Ubiracy de Souza Braga
“Fomos os campeões morais dessa Copa”. Cláudio Coutinho, invicto no Mundial de 1978
A organização técnica e tática no futebol é um conceito anterior à consolidação do próprio esporte. Em 1529, por exemplo, dois grupos de 27 jogadores escolheram o futebol para resolver um problema entre eles. O duelo ocorreu na Piazza Santa Croce, em Florença, e houve o primeiro registro de organização tática. Numa época em que todos os atletas eram defensores e atacantes ao mesmo tempo, as equipes começaram a dividir suas funções para ocupar melhor os espaços no campo e melhorar a marcação ao adversário. Durante quase um século, prevaleceu a organização com 15 jogadores no ataque, uma linha de cinco homens no meio e sete na defesa. Essa formação mudou para um 3-4-5-5 quando o número de atletas por equipe foi reduzido para 17, por volta do século XVII. A formação do futebol com 11 atletas em cada equipe se deu no fim do século XIX, e pela primeira vez em 1863, quando foram definidas as primeiras regras da modalidade. A existência de uma série de impedimentos legais criou mais exigências para as equipes, dando origem aos sistemas táticos para reduzir o número de erros. A evolução tática do futebol está diretamente ligada ao confronto entre defensores e atacantes, assim como a busca por espaços não utilizados no gramado. Como as equipes procuram persuadir através de jogadas e dribles para vencer seus adversários de uma forma mais fácil, este aspecto deu origem a uma necessidade de organização e controle.
A tática é a arte do fraco. Clausewitz, militar do Reino da Prússia que ocupou o posto de general é considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra por sua obra “Da Guerra” (“Vom Kriege”). Foi diretor da Escola Militar de Berlim nos últimos treze anos de vida, em que escreveu a obra “Vom Kriege”, publicada postumamente. Nela ficou conhecida a tese materialista em que ele define a associação entre guerra e política: - “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Especificamente, Clausewitz considerava fundamental que a guerra estivesse sempre submetida à política. Isso porque nenhuma guerra pode ser vencida sem a compreensão precisa dos objetivos e da disponibilidade de meios¸ em primeiro lugar, ou sem o cálculo racional das capacidades e das oportunidades, assim como o estabelecimento dos limites éticos ao uso da força - sempre submetida aos objetivos políticos estabelecidos. Suas lições de tática e estratégia vão, porém, além dos exercícios militares propriamente ditos, para se constituírem, inclusive, numa profunda reflexão sobre a filosofia da guerra e da paz. A estratégia pode ser compreendida como a elaboração técnica do planejamento. A tática faz parte convencimento da estratégia definida, ou seja, fazer as ações corretas para atingir a estratégia escolhida.
Produtores desconhecidos, poetas de seus negócios, inventores de trilhas nas selvas da racionalidade funcionalista, produzem algo que se assemelha às trajetórias indeterminadas, aparentemente desprovidas de sentido porque não são coerentes com o espaço constituído, escrito, ou que se movimentam. São frases imprevisíveis num lugar ordenado pelas técnicas organizadoras dos sistemas. Não queremos perder de vista que estratégias referem-se ao cálculo ou a manipulação das relações de forças que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma cidade, uma instituição científica) pode ser isolado. A estratégia postula um lugar suscetível de ser circunscrito como algo próprio e ser a base de onde se podem gerir as relações técnicas, políticas ou meramente sociais, com uma exterioridade de alvos concretos ou ameaças. Gesto cartesiano, quem sabe: circunscrever um próprio num mundo global enfeitiçado pelos poderes invisíveis do outro. Mas que também pode ser interpretado como gesto da modernidade científica, política ou militar. É preciso recorrer a outro modelo quando interpretamos as imagens, tentando nos convencer a tomar decisões ou mesmo mudando nossa forma de sentir, pensar e agir.
Clausewitz compara ainda a astúcia à palavra espirituosa: - “Assim como a palavra espirituosa é uma espécie de prestidigitação em face das ideias e das concepções, a astúcia é uma prestidigitação relativa a atos”. Isto porque o modo pelo qual a tática, verdadeira prestidigitação, se introduz por surpresa numa ordem. A arte de “dar um golpe” é o senso de ocasião. Mediante procedimentos que psicanaliticamente Freud precisa a respeito do chiste, combina elementos audaciosamente reunidos para insinuar o insight de uma coisa na linguagem de um lugar para atingir o destinatário. Raios, relâmpagos, fendas e achados no reticulado de um sistema, as maneiras de fazer são os equivalentes práticos dos chistes. Contudo, sem lugar próprio, sem visão globalizante, cega e perspicaz, como se fica no corpo a corpo sem distância, comandada pelos acasos do tempo, a tática é determinada pela ausência de poder, assim como a estratégia é organizada pelo postulado de um poder. Deste ponto de vista, sua dialética poderá ser iluminada pela arte da sofística, de fortificar ao máximo a posição do mais fraco. Mas destaca a relação de forças que está no princípio de uma criatividade tão tenaz como sutil, incansável, mobilizada à espera da ocasião.
As estratégias são, portanto, ações que, graças ao postulado de um lugar de poder, elaboram lugares teóricos (sistemas e discursos totalizantes), capazes de articular um conjunto de lugares físicos onde as forças se distribuem. Elas combinam esses três tipos de lugar e visam dominá-los uns pelos outros. Privilegiam, portanto, as relações espaciais. Ao menos procuram elas reduzir a esse tipo as relações temporais pela atribuição analítica de um lugar próprio a cada elemento particular e pela organização combinatória dos movimentos específicos a unidades ou a conjuntos de unidades. O modelo para isso foi antes o militar que o científico. As táticas são procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo – às circunstâncias que o instante preciso de uma intervenção transforma em situação favorável, à rapidez de movimentos que mudam a organização do espaço, ás relações entre momentos sucessivos de um golpe, como na política, aos cruzamentos possíveis de durações e ritmos heterogêneos. As estratégias apontam para a resistência que o estabelecimento de um lugar oferece ao gasto do tempo; as táticas apontam para uma hábil utilização do tempo, das ocasiões de um poder. Os métodos praticados pela arte da guerra cotidiana jamais se apresentam sob uma forma nítida, nem por isso - last but not least - menos certo que apostas feitas no lugar ou no tempo distinguem as maneiras “estruturantes” de sentir, pensar e agir. O técnico do Clube de Regatas Flamengo Claudio Coutinho cumprimentando o técnico do Palmeiras, Osvaldo Brandão, no Maracanã em abril de 1980.
Trata-se de uma atividade física regulamentada, de carácter individual ou coletivo, cuja finalidade é alcançar o melhor resultado ou vencer lealmente em competição. Para tal, é necessário uma interação do corpo, da inteligência e da vontade. O desejo de progresso tem de estar sempre presente, custe o que custar. Ipso facto, há que saber distinguir Educação Física de Desporto. A grande diferença passa por e na Educação Física quando temos a oportunidade de praticar várias modalidades. E como se trata de uma disciplina escolar, que consiste na conduta dos alunos num ambiente escolar, sendo que esta deve agir consoante as normas preestabelecidas pela instituição de ensino,praticam-se não só os melhores, mas também os menos habilidosos. Enquanto que o Desporto se destina a uma só modalidade onde só os melhores são selecionados, é preciso grande dedicação e gosto para se prosseguir a carreira. A grande maioria dos atletas federados teve o seu primeiro contato com a modalidade específica que pratica nas aulas de educação física. Entretanto, a educação física é inclusiva, destinada a um público mais amplo, enquanto que o desporto é exclusivo, destinando-se fundamentalmente aos que têm uma habilidade especial. A educação física visa a saúde e o bem-estar, enquanto que o desporto tem como principal objetivo o rendimento e a obtenção de resultados. No desporto existe um quadro competitivo e regras muito formais, na educação física as competições e as regras podem ser mudadas e acordadas entre os membros participantes. Cláudio Coutinho em 1968 representou sua escola em congresso mundial sobre desportos realizado nos Estados Unidos da América (EUA).
Com a proximidade com o professor Kenneth Cooper, e seu método de avaliação física, foi convidado pelo pesquisador e frequentou o Laboratório de Estresse Humano da National Aeronautics and Space Administration (NASA), responsável pela pesquisa e desenvolvimento (P&D) de tecnologias e programas de exploração espacial. Prosseguindo às suas experiências internacionais, defendeu dissertação de mestrado na Universidade de Fontainebleau, na França. Criado por Kenneth Cooper, médico norte-americano o método foi desenvolvido com base no preparo físico dos soldados norte-americanos da década de 1960, no ápice da guerra imperialista contra os comunistas no Vietnã. Médico das Forcas Armadas por 13 anos, o especialista desenvolveu um programa em que avaliava o desempenho físico e mental (psicológico) dos soldados durante 12 minutos. Na técnica transplantada pela seleção brasileira, os jogadores tinham como meta que percorrer no mínimo 3,4 km para que seu desempenho fosse considerado bom. No entanto, foi no Brasil que a palavra Cooper foi adotada culturalmente como tradução para o jogging, no final da década de 1960, quando os educadores físicos militares brasileiros adotaram o Cooper Test para medir níveis de aptidão física.
O Teste de Cooper foi idealizado pelo médico e preparador físico norte-americano Kenneth H. Cooper em 1968 para ser utilizado pelas Forças Armadas para verificar o nível geral de condicionamento físico. O teste consiste em uma corrida em velocidade constante que varia de acordo com a faixa etária, sexo e seu desempenho profissional ou amador. Este método é adequado para atletas, pois exige 100% da velocidade (carga). Para um profissional exige-se um desempenho de 3400 metros em 12 minutos em sua boa forma. O sobrenome “Cooper” foi agregado ao seu famoso criador. Em passagem pelo Brasil para o Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte, o médico norte-americano participou de uma caminhada de 3 km no campus do Butantã da Universidade de São Paulo (USP). O termo se popularizou em 1970, quando o Dr. Cooper ajudou a seleção brasileira de futebol a ganhar a Copa do Mundo no México com seu program de treinamento. - “O Cooper PT Mentorship é baseado em descobertas da ciência e experimentação com numerosas metodologias de treinamento”, explica Carla Sottovia, PhD, diretora de programas educativos de fitness e personal training, além de diretora e criadora do sistema CooperPT Mentorship. - “Acreditamos ter criado o mais avançado modelo de treinamento que o nosso setor tem para oferecer. Seja qual for a sua meta – aprender um sistema novo ou melhorar a sua metodologia atual – o CooperPT foi feito para você", explica Carla Sottovia.
Para Carlos Alberto Parreira, preparador físico da equipe no Mundial de 1970, a conquista só foi possível devido à técnica que foi adaptada ao futebol. Além do título, a equipe foi eleita “a mais bem preparada fisicamente”. - Poderia nem ter dado resultado, mas deu. E deu muito resultado. Naquela ocasião, e acho que não houve outra repetição, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um teste de avaliação física com todos os jogadores. Pegaram dois ou três de cada seleção e fizeram um teste. O Brasil foi indicado o mais preparado fisicamente antes da Copa. E não foi porque ganhou o título. Em 1970 Cláudio Coutinho foi convidado para ser preparador físico da seleção tricampeã mundial na Copa do Mundo de 1970, no México. Nos treinamentos, passou a trabalhar com o método Cooper, sendo a partir daí reconhecido por ser o introdutor de sua técnica no Brasil. Após a competição, trabalhou como supervisor na Seleção Peruana de Futebol, no Vasco da Gama, como Coordenador Técnico do Brasil na Copa do Mundo de 1974, e como preparador físico do Olympique de Marseille.
Com seu desempenho nos cargos de preparador físico e supervisor da seleção brasileira Olímpica, assumiu também o cargo de treinador em 1976, poucas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos de Verão de 1976, em Montreal, com a demissão de Zizinho. A seleção obteria o 4° lugar. Estreou como treinador do Flamengo em 1976, substituindo Carlos Froner. Sua equipe venceu o Sport por 3 a 0, no Maracanã. Com seu histórico na Confederação Brasileira de Desportos (CBD), credenciaram Cláudio Coutinho para ser o substituto de Osvaldo Brandão na seleção brasileira de futebol, então postulante a uma vaga na Copa do Mundo de Futebol de 1978, na Argentina. Anunciado em 27 de fevereiro de 1977, sua escolha causou surpresa, já que era considerado, por ser militar pouco experiente para o cargo. Contudo, assumindo o comando, Cláudio Coutinho colocou em prática seu método revolucionário de trabalho.
Em primeiro lugar o treinador demonstrou que era um ardoroso defensor da europeização dos métodos empregados no sistema de organização espacial do futebol. A seleção brasileira, renovada, já não dependia mais de craques chamados “foras-de-série”, mas sim de um esquema técnico em grupo, com disciplina tática coletiva. Em segundo lugar ele também reapropria uma terminologia científica nova para descrever seu novo estilo de trabalho. Assim, com palavras como o overlapping, o “ponto futuro” que, etnograficamente, descrevia o procedimento do jogador e a jogada com seu companheiro se posicionando para receber a bola posteriormente, e neste exato sentido popularizou a ultrapassagem dos laterais no ponto futuro, e também desenvolveu a ideia da “polivalência”, em que cada jogador passaria a exercer mais de uma função em campo. Mas na verdade o conceito estava sendo influenciado pelo “futebol total” holandês de 1974, baseado um sistema em que os jogadores saem constantemente de suas posições de jogo originais e são substituídos por outros jogadores do time, sem perder a sua estrutura de jogo. Neste sistema, nenhum jogador tem uma posição de jogo fixa, qualquer um pode ser o atacante, o meio campista e o zagueiro. O futebol total depende da capacidade de adaptação de todos os jogadores. Para funcionar exige ainda uma classe de jogadores atentos taticamente, permitindo-os alternar posições em alta velocidade. Todo jogador está apto a desempenhar qualquer função. Como exige esforço técnico e físico de desempenho dos jogadores, ao que parece, a apropriação do método teórico e sua prática levaram o brasileiro à fama mundial.
Metodologicamente as origens do chamado Futebol total remontam a Jack Reynolds, treinador do AFC Ajax por 33 anos no começo do século XX. Rinus Michels, que jogou sob o comando de Reynolds, se tornou o técnico do Ajax e trabalhou o conceito de seu ex-treinador no que se denominou mais tarde Futebol total, usando-o tanto para o Ajax quanto para a seleção dos Países Baixos nas décadas de 1960 e 1970. O Futebol total é baseado em uma total mobilidade e liberdade dos jogadores em campo, graças ao seu grande condicionamento e preparo físico. Ficou mais conhecido em língua portuguesa como “carrossel holandês” embora possa também ser referida como Futebol total. O esquema parecia uma versão melhorada do esquema tático utilizado pela Hungria de 1954 e foi chamado de “carrossel” porque os jogadores não tinham posições fixas e circulavam pelo campo, buscando sempre o gol. O criador do esquema foi o treinador Rinus Michels. Sua equipe devolvia o futebol de seus grandes dias do passado, quando o gol era, acima de tudo, a própria razão de ser do jogo. Mas não residia apenas nisso seu encanto, era uma equipe extremamente tática, fazia a bola rolar de pé em pé, em jogadas ensaiadas com admirável talento coletivo.
Na sua estreia contra a seleção do Uruguai, a imprensa televisada mundial viu uma seleção praticando um futebol bonito, harmonioso e eficiente. Do ponto de vista coletivo, a seleção holandesa era quase perfeita. Comparativamente é como se fosse uma orquestra que tinha como regente o elegante Johann Cruyff. Na Copa do Mundo de 1974, Cruyff se tornava o novo rei do futebol. Era o símbolo vivo daquela seleção que os estrategistas batizaram de carrossel holandês. Alcançando a final da atual Liga dos Campeões da UEFA na temporada 1968/69 e dominando-a entre as temporadas de 1970/71 e 1972/73 com o Ajax, posto que a temporada de 1969/70 foi vencida por outro time dos Países Baixos, o Feyenoord. Outros times adotaram sistemas similares com o termo “Futebol total”, o próprio Michels dirigiu o FC Barcelona no título da liga espanhola de 1974 antes da seleção vice-campeã da Copa de 1974. Pupilo de Michels no Ajax e na seleção dos Países Baixos, Johan Cruijff também dirigiu mais tarde o Barcelona com o qual conquistou 4 ligas espanholas entre 1991 e 1994 e o primeiro título europeu do time catalão. Vale lembrar que este feito tornou-se repetido por outro técnico neerlandês, Frank Rijkaard na temporada 2005/2006 com comando do mesmo FC Barcelona.
Na sua estreia contra a seleção do Uruguai, a imprensa televisada mundial viu uma seleção praticando um futebol bonito, harmonioso e eficiente. Do ponto de vista coletivo, a seleção holandesa era quase perfeita. Comparativamente é como se fosse uma orquestra que tinha como regente o elegante Johann Cruyff. Na Copa do Mundo de 1974, Cruyff se tornava o novo rei do futebol. Era o símbolo vivo daquela seleção que os estrategistas batizaram de carrossel holandês. Alcançando a final da atual Liga dos Campeões da UEFA na temporada 1968/69 e dominando-a entre as temporadas de 1970/71 e 1972/73 com o Ajax, posto que a temporada de 1969/70 foi vencida por outro time dos Países Baixos, o Feyenoord. Outros times adotaram sistemas similares com o termo “Futebol total”, o próprio Michels dirigiu o FC Barcelona no título da liga espanhola de 1974 antes da seleção vice-campeã da Copa de 1974. Pupilo de Michels no Ajax e na seleção dos Países Baixos, Johan Cruijff também dirigiu mais tarde o Barcelona com o qual conquistou 4 ligas espanholas entre 1991 e 1994 e o primeiro título europeu do time catalão. Vale lembrar que este feito tornou-se repetido por outro técnico neerlandês, Frank Rijkaard na temporada 2005/2006 com comando do mesmo FC Barcelona.
Com Cláudio Coutinho, a Seleção brasileira conseguiu seu melhor resultado até então: chegou às semifinais, mas parou nas
fortes seleções do bloco socialista, que levavam o que tinham de melhor. O time
perdeu para a Polônia de Lato, Deyna e Szarmach e em seguida terminou em
quarto, ao também cair na decisão do bronze para a União Soviética de Oleg
Blokhin. Mas o bom desempenho do time renderia frutos ao treinador dentro de
pouco tempo. Em setembro de 1976, o Flamengo havia acabado de demitir o técnico
Carlos Froner, após quase um ano no cargo. Para o posto, tentou Zagallo, que
não conseguiu se desvencilhar de um contrato no Kuwait. Tentou Oswaldo Brandão,
técnico da Seleção principal, mas não conseguiu a liberação por parte da
Confederação Brasileira de Desportos. A entidade, porém, fez uma
contraproposta: “emprestaria” ao clube, até o fim do ano, o treinador das
equipes de base, Cláudio Coutinho. Consultado pelos dirigentes rubro-negros,
Júnior, que havia trabalhado com Coutinho nos Jogos Olímpicos, deu seu aval:
era um treinador jovem - 37 anos - e cheio de ideias novas, ainda sem a mesma
experiência de outros nomes, mas ideal para um trabalho de médio ou longo
prazo. Algumas de suas ideias e conceitos, burilados por suas obcecadas
leituras e observações do futebol europeu de então, eram explicadas pelo
treinador em entrevista ao Jornal do
Brasil, sua primeira após assumir o cargo na Gávea. Entre outras coisas,
afirmava: - “É preciso que algum clube comece a atuar de uma forma mais moderna
para que os outros sejam forçados a mudar. O problema é que ninguém quer ser o
primeiro. Por isso passamos algum tempo estagnados. No futebol tem que
haver uma participação total, durante os 90 minutos, quase como no basquete. O
jogador que chuta em gol deve ajudar imediatamente na marcação, e vice-versa.
Passou a época do jogador que só ataca ou só defende”.
Enfim, embora o Brasil não tivesse chegado à final, foi o único time invicto da competição, um dos fatores que levaram Cláudio Coutinho a cunhar uma frase que se tornaria célebre: - “Fomos os campeões morais dessa Copa”. Mesmo assim, o treinador acabou responsabilizado pelo pragmatismo da mídia e seu papel negativo na opinião pública pelo fracasso de seu selecionado. Ainda permaneceu à frente do time nacional quando comandou a seleção pela última vez, na semifinal da Copa América de 1979, no empate de 2 a 2 contra o Paraguai. No Flamengo e, pouco tempo depois, conseguiria dar a volta por cima na equipe ao ser tricampeão estadual em 1978, 1979 e 1979 (especial) e campeão brasileiro em 1980. E, de certa forma, ao ser o criador da equipe que fora campeã Mundial Interclubes de 1981, sob o comando de Paulo César Carpegiani. Neste ano treinou o Los Angeles Aztecs, dos Estados Unidos da América (EUA), um clube de futebol fundado em 1974 e extinto em 1981. Disputou a North American Soccer League, consagrando-se o campeão oportunamente em seu ano de estreia, em 1974. Contou com talentosos jogadores como George Best e Johan Cruyff, e treinadores como Rinus Michels e o brasileiro Cláudio Coutinho.
No
final desta temporada encontrava-se em férias no Rio de Janeiro. Exímio
mergulhador, no dia 27 de novembro praticava um de seus hobbies, a pesca
submarina nas Ilhas Cagarras, arquipélago próximo à Praia de Ipanema (RJ),
quando morreu afogado, aos 42 anos. Em Porto Velho - Rondônia o maior ginásio
da capital leva seu nome como bela homenagem. As cagarras são aves migratórias
de longa distância, que passam a maior parte da vida voando sobre os oceanos de
águas temperadas a frias. O seu único contato com terra é na época de
reprodução, quando se reúnem em ilhas e áreas costeiras para nidificar em zonas
rochosas. O ninho é construído como uma espécie de toca e visitado pelos
progenitores apenas durante a noite. Cada postura é composta por um único ovo.
A alimentação das cagarras é feita à base de peixes e cefalópodes. Nos
arquipélagos portugueses de Madeira e Açores encontra-se a maior concentração
mundial de cagarras, espécie que se encontra em regressão a nível mundial
devido à vulnerabilidade que apresenta e à presença de predadores terrestres e
à atividade humana. Ipso facto foi
necessário proceder pela lei à proteção desta ave marinha com leis nacionais e
internacionais, que impedem a sua captura, detenção ou abate, assim como a
destruição ou danificação do seu habitat.
Trata-se da ave marinha mais abundante nos Açores, que regressa todos
os anos em março para acasalar e nidificar. É uma ave adaptada à vida
em alto mar e que pode viver até 40 anos.
Bibliografia geral consultada.
SOEIRO, Renato Souza Pinto, A Contribuição da Escola de Educação Física do Exército para o Esporte Nacional: 1933 a 2000. Dissertação de Mestrado em Educação Física. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Rio de Janeiro: Universidade Castelo Branco, 2003; ALABARCES, Pablo (Org.), Futbologías:
Fútbol, Identidad y Violencia en América Latina. Buenos Aires: Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2003; MACHADO, Murilo D’Almeida, O Êxtase no Futebol: A Comunicação Ritual e
suas Experiências Sensoriais. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação
em Multimeios. Campinas: Universidade de Campinas, 2005; ZOBOLI, Fabio, A Episteme de Cisão Corpo/Mente: As Práxis da Educação Física como Foco de Análise. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2007; VILAÇA, Murilo, Vida e Violência em Jogo: O Esporte como Prática Pedagógica e Exercício da Biopolítica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009; NOGUEIRA, Jefferson Gomes, Educação Militar: Uma Leitura da Educação no Colégio Militar no Brasil (SCMB). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2014; AMORIM,
Adriana Silva, A Experiência Trágica do
Torcedor Brasileiro: A Copa do Mundo de Futebol de 1950 enquanto Unidade
Dramática. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas. Escola
de Teatro. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2015; MORAES, Ivan Furegato,
Formação de Jogadores de Futebol no
Brasil: Da Implementação às Perspectivas Futuras do Certificado de Clube
Formador. Dissertação de Mestrado em Gestão Desportiva. Porto: Universidade
do Porto, 2015; COELHO, José Hailton Costa, Futebol
e Política no Brasil: Bases de Multinotabilidade e Padrões de Imbricação.
Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Departamento de Sociologia e
Antropologia. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2017; KOCH, Rodrigo, Identidades em Construção: Um Olhar sobre a Futebolização da Juventude no Ensino Médio. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Centro de Educação. Santa maria: Universidade Federal de Santa maria, 2018; entre outros.
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