domingo, 12 de abril de 2015

Marianne Weber: Uma Feminista Esquecida de Heidelberg?

                                                                                               Ubiracy de Souza Braga*
                                                                                               
                            É essencial que a esposa seja também um ser que lute e se desenvolva. Marianne Schnitger Weber
                                    
      
           
           Heidelberg é uma cidade da Alemanha, situada no vale do rio Neckar, no noroeste do Baden-Württemberg. É a quinta maior cidade deste Land, depois de Estugarda, Mannheim, Karlsruhe e Friburgo em Brisgóvia. Heidelberg é uma cidade independente (kreisfreie Stadt) ou distrito urbano (Stadtkreis), ou seja, possui estatuto de distrito (kreis). A primeira menção atestada de Heidelberg é de 1196, em um documento do Palatino Heinrich para a abadia de Schönau. A cidade é a antiga residência do conde do Palatinado (Pfalz), que era um dos sete príncipes eleitores representantes do Sacro Império Romano-Germânico. Ela também é reconhecida pela Universidade de Heidelberg que é a mais antiga da Alemanha, fundada em 1386 por Ruprecht I (1309-1390), e refundada em 1803 pelo duque Karl-Friedrich de Baden (1728-1811). Ainda hoje, ela é muito famosa, principalmente na área da Medicina. A cidade foi também um dos centros da Reforma Protestante, tendo acolhido Martinho Lutero em 1518. Um de seus nobres, Frederico III, Eleitor Palatino, o Piedoso, (1515-1576), teve contato com os pastores Reformados Gaspar Olevianus e Zacarias Ursinus. Desse contato social com os pastores reformados, sob a sua supervisão, foi criado o Catecismo de Heidelberg, e a Fé Reformada tornou-se oficial em seus domínios. Um ponto turístico importante é o Castelo de Heidelberg. O chamado Catecismo de Heidelberg é um documento confessional protestante que se apresenta em forma de perguntas e respostas, utilizadas nas igrejas reformadas holandesas, principalmente. Teve originem no ano de 1563, na cidade alemã de Heidelberg, elaborado por Zacarias Ursinus e Caspar Oleviano para ser um manual de instrução doutrinária a pedido de Frederico III, Eleitor Palatino. O Catecismo sumariza os principais ensinos da Sagrada Escritura em 129 memoráveis perguntas e respostas. Simples e ao mesmo tempo profundo, conciso e ao mesmo tempo suficiente, o Catecismo tem sido apreciado por pessoas de todas as idades como um dos mais claros, úteis e confortadores guias a todo o tesouro espiritual do santo evangelho.
           A cidade é a antiga residência do conde do Palatinado (alemão: Pfalz), que era um dos sete príncipes eleitores do Sacro Império Romano-Germânico. Ela também é conhecida pela Universidade de Heidelberg (que é a mais antiga da Alemanha), fundada em 1386 por Ruprecht I, e refundada em 1803 pelo duque Karl-Friedrich de Baden. Ainda hoje, ela é muito famosa, principalmente na área da Medicina. Heidelberg, cidade localizada às margens do rio Neckar, no sudoeste da Alemanha, é reconhecida pela respeitada Universidade de Heidelberg, fundada no século XIV. A igreja gótica Heiliggeistkirche destaca-se na Marktplatz, praça principal de cafés na Altstadt (Cidade Antiga). As ruínas do Castelo de Heidelberg, em arenito vermelho e localizadas na colina Königstuhl, são um exemplo famoso da arquitetura renascentista. A cidade foi também um dos centros da Reforma Protestante, tendo acolhido Martinho Lutero em 1518. Um de seus nobres, Frederico III, Eleitor Palatino, o Piedoso, (1515–1576), teve contato com os pastores Reformados Gaspar Olevianus e Zacarias Ursinus. Desse contato com os pastores reformados, sob a sua supervisão, foi criado o Catecismo de Heidelberg, e a Fé Reformada tornou-se oficial em seus domínios. O Castelo de Heidelberg é um ponto importante. Heidelberg, é uma cidade da Alemanha, situada no vale do rio Neckar, no noroeste do Baden-Württemberg. É a quinta maior cidade deste Land, depois de Estugard, Mannheim, Karlsruhe e Friburgo em Brisgóvia, contando com 142 993 habitantes em 2005.  Heidelberg é uma cidade independente (kreisfreie Stadt) ou distrito urbano (Stadtkreis), ou seja, possui estatuto de distrito (kreis).

        A palavra mulher pode ser usada de forma específica, significando um ser humano fêmea adulto particular, ou genericamente, significando todo ser humano fêmea. A palavra menina significa originalmente uma criança do sexo feminino, embora atualmente seja comum a utilização coloquial do termo para se referir a mulheres quando novas ou solteiras, podendo também ser utilizado de forma afetuosa, ou para não dar a entender que a mulher já chegou à idade madura. Biologicamente, uma criança do sexo feminino se torna mulher ao fim da fase infantil, sendo marcada esta mudança pela ocorrência da menarca. Entretanto, as diferentes sociedades humanas costumam ter critérios sociais próprios para indicar esta passagem; como esta se baseia tanto em critérios biológicos quanto socioculturais, pode variar bastante entre diferentes culturas. Sociologicamente muitas culturas apresentam ritos de passagem para simbolizar a chegada da maturidade, como a confirmação em algumas ramificações do cristianismo, o B`nai Mitzvá no judaísmo ou até per se o mesmo costume de se realizar uma celebração especial para um determinado aniversário, geralmente entre 12 e 21 anos, como o baile de debutante, geralmente realizado no aniversário de 15 anos. 
                                                      
      É interessante observar que debutante deriva do francês, que pode ser traduzido como “a jovem que se estreia na vida social”. Na maioria das culturas, como a virgindade feminina está atrelada à sua própria honra e à da família da qual faz parte, a referência a uma mulher solteira como mulher, em certas sociedades pode ser subentendida como uma suposição de não-virgindade, o que seria um insulto à moça e a sua família. Pelo aspecto legal, na Alemanha o código civil vigente no século XIX, mesmo depois da unificação, era o prussiano até a virada do século. Tanto por esse código quanto pelo novo, nacional, o homem era ainda o único a ter direito de tomar decisões na família: a última palavra era dele em relação à educação, assim como a guarda legal dos filhos. E se a esposa tivesse alguma posse ou valor em dinheiro, antes ou depois do casamento, somente ele podia gerenciar esse patrimônio. Se a história social e política do feminismo não é reconhecida, ou difundida na literatura clássica, deve-se também ao fato social de ser pouco contada do ponto de vista da narrativa etnográfica. A bibliografia, além de limitada, costuma abordar fragmentariamente os anos de 1930 e a luta pelo voto, ou analogamente os anos 1970 e as conquistas recentes. 
      Na maior parte das vezes, entende-se como feminismo, apenas o movimento social articulado de mulheres em torno de determinadas bandeiras; e tudo o mais fica relegado a notas de rodapé de página. O feminismo poderia ser compreendido em um sentido amplo, como todo gesto ou ação política que resulte em protesto contra a opressão e a discriminação da mulher, ou que exija a ampliação de direitos civis e políticos, seja por iniciativa individual (o sonho), seja coletivamente através dos grupos e classes sociais (os mitos, os ritos, os símbolos). Somente então será possível valorizar socialmente os momentos desta luta - contra os preconceitos mais primários e arraigados - e considerar aquelas mulheres, que se expuseram à incompreensão e à crítica, nossas primeiras e legítimas feministas. As ideias e ações feministas inferem da arraigada desigualdade das relações sociais e de gênero. É um aspecto social e político que se irradia representatividade política das mulheres, que é histórica, teórica e ideológica. Ipso facto, se mantém, na desigualdade salarial em relação a homens que realizam quase sempre idêntico trabalho.                     
Marianne Weber, nascida Marianne Schnitger, em Oerlinghausen, em 2 de agosto de 1870 e morta em Heidelberg, em 12 de março de 1954, foi uma feminista, historiadora do Direito e escritora alemã. Aos 23 anos casou-se com seu primo, o sociólogo Maximilian Karl Emil Weber quando ele tinha 33 anos. Biógrafa do marido (cf. Weber, 2003) foi uma das alunas pioneiras na universidade alemã e integrava grupos feministas de seu tempo. Frau Weber era uma talentosa escritora independente que publicou uma autobiografia e vários livros sobre problemas femininos. Escreveu “Max Weber: Ein Lebensbild” nos anos seguintes à morte prematura do marido em 1920, filho de um industrial têxtil da Alemanha Ocidental. Mais do que a representação de uma emocionante biografia do fundador da sociologia contemporânea, este livro apresenta um extenso panorama da vida alemã e europeia durante mais de um século, e lança luz radiante sobre a vida social, política, intelectual, acadêmica e cultural da Alemanha daquele período. Max Weber em 1893 casou-se com Marianne Schnitger, mais tarde uma feminista e estudiosa, bem como curadora póstuma das obras de seu marido. Do ângulo religioso e político o pai de Weber era protestante e autocrata e sua mãe calvinista moderada.   
   
          Marianne Schnitger Weber (1870-1954) foi uma das fundadoras de um grupo de mulheres em Heidelberg, na maioria as chamadas “donas de casa”. É o termo, em direito do trabalho e previdenciário que define a mulher que, casada ou não, trabalha exclusivamente para a própria família, não exercendo atividade remunerada, ou esta não pode ser considerada habitual e principal. Ela influenciou o marido a aceitar estudantes mulheres na universidade. Após 1898, Max começou a ter depressão, e passou a viver em reclusão, já Marianne, continuou a participar da vida política. Neste período, Marianne publicou o seu 1º livro, que era sobre socialismo na perspectiva da teoria “sem julgamentos de valor” de Max Weber. Em 1904, Max retornou à ativa, e o casal viajou para os Estados Unidos, onde Marianne conheceu Jane Addams e Florence Kelley, duas feministas norte-americanas. Em 1907, publicou o livro: “Casamento, Maternidade e a Lei”.  Ano em que Marianne recebeu uma herança do avô e fundou seu 1º “salão” de discussão intelectual, e se engajou na luta pelos direitos civis das mulheres. 
           O título do artigo, tomamos de empréstimo de Aluízio Alves Filho, quando se refere à análise teórica, história e ideológica da obra de Manuel Bomfim. (1979).  Em 1919, Marianne entrou na política e foi a 1ª mulher eleita no parlamento de Baden. Em 1920, o casal adotou 4 crianças da irmã de Max que havia falecido. Neste mesmo ano, Max também faleceu subitamente de pneumonia. Após a morte do marido, Marianne, se dedicou à publicação dos escritos de Max, “o que lhe rendeu o título de doutora honorária da Universidade de Heidelberg”. No período nazista, o trabalho de Marianne à causa feminista reduziu muito, pois Marianne evidentemente criticava o nazismo, nas entre linhas, e fazia reuniões em sua casa em vez do “salão público”. Marianne temia pelo regime nazista. Mesmo assim ainda publicou dois livros. Marianne morreu em 1954, em Heidelberg. Foi uma mulher a frente do seu tempo, que, com certeza influenciou Max Weber em seus achados no âmbito da política e da economia, mas infelizmente, sem a mesma notoriedade do marido. Daí o título: “Marianne Schnitger: uma feminista esquecida”.  
Vale lembrar que Else von Richthofen, partidária como Marianne Weber do movimento feminista, fora uma das primeiras mulheres na Alemanha a defender tese de doutoramento. Else foi transformada em mito como “musa da inteligência crítica do nosso século”, em oposição à sua irmã Frieda Lawrence, que era a “musa da imaginação erótica”. É conhecida como a primeira inspetora feminina de fábricas no estado alemão de Baden (1900 – 02), como primeira mulher estudante de doutorado de Max Weber em Heidelberg (1901), como amiga vitalícia da esposa dele, Marianne, como amante tardia na vida de Max Weber e como companheira durante quase meio século do irmão deste, Alfred Weber. Interessada mais diretamente nos modos específicos de exploração das operárias havia optado por uma carreira de acordo com suas opções políticas feministas: inspetora do trabalho. Para ela, como para muitos outros alunos, Max Weber continuava a ser, apesar da doença, um personagem carismático: de fato, sua crítica da estrutura de classes, sua profissão de fé patriótica, era o quadro de pensamento ideal para todos aqueles e aquelas que associavam as aspirações reformadoras e democráticas ao desejo de projeção internacional. O terceiro dirigente da revista, Werner Sombart, era um herege da boa e velha geração e seu destino se cruzara várias vezes com o de Max Weber. Fora ele quem havia obtido o cargo de conselheiro da cidade de Bremen, ao qual Weber concorrera em 1891. Fora ele quem Weber propusera como seu substituto na Universidade de Heidelberg, mas que - provavelmente por motivos políticos - não havia sido aceito pelo governo.
         Marianne Schnitger Weber fora socióloga e historiadora do Direito. Publicou vários livros sobre casamento, divórcio, e trabalho doméstico feminino. Foi uma destacada feminista. Em análise comparada em plena guerra mundial, em 1917, na Rússia, as mulheres socialistas realizaram o “Dia da Mulher”, em 23 de fevereiro, no calendário russo. No calendário ocidental, a data correspondia ao dia 8 de março. Nesse dia, um grande número de mulheres operárias saiu às ruas em manifestação, na maioria tecelãs e costureiras, felizmente contrariando a decisão do Partido, que achava que aquele não era o momento para qualquer greve - “O dia das operárias, 8 de março, representa uma data  muito importante na história social e de gênero. Nesse dia as mulheres russas tiveram um papel muito importante, que viria mais tarde a originar a revolução”. Em 1921, realizou-se, em Moscou, na antiga URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a “Conferência das Mulheres Comunistas” que elege o dia 8 de março, como uma data adequada ao “Dia Internacional das Operárias”. Deu-se significado a uma data que relembra as comemorações da luta políticas das mulheres.                    

Historicamente a Alemanha foi derrotada pela Tríplice Entente na 1ª grande guerra (1914-1918). A Entente cobrou pesadas indenizações de guerra por parte dos alemães - que em dólares norte-americanos atuais seriam da ordem dos trilhões de dólares - entre outras pesadas punições impostas pelo Tratado de Versalhes. Começa então o período da história alemã chamado por historiadores como República de Weimar. Foi instaurada na Alemanha logo após a 1ª grande guerra, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O Presidente da República nomeava um chanceler que seria responsável pelo poder Executivo. Quanto ao poder Legislativo, era constituído por um parlamento (Reichstag). Sucedeu ao Império Alemão. Este período tem este nome, pois foi a República proclamada na cidade de Weimar. A década de 1920, na Alemanha foi a década liberal por excelência naquele país, em que a política se reduzia à oposição entre liberais de esquerda e de direita - enquanto que um minúsculo partido sem significado político, liderado por A. Hitler, esbracejava pateticamente pelas ruas das cidades alemãs. Berlim, capital da Alemanha, transformou-se num autêntico bordel. Quando pensamos em Weimar, pensamos em modernismo em arte, literatura e pensamento; pensamos em rebelião, dos filhos contra os pais, dos dadaístas contra a arte, berlinenses contra os filisteus, libertinos contra moralistas retrógrados.
O plano de transformar a Alemanha veio a fracassar devido, sobretudo às condições impostas pelo Tratado de Versalhes, que limitavam qualquer possibilidade de ressurgimento econômico do país por causa das reparações de guerra, e as restrições à indústria e ao exército alemão. As consequências econômicas da paz (1919), formuladas pelo economista John Maynard Keynes, que assistiu como observador às deliberações expõe de maneira pormenorizada, e com sagacidade qual haveria de ser o impacto das reparações sobre o frágil esquema das relações econômicas internacionais durante a década de 1920. Isso, somado ao regresso dos soldados da frente (muitos dos quais vinham feridos não apenas física, mas psicologicamente), aumentou enormemente o clima de fracasso e descontentamento que assombrava a nação. A escalada de violência entre os movimentos, sociais de direita e esquerda culminaram em 29 de outubro de 1918, ao estalar a rebelião de parte do exército. O governo prendeu os amotinados, principalmente da divisão naval, e muitos estudantes, operários e militares solidarizaram-se com eles, agrupando-se em conselhos similares aos Sovietes, que tomaram o poder militar e civil em diversas cidades.
No dia 7 de novembro, a revolução alcançou a cidade de Munique, provocando a fuga do rei Luís III da Baviera. Luís Leopoldo José Maria Aloísio Alfredo; 7 de janeiro de 1845 – 18 de Outubro de 1921 (76 anos), nome em alemão de Ludwig Leopold Josef Maria Alois Alfred, foi o último rei da Baviera, tendo reinado entre 1913 e 1918. O país esteve perto de se converter num Estado socialista. A 9 de novembro, o príncipe von Baden transferiu os seus poderes legais a Friedrich Ebert, líder do Partido Socialista da Alemanha, em alemão: SPD, Sozialistische Partei Deutschlands, de influência operária, “mas sem intenções de abandonar o sistema parlamentar”. Esperava-se que esse ato bastaria para acalmar as massas, mas tal não ocorreu. No dia seguinte, instaurou-se um governo revolucionário sob o nome de “Rat der Volksbeauftragten”, ou, “Conselho dos Encarregados do Povo”, que era formado por três membros do MSPD e três membros do partido Social Democrata Independente (USPD, Unabhängige Sozialdemokraten), liderado por Ehbert e Hugo Haase, respectivamente. Esse conselho governou a Alemanha de novembro de 1918 até janeiro de 1919. 
           A partir de 1919 após a assinatura do Tratado de Versalhes, onde eram impostas humilhantes e duras condições à Alemanha o governo Republicano tornou-se impopular, o descontentamento aumentava devido à crise econômica vivida, provocada pelas destruições e gastos de guerra e também pelo pagamento de indenizações exigido pelos vencedores. Toda esta instabilidade política passava a imagem de incapacidade do Governo para resolver a situação. O movimento feminista durante a 1ª grande guerra, no início do século 20, foi decisivo na mudança da moda da época nos campos de batalha. A entrada das mulheres no mercado de trabalho, com a ida dos homens para os campos de batalha, foi determinante na mudança do figurino feminino que de aparentemente frágil, passou a ser considerado mais independente politicamente. Assim, o operariado, o campesinato, a pequena burguesia descontentes passaram a apoiar os partidos de esquerda e os de extrema-direita, ambiguamente ganhando relevo o partido Socialista,  fundado em 1919 e dirigido por um líder populista considerado louco e autoritário.
Em 1923 houve um golpe de Estado em que Hitler participou com o objetivo de tomar o poder. Não tendo êxito, foi preso, vindo a escrever a obra “Mein Kampf” na prisão, que seria publicada em 1925. Nesta obra estavam expressos os princípios do Partido Nazi, a necessidade de um espaço vital, o antissemitismo, o racismo, o culto do chefe, a primazia do Estado, enfim, o totalitarismo. Em 1934, com a morte do Presidente Hindenburg, realizou-se um plebiscito, a fim de examinar a opinião do povo alemão sobre a concentração de poderes, iniciando-se então o “III Reich”. No poder pôs em prática seus princípios, dissolveu os sindicatos, entregou a membros do Partido os postos-chave da administração e da política extinguiram os outros partidos, adoptou novo estandarte com as cores vermelho: “ideia social do movimento” e branca: “ideia nacionalista”: “luta necessária para a vitória do povo ariano”, estava assim contida.
        No filme: O Ovo da Serpente, dirigido por Ingmar Bergman, o cineasta faz um recorte particular de Berlim e a história política datada que ocorre em novembro de 1923. Abel Rosenberg (David Carradine) é um trapezista judeu desempregado, que descobriu recentemente que seu irmão, Max, se suicidou. Logo ele encontra Manuela (Liv Ullmann), sua cunhada. Juntos eles sobrevivem com dificuldade à violenta recessão econômica pela qual o país passa. Sem compreender as transformações políticas em andamento, eles aceitam trabalhar em uma clínica clandestina que realiza “experiências em seres humanos”. Com certeza é o mais político e intenso trabalho de reconstituição de época e um olhar crítico sobre a Alemanha antes do surgimento do nazismo. Trata-se de um retrato fiel de uma Alemanha em crise e uma profunda reflexão sobre as origens do nazismo. A Alemanha está em crise na República de Weimar em razão da 1ª grande guerra. O poder político está em franco declínio e os cidadãos vivem sem uma perspectiva de futuro. Neste clima de caos, o “ovo da serpente” encontra ambiente propício para ser chocado e eclodir com força [política] e mudar os destinos do mundo ocidental e da Alemanha.
A fome, o desemprego, a superinflação e a violência urbana criam situações de desespero geral aumentando o descontentamento de uma nação, criando assim um ambiente favorável para que Hitler encontre eco a sua megalomania de um poder absoluto e tirano.  O cineasta sueco escreveu o roteiro sob a meticulosa pesquisa histórica, e nele, retratou com muita fidelidade os primeiros passos de uma sociedade que já dividida, desembocaria nas mãos do nacional-socialismo a partir de 1933. Neste sentido, lembra O Lobo da Estepe, livro de Hermann Hesse, narra a vida de Harry Haller, um sujeito próximo aos 50 anos, mesma idade de Hesse quando escreveu o livro. Daí por que se diz que tem forte conteúdo autobiográfico. O título do livro já fornece algumas pistas sobre o conteúdo da obra. Como se sabe, o lobo da estepe, ao contrário dos demais lobos, é aquele que caça solitário, e não em matilha. Não por acaso, o personagem principal - Harry Haller - é um misantropo, ou seja, um sujeito que tem aversão à sociedade e aos relacionamentos interpessoais; discorda e se incomoda com os clichês do que a burguesia, mas que, no contexto atual, pode ser melhor compreendida como homem médio, como fora seu chefe, de hábitos corriqueiros de senso comum que orientam as pessoas na sociedade.   
      Neste sentido vale lembrar que o filme “Cabaré“, com Liza Minelli, espelha bem o ambiente geral da Alemanha e de Berlim em particular. É um filme norte-americano de 1972, do gênero drama musical, dirigido por Bob Fosse e baseado em livro de Christopher Isherwood e peça teatral de John Van Druten. Na Alemanha, durante a ascensão do nazismo, uma cantora e dançarina norte-americana se envolvem ao mesmo tempo com um professor inglês e um nobre alemão. Ela trabalha no “Kit Kat Klub”, de Berlin, sob a tensão constante das ameaças dos nazistas do início dos anos 1930, em shows que têm como mestre de cerimônias o personagem de Joel Gray. Mas sua grande aspiração é receber um convite da UFA, um grande estúdio de cinema alemão, comparativamente uma espécie de Hollywood da época. A cultura liberal de Berlim transformou-se numa cultura de prostíbulo e de sodomia, omnipresente na vida das elites sociais e políticas, e influente na vida do povo em geral. Economicamente os anos da década de 1920 foram caracterizados por maciça inflação, nunca é demais repetir, em 1923 e o grande aumento da dívida externa do país entre 1925 e 1930. O processo de evolução da política alemã anterior a este período histórico e pontual ajuda a manter o sociólogo Max Weber em seu afastamento do ativismo político, sobretudo porque qualquer aborrecimento poderia levá-lo a uma recaída na depressão e morte. 
De certa forma, sabemos que a política alemã determinada historicamente, serve de aviso para ele e de lição dolorosa a respeito da eficácia que pode ter o discurso político universitário militante. Curiosamente, no plano pessoal, para Max Weber, mesmo seu casamento com Marianne Schnitger não escapa a um ato de dever; ou melhor, Weber está tão impregnado do sentimento de honra, de devotamento e de dever, que dá à representação do casamento esse aspecto de valor. Enquanto não consegue a independência financeira, não ousa pedir Marianne em casamento. Afinal, é constrangido a isso no momento em que um de seus amigos a pede em casamento. Max Weber cerca seu pedido de várias condições, entre as quais a de um prazo suficientemente longo para que ele atinja a autonomia financeira antes da realização das núpcias. Para que não pesasse sobre essa relação nenhuma sombra de deveres e obrigações passadas, ele exige que sua prima Emmy, que alimentara esperanças de se casar com ele um dia, compreenda e consinta no casamento, assim como sua mãe e sua tia. Insiste, ainda, para que seu amigo-concorrente renuncie voluntariamente ao projeto de casar-se com Marianne Schnitger. O “Femen”, em ucraniano: “Фемен”, mutatis mutandis, é um grupo ucraniano feminista de protesto, fundado em 2008, por Anna Hutsol, com base na cidade de Kiev. 
A organização tornou-se notória por protestar em topless para contra temas como o turismo sexual, racismo, homofobia, o sexismo e outros males sociais. O grupo feminista “Femen” ficou conhecido nos últimos anos pela forma incomum de chamar a atenção para os direitos das mulheres: mostrando os seios. Não houve topless na sessão de “Ukraine is not a Brothel”, documentário da australiana Kitty Green apresentado na quarta-feira (4/11/2013), fora de competição no Festival de Veneza. Mas o barulho foi grande mesmo assim. O primeiro longa-metragem a demostrar os bastidores do grupo formado na Ucrânia revelou que Viktor Svyatsky, tido como um simples consultor do Femen, na verdade é um dos criadores do movimento e o liderava até um ano trás. - “Eu não sabia o papel de Viktor”, conta a cineasta de 28 anos que passou 17 semanas viajando com o grupo, filmou mais de 100 protestos pela Europa e exibiu o longa-metragem pela primeira vez em Veneza acompanhada de Sasha e Inna Shevchenko, duas das mais conhecidas integrantes do Femen. - “Essa é a verdade por trás do movimento e nós queríamos contar a verdade, por isso estamos aqui”, conta Inna. – “Viktor nos deu a compreensão completa do que o movimento poderia ser, mas ele não faz mais parte do grupo. Ele foi o detonador de tudo, mas agora o Femen tem mães”. O documentário mostra o fundador do Femen como um homem agressivo e manipulador, que se recusou inicialmente a aparecer no filme de Green. - “Foi bom tê-lo em nossas vidas para sabermos como os homens podem ser grandes canalhas. Mantemos Viktor em nossas memórias para ficarmos mais fortes”, diz Sasha.      
         Para o que nos interessa, Marianne fue una de las primeras mujeres en doctorarse y su desarrollo intelectual y político coincide con su creciente actividad dentro del movimiento feminista en cual se insertó a través de su amistad con la  dirigente de la Federación de Asociaciones de Mujeres Alemanas Gertrud Baümer. De hecho, como lo indica  González García en un texto que forma parte del libro, a pesar de que ella misma consideraba lo contrario, desde una perspectiva feminista, el trabajo de Marianne  resulta mucho más importante que el de su marido y  como figura pública, llegó incluso a ser más conocida que él. Marianne también fue una de las primeras mujeres que pronunció  sus discursos  ante un público mayoritariamente masculino ya que, hasta ese entonces, las escasas disertaciones escritas por mujeres, eran leídas por varones mientras que las  autoras se recluían en un rincón para estar  a salvo de cualquier posible alboroto. Marianne abogó por la protección jurídica y la independencia económica de las mujeres y su trabajo en el movimiento feminista abarcó tanto tareas intelectuales  como  organizativas. Sus escritos analizan el papel asignado al hombre como proveedor, destacan la importancia de la educación para lograr la equidad, abordan la cuestión de la doble jornada y   denuncian cómo  las mujeres ganan menos por igual trabajo. Con un enfoque sociológico, distingue las condiciones que enfrentan  según las diferentes clases sociales advirtiéndonos  que no es lo mismo hablar de los obstáculos de las  mujeres en los estratos más altos que en los  desposeídos” (cf. Kuper, 2012). Além disso, during the first few years of their marriage, Max taught first in Berlin, then, in 1894, at University of Heidelberg. During this time, Marianne pursued her own studies. After moving to Freiburg in 1894 she studied with leading neo-Kantian philosopher Heinrich Rickert. She also began to engage herself in the women`s movement after hearing prominent feminist speakers at a political congress in 1895. In 1896, in Heidelberg, she co-founded a society for the circulation of feminist thought. She also worked with Max to raise the level of women students attending the university”.
            Do ponto de vista literário os temas principais de suas pesquisas versam sobre a situação das mulheres na sociedade patriarcal que descreve através da experiência das mulheres alemãs da época, que por vez primeira vez enfrentava a opressão no trabalho. Assim mesmo analisou o conceito a estrutura do matrimônio e sua relação com “o destino”, talvez aqui influenciada por Max Weber, imposto às mulheres desde o paradoxo que representa o matrimônio como uma forma de restringir a liberdade das mulheres e ao mesmo tempo como uma maneira de protegê-las. A este respeito conclui que o matrimonio - “es una compleja y continua negociación del poder y la intimidad, en la cual el dinero, el trabajo de las mujeres y la sexualidad, son elementos clave”. Em 1907 publicou o que seria seu trabalho mais reconhecido: “Matrimônio, Maternidade e a Lei”, em que se seguiram: “A Questão do Divorcio” (1909), “Autoridade e Autonomia no Matrimonio”, “Valorizando o Trabalho Doméstico” (1912), e “As Mulheres na Cultura Objetiva” (1913).  
          No ensaio: “Autoridad y autonomía en el matrimonio”, Marianne descreve a evolução histórica do conceito de matrimônio ocidental e destaca as influencias das doutrinas católicas e protestantes em suas transformações e demarca como a preservação da dominação patriarcal no matrimônio, contradiz os ideais liberais individualistas, tão em voga. Faz a seguinte crítica: “nem sequer os maiores defensores da autonomia individual consideraram tocar o sistema patriarcal. Em troca, mediante hábeis jogadas de xadrez do raciocínio, eles buscaram por a subordinação fundamental da mulher em aparente harmonia com os novos ideais. El matrimônio foi explicado como um pacto através do qual a mulher voluntariamente se submetia a seu esposo”. E continua: “nessa época descobre pela primeira vez o conflito entre matrimônio e trabalho, entre as tarefas específicas de género das mulheres e sua íntima necessidade de construir com outros o mundo da cultura interpessoal. Mas elas também querem ser vistas como adultas e respeitadas pelo esposo como as companheiras de sua vida”. Para concluir que: “sólo cuando para el marido y la mujer los valores del alma y de la riqueza interior crecen constantemente, puede el fuego sagrado de la ternura y del sentimiento profundo  encontrar un alimento siempre renovado. Por eso, antes que todo, es escencial que la esposa sea también un ser que lucha y se desarrolla”. 
Bibliografia geral consultada.

PERROT, Michelle, As Mulheres e a História. Lisboa: Editor Dom Quixote, 1995; TAYLOR, Charles, As Fontes do Self: A Construção da Identidade Contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1997; BORDA, Ângela; FARIA, Nalu; GODINHO, Tatau, Mulher e Política: Gênero e Feminismo no Partido dos Trabalhadores. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1998; DUARTE, Constância Lima, “Feminismo e Literatura no Brasil”. In: Estud. av. vol.17 n˚ 49. São Paulo, set./dec. 2003; WEBER, Marianne, Weber: Uma Biografia. Niterói (RJ): Casa Jorge Editorial, 2003; MIRANDA, Paulo Henrique Façanha de, Das Palavras à Vida: O Prazer em Max Weber. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009; CARDOSO, Claudia Pons, Outras Falas: Feminismos na Perspectiva de Mulheres Negras Brasileiras. Tese de Doutorado. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2012; BASCOY LAMELAS, Montserrat, “El Nuevo Ideal del Matrimonio en la Autobiografía de Marianne Weber”. In: Lectora, n˚ 18, pp. 197-212, mar. 2012; KUPER, Gina Zabludovsky, “Marianne Weber: Pionera del Feminismo”. In: http://ginazabludovsky.com/2012/02/03/; FANTA, Daniel, A Neutralidade Valorativa: A Posição de Max Weber no Debate sobre os Juízos de Valor. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Sociologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014; DUPRÉ, Michèle; BERREBI-HOFFMANN, Isabelle; LALLEMENT, Michel, et al., “Marianne Weber, Sociologue, Féministe et Analyste de la Vie Parlementaire, in Parlamentarische Arbeitsformen. Eine Plauderei (1919)”. In: Revue Française de Science Politique. Vol. 64, n˚ 3, pp. 459-478, jan. 2014; VIEIRA DA MATA, Giule, “Condição feminina e casamento a partir da obra de Marianne Weber”. In: Caderno Espaço Feminino, vol. 27, pp. 149-165, 2014; ALVAREZ, Sonia, “Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista”. In: Cadernos Pagu, vol. 43, jan./jun. de 2014, p. 13-56; GARGALLO, Francesca, Feminismos desde Abya Yala: Ideas y Proposiciones de las Mujeres de 607 Pueblos en Nuestra América. Ciudad de México: Editorial Corte y Confección, 2014; BUTLER, Judith, Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. 8ª edição. São Paulo: Editora Civilização Brasileira, 2015; SCHLINDWEIN, Izabela Liz, Os Natais da Livre Pensadora Alemã Julie Engell-Gunther: Relações de Gênero & Interétnicas no Brasil do Século 19. Tese de Doutorado. Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2015; entre outros.

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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades.  Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).  

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