Ubiracy de Souza
Braga
“Andorra te la farà, si no és avui,
serà demà”. Anna
Maria Parés Puntas
Em
termos geopolíticos, microestado é um Estado independente com área menor que mil
km². Sendo territorialmente pequenos, em sua maioria também o são em termos de
população. Atualmente dos 204 países do mundo, 24 se classificam como
microestados. Com exceção do Vaticano, todos os demais se encontram em regiões
exclusivas de montanhas ou ilhas. Com exceção de Singapura, o restante possui
menos de um (01) milhão de habitantes. Os mais economicamente importantes são
Singapura, o microestado mais populoso do mundo, uma pequena ilha ao sul da
Malásia com mais de cinco milhões de habitantes. Mônaco, um enorme bairro de 33
mil habitantes, à beira o Mar Mediterrâneo e “aos pés” dos Alpes, na França.
Vaticano, um quarteirão murado de 900 habitantes na cidade de Roma, na Itália,
é sede da Igreja Católica Apostólica Romana, é o menor país do mundo tanto em
área quanto em população.
San
Marinho, representando um conjunto de pequenas vilas medievais de 30 mil
habitantes, no topo do Monte Titano, também na Itália, mas numa área rural, e
não encravada em uma cidade, como o Vaticano. Listenstaine um principado de
castelos e vilas medievais de 35 mil habitantes, numa região de difícil acesso
dos Alpes, entre a Áustria e a Suíça. E Bahrein, um pequeno sultanato islâmico,
formadas por 33 ilhas, situadas no meio do golfo Pérsico. Os estados soberanos
estão localizados nas seguintes regiões do globo: sete na Oceania, sete na
América Central, seis na Europa Ocidental, duas no Oceano Índico, além do
Bahrein no Oriente Médio, e Singapura no Sudeste Asiático. Os seis microestados
da Europa são: Malta, Andorra, Listenstaine, San Marinho, Mônaco e Vaticano.
Com exceção do Bahrein, todos esses países têm sua economia baseada no turismo,
com um pequeno, mas importante apoio da agricultura e pesca. Também oferecem à
sua população um elevado Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), de 7 a 9 pontos, em uma escala adaptada de 0
a 1, para 0 a 10.
Oficialmente,
o “Principado de Andorra”, em catalão: “Principat d`Andorra”, e por vezes “Principado
dos Vales de Andorra”, em catalão: “Principat de les Valls d`Andorra”, é um
país europeu localizado na cordilheira pirenaica entre o nordeste da Espanha e
o sudoeste da França. Antes, aparentemente isolado, o principado é hoje um país
próspero principalmente devido ao crescimento do turismo e por seu status ideológico de “paraíso fiscal”
que tem um centro comercial rico graças ao seu sistema bancário e constituído
de baixos impostos. O país oferece “residência passiva” para aqueles que têm
fontes de renda fora do país, como por exemplo, trabalho pela internet, etc. Andorra quer o seu
investimento e em troca lhe dará o direito de viver naquele país sem pagar
impostos. Porém, você não terá o direito de trabalhar no país e nem de usufruir
dos serviços médicos gratuitamente. Por isso, o candidato à vaga de “residente
passivo” tem que ser uma pessoa que já tenha o seu negócio em outro país ou on-line.
Andorra
tem um ótimo sistema educacional, oferecido de forma gratuita para todos os
estudantes, sejam eles “residentes passivos”, cidadãos andorranos ou outros
residentes. A residência passiva Andorrana é uma excelente alternativa para
aqueles que querem obter uma residência no exterior e, acima de tudo, a
oportunidade de diversificar seu capital fora do Brasil. Sem contar que, caso
haja crises financeiras ou políticas no Brasil, você poderá estar seguro
sabendo que parte dos seus bens está investida no exterior. Ou seja, essa é a
maneira mais eficaz para manter seu patrimônio seguro contra ações inesperadas
de governos golpistas. O país oferece três sistemas de educação: Andorrano,
Francês e Espanhol. O último é uma escola internacional (particular) que também
oferece ensino bilíngue em inglês. A grande vantagem da chamada “residência
passiva” é a isenção total de impostos. A população andorrana é listada tendo a
maior expectativa de vida do mundo, com média estatística de 83,52 anos,
segundo dados censitários de 2007. O principado é o único cuja única língua
oficial é o catalão, representando qualitativamente 0,22% do total de
catalanófonos da Europa, com maioria distribuída regionalmente na Catalunha,
Valência e Baleares.
No
seu território também são falados o castelhano, o português e o francês, nesta
ordem de números de falantes. Andorra também é o sexto menor país da Europa,
maior apenas que Malta, Liechtenstein, São Marinho, Mónaco e Vaticano. Sua
capital é a cidade de Andorra-a-Velha, também conhecida como “Andorra la Vella”.
Etnograficamente a população do principado é de 71 201 habitantes (2006), o que
corresponde a uma densidade de aproximadamente 150,75 hab./km2. A taxa de
natalidade é de 8,71% e a taxa de mortalidade é de 6,25%o. A esperança média de
vida é de 83,51 anos, uma das mais altas do Mundo. Estima-se que em 2025 a
população seja de 78 000 habitantes. As nacionalidades mais representativas estatisticamente
na população de Andorra são a espanhola, com 46%; a andorrana, 28%; a
portuguesa, 11% e a francesa, 8%. A religião maioritária é o catolicismo. A
língua oficial é o catalão, fato social que se deve à forte afinidade que, tradicionalmente, o
principado tem com a Catalunha, região do Nordeste de Espanha. Também se fala o
castelhano e o francês.
De
acordo com Coelho (2013) depois dos anos 1930, Andorra percebe as vantagens
económicas decorrentes da sua situação geográfica de montanha e do seu
posicionamento na fronteira entre dois grandes países como França e Espanha e
assiste-se a um processo de ruptura com o sistema econômico tradicional
fundamentado numa economia de subsistência suportada pela agricultura, para uma
economia em franco crescimento, onde o turismo, o comércio e a banca passam a
ditar as remessas de capital. O crescimento das atividades econômicas
andorranas, resultantes, por um lado, das políticas de liberalismo econômico e
de baixa fiscalidade e, por outro, de um forte impulso no seu tradicional turismo
de montanha, que se mantém até à atualidade, justificou o recrutamento de
grandes contingentes de trabalhadores estrangeiros e de baixas qualificações,
os quais, para além de responderem às necessidades de mão de obra do país,
tiveram um papel muito importante na dinamização da procura interna e por isso dizer-se que “a composição
demográfica da atual população andorrana é, antes de mais, “o resultado de um
contínuo saldo migratório positivo em relação ao exterior”. No decorrer dos
anos 1970, em pleno processo de emigração intra-europeia, exigida pela
necessidade de reconstruir muitos países devastados pela 2ª guerra mundial,
surge a fixação de cidadãos portugueses em Andorra, correspondendo a cerca de
14,38% da população total. Em 2011, segundo dados estatísticos do Observatório da Emigração, a população
de portugueses em Andorra chega a atingir os 15 % da população total.
O
principado de Andorra foi durante séculos um território essencialmente agrícola
e de pastorícia, onde a prática da caça era frequente. Segundo algumas lendas,
Carlos Magno foi seu fundador. O primeiro soberano conhecido de Andorra foi um
nobre catalão, o Conde de Urgel, que dominou a região no século IX, passando-a
então para diocese de Urgel. No século XI, o Bispo de Urgel, na impossibilidade
de governar Andorra sozinho, pediu então a um nobre catalão, o Senhor de
Caboet, que defendesse a região. Um nobre francês, o Conde de Foix, herdou
através de casamentos os encargos do catalão. O conde francês e o bispo lutaram
por Andorra, até que finalmente em 1278 encerraram suas disputas através de um
tratado que os tornavam governantes conjuntos. Andorra permaneceu controlada
pelo bispo de Urgel, exceto durante a revolução clássica francesa, quando
revolucionários declararam a Independência do Reino.
Em
1806, os habitantes locais pediram a Napoleão Bonaparte que devolvesse ao
território o estatuto de Principado. Durante 700 anos, o Principado prestou
vassalagem ao bispo de Urgel e ao Monarca francês, depois, com o regime de República
em França, ao presidente. No dia 6 de julho de 1934, o russo Boris Skossyreff
foi proclamado Rei Borís I de Andorra pelo Governo local. No dia 14 de julho, a
Guarda Civil espanhola entrou em Andorra, prendeu e expulsou Skossyreff, que
passou por Barcelona, Madrid, e finalmente foi mandado para Portugal. Até 1970,
o direito de voto era exclusivo dos homens de Andorra, a partir da terceira
geração. Atualmente o voto é extensivo a todos os andorranos de primeira
geração, com idade igual ou superior a 28 anos, cujos pais sejam estrangeiros.
O número de eleitores é diminuto, comparativamente em relação ao total da
população, aproximadamente de 70% da qual é composta por residentes
estrangeiros que têm vindo a reivindicar os seus direitos políticos e de
cidadania.
A
imigração, controlada através de um sistema de quotas, restringe-se aos
nacionais da França e da Espanha que pretendam trabalhar em Andorra. Antes de
1993, o país não possuía qualquer constituição formal, tendo, à época, todas as
moções e propostas submetidas a delegados permanentes representantes dos dois
chefes de Estado para aprovação. Em 1976 foi criada uma organização política,
tecnicamente ilegal, o Partido Democrático de Andorra, fornecendo as bases de
um futuro sistema democrático. Òscar
Riba Reig tornou-se primeiro primeiro-ministro do país em 1981, e em 1982 foi
nomeado um Conselho Executivo chefiado pelo Primeiro-Ministro. Tal ato provocou
a separação entre os poderes legislativo e executivo. Em Julho de 1991 foram
estabelecidos laços formais com a Comunidade Europeia. Em maio de 1993 foi
adotada uma nova Constituição, concedendo a Independência em quase todos os
aspetos, exceto o da segurança externa, que continuou sob a responsabilidade da
França e da Espanha.
As
primeiras eleições diretas tiveram lugar em dezembro daquele ano, tendo sido
formado um Governo de coligação liderado pelo primeiro-ministro, Óscar Riba
Reig. Em 1994, Andorra tornou-se um membro de pleno direito das Nações Unidas e
do Conselho da Europa. A coligação de Reig, o Grupo Nacional Democrático,
perdeu o apoio dos independentes em dezembro de 1994 e Marc Forné Molné, da
União Liberal, substituiu-o no cargo. Desde a década de 1950, Andorra tornou-se
economicamente uma nação próspera, tendo chegado a ser declarada como o país
com o maior crescimento econômico do mundo, com um rendimento per capita
superior ao japonês. No Principado existe mais de 5000 lojas e 500 hotéis, a
atividade turística é intensa e a banca vive uma situação estável e próspera.
Em grande parte, este panorama deve-se à isenção de impostos de que usufruem
muitos produtos e atividades no Principado.
Bibliografia geral consultada.
SANGUIN, André-Louis, Les Micro-États d’Europe (Andorra, Liechtenstein, Monaco, Saint Marin). These de Géographie Politique et Économique (Ph.d.). Liège: Université de Liège, 1973; CHAPEAU, Gabriel, La Mise en Valeur d’une Région de Montagne: Les Vallées d’Andorre. Nancy-Metz: Centre Regionaux de Documentation Pedagogique, 1986; BOSI, Eclea, Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. Tese de Doutorado em Psicologia. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1994; LARROSA, Maria Jesús Lluelles, La Transformació Econòmica d`Andorra. Barcelona: Ediziones L`Avenc, 1991; Idem, La Transformació Econòmica d'Andorra Durant el Segle XX. Treballs de la Societat Catalana de Geografia, nº 64, 2007, pp. 71-88; Idem, Impacte de la Immigració a Andorra. Govern d`Andorra. Departament de Recerca. Ministeri d`d`Educació. Vol. 57, nº 2, 2011; CARVALHO, José Luiz, Portugueses em Andorra - ´Uma Visão Global`. Andorra: Andbanc Editor, 2007; MATIAS, M. S., A que sabe um sumol a 2.200 metros de altitude? Identidade, integração e redes sociais dos cidadãos portugueses em Andorra. Andorra: Pagès Editors, 2008; COELHO, Judite do Rosário Ferreira, Obstáculos ao Empreendedorismo Emigrante Português em Andorra. Dissertação de Mestrado. Vila Nova de Gaia: Instituto Superior de Línguas, 2013; GONÇALVES, Maria Ortelinda; COELHO, Judite Ferreira; PEREIRA, Michaël, “Mulheres Portuguesas Empreendedoras em Andorra”. Disponível em: Revista População e Sociedade - A Nova Vaga da Emigração Portuguesa, nº 22, janeiro de 2014; BLEVIN, Pierre Alexis, Les Micro-États Européens. Étude Historique, Juridique et Fiscale (Andorre, Lichtenstein, Monaco, Saint-Martin, Vatican). Paris: Éditions L`Harmattan, 2017; entre outros.
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