Ubiracy de Souza Braga*
Convém aqui lembrar, em um notável exemplo positivista na ciência, que Karl Popper, antes de ser defensor do liberalismo político, foi comunista e só o deixou de sê-lo, quando em julho de 1919, durante uma manifestação de esquerda em que participou, “a polícia austríaca matou seis dos seus colegas”. A partir desse momento, Popper abandonou a ideia de revolução social, por implicar violência, e, sob a influência de Russell, abraça o pacifismo, tornando-se antimarxista para o resto da vida. É este anti-marxismo que ele expõe na sua obra A Sociedade Aberta e os seus Inimigos (1987), perseguindo a historicidade do pensamento dialético de Heráclito a Marx. De modo geral, o tratamento a que Karl Popper submete as figuras emblemáticas desse pensamento que associa ao totalitarismo é superficial e, muitas vezes, erróneo. Contudo, este elogio do racionalismo com que termina a obra assenta numa decisão, como demonstrou o racionalista Jürgen Habermas, não pode ser fundamentada racionalmente. Embora o seu racionalismo e liberalismo, tendo como background o ressentimento, tenham reconhecido modificações ao longo da sua vida, permanece fiel no essencial a esses princípios e, no final da sua vida, suaviza aparentemente o seu liberalismo ilimitado, atribuindo ao Estado liberal a ideia pragmática de fazer respeitar os direitos civis e protegê-los contra toda a forma de violência, social e política, sobretudo aquela que é exercida insidiosamente pelos meios de comunicação social massivos sobre os espíritos, no que tem absoluta razão.
No
debate da filosofia da ciência contemporânea há duas tendências que avaliam os
procedimentos e fundamentos do cientista. Uma é a tendência histórica e
a outra é a tendência analítica. Assim como o Círculo de Viena, Popper
faz parte da tendência analítica que prioriza o aspecto metodológico no
desenvolvimento científico, o também chamado contexto de justificação.
Porém, apesar da adesão comum, Popper é, talvez, o crítico imediato de tudo o
que foi estabelecido no Círculo de Viena. Em primeiro lugar, Popper não elimina
a Metafísica; simplesmente, assim como Kant, tenta delimitar os campos de
atuação desta e da ciência. Em segundo lugar, esta delimitação ocorre pelo fato
de Popper não atentar para o conceito de significação, unicamente como critério
de demarcação ou de impossibilidade da metafísica. Em terceiro lugar, Popper
critica a forma de proceder por indução. Esta permitiria apenas uma semelhança
de regularidade que proporcionaria uma coletânea de fatos sociais que impossibilita que
se refute uma teoria. Por conseguinte, Popper formulou um novo método. É o
modelo hipotético-dedutivo, em que a busca do conhecimento não se dá a partir
da simples observação de fatos e inferência de enunciados. Na verdade, esta
nova concepção pressupõe um interesse do sujeito em conhecer determinada
realidade que o seu quadro de referências já não mais satisfaz. Por isso, a
mera observação não é levada em conta, mas sim uma “observação
intencionalizada”, orientada e seletiva que busca criar um novo quadro de
referências.
Em primeiro lugar, não queremos
perder de vista, analiticamente, que o termo ecosofia é um neologismo formado
pela junção das palavras “ecologia e filosofia”. Ou seja, representa um
conceito que aproxima analiticamente atitudes ecológicas (foto) com o
pensamento abstrato humano. É termo cunhado na década de 1960, e, portanto, no
tempo e no espaço de crítica à ecologia e de reconhecimento relativamente
recente. Está em fase de constituição de seu sentido do ponto de vista da diversidade
social, não havendo uma definição única e exata segundo o qual pretenda dele
inferir ou referir-se. Sua origem pode ser ligada a dois filósofos que se
situam em aspectos chaves para a sua compreensão: o norueguês Arne Naess
(1972), pai da ecologia profunda, e o pós-marxista Félix Guattari (1990). O
pós-marxismo é uma corrente de pensamento que propõe a teoria de que o social é
constituído discursivamente. Para seus representantes não significaria uma
redução simplificadamente idealista do nível de análise social e material à
linguagem ou ao pensamento. O pós-marxismo representa uma forma
de revitalizar a tradição de pensamento crítico marxista, na medida
em que demonstra um progressivo abandono do essencialismo, do determinismo e do
objetivismo do discurso social e político como parte da história interna do
próprio marxismo.
Ao considerar uma teoria realista e materialista, e em certa relação de continuidade e superação com relação ao materialismo histórico de Marx, ao propor a inexistência independente do homem de “um mundo exterior ao pensamento”. Mas, como Marx e grande parte da filosofia contemporânea, rejeitam todo dualismo ou essencialismo que implique a incomunicação entre homem e mundo, sujeito e objeto, discurso e realidade. O pós-marxismo é, contudo, considerado uma “revisão” do pensamento marxista e não sua atualização. De fato, em alguns aspectos segue na direção oposta como, por exemplo, a superposição do político diante da importância que teve a ciência para grande parte do marxismo clássico. As críticas analíticas corrente, que possui entre seus maiores representantes Ernesto Laclau e Chantal Mouffe (1987; 1998), residem justamente em sua desconexão com áreas do que foi o marxismo clássico. O que devemos levar em conta é que realiza uma crítica à exacerbação do materialismo na discussão sobre o marxismo, em detrimento da subjetividade e afirma que os marxistas e progressistas não compreenderam a importância da discussão deste tema, pelo fato de se apegarem ao dogmatismo teórico.
Enquanto o professor da Universidade de Oslo em 1972, Arne Naess introduziu, em segundo lugar, a articulação entre os termos “ecologia profunda” e “ecosofia” na literatura ambiental. Contudo, Naess baseou seu artigo em uma apresentação feita por ele em Bucareste em 1972 na Terceira Conferencia Mundial de Pesquisa. Como Drengson nota em seu livro: Ecofilosofia, Ecosofia e o Movimento Ecologia Profunda: Uma Perspectiva, em seu discurso Naess discutiu o pano de fundo expandido do movimento ecológico em sua progênie e sua conexão e respeito pela natureza e o valor inerente dos outros seres viventes. A perspectiva dos seres humanos como parte integral de uma imagem completa da natureza de Naess contrasta com a construção alternativa, e mais antropocêntrica, de ecosofia delineada por Felix Guattari. Ao registrar três ecologias - a do meio ambiente, a das relações sociais e a das subjetividades humanas -, o filósofo Felix Guattari manifesta sua indignação perante um mundo cultural, social e político com o qual se deteriora lenta e gradualmente. O que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre o planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico. Em virtude do contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico, redobrado pela revolução informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez maior do tempo de atividade humana potencial. Portanto, surge com que finalidade? - “do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou a da cultura, da criação, da pesquisa, da reinvenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade?" (cf. Guattari, 1990).
Por mais que os pontos de vista sobre outros pontos de vista acerca da definição de ambos sejam diferentes, como por exemplo, o nu fotográfico de Spencer Tunick – e mesmo contraditórios, mas são relacionais, portanto, complementares, contrariando a sabedoria ecológica, expressam a necessidade da emergência de um novo pensamento para além da lógica cartesiana, princípio base das sociedades modernas, que coloca o homem como centro e medida do mundo. Portanto, mestre e possessor da natureza, o qual fez culminar numa sociedade progressista onde a destruição da vida natural e a deterioração das relações humanas ameaçam profundamente a nossa própria espécie. Depreendemos daí que a diversidade de manifestações de vida, seja em Friedrich Nietzsche, seja em Georg Simmel, deve sempre ser levada em conta. Dentro de uma visão de tolerância que buscará permitir que cada indivíduo, humano ou não, possa realizar suas potencialidades, porém sem perder de vista a permissão para que outros a realizem.
Por essa démarche cada um proporá suas bases para se pensar o ser humano de forma integrada e compreensiva em todo o processo global em que estamos inseridos. Compartilhando um mundo de diversas culturas e seres, movendo-nos através de uma visão que propõe um questionamento profundo acerca das normas e premissas sociais, por vias de articulações políticas e de práticas cotidianas. Guattari aponta neste texto para a necessidade de articulação ético-estética e política desses três registros ecológicos. Suas teses são atuais e provocam debates importantes no plano teórico, histórico e ideológico do âmbito da totalidade/globalidade em diversas áreas. Nesse terreno comum, outros autores inseridos no paradigma pós-moderno têm caminhado. É a relação da subjetividade com sua exterioridade - seja ela, social, animal, vegetal, cósmica - que se encontra assim comprometida numa espécie de movimento geral de implosão e infantilização regressiva. A alteridade tende a perder toda a aspereza. O turismo, por exemplo, se resume quase sempre a uma viagem sem sair do lugar, no seio das mesmas redundâncias de imagens e de comportamento. -“As formações políticas e as instâncias executivas parecem totalmente incapazes de apreender essa problemática no conjunto de suas implicações. Apesar de estarem começando a tomar uma consciência parcial dos perigos mais evidentes que ameaçam o meio ambiente natural de nossas sociedades, elas geralmente se contentam em abordar o campo dos danos industriais e, ainda assim, unicamente numa perspectiva tecnocrática, ao passo que só uma articulação ético-política - a que chamo ecosofia - entre os três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana) é que poderia esclarecer convenientemente tais questões” (cf. Guattari, 1990: 8).
Pela análise de Felix Guattari podemos perceber uma ampliação do tema para aquela de Naess, problematizando para muito além do que convencionou chamar de ecologia. Pode-se enxergar uma clara proposição que conclama que a discussão adentre no campo da transdisciplinaridade ecossistêmica, onde a questão da técnica é fortemente inserida, uma vez que a intervenção do homem se fará primordial para controlar os efeitos causados pela própria espécie humana (cf. Braga, 2013). Nos termos dos estudos da tecnologia se fará necessário que abandonemos, também, a contraposição histórica e sociológica perpetuada entre humano e técnica. De acordo com o vitalismo de Herrigel no livro: A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen (1998): “Mestre, discípulo, arco, flecha, alvo: essas são as personagens que esperam pelo leitor nas páginas que se seguem. Mas tal encontro exigirá, por parte do leitor, algumas abdicações. A lógica do pensamento ocidental deve ser posta de lado. A estrutura do cartesianismo, reduzida a cinzas. A relação causa-efeito, desprezada. A separação sujeito-objeto, ignorada. O tédio, ridicularizado. Mas a paixão pela vida, enaltecida”.
Logo na relação social entre cultura e natureza da técnica, passando não mais a enxergá-la necessariamente como fonte de exploração da natureza, no sentido marxista do termo, mas também como parte integrante desse universo comum. O que não exclui a questão tópica da consciência, de Hegel à Marx, e a concepção pós-marxista contemporânea, como vimos, que tem sido compreendida, difundida, analisada e, claro, utilizada conscientemente de forma a compreender e explicar o ecossistema. A comunicação digital influi de fato numa possibilidade de apreensão do mundo. Torna a concepção ecosófica muito palpável e bastante interessante como base para refletirmos acerca do atual estado de coisas que se intensificam. A digitalização das relações e processos sociais dos lugares/espaços está alterando nossa percepção ao criarem sistemas interativos e imersivos, que nos colocam frente ao pensamento ecológico, entre sujeitos, tecnologia e natureza. Ao nos vermos mergulhados em uma rede que apaga as fronteiras entre o corpo físico e a mente, através de uma interface computadorizada capaz de partilhar nossa existência em um mundo virtual distribuído mundialmente, as fronteiras entre a existência corpórea localizada predominante até então em todas as experiências humanas, turva-se na direção de uma experiência extracorpórea estilhaçada como ocorreu exatamente com a disponibilidade dos 600 voluntários que posaram para o Greenpeace na “instalação de nu” do renomado Spencer Tunick na geleira Aletsch.
Para entendermos melhor esta questão, do ponto de vista antropológico, foi na região sudoeste da ilha da Tasmânia, localizada na Austrália, que a etno-história Verde começou. Ela não possui caráter de disciplina, constituindo-se apenas em um método de estudo: trata-se de um campo de pesquisa que está por definir-se. O significado varia amplamente pelo contexto e por quem está por trás das máscaras sociais. Melhor dizendo, como afirma Caetano Veloso, “Kabuki, máscara”. Mais precisamente, a criação do primeiro Partido Verde se deu em meio a um controverso projeto político do governo australiano com a tese: “o de transformar o Lago Pedder em um lago artificial para poder construir uma hidrelétrica na região”. Um grupo de ecologistas, do então chamado: “United Tasmanian Group”, se une para tentar impedir o anseio do governo pela obra. No entanto, os esforços dos ecologistas foram minados pela autoridade pública australiana. O Lago Pedder, além de passar de “lago natural para lago artificial”, “deixou de abrigar várias espécies da fauna australiana, resultando em um efeito irreversível para a diversidade de seres vivos e em desequilíbrio do ecossistema local”. Essa triste história social possibilitou uma série de conquistas político-afetivas, que resultam uma resposta aos modos de vida destrutivos da sociedade global moderna.
O que era reconhecido como “United Tasmanian Group”, em 1972, se tornou Green Party. O Partido Verde nasceu simultaneamente na Tasmânia e na Nova Zelândia. A Nova Zelândia é notável por seu isolamento geográfico: está situada a cerca de 2 000 km a sudeste da Austrália, separados através do mar da Tasmânia e os seus vizinhos mais próximos ao norte são a Nova Caledônia, Fiji e Tonga. Devido ao seu isolamento, o país desenvolveu uma fauna distinta dominada por pássaros, alguns dos quais foram extintos após a chegada dos seres humanos e dos mamíferos introduzidos por eles. A maioria da população da Nova Zelândia é de ascendência europeia (67,6%), sobretudo britânica, enquanto os nativos maoris, ou seus descendentes, Sem desconsiderar o papel social das organizações do terceiro setor nas tentativas de barrar ações do governo que sejam insustentáveis e ecologicamente inviáveis, é importante ressaltar que em certos países a própria estrutura governamental diminui as instâncias de veto das ações do governo, facilitando a aprovação de certas políticas públicas que podem ser prejudiciais à população e ao meio ambiente. Em outras palavras, há momentos em que se sente que é imprescindível estar dentro do governo para conseguir construir políticas públicas sustentáveis, limpas e saudáveis. O Lago Pedder é um lago natural, agora represado, localizado no sudoeste da Tasmânia, Austrália. Um lago artificial e o desvio de alguns rios foram formados quando o lago original foi inundado pelo represamento em 1972 pela Comissão hidrelétrica. - “O novo Lago Pedder tem uma área com cerca de 240 km² e é considerado o maior lago de água doce na Austrália. Do ponto de referência dos opositores da barragem do lago original deve ser conhecido como o reservatório Huon-Serpentine. O lago está localizado no Parque Nacional do Sudoeste, o que lhe dá um importante valor biogeográfico e natural” (cf. Buckman, 2008).
A insularidade da Tasmânia e da região selvagem da Tasmânia em particular, tem contribuído para a sua singularidade e ajudou a protegê-la contra o impacto das espécies exóticas que afetou seriamente a fauna do continente. Tasmânia foi cortada da Austrália continental pelas enchentes do Estreito de Bass pelo menos 8000 anos atrás, assim, isolando os aborígenes habitantes. Os aborígenes tasmanianos foram até o advento do explorador europeu Abel Tasman, o maior grupo humano isolado na história social do mundo. Isto é importante, mas deve-se considerar que algumas das 500 gerações sobreviveram sem influência externa. Pesquisas e escavações em vales fluviais interiores têm localizado 37 sítios de caverna, todos considerados por terem sido ocupados entre 30.000 e 11.500 anos atrás no sentido da etno-história. Recentes descobertas de arte rupestre em três locais de caverna demonstraram que tinha um significado cerimonial. Artefatos de pedra dispersos, pedreiras e abrigos de rocha nas terras altas da Tasmânia indicam uma distintiva adaptação a este ambiente.
Historicamente não demorou muito até que os ativistas remanescentes Verdes conseguissem sua primeira grande conquista em eleições. Em 1973, um ano após a criação do partido, Helen Smith consegue uma cadeira na cidade de Porirua, Nova Zelândia, ocupando um cargo que, no Brasil, seria equivalente ao cargo de vereador. O primeiro Verde eleito para um parlamento nacional, no entanto, se deu apenas em 1979. Foi na Suíça que Daniel Brelaz escreveu um novo capítulo na história social e política dos Verdes. Desde então a onda Verde tem se espalhado pelo mundo e conquistado cada vez mais espaço político nos governos. Para termos ideia, das 736 cadeiras do Parlamento europeu, 55 foram conquistadas pelos Verdes. Hoje estão organizados em mais de 100 países, divididos em quatro Federações: a) a Federação Europeia dos Partidos Verdes, b) a Federação dos Partidos Verdes das Américas, c) a Federação dos Partidos Verdes da África e d) a Federação dos Partidos Verdes da Ásia e Oceania.
Vale lembrar do ponto de vista político que o anarquismo individualista ou “anarco-individualismo”, representa uma tradição filosófica do anarquismo com ênfase no indivíduo, e sua vontade, no sentido nietzschiano, argumentando sobre a soberania segundo a qual “cada um é seu próprio mestre”, interagindo com os outros através de uma “associação voluntária”. O anarquismo individualista refere-se a algumas tradições de pensamento dentro do movimento anarquista que priorizam o indivíduo sobre todo tipo de determinação externa, que ele é “um fim em si mesmo” e “não um meio para uma causa”, incluindo grupos, “bem-comum”, sociedade, tradições e sistemas ideológicos. O anarquismo individualista não é uma forma simplificada de pensar a filosofia. Mas que se refere modus operandi para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos. Desse modus se refere ainda a um conjunto de filosofias individualistas que estão frequentemente em conflito umas com as outras.
A Instalação do artista Spencer Tunick (foto), nos Alpes Suíços, demonstra condições e possibilidades de vulnerabilidade do homem diante das mudanças climáticas: 600 pessoas tiraram suas roupas na geleira nos Alpes Suíços para pedir ajuda de emergência para todo o planeta, “lutar contra o aquecimento global”. Os voluntários posaram para o Greenpeace na “instalação de nu”, do renomado fotógrafo Spencer Tunick na geleira Aletsch, incrivelmente imensa, incrivelmente bela: a “Grande Geleira de Aletsch” representa o mais poderoso fluxo de gelo dos Alpes. E também o mais popular, pois é facilmente acessível, com a localização ideal para caminhadas extensas, esportes de inverno e passeios especiais na natureza. O aquecimento global está derretendo nossas geleiras e deixando todo o planeta vulnerável a mudanças extremas de clima, formando inundação, elevação do nível do mar, aumentando o número de doenças e deslocamento de populações de seu habitat. Se o aquecimento global continuar nos níveis atuais, a maioria das geleiras na Suíça desaparecerá completamente até 2080. Nos últimos 150 anos, geleiras alpinas tiveram uma redução de aproximadamente 1/3 de sua superfície, cerca de metade de seu volume, com derretimento mais acelerado que tem ocorrido a cada dia. De acordo com previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o planeta Terra tem apenas 8 anos para tomar alguma atitude para frear uma catástrofe climática. Sem uma mudança de atitude, através dos governos e Organizações Não-Governamentais, os danos podem ser irreversíveis.
A humanidade ainda não havia enfrentado uma crise ambiental como essa. As mudanças climáticas exigem decisões políticas rápidas e corajosas para radicalmente reduzir as emissões de gases de efeito estufa e estabilizar o aquecimento do planeta. Governos de todo o mundo: uni-vos! Precisamos entender a necessidade de uma atitude política em defesa do ambiente global, da sociedade civil mundial. Conhecido em todo o mundo por suas instalações, Spencer Tunick quer que as pessoas saibam que “aquecimento global” não é um assunto abstrato. Mas uma ameaça real e perigosa que afeta a todos, conforme afirmou: - “Eu quero que as pessoas sintam a vulnerabilidade de sua existência e como isso está diretamente relacionado com a fragilidade das geleiras mundiais” (“I want people to feel the vulnerability of their existence and how it is directly related to the fragility of the world`s glaciers”). Para o professor Pedro Dallari, em comentário ao jornal da Universidade de São Paulo, afirma que a pandemia de coronavírus é algo gravíssimo, mas há outro problema mundial que merece a atenção da comunidade globalizada: a crise ambiental. Em sua coluna desta semana, ele faz essa relação e explica suas razões. - “O ano de 2020 começou sob o signo de uma gravíssima ameaça: a disseminação de doenças causadas pelo coronavírus, com milhares de infectados e muitos mortos. É um quadro que começa a ameaçar a economia mundial, com riscos de paralisação e mesmo recessão. Mas há uma grande mobilização no mundo como um todo, seja de medidas de proteção ou de coordenação feita pela OMS”. - “Essa situação me permite comparar com outra situação, que talvez seja até mais grave, mas que não tem visto a mesma reação, a crise ambiental. Tal qual uma doença silenciosa, a destruição ambiental vai se propagando, sem que se tenha a mesma reação coordenada e de alocação de recursos que temos vistos no caso do coronavírus”.
Bibliografia geral consultada.
ENZENSBERGER, Hans Magnus, Para uma Crítica de la Ecologia Política. Barcelona: Editorial Anagrama, 1974; GUATTARI,
Félix, As Três Ecologias. Campinas
(SP): Editora Papirus, 1990; MARCUSE, Herbert, “La Ecología y la Crítica de la Sociedad Moderna”. In: Ecología Política - Cuadernos de Debate Internacional. Barcelona, n° 5, pp. 73-79, 1993; SATO, Michèle, Educação para o Ambiente Amazônico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1997; CLAVAL,
Paul, “A Revolução Pós-funcionalista e
as Concepções Atuais da Geografia”. In: MENDONÇA, Francisco e KOZEL,
Salete (Organizadores.), Epistemologia da
Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora Universidade Federal do Paraná,
2002; Idem, La Geographie du XXeme
Siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 2004; LÖWY, Michael, Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editores, 2005; PEIXOTO, Elza Margarida de Mendonça, Estudos de Lazer no Brasil: Apropriação da Obra de Marx e Engels. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade de Campinas, 2007; BUCKMAN, Greg, Tasmania`s Wilderness
Battles. A History. Allen &
Unwin Editor, 2008; MAFFESOLI, Michel, Saturação. São Paulo: Editoras Iluminuras, 2010; LACERDA JÚNIOR, Fernando, Psicologia para fazer a Crítica? Apologética, Individualismo e Marxismo em Alguns Projetos Psi. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Centro de Ciências da Vida. Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2010; FABRIS,
Annateresa, O Desafio do Olhar:
Fotografia e Artes Visuais no Período das Vanguardas Históricas. Vol.1. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2011; POLTRONIERI, Fernando Fiorotti, O Fardo do Passado contra a Emancipação: Uma Análise da Alternativa Pós-Marxista. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2012; BURAWOY, Michael, Marxismo Sociológico: Quatro Países, Quatro Décadas, Quatro Grandes Transformações e uma Tradição Crítica. São Paulo: Editora Alameda, 2014; FOSTER, John Bellamy, “Marxismo e Ecologia: Fontes Comuns de
uma Grande Transição”. In: Lutas
Sociais. São Paulo, vol. 19, n° 35, pp. 80-97, jul./dez. 2015; entre
outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário