Ubiracy
de Souza Braga*
“Mélodie
d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle. Qui bat cœur à corps perdu”. Pierre
Bachelet
Nas
suas memórias, o anarquista Erich Musham, ensaísta, poeta e dramaturgo
judaico-alemão ascendeu dentro da esquerda europeia após a Grande Guerra, sendo
um dos principais líderes dentro das estruturas conselhistas da República
Soviética da Baviera. Recorda Musham:
“Depois de ter trabalhado toda a manhã na construção e só ter comido pão e uma
maçã, sentia-me a desfalecer, pelo que fui descansar”. Henry Oedenkoven e Ida
Hoffmann dois famosos personagens do avant-garde anarquista, naturista,
e vegetarianista perguntava-se porque é que não continuava a trabalhar tal como
os outros. - Acabamos por ter uma
altercação e ele gritou: “podes ir-te embora; não se perde nada”. E afirma: -
Logo que cheguei ao centro de Ascona pedi um bife e um copo de vinho, que me
souberam servir como nunca. O fato social de que nós temos sido usados através
da apropriação do trabalho por anos e anos a fio para no fundo poder satisfazer
aqueles mais ricos. La ciudad suiza de Ascona. Os primeiros anos do
Monte Verità, até 1905, foram os mais radicais. Com o tempo agravaram-se os
problemas financeiros e acentuou-se a divisão entre os vários elementos. Por
essa altura, o local era habitado de maneira regular por cerca de 40 pessoas.
Ida e Henry optaram por comercializar a “Casa de Cura”, que até ali havia servido
só para os residentes, transformando-o num sanatório privado com serviço aberto
ao público. Tal decisão originou enormes divergências e constituiu o ponto de
ruptura. Monte Verità tinha-se transformado numa
experiência social isolada protagonizada por burgueses excêntricos à procura da
“terceira via”, aqui fora do sentido sociológico inglês. Prevaleceu o
grupo de teósofos e naturistas, mas, apesar de anarquistas terem
abandonado o projeto, a verdade é que não deixaram de influenciá-lo.
Em
1905 construíram-se as casas maiores e o sanatório vegetariano, que foi chamadol: Sociedade Vegetariana do Monte Verità. A Casa Central
tornou-se centro de reunião da comunidade e do sanatório; tinha cantina,
sala de música, sala de jogos e espaços com sol e ar para terapias
naturais. A Casa Annatta foi construída a partir do conceito teosófico de
“casa-alma”; conservada ainda hoje, o seu exterior parece-se com um
paralelepípedo rematado com ângulos retos de madeira, e por dentro é
constituído por formas orgânicas e ondulantes que harmonizam com ângulos
arredondados dos tetos, das portas e das janelas. Um lendário personagem do
Monte Verità foi o médico anarquista Dr. Raphael Friedeberg, que atraiu, a
partir de 1905, uma colônia de outros anarquistas. Tinha sido militante do Deutsch
Sozialdemokratischen Partei, e pensou em Ascona como o local ideal para
criar uma comunidade anarco-reformista baseada no conceito criado por ele
mesmo: “o psiquismo histórico”. Esta ideia postulava que a libertação do
indivíduo podia dar-se a partir de uma educação não coerciva, livre do
dogmatismo sócio religioso nos padrões notadamente da burguesia. Friedeberg
desenvolveu a medicina natural ao longo de 35 anos de estudos e pesquisas, e
nunca deixou de polemizar com a medicina científica, apesar da fama e do
prestígio desta.
Outros anarquistas também ligados ao
Monte Verità foram Erich Musham, Fritz Brupbacher, Kropotkine, Ernst Frick, o
boêmio psicanalista Johanes Nohl, o psicanalista austríaco Otto Gross, que
procurou fundar no Monte Verità “um matriarcado naturista e comunista”. Erich
Müsham tornou-se, no entanto, num crítico ferrenho da comunidade. Para ele
havia uma terrível contradição no objetivo de criar uma colônia autárquica
inspirada em princípios comunistas. Quando observava a convivência no grupo,
alertava: - “Todas as colônias comunistas que não se apoiem numa orientação
revolucionária socialista terminarão no fracasso, sobretudo quando os laços que
unem os participantes são tão insignificantes como os princípios vegetarianos”.
Em 1909 Monte Verità contava cerca de 200 residentes e um número aproximado de
opiniões. A maioria eram seguidores do teosofismo, enquanto uma parte
minoritária estava próxima do antroposofismo de Rudolf Steiner. Ainda que Ida e
Henry não fossem teosóficos, partilhavam também o interesse pela mitologia e
reencontro das religiões orientais, sobretudo o hinduísmo e budismo estudados
por Max Weber, e posteriormente, por Fritjof Capra em seu The Tao of Physics,
publicado em 1975 por Shambhala Publications of Berkeley.
Enfim,
a criação em 1910 da Escola da Nova Vida, dirigida por Rudolf von Laban e da
sua ajudante Mary Wigman, trouxe ao Monte Verità uma fase de grande ebulição
artística; a escola estava próxima da ideia da reforma do corpo e do espírito
que preconizava Hofmann. Nesses anos o dadaísmo não deixou de marcar presença
com a chegada de Hans Arp e da sua mulher Sophie Taeureb. Os habitantes de
Ascona deram aos monteveritanos o nome de balabiott, que
significa: “dançam nus”. Alguns velhos habitantes recordam: “Aqueles nórdicos
(alemães, suíços, holandeses, ingleses) faziam festas durante noites inteiras,
e durante as quais dançavam despidos uma espécie de dança árabe”. Entrar no
Monte Verità era proibido para as crianças e jovens de Ascona; para os adultos,
aquele local era para os loucos, endiabrados, monstros, seres sujos que viviam
em pequenas cabanas como carneiros. Apontadas ainda com maior temor eram as
mulheres que não eram poupadas a adjetivos derivados de preconceitos sociais
tais como: “a endiabrada”, “a puta”, “a cabra negra”, “a impudica”. O Município
acabou por proibir as pessoas em circular em Ascona com determinados componentes como “minifraldas” porque os
“balabiott”, quando desciam ao povoado, “traziam túnicas largas atadas à
cintura, e quando não havia ninguém em redor desatavam-nas deixando à vista as
pernas e o corpo”.
Com o cabelo curto, cara de menina e
silhueta perfeita, Sylvia Kristel foi escolhida como atriz para o papel
principal de Emmanuelle, do diretor Just Jaeckin, que virou um sucesso
mundial de bilheteria. Quando protagonizou o filme, Kristel tinha apenas 22
anos. Por obrigações contratuais, Kristel participou em papéis mais ou menos
importantes em várias sequências de “Emmanuelle” (1974), tais como: “Emmanuelle
2” (1975), “Adeus, Emmanuelle” (1977) e “Emmanuelle 4” (1984). Apesar das
tentativas de se afastar do cinema erótico para trabalhar com nomes importantes
do cinema francês, sua imagem ficou marcada positivamente, pela personagem que
a tornou famosa. A atriz holandesa de maior fama no panorama de trabalho do cinema
internacional até hoje, ficou reconhecida e acabou eternamente marcada por seu
primeiro filme, Emmanuelle, de 1974. O longa-metragem, dirigido por Just
Jaeckin, é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito por Emmanuelle
Arsan.
Sylvia Kristel, nascida em Utrecht, em
28 de setembro de 1952 - Amsterdã, em 17 de outubro de 2012, foi uma atriz,
diretora e modelo holandesa, mais conhecida pelo filme Emmanuelle. Iniciou
seu trabalho como modelo aos 17 anos, mas “inicialmente planejava ser
professora”. Musa de uma época em que erotismo (cf. Márquez, 1972), a
pornografia e o orgasmo (cf. Baker,
1980; Boadela, 1985) eram quase sinônimos no cinema, a atriz holandesa Sylvia
Kristel morreu na noite de quarta-feira, aos 60 anos, em Amsterdã. Tornou-se
conhecida mundialmente interpretando a personagem principal na série de filmes Emmanuelle. Mas a sua estreia se dá com o filme: Naakt over de schutting
(1973). Em 1974, aos 21 anos, a atriz personificou “Emmanuelle”, em filme
homônimo, grande sucesso na França, sobretudo pelo teor erótico. Melhor
dizendo, em seu ersatz colocou o erotismo no centro da história social do
cinema. Segundo o site especializado em cinema IMDb, também reconhecido como Internet Movie Database - “o filme garantiu US$ 100
milhões em bilheteria ao redor do mundo”. Mas não era dela a voz em Emmanuelle, de Just Jaeckin (1974), que nasceu em Vichy, França, durante a Segunda Guerra Mundial (1940-1945), mas partiu com a mãe e o pai para a Inglaterra.
Após o fim das hostilidades, ele retornou à França, onde estudou arte e fotografia, antes e depois de servir no exército francês. Mas nem em Emmanuelle a Antivirgem, de
Francis Giacobetti e Francis Leroi (1975), nem em Good bye Emmanuelle, de
François Leterrier (1977); nesses filmes “ela foi um corpo sem voz”, foi
dublada, pois acredita-se que o seu francês não era suficientemente confortável para os produtores.
Fez filmes “sérios”, com Chabrol, Vadim, Robbe-Grillet, filmes em que podia ser
“atriz”, mas quem os viu, quem se lembra? Ao telefone e na autobiografia Nua,
editada em Portugal pela Ambar, a voz de Kristel, 54 anos, instala-nos numa
terra que é dela própria: um país nebuloso de uma melancolia que é despertada,
com humor, pelo desassombro. Isso foi o que a vida lhe impôs. É este o tom de Nua, curiosíssimo exemplo de “(auto)biografia de estrela” porque é um livro
em permanente fuga aos cânones do gênero erótico. E o mais curioso: se o livro é de
Sylvia, porque é da sua vida e da sua memória que se trata, é um livro de Jean
Arcelin: “um francês que sempre sonhou ser romancista, mas foi obrigado pela
avó a ir para a universidade e a tornar-se rico e é hoje Chief Executive Officer (CEO) da Crysler”, narra
Sylvia Kristel. Foi ele quem descreveu com as prórias palavras.
No Brasil a atriz fez o ensaio
fotográfico de lançamento da revista Status, em agosto de 1974, em plena
ditadura militar. Status é uma revista masculina brasileira lançada em 1974 pela Editora Três, de Domingo Cecílio Alzugaray, um ator, jornalista e empresário argentino, naturalizado brasileiro, que fundou a Editora Três e a Revista Istoé. A revista deixou de circular no fim da década de 1980 e em 2011 foi relançada, com uma proposta diferenciada em suas imagens de nus artísticos com relação às suas concorrentes no mercado de comunicado de comincação em geral, e comunicação visual. Intitulada de “Nua”, originalmente Undressing Emmanuelle, sua
autobiografia “conta a história de alguém que lidou com a fama, o álcool, a
cocaína, exploração, luxos, casamentos fracassados e ainda lutou contra um
câncer”. No final de sua vida, Silvia Kristel se dedicou “a pintar quadros
vivendo modestamente em Amsterdã”. Aqui no Brasil ele é exibido na emissora
Band há muitos anos durante a madrugada de sábado para domingo, e se tornou um
marco na adolescência de muitos garotos de classe média.
Não
raras vezes, no âmbito comportamental, a noção de poder público assume uma
indefinição conceitual, carregada de subjetividades à medida de atribuições e
responsabilidades. A forma de comportamento na dinâmica burocrática,
administrativa e acadêmica, das universidades se reporta em grande parte, às
competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. Os
conflitos ditos de competência e desempenho resultam do confronto da autoridade
com uma forma de comportamento não desejada, porém amparada em normas, regras e
leis. Uma das consequências é que a responsabilidade pelos resultados de cada
um é sempre neutralizada ou desculpada a partir do contexto em que cada um de
nós atuou. Consequentemente muito pouca responsabilidade individual é atribuída
a cada um de nós, do ponto de vista institucional no caso das universidades. A
sociedade brasileira rejeita a avaliação e a universidade padece com ela,
geralmente vista como algo negativo, como representação simbólica de uma
ruptura de um universo aparentemente amigável, homogêneo e saudável, no qual a
competição, vista como um mecanismo social profundamente negativo encontra-se
ausente. Tendo em vista que, na universidade não há “premiação” para o bom
professor em nenhum aspecto, mas aqueles que fazem pesquisa e orientam alunos,
fazem porque querem fazer, porque podem fazê-lo, não porque a universidade lhes
gratifica.
Isto
quer dizer que através dos exercícios de abstinência e de domínio que
constituem a askesis necessária, o lugar atribuído ao conhecimento de si
torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de
controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da
verdade – da verdade do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer – no
cerne da constituição do sujeito moral. E, finalmente, o ponto de chegada dessa
elaboração é ainda e sempre definido pela soberania do indivíduo sobre si
mesmo. Mas essa soberania amplia-se numa experiência onde a relação assume a
forma, não somente de uma dominação, mas de “um gozo sem desejo e sem
perturbação”. É possível dizer que não há idade para se ocupar consigo. Mas uma
espécie de idade de ouro na chamada “cultura de si”, sendo subentendido com
isso, evidentemente, que esse fenômeno só concerne aos grupos sociais. Ou seja,
aqueles que querem salvar-se devem viver cuidando-se sem cessar. Ademais, é
conhecida a amplitude ética tomada em Sêneca pelo tema da aplicação a si
próprio: é para consagrar-se a esta que é preciso renunciar às outras
ocupações: poder-se-ia desse modo tornar-se disponível para si próprio. Sêneca
dispõe de um vocabulário para designar as diferentes formas que o “cuidado de
si” deve tomar e a pressa com a qual se procura unir-se a si mesmo. Apressa-te,
pois para o objetivo: - “dize adeus às esperanças vãs, acorre em tua própria
ajuda se te lembras de ti mesmo, enquanto ainda é possível”.
“Quando pensei escrever a minha
autobiografia, tornou-se óbvio que tinha um problema: posso cantar,
razoavelmente, posso ser actriz, posso mesmo pintar, mas não sou escritora.
Contactei Jean Arcelin, e ele interessou-se pela minha história. Foram 12
fins-de-semana. Em Amesterdão, Bruxelas, Paris, Nice. Em cada encontro ele entregava-me
50 páginas. Eu rasgava-as. E falava. Ele tomava notas à mão, nunca gravava. Eu
nunca tinha ido a um psiquiatra. Foi, então, como fazer análise pela primeira
vez. Foi um confronto permanente comigo própria. Mais duro do que eu esperava”.
Nua navega nas águas em que a memória
e as suas escolhas são um frágil elo, mas é o único disponível. A narrativa não
se impõe, deixa a pairar motivos. Sexo? Uma preguiça sem culpa. A mãe era
católica, o pai protestante, mas os filhos iam à missa a troco de dinheiro para
o cinema, e é assim que abre o livro: a adolescente a ser assediada pelo “tio”
Hans, o homem que agitava uma “língua espessa, marmórea, cor-de-rosa e escura”,
agitando-a como “uma serpente que silva”. O homem que tanto pousou o seu olhar no corpo da jovem, que queria mesmo que esse abcesso
rebentasse. E o “tio” Hans, que não era tio, mas gerente do hotel da família
onde Sylvia cresceu, foi despedido. É o máximo de sexo que vamos ter da vida
deste ícone do erotismo, mas é a cena original, serve de eco ao resto, aos
altos e baixos. - “Em toda a gente os há, mas na minha vida os altos foram muito
altos, os baixos muito baixos, fui de extremos”, aos outros homens e às drogas. - “Sou do signo Balança, sou pela paz e
pela harmonia. Mas deixei-me envolver sempre pelo turbilhão de acontecimentos”.
Mesmo a sua escolha como corpo de Emmanuelle, a personagem criada pela mulher
de um diplomata francês, a euroasiática Emmanuelle Arsan, a partir das suas
próprias aventuras de expansão sexual, aparece como manifestação dessa força
involuntária que conduziu o destino de Sylvia: Arsan era baixa e morena,
Kristel era alta e delgada, não fazia o gênero, por isso a autora nem quis
conhecer a atriz pernalta. Essa espécie de passividade que se transforma em
autoridade foi, diz-se, o que tornou Kristel querida das mulheres japonesas;
vibraram com a cena em que Emmanuelle se torna “ativa” sobre o
amante.
É como se falasse sobre outro corpo,
como se tivesse estado ausente de si própria naqueles anos, em que a atriz se
descreve envolvida por uma produção caótica, sem nexo, juntando gente da
publicidade e da fotografia, como é sabido, o mundo de Just Jaeckin, o
realizador de Emmanuelle, a ambição de capitalizar com o sexo nas bilheteiras
depois do sucesso de O Último Tango em Paris e a caução
artística (na rodagem, imagine-se, trabalharam colaboradores de François
Truffaut, atores da Comédie Française...). Ou a presenciar as enormes filas de
espectadores nos Champs-Elysées em Paris, o anúncio do triunfo retumbante de um
filme de que nenhum dos envolvidos conseguia dizer que estava orgulhoso, pois
hoje o discurso pode ser outro, a História deu caução. Com os seus cinemas, cafés, lojas de especialidades luxuosas e árvores de castanheiros-da-índia, a Avenue des Champs-Élysées é uma das mais famosas ruas do mundo e com aluguéis que chegam a € 1,1 milhão (USD 1,5 milhão) por ano, por 92,9 metros quadrados de espaço, ela continua a ser a segunda avenida mais cara em imóveis em toda a Europa, tendo sido recentemente no ano de 2010 ultrapassada pela Bond Street, em Londres. O nome em francês Campos Elísios, faz referência no imaginário individual e coletivo ao paraíso dos mortos na mitologia grega, ao contrário do Tártaro.
De beleza ímpar, alta, magra e com um
olhar quase transparente, a atriz Sylvia Kristel, que morreu aos 60 anos vítima
de um câncer, representou em muitos outros filmes, mas foi uma só, e sempre Emmanuelle,
personagem que a transformou em um mito erótico mundial nos anos 1970. Ela
Marylin, Liz, Sophia, Scarlett, Angelina… o Lorelei Lee, Cleopatra, la condesa
de Hong Kong, la Viúva Negra, Lara Croft, são “algunos de los personajes que
las han consagrado como las mujeres más sensuales de la gran pantalla”. Era
nesta época que a jovem Sylvia, “com um olhar entre o inocente e o malicioso”,
aparecia sentada “numa exótica poltrona de vime e com um colar de pérolas sobre
seus seios nus” (foto), para convidar o espectador aos mais ocultos e belos
prazeres. O cinema francês é atualmente o mais dinâmico da Europa continente em
termos de público, números de filmes produzidos e de receitas geradas por suas
produções técnicas e artísticas. A personagem (cf. Alberoni, 1986) de Arsan apareceu de várias formas diferentes nos
últimos anos, incluindo uma série de ficção científica feita para TV à cabo
nos anos 1990 chamada Emmanuelle in space, estrelando a atriz e modelo
estadunidense Krista Allen, na época em início de carreira cinematográfica. Embora Krista
Allen, que depois foi estrela em Baywatch e em outros filmes, “tenha dito que
se arrepende de seus filmes adultos no papel de Emmanuelle, ela continua sendo
vastamente identificada com a personagem”.
A palavra que deu origem ao nome da
cidade de Amsterdã vem do latim: Homines manentes apud Amestelledamme, ou seja,
“homens que vivem próximo ao Amestelledamme”. Melhor dizendo, Amestelledamme é “dam” (dique) do
rio Amstel, cujo nome pode ser interpretado como ame (“água”) e stelle (“terra
seca”). A data tradicional da fundação da cidade foi em 27 de outubro de 1275,
quando retiraram a obrigação dos seus habitantes de pagar taxas associadas a
passagem em pontes neerlandesas. No ano de 1300 foi concedido o direito oficial
de cidade, e a partir do século XIV, Amsterdã começou a florescer como centro
comercial, principalmente pelo comércio com outras cidades neerlandesas e
alemãs, reconhecidas como a Liga Hanseática. Historicamenete no século XVI, começou o conflito
entre os neerlandeses e Filipe II de Espanha. Essa confrontação causou uma
guerra que durou oitenta anos, e que finalmente deu aos Países Baixos sua
Independência. Depois da ruptura com a Espanha, a república neerlandesa ia
ganhando fama por sua forma de interpretar a tolerância com respeito a religiões. Entre outros,
buscaram refúgio em Amsterdã judeus de Portugal e Espanha, comerciantes de
Antuérpia, e huguenotes da França, perseguidos em seus países por sua religião.
Do ponto de vista da esfera de análise
econômica, a gênese do capitalista industrial não se processou de um modo
gradual como a do agricultor. É indiscutível para Marx e Engels, que muitos
pequenos mestres de corporações e até pequenos artesãos mais independentes, ou
mesmo trabalhadores assalariados, se transformaram em pequenos capitalistas e
(através da extensão do trabalho assalariado e da correspondente acumulação) em
capitalista. Na infância da produção capitalista, as coisas passaram em grande
parte como na infância das cidades, onde a questão do saber qual dos servos
evadidos devia ser o senhor e qual devia ser o servo foi muitas vezes decidida
pela mais recente ou mais tardia de sua fuga. Para ambos, o passo de caracol deste
método não correspondia de modo algum às exigências comerciais do novo mercado
mundial que as grandes descobertas do fim do século XV tinham criado. Mas a
Idade Média tinha deixado por herança duas formas distintas de capital,
amadurecidas no interior das mais diversas formações econômicas, e que, antes
do modo de produção capitalista, são consideradas de qualquer forma o capital
usuário e o capital mercantil.
A descoberta do ouro e da prata na
América, a extirpação, escravização e enterramento das populações autóctones
nas minas, o começo da conquista e pilhagem nas Índias Orientais, a
transformação da África numa espécie de coutada para a caçada comercial à
peles-negras assinalavam o despontar da era capitalista. Estes processos
idílicos são e representam, pois o ponto mais importante da acumulação
primitiva. No seu seguimento, vem a guerra comercial das nações europeias, que
“tiene como teatro todo el globo terráqueo” (cf. Marx, 1973: 731). Daí ser
possível admitir Marx como o precursor da crítica da ideia em sua
progênie da globalização. Ela começa com a revolta da Holanda
contra a Espanha, assume dimensões gigantescas com a guerra anti-jacobina da
Inglaterra e continua ainda com as guerras do ópio contra a China etc. Marx refere-se
noutro lugar analiticamente que a “razão desta erupção foi indiscutivelmente proporcionada
pelo canhão inglês que lançou à força sobre a China essa droga soporífera
chamada ópio” (Marx, 1973; 1978). Sobre este aspecto vejamos o que nos diz
Burns: - “Entrementes, as potências europeias
começavam a demarcar novas concessões para si mesmas no continente asiático.
Muito antes de 1870 algumas nações europeias se haviam empenhado em aventuras
de conquistas territorial no Oriente. Já em 1582 os russos tinham atravessado
os Urais e, em menos de um século, alcançaram o Pacífico. Em 1763, após
eliminar os seus rivais franceses na posse da Índia, os ingleses começaram a
subjugar e desenvolver esse país, cuja maior parte foi convertida, em 1858, em
possessão da coroa britânica. Em consequência da chamada Guerra do Ópio (1842),
a Inglaterra forçou os chineses a ceder Hong Kong, e anos depois os
franceses estabeleceram um protetorado na Indochina. Em 1858 a Rússia tomou
posse de todo o território ao norte do rio Amur e pouco depois fundou a cidade
de Vladivostok (Senhora do Ocidente), também em território extorquido à China”
(1967: 753).
No final desse ano, a atriz holandesa se
mudou para Hollywood. Lá, nos Estados Unidos da América, ela fez várias participações em
séries de TV e pequenos papéis em filmes de pouco êxito nas bilheterias. Em
1980, ela participou do filme O Amante de Lady Chatterley, de Just Jaeckinar,
sendo que, um ano depois, fez seu primeiro papel de cômico em Express Train,
de Salvatore Samperi. Ainda em 1981, Sylvia Kristel atuou em: Uma Professora Muito
Especial, de Alan Myerson, um filme qualificado como pornográfico por associações ultraconservadoras familiares norte-americanas, a exemplo do
que ocorre com Last Tango... Em 1983, Sylvia estrelaria a quarta sequência de
Emmanuelle e, três anos depois, se casaria com P. Blot, que a dirigiu no filme
Flamenco, rodado em 1987 nos arredores de Madri. No entanto, Emmanuelle não
tinha sido esquecida e, entre 1992 e 1993, Sylvia voltou a protagonizar três
filmes: A Vingança de Emmanuelle, A Magia de Emmanuelle e O Amor de
Emmanuelle. Em 1995, a atriz resolveu creditar-se no teatro na peça: Teu
Gato Está Morto, do norte-americano James Kirkwood. Após esta experiência, sua
carreira começa a declinar, como evidencia seu papel em:
Perdóname (2001), do polêmico cineasta holandês de vanguarda Cyrus Frisch. A revista Filmmaker o chamou de “homem
selvagem do cinema holandês”. De acordo com a Holland Film, Frisch é um dos
cineastas mais ousados atualmente trabalhando na Holanda.
Nascida em 28 de setembro de 1952 em Utrecht, na Holanda, Sylvia, antes de ser um mito erótico, foi primeiro secretária, “Miss Televisão Europeia” e modelo de propaganda, profissão que lhe abriu as portas para o cinema, onde estreou com Niet Voor de Poesen, do diretor Fons Rademakers, em 1972. Posteriormente, vieram outros títulos, mas em 1973 o cineasta francês Just Jaeckin lhe ofereceu o grande papel de sua carreira, Emmanuelle -, que Sylvia alcançou a fama, a mesma “que a devorou como atriz e como mulher com o passar do tempo”. Considerado um dos filmes pontuais do cinema erótico moderno, Emmanuelle batia recordes de bilheteria onde era exibido. Em Paris, por exemplo, “o filme se manteve por dez anos ininterruptos em cartaz”. Não há similar na história de gênero no cinema mundial. Isto é importante. No Brasil, os filmes de Emmanuelle ficaram famosos por sua exibição no bloco: “Cine Band Privé”, da Rede Bandeirantes durante os anos 1990 e começo dos anos 2000, com as séries estreladas por Marcela Walerstein e Krista Allen. Sylvia Kristel, a mais famosa Emmanuelle no país durante muito tempo, visitou o Brasil quando da liberação do seu filme de 1974, que aconteceu em 1979. Durante os compromissos promocionais, foi convidada e participou de cenas da telenovela da rede Globo: “Espelho Mágico”, tendo como cicerone o personagem de Carlos Eduardo Dolabella.
Do ponto de vista televisivo nacional o Cine Band Privé representou uma sessão de filmes eróticos, para maiores de 18 anos, exibida pela Rede Bandeirantes às 1:30 horas, ou outros horários, dependendo da duração do programa anterior, de sábado para domingo. Seu repertório vai da comédia ao drama, sempre usando de sensualidade e de erotismo, não sendo filmes absolutamente pornográficos. Inicialmente, era exibido às sextas-feiras e por este motivo, era chamado de Sexta Sexy, por volta de 1993. A partir de 1995, ganhou o novo nome, permitindo, assim, que a sessão fosse exibida em outros dias da semana. Em seu período de auge, o programa ficou entre as cinco maiores audiências da emissora e atingia picos de audiência no horário. Evidentemente pelo fato de exibir filmes eróticos, foi uma das sessões mais populares durante o fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, e também a mais famosa da programação da Band. O sucesso se ocorreu em uma época em que não era tão fácil ter acesso aos conteúdos eróticos de nudez feminina. Aonde a rede mundial de computadores - internet - era discada e de consumo caro. Tornando-se uma alternativa acessível. E por causa disso, garantiu durante o seu auge, uma grande audiência. Em um horário onde o número de televisores ligados era pequeno, frequentemente figurava o Top 5 dos programas de maior audiência da emissora. E alcançar a liderança não era incomum. Depois de estrear o campo erótico, Sylvia Kiristel gravou com Sigi Rothemund, Alain Robbe-Grillet e Jean-Pierre Mocky, sendo que em 1975, mas posteriormente com Francis Giacobetti, a atriz foi convidada a protagonizar a primeira sequência da bem-sucedida personagem, Emmanuelle 2 (originalmente “Emmanuelle: L`antivierge”).
A atriz também participaria de filmes dirigidos por outros cineastas famosos, dentre os quais Walerian Borowczyk, Roger Vadim, Claude Chabrol e Francis Girod. Contudo, sem conseguir se desprender do personagem que lhe deu fama, em 1977, Sylvia protagoniza Emmanuelle 3 (“Goodbye Emmanuelle”), dirigido nesta ocasião por François Leterrier. Neste mesmo ano, a atriz dá vida à infanta Isabel da Espanha no filme: O Quinto Mosqueteiro, de Ken Annakin. Em 1979, Sylvia viajou à Espanha para rodar Camas Quentes (1979), de Luigi Zampa, cujo elenco também contava com outros mitos eróticos do momento histórico da cinematografia, como Ursula Andress e Laura Antonelli. Depois do cinema erótico, Sylvia rodou com Sigi Rothemund, Alain Robbe-Grillet e Jean-Pierre Mocky, sendo que em 1975, agora com Francis Giacobetti, a atriz foi convidada a protagonizar a primeira sequência da bem-sucedida personagem, Emmanuelle II (Emmanuelle: L”antivierge). A atriz participaria de filmes com os cineastas: Walerian Borowczyk, Roger Vadim, Claude Chabrol e Francis Girod.
Vale lembrar que a Filmmaker tem como representação social uma revista norte-americana de publicação trimestral especializada em assuntos relacionados ao cinema Independente. Contudo, de acordo com a Holland Film, Frisch é um dos cineastas mais ousados que atualmente trabalha na Holanda. Em 2006, Sylvia publicou sua
autobiografia, Desnuda (“Nue”), na qual “confessava sua dependência em drogas e
álcool”. Seis anos depois, quando seu belo rosto não podia ocultar os
excessos, a atriz sofreu um derrame cerebral que lhe levou ao hospital, onde
ela foi diagnosticada, além disso, com um câncer de garganta, doença que
fragilizou muito sua saúde. Unida desde muito jovem ao escritor Hugo Klaus,
teve com ele o filho, Arthur, que nasceu em 1975. Entre 1977 e 1979, Sylvia Kristel esteve unida ao ator britânico Ian McShane e, em 1982, se casou secretamente em
Las Vegas com o milionário norte-americano Alan Turner, do qual se divorciou pouco
antes de voltar à Europa. Em 1986, a atriz holandesa se casou em Paris com o
produtor francês Philippe Blot. Nos últimos anos de sua vida, vivia em Amsterdã onde expunha pinturas, quando pode dedicar-se à atividade abstrata e regozijante de pintar quadros poéticos historicamente naquela inspiradora cidade.
A personagem apareceu pela primeira vez
no filme: Io, Emmanuelle em 1969 e era interpretada por Erika Blanc. Ela foi
recriada cinco anos mais tarde, em 1974 no filme: Emmanuelle e era interpretada pela
holandesa Sylvia Kristel, provavelmente a atriz mais famosa pelo papel. O filme
ultrapassou as barreiras do que era aceitável em filmes de seu tempo, com suas
cenas de sexo, estupro, masturbação, mile high club (“sexo em aviões”) e “uma
cena onde uma dançarina fuma um cigarro com sua vagina usando técnicas de
pompoarismo”. Diferentemente de outros filmes que tentavam evitar uma
classificação adulta da Motion Picture Association of America (MPAA) é uma associação comercial norte-americana que representa os cinco principais estúdios cinematográficos de Hollywood e o gigante do serviço de streaming Netflix - a gerência do controverso sistema de
classificação de filmes por faixa etária. Este sistema é muito criticado tanto
pelos mais conservadores que o consideram “muito complacente”, quanto pelos mais
liberais que seguem a crítica cinematográfica que o consideram um “meio de censura ou uma restrição à liberdade de
expressão”. O
pompoarismo é uma antiga técnica oriental derivada do tantra que
consiste na contração e relaxamento do músculo pubococcígeo, buscando
como resultado o prazer sexual.
Para o domínio da técnica são realizados com o
auxílio dos ben-wa, que consistem em pequenas bolas ligadas através de
um cordão de nylon ou silicone, reconhecidas também como bolinhas tailandesas utilizadas no caso das mulheres, e na contração na musculatura no esfíncter e dos
músculos do períneo utilizadi no caso dos homens. Afirma-se ainda que o pompoarismo
pode ser benéfico contra incontinência urinária e na preparação do canal para
partos que se tornem mais fáceis. É uma técnica milenar do Oriente. Se originou na tribo africana Ubuntu uma
palavra existente nas línguas zulu e xhosa, faladas na África do
Sul, que exprime um conceito moral, uma filosofia, um modo de viver que se opõe
ao narcisismo e ao individualismo tão comuns nas sociedades liberais e foi aperfeiçoada na Tailândia. Na Tailândia é costume passar a
técnica de mãe para filha, assim como é costume que o futuro esposo pague um
dote aos pais, e o valor depende da educação, dotes musicais e habilidades
sexuais da futura esposa. Ginástica semelhante foi desenvolvida pelo
ginecologista Arnold Kegel (1894-1972) que em 1952 desenvolveu alguns exercícios para
mulheres que tinham problema de incontinência urinária.
Com
pesquisas ele descobriu que o músculo pubococcígeo estava fora de forma e não
funcionava de maneira adequada. Exercitando esses músculos, o problema médico
era resolvido e o potencial para sensações genitais e orgasmo era aumentado. Em
parte, porque o fluxo sanguíneo aumenta em músculos exercitados, e o aumento do
fluxo de sangue está relacionado com a facilidade para excitação e orgasmo.
Quando se aumenta a força de um músculo, aumenta-se seu suprimento de sangue, o
efeito colateral: o aumento do fluxo de sangue para a pelve implica níveis mais
elevados de excitação e orgasmos mais intensos. É indispensável entre as
comercializadoras de sexo, que utilizam essa capacidade para sua promoção e
espetáculos de “halterofilismo pompoarístico”, no qual demonstram que podem fumar
um cigarro colocado entre os lábios da genitália; assim como, entre outras demonstrações, sugar uma banana com a vagina
e esmagá-la usando somente as contrações dos anéis musculares do fundo da
vagina para frente; levantar objetos pesados; lançar objetos à distância; abrir
garrafas; sugar água, retê-la na vagina, dançar e depois liberar a água; sugar
três tipos de água colorida, retendo-as com os três anéis da vagina e depois
liberá-las sem misturá-las, dentre outras performances.
O primeiro filme da personagem Emmanuelle abraçou o
gênero e tornou-se um grande sucesso internacional de bilheteria e consumo. Porém, foi alçada à fama com Emanuelle, em 1974, uma história erótica ambientada em Bangcoc, a capital da Tailândia, sobre uma dona de casa entediada, seu marido, e muitos amantes. É uma grande cidade reconhecida pelos santuários ornamentados e pela animada vida urbana. O rio Chao Phraya, repleto de barcos, abastece a rede de canais, passando pelo distrito real de Rattanakosin, onde fica o opulento Grande Palácio e seu sagrado templo Wat Phra Kaew. O filme é um dos
mais bem-sucedidos filmes franceses e chegou a ser exibido nos cinemas metropolitanos
por anos. Realizado pelo francês Just Jaeckin, Emmanuelle representa adaptação do romance
homônimo de Marayat Bibidh Andriane e foi seguido de cinco outros filmes
centrados na personagem – Emmanuelle a Antivirgem (1975), Goodbye
Emmanuelle (1977), Emmanuelle IV (1984), Emmanuelle V (1987) e Emmanuelle
VI (1993) -, além de vários sequências dentre telefilmes. É a expressão utilizada na indústria cultural, que utiliza como base a cultura de polos do mundo para
fabricar seus produtos. Ela promove uma mudança no estilo de
cultura dos indivíduos, promovendo, assim, um comportamento muitas vezes
considerado massivo em uma perspectiva de consumismo exacerbado, desenvolvido para denominar o modo de produzir cultura no período pós-industrial capitalista.
Ele designa principalmente a situação da arte na sociedade capitalista pós-industrial, marcado por modos de produção que visavam sobretudo o lucro, e que ipso facto serve para definir o conceito de “filme produzido para ter a sua estreia na televisão”, ao contrário da maioria dos filmes, que hegemonicamente estreiam em salas de cinema. Apesar do telefilme ser um filme para televisão, não é correto dizer que não se trata de cinema, isto é, de um produto estético e comercial cinematográfico. Os telefilmes respeitam em tudo as convenções narrativas audiovisuais da linguagem cinematográfica, tanto ou tão pouco como os filmes destinados às salas de cinema. O último, feito em sua
homenagem pelo sucesso e talento, foi “Para Sempre Emmanuelle”. Apesar de destacado através do clássico softcore, Sylvia Kristel participou em filmes de Claude Chabrol, Roger Vadim e Alain Robbe-Grillet. Filmes posteriores incluem The Nude Bomb (1980) e Private Lessons (1981). Ela também estrelou na versão cinematográfica de 1991 do romance de D.H. Lawrence, O Amante de Lady Chatterley. Ao longo de 30 anos de carreira, ela estrelou em mais de 50 filmes internacionais. é
o último romance do autor inglês D. H. Lawrence, que teve sua primeira
publicação privada em 1928, na Itália, e em 1929, na França. Uma edição não
expurgada não foi publicada abertamente no Reino Unido até 1960, quando foi
objeto de um julgamento de obscenidade divisor de águas contra a editora
Penguin Books, que ganhou o caso e vendeu rapidamente três milhões de cópias. O
livro também foi banido por obscenidade nos Estados Unidos da América, Canadá,
Austrália, Índia e Japão. O livro logo se tornou conhecido por sua história da
relação física (e emocional) entre um homem da classe trabalhadora e uma mulher
de classe média alta, suas explicações explícitas de sexo e seu uso de palavras
de quatro letras então impublicáveis.
“Mélodie d`amour chantait le cœur
d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le corps
d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu/Tu es encore/Presque une enfant/Tu n`as
connu/Qu`un seul amant/Mais à vingt ans/Pour rester sage/L`amour étant/Trop
long voyage/Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps
perdu/Mélodie d'amour chantait le corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur
déçu/L`amour à cœur/Tu l`as rêvé/L`amour à corps/Tu l`as trouvé/Tu es en
somme/Devant les homes/Comme un soupir/Sur leur désir/Tu es si
belle/Emmanuelle/Cherche le cœur/Trouve les pleurs/Cherche toujours/Cherche
plus loin/Viendra l`amour/Sur ton chemin/Mélodie d`amour chantait le cœur
d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le corps
d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu”.
Enfim, todo ano, durante a última semana
de setembro, Utrecht se torna a capital Holandesa do cinema. É quando acontece
o Nederlands Film Festival e quando o público e os profissionais amantes do
cinema podem se concentrar única exclusivamente no cinema Holandês e em suas
facetas. O Festival World Cinema Amsterdam 2011, mostra em sua segunda edição
que veio para ficar e marcar a diferença, no circuito de Festivais de Cinema
nos Países Baixos, sendo o único que dedica toda a programação exclusivamente
aos países da América Latina, Ásia e África. Três extremos e uma
“multiculturalidade” instigante é o que atraiu mais de 9 mil espectadores em 12
dias ao Cinema Rialto em Amsterdam, onde aconteceu o Festival. Nesse período, o
World Cinema Amsterdam exibiu o melhor do cinema independente e atual desses
três continentes. Foram mais de 40 longas-metragens e curtas metragens com principal escopo desse ano voltado para Índia, país escolhido como “cabeça de cartaz”. O Festival
apresentou mostra competitiva na qual fez parte a já premiadíssima atriz, mas
ainda inédita de forma geral no Brasil, longa-metragem Riscado, do Diretor e Roteirista
Gustavo Pizzi, que claro, levou Menção Honrosa Especial do Júri,
que diz ter atribuído esse prêmio pela “honestidade impiedosa de seu
protagonista, pela qualidade do roteiro e pela direção versátil do Diretor”.
Sendo uma das primeiras democracias
parlamentares globalizadas, os Países Baixos são um país moderno desde o seu início. Entre
outras afiliações, o país é membro fundador da União Europeia (UE), da Organização do Tratado do Atlântico Norte, da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Organização Mundial do Comércio e assinou o Protocolo de Quioto. Junto com a Bélgica e com
Luxemburgo, o país constitui a União Econômica do Benelux. O país é palco de
cinco tribunais internacionais: o Tribunal Permanente de Arbitragem, o Tribunal
Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional para a antiga
Iugoslávia, o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Especial para o Líbano.
Os quatro primeiros estão situados em Haia assim como a sede da agência da União Europeia de
informação criminal, a Europol. Isto levou a cidade a ser apelidada de “capital
legal do mudo”. Historicamente a Holanda é líder mundial no campo de saber-poder da arte e da cultura. Basta
mencionarmos a variada arte clássica e contemporânea do extraordinário Museu Van Gogh,
Rijksmuseum, Real Galeria de Arte Mauritshuis, Bonnefantenmuseum Maastricht e
Kunsthal Roterdã. Outrossim, da história social e da cultura holandesas na Casa de Anne
Frank, Museu Histórico Judaico, Royal Delft, Museu de Amsterdã, Casa de Dick
Bruna ou um dos museus existentes em Amsterdam.
De outra parte, finalizando, vale
lembrar que a equipe laranja, algoz do Brasil nas quartas-de-final, já disputou
outras duas decisões, em 1974 e 1978. Nas duas, perdeu para os anfitriões
daqueles Mundiais. Na primeira, caiu para a Alemanha e, na segunda para a Argentina.
Mas não foi só a Holanda que reviveu uma bela história. A chegada até a
semifinal do Mundial de 2010 é a melhor campanha do Uruguai desde 1970, quando
os bicampeões mundiais perderam nas semifinais para o Brasil. Até então, todas
as Copas do Mundo que foram sediadas fora da Europa tiveram como campeão
Brasil, Argentina ou Uruguai. O Brasil conquistou fora do velho continente
quatro de seus títulos - apenas o primeiro, em 1958, foi obtido na Suécia. A
segunda taça foi levantada no Chile (1962), a terceira veio no México (1970), o
tetra saiu nos Estados Unidos da América (1994), e penta no Japão (2002). O aproveitamento
europeu dentro do continente é extremamente alto, tendo em vista que no peer ranking das dez Copas disputadas no
continente, a única que não foi vencida por um time local foi justamente a de
1958, com o Brasil triunfando na Suécia. Nas quartas-de-final, o cenário da
supremacia sul-americana fora da Europa parecia que iria se confirmar
novamente. No entanto, todos os europeus venceram seus confrontos e conseguiram
garantir o título para o continente.
A torcida holandesa invadiu a Cidade do
Cabo para incentivar sua seleção contra o Uruguai na semifinal da Copa do
Mundo. Em todas as partes da cidade foi possível notar o grande número de
torcedores, que desde cedo já pareciam ter consumido boa quantidade de bebida
alcoólica. A confiança da vitória estava estampada no rosto dos aficionados na
equipe do técnico Bert Van Marwijik. Cantos típicos do país foram entoados a
todo instante pelas avenidas que davam acesso ao estádio. O grande número de
holandesas, quase todas loiras, chamava atenção dos demais turistas e
sul-africanos pela beleza e simpatia. Vestidos com paletós, camisas, gravatas,
calças e meias e até sapatos cor de laranja, os fãs de Sneijder, Robben e Cia
desfilaram pelo centro e por pontos turísticos como Table Mountain e
Waterfront. Um deles se destacou pelo fato de estar todo de laranja, mas com a
camiseta da Seleção Brasileira, adversário que a Laranja Mecânica eliminou
nas quartas-de-final. Em 1998, na Copa da França, no estádio Velodrome, em Marselha, uma semifinal de emoção, Zagallo já não tinha Parreira ao lado, mas ele se multiplicou. Nos 90 minutos, 1 a 1. O gol brasileiro foi de Ronaldo. Uma prorrogação com gol de ouro para corações fortes. Ninguém marcou. E a semifinal foi decidida nos pênaltis. Jogadores desgastados. E aquele senhor de cabelos brancos arrepiados parecia ter 20 anos. Zagallo era uma usina de energia, de emoção. Taffarel defendeu duas cobranças, uma em cada canto. E o grito de “sai que é sua Taffarel” foi imortalizado. Zagallo e a Seleção viraram o placar dos confrontos com os holandeses. O Brasil avançou para a decisão.
Bibliografia
geral consultada.
HUXLEY, Aldous, Admirável Mundo Novo. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Divulgação do Livro, 1969; BURNS, Edward McNall, História da Civilização Ocidental. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1967; MÁRQUEZ, Gabriel García, La
Increíble y Triste Historia de la Cândida Eréndira y de su Abuela Desalmada.
Colombia: Ediciones DeBols!llo, 1972; BOADELLA, David, Nos
Caminhos de Reich. São Paulo: Summus Editorial, 1985; PIAULT, Marc-Henri, “L`Exotisme et le Cinéma Ethnographique: La Rupture d`une Croisière Coloniale”. In: Horizontes Antropológicos. Porto Alegre. Ano 1, numero 2, pp. 11-22, jul./set., 1995; GIL, José, A Imagem-nua e as Pequenas Percepções – Estética e Metafenomenologia. Lisboa: Relógio d’Água, 1996; ALBERONI, Francesco, O Erotismo, Fantasias e Realidades do Amor e da Sedução. São Paulo: Editor Circulo do Livro, 1986; MORIN, Edgar, El Cine o El Hombre Imaginario. Barcelona: Ediciones Paidós, 2001; KLANOVICZ, Luciana Rosar Fornazari, Erotismo na Cultura dos Anos 1980: Censura e Televisão na Revista Veja. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Departamento de História. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2008; AGAMBEN, Giorgio, Nudità. Roma: Editora Nottempo, 2009; OLIVEIRA JR., Luiz Carlos Gonçalves de, O Cinema de Fluxo e a Mise en Scêne. Dissertação de Mestrado. Departamento de Cinema, Rádio e Televisão. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; BALESTRIN, Patrícia Abel, O Corpo Rifado. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011; LOPES, Fernanda Tarabal, Entre o Prazer e o Sofrimento: Histórias de Vida, Drogas e Trabalho. Tese de Doutorado. Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Belo Horizonte: Universidade Federal de MInas Gerais, 2013; NASCIMENTO, Jairo
Carvalho do, Erotismo e Relações Raciais no Cinema Brasileiro: A Pornochanchada
em Perspectiva Histórica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
História. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Salvador: Universidade
Federal da Bahia, 2015; DE MAGALHÃES FERREIRA, Douglas, Guerra Conjugal: O Cinema Antropofágico de Joaquim Pedro de Andrade. Dissertação de Mestrado em Estudos Literários. Faculdade de Ciências e Letras - Campus Araraquara. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2015; entre outros.
________________
* Sociólogo (UFF),
Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e
Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado
da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza:
Universidade Estadual do Ceará.
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