“Eu sempre tive uma necessidade repulsiva de ser algo mais do que humano”. David Bowie
A
influência de David Bowie é única, musical e socialmente na arte e no cinema.
Como escreveu o biógrafo David Buckley, “ele penetrou e modificou mais vidas do
que qualquer outra figura comparável”. De fato, grande é sua influência no
mundo da música entre artistas e bandas mais antigas e a nova geração, e, além
de ter auxiliado movimentos sociais como a “libertação gay” e a recriação de
uma nova juventude independente, introduziu novos modos de se vestir na cena
musical e tem uma carreira prestigiada no cinema. Em 2002, ficou em 29º lugar
na lista popular 100 Greatest Britons e já vendeu mais de 136 milhões de
álbuns ao longo de sua carreira. A Inglaterra, local de nascimento de
Shakespeare e dos Beatles, abriga a capital, Londres, um centro financeiro e
cultural globalmente influente. Também na Inglaterra, ficam o neolítico Stonehenge,
as termas romanas de Bath e as centenárias universidades de Oxford e Cambridge.
Foi premiado no Reino Unido com 9 certificações de Álbum de Platina, 11 de Ouro
e 8 de Prata, e, nos Estados Unidos, 5 de Platina e 7 de Ouro. Em 2004, além
disso, a famosa revista Rolling Stone colocou-o na 39ª posição em sua lista
tradicional dos “100 Maiores Artistas do Rock de Todos os Tempos” e em 23º
lugar na lista dos “Melhores Cantores de Todos os Tempos”. David Bowie nasceu
como David Robert Jones em Brixton, Londres, em 8 de janeiro de 1947. Sua mãe,
Margaret Mary “Peggy”, descendia de irlandeses e trabalhava como
arrumadeira de cinema, enquanto seu pai, Haywood Stenton “John” Jones, era
oficial de promoções da Barnardo`s. Brixton é um distrito de Londres. É capital “não-oficial da comunidade britânica de
afro-caribenhos”.
Os
moradores de Brixton são de origem variada, indo desde pessoas que residem no
local há gerações até recém-chegados atraídos por novos projetos de
reurbanização. Brixton é uma comunidade multiétnica, com cerca de 24% da
população composta de descendentes de africanos ou caribenhos. Geograficamente,
Brixton está situada ao Sul de Londres, e parte do borough de Lambeth. Faz divisa com Stockwell, Clapham Common, Streatham,
Camberwell, Tulse Hill e Herne Hill. A família vivia no número
40 da Stansfield Road, próximo da fronteira das zonas londrinas situando-se a
sul de Brixton e Stockwel. Mas para o que nos interessa, é que Brixton é um
distrito de Londres, no borough de Lambeth. É capital não-oficial da comunidade
britânica de afro-caribenhos. Atualmente, os moradores de Brixton são de origem
variada, indo desde pessoas que residem no local há gerações até recém-chegados
atraídos por novos projetos de reurbanização. Brixton é uma comunidade
multiétnica, com cerca de 24% da população composta de descendentes de
africanos ou caribenhos. Um vizinho lembrou que “Londres na década de quarenta
era o pior lugar possível, e o pior lugar possível para uma criança nascer”.
Bowie frequentou a Stockwell Infants School até seis anos de idade, adquirindo
reputação de um garoto motivado psicologicamente com talento para cantar e,
gritar solenemente nas memórias do filme: “Merry Christmas, Mr. Lawrence”
(1983).
A
multidão representa a aglomeração de pessoas que estão próximas fisicamente e
tem um mesmo objetivo. Os indivíduos são anônimos e não há diferenciação de
classe social, cor, privilégios, cargos, etc., porém a integração social de seus indivíduos é
convencional. Público é aquele grupo de pessoas que se reúnem por um mesmo
objetivo e que também estão próximas fisicamente. Sua maior característica é a
capacidade de interagir entre si e com a fonte que originou a interação do
público, como os aplausos no caso de uma peça teatral. As pessoas nesse caso
estão reunidas intencionalmente, como por exemplo, o público de um “showmício”,
expressão inventada no Brasil, ou de uma partida de futebol. A massa ocorre sem
o estabelecimento de contato físico e as pessoas estão impedidas de emitir
qualquer tipo de crítica, sendo passivas com o que lhes é imposto. Sua reunião
é de modo espontâneo e a principal forma de comunicação social é a partir dos
meios de comunicação em massa. O sociólogo David Riesman (1909-2002) tornou-se
imprescindível no estudo e compreensão das sociedades industriais do século XX.
Seu livro mais reconhecido, “A Multidão Solitária”, causou tanto impacto que
conquistou leitores em paralaxe, quer dizer, que representa o deslocamento
aparente de um objeto de interpretação da realidade, por conta da mudança do ponto de vista do observador dos
círculos acadêmicos. Argumentava que a sociedade estava em transição de um
estágio “orientado para dentro” para um estágio de desenvolvimento histórico e
socialmente “orientado para o outro” antes influenciado pelos pais e autoridades
divinas, passando “a depender da aprovação de seus pares”.
O
sociólogo norte-americano antecipou não só a emergência de um culto à
juventude, expressivamente estudada de Karl Mannheim (1893-1947) à Zygmunt
Bauman, na modernidade e à distorção ideológica entre o domínio da
política nas redes de entretenimento, ao descrever um eleitorado que se mantém
talvez informado, mas indiscutivelmente passivo. O crítico Jonathan Yardley
inclui a “A Multidão Solitária” numa cadeia de livros que, durante os anos
1950, situaram a classe média norte-americana sob um autoexame minucioso. O
livro de Riesman tornou-se tema de aulas e reuniões sociais. Seu título citado
na canção “I Shall Be Released”, de Bob Dylan. David Riesman escreveu ainda
“Faces in the Crowd” e “On Higher Education”, entre outras obras. Contudo, desde tempos imemoriais não há nada
que o homem mais tema do que o contato, como categoria antropológica, com o
desconhecido, pois evita o contato com o que lhe é estranho. À noite ou no
escuro, o pavor ante o contato inesperado pode intensificar-se até o pânico. O
medo do ladrão não se deve unicamente a seu propósito de roubar, mas representa
também o temor ante seu toque súbito, inesperado, saído da escuridão. A mão
transformada em garra é o símbolo que sempre se emprega para representar esse
medo. Trata-se aí de uma questão que, em boa parte, manifesta-se no duplo
sentido da palavra “agarrar” (“angreifen”). Nesta encontram-se contidos
ao mesmo tempo tanto o contato inofensivo quanto o ataque perigoso, e algo
deste último sempre ecoa primeiro.
O
substantivo “agressão” (“Angriff”) viu-se reduzido ao sentido negativo
da palavra: à maneira como nos movemos em meio aos muitos transeuntes, nos
restaurantes e transportes de massa ditada por esse medo em torno de si e que
foram transmitidas por esse temor do contato social. Curiosamente somente na massa
é “possível ao homem libertar-se do temor do contato”. Tem aí a única
situação na qual esse temor transforma-se no seu oposto. E é da massa densa
que se precisa para tanto, aquela na qual um corpo comprime-se contra o outro,
densa inclusive em sua constituição psíquica, de modo que não atentamos para
quem é que nos “comprime”. Tão logo nos entregamos à massa não tememos o seu
contato. Na massa ideal, todos são iguais. Nenhuma diversidade contra, nem
mesmo a dos sexos. Quem quer que nos comprima é igual a nós mesmos.
Subitamente, tudo se passa então como que no interior de um único corpo. Talvez
essa seja uma das razões pelas quais a massa busca concentrar-se de maneira tão
densa: ela deseja libertar-se tão completamente quanto possível do temor
individual do contato. Quanto mais energicamente os homens se apertam uns
contra os outros, produzindo o que na literatura antropológica se denominou “fricção
interétnica” tanto mais seguros eles se sentirão de não se temerem mutuamente.
Essa inversão do temor, segundo Canetti (1995), “é característica da massa”. O
alívio que nela se propaga alcança uma proporção notavelmente alta quando a
massa se apresenta em sua densidade máxima.
O
que muda comparativamente a esses traços gerais de comportamento refere-se à
hierarquia e o poder que criaram para si as posições fixas e tradicionais. A
partir da maneira como as pessoas se apresentam dispostas uma ao lado da outra,
pode-se facilmente deduzir a diferença de prestígio entre elas. Sabemos o que
significa quando uma pessoa se encontra sentada num plano mais elevado, tendo
todas as demais em pé a circundá-la. Ou quando está em pé, e as demais sentadas
ao seu redor; quando alguém aparece de súbito, e as pessoas reunidas
levantam-se; quando alguém se ajoelha diante de outra pessoa; quando não se
convida aquele que acabou de entrar a sentar-se. Já uma enumeração
indiscriminada de exemplos como esses demonstram a quantidade de configurações
mudas que o poder tem como significado e apresenta. Seria necessário
investiga-las, definindo com maior exatidão o seu significado social e
político. Durante um culto religioso numa igreja, os fiéis ajoelham-se muitas
vezes de forma repetitiva; estão acostumados pelo ritmo das vozes em coro, e
mesmo aqueles que o fazem com prazer não atribuem significado a esse gesto
frequente. Na religião é preciso rezar, mesmo sem vontade, dependemos da
graça de Deus. Há uma ideia que deve se lembrar de que sua oração
não pode ser movida simplesmente por uma questão de gosto.
Mudando-se em 1953 para um subúrbio próximo, em
Bromley, a família o enviou à Burnt Ash Junior School. Sua voz estridente foi
considerada adequada no coral da escola, onde ele demonstrou uma capacidade
musical acima da média. Aos nove anos de idade, foi introduzido ao método
educativo de escutar sons e dançar, constituindo um ponto de partida do novo método não será a escola, nem a sala de aula, mas a realidade social mais ampla e sua dança agradou os professores, que a achavam “vividamente artística” e sua postura surpreendente para uma criança. Neste mesmo ano, seu interesse pela música cresceu quando o pai trouxe discos de vinis de uma coleção norte-americana com músicas cantadas por Frankie Lymon and the Teenagers (1954), The Platters (1952), Fats Domino (1928), Elvis Presley (1949-1962) e Little Richard (1947-1979). Ao ouvir Little Richard cantar o single “Tutti Frutti”, David Bowie comparativamente diria mais tarde que ele religiosamente: - “Tinha escutado a voz de Deus”.
David Bowie
estudou arte, música e desenho, incluindo layout
e typsetting. Depois de Terry Burns,
seu meio-irmão por parte de mãe, apresentá-lo ao jazz moderno, o seu entusiasmo
por instrumentistas como Charles Mingus e John Coltrane levou sua mãe a lhe dar
um saxofone alto em 1961. Não demorou em que recebesse aulas de música. Em
1962, metido numa briga por conta de uma garota, recebeu um ferimento grave na
escola, quando o amigo George Underwood lhe deu um forte soco no olho esquerdo
usando um grande anel no dedo. Os médicos temiam que ele viesse a perder
parcialmente a visão; foi forçado a ficar fora da escola para uma série de
operações durante uma internação de quatro meses. O dano não pôde ser
totalmente reparado — deixando-o com a percepção deficiente e com a pupila
permanentemente dilatada. Tempos depois iria se tornar a marca pessoal do
artista. Apesar da briga violenta, Underwood e Bowie continuaram amigos, e mais
tarde George Underwood passou a cuidar da parte artística dos álbuns e da
extraordinária carreira de Bowie. Seu
fascínio pelo estilo poético bizarro reforçou-se com o encontro com o dançarino Lindsay Kemp,
como disse o próprio Bowie: - “Ele vivia em suas emoções, foi uma influência
maravilhosa”.
Sua vida cotidiana era a coisa mais teatral que eu já tinha visto.
Era tudo o que eu pensava sobre boemia. Entrei para o circo”. Kemp, por sua
vez, lembrou: “Eu não o ensinei a ser um artista mímico, mas a botar para fora
o que ele era. Eu o ativei para liberar o anjo e o demônio que estava em seu
interior”. Estudando artes dramáticas com Lindsay Kemp, do teatro avant-garde e da mímica à commedia
dell`arte, Bowie ficou imerso na criação de personagens para apresentar ao
mundo. Satirizando a vida numa prisão britânica, a canção de 1967 “Over the
Wall We Go” tornou-se um single na voz de Paul Nicholas; outra composição de
Bowie, chamada “Silly Boy Blue”, foi realizada por Billy Fury no ano seguinte.
Bowie começou a namorar Hermione Farthingale quando ela foi escalada junto a
ele por Kemp para um minueto poético; logo ambos os amantes se mudaram juntos
para um apartamento londrino. Tocando violão, ela formou um grupo artístico com
David Bowie e o baixista John Hutchinson entre setembro de 1968 e inícios de
1969, quando Bowie e Farthingale rompiam, mas o trio dava um pequeno número de
concertos combinando folk, beat music, poesia e mímica.
A música Angie dos Rolling Stones é um pedido de desculpas à esposa de Bowie, Ângela. DavidBowie conheceu Angela Barnett em abril de 1969. Casar-se-iam
dentro de um ano. O impacto da moça sobre ele foi imediato, e o envolvimento
dela em sua carreira teve longo alcance, deixando o empresário Kein Pitt em
influência limitada. Estabelecido como artista solo após “Space Oddity” sentia
falta de algo: “uma banda em tempo livre para apresentações e gravações -
pessoas enfim com as quais ele poderia se relacionar pessoalmente”. A lacuna se
fortaleceu quando teve uma rivalidade artística com Marc Bolan (1947-1977), na época seu
guitarrista de estúdio. Mas uma banda foi devidamente montada: John Cambridge,
baterista que Bowie conheceu no Arts Lab, foi convivado por Tony Visconti, que
tocaria no baixo, e Mick Ronson na guitarra elétrica. Após uma breve e
desastrosa manifestação sob o nome de Os Hype, o grupo sofreu nova
reconfiguração, agora apresentando Bowie como artista solo. O trabalho inicial
do grupo ficou marcado por um desentendimento acalorado entre Bowie e Cambridge
sobre o estilo do segundo de tocar bateria; a discussão chegou ao ápice quando
Bowie protestou: “Você está fudendo meu álbum”. Cambridge deixou o grupo e foi
substituído por Mick Woodmansey. Pouco tempos depois Bowie viu-se forçado a
pagar indenização a Pitt, e por isso o demitiu, substituindo-o por Tony
Defries.
Em
sua empreitada musical seguinte, Bowie desafiou, nas palavras do biógrafo David
Buckley, “a crença central da música rock de sua época" e "criou
provavelmente o maior culto da cultura popular”. Vestido com um traje notável,
seus cabelos tingidos de vermelho, e o rosto e os lábios fortemente maquiados,
Bowie inaugurou a apresentação de Ziggy Stardust com os “The Spiders from Mars”
— Ronson, Bolder e Woodmansey — num pub
chamado Toby Jug em Tolworth, em 10 de fevereiro de 1972. A apresentação foi um
sucesso e levou-o ao estrelato; Ziggy e os Spiders from Mars viajaram pelo
Reino Unido ao longo dos próximos seis meses e propagaram um “culto a Bowie”
que “era único, sua influência durou mais tempo e tem sido mais criativa do que
talvez quase todas as forças dentro da cultura pop”. Combinando
elementos do hard rock de “The Man Who Sold the World” com o rock mais leve e
experimental de Hunky Dory, o disco “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and
the Spiders from Mars” (1972) foi lançado em junho. E “Starman”, divulgada como canção principal do álbum,
fez com que o Reino Unido focasse todos seus olhos em Bowie: ambos o single e o
LP atingiram o topo rapidamente. O álbum, que permaneceria nas paradas por dois
anos, logo se juntou ao Hunky Dory, que agora fazia seis meses de idade. Ao
mesmo tempo, as canções “John, I’m Only Dancing” e “All the Young Dudes”,
escrita e produzida para Mott the Hoople, tornaram-se um grande sucesso a
começar pelo seu país. A “Ziggy Stardust Tour” continuou pelos Estados Unidos da América.
O biógrafo Chritopher
Sandford (1998) comenta: “Ao longo dos anos, a maioria dos roqueiros britânicos
tentaram, de uma forma ou de outra, tornarem-se negros por extensão. Poucos
tinham se sucedido tão bem como Bowie”. A levada do álbum, que o cantor chamou
de “plastic soul”, constituiu uma mudança radical no estilo que, inicialmente,
alienou muitos de seus devotos do Reino Unido. Young Americans trouxe a
primeira canção de Bowie a atingir no ranking
a primeira posição nos EUA, “Fame”, escrita em parceria com John Lennon, que
também contribuiu com backing vocals, e Carlos Alomar. Distinguindo-se como um
dos primeiros artistas brancos a aparecer no programa de variedades norte-americano
Soul Train, Bowie cantou “Fame” e “Golden Years”, seu single de outubro. O
disco foi um sucesso comercial nos Estados Unidos da América e no Reino Unido e, aproveitando tal
prestígio, as gravadoras relançaram “Space Oddity” de 1969, que então veio a
ser a primeira canção do artista a atingir a primeira posição no Reino Unido,
meses depois de “Fame” alcançar o mesmo nos Estados Unidos da América.
O lançamento de “Station to Station” em janeiro
de 1976 foi seguido em fevereiro por uma turnê de três anos e meio pela
Europa e América do Norte. Apresentando todas as faixas do disco, também
destacou as canções do álbum, incluindo a dramática e longa canção-título
“Station to Station”, as baladas “Wild Is the Wind” e “Word on a Wing”, além
dos funks “TVC 15” e “Stay”. A banda que tocou no disco e na turnê consistia do
guitarrista Carlos Alomar, baixista George Murray, e baterista Dennis Davis-que
continuariam como unidade estável e criativa pelos próximos anos da década. A turnê logrou êxito, mas foi
cercada por controvérsias político-ideológicas negativas.
Em 1980, foi lançado o álbum “Scary Monsters” (and Super
Creeps), trazendo a canção “Ashes to Ashes”, que alcançou o primeiro lugar nas
paradas. A canção revisitava o personagem Major Tom de "Space
Oddity". O videoclipe da canção foi um dos mais caros e também um dos mais
inovadores de todos os tempos. Embora esse disco utilizasse princípios
estabelecidos pela trilogia de Berlim, foi considerado pelos críticos como
muito mais direto musical e liricamente. Ele teve contribuições de guitarristas
como Fripp, Pete Townshend, Chuck Hammer e Tom Verlaine. Com “Ashes to Ashes”
atingindo o topo das paradas britânicas, Bowie abriu uma apresentação de três
meses no Teatro Broadway em 24 de setembro, estrelando na peça “O Homem
Elefante”. Em 1981, Bowie encontrou-se com a banda Queen e ambos realizaram um
single, “Under Pressure”, retratando a pressão social. Bowie atingiu novo pico
de popularidade e sucesso comercial em 1983 com o disco “Let`s Dance”, que
também o fez cativar uma nova audiência. Coproduzido por Nile Rodgers da banda “Chic”,
o álbum ganhou disco de platina no Reino Unido e nos Estados Unidos da América.
Seus três
singles principais tornaram-se um dos vinte maiores sucessos nestes países, e
sua faixa-título alcançou a primeira posição. “Modern Love” e “China Girl”
alcançaram a segunda posição no Reino Unido, como escreve o biógrafo David
Buckley, “foram totalmente absorventes e ativaram arquétipos fundamentais no
mundo pop”. O vídeo clipe para “Let`s
Dance”, com sua narrativa em torno do jovem casal de aborígenes, tinha como
público alvo a juventude, e China Girl, com sua cena que depois foi
parcialmente censurada de um namoro nu na praia, homenageando o filme: “A Um
passo da Eternidade”, foi sexualmente provocante o bastante para que garantisse
sua alta frequência na MTV. Em 1983, Bowie surgia como um dos artistas de
videoclipes mais importantes da época. “Let`s Dance” seguiu-se com uma turnê
mundial chamada “Serious Moonlight Tour”, durante o qual Bowie recebia
contribuições de Earl Slick na guitarra e Frank e George Simms no backing
vocal. A viagem musical durou seis meses e foi extremamente popular. Em “Tonight”
(1984), outro álbum dançante, trouxe Tina Turner cantando com Bowie na
faixa-título, que foi escrita com o amigo Iggy Pop. O disco também trazia covers,
como “God Only Knows” dos Beach Boys (1966), e a canção “Blue Jean”, baseada no
curta-metragem “Jazzin` for Blue Jean”, garantiu a Bowie o Grammy Award for
Best Short Form Music Video. David Bowie compôs a trilha sonora de Omikron em 1999, um jogo de computador em que ele e a esposa Iman também aparecem como personagens. O álbum “hours”, lançado neste mesmo ano, e contendo algumas faixas regravadas do jogo, trazia uma canção, “What`s Really Happening?”, musicada com Reeves Gabrels, com letra escrita pelo vencedor do concurso via internet “Cyber Song Contest”, disponível no site oficial de Bowie; o vencedor foi o fã Alex Grant. Utilizando instrumentos tradicionais e um som pesado, o disco marcou o fim dos experimentos de Bowie com a música eletrônica. Em 2000, ele iniciou um álbum que chamaria “Toy”, com novas versões de algumas de suas primeiras canções e mais três novas músicas, mas o projeto nunca foi lançado. Em vez disso, Visconti continuou trabalhando em estúdio com Bowie e, um ano depois, o resultado das gravações foi um álbum inteiramente de canções originais: “Heathen”, de 2002. Sua filha com Iman, Alexandria Zahra Jones, nasceu em 15 de agosto.
Em outubro de
2001, Bowie abriu o Concerto para a Cidade de Nova Iorque, evento de caridade
em benefício às vitimas dos Ataques de 11 de setembro, com uma versão
minimalista e misteriosa da canção “América” de Simon and Garfunkel, que se
seguiu com “Heroes”, tocada com uma banda. Em 2002, “Heathen” foi lançado e,
durante o segundo semestre do ano, ele realizou a turnê “Heathen Tour” em
cidades europeias e da América do Norte. Sua abertura ocorreu no Meltdown,
festival anual de Londres, e, por isso, naquele mesmo ano, Bowie foi apontado
diretor artístico do evento. Entre os artistas que selecionou para o festival
estavam Philip Glass, Television e The Polyphonic Spree. Além de canções, a
turnê também trazia materiais de Low.
Em 2003, lançou “Reality”,
disco com humor e melancolia, que reflete sobre toda sua carreira e que, na faixa-título,
proclame e ordena: “Acertei, errei/estou de volta ao começo/procurei um sentido
e não cheguei a nada/Hey garoto, bem-vindo à realidade”. A Reality Tour o fez
viajar pela Europa, EUA, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Japão, com uma
audiência estimada em 722.000 mil, arrecadando uma quantia superior a qualquer
outra turnê de 2004. Apresentando-se em Oslo, Noruega, em 18 de junho, foi atingido
no olho por um pirulito atirado por um fã e, uma semana depois, enquanto se
apresentava no palco do Hurricane Festival em Scheeßel, Alemanha, sentiu fortes
dores no peito, e a apresentação foi interrompida. Foi diagnosticada uma séria
obstrução numa artéria e ele passou por uma angioplastia de emergência em
Hamburgo. As 14 apresentações restantes da turnê foram canceladas. Até agora, “Reality”
foi seu último disco de inéditas até o lançamento de “The Next Day” em 8 de
março de 2013,e a turnê foi a última em que ele se apresentou.
Recuperado da
cirurgia cardíaca, diminuiu sua produção musical pela primeira vez em vários
anos. Apareceu de vez em quando nos palcos e nos estúdios. Em 2004, cantou
“Changes” num dueto com Butterfly Boucher para a animação cinematográfica Shrek
2. Durante o ano de 2005, que se seguiu calmo em sua agenda, gravou vocais em
“(She Can) Do That”, em coautoria com Brian Transeau, para o filme “Stealth”. Retornou
aos palcos em 8 de setembro, junto ao Arcade Fire, num evento televisionado nos
EUA chamado Fashion Rocks, e tocou com a banda canadense pela segunda vez uma
semana depois, durante o CMJ Music Marathon. Contribuiu com vocais na canção
“Province” dos TV on the Radio no álbum Return to Cookie Mountain, gravou um
comercial da XM Satellite Radio com Snoop Dogg, e participou com o amigo de
longa data Lou Reed, do álbum “No Balance Palace” (2005) da Kashmir.
David Bowie foi
premiado com o Grammy Lifetime Achievement Award em 8 de fevereiro de 2006, que
só é concedido a “músicos que, durante suas vidas, deram contribuições
criativas de importância artística excepcional no campo da gravação”. Em abril,
anunciou: “Estou dando um tempo a turnês e discos”. Em 29 de maio, contudo, fez
uma aparição surpresa no concerto de David Gilmour no Royal Albert Hall de
Londres. O evento foi filmado e, logo em seguida, foi lançada uma seleção das
canções em que ele participou. Sua última apresentação nos palcos se deu em
novembro do mesmo ano, quando cantou ao lado de Alicia Keys no Black Hall, um
evento beneficente de Nova Iorque para a organização Keep a Child Alive. Em
2007, Bowie foi escolhido para a curadoria do High Line Festival, selecionando
músicas e artistas do evento de Manhattan, e participou do álbum de 2008, “Anywhere
I Lay My Head”, de Scarlett Johansson, exclusivamente de regravações de Tom
Waits. Para os 40 anos
de aniversário do primeiro pouso na Lua e também o também para o aniversário de
seu primeiro sucesso, “Space Oddity”, a EMI lançou faixas individuais da
gravação original da canção em 2009, num concurso que convidava os fãs a
criaram um remix.
O
reconhecido Reality Tour, álbum duplo com cenas ao vivo de sua turnê
de 2003, foi lançado em janeiro de 2010. Em 8 de Janeiro de 2013, foi
confirmado pela página do artista um lançamento de “The Next Day”. O primeiro single,
“Where Are We Now” foi disponibilizado à venda para download no mesmo dia. Em
2015 foi anunciado que lançaria “Blackstar” influenciado pelo krautrock, assim
como seu material passado. O “The Times” ainda prognosticou que o álbum será
provavelmente o trabalho mais bizarro produzido por Bowie. Em 8 de janeiro de
2016 lançou o álbum Blackstar, cujo nome é representado socialmente
através de apenas uma estrela negra, estilizado como negroide. É seu vigésimo
sétimo álbum de estúdio, considerado pela crítica como uma obra-prima. é o
vigésimo quinto e último álbum de estúdio, lançado em 8 de janeiro de 2016, no
sexagésimo nono aniversário do músico e dois dias antes de sua morte. Sua
doença não tinha sido revelada ao público até então. Coprodutor Tony Visconti
descreveu o álbum como um canto do cisne planejado de Bowie e um “presente de
despedida” para seus fãs antes de sua morte. Após o lançamento, o álbum foi
recebido com aclamação da crítica e sucesso comercial, no topo das paradas em
vários países após a morte de Bowie, e transformou-se no único álbum de Bowie
no topo do Billboard 200 nos Estados Unidos da América. O álbum permaneceu na
posição do número 1 nas paradas de sucesso britânicas por três semanas. O disco contém sete faixas com influências de
jazz. Duas delas são o singleBlackstar, lançado em 20 de
novembro de 2015, e a canção Sue (Or in a Season of Crime), parte da
coletânea Nothing Has Changed (2014). A revista portuguesa Blitz
considerou Blackstar como sendo o melhor álbum internacional de 2016.
Bibliografia geral consultada.
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Generale della Burocrazia. Turim: Edizione Isedi, 1979; ADORNO, Theodor, Dialética
do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 1985; CHAUÍ, Marilena, Repressão Sexual. Essa nossa (des) conhecida.
10ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987; GIDDENS, Anthony, As
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David, A Multidão Solitária. São Paulo: Editora Perspectiva, 1995;
CANETTI, Elias, Massa e Poder. São Paulo: Editora Companhia das Letras,
1995; TREMLETT, George, David Bowie: Living on the Brink. Londres: Carroll and Graf, 1997; SANDFORD,
Christopher, Bowie: Loving the Alien Paperback. Londres: Da Capo Press
Editors, 1998; WELCH, Chris, David Bowie: We Could Be Heroes: The Stories
Behind Every David Bowie Song. Londres: Da Capo Press Editors, 1999;
BUCKLEY, David, Strange Fascination - David Bowie: The Definitive Story.
London: Editor Virgin, 2000; PEGG, Nicholas, The Complete David Bowie.
London: Reynolds & Hearn Editors, 2004; WALDREP, Shelton, Phenomenology
of Performance, The Aesthetics of Self-Invention: Oscar Wilde to David Bowie.
Minnesota:
University of Minnesota Press, 2004; RAMOS, Isabel Patrícia da Silva Fidalgo
Batista, O Eu e o Outro: Dr. Jekyll Vs Mr. Hyde - David Bowie Vs Ziggy
Stardust. Dissertação de Mestrado em Estudos Ingleses. Lisboa: Universidade
Aberta, 2005; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição.
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010;
SPITZ, Marc, Bowie. A Biografia. São Paulo: Editora Benvirá, 2010;
DIDI-HUBERMAN, Georges, O Que Nós Vemos, O Que Nos Olha. Porto: Dafne
Editora, 2011; RODRIGUES, Sandro Eduardo, Modulações de Sentidos na
Experiência Psicotrópica. Tese de Doutorado. Departamento de Psicologia.
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói: Universidade Federal
Fluminense, 2014; YARCK, Bianca Tulio, A Cenografia em Exposições Itinerantes: Um Estudo
de Caso da Exposição “David Bowie Is”. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização
em Cenografia.Curitiba: Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, 2016; COURTINE, Jean-Jacques; HAROCHE, Claudine, História do
Rosto: Exprimir e Calar as Emoções: (do século 16 ao século 19). Petrópolis
(RJ): Editoras Vozes, 2016; entre outros.
______________
* Sociólogo (UFF),
Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da
Coordenação do curso de Ciências Sociais do Centro de Humanidades da
Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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