quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Valentina Izotova – Ícone da Pátria Revolucionária

                                                                                                             Ubiracy de Souza Braga*

    “Una meraviglia architettonica che è in fondo l`autobiografia in pietra dela nazione russa. Fabio Petrucci
 
              A modelo que posou para a estátua é Valentina Izotova, uma nativa da cidade, que ainda é reconhecida por sua semelhança com a estátua. Ela foi recrutada por Lev Maistrenko, um artista que estava trabalhando no complexo memorial no início dos anos 1960 e achou que seu rosto tinha a personalidade da obra que iria compor.  É um monumento erguido em Volgogrado, antiga Stalingrado, na Rússia. Está no topo da colina de Mamayev Kurgan, comemorando a Batalha de Stalingrado. O monumento foi desenhado pelo escultor Yevgeni Vuchetich. Quando foi construída, em 1967, era a maior estátua do mundo, medindo 85 metros do topo de seu pedestal até a ponta da espada. A figura em si mede 52 metros e a espada 33 metros. O monumento foi concluído no período do presidente Leonid Brezhnev, um político e líder da antiga União Soviética. Leonid Ilich Brezhnev nasceu na Ucrânia em 1906 e morreu em Moscovo em 1982. Governou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante 18 anos. Foi secretário-geral do Partido Comunista soviético de 1964 a 1982 e presidente da URSS entre 1977 e 1982. Desenvolveu uma política conservadora e defensiva no plano interno, enquanto reforçava externamente o poder político e militar do país, tendo estendido a sua influência internacional à África e à Ásia. estátua “Pátria Mãe” do socialismo era a maior do mundo quando foi inaugurada no final dos anos 1960. Foi construída sob o comando de Nikita Khrushchev para marcar a batalha de Stalingrado, antigo nome de Volgogrado, na 2ª guerra mundial, quando o Exército soviético conseguiu derrotar as forças da Alemanha nazista que invadiam a Rússia.

                                   


 
  A contraofensiva se realizou entre 19 de novembro de 1942 e 2 de fevereiro de 1943, terminando com o cerco e a liquidação do agrupamento alemão de 300 milhares de homens comandado por Friedrich Paulus. Foi lá, nas estepes cobertas de neve, perto das margens do rio Volga, que a máquina militar dos nazistas sofreu o mais duro golpe na sua história social e política e do qual nunca chegou a recuperar totalmente. Após a derrota na batalha de Stalingrado, a Alemanha declarou luto nacional pela primeira vez desde o início da guerra. O avanço militar das tropas soviéticas perto de Stalingrado foi precedido por 75 dias estratégicos da segunda etapa defensiva. Portanto, os defensores da cidade de Stalingrado conseguiram resistir a 4 assaltos, pois desde setembro de 1942 as unidades mecanizadas nazistas estiveram pressionando sem parar as posições das tropas soviéticas da região, com a artilharia varrendo da face da terra bairros inteiros. Contudo, nunca chegaram a tomar o cais do rio Volga e parte central da cidade, apesar de terem cinco vezes mais forças e poder de fogo. No total, contra as paredes inexpugnáveis da idade de Stalingrado se destroçaram mais de 1.000 tanques alemães, cerca de 1.400 aviões, 2.000 peças de artilharia e morteiros e aproximadamente 700 mil soldados e oficiais da Wehrmacht, historicamente a Força Armada de Defesa Alemã que morreram ou ficaram feridos no campo de batalha.
            A luta na proeminente colina Mamayev Kurgan, que se ergue sobre a cidade, era particularmente sem piedade. A posição mudava de mãos diversas vezes. Durante um contra-ataque soviético, eles perderam uma divisão inteira de 10 mil homens num único dia, a 13ª Divisão de Guardas de Rifle, que matou número aproximado de inimigos alemães. Em 1944, durante o começo da restauração da cidade, dois corpos foram encontrados na colina: um alemão e um soviético, que, aparentemente, se haviam matado um ao outro simultaneamente a golpes de baioneta no peito e que haviam sido sepultados por tiros de artilharia na colina. Marcada por sua extrema brutalidade e desrespeito às perdas militares e civis de ambos os lados, a ofensiva alemã sobre a cidade de Stalingrado, a batalha dentro da cidade e a contraofensiva soviética que cercou e destruiu todo o 6º Exército alemão e outras forças do Eixo, representou a segunda e importante derrota em larga escala da Alemanha nazista na 2ª guerra mundial a mais decisiva. A Alemanha é um país situado na Europa Ocidental com uma paisagem de florestas, rios, cordilheiras e praias do Mar do Norte. A nação tem mais de 2 milênios de história. Berlim, a capital, abriga cenários artísticos e de vida noturna, o Portão de Brandemburgo e muitos locais relacionados à Segunda Guerra Mundial. Munique é reconhecida pela Oktoberfest e pelos beer halls, entre eles o Hofbräuhaus, do século XVI. Frankfurt, com seus arranha-céus, abriga o Banco Central Europeu. A ofensiva no Leste forçou os alemães em seu território, e com a ajuda vindo do Oeste (aliados), juntamente com  a força bruta dos Estados Unidos da América (EUA), veio a vitória contra o Terceiro Reich, em 8 de maio de 1945.   
É o símbolo da vitória em Stalingrado decorrente de uma das mais sangrentas batalhas dos soviéticos conta os alemães nazistas. A batalha durou cerca de 4 meses e estima-se que pelo menos 1 milhão de soldados tenham sido mortos durante este breve tempo. A batalha épica que começou em 1942 levou à morte de quase dois milhões de pessoas e foi o momento em que a sequência de vitórias do exército alemão foi interrompida. A Batalha de Stalingrado é motivo de orgulho para os russos e é vista como um momento de virada na 2ª guerra mundial. A British Broadcasting Corporation (Corporação Britânica de Radiodifusão, reconhecida pela sigla BBC) MHM é uma corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922. Possui uma boa reputação nacional e internacional, embora seja vista por alguns críticos como parcial e tendenciosa para o liberalismo e seja assumidamente pró-Londres. Por vezes, é chamada afetuosamente pelos britânicos como Beeb, The Corporation ou Auntie ("Titia"). Durante muitos anos, foi o único fornecedor de rádio e, depois, de televisão, do Reino Unido. O seu lema é: “Nation Shall Speak Peace Unto Nation”. Antes, era chamada de British Broadcasting Company Ltd., nome que permaneceu até 1927. Segundo o correspondente da BBC em Moscou, Richard Galpin, a enorme estátua de 85 metros de altura está inclinada e já formou um ângulo, pois não é fixada por suas fundações. Ao invés disso ela é mantida no lugar pelo seu próprio peso e o aumento do nível das águas na área onde se localiza está fazendo com que as fundações da estátua cedam. A Mãe Pátria enquanto monumento simboliza a liberdade e a vitória conseguida após um imenso sofrimento de guerra associado aos trabalhadores e trabalhadoras em prol da nação.    



            Historicamente a ideia de que a Rússia podia fazer uso do tempo e da história social como símbolos de modo diverso da  Europa ocidental aparece com Pedro, o Grande. O salto do desenvolvimentismo para o modernismo foi o sonho daquele “primeiro bolchevique”, como o denominou Nikolái Berdiáeiv. Existia uma grande diferença entre o horizonte histórico dos romances franceses e o dos russos do século XIX. Honoré de Balzac mostra-nos heróis ávidos para conquistar a sociedade pelo dinheiro ou pela intriga. Acreditam na estabilidade da sociedade o  para tentar conquistá-la e também creem numa certa franqueza. Sob esse ponto de vista, Rastignac é o mais típico herói balzaquiano. O romance russo não nos oferece um Balzac. A concepção de tempo de Gógol está vinculada ao século XVIII, como o romance picaresco de Gil Blas e a segunda parte de Almas mortas está construída sobre a ideia de uma visão cristã. Gontcharóv é um maravilhoso pintor de um mundo sem tempo – simbolizado pelos habitantes de Oblomóvka, que não têm tanto medo do futuro, já que nunca abrem uma carta, se alguma vez uma carta lhes chega. Leon Tolstói está plenamente ocupado com o drama de heróis que se desviam do tempo cíclico e tenta restabelecer o tempo cíclico em seu ritmo no epílogo de “Guerra e Paz”. O único romancista russo profundamente relacionado com a estrutura do futuro é Dostoiévski, mas o tempo, em sua obra, está sempre em um estado de crise. O romance do futuro é “O que fazer?”, de Tchernichévski, que inspira Lenin, subtítulo do qual representa o novo proletário socialista que sonham com uma nova sociedade.       
A obra de Máximo Gorki, pseudônimo de Aleksei Maksimovich Peshkov, escritor, romancista, dramaturgo, contista e ativista político russo, centra-se no chamado “submundo russo”. O ficcionista registrou com vigor e emoção personagens que integravam as classes subalternas: operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já haviam incorporado estes setores sociais à literatura, mas “olhavam para os pobres de fora”, apenas com piedade ou com frieza. Gorki, ao contrário, reconhecia aquele universo por dentro – ele próprio era um desses desvalidos – e soube descrever o que havia de profundo na alma do povo. A impressão de autenticidade que suas obras nos transmitem. Sem dúvida, ele foi o criador da chamada literatura proletária que teve seguidores no mundo inteiro em todos os tempos. O mundo não resolve suas diferenças e nem corrige as injustiças sociais. Faltaria o último toque, na representação que construiu o templo literário de Gorki, resistente às manobras ideológicas e políticas imunes à ação do tempo. Vale lembrar que Gorki em russo tem como significado a palavra amargo.
A vontade por constituir a coisa em si é livre. Já o fenômeno, submisso às categorias da razão, está envolvido com a questão da necessidade. Começa a esboçar-se, aqui, uma contradição: o mundo, como objetividade da vontade é fenômeno, portanto ligado à questão da necessidade, enquanto que a vontade é livre por ser a coisa em si e por não ter relação qualquer com a necessidade. À determinação eletiva no homem, que faz deste um campo de batalhas, o pensador alemão compara o instinto no animal enquanto formas de reconhecer a vontade. Schopenhauer contrapõe as dores no homem, em abstrações que o torturam, da invejável quietude animal, que só sente a dor no presente. Seneca, novamente é evocado para ilustrar tal fato: - “Dão-se muitas cousas as quaes  mais do que nos oprimem, nos espantam, e mais frequentemente somos angustiados mais pela ideia ( sic!), do que pela realidade”.
Como vimos Mãe-Pátria, no idioma russo: Родина-мать зовёт! é um monumento erguido em Volgogrado, antiga Stalingrado, na Rússia. Está no topo da colina de Mamayev Kurgan, comemorando a Batalha de Stalingrado. O monumento foi desenhado por Yevgeny Viktorovich Vuchetich proeminente escultor e artista soviético. Ele é reconhecido internacionalmente por seus monumentos heróicos, muitas vezes de estilo alegórico, incluindo The Motherland Calls, a maior escultura do mundo na época. Quando foi construída, em 1967, era a maior estátua do mundo. Medindo 85 metros do topo de seu pedestal até a ponta da espada. A figura em si mede 52 metros e a espada mede 33 metros. Quando o monumento foi terminado, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas estava com o poder nas mãos de Leonid Brezhnev. A modelo que posou para a Mãe-Pátria, Valentina Izotova, é uma natural da cidade, e ainda é reconhecida pela semelhança com a estátua. Ela foi recrutada por Lev Maistrenko, um artista que trabalhou no memorial no início dos anos 1960. Há uma representação da estátua na Bandeira do Óblast de Volgogrado, adotada em 2000.
Há particularmente para o que nos interessa no escritor e ativista, a força do natural e a “beleza espontânea”, no sentido que emprega o pensador socialista Antônio Gramsci, combinando na imagem humana que tanto fascinam, em nossa busca de poder e legitimidade revolucionária. Ipso facto a transfiguração da realidade, o surrealismo da fuga ao legítimo: uma espécie de descanso do espírito, no seu enquadramento real. O que sua vida e obra demostram não é o estereótipo em si de revolucionário perigoso ao Estado contemporâneo que, segundo a mediocridade dos seus adversários, teria envenenado o mundo através da literatura. A transfiguração do senhor está entre as grandes festas e solenidades da Igreja oriental, vem precedida com a oração das vésperas solene, seguido da grande vigília de oração, é evidente que para os nossos irmãos orientais esta festa tem uma importância extraordinária pois traduz profundamente a teologia da divinização do homem. Mas o homem em que a memória, é marcada pela lembrança das agruras do sujeito e das injustiças presenciadas, ansiava pela transfiguração do mundo na passagem da ordem capitalista para a socialista. “A Mãe” tem como representação uma história revolucionária em todos os sentidos. Entre a miséria do grito lancinante de revolta das almas que arranca esperança das profundezas da injustiça.
         Estabelece um paralelismo entre o amor maternal e amor universal que comanda a mente e a ação revolucionária no seio de “amor ao próximo”, ao fim e ao cabo. Trata-se de uma obra literária contextualizada na Rússia do início do século XX, inspirada em manifestações reais do primeiro de maio de 1902 e no julgamento dos seus participantes.  Vale lembrar que nos últimos anos do czarismo, a indústria cinematográfica da Rússia era dominada por estrangeiros. Em 1919, Lenin, o líder da revolução bolchevique, vendo no cinema uma arma ideológica para a construção do socialismo, nacionalizou o setor quando criou uma escola de cinema estatal. Assentadas as bases industriais, desenvolveram-se temas e uma nova linguagem estética que exaltou o realismo. Destacaram-se o documentarista Dziga Vertov, com o “kino glaz” ou “câmara-olho”, e Lev Kuletchov, cujo laboratório experimental ressaltou a importância experimental da montagem. Os mestres indiscutíveis da escola soviética foram os pioneiros Serguei Eisenstein, criador dos clássicos Bronenósets Potiomkin (1925; O Encouraçado Potemkin), que relatava a malograda revolta de 1905; Oktiabr (1928; Outubro ou Os dez dias que abalaram o mundo), sobre a revolução de 1917; e Staroye i novoye (1929; A linha geral ou O velho e o novo), criticado pelos intelectuais de orientação ortodoxos e pela intelligentsia em torno da Enciclopédia como obra de formalistas.

        Gorki nasceu em um meio social pobre, em Nizhny Novgorod, cidade que em 1932 passou a se chamar Gorki por iniciativa de Stalin. O nome da cidade foi revertido para o nome original em 1991. Órfão de pai foi criado pelo avô materno que era tintureiro. Em 1878 quando sua mãe faleceu teve que deixar a casa do avô para ir trabalhar. Foi sapateiro, desenhista, lavador de pratos num navio que percorria o Volga, onde teve contato com alguns livros emprestados pelo cozinheiro, o que acabou despertando sua consciência política. Discípulo de Kuletchov, Vsevolod Pudovkin dirigiu Mat (1926; “Mãe”), baseado no romance de Maximo Gorki; Konyets Sankt-Peterburga (1927; “O fim de São Petersburgo”) e Potomok Chingis-khan (1928; Tempestade sobre a Ásia ou O herdeiro de Gengis-Khan). A obra de Gorki centra-se no submundo russo. O ficcionista registrou com vigor e emoção personagens que integravam as chamadas classes sociais excluídas que estavam sendo representadas pelos operários, vagabundos, prostitutas, gente humilde, homens e mulheres do povo.
   Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes grupamentos sociais à literatura, mas olhavam para os pobres de fora, apenas com piedade ou com frieza. Gorki, ao contrário, conhecia aquele universo por dentro – ele próprio era um desses desvalidos – e soube captar o que havia de mais profundo na alma do povo russo e de autenticidade que suas obras nos transmitem. Sem dúvida, ele foi o criador da chamada literatura proletária que tem seguidores no mundo inteiro desde o início com a revolução proletária de 1917, o ressurgimento do realismo na Rússia deveu-se em boa parte ao ressurgimento do realismo na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URRS) deveu-se em boa parte a guerra de movimento de caráter ideológico e a pressões sociais decorrentes de um novo público leitor procedente de extratos das classes operárias da sociedade soviética que, assim como preferia a arte figurativa, gostava de narrativas e poemas que descrevessem a vida tal como ela era. Lenin e a maioria dos dirigentes do Partido eram favoráveis ao realismo por razões de hegemonia ideológica e de gosto pessoal, mas também acreditavam que as massas se afastavam instintivamente dos modernistas considerados sofisticados de fora para dentro da luta política. Mesmo que o mundo resolvesse suas diferenças e diversidades e corrigisse as injustiças sociais, ainda assim faltaria o último toque, aquele toque que construiu o precioso templo literário de Gorki, resistente às manobras ideológicas e imunes à ação do tempo.
           O terceiro da grande tríade do cinema soviético foi o ucraniano Aleksandr Dovzhenko, realizador ucraniano, um dos grandes cineastas soviéticos, ao lado de Sergei Eisenstein, Dziga Vertov e Vsevolod Pudovkin. Homero do cinema mundial anos 1894-1956, cineasta e escritor ucraniano, foi o fundador do cinema poético, nasceu na região de Chernivsti, cujos filmes mais aclamados foram Arsenal (1929), Zemlya (1930), poema bucólico, e Aerograd (1935). Enfim, como fica evidente em O Sacrifício e em oposição assimétrica no Espelho seu reverso, bem como no resto da obra do cineasta, esse resgate do traço indiciário em seu estado puro tornara-se um objetivo utópico, mas sobretudo, um movimento que tinha o objetivo de expandir os princípios da Revolução proletária, a fim de criar uma sociedade e sistema econômico mais racional para Tarkóvski: sua produção do tempo impresso na película estava indissoluvelmente ligada ao caráter histórico e ideológico da reprodutibilidade técnica das imagens. A rejeição do cinema como linguagem ou ideologia, e montagem técnico-metodológica como uma forma de sintaxe dos planos individuais, se reflete positivamente na metáfora de encadeamento das imagens, na sequência em detrimento da esfera de análise.
      Na primeira metade do século XX conceitos inovadores foram introduzidos pela Escola de Frankfurt, destacando-se Benjamin e Adorno, estudando os efeitos perversos da industrialização, da tecnologia e da cultura de massa sobre a arte. Walter Benjamin analisou a perda da aura do objeto artístico na sociedade contemporânea, e Adorno refletiu que a arte não é um mero impacto  mecânico da sociedade que a produz, pois a arte expressa o que ainda não existe e indica as condições e possibilidades de transformação e transcendência. Representante do pragmatismo norte-americano, John Dewey definiu a arte como “a culminação da natureza”, sustentando que a base da estética é a experiência sensorial. A atividade artística seria uma consequência da atividade natural do ser humano em seu trabalho, cuja forma organizativa depende dos condicionamentos sociais e as formas de apropriação ambientais em que se desenvolve.      
A primeira escola historiográfica de grande relevância foi o formalismo, que defendia o estudo da arte a partir do estilo, aplicando uma metodologia evolucionista que defendia a arte uma autonomia longe de qualquer consideração filosófica, rejeitando a estética romântica e o ideal metafísico hegeliano, e se aproximando do neokantismo. Seu primeiro teórico foi Heinrich Wölfflin, considerado o pai da moderna História da arte. Ele aplicou à arte critérios científicos, como o estudo psicológico ou o método de análise comparativo quando definia os estilos por suas diferenças estruturais inerentes aos mesmos, como argumentou em sua obra: Conceitos fundamentais da História da Arte (1915). Wölfflin como homem de seu tempo, não atribuiu importância às biografias dos artistas, valorizando o lado ideológico de nacionalidade, de escolas artísticas e estilos nacionais. As teorias de Wölfflin foram continuadas pela Escola de Viena, com autores como Alöis Riegl, Max Dvořák, um historiador da Arte austríaco nascido tcheco, mas considerado membro da Escola Vienense de História da ArteHans Sedlmayr, um historiador de arte austríaco que no período de 1931 a 1932 e de 1938 em diante, ele era se tornou membro do Partido Nazista e Otto Pächt,
  Historicamente a celebrada efervescência vienense é de intensa e notável produção artística, estética e principalmente literária. Melhor dizendo, na virada de passagem para o século XX, Viena experimentava processos comunicativos díspares: de um lado, “decadência e inovação; unidade e multiplicidade cosmopolitismo e provincianismo; de outro, Levante e Ocidente”, escreveu Carl Shorske em seu extraordinário libelo: “Viena fin-de-siècle” que Viena nesta conjuntura social e política demonstra onde, quando e como se “fabricou” a essência irradiante da modernidade. Paradigmáticos fora o salão da musa Alma Malher, Gustav Mahler, Kokoschka, Klimt, Gropius e Werfel, Hofmannsthal e Schnitzler, e comparativamente o café Central onde se cruzavam personalidades, ativistas e intelectuais como Freud, Mazarik, Trotsky, Bauer, e o reacionário Lueger, por exemplo. Ludwig Wittgenstein, Schoenberg e Schiele, Loos e Otto Wagner, discutiam avanços na utilização de técnicas instrumentais contemporâneas desde a matemática à estética.                           
  Os cenários intelectuais de “leitura” eram múltiplos: a) havia o salão de Alma Mahler, casada com Gustav e musa de Kokoschka, Giropius e Werfel; b) o Café Central, onde se cruzavam Freud, Mazarik, Bronstein (ou melhor, Leon Trotsky), o socialista Bauer e o reacionário Lueger. Wittgenstein, Schoenberg, Klimt e Otto Wagner discutiam avanços que iam da matemática à estética; c) Herzl vislumbrava o Estado judeu, já temendo o antissemitismo crescente; e d) tragicamente o então jovem Adolf percorria maravilhado, a monumental Avenida Ringstrasse. A cidade de Viena estava protegida por uma muralha desde o século XII; até que, a partir de 1850, a cidade foi crescendo e se formaram vários bairros no exterior dos muros. Em 1857, a muralha começou a ser derrubada para dar mais espaço à cidade e em seu lugar foi construído um grande bulevar, a Ringstrasse. Trata-se de uma prestigiosa avenida onde foram construídos diversos edifícios, como Palácio Real Hofburg, a Prefeitura, a Bolsa, o Parlamento, o Burgtheater, criado em 1741 tornou-se como o “dado Burg” pela população Vienense,  a Igreja Votiva, a Universidade, o Museu de História da Arte ou o Museu de História Natural. A vida de Arthur Schnitzler coincide com o outono áureo de uma civilização majestosa, cenário ideal para romper com a tradição e antecipar a modernidade. Mas as circunstâncias trágicas pelas quais a Áustria acabou sendo enredada nas duas grandes guerras, até ser anexada pela Alemanha em 1938, aguçaram os contrastes e antinomias. Num cenário histórico político de intolerância crescente e irradiação artística luminosa, o esplendor vienense degradou-se.
Bibliografia geral consultada.
RIEGL, Alöis, Le Culte Moderne des Monuments. Son Essence et sa Genèse. Paris: Éditions du Seuil, 1984; GORKI, Máximo, La Madre. Traducción Angel Erraij y J. Ventol. Bercelona: Editorial Reviews, 1991; GORKI, Máximo, La Mère. Paris: Éditions Gallimard Coll. Bibliothèque de la Pléiade, 2005; VÁSSINA, Elena, “Sobre Algumas Aproximações Teatrais: Pequenos Burgueses de Górki”. Disponível em: Expressão. Santa Maria, Volume 1, pp. 5-13, 2006; TAVARES, Rodrigo Rodrigues, Desenhando a Revolução: A Luta de Imagens na Imprensa Comunista (1945-1964). Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências HUmanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009;  PALMER, Scott, “How Memory was Made: The Construction of the Memorial to the Heroes of the Battle of Stalingrad. In: The Russian Review, 68: 3 (2009): 373-407; ACS, Patrícia Dayane, O Foco Proletário: Processo Narrativo da Obra A Mãe de Maksim Gorki. Dissertação de Mestrado. Departamento de Letras Orientais. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2011; NOGUEIRA, Flavio Schluckebier, A Busca pela Modernização: Uma Análise Comparativa entre a Rússia Imperial (1861-1914) e a Rússia Soviética (1921-1939). Dissertação de Mestrado em Economia. Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional. Instituto de Economia Industrial. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013; RUSEISHVILI, Svetlana, Ser Russo em São Paulo: Os Imigrantes Russos e a (Re)formulação de Identidade após a Revolução Bolchevique de 1917. Tese de Doutorado. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; FRANCISCON, Moisés Wagner, O Cinema Soviético Representa a Segunda Guerra Mundial (1945-1991). Tese de Doutorado em História. Setor de Pós-Graduação em Ciências Humanas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2019; entre outros.
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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