“Em um sistema acadêmico consistente, citar deve ser um prazer e um orgulho”. Roberto DaMatta
Roberto
Augusto DaMatta nasceu em Niterói, em 29 de julho de 1936. É um antropólogo,
conferencista, consultor, colunista de jornal e produtor brasileiro de TV. É
Professor Titular de Antropologia Social do Departamento de Ciências Sociais da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Professor Emérito da
Universidade de Notre Dame, ocupando a Cátedra Reverendo Edmund P. Joyce de
Antropologia da Universidade de Notre Dame, em Indiana, Estados Unidos da América.
Escreveu ensaios sobre duas sociedades tribais: os Gaviões do
Estado do Pará e os Apinayé, do atual Estado do Tocantins. Em 2001,
recebeu a Ordem do Mérito. Realizou pesquisas entre os
índios Gaviões e Apinayé. Foi pioneiro nos estudos comparados de rituais e festivais em
sociedades contemporâneas industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema
cultural urbano por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania,
da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço. Considerado
um dos grandes nomes das Ciências Sociais no país, é autor de diversas obras de
referência no âmbito da Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais,
Malandros e Heróis, A Casa e a Rua ou O que Faz o Brasil, Brasil?
Em 1974, Oswaldo Caldeira realizou para o Ministério da Educação e Cultura, com
finalidades didáticas, o documentário de média metragem Aukê. O filme é
uma aula de Antropologia, baseada em um estudo realizado em 1970 por Roberto DaMatta
chamado Mito e Anti-mito entre os Timbira, que narra o surgimento do “homem
branco” do ponto de vista indígena. O próprio Roberto DaMatta apresenta e
explica seu trabalho no decorrer do filme, que foi selecionado e exibido no
Festival de Brasília de 1975. Foi o primeiro convidado do programa Manhattan
Connection, criado pelo jornalista Lucas Mendes. Em 2013, esteve no
programa para comemorar os vinte anos de sucesso internacional. No ano de 2017,
recebeu duas medalhas: A Medalha Marechal Trompowsky, pelos relevantes
serviços prestados à educação no âmbito militar e A Medalha de Comendador,
da Ordem do Mérito Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho. Em
1889, Trompowsky ocupa a Cátedra da primeira cadeira da Escola Militar. Como
fora ligado à corte de D. Pedro II, pediu demissão da cátedra em razão de
eventos ocorridos na escola após a proclamação. Levou
ao Imperador a exposição de motivos, redigidos por Deodoro da Fonseca, do
levante republicano e o pedido de que a família imperial deixasse o país.
Plágio
do Grego plágos, oblíquo, atravessado, pelo Latim plagium, roubo. O étimo de “plágio” e “plagiário” remete
ao Latim plaga, chaga, ferida, mesma origem da palavra praga, vista pela troca linguística do encontro “pl” por “pr”. Está na origem do vocábulo o significado de “desvio”,
de sentido de “atravessador” para aquele que, não produzindo, nem comprando a
mercadoria, apenas intermedia como negócio no mercado. Ainda na Roma antiga, cometia “plágio” quem roubava as mercadorias chamadas “escravos” dos outros que
as possuíam, ou, contrariamente, vendia “homens livres” como escravos com
significado análogo. O plágio refere-se à assinatura
ou representação (cf. Santaella, 1992) de uma obra
etnográfica intelectual de qualquer natureza: texto, música, obra pictórica, fotografia,
obra audiovisual, etc. contendo partes de uma obra que pertença à outra pessoa “sem
colocar os créditos para o autor original”. No ato corrente de plágio, o plagiador intencionalmente
apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo de forma pública a
autoria.
O
conceito de plágio ainda é bastante difuso para cientistas e pesquisadores de vários países.
Na verdade, não só o conceito como também as relações de produção que se estabelecem com
tal prática social decorrem de um “viés cultural importante”. A abordagem do plágio é
permeada pelo conceito de autoria e da ideia de propriedade intelectual
constitutiva das ciências exatas. Sendo assim, não se pode negar que culturas
que legitimam a condenação da cópia de textos e ideias de outrem sem a devida
citação, legitimam a propriedade intelectual do autor, ou seja, a originalidade.
De acordo com Ben Edlund, “em países de língua inglesa, as pessoas acreditam
que ideias e expressões escritas podem ser possuídas”. Quando um autor escreve
uma determinada sequência de palavras ou frases expressando uma determinada ideia,
esse autor, de fato, é dono de tais construções e ideias. A utilização de tais
palavras sem a devida atribuição ao autor se configura roubo ou desvio de propriedade intelectual.
As invenções com finalidade industrial, marcas, patentes e outros sinais distintivos da ciência e da técnica são protegidos pela propriedade industrial já as criações literárias e artísticas são protegias pelos direitos autorais. A propriedade industrial garante o direito de exploração do objeto protegido com exclusividade, proporcionando meios para buscar a recompensa pelo esforço inovador (horas trabalhadas, recursos financeiros em pesquisa e desenvolvimento, etc.). Ou seja, com o direito de exclusividade, os titulares de propriedade industrial podem impedir que terceiros explorem economicamente o objeto da proteção. O titular de uma patente pode impedir que um concorrente venda um produto idêntico ao seu, com a mesma tecnologia. O titular de uma marca pode impedir que um concorrente ofereça a venda um produto com marca idêntica ou similar à sua.A propriedade industrial é um meio para incentivar inovações e criar condições favoráveispara o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Por isso, é importante entender como funciona e de que forma a legislação de propriedade industrial pode preservar uma criação sua ou da sua empresa.
O
conceito de propriedade intelectual surgiu no século XV, na República de
Veneza, quando o governo da região criou uma lei para proteger os inventores
das artes e das ciências. Propriedade Intelectual é o conceito relacionado com
a proteção legal e reconhecimento de autoria de obra de produção intelectual,
tais como invenções, patentes, marcas, desenhos industriais, indicações
geográficas e criações artísticas e garante ao autor o direito, por um
determinado período, de explorar economicamente sua própria criação. Em 1967,
foi criada a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) para
promover, por meio da cooperação internacional, a criação, disseminação, uso e
proteção de obras da mente humana para o progresso econômico, cultural e
social. Criada em 1967, é uma das 16 agências especializadas da Organização das Nações Unidas e tem por
propósito a promoção da proteção da propriedade intelectual ao redor do mundo
através da cooperação entre Estados. O atual Diretor-Geral da OMPI é o
australiano Francis Gurry. Atualmente, é composta de 187 Estados-membros e
administra 27 tratados internacionais, o mais recente dos quais é o Tratado de
Marraquexe, que visa a impor limitações e exceções aos direitos autorais sobre
livros em benefícios de pessoas cegas e deficientes visuais, permitindo-lhes um
acesso sem fronteira aos livros. A norma que reúne os direitos e obrigações é a
Lei 9.279/96. O responsável pela concessão de direitos de propriedade
industrial foi criado em 1970, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).
Plágio
não é o mesmo que paródia. Nesta, comparativamente, há uma intenção clara de
homenagem, crítica ou de sátira, tendo em vista que não existe a intenção de enganar o leitor ou o
espectador quanto à identidade do autor da obra. Para evitar acusação de plágio
quando se utilizar parte de uma obra intelectual na criação de uma nova
argumentação recomenda-se parafrasear o texto da fonte consultada e colocar
sempre créditos completos para o autor, como é praxe referendar na bibliografia, seguindo as normas da AssociaçãoBrasileiradeNormasTécnicas, órgão responsável pela normalização técnica no Brasil,
especialmente no caso de trabalhos acadêmicos onde normalmente se utiliza a
citação bibliográfica. Trata-se de entidade privada, sem fins lucrativos e de
utilidade pública, criada em 1940. É membro fundador da Organização
Internacional para Padronização, da Comissão Pan-americana de Normas Técnicas e
da Associação Mercosul de Normalização. Em
1996, a Science divulgou que três
casos de plágio envolvendo cientistas chineses levaram a uma discussão nacional
sobre esse tipo de conduta.. A Academia Chinesa de Ciências, engajada na
discussão ética e política, introduziu o “On being a scientist”, lançado em 1989 pela Academia Nacional
de Ciências dos Estados Unidos da América, entre os professores e pesquisadores chineses.Foi
elaborado para complementar as lições informais de ética fornecidas por
supervisores e mentores de pesquisa em universidades e empresas. O livro
procura descrever e explicar os fundamentos éticos das práticas científicas e
algumas das questões pessoais e profissionais que os pesquisadores encontram em
seu cotidiano de trabalho.
O objetivo seria reduzir
a incidência de fraudes, incluindo o plágio, entre os pesquisadores. Medidas
educacionais contra o plágio e outras formas de má conduta se tornaram uma das
prioridades no ambiente acadêmico daquele país. Num editorial sobre o plágio
(1996), Carlos Coimbra, editor de CadernosdeSaúdePública, declara
sociologicamente que “no Brasil pouco se fala sobre plágio em ciência. Isto certamente decorre
menos da ausência do problema no país do que da falta de iniciativas para
aprofundar essa discussão”. Do ponto de vista técnico-metodológico entre
os usos e abusos sobre a excessiva referência ao vocábulo constam: a) o autoplágio
consiste na apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo mesmo autor, sem as devidas referências
aos trabalhos anteriores, tendo em vista as diversas formas de citação; b) de sentido conceitual quando a utilização da
essência da obra do autor expressa de forma distinta da original, não se apresentando em seus detalhes ; c) o plágio parcial é a “colagem” resultante da
seleção excessiva de parágrafos ou frases de um ou diversos autores, sem menção às obras consultadas pelo pesquisador; d) plágio conceitual
refere-se à utilização da essência da obra do autor expressa de forma distinta
da original. Finalmente, não queremos perder de vista a ocorrência do chamado plágio direto ou plágio integral, que consiste em dado momento em “copiar
uma fonte palavra por palavra sem indicar que é uma citação e sem fazer
referência ao autor”.
Neste sentido temos de levar em conta quanto ao estilo, que o próprio Marx submetera vários capítulos a uma cuidadosa revisão, que, juntamente com frequentes indicações transmitidas oralmente, segundo Engels “forneceram-me a medida até onde eu poderia ir na supressão de termos técnicos ingleses e outros anglicismos”. Além disso, vale lembrar "uma última palavra sobre o método, pouco compreendido, que Marx emprega na realização das citações. Quando se trata de dados e descrições factuais, as citações - como, as dos Livros Azuis ingleses, servem evidentemente como simples referências comprobatórias. O mesmo não ocorre quando são citadas teorias de outros economistas. Nesse caso, a única finalidade da citação é a de estabelecer onde, quando e por quem foi enunciado claramente, pela primeira vez, um pensamento econômico, mencionado no decorrer da exposição. Mas o fato de ser citado não implica de modo algum que esse enunciado tenha valor absoluto ou relativo do ponto de vista do autor, ou que já encontre historicamente ultrapassado. Tais citações, pois, não constituem mais do que um comentário ao texto, tomado da história da ciência econômica, e registram cada um dos progressos mais importantes da teoria econômica, de acordo com a data e o autor. E isso era muito necessário numa ciência cujos historiadores se destacam apenas pela ignorância tendenciosa, quase digna de arrivistas. No caso da historiografia brasileira é impressionante a ignorância simbólica que ocorre em relação a Francisco Adolfo de Varnhagen em sua obra História Geral do Brasil. Antes da sua Separação e Independência de Portugal (São Paulo, 1962).
Compreender-se-á por que Marx, em sintonia com o posfácio da segunda edição, d`O Capital (2013) apenas excepcionalmente cita economistas alemães. Ipso facto, metodologicamente Marx afirma em seu ensaio preparatório de 1859, que todo começo em ciência é difícil (cf. Engels, 2013: 98-99). Na
literatura científica a editora brasileira Martin Claret vem tem sido atingida
por diversas acusações de plágio provenientes do mercado literário de traduções. Em 2000, respondeu
a uma intimação judicial da editora Companhia das Letras, reconhecendo posteriormente
ter usado uma parte das traduções de Modesto Carone para três novelas de Franz
Kafka: A Metamorfose, Um Artista da Fome e Carta ao Pai. A obra A
República, de Platão, tinha a tradução assinada por Pietro Nassetti, mas na
verdade o texto é uma adaptação com pequenas mudanças da tradução de Maria
Helena da Rocha Pereira, considerada uma das maiores especialistas portuguesas em estudos sobre a Grécia
Antiga. O editor Martin Claret, admitiu que sua edição de A República, é
plágio da edição da Fundação Calouste Gulbenkian. Há suspeita de que alguns
livros da editora usem traduções plagiadas. O caso é similar com o plágio
ocorrido com as traduções publicadas pela Editora Nova Cultural.
Uma
avaliadora do Ministério da Educação teve seu diploma de doutora, obtido na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cassado pelo conselho da universidade
federal mineira por plágio. O título de Scarlet Yone O`Hara,
professora-associada na Universidade Federal do Pará (UFPA), foi obtido em 2004
e cassado na reunião do Conselho no dia 13 de outubro. A aluna, segundo a Universidade Federal de Minas,
já foi notificada. A decisão da UFMG foi publicada no boletim oficial da
instituição de ensino. A tese plagiada tem o seguinte título: A Mitopoética Marajoara na Construção do Imaginário Amazônico. A investigação foi aberta em
setembro de 2010, baseada na denúncia feita pela autora do trabalho plagiado.
Uma comissão de sindicância formada por professores da Faculdade de Letras
investigou a denúncia e, em seguida, o caso passou pela análise da Congregação,
Câmara de Pós-graduação da Faculdade de Letras e pelo Conselho de Ensino,
Pesquisa e Extensão. - “A materialidade é indiscutível. Após ampla e
exauriente instrução, restou provado neste processo, de forma inconteste, a
existência do plágio de que foi acusada Scarlet Yone O´Hara”, conclui o Parecer
da Comissão de Legislação que embasou a decisão punitiva do Conselho
Universitário.
A
Comissão acrescenta que a própria autora da tese “não apresentou nenhuma
justificativa excludente do ilícito de propriedade autoral por ela praticado.
Pelo contrário, confessa expressamente a cópia realizada sem a citação da fonte”. No Parecer, também é citado trecho da análise feita pela comissão de
sindicância que concluiu pela existência de plágio, uma vez que o texto da tese
inclui “várias passagens integralmente copiadas ou ligeiramente modificadas”,
sem citação da referência da fonte de consulta e/ou pesquisa. De acordo com o Parecer
da Comissão de Legislação do Conselho Universitário, a medida se sustenta em
“farto material probatório, está revestida de legitimidade e confere segurança
à comunidade acadêmica para ratificar o veredito, pois, além de combater a
fraude acadêmica, cumpre-se pedagógica no sentido de dar amplo conhecimento de
que a improbidade intelectual é inadmissível no ambiente universitário e deve
ser severamente repudiada”. No
âmbito da esfera política o Presidente da Rússia Vladimir Putin é acusado de
ter copiado quase literal a maioria do texto da sua dissertação do livro Strategic Planning and Policy, de autoria de William R. King e David I.
Cleland, professores da Universidade de Pittsburgh, publicado em 1978.
Stephen
E. Ambrose, escritor norte-americano e biógrafo dos presidentes dos Estados
Unidos da América (EUA) Dwight D. Eisenhower e Richard Nixon, copiou em muitas das suas obras
passagens completas de outros autores. A tese de doutorado da política alemã
Silvana Koch-Mehrin, defendida em 2001 com o título: Historical Currency Unions
between Economy and Politics, foi analisada usando o “crowdsourcing”, sendo ela
acusada literalmente de plágio. Como consequência, em 11 de maio de 2011 ela renunciou ao
cargo de presidente do Partido Democrático Liberal (FDP) no Parlamento Europeu e de vice-presidente do
Parlamento Europeu, alegando querer encerrar a crise que o inquérito trouxe à
sua família. Ela permanece membro do Parlamento Europeu, e continuou a usar o
título de doutor. Em 15 de junho de 2011 a Universidade de Heidelberg rescindiu
oficialmente seu título de doutorado, “devido a plágio considerado descarado”. Em
3 de dezembro de 2008, a música “Still Got the Blues” do álbum homônimo de Gary
Moore lançado em 1990 foi declarado plágio de uma canção desconhecida (ao menos
fora da Alemanha) publicada em 1974 chamada “Nordrach”, da banda alemã Jud’s
Gallery pelo Tribunal Regional de Justiça
(Landgericht) de Munique. Gary negou
conhecer a música, alegando que esta era indisponível em gravações ou CD na
época em que ele gravou o álbum.
A corte reconheceu que não havia evidência de
que o solo de guitarra havia sido copiado de “Nordrach”, mas uma violação de copyright independe da qualificação do
furto. O político alemão Karl-Theodor zu Guttenberg, então ministro da Defesa
da Alemanha, foi acusado em fevereiro de 2011 de plágio e a partir da sanção jurídica “ficou sem o seu título
de doutor em Direito”. Ele havia obtido o título em 2007. A sanção jurídica é o nosso meio competente estabelecido pelas normas jurídicas para forçar seus violadores (possíveis ou prováveis) a cumprir o que eles mandam, ou a reparar o mal cusado pela violação, ou a se submeter às penas legais. A Universidade de
Bayreuth retirou de Karl-Theodor zu Guttenberg o título do doutorado em 22 de
fevereiro de 2011. Isto valeu a ele pelo menos duas queixas na justiça, o apelido
e a dramatispersonae: “Barão copia-cola” e “Barão von Googleberg”. Em 1° março
de 2011 Karl-Theodor zu Guttenberg renunciou como ministro da
Defesa de Alemanha e da renúncia do mandato parlamentar. O ex-presidente da Hungria Pál Schmitt teve o título de doutorado retirado em
março de 2012 pelo Conselho de Doutores da Universidade de Medicina
“Semmelweis”.
Esta
exigência está de acordo com o que é apregoado pela Constituição Federal (cf. Constituição
do Brasil, 1988), na qual dispõe no Art. 207 que: “As universidades [...] obedecerão
ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Percebe-se, portanto, que a atividade de pesquisa é intrínseca ao trabalho universitário.
A Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), órgão
vinculado ao Ministério da Educação e Cultural (MEC), emitiu, em 2011, um documento no
qual se pronunciou sobre o plágio, dirigindo-se às instituições de ensino,
nestes termos: - “A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) recomenda, com base em orientações do Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), que as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras
adotem políticas de conscientização e informação técnica atualizadas sobre a propriedade intelectual,
adotando procedimentos específicos que visem coibir a prática do plágio quando
da redação de dissertações, teses, monografias, artigos etc. por parte de
alunos e/ou membros de suas comunidades científicas.
No
mesmo ano, a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) definiu o plágio em um documento
oficial que orienta boas práticas na pesquisa científica da seguinte maneira: o
plágio é “a utilização de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas, de
outrem sem dar-lhe por elas, expressa e claramente, o devido crédito, de modo a
gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias ou formulações de autoria
própria”. Em notícia do mês de agosto de 2011, a SociedadeBrasileiraparao
Progresso da Ciência publicou, em seu boletim Jornal da Ciência: - “O Brasil ainda não tem regras claras para
prevenção e punição de casos de fraudes científicas. As investigações de fraude
ficam a cargo das instituições onde ocorrem os casos de má conduta”. No ano de
2012, reuniu-se, pela primeira vez, a Comissão de Integridade na Atividade Científica
do Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico. Entre as atribuições gerais desta comissão, podemos destacar as “ações
preventivas e educativas sobre a integridade da pesquisa realizada ou publicada
por cientistas em atividade no país”. A
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência é uma organização sem
fins lucrativos voltada para o desenvolvimento científico, tecnológico e
cultural do Brasil. Reúne diferentes sociedades científicas e tem
importante papel na valorização da ciência e dos cientistas, exigindo dos
diferentes governos, o investimento na ciência e cultura nacional.
Bibliografia geral consultada.
SILVA, Ludovico, El Estilo Literario de Marx. México: Siglo Veintiuno Editores, 1975; ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max, Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985; CHACON, Vamireh, Max Weber: A Crise da Ciência e a da Política. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1988; SANTAELLA, Lucia, AssinaturadasCoisas - Piercee a Literatura. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1992; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; BOURDIEU, Pierre, Os Usos Sociais da Ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2004; GARSCHAGEN,
Bruno, “Comércio de Teses e Dissertações atrai Pós-Graduandos”. In: FolhadeS. Paulo, 07/11/2005; LEITE FILHO, Geraldo
Alemandro; VASCONCELOS, Sonia Maria Ramos, “O Plágio na Comunidade Científica: Questões
Culturais e Linguísticas”. In: Cienc.
Cult. Volume 59 n°3. São Paulo July/Sept. 2007; TORRESI, Susana Inês Córdoba de; PARDINI, Vera Lúcia; FERREIRA, Vitor Francisco,
“É plágio, e daí? Editorial”. In: Química
Nova, Volume 34 (3): 2011: 371; RODRÍGUEZ, Armando Soto, “El
Plagio y su Impacto a Nivel Académico y Professional”. In: E-Ciencias de la Información. Revista electrónica semestral.
Volumen 2, número 1. Enero - junio, 2012; DESTUTT de TRACY,
Antoine, Oeuvres Complètes. Editeur Claude Jolly. Paris: Librairie
Philosophique J. Vrin, 2012; MASSUIA, Rafael da Rocha, A Recepção
das Ideias Estético-Literárias de Lukács em Leandro Konder e Carlos Nelson
Coutinho: Análise de suas Produções Teórico-Críticas. Dissertação de
Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Ciências
e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2013; FRAZÃO, Cicero
Rommel Sales, A Concepção de Ideologia em Marx. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Mestrado Acadêmico em Filosofia. Centro
de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará, 2015; OLIVEIRA, Fernando Maluf Dib, A Constituição da Identidade na Pós-Modernidade: O Simulacro da Realidade. Dissertação de Mestrado. Instituto de Ciências Sociais. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2016; entre outros.
“Miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas são diferentes...”.
Titãs
Há dois brasis no âmbito do desenvolvimento
da consciência nacional. Aquele que representa academicamente a elaboração de
um julgamento filosófico a respeito da história - estranho a si mesmo, produzindo
sucessivamente todas as formas do real: quadros do pensamento, natureza histórico-etno-sociológica.
Afastando-se de si, exteriorizando-se, para voltar depois a si mesmo, quando a
ideia triunfa do que a limitava, afirmando-se na negação das suas negações
sucessivas. Quando demonstra como a consciência se eleva, pouco a pouco, desde
as formas elementares da sensação até à ciência, comparativamente identificada com
a racionalidade da religião, travestida na política, tal como o valor absoluto
da religião cristã se integra na verdade do saber na esteira da vida: A representação
da consciência, a autoconsciência e a razão. – “Na vitória do mais forte, na
derrota dos iguais/A violência travestida faz seu trottoir/Na procura doentia de qualquer prazer/Na arquitetura
metafísica das catedrais/Nas arquibancadas, nas cadeiras, nas gerais/A
violência travestida faz seu trottoir”.
Um latifúndio é uma propriedade
agrícola de grande extensão pertencente a uma única pessoa, uma família ou
empresa e que se caracteriza pela exploração extensiva de seus recursos. A
extensão necessária para se considerar uma propriedade como um latifúndio depende
do contexto: enquanto na Europa o grande latifúndio pode ter algumas centenas
de hectares, na América Latina, pode facilmente ultrapassar os 10 mil. Além da
extensão, outras características do que é conhecido como latifúndios são:
baixos rendimentos unitários, uso da terra abaixo do nível de exploração máxima
e baixa capitalização. A concentração de terras, em posse dos grandes
fazendeiros, tem sido com frequência apontada como a principal causa das
injustiças sociais, responsável pelo inchaço demográfico das grandes cidades e
do aumento da violência como um todo. O latifúndio ainda é regime próprio de países
pobres e um dos responsáveis pelo atraso e pelo subemprego nos campos e nas
cidades. Este sistema de distribuição da propriedade rural é comum no Brasil,
com o tema tratado no campo jurídico pelo Estatuto da Terra, legislação
estudada no ramo do Direito chamado Direito Agrário, além de interessar às
políticas governamentais de reforma agrária que determinam o uso do solo rural no país. O latifúndio tem sido
uma fonte de instabilidade social e política.
Desde
meados dos anos 1940 o debate vinha sendo meramente sobre como prover
assistência a famílias pobres e miseráveis. A concessão de benefícios e ajuda
era então feita pontualmente e de forma indireta, geralmente com a distribuição
de cestas básicas em áreas carentes principalmente do norte e nordeste, algumas
vezes seguidas de denúncias de corrupção devido a centralização das compras em
Brasília, além do desvio de mercadorias pela falta de controle logístico. O
idealizador do projeto de ajuda direta foi Herbert José de Sousa, o Betinho,
sociólogo e importante ativista dos direitos humanos brasileiro. Durante o
governo FHC os chamados programas de distribuição de renda foram efetivados no
país, alguns em parceria com ONGs. Todos esses programas estavam agrupados na
chamada “Rede de Proteção Social”, de abrangência nacional.
Na
década de 1950, quando o brasileiro Josué de Castro tornou-se presidente do
Conselho da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
e proferiu a frase: - “No Brasil, ninguém dorme por causa da fome. Metade
porque está com fome e a outra metade porque tem medo de quem tem fome”, que o
debate sobre segurança alimentar passa a ganhar notoriedade no Brasil. De
acordo com Castro 10, o método de investigação que norteou a elaboração da
Geografia da Fome foi baseado nos princípios estabelecidos pelos geógrafos Carl
Ritter e Alexander von Humboldt, Paul
Vidal de La Blache, entre outros. O objetivo básico da irradiação da fome
consiste em “localizar com precisão, delimitar e correlacionar os fenômenos
naturais e culturais que ocorrem à superfície da terra”. O propósito do estudo
foi realizar uma sondagem de natureza ecológica sobre o caráter da fome no
Brasil, orientado pelos princípios geográficos da localização, extensão,
causalidade, correlação e unidade terrestre. Embora explicitando identificação
com o método geográfico, os aspectos biológicos, médicos e higiênicos da
miséria da fome são analisados em seu ensaio ecológico.
Estatisticamente entre 2004 e 2013,
os índices de pobreza retroagiram de 20% para 9% da população de 7% para 4% no caso da
pobreza extrema (cf. Mercadante, 2010; 2013). Os principais aspectos da pobreza
continuam os mesmos que revelam o diagnóstico de dois brasis. Está presente no
meio rural e nas regiões economicamente involuídas, com a manutenção e
exploração do trabalho escravo e da prostituição infantil permanentes nas
transformações do mundo da política e da cultura do Norte e Nordeste do Brasil.
Essa é a conclusão do estudo comparativo divulgado com base em dados reais pelo
“Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo” (IPC-IG), de
fora para dentro, vinculado ao “Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento” (PNUD). - “A redução da pobreza não acompanhou as alterações
em seus principais aspectos ou perfis”, ratificam os especialistas no estudo. -
“Em termos regionais, pouco mudou, com as regiões Norte e Nordeste apresentando
as maiores taxas de prevalência da pobreza, bem como as áreas rurais em todas
as regiões”.
No entanto, há muita coisa nebulosa
em jogo na cena política, se bem atendemos no puro ser que constitui a essência
dessa certeza, e que ela enuncia como sua verdade. Uma certeza sensível efetiva
não é apenas essa pura imediatez, mas um exemplo da mesma. Entre as diferenças
sem conta que ali evidenciam, achamos em toda parte a “diferença-capital”, a
saber: que nessa certeza ressaltam logo para fora do puro ser dos dois estes,
um este, como Eu; outro, como um este imaginário sobre o “cativeiro da terra”
no Brasil sobre o qual justifica a violência das bancadas dos três “bes”:
bancada da bala, bancada da Bíblia, bancada do boi. Refletindo sobre essa
diferença, resulta tanto um como outro não estão na certeza sensível apenas de
modo imediato, mas, mediatizados. Essa diferença entre a essência e o exemplo,
entre a imediatez e a mediação, quem faz não somos nós apenas. Nós a
encontramos na certeza sensível; e na forma em que nela se encontra, e não como
nós acabamos de determina-la.
Na
certeza sensível, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou
como a essência: o objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e
o mediatizado, momento que nisso não é “em-si”, mas por meio do Outro: o Eu, um
saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o
objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, tanto faz que seja conhecido ou não.
Permanece mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não
souber que pode ser. Trata-se assim da singularidade imediata de apreensão do
objeto. O outro momento, porém, é posto como o inessencial e o mediatizado,
momento que nisso não é “em-si”, mas por meio de Outro: o Eu, um saber, que
sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou não. Mas o objeto é o
verdadeiro e a essência: ele é, tanto que seja conhecido ou não. Permanece
mesmo não sendo conhecido – enquanto o saber não é, se o objeto não é. O
objeto, portanto deve ser examinado, para vermos se é de fato, na certeza
sensível mesma, aquela essência que ela lhe atribui; e se esse seu conceito –
de ser uma essência – corresponde ao modo imediato como se encontra na certeza
sensível.
A
tendência é conselheira se examinarmos o período anterior ao golpe de Estado de
2016 no Brasil. Em 2013, 37%
dos domicílios pluriativos recebiam recursos do “Programa Bolsa Família”,
enquanto nos domicílios agrícolas esse percentual era de 22%. - “Benefícios
assistenciais como Bolsa Família ajudam, contudo, não são suficientes para
retirá-los da extrema pobreza. Deve haver políticas sociais voltadas para os
pequenos agricultores, que considerem as fragilidades dessas famílias, que
buscam a sua sobrevivência na agricultura familiar”. - “A pluriatividade nordestina
parece surgir como única alternativa de sobrevivência das famílias em situação
de extrema pobreza”. No Norte, a pobreza comparativamente diminuiu menos que no
Nordeste e no Brasil como um todo. Segundo o levantamento, a persistência da
pobreza extrema no Norte, particularmente entre os domicílios pluriativos e
aqueles não agrícolas, é especialmente preocupante. Já as taxas de pobreza são
praticamente as mesmas em 2004 e 2013. - “Embora o Norte seja menos pobre do
que o Nordeste, o progresso tem sido mais lento lá em comparação às demais
regiões do país”, por razões sociológicas e políticas. O ProgramaBolsaFamília do ponto de vista técnico-metodológico é sociologicamente
um “mecanismo condicional de transferência de recursos”. Foi considerado um dos
principais programas de combate à pobreza, tendo sido nomeado como “um
esquema anti-pobreza originado na América Latina ganhando adeptos
mundo afora” na TheEconomist. Os governos no mundo estão de
olho no programa.
O
jornal francês LeMonde reporta: - “O programa Bolsa
Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor
arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, contra a pobreza”. Foi citado
como um bom exemplo de política pública na área de assistência social no Relatório sobre Erradicação da Pobreza
do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para o Conselho Econômico
Social (ECOSOC) das Nações Unidas. O programa BolsaFamília foi citado
como referência de política “acessível” em termos econômicos para países em
desenvolvimento. Segundo o documento, com aproximadamente 0,5% do seu Produto Interno Bruto, países podem adotar políticas similares ao programa
Bolsa Família. Outros exemplos latinos de assistência social, baseados nas
transferências de dinheiro condicionado a resultados em educação, saúde e
outros investimos de capital humano foram o “Oportunidades”, no México, e o “Famílias
em Ação”, na Colômbia. A erradicação da pobreza foi o tema central do Relatório
do Secretário-Geral para o Conselho em fevereiro de 2012. O principal argumento
do documento é que o crescimento econômico precisa ter como escopo políticas
sociais e macroeconômicas capazes de criar empregos, reduzir desigualdades e
garantir proteção social.
A
redução que pode perder força com a atual crise política foi calculada com base
em uma nova linha de pobreza estabelecida de US$ 1,90 por dia, e é maior do que
a divulgada anteriormente. Antes, quando se levava em conta linha de pobreza
anterior, de renda de US$ 1,25 cerca de R$ 4,81 na cotação atual por dia, o
declínio da pobreza extrema no Brasil no período havia sido de 59%, passando de
10,2% em 2001 para 4,2% em 2013. A linha anterior tinha como base preços de
2005. A atualização preserva o real poder de compra, considerando fatores como
inflação, taxa de câmbio e preços de matérias-primas e incorporando dados sobre
diferenças no custo de vida nos países. De acordo com o Banco Mundial, com base
na nova linha, o número de pessoas em “situação de extrema pobreza” no Brasil
em 2013 era de 9,5 milhões. Até então, pela metodologia anterior, o número de
pessoas nessa situação no mesmo ano era de cerca de 8,4 milhões,
considerando-se população de cerca de 200 milhões de brasileiros.
Um
contingente significativo de trabalhadores está à margem, clandestina e
excluída da sociedade brasileira. Milhões de homens, mulheres e crianças não
possuem certidão de nascimento, de batismo ou casamento. Não têm endereço/residência fixa, não pagam conta de
água, luz ou telefone. Não possuem carteira de trabalho e quando a possuem não
têm emprego. Não pagam impostos, porque não possuem renda. Não têm conta no
banco, porque consomem, mas não produzem socialmente. Não sabem ler ou não
compreendem a mensagem, porque estão fora do mercado de trabalho no mercado de
trabalho qualificado. É a população com maior mobilidade geográfica; a primeira
a ficar desempregada em momentos conjunturais de crise e a que mais sofre o
impacto da instabilidade econômica. Tem a mais alta frequência de
intercorrências médicas, desde a infância à velhice, uma expectativa de vida
quase vinte anos menor do que a população que trabalha e/ou detém os meios de produção
e uma taxa de mortalidade mais alta.
No Brasil, inexiste uma política
global, coordenada e efetivamente de combate à miséria e pobreza. Apesar disso, o
país segundo pesquisadores, “gasta uma quantidade grande de recursos em
projetos sociais ineficientes”. Para promover uma ação global, efetiva e
duradoura do combate à pobreza no Brasil não é necessário que se observe e se
conheça detalhadamente a situação de vida, saúde e nutrição do Brasil pobre,
mas a relação social e política de coexistência de dois brasis que constitui a essência dessa certeza e que ela representa
como verdade. Uma certeza sensível efetiva não representa apenas essa pura
imediatez, mas é exemplo da mesma. Entre as diferenças sem conta que ali
evidenciam, achamos em toda parte a diferença-capital, a saber: que nessa certeza
ressaltam logo para fora do puro ser dos dois estes: um este, como Eu; outro,
como um “este” imaginário prenhe da explicação etnohistórica refletindo sobre essa diferença, resulta tanto um
como outro não estão na certeza sensível apenas de modo imediato, mas,
mediatizados na e pela política. Eu tenho a certeza por meio de outro. Igualmente
na certeza diante outro, no âmbito de sua formulação determinada.
Essa
diferença entre a essência e o exemplo dramático, entre a imediatez e a
mediação, a encontramos na própria certeza sensível; e deve ser tomada na forma
em que nela se encontra, e não como nós acabamos de determina-la. Na certeza
sensível, um momento é oposto como o essente simples e imediato, ou como a
essência: o objeto. O outro momento,
porém, é posto como o inessencial e o mediatizado, momento que nisso não é
“em-si”, da consciência nacional representado apenas como dado, mas por meio do
Outro: o Eu, um saber, que sabe o objeto só porque ele é; saber que pode ser ou
não. Mas o objeto é o verdadeiro e a essência: ele é, pois tanto faz que seja
conhecido ou não. Permanece mesmo não sendo conhecido - enquanto o saber não é,
se o objeto não souber que pode ser.
Trata-se assim da singularidade imediata de apreensão do objeto. O objeto,
portanto deve ser examinado, para vermos se é de fato, na certeza sensível mesma, aquela essência que ela
lhe atribui. E se esse seu conceito, pelo fato de ser uma essência, corresponde
ao modo imediato como se encontra na certeza sensível.
O
problema da pobreza no Brasil não está completamente superado, disse o então assessor
da Secretaria Geral da Presidência da República, Selvino Heck, em audiência
pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Segundo
Selvino Heck, apesar de o país não possuir mais pessoas em situação de fome
crônica, ainda existem 20 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza. Ele
lembrou que um dos desafios da presidente Dilma Rousseff é justamente erradicar
a pobreza extrema até 2015, conforme preveem as Metas do Milênio, estabelecidas
pela Organização das Nações Unidas. Na
audiência, foram discutidas ações nacionais e internacionais de combate à fome
e à miséria. A proposta do governo pretendia dar continuidade e ampliar a distribuição
de renda; qualificar a oferta de serviços públicos, como acesso à saúde e à
educação; e programar ações de inclusão produtiva, com a criação de emprego e
valorização da agricultura familiar; entre outras medidas. Na avaliação do
assessor, os conceitos de pobreza e de extrema pobreza não envolvem apenas os
critérios de renda e fome. Para ele, o acesso mínimo a serviços que ofereçam
qualidade de vida, como saúde, moradia e educação, também devem ser observadas.
Bibliografia
geral consultada.
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2014; CRUZ, Janaína
Miranda, Sentidos dos Afetos das Famílias em Situação de Pobreza Acompanhadas
pelo CRAS. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Psicologia.
Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2016; entre outros.
“A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”. Machado de Assis
Joaquim
Maria Machado de Assis (1839-1908) foi um notável escritor brasileiro,
considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores o maior renome
da literatura brasileira. Nascido no Morro do Livramento, no centro do Rio de
Janeiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca
frequentou universidade. Escreveu em praticamente todos os gêneros
literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista,
folhetinista, jornalista e crítico literário. Testemunhou a Abolição da
escravatura e a mudança social e política no país quando a República substituiu
o II Reinado, além das mais diversas reviravoltas pelo mundo em finais do
século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos
político-sociais de seu tempo. Para
o considerado crítico literário norte-americano Harold Bloom, descrito como “provavelmente o crítico literário
anglófono mais famoso do mundo”, considera que Machado de Assis
é o maior escritor negro de todos os tempos, embora outros estudiosos prefiram
especificar que Machado de Assis antropologicamente era mestiço (cf. Ribeiro, 1997), notadamente filho de um descendente de negros
alforriados e de uma lavadeira portuguesa.
Seus biógrafos percebem que,
interessado pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente
abastecendo-se de superioridade intelectual e da cultura da capital brasileira.
Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da
Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce
notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas.
Machado de Assis pôde assistir, durante sua vida, que abarca o final da
primeira metade do século XIX até os anos iniciais do século XX, a enormes
mudanças históricas na política, na economia e na sociedade brasileira e
mundial. Em sua maturidade, reunido a intelectuais e colegas próximos, fundou e
foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras. A
extensa e maravilhosa obra machadiana constitui-se de 10 romances, 205 contos, 10 peças
teatrais, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas.
Machado de Assis é considerado o introdutor do realismo no Brasil, com a
publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é
posto ao lado de todas suas produções posteriores, tais como: Quincas Borba,
Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, reconhecidas como pertencentes à sua segunda fase, em que
notam-se traços de crítica social, ironia e até pessimismo, embora não haja
rompimento de resíduos românticos.
Dessa fase, os críticos destacam que suas
melhores obras são as do que se passou a chamar de “Trilogia Realista”. Sua
primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A
Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde notam-se
características herdadas do Romantismo, ou “convencionalismo”, como prefere a
crítica moderna. Sua
obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do
século XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse
acadêmico e público para entender o Brasil e o mundo. Influenciou grandes nomes
das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond de Andrade, John Barth,
Donald Barthelme e muitos outros. Em vida, alcançou fama e prestígio pelo
Brasil e países vizinhos. Hoje em Por sua inovação literária e por sua audácia
em temas sociais e precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro
de produção sem precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e dimensão da
obra têm alcançado diversos críticos, influenciados, estudiosos e admiradores
do mundo inteiro. Machado de Assis é considerado um dos grandes gênios da
história da literatura, ao lado de autores como Dante Alighieri, William Shakespeare e Luís de Camões.
Machado de Assis e Eça de Queiroz, comparativamente, são considerados os dois
maiores escritores da vida cotidiana em língua portuguesa do século XIX. Incluído na lista dos heróis é homenageado pelo principal prêmio literário brasileiro, o Prêmio
Machado de Assis. Os vencedores recebem um valor em dinheiro, um diploma e, desde 1998, um troféu criado pelo escultor Mario Agostinelli - um pequeno busto de Joaquim Maria Machado de Assis.
No dia 25 de agosto comemora-se o Dia do Feirante. O
profissional que trabalha com produtos da agricultura, levando os alimentos até
nossas mesas. A criação da data se deu em virtude da realização da primeira
Feira Livre do Brasil, no ano de 1914, na cidade de São Paulo. Os chacareiros
em sua maioria imigrantes portugueses, não sabiam o que fazer com os produtos
que não haviam sido comercializados nos empórios e quitandas. Com o apoio da
prefeitura, conseguiram vender os produtos que sobravam diretamente
para consumidores, iniciando suas atividades no Largo General Osório.
Washington Luís era o prefeito de São Paulo e foi quem oficializou as feiras
livres no Brasil, a partir do Ato 625. Feiras livres são administradas pela Lei
nº492/84. Etnograficamente os feirantes têm uma vida muito dura, pois
precisam acordar cedo para montar as bancas nas feiras, que costumam atender
a partir das sete horas da manhã. Nas feiras a concorrência é grande, pois
existem várias barracas que vendem os mesmos produtos. Para atrair os clientes,
os feirantes gritam, demonstrando a qualidade de seus produtos ou
através de frases engraçadas, brincando com a freguesia, tornando o ambiente
bem animado. Dentre as frases ilustradas para chamar atenção do
freguês temos: “Moça bonita não paga, mas também não leva”, “Gostoso não é? Pode
experimentar outra vez”, “Aqui é barato, o marido da barata”, “Pega no melão
que aqui ele tá bom”, entre outras. Em 1932, a cidade de São Paulo mobiliza seu maior movimento cívico: a Revolução
Constitucionalista, quando boa parte da população se engaja decisivamente
na guerra contra o “Governo Provisório” de Getúlio Vargas.
Em 1934, com a
reunião de algumas faculdades criadas no século XIX e a criação de outras, é
fundada a Universidade de São Paulo (USP), hoje a maior do Brasil. Outro grande
surto industrial deu-se, durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise na
cafeicultura na década de 1930 e às restrições ao comércio internacional
durante a guerra, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento econômico
muito elevada que se manteve elevada no pós-guerra. Em 1947, São Paulo ganha
sua primeira rodovia asfaltada: a Via Anchieta, construída sobre o antigo
traçado do Caminho do Padre José de Anchieta, liga a capital ao litoral
paulista. Na década de 1950, São Paulo era reconhecida: como a cidade que não pode
parar e; como a cidade que mais cresce no mundo ocidental. São
Paulo realizou uma grande comemoração, em 1954, do “Quarto Centenário” de
fundação da cidade. É inaugurado o extraordinário Parque do Ibirapuera, lançados muitos livros
históricos e descoberta a nascente do rio Tietê, em Salesópolis. Com uma área de 158
hectares (390 acres), entre as avenidas Pedro Álvares Cabral, República do
Líbano e IV Centenário, o Parque Ibirapuera é um parque tombado e patrimônio
histórico de São Paulo. Com a transferência em 1950, de parte do centro financeiro da cidade que fica localizado no “Triângulo Histórico”, para a Avenida Paulista, as suas mansões foram, na sua maioria, substituídas por grandes edifícios.
No período da década de 1930 até a década
de 1960, os grandes empreendedores do desenvolvimento de São Paulo foram o
prefeito Francisco Prestes Maia e o governador do estado de São Paulo Ademar de
Barros, o qual também foi prefeito de São Paulo entre 1957 e 1961. Prestes Maia
projetou e implantou, na década de 1930, o “Plano de Avenidas para a Cidade de
São Paulo”, que revolucionou a comunicação do trânsito de São Paulo. Estes
dois governantes são os responsáveis pelo planejamento, também, pelas duas
maiores intervenções urbanas, depois do Plano de Avenidas, e que mudaram São
Paulo: a retificação do rio Tietê com a construção de suas marginais e do Metrô
de São Paulo: em 13 de fevereiro de 1963, o governador Ademar de Barros e o
prefeito Prestes Maia criaram as comissões (estadual e municipal) de estudos para
a elaboração do projeto básico do Metrô de São Paulo, e destinaram ao Metrô
suas primeiras verbas. No início dos anos 1960, São Paulo já somava quatro
milhões de habitantes. Iniciado a sua construção em 1968, na gestão do prefeito
José Vicente de Faria Lima, o metrô paulistano começou a operar comercialmente
em 14 de setembro de 1974 e em 2016 contava com uma rede de 71,5 km de
extensão e 64 estações distribuídas por 5 linhas, foram
transportados pelo sistema 1,1 bilhão de passageiros.
Além dos produtos alimentícios,
hortifrutigranjeiros, podemos encontrar bancas vendendo vários tipos de
produtos, como doces, farinha, pescados, carnes e linguiças defumadas, deliciosos
pastéis fritos na hora, pequenos utensílios de cozinha, roupas, CDs e DVDs,
além de serviços de consertos de panelas e outros. Normalmente os atendentes
das bancas são membros de uma mesma família. Numa cultura que vai passando de
geração em geração, com o trabalho de plantar, colher e comercializar para
garantir o sustento da família. Um aspecto interessante das feiras livres são
os meninos que alugam carrinhos de mão, para os fregueses não ficarem cheios de
sacolas nas mãos. Pacientemente eles seguem seus clientes, indo de um lado para
outro da feira, até que as compras terminem e recebam pelos serviços. As feiras livres se tornaram uma atividade social e simultaneamente de bairro, moradia etc., que tem no centro a cooperação e economicamente relevante, pois
proporcionam o sustento de várias famílias.
A
palavra feira teve origem na palavra em latim “feria”, que significa “dia santo
ou feriado” e na palavra “freguês”, usada para tratamento dos consumidores de
feira livre. Originou-se também do latim: “filiu ecclesia”, de significado
“filhos da igreja”. Assim, as pessoas ou fiéis aproveitavam as festas
religiosas para se reunirem e para trocarem mercadorias. Na feira livre cotidianamente há
aqueles que a observam, vendo, pechincham e de modo geral sempre procuram algo específico. Bem como há
aqueles que criam laços de afetividade, próximos da amizade que atenua a relação
social do chamado “comerciante-freguês”, o que sustenta em grande parte a tradição de ir à
feira toda semana, comer pastel e tomar caldo de cana, além da variedade e
qualidade dos produtos ali encontrados. A questão é: quem não tem uma história
de identidade e lembrança de uma feira no âmbito alimentar ou religioso?
A
feira livre é uma manifestação da cultura urbana que se mantém apesar do
crescente avanço do desenvolvimento do comércio, pois cada vez mais o
consumidor tem acesso a hipermercados e “sacolões”, inclusive com as compras
virtuais pela via da internet, com todo conforto e comodidade que inclui o
horário flexível e até mesmo facilidades de pagamento. Contudo, desde tempos remotos a feira livre
se mantém viva, analogamente tanto nas pequenas como nas grandes cidades, em todos os bairros,
seja na chamada “periferia” ou em bairros nobres. A feira livre tem caráter
diversificado: circulam pessoas de todos os tipos, sejam vendedores,
compradores ou simples transeuntes, surgindo não apenas o comércio. É ainda um
dos poucos espaços existentes onde há contato direto com a comunidade.
Há
também a característica democrática, já que se encontram todos os tipos de
comerciantes nas feiras, desde o grande feirante, distribuidor de alimentos,
como pequenos produtores que veem nas feiras livres única forma de distribuir
seus produtos, bem como as pessoas que a frequentam, já que a feira é acessível
e frequentada por pessoas de diferentes origens, independente da classe social.
As feiras livres, além dos aspectos culturais de sua tradição, desenvolvimento
e continuidade, com inúmeras características exclusivas, e fundamental
importância inclusive para o abastecimento de comunidades, já que estão
localizadas em diversos bairros dos municípios e das cidades. Ressalte-se ainda
a memória em termos de fundação da cidade (cf. Pazera Jr, 2003) e relevância
social e econômica da feira articulada à venda de produtos de fabricação
própria como objetos artesanais e mesmo de âmbito agropecuários regionais de culturas tradicionais sem utilização de agrotóxicos.
A
divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas quando
analiticamente entendemos que numa enuncia-se em relação à atividade do
trabalho o mesmo que na outra se enuncia relativamente ao produto da atividade.
Com a divisão do trabalho está dada, ao mesmo tempo, a contradição entre o
interesse de cada um dos indivíduos ou de cada uma das famílias e o interesse
comunitário de todos os indivíduos que mantêm intercâmbio uns com os outros. Na
verdade este interesse comunitário de modo nenhum existe meramente na
representação do trabalho, como universal, mas antes de mais na realidade, como
dependência recíproca dos indivíduos entre os quais o trabalho está dividido. E
é precisamente por esta contradição do interesse particular e do interesse
comunitário que o interesse comunitário assume uma forma autônoma como Estado,
separado dos interesses reais dos indivíduos e do todo, e ao mesmo tempo como
comunidade ilusória, mas sempre sobre a base real dos laços existentes nos conglomerados de famílias e tribais, de carne e sangue, de língua, de
divisão do trabalho numa escala maior, e demais interesses das classes sociais desde
logo condicionadas pela divisão do trabalho e que se diferenciam e das quais
uma domina todas as outras.
Marx chamava a atenção para o fato da quantidade de trabalho necessário para produzir uma mercadoria variar constantemente ao variarem as forças produtivas do trabalho aplicado. Proporcionalmente quanto maiores são as forças produtivas do trabalho, mais produtos se elaboram num tempo de trabalho dado, e quanto menores são, menos se produzem na mesma unidade de tempo. Daí que quanto maior é a força produtiva do trabalho, menos trabalho se inverte numa dada quantidade de produtos e, portanto, menor é o valor destes produtos. Marx analiticamente restabeleceu o equivalente do valor-trabalho: “estão na razão direta do tempo de trabalho invertido em sua produção e na razão inversa das forças produtivas do trabalho empregado”. O preço de uma mercadoria representa a expressão em dinheiro do valor dessa mercadoria. O valor-trabalho e o bem produzido por seu trabalho estabelece uma razão segundo a qual à mercadoria que requer mais trabalho para ser produzida, deveria corresponder uma maior remuneração do trabalhador que a produz. Este valor situado no preço final do produto traria maior igualdade do preço nas relações de trabalho.
Daqui
resulta que todas as lutas no seio do Estado, não são mais do que as formas
ilusórias em que são travadas as lutas reais das diferentes classes entre si e
também que todas as classes que aspiram ao domínio, mesmo quando o seu domínio,
como é o caso com o trabalhador, condiciona a superação de toda a forma velha
da sociedade e da dominação em geral, têm primeiro de conquistar o poder
político, para por sua vez representarem o seu interesse como o interesse
geral, coisa que no primeiro momento são obrigadas a fazer. Precisamente porque
os indivíduos procuram apenas o seu interesse particular, o qual para eles não
coincide com o seu interesse comunitário. A verdade é que o geral é a forma
ilusória da existência na comunidade. Este é feito valer como um interesse que
lhes é alheio e independente deles, como um interesse geral que é também ele,
por seu turno, particular e peculiar. Ou eles próprios têm de se mover nesta
discórdia, como ocorre entre partidos na democracia. Por outro lado, também a
luta destes interesses particulares, que realmente se opõem constantemente aos
interesses comunitários e aos interesses comunitários ilusórios, torna
necessários a intervenção e o refreamento práticos pelo interesse geral
ilusório como Estado.
E,
finalmente, a divisão do
trabalho social oferece-nos logo o primeiro exemplo de como, enquanto os homens se
encontram na sociedade natural, ou seja, enquanto existir a cisão entre o
interesse particular e o comum, enquanto, por conseguinte, a atividade de
trabalho não é dividida voluntariamente, mas sim naturalmente, a própria ação
do homem se torna para este um poder alheio e oposto que o subjuga, em vez de
ser ele a dominá-lo por meio do saber técnico. E que assim que o trabalho
começa a ser distribuído, cada homem tem um círculo de atividade determinado e
exclusivo que lhe é imposto e do qual não pode sair. Será caçador, pescador,
pastor ou crítico de arte, e terá de continuar a sê-lo se não quiser perder os
meios de sua subsistência. Ao passo que numa sociedade distinta, na qual cada
homem não tem um círculo exclusivo de atividade, se pode adestrar os ramos
que preferir, regular a produção geral e, precisamente desse modo, tornar
possível que se faça hoje uma coisa e amanhã outra, que cace de manhã, pesque
de tarde, crie gado à tardinha, critique depois da ceia, tal como nos aprouver,
sem ter de nos tornar caçador, pescador, pastor ou crítico de arte.
Se a divisão social do trabalho não cumpre outro papel, ela não só não tem caráter moral, coo não se percebe que razão possa ter. Os serviços econômicos que ela pode prestar são pouca coisa em comparação com o efeito moral que ela produz, e sua verdadeira função é criar entre duas ou várias pessoas um sentimento comum de solidariedade social. Como quer que esse resultado seja obtido, é ela que suscita essas sociedades de amigos, e ela as marca com seu cunho sua atividade. O estudo da solidariedade pertence, pois ao domínio da sociologia. É um fato social que só pode ser bem conhecido por intermédio de seus efeitos sociais. Se tantos moralistas e psicólogos puderam abordar a questão, sem seguir esse método, foi porque contornaram a dificuldade. Eles eliminaram do fenômeno tudo o que ele tem de mais especialmente social, para reter apenas o germe psicológico de que é o desenvolvimento. De fato, é certo que a solidariedade, ao mesmo tempo em que é, antes de mais nada, um fato social, depende do nosso organismo individual. Para que possa existir, é preciso que nossa constituição física e psíquica a comporte. Ipso facto, o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida própria; podemos chama-lo de consciência coletiva ou comum. Ela é independente das condições particulares em que os indivíduos se encontram: eles passam, ela permanece.
Entende-se
que motivados pela rotina efervescente do “mundo moderno”, onde as pessoas cada
vez mais exigem conforto, dinamismo e qualidade, torna-se evidente que a feira
livre realmente sofre ameaça dos grandes supermercados,
porém pode-se tratar de um simples princípio da economia - livre concorrência.
Uma vez que a feira livre tem um público aparentemente fiel, além das vantagens
econômicas, ou seja, a diversidade de produtos oferecidos, qualidade e preço. As
feiras livres possuem seus encantos, visto que representam uma sobrevivência
antropológica, econômica e agropecuária durante o surgimento da rede dos
grandes supermercados. Algumas feiras livres demonstram-se enfraquecidas. Outras
permanecem fortes, duradouras e com movimento social e político indicativo de autossuficiência
econômica e de promoção da cultura, da cidadania e principalmente as culturas, tornando-se evento turístico, reforçando a importância sociocultural
da feira livre no Brasil, e de resto no mundo.
A feira livre pode se
transformar, adequar-se aos novos tempos, devendo manter sua tradição e
prestígio de sua identidade, preservando assim sua tradição popular urbana. Mantendo
ainda viva a necessidade da relação humana, a importância social de seus
aspectos como uma manifestação da cultura brasileira e sua diversidade, que
deve de algumas formas serem preservadas. Desta forma, as feiras livres,
enquanto fenômeno cultural tradicional, sobreviverem ao tempo e às investidas
da modernidade é justamente a relação humana de trabalho existente nesse ramo
comercial. A feira exerce um fascínio de consciência nos consumidores, originalmente
com sua magia secular, na forma de reprodução da arte e poesia populares que estão
ligadas a feira. Na própria literatura histórica e pontual encontramos referências sociológicas nos Fenícios,
Egípcios, Romanos e Árabes.
No
caso brasileiro, estabelecer a regulamentação nacional das feiras livres e
propiciar segurança alimentar aos consumidores é objetivo do Projeto de Lei
(PL) 7582/2014, em tramitação na Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara
dos Deputados no Congresso brasileiro. Infelizmente o projeto de autoria do
deputado federal Jorge Tadeu Mudalen (DEM/SP) não pretende assegurar os
direitos de mercado das feiras livres no Brasil. Pois tem como principal finalidade,
controlar politicamente a qualidade dos produtos
comercializados e, além disso, “melhorar os serviços das feiras livres,
consideradas pontos de comércio tradicional”.
Caso torne-se lei os feirantes terão de informar burocraticamente a origem de cada
mercadoria à venda, sem considerar a ação do homem no campo, seu tipo de
inserção como trabalhador assalariado ou produtor rural, assim como identificar
o tipo de produção, se considerada “convencional” ou “orgânica”. Além disso,
deve mencionar a data de produção familiar ou da colheita, como no agronegócio, validade, prazo
para consumo, nível de toxidade do produto, subestimando o produtor.
Na
avaliação do vereador Evaldo Lima (PCdoB), as medidas visam dar mais segurança
sanitária aos consumidores e normas básicas de cuidados com a higiene dos
alimentos. Segundo ele, em qualquer local do mundo, as feiras são patrimônios
culturais e afetivos da região. Por ocorrerem nos dias e locais, ele defende
ser importante a presença do poder estadual para fiscalizar as condições e
permitir que o cidadão usufrua sem riscos à saúde. - “Quero conversar com os
feirantes que serão os mais impactados com a regulamentação, e saber o que
acham. A princípio, somos a favor. O projeto vai dar mais segurança e higiene
aos consumidores, mas precisamos saber dos feirantes, se seremos a favor em sua
integridade ou se aperfeiçoamos o projeto em algo”. As feiras livres
destinam-se à venda, exclusivamente a varejo, de alimentos “in natura”, de produtos
oriundos de estabelecimentos comerciais e industriais, de gêneros alimentícios,
produtos artesanais, naturais e agrícolas. O PL Nº 7586/2014 busca estipular
inspeções sobre a qualidade dos produtos e também dos preços fixos cobrados
pelas mercadorias.
A
história social sobre o desenvolvimento de Feira de Santana no estado da Bahia - lastbutnotleast - já se tornou conhecida por grande parte de pesquisadores. O desenvolvimento do que representa o sítio
urbano de Feira de Santana, sua expansão e domínio econômico é creditado a um
povoado surgido em uma das fazendas que se originou no processo de venda da
sesmaria pelos herdeiros de João Peixoto Viegas. Esta fazenda, chamada Santana
dos Olhos d´Água, situada ao sul de São José das Itapororocas, estava inserida
no caminho das boiadas que saía do sertão em direção ao Recôncavo e à Salvador
e pertencia ao casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandão. Santana é um
nome tradicional de família, originário da Península Ibérica (Portugal e
Espanha), além da Itália. A versão portuguesa do nome deriva de homenagem à mãe
da Virgem Maria, Santa Ana ou Hannah (em hebraico), de acordo com os relatos etnográficos
religiosos. Na tradução do hebraico, “Hannah”, significa “cheia de graça” ou “abençoada”.
Alguns estudiosos na historiografia, sociologia ou geografia acreditam que se trata de origem toponímica, onde as
primeiras famílias que adotaram Santana em referências
geográficas com este nome de origem religiosa.
Um
traslado de Escritura de Dote e Doação das Terras de Sant´Anna datada em 28 de
setembro de 1732 registrou que os proprietários da fazenda cederam uma área composta
por 100 braças de terra. Localizada no lugar denominado Alto da Boa Vista, para
a construção de uma capela dedicada ao orago de senhora Santana e São Domingos.
Possuindo diversas nascentes d´água, “a fazenda passou a servir como ponto de
descanso para muitas tropas sertanejas que conduziam gado”. Gradativamente, o
costume de fazer da fazenda um local próprio para descanso favoreceu o
surgimento de uma feira, onde vários
gêneros alimentícios, e mesmo o gado eram consignados aos tropeiros. Algumas
pessoas que iam comercializar ou adquirir gêneros se estabeleceram em
definitivo, crescendo o povoado que se formava próximo à capela da fazenda. A
fama que aos poucos adquiriu a feira desenvolvida na fazenda Sant´Anna dos
Olhos D´Água chegou, nas primeiras décadas do século XIX, a competir em importância
com a feira de Capoame, atual Santo Amaro do Ipitanga, ainda que esta se
encontrasse há oito léguas de Salvador e da feira de Nazaré, ao sul da Baía de
Todos os Santos.
A
feira surgida na fazenda de Domingos Barbosa e Ana Brandão viria a ofertar a
toponímia do local. Dizia-se na época: vou à feira de Sant´Anna dos Olhos
d´Água ou simplesmente vou à feira de Sant´Anna. Não durou muito tempo para a
população aceitar e consagrar tal termo. Não haveria nome tão carregado de
historicidade para batizar o local, pois se referia à santa de devoção dos
proprietários da fazenda que originou o povoado que por sua vez deu nome à
feira dali originada. Tamanha expressão da feira de gado do município fez com que
as autoridades extinguissem em 1839 este comércio na feira de Capoame, dando
exclusividade ao de Feira de Santana que se destacou economicamente, ultrapassando
algumas cidades de ocupação e exploração mais secular, como as localizadas no
Recôncavo, Litoral Sul e Sertão Baiano. A comercialização do gado chegou a
estar entre as primeiras de todo o Norte e Nordeste a partir de 1920. A
produção agrícola de milho, feijão, fumo e mandioca destes distritos
movimentavam sobremaneira a economia local. Na segunda metade do século XX o
município se consolida, depois de Salvador, como o segundo mais importante do Estado.
Mudaram-se a paisagem entre o rural e urbano empreendendo naquele pedaço do sertão
da Bahia um novo modo de vida entre os agentes sociais. A cotidianidade do município
tem-se permeado entre estratégias, acordos e conflitos.
Bibliografia geral consultada.
MENEZES, Vicente de Paula Lima, As Feiras-Livres em Fortaleza - Retrato da Polissemia Urbana.
Dissertação de Mestrado em Geografia. Fortaleza: Universidade Estadual do
Ceará, 2005; TAKAGI, Maya, A Implantação da Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil: Seus Limites e Desvios. Tese de Doutorado. Instituto de Economia. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2006; CASTRO e ALMEIDA, Shirley Patrícia Nogueira de, Fazendo a Feira: Estudo das Artes de Dizer,
Nutrir e Fazer Etnomatemático de Feirantes e Fregueses da Feira Livre do Bairro
Major Prates em Montes Claros - MG. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Universidade Estadual de Montes
Claros, 2009; DURKHEIM, Émile, DaDivisão do Trabalho Social. 4ª edição
São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; MONDANEZ, Leila, Aceitação de Alimentos Irradiados: Uma Questão de Educação. Tese de Doutorado. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. São Paulo: Autarquia Associada à Universidade de São Paulo, 2012; CALADO, Lenita Maria Rodrigues, Era uma feira aonde a gente ia de chinelo:
Campo Grande e sua Feira Livre Central. Dourados: Mato Grosso do Sul:
Editora da Universidade Federal da Grande Dourados, 2013; COSTA, Nelson Nery, Políticas de Consumo: Movimento Social de Defesa do Consumidor no Brasil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2014; RAMOS, Camila Irigonhé, Frutas,
Legumes e Verduras nas Feiras-Livres de Pelotas e sua Contribuição na Segurança
Alimentar e Nutricional. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Nutrição e Alimentos. Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Pelotas,
2015; FREITAS, Leonardo Buissa,
Tributação sobre o Consumo no Estado Federal, Indução Econômica e Integração.
Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; BRITO, Dante Ponte
de, Publicidade Subliminar na Internet: Identificação e Responsabilização
nas Relações de Consumo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
Direito. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2016; entre outros.