“Não levo
ninguém a sério o bastante para odiá-lo”. Paulo Francis
Paulo
Francis, pseudônimo de Franz Paul Trannin da Matta Heilborn, nasceu no Rio de
Janeiro em 2 de setembro de 1930 e faleceu em Nova Iorque em 4 de fevereiro de
1997. Foi um jornalista engajado, crítico de teatro, diretor e escritor
brasileiro. Trabalhou em diversos jornais, entre eles: Diário Carioca, Última
Hora, Tribuna da Imprensa, O Pasquim, Opinião, Folha
de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Neto de um
alemão luterano que comercializava café, Paulo Francis cursou o primário em um
internato na Ilha de Paquetá (RJ) e o secundário (atual colegial) no Colégio
Santo Inácio, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Participou do Centro Popular de Cultura
da União Nacional de Estudantes (UNE), e foi ator amador no grupo de estudantes
mantido por Paschoal Carlos Magno que, por sugestão do diretor, passou a
assinar Paulo Francis. Em 1952, recebeu o prêmio de ator revelação pelo seu
trabalho em A Mulher de Craig. No início dos anos 1950, frequentou a
Faculdade Nacional de Filosofia (UFRJ). Em 1954 e 1955, fez um curso de
literatura dramática na Universidade de Columbia, em Nova Iorque (EUA) onde foi
aluno do crítico e autor teatral Eric Bentley. Depois da realização dos
estudos, voltou ao Brasil como diretor. Junto do Teatro Brasileiro de
Comédia, dirigiu O Dilema de um Médico, de Bernard Shaw, O
Telescópio, de Jorge Andrade, Pedro Mico, de Antônio Callado e Uma
Mulher em Três Atos, de Millôr Fernandes.
Com
sua experiência como diretor teatral, Paulo notabilizou-se, em primeiro lugar,
como crítico de teatro do Diário Carioca entre 1957 e 1963, quando
intentou realizar uma crítica de teatro que, longe de simplesmente fazer a
promoção pessoal das estrelas do momento, buscasse entender os textos teatrais
do repertório clássico para realizar montagens que fossem não apenas
espetáculos, mas atos culturais – nas suas próprias palavras, “[buscar] em cena
um equivalente da unidade e totalidade de expressão que um texto, idealmente,
nos dá em leitura […] a unidade e totalidade de expressões literárias”. Seu
papel como crítico foi extremamente importante.
Após o golpe de Estado no Brasil em 1º de abril de 1964 e durante toda a
ditadura militar no Brasil (1964–1985), Francis trabalharia sobretudo no
semanário O Pasquim. Paralelamente, na Tribuna da Imprensa de
Hélio Fernandes, de 1969 a 1976 refinou seu estilo num sentido coloquial (cf. Oliveira, 2017), fazendo parte importante da “resistência cultural”, sobre
assuntos internacionais e divulgando ideias originais como simpatizante trotskista (cf. Batista, 2015).
Em
1968, passou a editar também a Diners, revista oferecida gratuitamente
aos portadores do cartão de crédito e que lançou jornalistas como Ruy Castro.
Em dezembro daquele ano, logo após a decretação do AI-5, Paulo Francis foi
preso ao desembarcar no aeroporto do Rio de Janeiro. Deixou a prisão em janeiro
de 1969. Sem emprego, o jornalista viajou pela Europa fazendo matérias como freelancer.
Nessa época, entrevistou o filósofo Bertrand Russell na Inglaterra. Em 1971,
foi viver definitivamente em Nova Iorque, subsidiado por uma bolsa da Fundação
Ford conseguida por intermédio de Fernando Gasparian. Lá passou a escrever
artigos para diversas revistas. Em 1975, casou-se com a jornalista Sônia
Nolasco e passou a ser correspondente da Folha de S. Paulo. O AI-5, o
mais duro de todos os Atos Institucionais, foi emitido pelo presidente Artur da
Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. Houve a perda de mandatos de
parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas nos municípios e
estados e também na suspensão de quaisquer garantias constitucionais que
eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, usada
como instrumento pelo Estado.
Elaborado
em 13 de dezembro de 1968, pelo então ministro da Justiça Luís Antônio da Gama
e Silva, o AI-5 entrou em vigor durante o governo do presidente Costa e Silva
em resposta a fatos anteriores, como uma passeata de mais de cem mil pessoas no
Rio de Janeiro em protesto contra o assassinato do estudante Edson Luís de Lima
Souto por um integrante da Polícia Militar do Rio de Janeiro e da decisão da
Câmara dos Deputados negando autorização para processar criminalmente o
deputado federal Márcio Moreira Alves, que durante um discurso, em 2 de
setembro de 1968, chamou o exército de “valhacouto de torturadores”, pediu ao
povo brasileiro que boicotasse os desfiles do 7 de setembro, e às mulheres que
se recusassem a se relacionar com militares. O decreto foi uma vitória parcial da
linha-dura, como eram chamados os militares mais radicais, que desde 1964
exigiam do governo poderes para eliminar fisicamente os opositores através de
medidas como prisões, punição de dissidentes, suspensão de direitos políticos e
cassação de mandatos. Sua primeira medida foi o fechamento do Congresso
Nacional por tempo indeterminado, o que durou até 21 de outubro de 1969. Antes
do AI-5, já havia tortura no Brasil: a repressão do regime militar já somava
203 denúncias de tortura e 20 mortes antes de completar um ano do golpe de
1964. O livro Tortura e Torturados (1966), de Márcio Moreira Alves,
relatou casos ocorridos em 1964 e teve grande impacto social na opinião
pública. Levantamento da Comissão Nacional da Verdade também confirmou
que tortura e assassinatos foram empregados contra opositores desde 1964 –
antes, portanto, do início da luta armada pela esquerda – e não a partir de
1968, como motivação para o lançamento do Ato Institucional-5 (AI-5),
como frequentemente alegado.
Os conservantistas não acreditando na bondade natural do Homem,
consideram que, na sociedade constituída, são os constrangimentos introduzidos
pelos hábitos e tradições que permitem o funcionamento, pelo que qualquer
regime duradouro e estável só poderá funcionar se estiverem assente nas
tradições. Os conservadores consideram que o individualismo e as promessas de
liberdade irrestrita acabam por conduzir aos seus aparentes opostos sociais: o
estatismo e o totalitarismo. Para eles, a dissolução da sociedade realmente
existente e das suas instituições tradicionais intermédias gera um vazio societário
que abre caminho ao crescimento da máquina
estatal. Neste sentido, os conservadores fazem a apologia desses corpos
intermédios: família, Igreja, comunidade local, etc., em oposição tanto ao
individualismo, como ao estatismo e ao coletivismo. Em alternativa ao sufrágio
igualitário, direto e universal, os tradicionalistas têm lutado por sistemas de
representação de grupos restritos e não dos indivíduos, defendendo
representações nãoideológicas, como a representação
municipal, ou sindical, o mesmo número de deputados por região,
independentemente da população, e assim por diante.
Imagine
uma pessoa que está bastante animada
e motivada em exercer várias de suas atividades sociais ou de trabalho, que se
sinta especialmente bem, que se percebe como satisfatoriamente comunicativa,
extrovertida e capaz, mas que, paradoxalmente, como num truque de passe de
mágica, passa a se sentir desanimada, triste, incapaz de realizar as coisas
mais simples do dia a dia, como ler, conversar, caminhar, cozinhar, e claro, com
um conceito ruim de si mesmo. Assim funciona a mente e o comportamento do
ciclotímico. A ciclotimia tem como
representação social um transtorno de humor caracterizado por oscilações do
estado emocional que “sobe e desce”,
levando o sujeito social a experimentar leve euforia e leve depressão. O
temperamento é a manifestação da porção genética das nossas características
comportamentais e de humor. Quando a pessoa se encontra num estado de euforia
leve (hipomania) ela tem uma sensação
de excitação, agitação e muita energia e que será capaz de realizar de tudo um
pouco.
Neste
estado se sente mais motivada que o habitual e com uma autoestima bastante
elevada. Apresenta certa irritabilidade que pode levar a “explosões”
e confrontos pessoais desnecessários. Nesse período há alterações da fala e
pensamento: a pessoa fica mais prolixa, com uma maior necessidade de se
expressar, entretanto, as ideias podem escapar, saltando de um assunto a outro
sem nenhum critério. Em virtude dessa agitação psicomotora, não consegue
permanecer numa única atividade já que sua atenção perdendo o escopo, se
distrai facilmente. Tais sintomas costumam ter curta duração: toda essa
constelação de sintomas começa a decair. O humor, então, passa a ficar
deprimido e a hipomania dá lugar a sentimentos prováveis de culpa e vergonha,
perda de energia e auto depreciação. O pensamento e a forma de pensar se torna lento e as ideias
fogem; fica difícil concatenar as ideias e se expressar socialmente, como se fosse difícil
acessar a memória. Contudo, vale lembrar que nas últimas duas décadas, os médicos começaram a rever a história de que esses déficits na memória são naturais com o avançar do tempo.
Não queremos perder de vista que Manhattan
Connection é um programa de televisão transmitido pelo Globo News, canal pago
da Globosat, para o Brasil e o mundo ocidental aos domingos às 23h. Estreou em
1993, transmitido diretamente de Manhattan, na cidade de Nova Iorque. Até
janeiro de 2011, o programa era transmitido pelo GNT, um canal de televisão por assinatura, criado em 10 de novembro de 1991 com o nome Globosat News Television que transmitia notícias. Os
apresentadores e comentaristas debatem política, economia e comportamento sob
uma perspectiva liberal a partir da ótica do Instituto Millenium, além de darem
dicas sobre Nova York, através de informações diversificadas dos principais
assuntos da semana. Liderado pelo repórter Lucas Mendes, a formação original
continha, Paulo Francis, Caio Blinder, Nelson Motta e Lúcia Guimarães, que nos
primeiros anos trabalhava “por trás das câmeras”. As conversas descontraídas
entre os apresentadores são enriquecidas, esporadicamente, pela participação de
convidados como Fernando Henrique Cardoso, Mônica Waldvogel e o cineasta Nelson
Pereira dos Santos, entre outros.
Com a morte de Paulo Francis, em
fevereiro de 1997, a “quarta poltrona” passou a ser ocupada por convidados singulares,
como o antropólogo Roberto DaMatta e o teatrólogo Gerald Thomas, sendo
finalmente substituído pelo cineasta e jornalista Arnaldo Jabor, comentarista polemista
dos telejornais da TV Globo. Em 2001, Nelson Motta deixou o programa e foi
substituído por Lúcia Guimarães que ocupa a mesa de debates apenas no último
bloco, sempre com uma matéria cultural. Em 2003, após diversas aparições como
convidado, foi a vez do economista Ricardo Amorim tornar-se integrante fixo do
programa. E, finalmente, em outubro de 2003, Arnaldo Jabor deixou o programa,
sendo substituído por Diogo Mainardi. Em 2008, Lúcia Guimarães saiu do programa
para apresentar o chamado Saia Justa.
Em 2009, o modelo Pedro Andrade, antes conhecido pelo namoro com Lance Bass e capa na revista The Advocate, passou a integrar a
equipe. No dia 23 de janeiro de 2011, o programa mudou de canal, passando a ser
transmitido pela Globo News. Esta mudança deve-se ao fato do GNT ter perdido
com o tempo o escopo jornalístico, dando preferência ao público feminino.
Também, a partir deste programa, Ricardo Amorim passou a fazer comentários de
São Paulo e não mais do Rio de Janeiro. Em algumas oportunidades, a atração é
exibida ao vivo.
A
palavra indivíduo descreve qualquer
coisa numericamente singular, embora por vezes se refira na imaginação a uma pessoa. Na Idade Média, o indivíduo é
visto somente como parte do coletivo, não destacável do todo social. Em Santo
Agostinho, o ser humano é social por natureza ou essência, e individual por
corrupção originária. O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a
desenvolver uma crença em que o homem poderia tudo, mas, desde que tivesse representada a vontade, o talento e a capacidade
de ação individual. O individualista
pode permanecer nas sociedades que tenham o indivíduo como valor, mas, contraditoriamente valores não
necessariamente individualistas, mas
de permanente tensão entre o indivíduo e essas instâncias de vida social. O
exercício da liberdade e a concexão de sentido expressa por ela, implica escolhas frequentemente associadas a um projeto determinado. Indivíduos são projetos dentro de inúmeras possibilidades
de imersão sociocultural, utopias, ideologias, visões de mundo e
experiências de classe, grupos, ethos religiosos nas dimensões dentre as
quais o indivíduo se insere.
A ideia do homem como centro do
universo, que usufrui de autonomia do espírito, liberdade da razão e exercício
da vontade, é central na passagem do mundo medieval ao mundo contemporâneo cujo
marco dignifica a Revolução Francesa, epossibilita a afirmação do indivíduo como valor com a Revolução
Socialista de 1917.Segundo Georg Simmel
há duas revoluções individualistas na história do Ocidente, que resultam em
dois tipos de individualismo: a primeira revolução individualista teria sido
uma revolução quantitativa iluminista, visando o homem em sua universalidade, o
que corresponde à concepção do indivíduo cidadão livre e autônomo. A
instauração do individualismo de singleness
tem como marco decisivo a Revolução clássica Francesa, quando se consolidam os ideais em torno da triade de
igualdade, liberdade e fraternidade. Na segunda revolução individualista, promovida por meio do ideário socializante do século XIX, corresponde,ao individualismo de um novo tipo, e diz
respeito à dimensão de excepcionalidade e singularidade do indivíduo socialista.
O que importava não era mais ser um indivíduo livre, como tal, ser mais um
indivíduo de novo tipo e insubstituível na sociedade.
Sob esse aspecto, não resta dúvida
de que a implosão do sistema soviético em 1991 é um marco simbólico importante.
Mas esse fato real exige explicações adicionais, não podendo ser usado como a
causa original do recuo político dolorosamente óbvio da esquerda, tanto no
Leste quanto no Ocidente. Esse tipo de explicação, caracterizado pela inversão
das relações causais, é frequentemente apresentado nas discussões ideológicas,
representando uma tentativa ilegítima de justificar a virada completa daqueles
que antesnão se afirmavam socialistas,
mas até concediam o mandato de juízes inquestionáveis das credenciais de outros
na esquerda. Os fatos dessa questão muito desconfortável são muito bem reconhecidos,
mas devem ser relegados ao esquecimento para criar, como resultado feliz, a real
aparência de consenso ideológico dominante. É necessário identificarmos as
características definidoras de uma nova fase histórica, em contraste com as anteriores é vivermos nas perigosas condições
da crise estrutural do sistema orgânico de reprodução sociometabólica, para
Mészáros (1998: 17), segundo uma forma devastadora “dotado de lógica própria e
de um conjunto objetivo de imperativos, que subordina a si, para o melhor e
para o pior, conforma as alterações das circunstâncias históricas, todas as
áreas da atividade humana, desde os processos econômicos mais básicos até os
domínios intelectuais e culturais mais mediados e sofisticados”.
Um dos grandes obstáculos ao
desenvolvimento futuro do indispensável movimento das massas é o descaso persistente pela questão nacional
na ideologia. As razões deste descaso surgiram tanto de algumas determinações
históricas contingentes, porém de longo alcance, como do complicado legado
teórico do passado. Além disso, dada a natureza das questões envolvidas, as
duas parecem estar intimamente entrelaçadas. Com referência às determinações
práticas e históricas, é preciso lembrar, antes de mais nada, que a formação
das nações modernas foi realizada sob a liderança das revoluções burguesas, em
busca de crescente controle territorial, com a eclosão de conflitos entre si
cada vez mais intensos, que culminaram em duas devastadoras guerras mundiais no
século XX e na potencial aniquilação da humanidade. Com relação às nações
colonizadas, suas condições de dependência econômica e política eram impostas
de modo implacável pelas potências imperialistas, graças também à cumplicidade
subservientedas classes dominantes nativas.
É fato social e político que as mudanças pós-coloniais não tiveram dificuldade
em reproduzir, em todas as relações substantivas, os modos anteriores de
dominação, ainda que formalmente modificada no tempo, mantendo um sistema há
muito estabelecido de dominação estrutural e dependência.
Após a morte de Lenin, demonstra a
incapacidade de tratar de modo adequado as potencialmenteexplosivas contradições da desigualdade
nacional, trouxe consigo consequências devastadoras, que resultaram, afinal, na
implosão da União Soviética. O contraste entre as abordagens desses problemas
por Lenin e Stalin não poderia não poderia ter sido maior. Lenin sempre
defendeu o direito das várias nacionalidades à completa autonomia, “até o ponto
da secessão”, ao passo que Stalin as reduziu a nada mais do que “regiões de
fronteira”, a serem mantidas a qualquer custo na mais estrita subordinação, em
nome dos interesses da Rússia. Por isso, Lenin o condenou em termos bem claros,
insistindo que, caso prevalecessem as posições defendidas pelas mãos de Stalin,
“a ´liberdade de secessão da união` pela qual nos justificamos será apenas um
pedaço de papel, incapaz de defender os não-russos do assassinato por parte
daquele legítimo homem russo, o grande chauvinista russo”. Ele insistiu na
gravidade dos danos causados pelas formas políticas e nomeou claramente os
culpados: “A responsabilidade política por tudo isso deve, evidentemente, ser
lançada sobre Stalin e Dzerjinski”.
A questão nacional assumiu inevitavelmente a forma de polarização entre um
punhado de Estados imperialistas opressores e a esmagadora maioria de nações
oprimidas: uma relação de extrema desigualdade, em que as classes trabalhadoras
dos países imperialistas estavam profundamente implicadas. Essa relação também
não se limitava à dominação militar direta. O objetivo desta era garantir a
exploração máxima e continuada do trabalho nos países conquistados, impondo
assim o modo caraterístico de controle sociometabólico do capital sobre todo o
mundo. É durante a “descolonização” que se seguiu a 2ª guerra mundial (1940-45),
foi possível abandonar o controle político-ideológico direto dos impérios sem
mudar a substância da relação social de dominação estrutural e subordinação
estabelecida, como é caraterístico do capital. Sob esse aspecto, os Estados
Unidos da América foram pioneiros. Exerceram dominação em países sempre que atendesse a seu plano,
combinada com sua supremacia socioeconômica sobre as populações envolvidas, como
por exemplo, ocorreu com as Filipinas.
Ao
mesmo tempo, asseguravam a dominação de quase toda a América Latina pela
imposição de “dependência estrutural” analisadas hic et nunc no continente mesmo sem uma intervenção militar. Isso
estava bem de acordo com uma forma determinada do desenvolvimento histórico do
capital, quando as algemas político-militares dos antigos impérios se demonstraram
anacrônicas em demasia, para realizar os potenciais truques de expansão do capital. A solidariedade internacional é um
potencial positivo apenas para o antagonista estrutural do capital. Está em
harmonia com o patriotismo, que é
habitualmente confundido, até nas discussões teóricas de esquerda, como o chauvinismo burguês. Mas patriotismo não
significa identificação com os interesses nacionais legítimos, quando
ameaçado por uma estratégica potência, ou pelo comportamento capitulacionista das frações da classe
dominante, contra a qual Lenin e Luxemburgo, com toda razão, pediam que
se apontassem as armas da guerra.
Significa
também essa solidariedade com o “patriotismo legítimo” dos povos oprimidos. A
realização desse patriotismo não seria simplesmente uma mudança nas atuais
relações entre Estados, compensando assim, até certo ponto, os ditames externos
da dependência política ou político-militar estabelecida. Longe disso. As condições
de sucesso duradouro são somente a luta continuada contra a dominação
estrutural hierárquica do capital, não importa o quanto dure, em todo o mundo. Sem
isso, livrar-se vez por outra da supremacia político-militar da potência
estrangeira pode levar a seu restabelecimento, na antiga ou numa nova forma, na
próxima ocasião. A solidariedade internacional dos oprimidos exige, portanto, a
plena consciência e a observância prática consistente desses princípios
orientadores estratégicos vitais. Não é por acaso que a forma burguesa de
nacionalismo figurativo só pode ser chauvinista,
o que significa, simultaneamente, ser necessária a exclusão do que o filósofo Mészáros
chama de “patriotismo legítimo” das outras nações na esfera dominante do
conflito. Pois o capital tem sucesso na dominação, tanto internamente, da sua
própria força de trabalho como, externamente, as nações com as quais ele é
forçado periodicamente a entrar em conflito, ou fracassa no exercício do
controle indivisível sobre o ersatz
de metabolismo social.
Na
histórica e profética entrevista de Paulo Francis concedida a Thales Guaracy,
intitulada:“Paulo Francis por ele mesmo”
(2020), demonstra, segundo o jornalista: - Minha missão era entrevistar três
mosqueteiros da imprensa, integrantes do programa – Lucas Mendes, Nelson Motta
e Paulo Francis – e fotografá-los diante de um táxi amarelo, uma instrução
específica, com o objetivo de caracterizar a cidade de Nova York. Assim, fiz
uma entrevista com Paulo Francis que, por circunstâncias só explicáveis pelo
temperamento ciclotímico do maior
colunista da imprensa brasileira em todos os tempos e por um chefe que fazia
questão absoluta do táxi amarelo, permaneceu inédita até aqui. Feita
originalmente para a revista Exame Vip, na qual eu trabalhava, a entrevista foi
vetada pelo próprio Francis, que se negou, depois de concedê-la, num gesto
típico seu, a posar com o tal táxi. - “Não é nada contra você, que é um rapaz
simpático”, disse ele, “mas essa história de táxi amarelo é ridícula. Não faço
isso. E digo mais: da próxima vez que aparecer na imprensa, será como capa da
revista Veja”. Sem saber, ele estava sendo profético. De fato, seis meses mais
tarde, foi morto por um ataque cardíaco, Paulo Francis seria o
personagem capa da revista Veja.
A
própria relevância do fato documental é dourado pelas palavras de Thales
Guaracy: - Ao retornar a São Paulo, em junho de 1996, com a entrevista de
Francis desautorizada para publicação, e sem a foto encomendada, a revista Exame VIP decidiu que, em vez dos três
mosqueteiros do Manhattan Connection,
eu faria apenas um perfil de Nelson Motta, apresentado como uma espécie de embaixador
brasileiro em Nova York. Minha missão com a revista estava cumprida. Guardei as
fitas com a entrevista de Francis como uma lembrança pessoal. Na conversa, à
mesa do restaurante Bravo Gianni, seu favorito, surgiu um relato completo de
Paulo Francis sobre ele mesmo, desde seu início como figurante de teatro,
depois crítico cultural e, por fim, colunista político. A conversa avançou
sobre questões pessoais, como sua deficiência visual, que o levou a se tornar
uma pessoa introspectiva. - “Sabe”, ele me disse, com os óculos na mão, a olhar
o vazio, “eu tenho olhos ruins”. Ele discorreu a respeito de sua ideologia e
seu método de trabalho – chegou ao requinte de fazer um curso sobre a bomba
atômica para tratar do assunto com mais propriedade. É portanto revelador esses
traços de sua personalidade que demonstram argúcia e disciplina no jornalismo.
Em
assim sendo, mostrava-se um profissional detalhista, uma pessoa sistemática e
um homem extremamente afável, mas capaz de se tornar subitamente mal-humorado –
reviravoltas que eu pude sentir na pele. E neste sentido afirma em sua
reportagem: - Dez anos depois da morte de Francis, a publicação de sua
entrevista esquecida colabora para lembrá-lo. Creio que ele, onde estiver,
perdoará. No final da década de 1970, foi proposto o conceito de “temperamentos
afetivos” que inclui as dimensões de distimia, hipertimia, ciclotimia, irritável
e ansioso. Os traços de temperamento são padrões emocionais reacionais inatos
determinados por mecanismos de origem biológica. Tendem a ser disposições estáveis,
no entanto estão sujeitos a mudanças sociais e políticas causadas pela
maturação e pela interação social do indivíduo-ambiente ao longo do
desenvolvimento histórico e social. Dentre os modelos teóricos propostos para a
investigação das dimensões da personalidade e do temperamento, a abordagem
fatorial vem se destacando devido ao interesse em identificar os componentes da
estrutura temperamental. A literatura fundamentada nos modelos psicológicos
fatoriais sugere que os aspectos temperamentais podem estar associados a
diversos desfechos cotidianos, tais como desempenho e centralidade no trabalho,
saúde física, interesse musical, escolha do cônjuge, religiosidade, entre
outros.
Bibliografia
geral consultada.
MOURE, Teresa, La
Alternativa No-discreta en Linguística: Una Perspectiva Histórica y Metodológica.
Santiago de Compostela: Universidade de
Santiago de Compostela, 1997; BISSON, Carlos Augusto, Jornalismo e
Política em Karl Kraus e Paulo Francis. Dissertação de Mestrado. Programa
de Pós-Graduação em Comunicação Social. Porto Alegre: Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, 2004; NOGUEIRA, Paulo Eduardo, Paulo Francis,
Polemista Profissional. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
2010; FONSECA, Francisco, Liberalismo Autoritário: Discurso Liberal e Práxis
Autoritária na Imprensa Brasileira. São Paulo: Editora Hucitec, 2011; SACRAMENTO, Igor, “Entre o dramático e o épico: O herói negativo e as hibridizações
estéticas na teledramaturgia de Dias Gomes nos anos 1970”. In: Revista Eletrônica
Literatura e Autoritarismo – Dossiê, Dossiê Artistas e Cultura em Tempos de
Autoritarismo. Maio de 2012; LANIUS, Eduardo de Oliveira, O Profeta Desacreditado: Uma Leitura do Projeto
Ficcional de Paulo Francis. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Letras. Instituto de Letras. Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2012; FRANCIS, Paulo, “Nelson nunca foi um intelectual”. In: RODRIGUES, Nelson, Teatro Completo de Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003; Idem, “Prefácio O Berço do Herói”. In: GOMES, Dias, O Berço do Herói. 6ª
edição. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2015; SILVA JUNIOR, George Martins Ney da, Transtorno
Bipolar Associado à Demência: Tipologia, Correlações Clínicas e Fisiopatologia.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.
Faculdade de Medicina. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015; BATISTA,
Alexandre Blankl, Do Trotskismo ao Ultraliberalismo: A Trajetória de Paulo
Francis na Imprensa Brasileira (1962-1997). Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em História. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Porto
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015; OLIVEIRA, Laís, Paulo
Francis, um conservador-liberal. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais. Instituto de Ciências Humanas. Juiz de Fora:
Universidade Federal de Juiz de Fora, 2017; GUARACY, Thales, “Paulo Francis por
ele mesmo”. In: https://revistacult.uol.com.br/home/2020;
entre outros.
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Mészáros, Ubiracy de Souza Braga.
“Considera bem
a medida da tua força e aquilo que excede a tua aptidão”. Horácio
O
primeiro uso registrado da categoria social Revolução Industrial parece ter
sido utilizado em uma carta de 6 de julho de 1799 escrita pelo enviado francês
Louis-Guillaume Otto, anunciando que a França havia entrado na corrida para
industrializar. Em seu livro Keywords: A Vocabulary of Culture and Society,
de 1976, Raymond Williams afirma na entrada para indústria: “A ideia de
uma nova ordem social baseada em grandes mudanças industriais era clara em
Southey e Owen, entre 1811 e 1818, e estava implícita já em Blake no início da
década de 1790 e Wordsworth na virada do século XIX”. O termo Revolução
Industrial aplicado à mudança tecnológica estava se tornando mais comum no
final da década de 1830, como na descrição de Jérôme-Adolphe Blanqui em 1837 de
“la Révolution industrielles”. Friedrich Engels em sua obra A Situação da
Classe Trabalhadora na Inglaterra, de 1844-45 descreveu “uma revolução
industrial, uma revolução que ao mesmo tempo mudou toda a sociedade civil”. No
entanto, embora Engels tenha escrito seu livro na década de 1840, ele não foi
traduzido para o inglês até o final de 1800, e sua expressão não entrou na
linguagem cotidiana até então. O crédito por popularizar o termo pode ser dado
a Arnold Toynbee (1889-1975), cujas palestras de 1881 deram um relato etnográfico
detalhado do termo.
Historiadores
econômicos e autores, como Mendels e Kenneth Pomeranz (2001), argumentam que a protoindustrialização
em partes da Europa, mundo islâmico, Império Mogol e China criaram as condições
sociais e econômicas que levaram à Revolução Industrial, causando assim a Grande
Divergência. Alguns historiadores, como John Clapham e Nicholas Crafts,
argumentaram que as mudanças econômicas e sociais ocorreram gradualmente e que
o termo revolução é um equívoco. Este ainda é um assunto de debate entre
alguns historiadores. Até a década de 1980, os historiadores acadêmicos
acreditavam universalmente que a inovação tecnológica era o coração da
Revolução Industrial e que a principal tecnologia capacitadora era a invenção e
o aprimoramento da máquina a vapor. O professor Ronald Fullerton sugeriu que
técnicas inovadoras de marketing, práticas de negócios e concorrência também
influenciaram as mudanças na indústria manufatureira. Lewis Mumford propôs que
a Revolução Industrial teve suas origens no início da Idade Média, muito antes da
maioria das estimativas. Ele explica que o modelo para a produção em massa
padronizada era a prensa tipográfica e que “o modelo arquetípico da era
industrial era o relógio”. Ele também cita a ênfase monástica na ordem e na
cronometragem, bem como o fato de as cidades medievais terem igreja com sinos
tocando em intervalos regulares como sendo precursores de uma maior sincronização
necessária para manifestações posteriores, mais físicas, como como a máquina a
vapor.
A
presença de um grande mercado econômico europeu de produtos domésticos também deve ser considerada um
importante impulsionador da Revolução Industrial, explicando particularmente
por que ela ocorreu na Grã-Bretanha. Em outras nações, como a França, os
mercados eram divididos por regiões locais, que muitas vezes impunham pedágios
e tarifas sobre mercadorias comercializadas entre elas. A concessão dos
governos de monopólios limitados aos inventores sob um sistema de
patentes em desenvolvimento, o Estatuto dos Monopólios em 1623 é considerado um
fator econômico influente. Os efeitos das patentes sobre as invenções, bons e
ruins, no desenvolvimento da industrialização são claramente ilustrados na
história da máquina a vapor, a principal tecnologia facilitadora. Em troca de
revelar publicamente o funcionamento de uma invenção, o sistema de patentes
recompensava inventores como James Watt (1736-1819), permitindo-lhes monopolizar a produção
das primeiras máquinas a vapor, recompensando assim os inventores e aumentando
o ritmo do desenvolvimento tecnológico. No entanto, os monopólios trazem
consigo suas próprias ineficiências que podem contrabalançar, ou mesmo
desequilibrar, os efeitos benéficos de divulgar a engenhosidade e recompensar
os inventores. O monopólio de Watt impediu que outros inventores, como Richard
Trevithick, William Murdoch ou Jonathan Hornblower, a quem Boulton e Watt
processaram, introduzissem motores a vapor aprimorados, retardando assim a
disseminação da energia a vapor.
A
industrialização moderna começou na Inglaterra e na Escócia no século XVIII,
onde havia níveis relativamente altos de alfabetização entre os agricultores,
especialmente na Escócia. Isso permitiu o recrutamento de artesãos
alfabetizados, trabalhadores qualificados, capatazes e gerentes que
supervisionavam as fábricas têxteis e minas de carvão emergentes. Grande parte
do trabalho não era qualificado e, especialmente nas fábricas têxteis, crianças
de até oito anos se mostravam úteis para lidar com as tarefas domésticas e
aumentar a renda familiar. De fato, as crianças foram retiradas da escola para
trabalhar ao lado de seus pais nas fábricas. No entanto, em meados do século
XIX, forças de trabalho não qualificadas eram comuns na Europa Ocidental e a
indústria britânica cresceu, precisando de muito mais engenheiros e
trabalhadores qualificados que pudessem lidar com instruções técnicas e lidar
com situações complexas. A alfabetização era essencial para ser contratado. A
invenção tecnológica da máquina de papel e a subsequente aplicação da energia a vapor aos
processos técnicos industriais de impressão apoiaram uma expansão maciça da
publicação de jornais e panfletos, o que contribuiu para aumentar a
alfabetização e as demandas de comunicação por participação política em massa.
A
Indústria 4.0 contemporânea dispõe dos potenciais mercadológicos-industriais
encontrados durante a 4º Revolução Industrial, que são: (a) internet das
coisas, (b) internet dos serviços e os sistemas cyber-físicos, (c) robôs
autônomos, (d) manufatura aditiva, (e) simulação digital, (e) integração horizontal
e vertical de sistemas, (f) internet das coisas industrial, (g) big data
e analytics, (h) computação na nuvem, (i) segurança cibernética; e (j)
realidade aumentada. Por consequência, ao utilizar tais fatores
eletrônicos-tecnológicos, tornar as linhas de produção cada vez mais
eficientes, autônomas e customizáveis. Sua estratégia surge e compreende basicamente:
(1) soluções adaptáveis de segurança e saúde no local de trabalho, (2) diálogo
com várias partes interessadas para soluções colaborativas, e (3) governança
antecipatória com base em valores comuns e desenvolvimento de profissionais de
segurança e saúde no local de trabalho – dada a heterogeneidade dos sistemas de
proteção ao trabalhador em todo o mundo, em que a maioria das estratégias propostas
está relacionada com normas de segurança e saúd como são
desenvolvidas a partir de práticas de saúde ocupacional. Dessa
forma, a revolução técnica-científica propõe fábricas inteligentes, nas
quais ocorre simulação entre o real e o virtual e a tomada de decisão
são realizadas após análises numéricas.
Com menores índices de
erros humanos e melhoria da capacidade dos operários em tomar decisões e
solucionar problemas, o sistema torna a fábrica ou indústria mais produtiva e
eficiente, com menores custos e uso de recursos sem prejuízos desnecessários. Percebe-se,
portanto, que uma complexa rede de máquinas, produtos físicos e visuais, sensores
dispositivos de comunicação e muita tecnologia compõe os sistemas cyber-físicos
são os responsáveis por melhorias em toda cadeira industrial. Com a utilização
dos CPS`s, ainda, é possível obter maior eficiência no processo produtivo e,
consequentemente, menor preço de venda, além de, novos produtos e serviços no
mercado. Conceitualmente, os sistemas cyber-físicos (CPS) são sistemas
de computação, redes de comunicação e processos físicos que interagem e
influenciam-se de modo mútuo. Comunicam-se com sensores responsáveis pelos indicadores virtuais e físicos; e a análise que realizam,
executam modificações nesses ambientes. São usados no contexto
virtual, para coletar dados dos usuários por redes sociais, blogs
ou sites e daí prever ações e necessidades dos usuários, que
neste caso podem ser os trabalhadores.
O
consumo per capita de trigo desde o final do
século XVIII, estendendo-se durante as primeiras quatro década do século XIX. A
controvérsia a respeito do padrão de vida durante a Revolução Industrial
adquiriu, talvez, grande significado, quando se abandonou a tentativa um tanto
irreal de determinar o salário do trabalhador hipoteticamente “médio,
dirigindo-se a atenção para os artigos de consumo tais como: alimentação,
vestuário, habitação, e, por outro lado, a saúde e a mortalidade. Se
considerarmos grandezas mensuráveis, parece claro que, no período entre 1790 e
1840, o produto nacional cresceu mais rapidamente que a população. Porém, é
extremamente difícil avaliar como se distribuiu esse produto. Radcliffe Nathan
Salaman (1874-1955), o historiador da batata, apresentou e revelou um minucioso e convincente relato etnográfico sobre a “batalha do pão” (cf. Thompson, 1979; 1987) , na qual os latifundiários, fazendeiros, párocos,
manufatureiros e o próprio governo tentaram “forçar os trabalhadores a
abandonarem a dieta do pão pela batata”. O ano crítico foi 1795. As
necessidades de guerra colocaram em segundo plano os
benefícios em se reduzir o custo da dieta para os trabalhadores pobres. A substituição do pão e da farinha de aveia pela batata era uma degradação social.É
a destituição desonrada da perda do status social que o indivíduo tem na
sociedade, como direito a educação, economia, política social, trabalho, saúde
e outros meios sociais de sobrevida, provocando muitas vezes a marginalidade e/ou marginalização individual e coletivamente.
A carne, o trigo, envolvia uma questão que
suplantava o valor alimentar. O Roast Beef na velha Inglaterra
era o orgulho dos artesãos e a aspiração do trabalhador. Neste caso o consumo per capita
provavelmente decresceu entre 1790 e 1840, mas há controvérsias sobre as
cifras. A discussão gira em torno do número e do peso dos animais sacrificados
nos açougues londrinos. A carne certamente serve como um sensível indicador dos
padrões materiais, pois seu consumo seria um dos primeiros a crescer quando
houvesse qualquer aumento real dos salários. Os trabalhadores sazonais não
podiam planejar meticulosamente, como observa E. P. Thompson, seus jantares
durante os cinquenta e dois domingos do ano: ao contrário, gastavam seu
dinheiro no período de emprego e consumiam o que pudessem, durante o resto do
ano. Não era novidade que os habitantes
das cidades estivessem sujeitos a consumirem alimentos impuros ou adulterados,
mas, à medida em que crescia o número de trabalhadores o problema
tonava-se grave. O consumo de cerveja caiu entre 1800-1830 e o de chá e de açúcar cresceu. Entre 1820 e
1840, aumentou o consumo de gim e uísque e tratava-se de questão cultural e dietética.
Os
trabalhadores agrícolas, assim como os trabalhadores de carvão e a periculosidade dos mineiros consideravam a
cerveja essencial para o desempenho de qualquer trabalho pesado, “para repor o
suor”. A preparação caseira de cerveja suave era tão essencial para a economia
doméstica que “se uma moça soubesse preparar um bolo de aveia e uma boa
cerveja, seguramente daria uma boa esposa”; por outro lado, “alguns líderes de
grupo metodistas afirmavam que não podiam conduzir suas turmas sem antes tomar
uma ´caneca` de bebida”. O declínio do consumo foi atribuído diretamente ao
imposto sobre o malte, tão impopular, que contemporâneos consideravam-no “uma
incitação à revolução”. A deterioração do ambiente urbano parece-nos uma das
mais desastrosas consequências da Revolução Industrial, sob vários pontos de
vista: a estética, as comodidades da população, o saneamento e a densidade
demográfica. Além disso, ela ocorreu com maior intensidade em algumas regiões
de altos salários, onde as evidências “otimistas” sobre a melhoria do padrão de
vida estão melhor fundamentadas. De acordo com o senso comum, deveríamos
considerar os dois conjuntos de evidências; mas, na verdade,
diversos argumentos concorreram para mitigar o impacto de uma delas.
Foram
descobertos, por exemplo, que alguns prósperos industriais que se preocupavam
com as condições de moradia dos seus empregados. Além disso, a maioria das
experiências importantes em comunidades-modelo ocorreu a partir de 1840, depois
da opinião pública ter sido alertada pelas investigações sobre as condições
sanitárias das classes trabalhadoras (1842) e sobre a saúde das cidades (1844),
e pelas epidemias de cólera de 1831 e 1848. As experiências dessa natureza
realizadas antes de 1840, como a de Ashworths em Turton, ocorreram em vilas
industriais autossuficientes. As condições do Extremo Leste eram tão
repugnantes que os médicos e os funcionários paroquiais corriam um alto risco
de vida, ao exercerem seus deveres. Assinalaram os Hammond, as piores condições
foram observadas nas cidades que se expandiram mais repentinamente durante a
Revolução Industrial: “o penoso processo pelo qual Londres passou durante a
Revolução comercial, ocorreu em Lancashire no final do século XVIII e no século
XIX”. Nos distritos têxteis e cidades procuradas pelos imigrantes
irlandeses – Liverpool, Manchester, Leeds, Preston, Bolton e Bradford –
encontravam-se mais atrozes indícios da deterioração – superlotação,
moradias em porões e uma imundície indescritível.
Em
1787, Robert Peel escreveu: “deixei a maioria de meus negócios em Lancashire
sob a direção dos metodistas e eles me serviram muito bem. Quanto a isso, E. P.
Thompson observa que tanto Max Weber em seu estudo decisivo sobre a ética
disciplina religiosa, tanto quanto Richard Henry Tawney, crítico social e
socialista cristão inglês, além de um proponente importante da educação de
adultos, “dissecaram minuciosamente a interpretação do modo de produção
capitalista e da ética puritana que aparentemente há pouco a acrescentar. Do ponto de vista religioso a prática do Metodismo pode ser visto como uma simples extensão desta ética num meio social
em processo de mudança social. Além disso, tomando-se por base o fato de que o
Metodismo, na época de Jabez Bunting, ao contrário de Lutero, jamais admitiria
a ideia de que “a turba pudesse alguma vez estar com a razão, devido à
valorização da disciplina e da ordem e à opacidade moral que beneficiavam os
industriais self-made, os manufatureiros, os contramestres, os capatazes e
outros grupos sociais de subdireção, elaborou-se uma tese economicista segundo
a qual o Metodismo serviu como autojustificação ideológica para os
patrões-manufatureiros e seus auxiliares, o que representa uma parcela
importante da verdade.
John
Wesley (1703-1791) em passagem frequentemente citada, previu e deplorou esta análise: a
religião deve necessariamente incentivar o trabalho e a frugalidade, o que não
gera nada além de riquezas. Mas à medida em que as riquezas crescem, aumenta o
orgulho, a soberba e o apego ao mundo (...). Como, então, é possível que o
Metodismo, uma religião do coração, embora tenha florescido recentemente como
um loureiro, continue neste estado? Os Metodistas na Europa e Estados Unidos da América,
tornam-se diligentes e frugais e, consequentemente, aumentam seus bens. O uso
dos sistemas cyber-físicos contribuiu com a implementação da internet
das coisas (IoT – Internet of Things), que é uma tecnologia
revolucionária com potencial para inovações e melhorias significativas em
ambientes sociais e corporativos. O termo refere-se, estaticamente, aos objetos
físicos/virtuais que estão ligados, diretamente, à internet. Trata-se, assim e,
portanto, de um ambiente dinâmico, onde dispositivos inteligentes detectam o
ambiente e podem agir sobre ele e a partir dele. Desta forma, com esta
tecnologia, é possível coletar informações externas e compartilhar, através de
uma computação onipresente, qualquer dispositivo em qualquer hora e local do
mundo. O globo terráqueo, assim, uniformiza-se. Em linhas gerais, o objetivo da IoT é
permitir que sensores atuem como sistemas inteiros, a partir da interconexão
entre sensores únicos e em conjunto, além de tornar a rede internet mais abrangente;
e assim, com o aprimoramento de sensores, que os torna cada vez menores e
baratos, além dos avanços quanto aos dispositivos móveis e comunicação, a IoT tem
sido impulsionada.
Com
o desenvolvimento e a implantação das inovações e tecnologias IoT, é possível criar
aplicativos inteligentes que gerenciam de forma eficiente os sistemas, e esta,
juntamente com os CPS`s, dá suporte a aplicativos que gerenciam grandes volume
e variedade de dados. O sistema é bastante avançado frente aos campos
eletrônicos. Dentre as organizações que utilizam a Indústria 4.0,
espera-se eficiência e eficácia no atingimento dos objetivos, pois estudos da Organização
Internacional do Trabalho demonstram que a falta de Segurança no trabalho e
os níveis de competitividade colocam o Brasil entre os países com grandes
problemas; assim sendo, ao utilizar este sistema de Gestão e Avaliação
Institucional, as empresas se mostram capazes de contornar objetividades
negativas durante a Gestão. Ipso facto, os impactos de práticas sociais
devem crescer com sua utilização, incluindo ações nas áreas de saúde, segurança
e suas consequências. Enfim, teoricamente, IoT e CPS`s se mostram positivas,
quando aplicadas no campo de Ergonomia e Segurança do Trabalho (cf.
Schreiber, 2020).
A
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência é um marco para
os Direitos Humanos e para seu público destinatário. Sendo um dos tratados do
direito internacional, a Convenção surgiu para promover, defender e garantir
condições de vida com dignidade e a emancipação dos cidadãos e cidadãs do mundo
que apresentam alguma deficiência. Esta Convenção representa a reafirmação do
conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, agora dirigida
para a situação específica, no Brasil, de quase 25 milhões de pessoas de acordo
com Censo do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (2000). Sua adoção
deu-se em um momento propício, quando no país já é um enunciado da
Constituição, desde a emenda nº 45/2004, a possibilidade de ratificar uma
convenção de direitos humanos em nível equivalente à emenda constitucional. O
artigo das Obrigações Gerais deve ser entendido e estudado em conjunto com
o artigo que aborda os Princípios Gerais. Entende-se que dos
princípios derivam todas as obrigações dos Estados definidas no rol das
obrigações gerais e, em artigos temáticos que
demonstram a forma adequada de garantir direitos para as
pessoas com deficiência, devido às particularidades que são inerentes a elas.
As
afirmações dos princípios e das obrigações gerais são os pontos centrais a
serem analisados no aspecto da congruência ou não entre a Convenção e a legislação
nacional. Assim, dentre os princípios da Convenção estão: o respeito pela
dignidade inerente, independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer as
próprias escolhas, e autonomia individual, a não-discriminação, a plena e
efetiva participação e inclusão na sociedade, o respeito pela diferença, a
igualdade de oportunidades, a acessibilidade, a relação social promovida em termos de igualdade entre o homem e a mulher
e o respeito pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência. A
Lei nº 7.853/1989, que instituiu a Política Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, apresenta no capítulo das normas gerais, a
garantia do exercício dos direitos e da efetiva integração social das pessoas
com deficiência, bem como os valores básicos da igualdade de tratamento e
oportunidades, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana e
outros, indicados da Constituição Federal de 1988. A comparação entre os dois Artigos, respectivamente, a saber, o da Convenção adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e o da Lei Federal brasileira, revela estreita relação ao escolherem os termos
e seus significados na dinâmica histórica e social: dignidade humana e igualdade de oportunidades.
Organização
das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas, representa uma
organização intergovernamental criada para promover a cooperação
internacional. Uma substituição à Liga das Nações, a organização foi
estabelecida em 24 de outubro de 1945, após o término da 2ª guerra mundial
(1939-1945), com a intenção de impedir outro conflito com determinadas proporções
globais. Na história política de sua fundação, a ONU tinha 51 Estados-membros;
desde 2011, 193. A sua sede está localizada em Manhattan, Nova York, e
possui extraterritorialidade. Outros escritórios situam-se em Genebra, Nairóbi
e Viena. A organização é financiada com contribuições avaliadas e voluntárias
dos países-membros. Os seus objetivos incluem manter a segurança e a paz
mundial, promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento econômico e
no progresso social, proteger o meio ambiente e prover ajuda humanitária em
casos de fome, desastres naturais e conflitos armados. Durante a Segunda
Guerra, o presidente estadunidense, Franklin D. Roosevelt, começou a discutir a
criação de uma Agência que sucederia a Liga das Nações, e a Carta das Nações
Unidas foi elaborada em uma conferência em abril–junho de 1945; a carta entrou
em vigor a 24 de outubro de 1945, e a Organização das Nações Unidas começou a operar.
A
sua missão de promover a paz foi complicada nas suas primeiras décadas de
existência, devido ao processo beligerante desenvolvido pela chamada Guerra
Fria, entre Estados Unidos da América, União Soviética e seus respectivos
aliados. Teve participação em ações importantes na Coreia e no
Congo-Léopoldville, além de ter aprovado a criação do Estado de Israel em 1947.
O número de Estados-membros integrantes cresceu após o grande processo de
descolonização na década de 1960, ocorrido principalmente na África, na Ásia e
na Oceania, e, na década seguinte, seu orçamento para programas de
desenvolvimento social e econômico ultrapassou em muitos gastos com a
manutenção da paz. Após o término da Guerra Fria, a Organização das Nações Unidas assumiu as principais
missões militares e de paz ao redor do globo, com diferentes níveis de sucesso.
A organização foi laureada com o Nobel da Paz em 2001, e alguns de seus
oficiais e agências também premiaram. Outras avaliações da eficácia da
ONU são mistas. Alguns analistas afirmam que as Nações Unidas são uma força
importante em manter a paz e o estimular o desenvolvimento humano,
enquanto outros adjetivam-na de “ineficiente, corrupta ou tendenciosa”.
Seis
órgãos principais compõem as Nações Unidas: a Assembleia Geral, assembleia
deliberativa principal; o Conselho de Segurança, para decidir determinadas Resoluções de Paz e Segurança mundial; o Conselho Econômico e Social, para auxiliar na
promoção da cooperação econômica e social internacional e as questões em torno de desenvolvimento; o
Conselho de Direitos Humanos, para promover e fiscalizar a proteção dos Direitos Humanos e Civis e propor um conjunto de Tratados Internacionais sobre esse
tema; o Secretariado, para fornecimento de estudos, pesquisa, informações e
facilidades necessárias para a Organização das Nações Unidas e o Tribunal
Internacional de Justiça, órgão judicial principal. Além desses, há órgãos
complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, atuantes
como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar
Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O cargo mais alto na Ooganização das Nações Unidas é o de secretário-geral, ocupado por Antônio Manuel de
Oliveira Guterres desde 2017.
Nascido
na Parede, mas registado como tendo nascido na freguesia de Santos-o-Velho, em
Lisboa, com raízes familiares na aldeia das Donas, concelho do Fundão, António
Guterres demonstrou desde jovem deter uma capacidade de dedicação ao estudo que
havia de lhe valer um Prêmio Nacional dos Liceus, em 1965. Concluídos os
estudos secundários, no Liceu Camões, em Lisboa, ingressou em seguida no curso
de Engenharia Eletrotécnica, no Instituto Superior Técnico. Licenciou-se em
1971 e iniciou no mesmo ano uma efémera carreira académica, como assistente do
Técnico, lecionando a disciplina de Teoria de Sistemas e Sinais de
Telecomunicações. Durante a universidade, Guterres não se envolveu na oposição
estudantil ao regime de Salazar, dedicando-se antes à ação social promovida
pela Juventude Universitária Católica. Integrou também o Grupo da Luz,
coordenado pelo padre Vítor Melícias, que
celebraria o seu casamento com Luísa Melo, em 1972 e onde também viriam a
participar, entre outros, Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Santos Ferreira.
Todavia, a
diferença de 18 anos entre esses documentos enfatiza a evolução dos
processos para a cidadania das pessoas com deficiência, por meio da evolução de
integração para inclusão social. A Convenção trata ainda, mostrando atualização,
da questão de gênero e de crianças, por se tratarem de grupos vulneráveis. No
artigo 1º da Lei Federal encontra-se menção sobre afastar discriminações e preconceitos,
enquanto a Convenção de 2006 explicita a não-discriminação. Pretendeu-se
evidenciar que os princípios gerais estão assentados na valorização da diversidade
humana e na não tolerância com as mais diversas formas de discriminação contra as
pessoas com deficiência. Passa-se agora ao escopo desse debate, que são as
obrigações do Estado brasileiro, compreendendo o executivo federal e as
instâncias estaduais e municipais. A Lei nº 7.853/89 e, principalmente, o
Decreto nº 3.298/99 que a regulamentou apresentam os princípios, as diretrizes,
os objetivos e os instrumentos referentes à política nacional que é o
compromisso do Estado para com seus cidadãos portadores de deficiência. Não é
por mero acaso que a Convenção fala sobre o que os Estados Partes se
comprometem, usando a mesma palavra e fazendo menção direta a políticas e
programas para realização dos direitos reconhecidos e modificações legislativas
e administrativas contra a discriminação do segmento, agindo também para coibir
tal prática pelas instituições da sociedade, dentre elas as da iniciativa
privada. A
legislação nacional procede diretamente para as questões institucionais e órgãos
públicos, por intermédio dos quais o país efetiva os direitos das pessoas com
deficiência, nos setores das políticas públicas.
Por seu turno, a
Convenção, uma vez mais sintonizada com as conquistas e conceitos modernos,
estabelece entre as obrigações gerais o desenvolvimento e a pesquisa de tecnologias
assistivas ou ajudas técnicas e do desenho universal como regra da
inclusão, elevada à categoria de direitos e, a sua falta, passa a ser
considerada discriminação. Este é um grande e importante avanço trazido pelo
texto da Convenção, que está adiante da legislação de muitos países. Entretanto,
quanto ao Brasil, esses e o tema da informação acessível para as pessoas com deficiência
passaram à lei em 2.000 e estão operacionalizados pelo Decreto nº 5.296/04. Os
temas capacitação de profissionais e de equipes que trabalham com pessoas com deficiência,
em relação aos direitos em geral, pertencem às obrigações das nações e podem
ser efetivados com apoio da cooperação internacional, sem reduzir a
responsabilidade imediata dos próprios governos nacionais e igualmente
cumpridas pelas unidades da federação, sem exceções aceitas pela Convenção. Estão
em perfeita conformidade o comando do novo tratado internacional e as normas brasileiras
quando estabelecem que na elaboração e implementação de legislação e políticas para
executar a presente Convenção e em outros processos de tomada de decisão,
deverão ser consultadas as pessoas com deficiência, inovando a Convenção quando
se refere inclusive às crianças portadoras de deficiência, que por intermédio
de suas organizações representativas passam ativamente a tomar parte nas
deliberações que se relacionam às suas vidas.
A
comparação com o marco legal brasileiro e as obrigações gerais de cada Estado signatário
da nova Convenção, tanto manifesta a qualidade do conjunto de normas legais com
que trabalhamos, como ressalta em quais pontos a Convenção atualiza os direitos
e mostra seu valor como novo parâmetro internacional de direitos humanos. As
nações mais avançadas na inclusão das pessoas com deficiência têm a ganhar com
a ratificação do documento da Organização das Nações Unidas (ONU) e a grande maioria dos países que ainda não
assegurou as garantias fundamentais desse segmento darão um grande salto pela
dignidade das pessoas com deficiência. O ano de 1981 foi proclamado democraticamente
o Ano Internacional das Pessoas Deficientes pelas Nações Unidas. Teve
como objetivo chamar as atenções para a criação de leis e movimentos, na
tentativa de dar ênfase à igualdade de oportunidades para as pessoas com
necessidades especiais. O lema do evento em questão foi contemplado como Participação Plena e Igualdade,
que iria fazer parte do direito das pessoas com deficiência, a fim de que elas
possam viver de maneira completa, ter parte ativa no desenvolvimento das suas
sociedades, tirar proveito das suas condições de vida de modo equivalente a
todos os outros cidadãos e ter direito à sua parte no que diz respeito às
melhorias das condições que resultam do desenvolvimento socioeconômico.
O
maior resultado do Ano Internacional das Pessoas Deficientes foi a criação do
Programa Mundial de Ação para pessoas com deficiência, formulado pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 1982. A Década Internacional
das Pessoas Deficientes ocorreu de 1983 a 1993. Todos os anos, dia 3 de dezembro,
desde 1998, é identificado pelas Nações Unidas como o Dia Internacional das
Pessoas com Deficiência. Fazer tecnologias
de informação acessíveis a todos não é somente uma matéria de direitos
humanos, pois também gera bons negócios. Os estudos sugerem que os websites
acessíveis aparecem melhor cotados nos rankings dos motores de busca e
podem reduzir custos de manutenção. Permitem também a companhias o acesso a um
maior banco de dados de clientes. Muitos websites, entretanto,
permanecem inacessíveis para pessoas com deficiência visual. Um estudo recente
realizado no Reino Unido mostrou que cerca de três quartos dos sites comerciais
não conseguiram níveis básicos de acessibilidade. O tema de 2006 para o dia
internacional das pessoas com deficiência é acessibilidade às tecnologias de
informação, e o dia é chamado E-Acessibilidade.
As
Nações Unidas têm como objetivo enfatizar os benefícios significativos que a
acessibilidade pode trazer tanto para portadores com deficiência quanto para a
sociedade e divulgar entre os governos, as empresas e o público em geral. O
acesso às tecnologias de informação e de comunicação cria oportunidades a todos
na sociedade, mas principalmente para pessoas com deficiência, pois nesse meio
desaparecem as barreiras sociais geradas pelo preconceito, pela infraestrutura,
e pelos formatos inacessíveis que impedem a participação. Quando disponível a todos,
tecnologias da informação permitem que as pessoas alcancem seu potencial pleno,
e permitem que pessoas com deficiência contribuam para o desenvolvimento da
sociedade. No primeiro encontro mundial sobre a sociedade da informação, em
2003, os governos expressaram seu compromisso de construir uma sociedade da
informação inclusiva para o desenvolvimento, onde todos pudessem criar,
acessar, utilizar e compartilhar informação e conhecimento. Apesar
desta visão pessoas com deficiência permanecem impossibilitadas de
utilizar os recursos da Internet plenamente. A grande maioria dos
websites' continuam inacessíveis a quem tenha impedimentos visuais, cuja
navegação é altamente dependente manual do uso do mouse, e os cursos para
iniciar pessoas ao uso da rede mundial de computadores e comunicação nem sempre
são acessíveis. Tendo em conta que pessoas com deficiência fazem parte das mais discriminadas na sociedade, muitas não têm acesso às tecnologias de informação.
Mesmo aquelas com acesso não podem utilizá-las de forma eficaz,
porque o equipamento adaptável disponível não acompanha o ritmo das
inovações. Em nível internacional, os padrões de acessibilidade dos
websites estão sendo desenvolvidos. Uma vez adotados e ratificados, a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência exigirá das
entidades que assegurem que as pessoas com deficiência possam alcançar
tecnologias de informação. Por que as unidades de instituições públicas
no Brasil progrediram na elaboração de Normas Técnicas, mas desprezam cabalmente a ergonomia? O termo ergonomia
deriva do grego: ergon, que significa
trabalho, e nomos, que significa leis
ou normas. É a ciência que estuda as condições de desenvolvimento humano. É a profissão que aplica teoria, princípios, dados e
métodos para projetar a fim de aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho
geral de um sistema. Na prática, podemos dizer que a ergonomia estuda,
desenvolve e aplica regras e normas a fim de organizar socialmente o trabalho e
torná-lo compatível com as características e demandas físicas e psíquicas do
ser humano. A ergonomia baseia-se em disciplinas em seu estudo dos seres
humanos e seus ambientes, incluindo antropometria, biomecânica, engenharia,
fisiologia e psicologia. Historicamente o termo Ergonomia foi adotado nos principais
países europeus a partir de 1950. Nos Estados Unidos da América foi criada a Human Factors Society (1957), e a Human Factors & Ergonomics (1968; 2008), ou HumanFactors, posterior a década de 1980.
A Ergonomia tratava apenas dos
aspectos físicos, mas estudiosos cunharam a expressão inclusiva “fatores humanos”, de forma a
incorporar os aspectos organizacionais e cognitivos
presentes nas atividades de trabalho humano. O processo social de reestruturação
produtiva, até onde se sabe (cf. Ferreira, 2008), não tem conseguido sanar
efeitos reconhecidos do mundo do
trabalho os quais já existiam antes mesmo de sua inauguração a partir da década
de 1970. Não obstante a falta de dados estatísticos decorrente de pesquisa
globais confiáveis sobre indicadores críticos na esfera da produção, o exame de
estudos, pesquisas, relatórios e artigos diversos (inclusive em revistas não
especializadas) mostra uma gama de indicadores que aparecem sob a forma de: - Erros frequentes na execução de tarefas
em virtude, sobretudo, de condições pouco adequadas de trabalho e formação
profissional deficiente (p. ex., aplicativos
de computador com usabilidade deficitária que induz aos erros); - Retrabalho, decorrência inexorável da
existência de erros ou falhas de concepção, que impacta na redução da eficácia
do processo produtivo, no aumento do custo humano do trabalho e raramente ela
repercute na insatisfação de usuários e consumidores.
Há a questão da perda e desperdício
de material, decorrentes de desenhos de tarefas e processos de trabalho com
baixos graus de eficácia e eficiência que, em conseqüência, aumentam os custos
de produção, por sua vez, repercutem no preço final das mercadorias (caso do
setor privado) e comprometem a qualidade dos serviços públicos prestados aos
usuários-contribuintes (caso do setor público); - Danificação de máquinas e equipamentos que resultam de
procedimentos inadequados e, comumente, de produtos oriundos de projetos
industriais de concepção deficiente, retardando tempo de produção, aumentando
custos, gerando insatisfação, acidentes decorrentes
da saúde entre trabalhadores; e: - Queda
e redução da produtividade e da qualidade almejadas de produtos e serviços
que impactam na perda de competitividade (caso do setor privado) e do
afastamento das agências governamentais de proporcionar o exercício da
cidadania aos usuários-contribuintes do setor público.
No
Reino Unido curricularmente um ergonomista tem graduação em psicologia,
engenharia industrial ou mecânica ou ciências da saúde, e usualmente grau de
mestre ou doutor em disciplina relacionada. Muitas universidades oferecem
mestrado em ciência, em ergonomia, enquanto algumas oferecem mestrado em
ergonomia ou mestrado em fatores humanos. Os excelentes salários contribuíram
para uma crescente comunidade de profissional de ergonomistas no Reino Unido. No Brasil, a formação em Ergonomia
ocorre no Ensino Técnico (liceu) e disciplinas esparsas em várias graduações,
mais frequentemente nos cursos de Desenho Industrial (Design) e Engenharia de Produção. Ela ocorre de forma analítica efetiva através de cursos de Especialização
em Psicologia Sensorial, Cognitiva e Social, em Antropometria e Biomecânica, em
Fisiologia Humana e do Trabalho, em Organização do trabalho nas Metodologias de
Projeto em Desenho Industrial, Engenharia de Produção e Arquitetura e em
Tecnologia da Informação, nos mestrados em Desenho Industrial (Design) e em Engenharia de Produção com
linha de pesquisa em Ergonomia, assim como os doutorados com esta mesma
característica.
O
esqueleto humano é formado pela estrutura dos ossos e tem como função principal
proteger determinados órgãos vitais como o encéfalo, que é protegido pelo
crânio, e também os pulmões e o coração, que são protegidos pelas costelas e
pelo esterno, e servem também para armazenar gordura e minerais, ajudar com os
movimentos do corpo e sustentar o organismo. Os ossos também armazenam células
sanguíneas. O exoesqueleto é para ser adaptado pelo trabalhador de linha de
montagem, na indústria automobilística, por exemplo, e é alimentado por um
sistema de motores elétricos, fornecendo aos membros do corpo mais movimento,
força e resistência. O exoesqueleto está diretamente ligado à Indústria 4.0 (cf. Schreiber, 2020), uma precisa e notávelevolução do processo industrial que interage socialmente o homem e a
máquina. A tecnologia é inovadora e diferente do que já foi aplicado à
indústria convencional. O objetivo do exoesqueleto é trazer conforto ao
operador, dando mais flexibilidade e, consequentemente, agilidade. O
exoesqueleto suporta peso, retirando a fadiga muscular do trabalhador, pois
reduz esforço físico no decorrer da jornada laboral. Evidentemente, o
trabalhador precisa adaptar-se à técnica e tecnologia, para depois sentir os
benefícios da sua utilização.
Conceitos
matemáticos podem ser separados do grupo que os utiliza. Triângulos admitem
explicações sem referência a situações históricas. A regulação dos impulsos que
sua aquisição requer varia muito em termos de força. Mas a base essencial do
que é obrigatório e do que é proibido na sociedade civilizada, o padrão da
técnica de comer, a maneira de usar faca, garfo, colher, prato individual,
guardanapo e outros utensílios, permanecem imutáveis em seus aspectos
essenciais. Até mesmo o surgimento da tecnologia em todas as áreas, inclusive a
da cozinha, com a introdução de novas formas de energia, deixou virtualmente
inalterado as técnicas à mesa e outras formas de comportamento. Só com uma
observação muito minuciosa é que observamos os traços de uma tendência que
continua a desenvolver-se. O que muda acima de tudo, é a tecnologia da
produção. Contrariamente a tecnologia do consumo foi desenvolvida por formações
sociais que eram em um grau nunca igualado antes, classes de consumo. Com seu
declínio social, o rápido e intenso refinamento das técnicas de consumo cessa,
estas passam ao que se torna então a esfera privada da vida, em contraste com a
ocupacional. Daí em diante, observamos uma fase que permanece dentro do padrão
já atingido, embora com um movimento muito lento sempre numa certa direção. O
refinamento da conduta diária nunca perde de todo sua importância como
instrumento de diferenciação social. Demonstram com clareza como desenvolveu
este movimento. O exoesqueleto foi desenvolvido para funcionários que precisam ficam muito tempo em pé em sua posição no quadro da divisão técnica do trabahho.
O
uso social do banheiro público encerra uma insolúvel contradição: apesar de ser
o lugar que você procura para realizar hábitos de higiene. As formas
descritivas e os nomes dados aos banheiros historicamente revelam a lentidão do
processo social de higiene pessoal. O banheiro ou “casa de banho”, também reconhecido como “instalações sanitárias”, privada, “gabinete sanitário”, toalete
ou toilette, “quarto de banho”,
lavabo ou WC (water closet),
significando “gabinete da água”, é um compartimento ou cômodo de uma habitação
utilizada para os cuidados de higiene pessoal. Os banheiros públicos foram
criados no ano de 1500 e são normalmente separados claramente por tipologia de
sexo, isto é, um banheiro para homens e outro para mulheres. A razão primeira chama-se higiene, devido aos homens urinarem de pé e as mulheres
sentadas. Muitos homens, ao urinarem de pé, podem espalhar urina sobre a
privada. A preocupação numa casa de banho pública não é a mesma do que em casa.
Do
ponto de vista existencial e
quantitativo uma pessoa normalmente gasta em média 3 (três) anos de sua vida
sentada no vaso sanitário. De modo geral os banheiros apresentam um ou mais
chuveiros, a fim de possibilitar os banhos. Os banheiros mais antigos ou de
alto padrão costumam ter uma banheira, por vezes de hidromassagem. Um vaso
sanitário também é um dos elementos principais dos banheiros, a fim de receber
as fezes, urinas e eventuais secreções humanas, eliminando-os através da
descarga. Em alguns países relata-se etnograficamente o hábito de após o uso, jogar o papel higiênico pelo vaso sanitário.
Lavabos e torneiras são outros característicos, pois permitem que os usuários
possam lavar suas mãos após o uso sanitário do banheiro. Itens bastante
frequentes em banheiros, mas não constitutivos em sua cotidianidade são os acessórios
que permitem uma maior comodidade e bem-estar social, em termos de adaptação como
os itens referidos aos toalheiros, saboneteiras, espelhos, desodorizadores etc.
Mesmo alguns itens de higiene, pessoal e coletiva como os bidês, gradativamente
deixaram de ser empregados na maior parte das construções civis urbanas contemporâneas.
Curiosamente
não é um hábito, na universidade pública, haver papel higiênico ou papel-toalha
nos banheiros da universidade ou mesmo as tampas das privadas funcionarem. Um
estudo realizado pelo professor Mark Wilcox, diretor clínico de microbiologia,
afirmou que “dar descarga com a tampa da privada levantada permite que uma
nuvem de bactérias polua o ar do seu banheiro, o que aumenta o risco de
contrair vírus”. Em seus estudos, Wilcox reparou que a descarga transporta as
bactérias até 25 cm acima do assento do vaso sanitário e fica pelo ar do
banheiro por até 2 horas. Quando a descarga é dada com a tampa fechada, essas
bactérias não são encontradas no ambiente, apenas na tampa. O que ele recomenda
é sempre dar a descarga com a tampa abaixada
e em seguida higienicamente lavar as suas mãos. Tem mulheres que pegam no pé do
marido,/namorado/ou filho por um motivo: o uso da tampa da privada. Elas lutam
pra que sempre esteja abaixada, mas
eles insistem em deixá-las levantadas. Agora, foi provado cientificamente que
elas estavam certas. Por mais irrelevante que possa parecer, a tampa dos vasos
sanitários existe por um bom motivo próprio e de higiene sanitária. A história
social do banheiro é conturbada e até paradigmática para os nossos atuais
padrões de higiene. Os componentes sanitários como conhecemos, só começaram a
existir bem recentemente, e dependeram de muitas inovações não só ergonômicas pra estarem à nossa
disposição. O típico banheiro romano era comunitário, todos sentavam lado a
lado, e embaixo deles passava um canal de água corrente, usado para carregar os
dejetos a rios distantes. Eram frequentados tanto por homens e por
mulheres.
Um
pequeno círculo de pessoas é bem versado nessa delicadeza da linguagem. Falar
como elas é igual a falar corretamente. O que os outros dizem, não conta. A
linguagem é uma das formas assumidas pela vida social ou mental. Grande parte
do que se pode observar na maneira como a linguagem é plasmada torna-se também
evidente em outras formas que a sociedade. O modo como pessoas argumentam que
este ou aquele comportamento ou costume à mesa é melhor que outro, por exemplo,
mal se pode distinguir como alegam, segundo Elias (2011: 116), palavras
antiquadas são impróprias para a fala dita comum, séria. Palavras muito novas
despertam suspeitas de afetação – poderíamos dizer de esnobismo. Palavras
eruditas que recendem a latim ou grego são suspeitas a todas as gensdumonde. Cercam os que as usam de uma
atmosfera particular de pedantismo, se são reconhecidas outras palavras que
dizem a mesma coisa com simplicidade. Palavras em calão usadas por gente comum
devem ser evitadas com todo o cuidado, porquanto demonstram que elas têm baixa
educação. E a razão dada para o expurgo de palavras é o refinamento dos
sentimentos que desempenha um papel em todo o processo
civilizador, por consenso devendo ser bom ou mau. A faca, igualmente, pela
própria natureza pragmática de uso social, reflete mudanças na
personalidade humana, com suas mutáveis compulsões e desejos.
Um
simples exemplo geométrico hicetnunc,
lembra o genial e intrépido Marx, ilustra isso. Para determinar e comparar as áreas de todas as
figuras retilíneas é preciso decompô-las em triângulos. O próprio triângulo é
reduzido a uma expressão totalmentedistinta de sua figura visível – a metade do produto de sua base pela
sua altura. Do mesmo modo, os valores de trocadas mercadorias têm de ser reduzidos a algo em comum, com relação ao
qual eles representam um mais ou menos. Esse algo em comum não pode ser uma
propriedade geométrica, física, química ou qualquer outra propriedade natural
das mercadorias. Suas propriedades físicas importam apenas na medida em que conferem
utilidade às mercadorias, isto é, fazem delas valores de uso. Por outro lado,
parece claro que a abstração dos seus valores de uso é justamente o que
caracterizaa relação de troca das
mercadorias. Nessa relação um valor de uso vale tanto quanto outro desde que
esteja disponível em proporção adequada. Mas a explicação sociológica marxista
é a seguinte: como valores de uso, as
mercadorias são, antes de tudo, de diferente qualidade; como valores de troca,
elas podem representar apenas de quantidade diferente, sem conter, nenhum átomo
de valor social. Prescindindo do valor de uso dos corpos das mercadorias resta única propriedade: a de serem produtos do trabalho. A sociologia não
confunde as práticas dos rituais com seu sentido.
A
força de trabalho conjunta da sociedade, que se apresenta nos valores do mundo social das mercadorias, é a mesma força de trabalho humano que a outra, na medida em
que possui o caráter de uma força de trabalho social média e atua como tal
força de trabalho social média; portanto, na medida em que, para a produção de
uma mercadoria, ela só precisa do tempo de trabalho em média necessário ou
tempo de trabalho socialmente necessário. Tempo de trabalho socialmente
necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer sob as
condiçõesnormais para uma dada
sociedade e com o grau social médio de destreza e intensidade do trabalho. O
valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra mercadoria assim
como o tempo de trabalho necessário para a produção de uma está para o tempo de
trabalho necessário para a produção de outra. A grandeza de valor da
mercadoria permanece constante se permanece igualmente constante o tempo de
trabalho requerido na produção.
A ergonomia representa a qualidade contendora
da adaptação (cf. Grandjean, 1998;
Bolis, 2007) de um dispositivo concreto a seu operador e à tarefa que ele
realiza no tempo de trabalho socialmente necessário. A usabilidade se revela quando os usuários empregam o sistema para
alcançar seus objetivos em um determinado contexto de operação. Por outro lado,
um problema de ergonomia é identificado quando um aspecto da interface está em
desacordo com as características dos usuários e da maneira pela qual ele
realiza sua tarefa. A engenharia de fatores humanos continua a ser aplicado na
aeronáutica, envelhecimento, transporte, ambiente nuclear, cuidados de saúde,
tecnologia da informação, projeto de produtos (design industrial), ambientes virtuais e outros. Kim Vicente,
professor de ergonomia da Universidade de Toronto, no Canadá, afirma que o acidente
nuclear de Chernobyl pode ser atribuído ao fato de os projetistas da instalação
não prestarem suficiente atenção aos fatores humanos. – “Os operadores eram
treinados, mas a complexidade do reator e dos painéis de controle ultrapassava
sua habilidade de perceber o que eles
estavam vendo, durando o prelúdio do desastre”. Assuntos de ergonomia aparecem em sistemas e diversos produtos de consumo.
A ergonomia aplica-se notadamente ao
desenvolvimento de ferramentas de ações sistematizadas em virtude da política
de qualidade (cf. Vidal; Masculo,
2011; Bastos, 2012; Lipovaya, 2015) e a critérios de averiguação de sua
aplicação, como na assimilação da cultura do bem fazer por bem estar-social e
compreender, nas chamadas auditorias ou análises de qualificação, mapeamentos
de processos. E assim atinge aos segmentos diversos quando margeia a confiança
aos métodos de interpretação e a introdução de novos aplicativos, artefatos de
gerenciamento de pessoas inerentes ou inseridas a um grupo social. Os sistemas
de qualidade em disseminação, quando de sua possibilidade em humanizar os
processos volta-se a racionalizar o homem ao sistema e a interface da pessoa
com o método próprio. A ergonomia tem
importância especial na análise de acidentes, tendo sido utilizada no processo
de investigação das causas do acidente da Usina Nuclear em Three Mile Island na Pensilvânia, Estados Unidos da América, conforme
apresentado no Relatório Report of the
President`s Commission on the Accident at Three Mile Island, publicado em
1979. No Brasil, as condições ergonômicas de trabalho são regulamentadas pela
Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
de Inspeção do Trabalho (SIT), que também predispõe sobre a “utilização de
materiais e mobiliário de ergonomia, condições ambientais, jornada de trabalho,
pausas, folgas e normas de produção”.
A
própria figura de André Leroi-Gourhan sugere a “libération de la main”, condensa
essa gama de interesses culturais que se ramificam em várias áreas de
conhecimento científicas. Interessa-se pela fabricação
de utensílios, pelo simbolismo expresso na arte paleolítica, pela origem da
escrita, pela anatomia comparada, pelo comportamento animal, pelo esqueleto
humano. Durante 40 anos, mais de uma centena de artigos e vários livros foram
dedicados a esta ou aquela parte de sua extensa obra. O símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se
desenvolver numa só dimensão. As motivações
que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas cadeias de razões, mas
nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de dedução lógica ou narrativa
introspectiva já não basta para o estudo das motivações simbólicas. A
classificação social dos grandes símbolos da imaginação em categorias
motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da não
linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades.
Metodologicamente, se se parte dos objetos bem definidos pelos quadros da
lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as
estruturas antropológicas do imaginário individual (o sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), cai-se
rapidamente, pela massificação das
motivações, numa inextricável confusão entre o plano real e o imaginário social.
Parecem-nos
mais sérias as tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros
de interesse de um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente
impregnado de atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos
não passam de pretextos para os devaneios imaginários. De fato, as
classificações mais profundas de analistas das motivações do simbolismo
religiosoincluindo arquétipos, atos,
trabalhos artísticos, eventos, ou fenómenos naturais, por uma religião ou da
imaginação de modo geral literária. A arqueologia é amostral, porque se dedica
ao estudo dos vestígios arqueológicos
mas também trabalha com a totalidade da história do local onde usa como motor
outras ciências auxiliares como a geologia, história, arquitetura, história de
arte, entre outras ciências e áreas de conhecimento. Tanto escolhem normas
classificativas a uma ordem de motivação cosmológica e astral, na qual são as
grandes sequências das estações, dos meteoros e dos astros que servem de
indutores à fabulação, tanto são os elementos de uma física primitiva e sumária
que, pelas suas qualidades sensoriais, polarizam os campos que se
constituem homogêneo o imaginário social; tanto, se
suspeita que são os dados técnicos sociológicos do microgrupo in statu nascendi ou de grupos étnicos
que se estendem aos confins linguísticos que fornecem quadros primordiais para
os símbolos.
Quer
a imaginação individual (sonho) e coletiva (os mitos, os ritos, os símbolos) estreitamente
motivada seja pela particularidade da língua, seja pelas funções sociais
normativas, se modele na história do pensamento humano sobre matrizes
sociológicas e antropológicas, quer pelos seus genes raciais, embora ramos do
conhecimento científico comparado como a antropologia, história ou etnologia
utilizem-se do conceito de etnia para descreverem a composição de povos societários
e grupos identitários ou culturais,intervenham bastante misteriosamente para estruturar os conjuntos
simbólicos, distribuindo seja as mentalidades imaginárias, sejam os rituais
religiosos. Mas, querem ainda, com uma matriz antropológica evolucionista, se
tente estabelecer uma hierarquia das formas simbólicas em seu ersatz, compreendido através da
apreensão do universo mental, os modos de sentir, pensar e agir, no âmbito durkheimiano das
representações coletivas e, para alguns, no limite, o inconsciente coletivo do extraordinário Carl Jung, um psiquiatra e psicoterapeuta, fundador da psicologia analítica.
A atual redação da NormaRegulamentadora17 – Ergonomia foi estabelecida pela Portaria
nº 3.751, de 23 de novembro de 1990. O Ministério do Trabalho e Emprego, no ano
de 2000, realizou treinamentos para auditores-fiscais do trabalho com
especialização em Saúde e Segurança no Trabalho em todo o País, analisando a aplicação
desta Norma pela fiscalização. Nesses cursos, verificou-se uma ampla
diversidade de interpretação, o que representa um obstáculo à efetiva
implantação da Norma. A elaboração deste Manual, reunindo a experiência prática
de 10 anos de fiscalização, tem como objetivo subsidiar a atuação dos
auditores-fiscais do trabalho e dos profissionais de Segurança e Saúde do
Trabalhador nas atividades. A publicação contou com a colaboração da Comissão
Nacional de Ergonomia, composta pelos técnicos Mário Gawryszewski, Claudio
Cezar Peres, Rosemary Dutra Leão, Lívia Santos Arueira, Lys Esther Rocha, Paulo
Antonio Barros Oliveira, Carlos Alberto Diniz Silva e Maria de Lourdes Moure. A
Norma Regulamentadora nº 17 é
comentada caracterizando o que se espera em cada enunciado e definindo os
principais aspectos a serem considerados na elaboração de uma análise
ergonômica do trabalho, ressaltando que a realização desta análise tem como
objetivo principal a modificação das situações de trabalho. É necessária a
participação dos trabalhadores no processo de elaboração da análise ergonômica
do trabalho e na definição e implantação da efetiva adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores.
Em 1986, segundo os analistas
supracitados, diante dos numerosos casos de “tenossinovite ocupacional” entre
digitadores, os diretores da área de saúde do
Sindicato dos Empregados em Empresa de Processamento de Dados no Estado de São
Paulofizeram contato com a
Delegacia Regional do Trabalho – São Paulo, buscando recursos para prevenir as
referidas lesões. Foi constituída uma equipe composta de médicos e engenheiros
da DRT/SP e de representantes sindicais que, por meio de fiscalizações a várias
empresas, verificou as condições de trabalho e as repercussões sobre a saúde
desses trabalhadores, utilizando a análise ergonômica do trabalho. Em todas as
avaliações, foi constatada a presença de fatores que sabidamente contribuíam
para o aparecimento das Lesões por
Esforço Repetitivo – LER: o pagamento de prêmios de produção, a ausência de
pausas, a prática de horas-extras e a dupla jornada de trabalho, dentre outros.
Nesse período, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) convocou toda a
sociedade civil para que organizasse seminários e debates com o objetivo de
recolher sugestões para a melhoria de todas as Normas Regulamentadoras – NR.
Nesses seminários, chegaram várias sugestões de alteração da NR-17, mas eram
propostas de alterações que estariam conservando a estrutura geral em vigor.
Não havia nenhuma proposta concreta da questão: o controle da cadência e do
ritmo do processo produtivo.
Nestes termos, a natureza seria composta
de elementos relacionados entre si por fatores de ordem ecológica, ao passo que
o Homem seria a expressão de uma sociedade, de uma cultura, de um sistema
simbólico, de uma representação mental, etc. Ela indicaria como, a partir da
aquisição de conhecimentos matemáticos, químicos e físicos adequados, tende-se
progressivamente ao aumento da eficácia da ação técnica desejada. Contrariamente
às características da tendência, existiria em qualquer sociedade uma estrutura
única de caráter que seria específica e comum à maioria dos grupos e classes
que fizessem parte desta sociedade, o fato técnico é específico e imprevisível.
Ele pode ser determinado pelo encontro da tendência com inúmeras coincidências
do ambiente técnico. É um compromisso instável que se realiza entre as
tendências e o ambiente. A força propulsora da técnica encontra um obstáculo no
momento em que há que realizar-se uma série de coincidências para que um
progresso possa de fato se efetivar. Por tal razão, a tendência é abstrata na
sua definição dinâmica.
A
oposição homem/natureza é uma particularidade da ciência na tradição ocidental.
Podemos considerar a relação social entre elementos e técnicas como tendo as
mesmas características oriundas da cultura.
Podemos relacionar esses elementos e sua distribuição à organização social
relacionada como a organização sociotécnica. A acessibilidade será condicionada
por fatores de ordem física e química, influências e interações que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas. São princípios sociológicos que
nos permite entender o grau de articulação de todos os outros que é
representado pela compreensão operacional da sua função e pela competência
técnica. A longevidade de Tomie Ohtake está para a arte brasileira como a de
Oscar Niemeyer para a arquitetura. Ambos reconhecidos por suas obras e
celebrados por suas trajetórias coletivamente – Tomie em 2015, aos 101 anos; o arquiteto Oscar Niemeyer se despediu em 2012, aos 104 anos. No documentário Tomie, dirigido por Tizuka Yamazaki, a artista narra o motivo que a levou a
deixar seu país. Emigrar para o Brasil, seguindo o caminho antes trilhado por
um irmão: - “Mulher com minha idade tinha de casar”.
No
filme, também lembra a chegada, quando desceu do navio no porto de Santos e
sentiu tudo com “gosto de amarelo”, exegese da arte. A “teoria das cores” de
Leonardo da Vinci representa as formulações históricas contidas em seus
escritos e reunidas no livro: Tratado da
Pinturae da Paisagem - Sombra e Luz.
Trata-se das anotações recolhidas pelo artista ao longo de anos de vida e
incansável observação e apropriação do real,
é a teoria mais corrente, sendo um belo legado do Renascimento das artes
visuais e a antropologia da comunicação visual. A cor, elemento fundamental em
qualquer processo de comunicação, merece atenção especial. A cor é sentida e
sociologicamente provoca emoção. Na poesia Aquarela, cantada por Toquinho e Vinicius de Moraes lembram o
social irradiado: - “Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo”. A cor é
construtiva, é uma ideia, que pode ser de leveza, sobriedade, harmonia. Tomie Ohtake
é das principais representantes do abstracionismo informal. Sua obra abrange
pinturas, gravuras e esculturas. Em 1988, foi condecorada com a Ordem do Rio Branco pela escultura
comemorativa dos 80 anos da imigração japonesa na cidade de São Paulo. É
considerada a “dama das artes plásticas brasileiras”. Para o crítico de arte
Ichiro Hariu, artistas como a extraordinária Tomie Ohtake, Tikashi Fukushima e
Manabu Mabe, são reconhecidos abstracionistas, representativos do
Brasil. Para Gisele Kato a maior influência da artista vem de Mark Rothko,
mestre na criação de camadas de cor que também assume dimensão espiritual.
Bibliografia
geral consultada.
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Das Caravelas aos Ônibus Espaciais. A Trajetória da Informação no Capitalismo.
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e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995; BRANDOLT, Paulo Ricardo de Mendonça, Processo de Trabalho e Saúde do Professor de Ensino Médio: Uma Abordagem Ergonômica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2006;MENDES, Ana Magnólia,
Prazer, “Reconhecimento e Transformação do Sofrimento no Trabalho”. In: Ana
Magnólia Mendes. (Org.), Trabalho e Saúde: O Sujeito entre Emancipação e Servidão.
Curitiba: Juruá Editora, 2008; CANTORANI, José
Roberto Herrera; VARGAS, Leandro Martinez; REDKVA, Paulo Eduardo, “A Dimensão
da Deficiência e o Olhar a Respeito das Pessoas com Deficiência a Partir dos
Recenseamentos no Brasil”. In: Relato De Pesquisa • Rev. bras. educ. espec.
21 (1) • Jan-Mar 2015; SOARES
JUNIOR, Glicerinho Danter Lopes, Desenvolvimento
de um Exoesqueleto para Movimentação/Reabilitação de Paraplégicos.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Engenharia Mecânica. Uberlândia: Universidade
Federal de Uberlândia, 2015; BUITRAGO SALAZAR, Germán Darío, Concepção de Diferentes Estruturas para
Exoesqueletos de Membro Inferior baseado no Estudo Dinâmico e Utilização de Biomateriais.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Engenharia Mecânica. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2018; OLIVEIRA, Angélika Peixoto Pinto, “Olhos nas Ruas”: O Papel da Ergonomia na Elaboração de Projetos de Guaritas Prediais como Estratégia na Prevenção de Crimes. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ergonomia. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2019;BELO, Ana Zélia
Alves Vieira, O Corpo com Deficiência Física e a Intercorporeidade no Cinema:
Uma Abordagem Fenomenológica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de
Educação. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020; SCHREIBER, Joseani, As Inovações da Indústria 4.0 e os Reflexos na Ergonomia e Segurança. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas. Pato Branco: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2020; SCHIMITT; Charlles
de Souza; LAURINDO, João Victor Vieira; SALES, Márcia Barros de; BUSS, Ricardo
Niehues; “Qualidade de Vida no Trabalho e Ergonomia: Revisão Integrativa em Organizações
de Diferentes Contextos”. In: X Congresso Brasileiro de Engenharia de
Produção. Pato Branco: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 02 a 04
de dezembro de 2020; entre outros.