sábado, 18 de abril de 2015

Amedeo Modigliani - Notas Sobre Arte, Paixão e Morte.

Ubiracy de Souza Braga*

       “Il futuro dell`arte è nel volto di una donna!”. Amedeo Modigliani

                                                                                                           Para meu grande amor Giuliane de Alencar Braga
                                          

Amedeo Modigliani nasceu em uma família judia, em Livorno, Itália. Seu trisavô materno, Solomon Garsin, emigrara de Túnis para Livorno no século XVIII. Os Garsin eram originários da Espanha, onde haviam sido expulsos (cf. Fucs, 2008), no final do século XV, transferindo-se para Túnis. Depois para Livorno, onde nasceu o bisavô materno de Amedeo Mogigliani, Giuseppe Garsin - filho de Salomon Garsin e de Régine Spinoza. Já a família paterna, os Modigliani, era provavelmente oriunda de Modigliana, perto de Forli, na região da Romagna. Antes de se estabelecerem em Livorno, teriam vivido em Roma, onde exploravam uma casa de penhores. Segundo Jeanne Modigliani, certo Emanuele Modigliani teria sido encarregado pelo governo pontifical de fornecer o cobre necessário às emissões extraordinárias de moedas dos dois ateliês pontificais. Posteriormente, não obstante uma “lei racídica”, na interpretação de Pierre Bourdieu, (1998) dos Estados Pontifícios que proibia a posse de terras por judeus, Emanuele teria adquirido um vinhedo nas encostas do Albani, sendo, logo em seguida, obrigado pelas autoridades a se desfazer da vinha. Inconformado, ele teria então deixado Roma, com toda a sua família, para se instalar em Livorno, em 1849. Naquele mesmo ano, Giuseppe Garsin, depois de reveses nos negócios, decide deixar Livorno e segue, com a mulher, Anna Moscato com o filho, Isaac, para Marselha onde foi bem-sucedido. Amedeo tinha apenas dez anos quando o avô faleceu, em 1894. Abalado por essa perda, o menino fechou-se em si mesmo, adoecendo algum tempo depois e não sendo aprovado nos exames escolares. Sua vida é marcada pelos estigmas: da pobreza, doenças, alcoolismo que se em consomem drogas e turbulentas aventuras amorosas.
Amedeo Modigliani nasceu em uma família judia, em Livorno, Itália. Seu trisavô materno, Solomon Garsin, emigrara de Túnis para Livorno no século XVIII. Os Garsin eram originários da Espanha, onde haviam sido expulsos (cf. Fucs, 2008), no final do século XV, transferindo-se para Túnis. Depois para Livorno, onde nasceu o bisavô materno de Amedeo Mogigliani, Giuseppe Garsin - filho de Salomon Garsin e de Régine Spinoza. Já a família paterna, os Modigliani, era provavelmente oriunda de Modigliana, perto de Forli, na região da Romagna. Antes de se estabelecerem em Livorno, teriam vivido em Roma, onde exploravam uma casa de penhores. Segundo Jeanne Modigliani, certo Emanuele Modigliani teria sido encarregado pelo governo pontifical de fornecer o cobre necessário às emissões extraordinárias de moedas dos dois ateliês pontificais. Posteriormente, não obstante uma “lei racídica” (cf. Bourdieu, 1998) dos Estados Pontifícios que proibia a posse de terras por judeus, Emanuele teria adquirido um vinhedo nas encostas do Albani, sendo, logo em seguida, obrigado pelas autoridades a se desfazer da vinha. Inconformado, ele teria então deixado Roma, com toda a sua família, para se instalar em Livorno, em 1849. Naquele mesmo ano, Giuseppe Garsin, depois de reveses nos negócios, decide deixar Livorno e segue, com a mulher, Anna Moscato com o filho, Isaac, para Marselha onde foi bem-sucedido. Amedeo tinha apenas dez anos quando o avô faleceu, em 1894. Abalado por essa perda, o menino fechou-se em si mesmo, adoecendo algum tempo depois e não sendo aprovado nos exames escolares. Sua vida é marcada pelos estigmas, da pobreza, doenças, alcoolismo que se em consomem drogas e turbulentas aventuras amorosas. 

Desnecessário dizer que, pari pasu convive com a paixão que desperta em todos ao seu redor e, é constantemente admirado pelo seu espírito incomum. Modigliani não é rotulado felizmente como pertencendo a nenhum movimento de sua época (cf. Carco, 1924; W. George, 1925; Wlammik, 1925; Salomon, 1926; Scheiwiller, 1927; Thieme-Becher, 1930; Venturi, 1930; Guzzi, 1931; Guerrisi, 1932) e, por outro lado, também não representa uma continuidade das escolas anteriores, ele é único. Declara-se influenciado pelos clássicos e, vive a busca incessante na arte através da “Beleza” em sua “Forma Pura”. Chamam atenção suas figuras de pescoços alongados, influência das máscaras africanas, a qual utiliza para ressaltar as diferenças de caráter. Ao mesmo tempo, uma de suas poesias preferidas intitula-se “Beleza”, de Charles Baudelaire. O conceito de paixão, segundo Lebrun, abrange dois significados distintos. O primeiro e, mais utilizado decorre da palavra grega pathos, compreendido como “patológico”, onde o apaixonado “é um ser passivo, dominado pela paixão”, que na visão dos estoicos precisa ser extirpada. Para eles, a paixão, é uma doença que leva o homem a atos incontroláveis. Pathos, no sentido mais profundo e abrangente significa força, seja na representação da política em Maquiavel através das lentes de Fritz Lang, seja na da filosofia, comparativamente, em Nietzsche nas lentes de Pinchas Perry.
Nel 1906 si stabilì a Parigi, dove fu a contatto dei gruppi d`avanguardia e specialmente dei fauves. Nel 1909 conobbe C. Brâncuşi, la cui amicizia fu molto importante anche per l`orientamento, pur se di breve durata, che M. ne ebbe verso la scultura e verso l'arte arcaica e l`arte negra. Nel 1918 cominciò ad aggravarsi lo stato tubercolotico che lo portò alla morte, due anni dopo, nell`ospedale della Charité di Parigi. La sua breve vita fu misera e tormentata; le sue opere, vendute per pochi soldi sotto l`assillo del bisogno, raggiunsero, dopo la sua morte, prezzi altissimi e furono molto ricercate da gallerie pubbliche e da collezionisti di Europa e d`America”.

                                     

Neste caso o ser humano aprende a conviver com as paixões. Razão e paixão são componentes do seu ser, são elementos constitutivos de sua saúde mental. Como lembra Lebrun, na voz de Hegel: “Nada de grande se faz sem paixão”. Preocupada e esperando que a arte conseguisse tirá-lo da apatia em que se encontrava, sua mãe permite que ele tenha aulas de desenho. No liceu onde estudavam, os professores percebiam sua forte inclinação para essa área. Na infância, Amedeo sofreu de diversas doenças graves - pleurisia, tifo e tuberculose -, que comprometeram sua saúde pelo resto da vida e cujo tratamento forçava-o a constantes viagens, até sua mudança definitiva para Paris, em 1906. Também por causa da saúde precária não recebeu educação formal. Voltou-se para o estudo da pintura, iniciado na cidade natal, que prosseguiu em Veneza e Florença. Teve uma estreita relação com sua mãe, que lhe deu aulas até que ele completasse dez anos. Depois começou a desenhar e pintar precocemente, antes mesmo de ir para a escola. Com quatorze anos, durante uma crise de febre tifoide, quando ele delirava falava que queria acima de tudo ver as pinturas no Palazzo Pitti e nos Uffizi, em Florença.
I suoi primi quadri risentono dell`influenza di Picasso, di Toulouse-Lautrec. Nel 1908 espose agli Indépendants opere nettamente ispirate a Cézanne. Ma dello stesso anno è il Violoncellista, primo quadro in cui comincia ad esprimersi la sua personalità in maniera autonoma. Le sculture che espose agli Indépendants nel 1912, teste allungate dalla bellezza angolosa e secca, mostrano anche un allargamento delle sue esperienze verso l`arte arcaica e l`arte negra. Dal 1913, lasciata la scultura, si dedicò esclusivamente alla pittura, dipingendo ritratti e nudi. La sua prima mostra personale avvenne nel 1918 presso la Galleria Weil, ma i suoi quadri (tra i quali Nudo con collana di corallo, Nudo rosso) furono giudicati indecenti e di conseguenza fu ordinata la chiusura dell`esposizione. La sua ricerca stilistica ebbe di mira la perfetta unità di ritmi lineari e coloristici: il segno, estremamente sensibile, mira a trasfigurare l'immagine secondo una musicale sequenza di curve, il colore è intenso, smaltato, prezioso, una umanità profonda traspare dalla ricercata deformazione della figura (unico e insistente tema della pittura di M., studiato in inquadrature ravvicinate e con taglio modernissimo), dalla tensione delle linee, dai semplici e tuttavia audacissimi accordi del colore. Assai notevoli, per la purissima ritmica del segno, sono i suoi numerosi disegni”.

         “Sou Modigliani, judeu”. É desta maneira que o bravo pintor italiano se apresentava. Orgulhava-se de sua herança cultural e, apesar de não ser praticante, jamais negou a identidade judaica, dependente do ciclo de vida, de passagens na vida pessoal. Tornou-se símbolo de pintor boêmio. Criando-se, após sua morte verdadeiro mito (cf. Chaplin, 1995) em torno de sua vida (cf. Krystof, 1997), trágico e curto (cf. Cohen, 2014). Modigliani é um modelo do que foi a vida de centenas de artistas emigrados em Paris (cf. Bourdieu, 1979), tempo do grande anti-semitismo, o artista mergulhou em sua identidade. A chave visual para o judaísmo autoconsciente de Amedeo Modigliani, diz que Mason Klein, curador de Modigliani Unmasked, uma exposição no Museu Judaico de Nova York, é um pequeno esboço chamado “Autorretrato com Barba”. Atraídos à capital mundial das artes no início do século XX. Ele chegou à cidade ainda em 1903 ou, provavelmente em 1906, logo aderiu às novas ideias em arte. Ao longo de mais de uma década trabalhou num quase completo isolamento. Sua arte foi desprezada por tolos círculos da crítica especializada. A crítica de arte diz respeito a análises e juízos de valor. Surge no século XVIII, num ambiente caracterizado pelos salões literários e artísticos. Acompanha as exposições periódicas, o surgimento de um público e o desenvolvimento da maledeta imprensa. Neste período ele troca Florença por Veneza, em cuja “Scuola Libera di Nudo Academia di Venezia” se inscreveria com o intuito de aperfeiçoar e aprofundar sua formação, uma vez que esta escola de arte se concentrava principalmente na elaboração do seu nu “au naturel” e não na composição acadêmica formal. Gostava de circular pelas ruelas da cidade, olhar oras a fio os mosaicos da Igreja de São Marcos ou as telas elegantes de Carapaccio expostas nas Gallerie. Para os colegas e seus poucos amigos, era apenas um diletante, um moço erudito que frequenta museus para afugentar o tédio. A história da arte e agora no âmbito cinematográfico comprova o contrário (cf. Cohen, 2014).
La Scuola Libera del Nudo offre l`opportunità agli artisti e agli studenti delle Accademie di Belle Arti di esercitarsi nella composizione della figura umana e di indagare le sue forme e i suoi rapporti proporzionali. La pratica del disegno dal vero alla Scuola Libera del Nudo si basa su un notevole numero di ´ore di posa` dei modelli viventi, sia maschili sia femminili. Durante tale pratica vengono indagati tutti gli aspetti tecnici, grafici e pittorici della rappresentazione del nudo”.
 Amedeo Modigliani e Jeanne Hébuterne logo começam um relacionamento amoroso (cf. Alberoni, 1979). O caso provocou uma crise na família da jovem artista. Os seus pais eram católicos fervorosos e considerava inadmissível uma união amorosa antes do casamento. Apesar disso, Jeanne rompe a dominação paterna e muda-se para o apartamento-atelier de Modigliani. Juntos, os trabalhos de Hébuterne mostram uma rápida evolução. Os seus desenhos tornam-se mais simplificados e dinâmicos, uma influência clara de Modigliani sobre os seus trabalhos. Ao contrário, porém, da obra de seu companheiro, Jeanne desenvolve uma técnica muito mais emocional e imaginativa. Inclinada ao fauvismo e ao expressionismo. Durante esse período, Modigliani viveu na completa miséria, vendendo desenhos nos cafés para ter o que comer. Por falta de dinheiro teve de abandonar a escultura, sua grande paixão, e voltar-se para pintura, por ser mais barata. Jeanne Hébuterne conheceu Modigliani ele era um artista maduro, pintando sob a influência do “geometrismo cubista” e do “primitivismo africano”. 
Após 1° de agosto de 1914, entre o círculo de artistas de Paris, os que foram poupados do serviço militar experimentaram primeiro o sentimento de desamparo, mas em seguida tentaram, lentamente, tirar o melhor partido da situação. Modigliani que, à eclosão do conflito bélico, parece ter sido um voluntário entusiástico para frente de batalha, não tardou a ser rejeitado por razões de saúde e esteve entre aqueles que viveram os anos da guerra em Paris. Depois da sua fase de escultor, dedica-se inteiramente à sua criação junto dos pincéis, paletas, tintas e cavaletes, por volta de 1914, e a sua arte vai se construindo cada vez mais de maneira independente das correntes artísticas em voga em sua época.  A concretização de sua poética pessoal foi distanciando sua produção mais e mais das outras tendências. Modigliani foi forjando de forma consistente e consciente o seu próprio estilo e trajetória artística, que lhe valeu a fama de grande artista solitário. À parte a série de nus de 1917 e algumas paisagens, Modigliani dedica-se inteiramente ao retrato. Seus retratos para além do caráter do modelo transmitem com perfeição o “sentido da vida”.
Mais que retratos, são composições poéticas de extrema elegância, delicados, e podem ser divididos em dois grupos: retratos de amigos e conhecidos, muitas vezes identificáveis pela inscrição dos nomes, e retratos de modelos anônimos, estilizados em diversos tipos. Os primeiros “Modiglianis” inconfundíveis são retratos de Jacques Lipchitz e da esposa Berthe, de Max Jacob, de Jean Cocteau e do pintor lituano Chain Soutine, nomes sempre relacionados às vanguardas parisienses e a Modigliani. Como outros pintores e artistas do seu tempo, viveu a experiência da extrema pobreza. Por meio dos companheiros de arte, conheceu o poeta polaco Leopold Zborowski, que se tornaria seu melhor e mais devotado amigo, além de incentivador e marchand. Em 1917, Zborowski consegue para Modigliani uma exposição individual na Gallerie Berthe Weill. Organizada pelo poeta polonês Leopold Zborowski, amigo e marchand de Modigliani, uma exposição individual na Gallerie Berthe Weill deveria acontecer entre os dias 3 e 30 de dezembro, mas acabou durando apenas um dia por causa do escândalo. Nu Couché - uma dessas pinturas. A exposição durou um dia, pois se transformou num escândalo devido  aos nus expostos na vitrine da galeria.   
         Jeanne Hébuterne nasceu em 6 de abril de 1898 em Arras, norte da França, seu pai Achille Casimir Hébuterne trabalhava como chefe de perfumaria da loja de departamentos Bon Marché. Era um ardente admirador de Pascal, sempre lia fragmentos de sua obra, enquanto a família “descascava batatas para o jantar, isso sempre irritou a Jeanne”. Seu irmão, André Hébuterne (1894-1992), ao escolher a arte como profissão, causou a primeira ruptura na quase invencível respeitabilidade dos seus pais. Quando Jeanne seguiu seu irmão nas trilhas da arte, escolheu estudar na Academia Colarossi, na rua Grande Chaumière. Desde pequena mostrou aptidão para a pintura e para o desenho. Possuía estilo próprio, genialidade e beleza e criava suas próprias roupas. Ao contrário de seu companheiro, Amedeo Modigliani, a obra da pintora Jeanne Hébuterne (cf. Alberoni, 1979) permanece ainda hoje praticamente desconhecida (cf. Xenakis, 1984). Só foi redescoberta recentemente, na década de 1980, enquanto que a de Modigliani despertou interesse dos meios de arte desde sua morte, em 1920. A pintura de Hébuterne acabou ofuscada pela do marido. O seu nome hoje é mais lembrado em associação com o de Modigliani do que pelos seus méritos próprios como artista. Há dezenas de casos similares, como o das pintoras impressionistas Berthe Morisot ou Mary Cassatt, mais lembradas pelas suas relações com os impressionistas homens. A da escultora simbolista Camille Claudel, lembrada como “a amante de Rodin”. Como a pintora expressionista Gabriele Münter, primeira esposa de Vassili Kandinski. Da fotógrafa surrealista Dora Maar. Da pintora Françoise Gilot, ambas ex-companheiras de Pablo Picasso. Da expressionista abstrata Lee Krasner, esposa de Jackson Pollock.   

 
  Quando nos referimos ao filme: “Modigliani, Paixão pela Vida”, não se trata apenas da representação (Εκπροσώπηση) biográfica de um pintor. Ou muito menos de um romance entre este e sua amada Jeanne Hébuterne. E menos ainda se nos aproximarmos em torno da busca de um olhar sensível.  É um filme intimista como esse olhar vê e o que ele vê. Assinalado pela provação mais dramática, mais laboriosa possível. Seu admirável domínio da cor é completado por um aparente despojamento da figura, em que muitos quiseram ver a marca de sua inclinação para a escultura. Nos últimos anos da vida, pinta quase só retratos e nus femininos. A sensualidade de suas figuras tem como representação  movimento e alongamento que o pintor lhes dá do ponto de vista da técnica de pintura. Tem o raro dom “em si” e uma empatia “para si” entre o espectador e os seus retratos, que se estabelece em conformidade com o processo de conscientização artística, mas a empatia envolve três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções. O componente afetivo baseia-se na partilha e na compreensão de estados emocionais de outros. O componente cognitivo refere-se à capacidade de deliberar sobre os estados mentais de outras pessoas. A regulação das emoções lida com o grau das respostas empáticas. Isto é, parte da perspectiva referencial que é pessoal a ela, consciente das próprias limitações em acurácia, sem confundir a si mesmo com o outro na relação. 
              Pelo despojamento, pela estilização, Amedeo Modigliani atinge, em suas melhores e magníficas obras, a uma monumentalidade penetrada de um sereno hieratismo. Seus retratos de crianças, em particular, representam um conteúdo de emocionante simplicidade. Entretanto, a graça às vezes pode se converter em maneirismo, e a monumentalidade em rigidez. Alguns estudiosos já observaram que algumas das deformações elegantes de Modigliani produzem uma impressão de gratuidade, senão de monotonia. É o preço que se paga porque revolucionou o mundo das artes como um cometa. Dançando sobre as mesas, embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obsessão. Ele é  um gênio criativo que viveu e absorveu a charmosa Paris do início do século 20 com uma atração incontrolável pela beleza. Sempre com a mesma intensidade, o judeu Modigliani amou a católica Jeanne Hébuterne e odiou o genial, mas autoritário Pablo Picasso.
            Em vida Amedeo não vende muitas obras. Fez uma exposição individual, porém não foi bem aceito em virtude da repercussão negativa sobre a liberdade artística “causada por seus nus expostos na vitrine da galeria de Berthe Weil em 1917”. Lá permaneceram por somente um dia. Vendia por alguns vintens: a)  desenhos admiráveis, b) executados com segurança desconcertante, e por alguns francos, c) retratos e nus que hoje galerias, colecionadores milionários e museus disputam por cifras astronômicas. Viveu uma vida sacrificada, sem o dinheiro suficiente para o sustento. Talvez por isso, como em geral os gênios fazem, se entregava por inteiro ao trabalho, ao sabor da bebida e às drogas. Viveu intensamente, sua alma era ampla. Sofreu como poucos. Teve inúmeros amores, mas nenhum tão forte quanto sua musa Jeanne Hébuterne.  Moça muito jovem, oriunda de uma família católica conservadora, a quem Modigliani conhece em uma aula de desenho. Com ela desposa e tem uma filha.
Berthe Weill était assez éclectique pour avoir lancé et promu des peintres aussi différents dans leur art que Picasso, Raoul Dufy, Suzanne Valadon ; c'est elle qui a découvert Picasso et vendu ses premières toiles à Paris dès 1900, des courses de taureaux. Elle a exposé aussi bien Braque qu` Emilie Charmy, Derain, Othon Friesz, Gleizes, Goerg, Gromaire, Marie Laurencin, Lhôte, ´Lautrec`, Marquet, Matisse, Metzinger, Modigliani, Pascin, Odilon Redon, Utrillo, Vlaminck, Valloton et combien, combien d´autres! Si elle estimait un peintre talentueux, elle n`hésitait pas à l`exposer, bien souvent gratuitement. Berthe Weill disait admirer les jolies femmes. De là peut-être, une partie de l`intérêt accordé à Van Dongen, à Modigliani et à son cher Pascin qui, tous prenant la moralité bourgeoise à contre-pied, avaient fait oeuvre de désacralisation de la femme, en la représentant dans sa réalité humaine”.
A família de Jeanne Hébuterne não aceitava sua relação afetiva com o pintor por causa de sua origem judaica e também por sua condição financeira e hábitos boêmios. A reprovação do relacionamento culminou em o pai da moça colocá-la filha em internato longínquo a fim de impedir o pintor de vê-la. A partir desse episódio, Modigliani, alcoolizado e com o ego ferido, inscreve-se no Salão anual de arte, evento que reunia artistas sem expressividade,  porém buscava vencer o certame para ganhar o prêmio em dinheiro, para assim conseguir trazer Jeanne e pequena filha de volta. Sua inscrição no salão inspira seu rival, Picasso, a participar também. Como numa narrativa mítica, sai do salão de arte vitorioso, apoteótico. Porém, como todo herói romântico, tem um fim trágico. A grande musa de Amedeo Midigliani foi Jeanne Hébuterne, com quem teve uma filha, Jeanne, em 1918. Complicações na saúde fazem o pintor viajar para o sul da França com a esposa e a filha, a fim de recuperar-se. Retorna a Paris ao final de 1918. Na noite de 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos, Modigliani morre de tuberculose. Foi sepultado no famoso Cemitério do Père-Lachaise, em Paris. No dia seguinte, Jeanne, grávida de nove meses, suicida-se, atirando-se do 5° andar de um edifício.

Père Lachaise não é apenas reconhecido o maior cemitério de Paris, mas também um dos mais famosos do mundo. Localizado no 20º distrito, todos os anos ele atrai centenas de milhares de visitantes que querem ver os túmulos de pessoas famosas. Ele abrange também três memoriais da Primeira Guerra Mundial. Chamado sucessivamente de “Champ-l’Evêque”, “Mont-aux-Vignes” e depois “Mont-Louis”, o terreno foi ocupado no século XVII por François d’Aix de La Chaise, conhecido como Père La Chaise, confessor do rei Luis XIV, apelidado de “o Grande” e “Rei Sol”, foi o Rei da França e Navarra de 1643 até à sua morte. Com a morte do padre jesuíta, seu irmão, o Conde de La Chaise passou a dar muitas festas no local, o que contribuiu para a sua expansão e progressivo embelezamento. Nesta época, havia uma lei de 1765 que proibia cemitérios na cidade. Por conseguinte, foi o então cônsul Napoleão Bonaparte que decretou: “todo cidadão tem o direito de ser enterrado, independentemente de sua crença ou raça”. Assim, Alexandre Théodore Brongniart foi o encarregado da concepção do cemitério, que foi inaugurado em 1804. Entre as pessoas lá enterradas, pode-se citar principalmente: Guillaume Apollinaire, François Arago, Honoré de Balzac, Henri Barbusse, Alexandre Théodore Brongniart, Maria Callas, Frédéric Chopin, Alphonse Daudet, Eugène Delacroix, Jean de la Fontaine, Paul Eluard, Félix Faure, Molière, Yves Montand, Jim Morrison, Jean Moulin, Edith Piaf, Marcel Proust, Marie Trintignant, Oscar Wilde.


                               
Nascido em 1° de agosto de 1961, em Glasgow, e criado em Gorbals, Michael Davis é um diretor de cinema, produtor e roteirista escocês. Davis ficou acamado com asma durante sua infância. Quando superou a condição, trabalhou como preparador físico do time de futebol Celtic F. C., um clube de futebol da Escócia sediado na cidade de Glasgow, que compete na Scottish Premiership, a mais alta divisão do futebol escocês, nunca tendo descido de divisão. O nome oficial do clube é The Celtic Football Club e até 1994 o nome completo era The Celtic Football and Athletic Company Ltd., onde conheceu e fez amizade com o cantor Rod Stewart, um fervoroso torcedor do Celtic. Quando Davis se mudou para Los Angeles para começar a carreira de roteirista, Stewart o apresentou a pessoas do showbusiness para dar um começo à sua carreira. O primeiro grande crédito de Davis decorreu como roteirista de Love in Paris, também chamado comercialmente de Another 9½ Weeks, constituindo, sem exageros de repetição, uma sequência lógica e habitual de 9½ Weeks. Em 1999, ele fez sua estreia na direção com The Match, a comédia romântica com tema de futebol filmada na Escócia.

Em 2004, dirigiu o extraordinário Modigliani, uma biografia do artista Amedeo Modigliani. Em 2013, Davis escreveu, produziu e dirigiu um curta-metragem, Haunting Charles Manson, e no ano seguinte, uma versão em longa-metragem do mesmo filme. Em 1967, vale lembrar o Celtic tornou-se o primeiro clube britânico a conquistar a Liga dos Campeões, que até então só havia sido conquistada por equipas italianas, portuguesas e espanholas, sendo esta a sua maior conquista. Nesta temporada o Celtic ganhou todas as competições que disputou: o Campeonato Escocês, a Taça da Escócia, a Taça da Liga Escocesa, a Liga dos Campeões e a Taça de Glasgow. O Celtic continua a ser o único clube escocês a ter chegado à final e é o único a ganhar o troféu com um time composto totalmente de jogadores pratas-da-casa; todos os jogadores ainda eram escoceses e nascidos num raio de 30 milhas do Celtic Park. Em 1970 o Celtic chegaria novamente a uma final da Liga dos Campeões, tendo sido batido pelo Feyenoord no prolongamento.

Título: Modigliani. Ano produção: 2004. Dirigido por Mick Davis. Estreia: 12 de Dezembro de 2004 (Brasil). Duração: 128 minutos. Gênero: Biografia.  País de Origem: Estados Unidos da América.
Bibliografia geral consultada.

ALBERONI, Francesco, Innamoramento e amore. 1ª edizione. Milano: Editor Garzanti, 1979, pp.148 e ss.;  SAINT-MARTIN, Monique de, “Une Grande Famille”. In: Actes de la Recherche en Sciences Sociales, n° 59, pp. 4-21, 1980; XENAKIS, Françoise, Zut! On A Encore Oublie Madame Freud. Paris: Hachette, 1984; CHAPLIN, Patrice, Jeanne Hébuterne y Modigliani. Un amor trágico. Barcelona: Salvat Editores, 1995; KRYSTOF, Doris, Amedeo Modigliani – 1884-1920. A Poesia do Olhar. São Paulo: Editora Taschen, 1997; Idem, Amadeo Modigliani. São Paulo: Editora Paisagem, 2007; GALLAND, Maria Garcia Sol, Modigliani. Barcelona: Instituto Monsa, 2005; POLETTI, Federico, El Siglo XX - Vanguardias. Coleção Los Siglos del Arte. Barcelona: Electa, 2006; FUCS, Tribunal da História.1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Imago, 2008; PARISOT, Christian, Modigliani. Porto Alegre, L&PM Editores, 2009; GAY, Peter, Modernismo: Fascínio da Heresia - De Baudelaire a Beckett e mais um pouco. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2009; PARISOT, Christian, Modigliani ritratti dell`anima. Roma: Modigliani Intitut, 2010; ARGAN, Giulio Carlo, A Arte Moderna na Europa: de Hogarth a Picasso. São Paulo: Companhia das Letras, 2010; MAGALHÃES, Ana Gonçalves, Pintura Italiana do Entreguerras nas Coleções Matarazzo e as Origens do Acervo do Antigo MAM: Arte e Crítica da Arte entre Itália e Brasil. Tese de Livre Docência. Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2014; MORAIS, Leonardo David de, Pintura em Verso: Imagens Poéticas e Picturais em Paranoia, de Roberto Piva. In: Revele. Belo Horizonte, n° 9, pp. 96-115, out. 2015; FRANCK, Dan, Paris Boêmia. Porto Alegre: L&PM Editores, 2015; entre outros. 
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*Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará.

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