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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Lamartine Babo – Invenção da Mulata & Centenário de Nascimento.

                Consagrado no gramado, sempre amado, o mais cotado. Nos Fla-Flus é o Ai, Jesus! Lamartine Babo                                 

           As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. A forma como grupos de uma mesma “conexão geracional” lida com os fatos históricos vividos, por sua geração, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. Karl Mannheim não esconde sua preferência pela abordagem histórico-romântica alemã e destaca ainda que este é um exemplo bastante claro de como a forma de se colocar uma questão pode variar de país para país, assim como de uma época para outra. Ao invés de associar as gerações a um conceito de tempo externalizado e mecanicista, pautado por um princípio de linearidade, o pensamento histórico-romântico alemão se esforça por buscar no problema geracional uma contraproposta diante da linearidade do fluxo temporal da história. Suas inquietações no plano metodológico apresentam como fio condutor e boutade o estigma e suas consequências sociais, percebidos a partir de diversos ângulos, mas sua principal temática de investigação é de fato a questão racial. Ele publicou em sua progênie os seguintes ensaios etnológicos: “Atitude Desfavorável de Alguns Anunciantes de São Paulo em Relação aos Empregados de Cor” (1942) e “Preconceito de Marca: As Relações Raciais em Itapetininga” (1955) e também “Negro político, político negro”, seu último trabalho. 

Todos eles versam sobre as distintas formas e condicionamentos sociais sobre os quais de constituem as manifestações de preconceito, aspecto que organiza o entendimento da questão racial brasileira. Após anos de estudos e pesquisas de Oracy Nogueira (1917-1996) chegou-se à conclusão que o estilo de racismo à brasileira caracteriza-se pelo “preconceito de marca”. Assim, o preconceito de marca se estabeleceria em relação às aparências. Quando toma por pretexto para as suas manifestações de vida, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gostos, o sotaque, caracterizando a marca. Mas basta a suposição de que o indivíduo descende de grupo étnico, para que supra as consequências do preconceito: diz-se que é de origem. O impacto desses estudos foi assimilado de modo traumático porque havia na ideologia brasileira e na academia, como ambiente cultural, certo compromisso com a tese sociológica da democracia racial. Com os trabalhos de Roger Bastide (1898-1974) e Florestan Fernandes (1920-1995), em “Negros e brancos em São Paulo”, é que foi revelada, por trás das relações, o preconceito racial com o preconceito de classe e, portanto, o preconceito racial constitutivo da sociabilidade na sociedade brasileira. Oracy Nogueira compreende que os estudos que tratam da “situação racial” brasileira, no que se refere ao negro (e ao mestiço de negro), podem ser divididos em três correntes: 1) a corrente afro-brasileira, a que deram impulso Nina Rodrigues e Arthur Ramos (1903-1949), e os estudiosos que mais diretamente foram influenciados por ambos; e que, sob a influência de Melville Jean Herskovits (1895-1963), um antropólogo, pesquisador e professor universitário norte-americano que firmemente estabeleceu Estudos africanos e Estudos afro-americanos na academia americana. 

Ipso facto, ele prossegue, sob uma forma renovada, com os trabalhos de René Ribeiro, Roger Bastide e outros, podendo ser caracterizada como aquela corrente que dá ênfase ao estudo do processo de aculturação, preocupada em determinar a contribuição das culturas africanas à formação da cultura brasileira; 2) a dos estudos históricos, em que se procura mostrar como ingressou o negro na sociedade brasileira, a receptividade que encontrou e o destino que nela tem tido, corrente esta de que Gilberto Freyre (1900-1987) é o principal representante; e 3) a corrente sociológica que, sem desconhecer a importância das duas perspectivas mencionadas, se orienta no sentido de desvendar o estado das relações entre os componentes brancos e de cor, seja qual for o grau de mestiçagem concretamente com o negro ou o com o índio na história da população brasileira.   Em termos metodológicos, o estudo de comunidade, instrumento com que a Sociologia nasceu entre nós, largamente influenciada pelos desdobramentos da escola de Chicago (EUA), fora enriquecido pela investigação histórica das relações entre brancos e negros durante a escravidão. Em termos interpretativos, porque Nogueira, desafiando as lições de Herbert Blumer (1900-1987) e de seu mestre Donald Pierson (1900-1995), teorizava uma forma nova de preconceito racial, presente em sociedades como o Brasil, quando distinguem os dois tipos básicos de preconceito racial: - Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o “preconceito de raça” se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações, os traços do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que descende de certo grupo étnico para que sofra as consequências sociais do preconceito, pois se diz que é de origem histórica e socialmente determinada.           

O primeiro aspecto, no plano de análise identifica a distinção entre preconceito de marca (aparência) e preconceito de origem (ascendência), que historicamente tem o intuito de qualificar a situação racial brasileira vis-à-vis aos condicionamentos histórico- raciais na sociedade norte-americana. Tratava-se de estabelecer uma crítica às análises que diferenciavam o preconceito racial brasileiro daquele das demais sociedades (em especial a norte-americana) apenas em termos de intensidade, sem qualificá-lo. Essa abordagem significou o ponto de partida de sua contribuição sociológica ao tema na medida em que o autor, ao analisar o preconceito, além de reconhecê-lo, situa-o como um problema central nos estudos das relações raciais no Brasil. Sua perspectiva acerca da sociedade norte-americana foi desenvolvida durante sua estadia naquele país, posteriormente à passagem de Gilberto Freyre na University of Columbia, entre os anos de 1945 e 1947, na Universidade de Chicago, para a realização do doutorado. Ao longo do texto, ele fornece relatos etnográficos de situações cotidianas que vivenciou nos Estados Unidos e cujo impacto social proporcionou o insight para a criação do quadro teórico-metodológico de referência para compreender a situação racial brasileira. Os Estados Unidos e o Brasil constituem exemplos de dois tipos de “situações raciais”: um em que o preconceito racial é manifesto e insofismável e outro em que o próprio reconhecimento do preconceito tem dado margem a uma controvérsia de não se superar.

O ponto central da reflexão de da sociologia de Oracy Nogueira é a permanência, o desenvolvimento e a especificidade do preconceito racial no Brasil, que ele chama de “preconceito de cor”, ou “preconceito de marca”. Preconceito que facilitou a integração e a ascensão social dos imigrantes europeus e retardou e impediu a ascensão dos negros. Primeiro, porque os brasileiros natos, seja no cotidiano, seja em sua ideologia política ou literária, sempre viram no imigrante branco um elemento de melhoramento ou a ideologia de branqueamento da raça. Segundo, “enquanto a ascensão de descendentes de imigrantes tanto se pode dar com o cruzamento como sem o cruzamento com descendentes de antigos colonizadores portugueses, a ascensão de elementos de cor ou pressupõe ou se faz acompanhar do cruzamento com elementos brancos, seja qual for a origem deles”. Em consequência, cada conquista do negro ou do mulato que logra vencer econômica, profissional ou intelectualmente tende a ser absorvida, em uma ou duas gerações, pelo grupo branco, através do branqueamento progressivo e da progressiva incorporação dos descendentes a esse grupo. O negro, a cada geração, teria, portanto, de começar, de novo, lutando contra o preconceito e sem a solidariedade de um grupo identitário. Sim, porque o sociólogo Oracy confirma o que já se sabia antes dele, e será reafirmado depois: não há, no Brasil, grupo racial qua grupo. A diferença, é que, existindo o grupo para os outros, ainda que não para si, torna-se objeto de discriminação, mas não solidariedade que possam fortalecê-lo na luta contra o preconceito.

O objeto teorizado por Oracy Nogueira é justamente essa complexa constelação de “preconceitos baseados em marcas” (1998), afastados de origens geográficas ou culturais, resguardados por ideologias “assimilacionistas”, que impedem o cultivo de diferenças identitárias pelos setores já discriminados. Muitos desses decadentes foram carreados a cargos burocráticos, quando não, a ofícios manuais, considerados menos prestigiosos na localidade. As violações ao “intra-casamento” alimentaram as formas em que se dá a miscigenação. Neste caso foram recolhidos casos frequentes de “uniões pré-maritais” – duradouras ou ocasionais – de homens brancos de projeção, com “mulheres de cor”, prática que chegou até as primeiras décadas deste século. Isso, em detrimento da salvaguarda das famílias brancas, que detinham status social superior e concentravam poder econômico e político. Mestiços resultantes dessas uniões ostentando alguns deles nome de família tradicional, quando instruídos e dotados de traços negroides pouco acentuados, beneficiaram-se desse conjunto de circunstâncias para atingir posto em atividades menos desvalorizadas, podendo até conquistar destaque político.

De qualquer modo, no entanto, o apelo a atitudes e práticas simulatórias, dissimulatórias ou elusivas, correntes na localidade, indicavam o mal-estar provocado por tais fatos sociais, em razão do preconceito aí vigente. Servem de exemplos: o uso de termos imprecisos, como “pardo”, “mestiço” para designações mais embaraçosas; e a dissimulação social em reconhecer o status social como de negros (as), a despeito dos traços étnicos denunciadores, identificados pelo pesquisador, fotografia(s) de pessoa(s) socialmente aceita(s) como integrante(s) do segmento branco. Oracy Nogueira rememora que outro recurso esclarecedor da chamada resistência local às oportunidades, acessíveis a negros e negroides, encontram-se no paralelo entre a efetiva ascensão social no quadro de estrangeiros (principalmente italianos), portadores de conhecimentos técnicos, e a de negros e seus mestiços, mesmo quando, porventura, também portadores desses conhecimentos. A estes últimos o casamento com brancas representou sempre condição indispensável, mas não àqueles outros. Aposentado o etnólogo ainda escreveria, entre outras coisas, a expressiva Introdução a seu livro Tanto preto quanto branco (1985), que reedita seus artigos sobre relações raciais e a original biografia Negro Político, Político Negro (1992) misturando ficção à pesquisa sociológica na narrativa da trajetória pessoal Dr. Alfredo Casemiro da Rocha, prefeito de Cunha na República Velha, caso singular de ascensão social de um homem negro no Brasil. É recém-saído do regime escravocrata e o objeto de estudo de Oracy Nogueira neste livro, que alia reflexão sociológica a relato biográfico ao analisar a vida desse médico negro que teve intensa atividade política no interior de São Paulo e chegou inclusive a ocupar cadeira de Senador da República.

O problema geracional se torna um problema de existência de um tempo interior não mensurável e que só pode ser apreendido qualitativamente. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas diferentes em relação a um mesmo problema dado. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades sociais nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo meio social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Estes, de acordo com Mannheim, foram produtos específicos - capazes de produzir mudanças sociais - da colisão entre o tempo biográfico e o tempo histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de mudanças sociais. Em outras palavras: o que forma uma geração não é uma data de nascimento comum - a “demarcação geracional” é algo apenas potencial - mas é a parte do processo histórico que jovens da mesma idade-classe de fato compartilham em vista do vínculo com a geração atual. Interessante notar comparativamente que também neste período se dava o importante capítulo brasileiro na vida de Fernand Braudel (1902-1985), iniciado em 1935, quando o historiador aceitou um repentino convite aetivo para se incorporar à Missão Francesa que, a partir de 1934, ajudou a fundar e construir a nossa extraordinária Universidade de São Paulo.

Esta permanência no Brasil, que se prolongou por três anos consecutivos, e que se repetirá por sete meses em 1947, foi, contudo, apenas o ponto de partida de uma relação social e uma experiência mais geral que Braudel entabulará com a América Latina, e que absorverá parte considerável de sua atividade intelectual, de 1935 até aproximadamente os anos de 1953. Desse modo, o trabalho como Titular da cátedra de História das Civilizações da Universidade de São Paulo representa pari passu a origem de um interesse que Fernand Braudel desenvolverá com respeito à história social e à civilização latino-americanas. Culminará no fato de que uma parte substancial de sua atividade acadêmica e intelectual, desenvolvida entre 1946 e 1953, terá como parâmetro essa história e vida latino-americanas que, entre os anos de 1935 e 1953 estará voltado para seu interesse mediado em ambos os períodos por um terceiro, cujo centro de gravidade será o tema global de seu Mediterrâneo (cf. Aguirre Rojas, 2003). Suas inquietações no plano intelectual e metodológico de pesquisa apresentam como fio condutor e boutade o estigma e suas consequências sociais, percebidos a partir de diversos ângulos, mas sua principal temática de investigação é de fato a questão racial. Vale lembrar que autor publicou em sua progênie, “Atitude Desfavorável de Alguns Anunciantes de São Paulo em Relação aos Empregados de Cor” (1942) e “Preconceito de Marca: As Relações Raciais em Itapetininga” (1955) e também “Negro político, político negro”, seu último trabalho. Eles versam sobre as distintas formas e condicionamentos sociais sobre os quais de constituem as manifestações de preconceito, aspecto que organiza o entendimento da questão racial brasileira. Após anos de estudos e pesquisas de Oracy Nogueira chegou-se à conclusão que o estilo de racismo à brasileira caracteriza-se pelo “preconceito de marca”.

Assim, o preconceito de marca se estabeleceria em relação às aparências. Quando toma por pretexto para as suas manifestações de vida, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gostos, o sotaque, caracterizando a marca. Mas basta a suposição de que o indivíduo descende de grupo étnico, para que supra as consequências do preconceito: diz-se que é de origem. O impacto desses estudos foi assimilado de modo traumático porque havia na ideologia brasileira e na academia, como ambiente cultural, certo compromisso com a tese sociológica da democracia racial. Com os trabalhos de Roger Bastide e Florestan Fernandes, em “Negros e brancos em São Paulo”, é que foi revelada, por trás das relações, a realidade do preconceito racial de par em par com o preconceito de classe e, portanto, o preconceito racial constitutivo da sociabilidade na sociedade brasileira. Oracy Nogueira compreende que os estudos que tratam da “situação racial” brasileira, no que se refere ao negro (e ao mestiço de negro), podem ser divididos em três correntes: 1) a corrente afro-brasileira, a que deram impulso Nina Rodrigues (1862-1906) e Arthur Ramos, e os estudiosos que mais diretamente foram influenciados por ambos; e que, sob a influência de Herskovits, prossegue, sob uma forma renovada, com os trabalhos de René Ribeiro, Roger Bastide e outros, podendo ser caracterizada como aquela corrente que dá ênfase ao estudo do processo de aculturação, preocupada em determinar a contribuição das culturas africanas à formação da cultura brasileira; 2) a dos estudos históricos, em que se procura mostrar como ingressou o negro na sociedade brasileira, a receptividade que encontrou e o destino que nela tem tido, corrente esta de que Gilberto Freyre é o principal representante dentro e fora do Brasil; e 3) a que, sem desconhecer as duas perspectivas já mencionada, se orienta no sentido de desvendar as relações entre os componentes brancos e de cor seja qual for o grau de mestiçagem com o negro ou o índio da população brasileira.

Em termos metodológicos, não queremos perder de vista o estudo de comunidade, instrumento com que a Sociologia nasceu entre nós, largamente influenciada pelos desdobramentos da escola de Chicago, que fora enriquecido pela investigação histórica das relações entre brancos e negros durante a escravidão. Em termos interpretativos, porque Nogueira, desafiando as lições de Herbert Blumer e de seu mestre Donald Pierson (1900-1995), interpretava uma forma nova de preconceito racial, presente em sociedades como o Brasil, quando distinguem os dois tipos básicos de preconceito racial: - Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o “preconceito de raça” se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico para que sofra as consequências do preconceito, pois que é de origem histórica e socialmente determinada.

Em termos metodológicos, não queremos perder de vista o estudo de comunidade, instrumento com que a Sociologia nasceu entre nós, largamente influenciada pelos desdobramentos da escola de Chicago, que fora enriquecido pela investigação histórica das relações entre brancos e negros durante a escravidão. Em termos interpretativos, porque Nogueira, desafiando as lições de Herbert Blumer e de seu mestre Donald Pierson (1900-1995), interpretava uma forma nova de preconceito racial, presente em sociedades como o Brasil, quando distinguem os dois tipos básicos de preconceito racial: - Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o “preconceito de raça” se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico para que sofra as consequências do preconceito, pois que é de origem histórica e socialmente determinada.

O personagem brasileiro da Disney, Zé Carioca, está completando 80 anos, dia 24 de agosto de 2022! Milton Nascimento, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Gilberto Gil são algumas das personalidades importantes da cultura nacional que estão completando 80 anos em 2022. Mas um brasileiro muito querido e especial está também virando octogenário: Zé Carioca. Muito antes de o Louro José fazer sucesso com o público, esse papagaio, nascido no dia 24 de agosto de 1942 pelas mãos de Walt Disney (segundo divulgado, ele foi desenhado em um guardanapo no Copacabana Palace), já conquistava por seu carisma e, claro, sua malandragem. O primeiro aspecto, no plano de análise identifica a distinção entre preconceito de marca (“aparência”) e preconceito de origem (“ascendência”), que historicamente tem o intuito de qualificar a situação racial brasileira vis-à-vis aos condicionamentos históricos- raciais na sociedade norte-americana. Tratava-se de estabelecer uma crítica às análises que diferenciavam o preconceito racial brasileiro daquele das demais sociedades (em especial a norte-americana) apenas em termos de intensidade, sem qualificá-lo. Essa abordagem significou o ponto de partida de sua contribuição sociológica ao tema na medida em que o autor, ao analisar o preconceito, além de reconhecê-lo, situa-o como um problema central nos estudos das relações raciais no Brasil. Sua perspectiva acerca da sociedade norte-americana foi desenvolvida durante sua estadia naquele país, posteriormente à passagem de Gilberto Freyre na University of Columbia, entre os anos de 1945 e 1947, na Universidade de Chicago, para a realização do doutorado. Ele fornece relatos etnográficos de situações cotidianas que vivenciou nos Estados Unidos e cujo impacto social proporcionou o insight para a criação do quadro teórico-metodológico de referência para compreender a situação racial brasileira.

Os Estados Unidos e o Brasil constituem exemplos de dois tipos de “situações raciais”: um em que o preconceito racial é manifesto e insofismável e outro em que o próprio reconhecimento do preconceito tem dado margem a uma controvérsia de não se superar. O ponto central da reflexão de da sociologia de Oracy Nogueira é a permanência, o desenvolvimento e a especificidade do preconceito racial no Brasil, que ele chama de “preconceito de cor”, ou “preconceito de marca”. Preconceito que facilitou a integração e a ascensão social dos imigrantes europeus e retardou e impediu a ascensão dos negros. Primeiro, porque os brasileiros natos, seja no cotidiano, seja em sua ideologia política ou literária, sempre viram no imigrante branco um elemento de melhoramento ou a ideologia de branqueamento da raça. Segundo, “enquanto a ascensão de descendentes de imigrantes tanto se pode dar com o cruzamento como sem o cruzamento com descendentes de antigos colonizadores portugueses, a ascensão de elementos de cor ou pressupõe ou se faz acompanhar do cruzamento com elementos brancos, seja qual for a origem deles”. Em consequência, cada conquista do negro ou do mulato que logra vencer econômica, profissional ou intelectualmente tende a ser absorvida, em uma ou duas gerações, pelo grupo branco, através do branqueamento progressivo e da progressiva incorporação dos descendentes a esse grupo. O negro, a cada geração, teria, portanto, de começar, de novo, lutando contra o preconceito e sem a solidariedade de um grupo identitário. Sim, porque Oracy confirma o que já se sabia antes dele, e será reafirmado depois: não há, no Brasil, grupo racial qua grupo. A diferença, para Oracy, é que, existindo o grupo para os outros, ainda que não para si, torna-se objeto de discriminação, mas não cria laços de solidariedade que possam fortalecê-lo em sua luta contra o preconceito socialmente estabelecido.

O objeto teorizado por Oracy Nogueira é justamente essa complexa constelação de preconceitos baseados em marcas (1998), afastados de origens geográficas ou culturais, resguardados por ideologias “assimilacionistas”, que impedem o cultivo de diferenças identitárias pelos setores já discriminados. Muitos desses decadentes foram carreados a cargos burocráticos, quando não, a ofícios manuais, considerados menos prestigiosos na localidade. As violações ao “intra-casamento” alimentaram as formas em que se dá a miscigenação. Neste caso foram recolhidos casos frequentes de “uniões pré-maritais” – duradouras ou ocasionais – de homens brancos de projeção, com “mulheres de cor”, prática que chegou até as primeiras décadas deste século. Isso, em detrimento da salvaguarda das famílias brancas, que detinham status social superior e concentravam poder econômico e político. Mestiços resultantes dessas uniões, ostentando alguns deles nome de família tradicional, quando instruídos e dotados de traços negroides pouco acentuados, beneficiaram-se desse conjunto de circunstâncias para atingir posto em atividades menos desvalorizadas, podendo até conquistar destaque político. De qualquer modo, o apelo a atitudes e práticas simulatórias, dissimulatórias ou elusivas, indicavam o mal-estar por tais fatos, em razão do preconceito aí vigente.

Servem de exemplos: o uso corrente de termos imprecisos, como “pardo”, pelos militares e “mestiço”, mesmo que sobre este último o magnânimo antropólogo Darcy Ribeiro tenha escrito a respeito, e neste caso, para designações menos embaraçosas; e a dissimulação social em reconhecer o status social como de negros (as), a despeito dos traços étnicos denunciadores, identificados pelo pesquisador, fotografia(s) de pessoa(s) socialmente aceita(s) como integrante(s) do segmento branco. Oracy Nogueira rememora que outro recurso esclarecedor da chamada resistência local às oportunidades, acessíveis a negros e negroides, encontram-se no paralelo entre a efetiva ascensão social no quadro de estrangeiros (principalmente italianos), portadores de conhecimentos técnicos, e a de negros e seus mestiços, mesmo quando, porventura, também portadores desses conhecimentos. A estes últimos o casamento com brancas representou sempre condição indispensável, mas não àqueles outros. Aposentado o etnólogo escreveria a expressiva Introdução a seu livro Tanto preto quanto branco (1985), que reedita seus artigos sobre relações raciais e a original biografia Negro Político, Político Negro (1992) que mistura ficção à pesquisa histórica e sociológica na narrativa da trajetória pessoal e política do Dr. Alfredo Casemiro da Rocha, prefeito de Cunha na República Velha, caso singular de ascensão de um homem negro no Brasil recém-saído do regime escravocrata é o objeto de estudo de Oracy Nogueira neste livro, que alia reflexão sociológica a relato biográfico ao analisar a vida desse médico negro que teve intensa atividade política no interior de São Paulo e chegou inclusive a ocupar cadeira de Senador da República. 

A primeira canção de Lamartine Babo (Lalá) a ser gravada seria justamente uma marchinha para o carnaval de 1927, intitulada “Os Calças Largas”, que satirizava a moda masculina. O carnaval de 1927 no Rio de Janeiro teve um desfile de corso, “uma agremiação carnavalesca que desfilava com carros ornamentados pelas ruas da cidade”. O corso era uma brincadeira popular no Brasil no final do século XIX e início do século XX. Os foliões fantasiados jogavam confetes, serpentinas e lança-perfume nos ocupantes dos carros. O carnaval no Rio de Janeiro é historicamente uma festa popular que inclui blocos de rua, bailes e desfiles de escolas de samba. A ela se seguiram muitas outras, “eternizadas” nos bailes e blocos de rua, como “Linda Morena” e “A.E.I.O.U”, esta música em parceria com Noel Rosa (1910-1937). Noel de Medeiros Rosa foi um sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista brasileiro, um dos maiores e mais importantes artistas da música no Brasil. Teve contribuição fundamental na legitimação do samba de morro e no “asfalto”, ou seja, entre a classe média e o rádio, principal meio de comunicação de massa - fato de grande importância socialmente, não só para o samba, mas para a história da música popular brasileira. Morto prematuramente aos 26 anos em decorrência de tuberculose, deixou um conjunto de canções que se tornaram clássicas dentro do cancioneiro popular brasileiro. Mais tarde, em 2016 foi agraciado in memoriam com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil, na classe de grão-mestre. É uma ordem honorífica dada a personalidades brasileiras e estrangeiras como forma de reconhecer sociologicamente suas contribuições em caráter meritório à cultura do Brasil.

 Antropologicamente é uma cruz de Sant`Iago da Espada esmaltada de branco perfilada de ouro. No centro, um livro aberto lavrado de ouro sobre uma coroa de louros circundado pela legenda Ordem do Mérito Cultural. Simbolicamente encarna a faixa de gorgorão de seda chamalotada de púrpura, com insígnia pendente no laço. Placa com resplendor de ouro sob a insígnia. Fita média de gorgorão de seda chamalotada de púrpura, com a insígnia pendente no centro. Fita estreita de gorgorão de seda chamalotada de púrpura, com a insígnia pendente na extremidade da ponta. Em 1932, “O Teu Cabelo Não Nega”, em coautoria com os irmãos João e Raul Valença, causou rebuliço nos salões aristocráticos do clube do Fluminense. Apesar da execução por uma orquestra com 18 componentes, entre os quais Pixinguinha (1897-197) na flauta, os versos ousados chocaram boa parte da elite social, que, “escandalizada, abandonou de imediato o local”. A obra de Lalá gira em torno de 300 músicas. Entre as mais reconhecidas estão “No Rancho Fundo”, em parceria com Ary Barroso, de 1931, e “Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda”, composta com Francisco Mattoso, de 1942. Foi instituída pelo artigo 34 da lei nº 8.313 de 23 de dezembro de 1991 e pelo decreto nº 1.711 de 22 de novembro de 1995 pelo presidente FHC. A entrega das insígnias ocorre no dia 5 de novembro de cada ano, quando se comemora o Dia Nacional da Cultura.

O acervo inclui, ainda, composições criadas para as festas juninas, como “Chegou a Hora da Fogueira”, gravada em 1933 por Carmen Miranda e Mário Reis. No ano seguinte, o cantor gravaria outro hit da dança de quadrilha, chamado “Isto É Lá com Santo Antônio”. Ao longo da carreira autoral, Lamartine Babo escreveu, também, operetas e canções para o teatro de revista, além dos livros Pindaíba (1932) e Lamartiníadas (1939), e textos satíricos publicados nas revistas Dom Quixote, Para Todos e Shimmy. Quanto à atuação no rádio, que o celebrizou, a trajetória se iniciou em 1930, com o programa Casa dos Discos. A este se seguiram Clube da Meia-Noite, Clube dos Fantasmas e A Canção do Dia, entre outros, sendo o mais famoso de todos o Trem da Alegria, realizado entre 1943 e 1956 por um trio formado por Lalá, Yara Salles e Héber de Bôscoli. A presença maciça do público fazia com que as apresentações fossem realizadas sempre em teatros, como o João Caetano. Ali, em 10 de janeiro de 1944, quando Lamartine Babo completava 40 anos, ele executou pela primeira vez, numa só noite, os hinos de todos os participantes do campeonato estadual de 1943, com destaque para a popularidade carioca do clube de Regatas Flamengo, que se sagrou bicampeão carioca naquele ano. Além do rubro-negro, foram homenageados os times de futebol Bangu, Bonsucesso, Botafogo, Canto do Rio, o Fluminense, único hino composto em parceria, com Lírio Panicali (1906-1984), Madureira, São Cristóvão, Vasco e América.

Em 1759, com a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo Marquês de Pombal (1699-1782), as suas fazendas foram vendidas a centenas de novos sitiantes. A região passou a caracterizar-se pelas suas chácaras e, a partir do Século XX, passou a ser um bairro tipicamente urbano. Ainda assim, possui a terceira maior floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, plantada por determinação de dom Pedro II (1825-1891) na segunda metade do século XIX pelo major Archer em terras de café desapropriadas, para combater a falta de água que se instalara na então capital do império. Trata-se de uma floresta secundária, uma vez que é fruto de replantio, compreendendo espécies que não são nativas da mata atlântica, a cobertura vegetal original. Data de 1859 até 1866 o funcionamento pioneiro da primeira linha de transporte em veículos sobre trilhos no Rio de Janeiro, com tração animal, anterior ao bonde elétrico, ligando o Largo do Rocio (Praça Tiradentes) a um local perto do bairro da Usina, mais tarde reconhecido como Muda, cobrindo um trajeto de 7 km.  Nos Estados Unidos e na Europa, onde o processo de urbanização das cidades foi pioneiro, o subúrbio, foi e continua sendo o espaço destinado às elites e classes médias – uma espécie de refúgio contra os aglomerados urbanos insalubres e perigosos do período da industrialização. São bucólicos, ajardinados e de casas confortáveis.

O Parque Nacional da Tijuca é uma unidade de conservação de proteção integral da natureza localizada na cidade do Rio de Janeiro. Entre os pontos turísticos do parque, trilhas, grutas e cachoeiras, encontram-se marcos famosos da cidade, como a Pedra da Gávea, o Corcovado, e o Pico da Tijuca, ponto mais alto do parque, elevando-se 1 022 metros acima do nível do mar. Com relevo montanhoso, inclui áreas do Maciço da Tijuca. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A área é composta por vegetação secundária, uma vez que é fruto de um reflorestamento promovido à época do Segundo Reinado, quando se tornou patente que o desmatamento causado pelas fazendas de café estava prejudicando o abastecimento de água potável da então capital do Império. Vivem, no parque, mais de 230 espécies de animais e aves: entre eles, macaco-prego, quati, cutia, cachorro-do-mato, sagui, beija-flor e sabiá. O parque, que possui 3 972 hectares, é a quarta maior área verde urbana do país, superada apenas pelo Parque Estadual da Cantareira (7 916,52 hectares), da Reserva Floresta Adolfo Ducke (10 mil hectares) em Manaus e do Parque Estadual da Pedra Branca (12 500 hectares). Entertanto, a Tijuca é um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Está entre os bairros mais antigos, tradicionais e populosos da capital fluminense.

Seu índice de qualidade de vida, no ano 2000, era de 0,887, o 18º melhor do município, dentre 126 bairros avaliados, considerado alto. Segundo dados estatísticos estimados de 2019, possui 182.366 habitantes, sendo o maior da Zona Norte. No peer ranking de bairros mais valorizados economicamente do município, a Tijuca ocupa a 22ª posição estatisticamente, em dados de outubro de 2022 e o bairro possui uma população de classe média e média-alta. Tijuca é um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Está entre os bairros mais antigos, tradicionais e populosos da capital fluminense. O Índice de Progresso Social (IPS) é uma metodologia que avalia a qualidade de vida da população no Brasil de forma multidimensional. No ranking IPS da Prefeitura do Rio de Janeiro, a região administrativa da Tijuca onde se localiza o bairro da Tijuca conta com índices de 79.5 para IPS; 85.8 para necessidades humanas básicas; 70.6 para fundamentos do bem-estar; e 82.1 para oportunidades, todos acima da média do município. Logo após a vitória dos portugueses sobre os franceses no episódio da França Antártica, em 1565, comparativamente, a região do atual bairro da Tijuca foi ocupada pelos padres jesuítas, que, nela, instalaram imensas fazendas dedicadas ao cultivo da cana-de-açúcar, uma capela a São Francisco Xavier que deu o nome à fazenda dos jesuítas do Centro da cidade carioca: a saber: Fazenda de São Francisco Xavier. 

Até o início do século XX, essa acepção de subúrbio também se aplicava ao Rio de Janeiro; onde o subúrbio era o local de nobreza – não tão refinada como Botafogo ou o Engenho Velho, que eram bairros da aristocracia –, mas com serviços voltados a essa classe, que também se dirigiam para lá com fins de descanso. Foi a partir da reforma urbana do prefeito Pereira Passos (1836-1913), em 1903, que o conceito de subúrbio “ganhou contornos mais ideológicos e pejorativos no contexto do Rio de Janeiro”. Com a implantação de uma nova ordem urbana no Centro da futura metrópole, associada também à expansão do mercado imobiliário para as classes sociais altas à beira-mar, o proletariado do Centro foi “expulso” para os subúrbios, que passaram a ser vistos como locais estratégicos de escoamento dessa população marginalizada para bem longe do Centro “civilizado”. Como não houve uma política de moralização da classe trabalhadora nesse processo, o que favoreceu a emergência do caráter pejorativo que o termo “subúrbio” emana no cenário carioca. Com base no conceito pejorativo de subúrbio, como remetente à ideia de locais habitados por classes socioeconômicas menos privilegiadas, pode-se inferir que a Tijuca e entorno, em termos históricos, geográficos e especialmente ideológicos, não pode ser considerada um subúrbio da cidade, mesmo fazendo parte da Zona Norte, onde se localiza grande parte dos originais trilhos urbanos para delimitação dos subúrbios. Originalmente aristocrática, a Tijuca é um bairro valorizado do Rio de Janeiro, berço de famílias tradicionais e de uma classe média com bom poder aquisitivo, mesmo com o êxodo das décadas de 1980 e 1990.

O bairro passou 20 anos “adormecido”, devido ao processo social de favelização, que acabou sendo maior que no restante da cidade por questões geográficas; no início da última década o bairro apresentou forte valorização imobiliária devido a melhorias estruturais oriundas do poder público. Em 23 de agosto de 1985, o decreto 5.280 definiu os atuais limites do bairro. Rio de Janeiro, ou simplesmente referido como “Rio”, é um município brasileiro, capital do estado homônimo, situado no Sudeste do país. Um dos maiores destinos turísticos internacionais no Brasil, na América Latina e também do Hemisfério Sul. A capital fluminense é a cidade brasileira mais conhecida no exterior, funcionando como um espelho, ou “retrato nacional”, seja positiva ou negativamente. É a segunda maior metrópole do Brasil, depois de São Paulo, a sétima maior da América e a décima oitava do mundo. Sua população segundo o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística era 6 211 223 habitantes. Tem o epíteto herdado do realismo mágico de Cidade Maravilhosa, e os que nela nascem são chamados cariocas. Classificada como uma metrópole, exerce influência nacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político brasileiros, e é um dos principais centros econômicos, culturais e financeiros do país, sendo internacionalmente conhecida por diversos ícones culturais e paisagísticos, como o Pão de Açúcar, o morro do Corcovado com a estátua do Cristo Redentor, as praias dos bairros de Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca, entre outras; os estádios do Maracanã e Nilton Santos; o bairro boêmio da Lapa e seus arcos; o Theatro Municipal do Rio de Janeiro; as florestas da Tijuca e da Pedra Branca; a Quinta da Boa Vista; a Biblioteca Nacional; a fabulosa ilha de Paquetá, na baía da Guanabara; o réveillon de Copacabana; o carnaval carioca; a Bossa Nova e o samba. Parte da cidade foi designada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1° de julho de 2012.

Representa o segundo maior PIB do país e o 30º maior do mundo, estimado em cerca de 354,981 bilhões de reais (cf. IBGE/2023), e é sede das duas maiores empresas brasileiras — a Petrobras e a Vale, e das principais companhias de petróleo e telefonia do Brasil, além do maior conglomerado de empresas de mídia e comunicações da América Latina, o Grupo Globo. Contemplado por grande número de universidades e institutos, é o segundo maior polo de pesquisa e desenvolvimento do Brasil, responsável por 19% da produção científica nacional, segundo dados de 2005. Rio de Janeiro é considerada uma cidade global beta — pelo inventário de 2008 da Universidade de Loughborough. A cidade foi, sucessivamente, capital da colônia portuguesa do Estado do Brasil (1763–1815), depois do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815–1822), do Império do Brasil (1822–1889) e da República dos Estados Unidos do Brasil (1889–1968) até 1960, quando a sede do governo foi transferida definitivamente para a recém-construída Brasília. Naquele ano, o Rio foi transformado em uma cidade-estado com o nome de Guanabara e, somente em 1975, torna-se a capital do Rio de Janeiro.

Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa na pena de Émile Durkheim, como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto. A atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, não sem razão, com a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases.  

Os únicos agrupamentos dotados de permanência são os que se chamam sindicatos, seja de patrões, seja de operários. Historicamente, temos aí in statu nascendi o começo e o princípio ético de uma organização profissional, mas ainda de forma rudimentar. Isto porque, em primeiro lugar, um sindicato é uma associação privada, sem autoridade legal, desprovida, por conseguinte, de qualquer poder regulamentador. O número deles é teoricamente ilimitado, mesmo no interior de uma categoria industrial; e, como cada um é independente dos outros, se não se constituem em federação e se unificam, não há neles nada que exprima a unidade da profissão em seu conjunto de práticas e saberes sociais. Não só os sindicatos de patrões e de empregados são distintos uns dos outros, o que é legítimo e necessário, como não há entre eles contatos regulares. Não existe organização comum que os aproxime sem fazê-los perder sua individualidade e na qual possam elaborar em comum uma regulamentação que, estabelecendo suas relações mútuas, imponha-se a ambas as partes com a mesma autoridade; por conseguinte, é sempre a “lei dos mais forte” que resolve os conflitos, e o estado de guerra subiste inteiro. Salvo no caso de seus atos pertencentes à esfera moral comum estão na mesma situação. A tese sociológica é a seguinte: para que uma moral e um direito profissionais possam se estabelecer nas diferentes profissões, é necessário, pois, que a corporação, em vez de permanecer um agregado confuso e sem unidade, se torne, ou antes, volte a ser, um grupo definido, organizado, uma instituição pública qualquer.

A primeira observação familiar da crítica de Émile Durkheim, é que a corporação tem contra si seu próprio passado histórico. De fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime político e, por conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que permite considerar as corporações uma organização temporária, boa apenas para uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da organização legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio, pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde, pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, sua quantidade tornara-se considerável e elas começavam a desempenhar um papel. Nesse momento afirma J.-P Waltzing (1857-1929), “todas as classes de trabalhadores parecem possuídas pelo desejo de multiplicar as associações profissionais” (Apud Durkheim, 2010).  

Mas o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se “verdadeiras engrenagens da administração” (cf. Altbach, 2004). Desempenhavam funções oficiais; cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam, para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim, os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia, nas cidades de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram mais tarde os economistas, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, não tinham mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem dúvida teria tratado de retrógrada e irrealizável toda tentativa de reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam uma tal profecia. De fato, após um “eclipse da razão” de algum tempo caminhando para os nossos dias, as corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias.

Elas renasceram por volta dos séculos XI e XII. Desde esse momento, diz Emile Levasseur, “os artesãos começam a sentir a necessidade de se unir e formam suas primeiras associações”.  Em todo caso, no século XII, elas estão outra vez florescentes e se desenvolvem até o dia em que começa para elas uma nova decadência. Uma instituição tão persistente assim não poderia depender de uma particularidade contingente e acidental; muito menos ainda é possível admitir que tenha sido o produto de não sei que “aberração coletiva”. Se, desde a origem da cidade até o apogeu do Império, desde o alvorecer das sociedades cristãs aos tempos modernos, elas foram necessárias, é porque correspondem a necessidades duradouras e profundas. Sobretudo, vale lembrar que o próprio fato de que, depois de terem desaparecido uma primeira vez, reconstituíram-se por si mesmas e sob uma nova forma, retira todo e qualquer valor ao argumento que apresenta sua desaparição violenta no fim do século passado como uma prova de que não estão mais em harmonia com as novas condições de existência coletiva. A necessidade que todas as grandes sociedades civilizadas sentem de chamá-las de volta à vida é o mais seguro sintoma evidente dessa supressão radical não era um remédio e de que a reforma de Jacques Turgot (172701781) requeria outra que não poderia ser indefinidamente adiada. Mas nem toda organização corporativa é um anacronismo histórico. Acreditamos que ela seria chamada a desempenhar, nas sociedades contemporâneas, menos pelo papel considerável que julgamos indispensável, por causa não dos serviços econômicos que ela poderia prestar, mas da influência moral que poderia ter.  O que vemos antes de mais nada no grupo profissional é um poder moral capaz de conter os egoísmos individuais, de manter no coração dos trabalhadores um sentimento vivo de solidariedade comum, de impedir que a “lei do mais forte” se aplique de maneira brutal nas relações industriais e comerciais. 

Mas é preciso evitar estender a todo regime corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Longe de ser atingido por uma sorte de enfermidade moral devida à sua própria constituição, foi sobretudo um papel moral que ele representou e continua representando ainda, na maior parte de sua história. Isso é particularmente evidente no caso das corporações romanas. Sem dúvida, a associação lhes dava mais forças para salvaguardar, se necessário, seus interesses comuns. Mas era isso apenas um dos contragolpes úteis que a instituição produzia, lembra Durkheim: “não era sua razão de ser, sua função principal. Antes de mais nada, a corporação era um colégio religioso”. Cada uma tinha seu deus particular, cujo culto quando ela tinha meios, era celebrado num templo especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar familiaris, cada cidade seu Genius publicus, cada colégio tinha seu “deus tutelar”, Genius collegi. Naturalmente, o culto profissionalmente não se realizava sem festas, que ipso facto eram celebradas em comum sem sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões, além disso, distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e alcance é que esses banquetes, mais ou menos periódicos, e as distribuições que os acompanharam serviam de auxílios e faziam não raro as vezes de uma assistência direta. Os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção dissimulada. Como corolário do caráter religioso, o colégio de artesãos era, ao mesmo tempo, um colégio funerário. Unidos, como gentiles, num mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, como eles, dormir juntos seu derradeiro sono. 

A importância tão considerável que a religião tinha em sua vida, tanto em Roma quanto na Idade Média, põe particularmente em evidência a verdadeira natureza de suas funções; porque toda comunidade religiosa constituía, então, um ambiente moral, do mesmo modo que toda disciplina moral tendia necessariamente a adquirir uma forma religiosa. A partir do instante em que, no seio de uma sociedade política, certo número de indivíduos tem em comum ideias, interesses, sentimentos, ocupações que o resto da população não partilha com eles, é inevitável que, sob a influência dessas similitudes eles sejam atraídos uns para os outros, que se procurem, teçam relações, se associem e que se forme assim, pouco a pouco, um grupo restrito, com sua fisionomia especial da sociedade em geral. Porque é impossível que homens vivam juntos, estejam regularmente em contato, sem adquirirem o sentimento do todo que formam por sua união, sem que se apeguem a esse todo, se preocupem com seus interesses e o levem em conta em sua conduta. Enfim, basta que esse sentimento se precise e se determine, que, aplicando-se às circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se traduza em fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em via de se constituir. Ao mesmo tempo que se produz por si mesmo e pela força das coisas, esse resultado é útil e o sentimento de sua utilidade contribui para confirma-lo. A vida em comum é atraente, ao mesmo tempo que coercitiva. Para o ponto de vista conservantista do método analítico durkheimiano, a coerção é necessária para levar o homem a se superar, a acrescentar à sua natureza física outra natureza; mas, à medida que aprende a apreciar os encantos dessa nova existência, ele contrai a sua necessidade e não há ordem de atividade que não os busque com paixão.

A moral doméstica não se formou de outro modo. Por causa do prestígio que a família conserva ante nossos olhos, parece-nos que, se e ela foi e é sempre uma escola de dedicação e de abnegação, o foco por excelência da moralidade, é em virtude de características bastante particulares que teria o privilégio e que não se encontrariam em ouro lugar em nenhum grau. Costuma-se crer que exista na consanguinidade uma causa excepcionalmente poderosa de aproximação moral. A prova está em que, num sem-número de sociedades, os não-consanguíneos são muitos no seio da família; o parentesco dito artificial se contrai então com grande facilidade e exerce todos os efeitos do parentesco natural. Inversamente, acontece com grande frequência consanguíneos bem próximos serem, moral ou juridicamente, estranhos uns aos outros; é, por exemplo, o caso dos cognatos na família romana. Portanto, a família não deve suas virtudes à unidade de descendência: ela é, simplesmente, um grupo de indivíduos que foram aproximados uns dos outros, no seio da sociedade política, por uma comunidade mais particularmente estreita de ideias, sentimentos e interesses. A consanguinidade pode ter facilitado essa concentração, pois ela tem por efeito natural inclinar as consciências umas em relação às outras. Outros fatores intervieram: a proximidade material, a solidariedade de interesses, a necessidade de união contra um perigo comum, ou simplesmente de se unir, foram causas muito mais poderosas de comunicação social no processo produtivo. 

Mas, para dissipar todas as prevenções, adverte Durkheim, para mostrar bem que o sistema corporativo não é apenas uma instituição do passado, seria necessário mostrar que transformações ele deve e pode sofrer para se adaptar às sociedades modernas, pois é evidente que ele não pode ser o que era na Idade Média. Para tanto, seriam necessários estudos comparativos que não estão feitos e que não podemos fazer de passagem. Talvez, porém, não seja impossível perceber desde já, mas apenas em suas linhas mais gerais, o que foi esse desenvolvimento. O historiador que empreende resolver em seus elementos a organização política dos romanos não encontra, no decurso de sua análise, nenhum fato que possa adverti-lo da existência das corporações. Elas não entravam na constituição romana, na qualidade de unidades definidas e reconhecidas. Em nenhuma das assembleias eleitorais, em nenhuma das reuniões do exército, os artesãos se reuniam por colégios, em parte alguma o grupo profissional tomava parte, como tal, na vida pública, seja em corpo, seja por intermédio de representantes regulares. No máximo, a questão pode se colocar a propósito de três ou quatro colégios que se imaginou poder identificar com algumas das centúrias constituídas por Sérvio Túlio, a saber: tignari (construtores de casas), aerari (corporação clerical), tibicines (monumento funerário), corporações cornicínes (pizza enrolada), mas o fato não está bem estabelecido.

Quanto às outras corporações, estavam certamente fora da organização oficial do povo romano. Ora, por muito tempo os ofícios não foram mais do que uma forma acessória e secundária da atividade social dos romanos. Roma era essencialmente uma sociedade agrícola e guerreira. No primeiro era dividida em gentes e em cúrias; a assembleia por centúrias refletia antes a organização militar. Quanto às funções industriais, eram demasiado rudimentares para afetar a estrutura política da cidade. Aliás, até um momento bem avançado da história romana, os ofícios permaneceram marcados por um descrédito moral que não lhes permitia ocupar uma posição regular no Estado. Sem dúvida, veio um tempo em que sua condição social melhorou. Mas a própria maneira como foi obtida essa melhora é significativa. Para conseguir fazer respeitar seus interesses e desempenhar um papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a procedimentos irregulares e extralegais. Só triunfaram sobre o desprezo de que eram objeto por meios de intrigas, complôs, agitação clandestina. E, se, mais tarde, acabaram sendo integrados ao Estado para se tornar engrenagens da máquina administrativa, essa situação como foi, para eles, uma conquista gloriosa, mas uma penosa dependência; se entraram então no Estado, não foi para nele ocupar a posição a que seus serviços sociais podiam lhes dar direito, mas simplesmente para poder ser mais bem vigiados pelo poder governamental.

Quando as cidades se emanciparam da tutela senhorial, quando a comuna se formou, o corpo de ofícios, que antecipara e preparara esse movimento, tornou-se a base da constituição comunal. De fato, segundo J.-P Waltzing, “em quase todas as comunas, o sistema político e a eleição dos magistrados baseiam-se na divisão dos cidadãos em corpos de ofícios”. Era costumeiro votar-se por corpos de ofícios e elegiam-se ao mesmo tempo os chefes da corporação e os da comuna. – Em Amiens, por exemplo, os artesãos se reuniam todos os anos para eleger os prefeitos de cada corporação ou bandeira (bannière); os prefeitos eleitos nomeavam em seguida doze escabinos, que nomeavam outros doze, e o escabinato apresentava, por sua vez, aos prefeitos das bandeiras três pessoas, dentre as quais eles escolhiam o prefeito da comuna... Em algumas cidades, o modo de eleição era ainda mais complicado, mas, em todas, a organização política e municipal era intimamente ligada á organização do trabalho. Inversamente, assim como a comuna era um agregado de corpos de ofícios, o corpo de ofício era uma comuna em miniatura, pelo próprio fato de que fora o modelo do qual a instituição comunal era a forma ampliada e desenvolvida. Queremos dizer com isso, que sabemos o que a comuna foi na história de nossas sociedades, de que se tornou, com o tempo, a pedra angular. Ipso facto, já que era uma reunião de corporações e que se formou com base no tipo da corporação, foi esta em última análise, que serviu de base a todo o sistema político oriundo do movimento comunal. Vê-se que, em sua trajetória, ela cresceu singularmente em importância e dignidade. Em Roma, começou estando quase fora dos contextos normais, ela serviu de marco elementar para sociedades contemporâneas. É um motivo para que recusemos a considera-la uma instituição arcaica, destinada a desaparecer.

A obra do sociólogo não é a do homem público, assevera Émile Durkheim. O que a experiência do passado demonstra, antes de mais nada, é que os marcos do grupo profissional devem guardar sempre uma relação com os marcos da vida econômica; foi por ter faltado com essa condição que o regime corporativo desapareceu. Portanto, já que o mercado, de municipal que era, tornou-se nacional e internacional, a corporação deve adquirir a mesma extensão. Em vez de ser limitada apenas aos artesãos de uma cidade, ela deve ampliar-se, de maneira a compreender todo os membros da profissão, dispersos em toda a extensão do território, porque, qualquer que seja a região em que se encontram, quer no campo, todos são solidários uns com os outros e participam da vida comum. Já que essa vida comum é, sob certos aspectos, independentemente de qualquer determinação territorial, tem que ser criado um órgão apropriado, que a exprima e regularize seu funcionamento. Por causa de suas dimensões sociais, tal órgão estaria necessariamente em contato relacional com o órgão central da vida coletiva, pois os acontecimentos importantes o bastante para envolverem toda uma categoria de empresas industriais num país tem necessariamente repercussões bastante gerais, que o Estado não pode sentir, o que o leva a intervir. Não foi sem fundamento que o poder real tendeu indistintamente a não deixar fora de sua ação a grande indústria. Era impossível que ele se desinteressasse por uma forma de atividade que por sua natureza, é capaz de afetar o conjunto da sociedade. Essa organização unitária para o conjunto de um mesmo país não exclui, de modo algum, a formação de órgãos secundários, que compreendam os trabalhadores similares de uma mesma região ou localidade, e cujo papel seria especializar ainda mais a regulamentação profissional segundo as necessidades locais ou regionais. A vida econômica poderia ser regulada e determinada, sem nada perder de sua diversidade. Por isso mesmo, o regime corporativo seria protegido contra essa propensão ao imobilismo, que lhe foi frequente e justamente criticada no passado, porque é um defeito que resultava do caráter estreitamente comunal da corporação.

Bibliografia Geral Consultada.         

SCHWARCZ, Lilia Moritz, “Complexo de Zé Carioca: Notas Sobre uma Identidade Mestiça e Malandra”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, Vol. 10, n° 29, out. de 1995; NOLASCO, Sócrates, O Mito da Masculinidade. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1995; CORRÊA, Mariza, “Sobre a Invenção da Mulata”. In: Cadernos Pagu (6-7) 1996: pp.35-50; DA MATTA, Roberto, Carnavais, Malandros e Heróis: Para uma Sociologia do Dilema Brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1997; CERTEAU, Michel, L`Invenzione del Quotidiano. Roma: Edizione Lavoro, 2000; FENERICK, José Adriano, Nem do Morro, Nem da Cidade: As Transformações do Samba e a Indústria Cultural (1920-1940). Tese de Doutorado em História Econômica. São Paulo: Universidade Estadual de São Paulo, 2002; HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence (Org.), A Invenção das Tradições. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2008; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; WEISS, Raquel Andrade, Émile Durkheim e a Fundamentação Social da Moralidade. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010; ERICEIRA, Ronald Clay dos Santos, A Mulher é a Tal: Visões de Compositores de Marchinhas Carnavalescas sobre as Mulheres no Rio de Janeiro dos Anos de 1930 e 1940. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social. Instituto de Psicologia. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2010; OSTOS, Natascha Stefania Carvalho, “Terra Adorada, Mãe gentil: l’Image de la Nature et du Féminin dans la Construction de l’Idée de Brésil-nation (1930-1945)”. In: Cahiers des Amériques Latines, 82; 2016, 155-170; TIBURI, Márcia, Complexo de Vira-lata: Análise da Humilhação Colonial. Rio de Janeiro: Editor José Olympio, 2021; CAMARGO, Claudia Regina, Literatura e Hipertexto: A Não Linearidade e a Formação do (Hiper)leitor. Tese de Doutorado. Programa de Doutorado em Teoria Literária. Curitiba: Centro Universitário Campos de Andrade, 2023; MIQUELUTTI, Guilherme, “Lamartine Babo, Mário Reis, Isaurinha Garcia”. In: https://www12.senado.leg.br/radio/2025/01/31entre outros.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Maria Lata d`Água - Conversão & Nudez da Memória do Carnaval.

                                                                                                     Ubiracy de Souza Braga

  Eu prefiro Maria lata d’água, para a conversão de muitos”. Maria Mercedes Duarte

                     
             Nascida em Minas Gerais, Maria Mercedes Duarte, seu nome de batismo, mais  reconhecida como Maria Lata D`Água, mudou para o Rio de Janeiro aos 11 anos de idade e se tornou um dos destaques do carnaval carioca. Foi passista em diversas escolas, desfilou por 45 anos na Rua Marquês de Sapucaí e é a mulher que inspirou a marchinha “Lata d’água na cabeça”, de Luís Antonio e Candeias Júnior.  Começou no carnaval carioca em 1949, desfilando pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, frequentemente referida apenas como Salgueiro, é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. Originária do Morro do Salgueiro, é sediada na Rua Silva Teles, nº 104, no bairro do Andaraí, onde funciona a Vila Olímpica do Salgueiro. Foi fundada em 5 de março de 1953, a partir da fusão de duas escolas de samba do Morro do Salgueiro, a “Depois Eu Digo” e a “Azul e Branco”. Azul e Branco foi uma tradicional escola do Rio de Janeiro, situada no Morro do Salgueiro.  A agremiação foi campeã do concurso oficial de escolas de samba (1933). O enredo “Triunfo ao samba”, não obteve classificação tanto no desfile oficial, quanto no desfile extraoficial.
          Também não foi julgada em 1935, quando desfilou com o enredo “Uma manhã no Salgueiro, o berço do samba”. Em 1953, fundiu-se com a escola Depois eu Digo, da mesma localidade, para fundar o Acadêmicos do Salgueiro. - “Passei minha infância no Arraial de Baixo aqui em Diamantina, aos sete anos eu já carregar água na cabeça, não tinha encanada, aos 13 anos sai de casa fui tentar a vida no Rio, de diversas formas. Um dia me convidaram para trabalhar num circo, em Nova Iguaçu (RJ), para encher linguiça até os grandes artistas chegarem, mas eles não chegaram. O circo estava cheio e o patrão não sabia o que fazer. Disse que poderia dançar com uma lata d´água na cabeça. Não aceitaram inicialmente, mas com necessidade acabaram aceitando. No final, tudo deu certo”. Foi um sucesso, logo após foi convidada a participar no programa de televisão do Chacrinha, de grande repercussão e audiência nacional, consagrando-a definitivamente como Maria Lata D´água. Vieram os convites para desfilar no Carnaval, convidada a desfilar na Escola de Samba Salgueiro, que não aceitou que saísse com a lata na cabeça, mas foi a Portela, outra escola carioca que a manteve como passista, mas desta vez como a Maria Lata D´água, por 45 anos. Como passista participou de desfiles de escolas de samba de várias apresentações na Europa, onde viveu 30 anos, ao casar-se com um suíço, retornava ao seu país para o tão esperado desfile de carnaval. Começou a sua vida artística trabalhando em circo e boates, fazendo show com  as cantoras Marlene, Emilinha Borba e outros artistas.
             Do ponto de vista antropológico, o carnaval é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento social são suspensas. A letra da música foi escrita pelos compositores Luís Antonio e Jota Júnior, em 1952, mas reconhecida na voz da cantora Marlene, narra a história social de Maria Mercedes Chaves Roy. Nascida em Diamantina, em Minas Gerais, a menina, que chegou a capital fluminense aos 11 anos de idade, viveu nas ruas dos 13 aos 16 anos e foi prostituta até os 33. Ícone do Carnaval carioca, Maria sambou pela primeira vez com uma lata d'água na cabeça aos 18 anos. – “Saía dançando na avenida apenas nas pontas dos dedos. Ajoelhava e sentava no chão, esticava as pernas sentava nos pés, como uma bailarina, equilibrando a lata apenas com o pescoço. Não deixava cair nenhuma gota de água para fora!”. Foram ao todo 45 anos de desfiles na Avenida Marquês de Sapucaí por inúmeras escolas, entre elas Salgueiro, Portela, Estácio de Sá, Padre Miguel e Beija-Flor.
Marlene, nome artístico de Victória Bonaiutti de Martino (1922-2014), foi uma cantora e atriz brasileira, reconhecida como a Artista mais Artista das Artistas do Brasil. Tendo gravado mais de quatro mil canções em sua carreira, Marlene foi um dos maiores mitos do rádio brasileiro em sua época de ouro. 
         Sua popularidade nacional também resultou em convites para o cinema, onde fez onze filmes depois de Corações sem Piloto, de 1944 e para o teatro onde trabalhou em cinco peças após Depois do Casamento, em 1952, tendo também trabalhado em cinco revistas depois de Deixa Que Eu Chuto (1950). Suas atividades internacionais incluíam turnês pelo Uruguai, Argentina, Estados Unidos da América, onde se apresentou no Waldorf-Astoria Hotel e no Hilton Palmer House (Chicago). Na França apresentou-se por quatro meses e meio no Olympia em Paris, a convite de Édith Piaf, sendo a primeira cantora brasileira a pisar nesse palco sagrado da música. Compositora bissexta, teve seu samba-canção A Grande Verdade em parceria com Luís Bittencourt gravado por Dalva de Oliveira, em 1951. Nasceu e cresceu no bairro paulistano da Bela Vista, um reconhecido reduto de ítalo-brasileiros. Seus pais eram Vittorio Bonaiutti e Antonietta De Martino, ambos imigrantes italianos, e Victória era a mais nova de três filhas. Ela herdou o nome do pai, que morreu sete dias antes de seu nascimento. Sua mãe não se casou novamente, e criou sozinha as filhas, dando aulas de alfabetização no Instituto de Surdos e Mudos de São Paulo e como costureira. Devota da Igreja Batista, internou a filha mais nova no Colégio Batista Brasileiro, cujas mensalidades foram dispensadas em troca de serviços prestados ao colégio, como arrumação dos quartos. Marlene estudou ali dos nove aos quinze anos, destacando-se nas atividades esportivas, assim como no coro juvenil da igreja.
            Ao deixar o colégio, foi cursar contabilidade na Faculdade do Comércio, situada na Praça da Sé. Na mesma época, emprega-se como secretária, durante o dia, num escritório comercial. É quando começa a participar de uma federação de estudantes, recém formada, a qual passa a dispor de um espaço na Rádio Bandeirantes, a Hora dos Estudantes, programa em que seria cantora. Foi quando seus colegas estudantes, por eleição, escolheram seu nome artístico, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich. Em 1952, casou-se com o ator Luís Delfino, com quem contracena no filme Tudo Azul. Formaram o famoso “Casal 20”. Tiveram um programa intitulado: Marlene, Meu Bem, era um programa diferente, pois apesar de no começo ser um programa de rádio, já possuía cenários. Após um tempo o programa também a ser veiculado na TV Record, com grande sucesso. O casal adotou uma criança que lhes fora apresentada durante um programa na rádio Nacional, tudo televisionado pela TV Rio. Sérgio Henrique Bonaiutti dos Santos, o pequeno era noticiado como uma criança loira, de olhos azuis, parecia um príncipe, porém Marlene e Delfino nunca expuseram fotos da criança na mídia. Após onze anos de matrimônio, o casal se separou, o desquite foi muito comentando na época. Ainda na década de 1960, Marlene se casou novamente, mas com o empresário Paulo Barros. Sérgio Bonaiutti tem uma filha, chamada Ágatha Nogueira Bonaiutti.
        Victória acabou deixando o curso de contadora em segundo plano, priorizando sua atividade artística. Então, em 1940, ela estreou como profissional na Rádio Tupi de São Paulo. Tudo isto, contudo, fez escondida da família, que, por razões religiosas e sociais vigorantes na época, não poderia admitir uma incursão no mundo artístico. O nome artístico esconderia sua verdadeira identidade até ser descoberta faltando aulas por causa de seu expediente na rádio, o que resultou num castigo exemplar da parte de sua mãe. Mas ela já estava decidida a seguir carreira. Em 1942, foi contratada pelo Cassino Império, no Recife. Em 1943, partiu para o Rio de Janeiro, onde, após ser aprovada no teste com Vicente Paiva, passou a cantar no Cassino Icaraí, em Niterói. Ali permaneceu por dois meses até conhecer Carlos Machado, que a convidou para o Cassino da Urca, contratando-a como vocalista de sua orquestra. Em 1946, houve a proibição dos jogos de azar e o consequente fechamento dos cassinos por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. Marlene, então, mudou-se com a orquestra de Carlos Machado para a Boate Casablanca. Dois anos depois, tornou-se artista do Copacabana Palace a convite de Caribé da Rocha, que a promoveu de crooner a estrela da casa.
          Passou a atuar também na Rádio Mayrink Veiga e, no ano seguinte, na Rádio Globo. Nesse ínterim, já se tinha dado sua estreia no disco, pela Odeon, em meados de 1946, com as gravações dos sambas Suingue no morro (Amado Régis e Felisberto Martins) e Ginga, ginga, moreno (João de Deus e Hélio Nascimento). Mas foi no carnaval do ano seguinte que Marlene emplacou seu primeiro sucesso, a marchinha Coitadinho do papai (Henrique de Almeida e M. Garcez), em companhia dos Vocalistas Tropicais, campeã do concurso oficial de músicas carnavalescas da Prefeitura do Distrito Federal. E foi cantando esta música que ela estreou no programa César de Alencar, na Rádio Nacional, com grande sucesso, em 1948. Marlene se tornaria uma das maiores estrelas da emissora, recebendo de César, o slogan: “Ela que canta e dança diferente”. Ainda nesse ano, foi contratada pela gravadora Continental, estreando com os choros: Toca, Pedroca (Pedroca e Mário Morais) e Casadinhos (Luís Bittencourt e Tuiú), este cantado em duo com César de Alencar. Marlene esperou o fim de seu contrato com o Copacabana Palace para abandonar os espetáculos nas boates, dedicando-se ao rádio, aos discos e, e em sua trajetória artística, posteriormente, ao cinema e ao teatro.
         Em 1955, esteve na Argentina, gravando o filme: Adios Problemas. Porém Marlene não ficou parada no tempo. Na década de 1960, participou dos famosos festivais, teve música censurada (Pirambeira, de Hermínio Bello de Carvalho e Maurício Tapajós) e ela mesma foi censurada devido sua dança ter sido considerada sensual durante uma apresentação. Também apresentou programas musicais nas TV`s Rio e Record. Em 1968, o show Carnavália, ao lado de Nuno Roland, Blecaute e Eneida, foi sucesso de crítica e público no Teatro Casa Grande, relembrando aos desavisados, que Marlene era “a artista mais artista dos artistas”, como dizia José Messias. Em 1969, continuou a gravar compositores da nova geração, que resultou no show É a Maior, Milton Nascimento, Marcos Valle, Arthur Verocai (também assinava os arranjos e tocava guitarra), entre outros. Na década de 1970, participou de peças de teatro: Botequim, O Quarteto, Ópera do Malandro, além de antológicos shows como: Te Pego Pela Palavra. Em 1972, “puxou” o samba-enredo da escola de samba carioca Império Serrano, homenageando Carmen Miranda, foi a campeã do Carnaval. Participou também do famoso Projeto Pixinguinha, ao lado de João Bosco, Gonzaguinha, Carlinhos Vergueiro, Antônio Adolfo e Wanda Sá. Em 1977, apresentou o programa Levanta Poeira, na TV Globo, tendo com Leny Andrade, Emílio Santiago, Nara Leão, entre personalidades do mundo artístico e da música popular brasileira.
        Na Antiguidade, historicamente, os povos consideravam o inverno como um “reino de espíritos” que precisavam ser expulsos para que clima do verão voltasse. O carnaval, analogamente pode assim ser considerado como um rito de passagem da escuridão para a luz, do inverno ao verão: uma celebração de fertilidade, a primeira festa de primavera do Ano Novo. Entre os antigos egípcios havia as festas de Ísis e do boi Ápis; entre os hebreus, a festa das sortes; entre os gregos antigos, as bacanais; na Roma Antiga, as lupercais, as saturnais. Festins, músicas estridentes, danças, disfarces e licenciosidade formavam o fundo destes regozijos. Os gauleses tinham festas análogas, especialmente a grande festa do inverno que é marcada pelo adeus à carne e a partir dela se fazia um período de abstinência e jejum, como o seu próprio nome em latim “carnis levale” o indica. Outros estudiosos compreendem a origem do nome romano para a festa do “Navigium Isidis” (“navio de Isis”), onde a imagem de Ísis era levada à praia “para abençoar o início da temporada de velejamento”. O festival era um grande e caloroso desfile de máscaras que seguia um barco de madeira decorado, representando a origem dos carros alegóricos dos carnavais modernos e contemporâneo propriamente dito.


Emília Savana da Silva Borba, nasceu no Bairro da Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro em 31 de agosto de 1923. Era filha de Eugênio Jordão Borba e Edith da Silva Borba. Ainda menina e contrariando um pouco a vontade de sua mãe, apresentava-se em diversos programas de auditório e de calouros. Ganhou seu primeiro prêmio, aos 14 anos, na Hora Juvenil, da Rádio Cruzeiro do Sul. Cantou também no programa Calouros de Ary Barroso, obtendo a nota máxima ao interpretar “O X do Problema”, de Noel Rosa. Logo depois, começou a fazer parte dos coros das gravações da Columbia. Formou, na mesma época, uma dupla com Bidu Reis (Edila Luísa Reis), chamada As Moreninhas. A Dupla se apresentou em várias rádios, durante cerca de um ano e meio. Logo depois, a dupla gravou para a “Discoteca Infantil” um disco em 78 RPM com a música “A História da Baratinha”, numa adaptação de João de Barro. Desfeita a dupla, Emilinha passou a cantar sozinha e foi logo contratada pela Rádio Mayrink Veiga, recebendo de César Ladeira o slogan “Garota Grau Dez”. Em 1939, foi convidada por João de Barro para participar da gravação da marcha Pirulito cantada por Nilton Paz, sendo que no disco seu nome não foi creditado, apenas o do cantor. Em março do mesmo ano grava, pela Columbia e com o nome de Emília Borba, seu disco solo em 78 RPM, com Benedito Lacerda e seu conjunto, com o samba-choro: Faça o mesmo, de Antônio Nássara e Eratóstenes Frazão e o samba: Ninguém escapa de Eratóstenes Frazão. Também em 1939, foi levada por sua madrinha artística, a famosa Carmen Miranda, de quem sua mãe era camareira, para fazer um teste no Cassino da Urca (RJ). Por ser menor de idade resolveu alterar sua idade para alguns anos a mais. Além disso, Carmen Miranda emprestou-lhe um vestido e sapatos plataforma. Aprovada por Joaquim Rolla proprietário do Cassino da Urca, contratada, passou a se apresentar como “crooner”, tornando-se logo em seguida uma das principais atrações daquela casa de espetáculos. 

Ainda em 1939, atuou no filme Banana da Terra, de Alberto Bynton e Rui Costa. Esse filme contava com um grande elenco: Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Linda Batista, Almirante, Aloísio de Oliveira, Bando da Lua, Carlos Galhardo, Castro Barbosa, Oscarito e Virgínia Lane, a “Vedete do Brasil”. Em 1940, gravou com Radamés Gnattali e sua orquestra os sambas “O Cachorro da Lourinha” e “Meu Mulato Vai ao Morro”, da dupla Gomes Filho e Juraci Araújo. Nesse ano, apareceu nos filmes Laranja da China, de Rui Costa e Vamos Cantar, de Leo Marten. No ano seguinte, assinou contrato com a Odeon, gravadora onde sua irmã, a cantora Nena Robledo, casada com o compositor Peterpan já era contratada. Com o nome de Emilinha Borba, lançou os sambas “Quem Parte leva Saudades”, de Francisco Scarambone, e “Levanta José”, de Haroldo Lobo e Valdemar de Abreu. Gravou ainda um segundo disco na Odeon com o samba “O Fim da Festa”, de Nelson Teixeira e Nelson Trigueiro, e a marcha “Eu Tenho Um Cachorrinho”, de Georges Moran e Osvaldo Santiago. Em 1942, foi contratada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, desligando-se meses depois. Em setembro de 1943, retornou ao cast da Emissora, firmando-se a partir de então, e durante os 27 anos que lá permaneceu contratada, como a “Estrela Maior” da emissora PRE-8, a líder de audiência. Enquanto naquela emissora, Emilinha atingiu o ápice de sua carreira artística, tornando-se a “cantora mais querida e popular do país”. 

Teve participação efetiva em todos os seus programas musicais, bem como, foi a “campeã absoluta em correspondência” por 19 anos de pesquisa naquela emissora de 1946 à 1964.  O apelido lata d`água ganhou fama porque fazia suas apresentações dançando com uma lata d’água na cabeça. O sucesso de suas apresentações era tanto, que fez com que Maria Lata D’Água assinasse um contrato no inicio da década de 1950, com a rede Globo de televisão para participar do programa do popular apresentador Abelardo Barbosa - Chacrinha. Em entrevistas concedidas, Maria Lata D’Água rememora. - “Um dia me convidaram para trabalhar num circo, em Nova Iguaçu (RJ), para encher linguiça até os grandes artistas chegarem, mas eles não chegaram. O circo estava cheio e o patrão não sabia o que fazer. Disse que poderia dançar com uma lata d’água na cabeça. Ele não concordou. Tinha outra Maria da Bahia, que dançava igual. Eu disse que fazia melhor. Ele pediu show de 2 horas e, no fim, deu certo. Até que um dia me convidaram para sair numa escola de samba”. Maria Lata D’Água desfilou em inúmeras escolas cariocas, mas a sua preferida era a Portela. Foi lá que ela desfilou por mais tempo. Morou na Suíça durante 30 anos, mas todo ano voltava para desfilar na Portela. Em 1952, ganhou uma justa homenagem. Os compositores Luís Antônio e J. Júnior compôs a música “Lata d’água”, em homenagem à célebre passista da Portela. Enquanto a sociedade civil se prepara para a grande festa secular do Brasil, as igrejas evangélicas se organizam para dedicar os quatro dias do feriado a um momento de grande espiritualização e adoração a Deus. O retiro espiritual é uma atividade evangélica que proporciona tempo aos participantes para olhar os principais pontos da vida, o que está bem, o que está mal e como melhorar. Retiros podem ter diversos formatos e duração, uma forma comum tem dois dias de duração (final de semana) e é realizado em uma casa de retiro, um local que permite contato com a natureza e tranquilidade. São ministradas palestras por sacerdote e leigos, há atividades como Santa Missa, Terço e Via Sacra, entre outras práticas de piedade. Milhares de jovens encontram-se na contramão daquilo que que eles façam no carnaval e se unem em encontros cristãos, com direito a pregação, louvor e oração. 

E porque diversão não é pecado, os cada vez mais populares acampamentos evangélicos de carnaval reservam espaço na agenda para várias brincadeiras, atividades esportivas, shows, passeios e mergulhos na piscina, para afastar o calor. A Igreja Renascer em Cristo é uma das inúmeras denominações que, todos os anos, organiza um retiro para os jovens do ministério. Outras igrejas seguem a mesma ideia privatista e promovem acampamentos durante o feriado de carnaval, tudo como parte da estratégia de evangelização em uma festa tão tradicional e popular entre os “não crentes”. Vários jovens levam convidados para os acampamentos e muitas pessoas têm sido edificadas pela pregação da palavra e atuação do Espírito Santo nos acampamentos das igrejas. Várias outras igrejas seguem a mesma ideia e promovem acampamentos durante o feriado de carnaval, tudo como parte da estratégia de evangelização em uma festa tão tradicional e popular entre os “não crentes”. O objetivo é afastar jovens das festas de carnaval, promovendo série de eventos conferências e retiros religiosos.


Imagem do processo de conversão.
Gradualmente, a autoridade eclesiástica começou a perceber que o resultado desejado não poderia ser alcançado através da proibição das tradições, o que acabou levando a um grau de cristianização da festividade. Os festivais passaram então a fazer parte da liturgia e do ano litúrgico. Embora formando uma parte integrante do calendário cristão, particularmente em regiões católicas, muitas tradições carnavalescas se assemelham àquelas do período pré-cristão. Acredita-se que o carnaval italiano seja em parte derivado das festividades romanas antigas da Saturnália e da Bacchanalia. As Saturnálias, por sua vez, podem ser baseadas nas festas dionisíacas da Grécia Antiga e em festivais orientais. Enquanto desfiles medievais como o Corpus Christi sancionado pela Igreja, o carnaval também representava uma manifestação da cultura folclórica medieval. Muitos costumes locais do carnaval podem derivar de rituais pré-cristãos locais, tais como os ritos elaborados que envolvem figuras mascaradas no Fastnacht, carnaval antecipado no sudoeste da Alemanha. Evidências ainda são insuficientes para estabelecer uma origem direta da Saturnália ou outras festas antigas com o carnaval.
Maria Lata D’Água não desfila desde 1991, quando ingressou na Igreja Canção Nova, uma comunidade católica fundada em 1978, que tem como reflexão ideológica a Renovação Carismática Católica. O tempo passou, porém quem disse que Maria Lata D’Água ainda não tem samba no pé? Em um vídeo editado no site da igreja “Comunidade Canção Nova” é possível conferir com gratidão o seu rebolado. Devido ao engajamento litúrgico, Maria Lata D’Água faz apresentações em cultos ecumênicos, carregando a lata na cabeça ao som de músicas gospel, mas demonstrando o mesmo samba no pé de outrora. A grande diferença, comparativamente, à sua inserção como sambista, diz respeito à substituição simbólica que antes na lata, ao invés do nome e da bandeira carnavalesca da escola de samba tem as frases “Jesus é vida”, “Jesus te ama” “Jesus é amor”. E dentro, ao invés da pureza água, Maria Lata D’Água leva um terço que é visto orgulhosamente ao público no final de sua apresentação. 
A Renovação Carismática Católica (RCC) é um movimento social da Igreja Católica Apostólica Romana surgida nos Estados Unidos da América (EUA) em meados da década de 1960 e espalhada por todo o mundo, pela influência do Movimento Carismático da Igreja episcopal protestante, dentro de um pensamento ecuménico, porém mantendo os dogmas do Catolicismo Romano. A prática ideológica baseia-se na experiência pessoal com Deus, pela força do Espírito Santo e de seus dons, a fim de que todos se tornem discípulos de Jesus Cristo. O movimento oferece uma abordagem inovadora às formas tradicionais de doutrinação e dos ritos da Igreja, mas sem desviar-se da Doutrina da Igreja Católica como muitos o fazem e permanecendo fiel a todos os preceitos católicos romanos. Existem mais de 100 milhões de membros espalhados pelo mundo ocidental comumente ideologizado “católicos carismáticos”. Em termos de doutrina segue a Bíblia, o Catecismo da Igreja Católica e todas as demais diretrizes da Igreja Católica, entre ela os dogmas já fixados no catolicismo romano como, por exemplo, a crença na intercessão dos santos e a honra a Maria, a mãe de Jesus.
É preciso compreender, em primeiro lugar, que a experiência religiosa de não homogeneidade do espaço constitui uma experiência primordial, que corresponde a uma fundação do mundo. Não se trata de uma especulação teórica, mas de uma experiência religiosa primária, que precede toda a reflexão sobre o mundo. O espaço é um lugar praticado e a rotura operada no espaço é que permite a constituição do mundo, porque é ela que descobre o “ponto fixo”, o centro de toda a orientação futura posta em termos de emancipação do ser e da alma. Quando o sagrado se manifesta por uma hierofania qualquer, não só há rotura na homogeneidade do espaço, como também revelação de uma realidade absoluta, que se opõe à não realidade da imensa extensão envolvente. A manifestação do sagrado funda ontologicamente o mundo. Na extensão homogênea e infinita onde não é possível nenhum ponto de referência, e onde, portanto, nenhuma orientação pode efetuar-se, a hierofania revela um “ponto fixo” absoluto, um “centro”. Nessa experiência do espaço profano ainda intervêm valores que, de algum modo, lembram a não homogeneidade específica da experiência religiosa do espaço

 Existem locais privilegiados, qualitativamente diferentes dos outros: a paisagem natal ou os sítios dos primeiros amores, ou certos lugares na primeira cidade estrangeira visitada na juventude. Esses locais guardam mesmo para o homem mais francamente não religioso, uma qualidade excepcional: são os “lugares sagrados” do seu universo privado, como se neles um ser não religioso tivesse tido a revelação de outra realidade, diferente daquela de que participa em sua existência cotidiana. Uma função ritual análoga é transferida para o limiar das habitações humanas, e é por essa razão que este último goza de tanta importância. Numerosos ritos acompanham a passagem do limiar doméstico: reverências ou prosternações, toques devotados com a mão etc. No interior do recinto sagrado, o mundo profano é transcendido, torna-se possível a comunicação com os deuses; consequentemente, deve existir uma “porta” para o alto, por onde os deuses podem descer a Terra e o homem pode subir simbolicamente ao céu. Enfim, na história do samba não poderemos dizer que é um gênero musical pertencente a um local específico ou de uma determinada comunidade. Por um lado, os historiadores do samba e do carnaval, destacam a influência da casa das “tias” na definição estética do samba. A casa da Tia Ciata ou Tia Aceata representava um ponto de encontro dos grandes sambistas que viriam a surgir nas primeiras décadas do século XX.
         Em grande parte, eles eram negros das camadas médias e populares que se agrupavam para festejar, brincar e tocar em conjunto. Entre tais sambistas podemos destacar os personagens históricos Donga, Mauro Almeida, João Baiana, Caninha, Sinhô e Pixinguinha. Vale lembrar que o samba também incorporou outros músicos, compositores e intérpretes que não representavam a ideia sociológica “do negro habitante do morro”. O célebre sambista Noel Rosa, o poeta da vila, foi nascido e criado em Vila Isabel. O que determina a escolha de um ponto de vista sobre o sujeito e o mundo são os objetivos pragmáticos. Deixamos de lado a posse de uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados empíricos incontestáveis. Poder, interesse, dominação, realidade material, são indispensáveis à análise que nos habituaram a aceitar como verdadeira, pela força ou pela persuasão dos costumes. Para efeitos da ação, só existem eventos descritivos. A descrição preferida do intérprete será a mais adequada às suas convicções morais e não a mais iluminada pela Razão. Política é regulação da existência coletiva, poder decisório, disputa por posições de mando no mundo, confrontos entre mil formas. 
Violência em última análise. Assim, é também diferente da produção simbólica porque se exercita sobre o interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo. Não produz mensagens, discursos cotidianos, produzem obediências, obrigações, submissões, controles. Poder, na modernidade, é uma relação social de mando e obediência. São decisões tomadas politicamente que se impõe a todos num dado território ou unidade social. Todavia, convertem-se em atividades coercitivas, administrativas, jurídico-judiciárias e deliberativas. Eis a grande questão: o processo político diz respeito a pergunta: - Quem pode o quê sobre quem? A mesma pulsão escópica frequenta a ficção que cria leitores, que muda de legibilidade a complexidade urbana. Não é mais suficiente para compreender as estruturas de poder deslocar para os dispositivos e os procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de transformar, disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os desvios concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho. Na política contemporânea o que faz andar são relíquias de sentido e às vezes seus detritos, os restos invertidos de grandes ambições. Nome que no sentido preciso da memória deixaram de ser próprios. 
Nesses núcleos simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos (mas conjugados) das relações políticas entre práticas espaciais e significantes: o crível, o memorável e o primitivo. Na Pavuna, samba de grande sucesso no carnaval de 1930, foi composto por Almirante, um ex-militar e radialista que se consolidou como um dos grandes nomes da história do samba. Além desses nomes podemos também fazer referência ao legado deixado por Mário Reis, Carmen Miranda e Francisco Alves. O que podemos constatar é que o samba é uma invenção radiante da cultura urbana carioca e conta em suas ações sociais com a interferência de diferentes sujeitos históricos. O simples fato social da casa da Tia Ciata se encontrar em uma praça, local de encontro de diferentes pessoas, colabora com a ideia de que o samba não respeitou os condicionamentos sociais ou o problema da exclusão racial. Podemos subsumir o samba não é nem do morro, nem da cidade.  Maria Lata D’Água era mineira e o hábito da lata na cabeça vem da infância difícil que teve em Diamantina. Quando veio para o Rio de Janeiro, nos anos 1940, logo demonstrou sua habilidade: dançar com desenvoltura equilibrando a lata na cabeça. No Brasil, a taxa de desperdício de água está em 37%. A meta para 2033 é reduzir o índice para 31%. Estejamos atentos!
          Henrique Foréis Domingues foi um cantor, compositor e radialista carioca, também conhecido por Almirante. Seu codinome na Era de Ouro do rádio era: “a mais alta patente do Rádio”. Pioneiro da música popular no país, começou sua carreira musical em 1928 no grupo amador Flor do Tempo formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Compunham o grupo, além de Almirante, cantor e pandeirista, os violonistas Braguinha (João de Barro) Alvinho e Henrique Brito. Em 1929, convidados a gravar um disco na Parlophon (subsidiária da Odeon) admitem mais um violonista, do bairro vizinho de Vila Isabel, um jovem talento chamado Noel Rosa. O grupo então é rebatizado para Bando de Tangarás, nome inspirado numa lenda do litoral paranaense, a “dança dos tangarás” que conta a história de um grupo de passáros (os tangarás) que se reúne para dançar e cantar alegremente. O bando se desfez em 1933, mas Almirante continuou sua carreira como cantor, interpretando sambas e músicas de carnaval, muitas de grande sucesso e hoje clássicos da música popular brasileira, como “O Orvalho Vem Caindo” (Noel Rosa/Kid Pepe), “Yes, Nós Temos Bananas” e “Touradas em Madri” (João de Barro/Alberto Ribeiro), entre outras. Autor de uma das mais famosas músicas carnavalescas, “Na Pavuna”, possuía enorme biblioteca e discoteca sobre música brasileira.
Bibliografia geral consultada. 
WASSERMAN, Maria Clara, “Desde que o Samba é Samba: A Questão das Origens no Debate Historiográfico sobre a Música Popular Brasileira”. In: Rev. bras. Hist. Volume 20, n° 39. São Paulo, 2000; LE GOFF, Jacques, História e Memória. 5ª edição. Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 2003; SOUSA, Ronaldo José de, Carisma e Instituição: Relações de Poder na Renovação Carismática Católica do Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, 2004; PEREIRA, Reinaldo Arruda, Igreja Batista da Lagoinha: Trajetória e Identidade de uma Corporação Religiosa em Processo de Pentecostalização. Tese de Doutorado em Ciência da Religião. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2011; VANIER, Jean, Comunidade, Lugar do Perdão e da Festa. 8ª edição. São Paulo: Editoras Paulinas, 2011;  JESUS, José Soares de, A Renovação Carismática Católica e a Elaboração da Identidade Religiosa dos seus Seguidores: Desafios e Limites dentro do Catolicismo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Recife: Universidade Católica de Pernambuco, 2012; SCHERER, Karine Pagliosa, A Renovação Carismática Católica na Condição Pós-Moderna e na Hipomodernidade: As Características dos seus Sujeitos ante as Novas Tendências dos Tempos Atuais. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013; BINS, Rejane Maria Dias de Castro, A Eclesialidade das Novas Comunidades: As Novas Comunidades como uma Forma de Autorrealização da Igreja. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 2015; MARTINS, Marcos da Costa, Da Conversão do Exótico: Viagens, Festas e Relatos no Século XVI. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016; MARCHESAN TAUIL, Rafael, Intelectuais e Política no Brasil: Da Teoria do Populismo à Reconciliação com a Tradição Republicana na Interpretação de Francisco Weffort. Tese de Doutorado. Programa de pós-graduação em Ciência Política. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2017; ALBANO, Fernando, O Espírito no Mundo: Pneumatologia Pentecostal em Diálogo com Paul Tillich. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. São Leopoldo: Faculdades EST - Escola Superior de Teologia, 2017; BRAGA, Ubiracy de Souza, “A Nudez da Memória”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 07/09/2018; entre outros.