de seus
delegados na Conferencia de Berlim, dera-me uma carta de recomendação para ele.
Eu tinha, então, 24 anos. Jamais esquecerei a impressão que me causou, desde os
primeiros momentos em que o vi. Nessa época, achava-se Marx debilitado
fisicamente. Trabalhava no primeiro volume de “O Capital”, ainda que o mesmo só
aparecesse dois anos depois, isto é, em 1867. Vale lembrar que Thorstein Veblen propôs um
sistema de ciência econômica que teria por mote uma análise não teleológica, o
que ele considerava o principal problema da ciência econômica como praticada no
seu tempo.
Para
tal ele buscou conceitos tanto na biologia evolutiva de Charles Darwin, como na
psicologia dos instintos de William James, esta última uma teoria muito em voga
no final do século XIX. Sua perspectiva é chamada de “institucionalista” em
razão da grande ênfase que o autor de “A Teoria da Classe Ociosa” coloca sobre
o que ele chamou de instituições. Na economia vebleniana, instituições são “hábitos,
rotinas de conduta” bastante arraigadas num determinado momento histórico.
Assim, por exemplo, a existência de uma classe de indivíduos que se abstêm do
trabalho produtivo, a “classe ociosa”, é uma instituição. Outros exemplos de
instituições são a propriedade absenteísta, ou seja, o hábito, bastante
presente na economia capitalista, de o dono do negócio não ser exatamente quem
cuida pessoalmente dele; a “financeirização” da riqueza, isto é, a
representação do equipamento produtivo da sociedade através de “papéis”; e a
emulação, que talvez seja o mais importante no livro: “A Teoria da Classe
Ociosa”, que diz respeito ao hábito dos indivíduos de se compararem uns com os
outros “invejosamente”, numa sociedade competitiva, ou, melhor dizendo, quando
se coloca o desejo das pessoas de serem reconhecidas como “melhores” que os
outros.
Temia
não poder terminar a obra e procurava receber cordialmente os moços, a quem dizia:
- “É preciso haver homens que continuem, depois de mim, a propaganda comunista”.
Marx é desses seres insólitos, que ocupam o primeiro lugar na ciência e na vida
publica. De tal maneira confinava com essas duas atividades,
que era difícil saber o que se
projetava em primeiro lugar: se o homem de ciência ou o lutador socialista. Toda
a ciência deve ser cultivada por si mesma e que nas investigações cientificas
não há resultados passageiros ou eventuais, era de opinião que se o homem de
ciência não queria ocupar um plano secundário deveria participar da vida publica, sem fazer do seu gabinete um esconderijo, nas lutas
sociais e políticas. - “Longtemps
Lafargue fut un oublié du combat socialiste. Il faudra attendre les années 1930
avant que le Parti communiste ne le redécouvre et c`est par les Etats-Unis, et
notamment un ouvrage de Leslie Derfler de 1991, que Lafargue redeviendra un
objet d`histoire pour les historiens du socialisme. Marié à la fille de Marx,
proche d`Engels, tantôt révolutionnaire, tantôt parlementaire, l`histoire de
Lafargue est en peu celle du socialisme. En nous réappropriant ses
correspondances et ses écrits, c`est une certaine tradition de la gauche
française que l`on redécouvre et qui, dans le contexte des échéances à venir,
fait écho à des réalités qui traversent la famille socialiste aujourd`hui”.
Aos
69 anos de idade ele e Laura morreram juntos em um pacto de suicídio. Antes de
morrer, Lafargue deixou uma carta, explicando o suicídio: - “Estando são de corpo e espírito, deixo a
vida antes que a velhice imperdoável me arrebate, um após outro, os prazeres e
as alegrias da existência e que me despoje também das forças físicas e
intelectuais; antes que paralise a minha energia, que quebre a minha vontade e
que me converta numa carga para mim e para os demais. Há anos que prometi a mim
mesmo não ultrapassar os setenta; por isso, escolho este momento para me
despedir da vida, preparando para a execução da minha decisão uma injeção
hipodérmica com ácido cianídrico. Morro com a alegria suprema de ter a certeza
que, num futuro próximo, triunfará a causa pela qual lutei, durante 45 anos.
Viva o comunismo! Viva o socialismo internacional!.!”.
Ele também escreveu O
Capital - Extratos, para facilitar o acesso popular à obra “O Capital”, de Karl
Marx. Esses extratos também teriam sido elogiados pelo sogro. Muitos outros
tentaram resumir a obra, especialmente o Livro Primeiro, devido ao fato que Marx comentava que ou ficavam acadêmicos
demais com a desvantagem de manter difícil a compreensão pela classe
trabalhadora ou eram de uma linguagem acessível para a classe trabalhadora
porém ainda mais pobres e mal interpretadas. – “Efectivamente, en 1911 tuvo
lugar el trágico suceso que llenó de estupor y tristeza a los socialistas de
todo el mundo. Pablo y Laura Lafargue se habían suicidado en su casita de
Draveil, en la noche del 26 de noviembre, un gesto que sorprendió a toda la
militancia socialista internacional. La entrañable pareja, después de haber
pasado todo el sábado en París se habían dirigido a su casa en Draveil.
Conversaron con humor, dirían el jardinero Ernest Doucet y su familia, de la
jornada realizada. Laura y Pablo habían estado en un cine. Sabían cuan cerca se
hallaba la muerte y eso no desfiguraba la serenidad y alegría familiar. Doucet
a la mañana siguiente, inquieto por lo tarde que era dada la espartanas
costumbres de la pareja, golpea la puerta, como no responde nadie, la abre él
mismo, y se encuentra a Paul y Laura ya sin vida. Él permanecía extendido y
vestido en su habitación. En la habitación contigua, Laura sentada en una
butaca, también estaba muerta”.
Historicamente
há dois tipos de causas extrasociais às quais se pode atribuir a priori uma
influência sobre a taxa de suicídios: as disposições orgânico-psíquicas e a
natureza do meio físico. Poderia ocorrer que, na constituição individual ou
pelo menos, na constituição de uma classe importante de indivíduos, houvesse
uma propensão, de intensidade variável conforme os países, que arrastasse diretamente
o homem ao suicídio; por outro lado, o clima, a temperatura, etc., poderiam
pela maneira como agem sobre o organismo, ter diretamente os mesmos efeitos. As
hipóteses, em todo caso, sustentadas por Émile Durkheim e validadas para os
dias atuais é que grande número de mortes voluntárias não entram em nenhuma
dessas categorias; a maioria delas tem motivos que não deixam de ter fundamento
na realidade.
Vale
lembrar que não se pode, sem fazer mau uso das palavras, considerar
todo suicida um louco. Mas de todos os suicídios o que parece mais
difícil de discernir que se observam nos homens são os de “espírito
melancólico”; pois, com muita frequência, o homem normal que se mata também se
encontra num estado de abatimento e de depressão, exatamente como o alienado.
Mas sempre há entre eles a diferença essencial de que o estado do primeiro e o
ato resultante dele não deixam de ter causa objetiva, ao passo que, no segundo,
não têm nenhuma relação com as circunstâncias exteriores. Para Durkheim, nas
situações de degredo, como ocorre nas prisões e nos regimentos, há um estado
coletivo de formação da consciência coletiva que inclina os soldados e os detentos ao suicídio, diretamente quanto o
pode fazer a mais violenta das neuroses. O exemplo é a causa ocasional que faz
manifestar-se; mas não é aquele que o cria, e, se o impulso não existisse, o
exemplo seria inofensivo. Uma observação sociológica pode servir de corolário.
Mas não se enganem o suicídio é uma manifestação de amor.
Em
filosofia, metodologicamente “Absurdo” se refere ao conflito entre a tendência
humana de buscar significado inerente à vida. Ou, a inabilidade humana para
encontrar algum significado. Nesse contexto “absurdo” não significa,
“logicamente impossível”, mas sim “humanamente impossível”. O universo e a
mente humana não causam separadamente o Absurdo. Mas é o Absurdo que surge pela
natureza humana contraditória de ambos existindo simultaneamente. Esta
filosofia está relacionada ao existencialismo de Sartre e ao niilismo de
Nietzsche, ainda que não deva ser confundido com estes. “Absurdismo”, portanto,
como conceito tem suas raízes no século XIX com o filósofo dinamarquês Søren
Kierkegaard. Já como sistema de crença nasceu do movimento existencialista
quando o filósofo e escritor francês Albert Camus rompe essa linha filosófica e
publica seu manuscrito “O mito de Sísifo”. As consequências da 2ª grande guerra
proporcionaram um ambiente propício para visões “absurdistas”,
em especial na devastada França, como as de Emil Cioran.
O
absurdo no ensaio: “Le Mythe de Sisyphe” é considerado um ponto de partida.
Trata-se de uma sensibilidade, não de uma filosofia do absurdo. O autor diz
isso em parte do prólogo: - “aqui se encontrará unicamente a descrição, o
estado puro de uma doença do espírito. Nenhuma metafísica, nenhuma crença foi
misturada a isso por enquanto”. Sem lugar a dúvidas, “O mito de Sísifo” é a
obra capital do absurdo. Assim como fez Jean-Paul Sartre, ao publicar em 1943 o
ensaio “O ser e o nada”, onde tenta exibir a tese da novela “A náusea” (1938),
Camus publica o ensaio em que tenta resolver os problemas propostos em sua
narração “O estranho”, ambos de 1942. Um dos aspectos relacionados por
estudiosos a este ensaio de Camus é o tema do suicídio. Foi analisado
magistralmente por Émile Durkheim, mas para Camus, especialmente em sua
primeira parte: “Um raciocínio absurdo”. A resposta que Camus tenta diante
deste problema, refere-se a um trabalho sobre o sentimento do absurdo, sua
gênese, seu conteúdo. Desenvolve o conceito do tempo, como inimigo, para
entender a ilogicidade do mundo. O espectro da morte como uma certeza do
absurdismo. Bibliografia geral consultada.
ENGELS, Friedrich, Paul et Laura Lafargue. Correspondance. Textes recueillis,
annotés et présentés par Émile Bottigelli. Traductions de l'anglais par Paul
Meier. Tome II. Paris: Éditions Sociales, 1956; KAPP, Ivone, Eleanor Marx: La Vida Familiar de Carlos Marx (1855-1883): Tomo
I. México: Ediciones Nuestro Tiempo, 1979; HARDMAN, Francisco Foot, “Introdução:
Trabalho e Lazer no Movimento Operário”. In: LAFARGUE, Paul, O Direito à Preguiça: A Religião do Capital. 3ª edição. São Paulo: Editora
Kairós, 1983, pp. 13-20; ELIAS, Norbert, A Busca da Excitação. Lisboa: Difusão Europeia do Livro, 1992; CHAUÍ, Marilena, Introdução
de O Direito à Preguiça de Paul
Lafargue. São Paulo: Editora Hucitec/Editora da Universidade Estadual Paulista, 1999; DE MASI, Domenico; MAERK, Johannes, “El Derecho a la Pereza”, de Paul Lafargue. In: RevistaMexicana del Caribe. México. Ano 5, n° 9, pp. 229-237, 2000; DE MASI, Domenico, A Economia do Ócio. Rio de Janeiro: Editor Sextante, 2001; ALBORNOZ, Suzana Guerra, “Sobre O
Direito à Preguiça de Paul Lafargue”. Disponível em: Cad.
psicol. soc. trab. Vol. 11 n° 1.
São Paulo jun. 2008; DURKHEIM, Émile, O
Suicídio. Estudo de Sociologia. 2ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2011; GUTIÉRREZ-ALVAREZ, Pepe, “La Muerte Escogida de Paul Lafargue y Laura
Marx”. Disponível em: http:kaosenlared.net./22/10/2012; LAFARGUE, Paul, La Religion du Capital, suivi de Le Droit à la Paresse, et de Pie IX au Paradis. Paris: Éditions Théolib, 2014; MARX, Karl, Sobre oSuicídio. São Paulo: Editorial Boitempo, 2015; ARAUJO, Ana; AMARANTE, Roger, “Que terrível: Karl Marx é o economista mais
indicado nas escolas de Economia dos Estados Unidos”. In: Crítica Semanal da Economia
Política, fev. 2016; entre outros.
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