Ubiracy de Souza Braga*
“Uma cama de hospital é um taxi estacionado
com o taxímetro a correr”. Groucho Marx
As cidades estão aumentando em
progressão aritmética a utilização de carros. Cotidianamente somos incentivados
a adquiri-los e nunca as condições de empréstimos foram tão facilitadas.
Constantemente o governo federal promove a redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para baixar os preços dos automóveis e fomentar o
consumo. Existe uma produção massiva na indústria automobilística e somos
estimulados diariamente por propagandas televisivas, impressas ou em sites, que
nos informam aparentemente as diversas vantagens de possuir um automóvel. São
promessas de liberdade, prosperidade, velocidade, poder, status etc. Ao comprar
um carro teríamos sucesso material, espiritual e sexual garantido. Ele nos
possibilita a ida e vinda à hora em que desejarmos e com quem escolhermos.
Envolvidas em toda esta atmosfera de estímulos materiais e psíquicos, milhares
de pessoas compram carros diariamente. Contraditoriamente, assim que a pessoa
sai da concessionária, enfrenta um trânsito caótico, horas de congestionamento,
stress e assim por diante. Não existe
a tão almejada mobilidade social, menos ainda a liberdade de
quatro rodas.
O
impacto social do aumento da frota de veículos indica consequências nevrálgicas
para as cidades. O espaço social nas ruas é tomado pelo automóvel. Os índices de
poluição são altíssimos, implicando em doenças respiratórias. As mortes e os
gastos com saúde, decorrentes dos acidentes de trânsito, são altíssimos; além
do aumento constante dos tempos de deslocamento humano. A palavra Táxi da redução
sociológica taxímetro foi mundialmente simplificada. Tem origem no grego “taxi”
(taxa) e “metro”, designando o aparelho destinado a medir simultaneamente o tempo e a distância de um trajeto para estabelecer o preço a ser pago por um
passageiro. Apesar da origem grega, a palavra vem do alemão “taxameter”, em
1890, em Stuttgart, onde apareceram os primeiros táxis motorizados equipados
com um sistema inovador de cobrança, o taxímetro. Antes da 1ª grande guerra,
provavelmente as grandes cidades europeias tinham um serviço de táxis equipados
por obrigação de lei com esse aparelho. Os primeiros táxis motorizados surgiram em 1896 na cidade de Stuttgart, capital
considerada a maior cidade do estado de Baden-Württemberg, na Alemanha. No ano
seguinte, Freidrich Greiner abriu uma empresa concorrente, na mesma cidade, mas
os seus carros estavam equipados com um sistema inovador de cobrança: o
taxímetro. A implantação dos táxis foi generalizada em 1907. Em Paris, os “carros
de aluguel” tinham de possuir um taxímetro instalado obrigatoriamente por lei.
Antes
da 1ª grande guerra, quase todas as grandes cidades europeias e norte-americanas
tinham serviço de táxis legais e pintados com esquemas de cores diferentes.
Desde então, as alterações foram poucas, sendo apenas nos aparelhos como rádios
e ar-condicionado. É um automóvel utilizado como meio de comunicação destinado
ao transporte de passageiros economicamente providos de um taxímetro. Vale
lembrar que é um transporte público,
com características singulares entre os veículos e os ônibus urbanos, sem uma
rota regular e contínua. Costuma-se referir aos táxis em geral: a) por não ser acessível
quantitativamente ao público; b) na prática é um meio de trabalho individual de tarifa comparativamente alta em
relação aos transportes de massa, c) que têm itinerários preestabelecidos, assim
como horários definidos, tarifas publicadas por regulamentação de serviços, mas
pretendem ser acessíveis economicamente a todos. São os departamentos estaduais
de trânsito que licenciam veículos particulares ou alugados para o serviço de
táxi. As prefeituras estão indevidamente permitindo a exploração da profissão de
pessoas que explorem outras pessoas para a sublocação
de táxis.
O
culto social da indiferença de classe representa o hábito de estupidez de uma
sociedade que perdeu o sentido de comunidade. O consumo é o leitmotiv do progresso que faz da cidade
um lugar passageiro. Onde tudo pode ser destruído e reconstruído a qualquer
momento, onde as histórias são substituídas por outras sem perspectiva de
futuro. A forma do urbano, sua razão suprema, a saber, a simultaneidade e o
encontro aparente não podem desaparecer. A cidade é fora de dúvida a maior
vitrine, onde os episódios cotidianos da existência material são vividos e
observados na indiferença da reprodução do capital. A ocupação divertida do
urbano, por uma população sonhadora movida pelo acaso de viver o imprevisível,
é descartada pela cidade contemporânea. A cidade é o palco da reprodução do
capital cultural dominante. Onde tudo se descobre, se reinventa, e se apaga
na mesma velocidade. Tudo é vivido na condição de "espetáculo" como se a vida
urbana fosse um conjunto de cenas de teatro. A favela é fruto da falta de
observação de que o operário existe na construção civil irradiada pela visão de Chico Buarque. Ele é um ator, construtor social e sua realidade
não é virtual.
Sem
temor a erro na vida cotidiana das cidades metropolitanas ao conceito de
autonomia, onde o ente possui arbítrio e pode expressar sua vontade livremente,
opondo-se também a noção de “anomia” que representa a ausência de regras. A
heteronomia é a característica da norma jurídica que estabelece que esta se
imponha à vontade sobre as vontades. Sendo exterior a ela, está diante do
cinismo e da violência do Estado criada onde a consciência moral, em
determinadas condições sociais e políticas evolui da heteronímia para a
autonomia. Significa que a sujeição às normas jurídicas não está dependente do
livre arbítrio de quem a elas está sujeito. Sua verificabilidade refere-se a
uma imposição exterior de que decorre da sua natureza obrigatória. Na América
Latina a heteronomia foi imposta pelos colonizadores e pela Igreja católica,
resultando em uma cultura paternalista, sectária, alienada, irracional,
acrítica, com dependência emocional criativa. Ao invés de buscar autonomia
adere-se aos valores condicionados pelo jugo opressor e a imitá-lo
como representação da opressão.
A
cadeia das operações espacializante parece toda pontilhada de referências ao
que produz uma representação de lugares ou ao que implica uma ordem local.
Tem-se assim a estrutura do relato de viagem, histórias de caminhadas e gestas
que são marcadas pela “citação” dos lugares que daí resulta ou que as
autoridades simbólicas preconizam preconceitos. Os relatos antropológicos
efetuam uma comunicação visual que incessantemente, transforma lugares em
espaços ou espaços em lugares. Organizam também os “jogos” das relações sociais
mutáveis que uns mantêm com os outros. São inúmeros esses jogos, num leque se
estende desde a implantação de uma ordem imóvel e quase mineralógica até a
sucessividade acelerada das ações multiplicadoras de espaços populares, no
âmbito das representações da vida. Mas esse “frenesi espacializante” nem por
isso deixa de ser menos circunscrito pelo lugar textual. Seria possível uma
tipologia de todos esses relatos, em termos de identificação de lugares e de
efetuações de espaços. Mas, para aí encontrar os modos segundo os quais se
combinam essas distintas operações. Onde precisa ter critérios e categorias de
análise e, além disso, a necessidade que reduz aos relatos etnográficos a
leitura real do cotidiano que não existe.
Na
maioria dos países, os serviços de táxi são subdivididos nas categorias: “táxi
comum” e “táxi especial”, também chamado “táxi executivo” e “radio-táxi” (em
inglês, private hire vehicle - PHV). A
principal diferença entre esses serviços é que o táxi especial só pode
transportar passageiro “pré-agendados”, não podendo utilizar os pontos de táxi
ou mesmo aliciar passageiros nas
ruas. Nos serviços de táxi comum, calcula-se a tarifa por meio de um taxímetro
previamente aferido. Calcula a tarifa a partir do somatório da tarifa inicial,
conhecida como “bandeirada”, com a tarifa métrica ou horária. A tarifa
comumente utilizada é a bandeira 1; a bandeira 2 costuma ser acionada quando há
fatores que justifiquem um acréscimo no valor da corrida, como horário noturno,
estradas etc. O taxímetro comuta o sistema de medição para tarifa horária,
quando o veículo está em baixa velocidade ou parado. Nº de táxis regularizados em grandes cidades do
mundo: Paris: 14.900; Nova York: 12.800; Cidade do México: 57.000; Madrid:
11.500; Buenos Aires: 38.000; Londres: 20.000; Tóquio: 55.000.
A operação dos serviços de táxi se
dá principalmente em três segmentos: pontos de táxi, bandeirada e radio-táxi. .
O segmento “bandeirada”, onde os taxistas procuram os passageiros nas ruas, é
utilizado em diversas cidades europeias, australianas e norte-americanas. Contudo
ele tem perdido espaço para os operadores de radio-táxi que tem se mostrado
social e economicamente mais eficiente, sendo uma tendência de mercado. As
principais formas de regulação por parte do poder público são: forma de entrada
no mercado e tarifação. As principais formas de regulação da tarifa de táxi
são: a) por teto máximo e mínimo: muito utilizada quando se pretende evitar /desmontar
um mercado constituído por monopólio/oligopólio; b) fixa: muito utilizada
quando o mercado dominante é do segmento ponto
de táxi; e c) de livre concorrência (desregulamentação): permite que
mercado regule o seu valor pela concorrência direta e permanente.
Na maior parte do Brasil e do mundo
ocidental, os taxistas trabalham através de licenças regularizadas emitidas
pelo poder público. Esta licença comumente adquire um valor de mercado,
variando de cidade para cidade. No ano de 2004, historicamente, a Prefeitura de
Nova Iorque leiloou uma licença do serviço de táxis “e os interessados pagaram
cerca de 360 mil dólares estadunidenses”. Na cidade do Rio de Janeiro, uma
licença ou alvará, como é também conhecido, custa cerca de R$ 60 mil. Em São
Paulo, o valor monetário varia de R$70 mil a R$ 90 mil, dependendo do acesso
e/ou ponto de estacionamento. Podem chegar a R$ 300 mil como o Aeroporto de
Congonhas ou a R$ 180 mil como no caso do movimentado Shopping Iguatemi. Não basta
apenas ter um carro para trabalhar para se tornar um taxista. É preciso que o
veículo tenha uma licença específica. Os que não puderem ou não quiserem empregar
dinheiro na licença, podem optar em trabalhar como um “taxista de frota”. São trabalhadores
de empresas de táxis que trabalham como valor de uso com o pagamento de um
valor diário, semanal ou mensal. Alternativas de trabalho disponíveis em
algumas cidades brasileiras são: alugar um táxi de uma associação ou
cooperativa de radio-táxi, ou mesmo sublocar
o aluguel de um carro de outro taxista disponível, pagando, também pelo valor
de uso diário.
São Paulo é a cidade que detêm a
maior frota de táxis acessíveis do Brasil. Dados estatísticos da Associação das
Empresas de Táxi do Município de São Paulo apresentam três subcategorias de
táxis em São Paulo. Suas divisões são feitas por ordem de cobrança de tarifas
conforme a regulamentação da cidade: Luxo: 157 táxis na cor preta; Especial:
624 táxis nas cores vermelha e branca; Rádio Táxi Comum e Táxi Comum sendo respectivamente: 4.440 táxis
e 28.753 táxis na cor branca. As pessoas jurídicas (empresas de frotas de táxi)
atendem somente na categoria Táxi Comum. Dentre os 3.560 táxis de pessoas
jurídicas – frotas de táxi –, estão incluídos 77 táxis acessíveis, que atuam diretamente no
transporte específico de cadeirantes. Há ainda, entre os táxis de pessoas
jurídicas, 116 táxis híbridos (movidos à gasolina ou eletricidade) e 10 táxis
elétricos, tornando a frota de São Paulo a mais moderna do Brasil e uma das
mais modernas do mundo. Dentre 30.483 táxis de pessoas físicas, 12.812 são dirigidos por prepostos/segundo motoristas
ou coproprietários. Ao todo são 80.135 taxistas ativos, cadastrados no DTP –
Departamento de Transportes Públicos.
Do ponto de vista tecnológico aplicativos
para os consumidores chamarem táxi pelo smartphone
estão sendo cada vez mais utilizados em todo o país. O que faz com que as
criadoras das ferramentas registrem crescimentos de até 100% ao mês. Com o
aumento da demanda, elas começam a ampliar o mercado corporativo - algumas já
oferecem e outras desenvolvem soluções para empresas. Algumas prefeituras já
estão tomando medidas e discutindo a melhor forma de lidar com o uso da
ferramenta. Contudo, taxistas não podem deixar de atender chamadas vindas da
cooperativa, caso chegue alguma primeiro pelo aplicativo. Um dos grandes
atrativos é que os táxis chegam com rapidez. Dependendo da região, pode ser em
menos de 5 ou 10 minutos, por conta da localização via GPS, dizem as empresas –
os aplicativos localizam o taxista que está mais perto do passageiros. Taxistas
de cooperativas também usam o aplicado entre uma corrida e outra, de acordo com
Edmilson Americano, presidente da Associação Brasileira das Cooperativas e
Associações de Táxis – Abracomtaxi - e da Guarucoop - cooperativa de taxistas
que atendem no aeroporto de Guarulhos.
Lançado em abril de 2012 no Brasil,
o aplicativo Easy Taxi hoje tem 5
milhões de usuários e 100 mil taxistas cadastrados em 23 países (80 cidades,
sendo 32 delas no Brasil). - “A Easy
Taxi é uma empresa que, de setembro de 2012 para cá, cresceu mais de 100% ao
mês. A gente dobra de tamanho todo mês, é crescimento absurdo”, disse Tallis
Gomes, presidente da empresa. O 99Taxis
entrou em funcionamento em agosto de 2012 e atualmente está presente em 60
cidades brasileiras. O número de corridas passou de 300 por dia em janeiro de
2013 para 26 mil ao dia em dezembro, afirmou Pedro Soma, gerente de operações
da 99Taxis. Segundo ele, há 30 mil
taxistas e quase 1 milhão de passageiros cadastrados. O Taxijá foi lançado em julho de 2012 tem quase 13 mil taxistas
cadastrados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador, com
210 mil downloads do aplicativo pelos
consumidores, informou o presidente, Arthur Pelanda. – “Estamos crescendo 43%
ao mês em demanda de usuários”.
Bibliografia
geral consultada.
BEESLEY, Max, “Regulation
of Taxis”. In: Economic
Journal, 83: 150-172; 1973; CASTELLS,
Manuel, La question urbaine. París: Éditions
Maspéro, 1981; TORRES, Antônio, Um taxi para
Viena d Áustria. Rio de Janeiro: Editora Companhia das Letras, 1991; LE GOFF, Jacques, Pour l'amour des villes. París:
Éditions Textuel, 1997; MCLUHAN, Marshall, Os
meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Editora Cultrix,
1999; MIRANDA, D. F, Geometria Táxi, uma
métrica para os espaços geográficos e urbanos uma análise exploratória. Dissertação
de Mestrado em Tratamento da Informação Espacial. Belo Horizonte: Pontifícia Universidade
Católica-MG, 1999; VISCO COMANDINI, Vincenzo; GORI, Stefano; VIOLATI, Flaminia,
“Le Licenze dei Taxi: Abolizione, Regolazione o Libero Scambio di Diritti?”.
In: Conference at Pavia University, 2003; Idem, “Le licenze dei
taxi: abolizione, regolazione o libero scambio dei diritti?”, In: Mercato Concorrenza Regole, n° 3;
2004; BERGANTINO, Angela, BOITANI, Andrea, “Taxi: un mercato molto
particolare”. In: www.Lavoce.info, 28 gennaio 2003; DIAS,
Flavio Augusto de Oliveira Passos, Serviços
de Táxi: Elementos para um novo modelo regulatório. Brasília: Dissertação
de Mestrado em Ciências. Universidade de Brasília: Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental, 2007; DARBÉRA, Richard, Problématique
du taxi. Institut pour la ville en mouvement. Lisboa: Festival Taxi,
2007; BRANDÃO, Ramon de Lima, O Automóvel no Brasil entre 1955 e 1961: A Intervenção de Ovos Imaginário na Era JK. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Mestrado em Narrativas, Imagens e Sociabilidades.Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2011; ROCHA NETO,
Osvaldo Assis, Mobilidade Urbana e Cultural do Automóvel na Singularidade da
Metrópole Modernista brasileira. Dissertação de Mestrado. Program de
Pós-Graduação em Sociologia. Brasília: Universidade de Brasília, 2012; LOPES,
Alan de Oliveira, Identificação de Fatores de Influência na Aceitação de Tarifas
de Pedágio Rodoviário: Um Estudo de Caso entre as Cidades de Brasília e Goiânia.
Dissertação de Mestrado em Transportes. Faculdade de Tecnologia. Brasília: Universidade
de Brasília, 2014; entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário