sexta-feira, 15 de julho de 2016

Erving Goffman – Máscaras, Sintomas & Estigmas Sociais

                                                                                                             Ubiracy de Souza Braga*

Sociedade é um manicômio de malucos dirigido pelos próprios pacientes”. Erving Goffman


Erving Goffman foi um sociólogo e escritor canadense. Obteve o grau de Bacharel pela Universidade de Toronto em 1945, de Mestrado e Doutorado pela Universidade de Chicago, onde estudou Sociologia e Antropologia Social. Em 1958 passou a integrar o corpo docente da Universidade da Califórnia, em Berkeley, tendo sido promovido a professor Titular em 1962. Ingressou na Universidade da Pensilvânia em 1968, atuando como professor de Antropologia e Sociologia. Em 1977 obteve o prêmio Guggenheim pela Fundação Memorial John Simon Guggenheim desde 1925, para aqueles “que demonstram excepcional capacidade para produtividade com a bolsa ou habilidade criativa excepcional em artes”. Foi presidente da Sociedade Americana de Sociologia, em 1981-1982 e realizou pesquisas na linha de orientação da sociologia interpretativa e cultural. O discurso presidencial na American Sociological Association, em 1982, não chegou a ser lido por ele devido à sua morte prematura, ocorrida em novembro daquele ano. Obras como A Representação do Eu na Vida Cotidiana, onde  o autor propõe uma abordagem microssociológica para interpretar a vida social a partir de uma análise das interações face a face, lançando mão de vocabulário e perspectiva provenientes do teatro e Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada,  onde examina os conceitos de estigma e identidade social, o alinhamento grupal e a identidade pessoal, o eu e o outro, o controle da informação, os desvios e os desviantes, detendo-se em nos aspectos variáveis da situação estigmatizada: dos boêmios aos delinquentes, das prostitutas aos músicos de jazz, dos ciganos aos malandros de praia, do mendigo e outras relações ligadas à interação humana, tiveram papel relevante para antipsiquiatria e para a luta antimanicomial devido as suas colocações sobre a função social da psiquiatria na sociedade.
Erving Goffman tem sido considerado “o sociólogo norte-americano mais influente do século XX”. Listado em 2007 pelo “The Times Higher Education Guide” como o sexto autor nas ciências humanas e sociais mais citados, atrás apenas de Anthony Giddens e à frente de Jürgen Habermas (2015), e, institucionalmente representando o 73º lugar de presidente da “American Sociological Association”, fundada em 1905, com a denominação de “Sociedade Americana de Sociologia” presidida em 2014 por Annette Lareau. Sua contribuição mais conhecida no âmbito sociológico e em particular como constructo para a teoria social refere-se ao conceito de “interação simbólica”, desenvolvido com a análise dramatúrgica, em seu livro de 1959, A Representação do Eu. Outras obras importantes de Erving Goffman incluem Manicômios, Prisões e Conventos (1961), Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada (1963), Interaction Ritual (1967), Frame Analysis (1974), e Forms of Talk (1981). Seus principais surveys incluíram a sociologia da vida cotidiana, a interação social, a construção social do eu, organização social da experiência, e elementos endógenos da vida social, denominados como instituições totais e estigmas.
Em sua perspectiva fenomenológica foi influenciado por Herbert Blumer, Émile Durkheim, Sigmund Freud, Everett Hughes, Alfred Radcliffe-Brown, Talcott Parsons, Alfred Schütz, Georg Simmel e W. Lloyd Warner. Hughes foi o “mais influente de seus professores”, de acordo com Tom Burns. Gary Alan Fine e Philip Manning afirma que Goffman nunca se empenhou em diálogos sérios com outros teóricos. Seu trabalho tem, no entanto, influenciado e foi debatido por vários sociólogos contemporâneos, talentosos com Anthony Giddens, Jürgen Habermas e Pierre Bourdieu. Embora Goffman seja frequentemente associado com a escola de interação simbólica do pensamento sociológico, ele não vê a si mesmo como um representante dela. O que condiz com a colocação de Fine e Manning que ele “não se encaixa facilmente dentro de uma escola específica de pensamento sociológico”. Suas ideias sociais são também consideradas aparentemente “difícil reduzir a uma série de temas-chave”; sua pesquisa pode ser genericamente descrita como prenhe de “uma sociologia comparativa, qualitativa com o objetivo de produzir generalizações sobre o comportamento humano”.

 
     
       Erving Goffman realizou avanços substanciais no estudo da interação face-a-face, elaborou a “abordagem dramatúrgica”, a interação humana, e desenvolveu inúmeros conceitos que tiveram uma grande influência, particularmente no campo da microssociologia da vida cotidiana. Muitas de suas obras tratam da organização do comportamento cotidiano, um conceito que ele chamou de “ordem da interação”. Ele contribuiu para o conceito sociológico de enquadramento (“frame analysis”), a teoria do jogo, discernindo o conceito de interação estratégica, e para o estudo das interações e da linguística. Com relação a este último, argumentou que a atividade de falar deve ser vista como um bem social, em vez de uma construção linguística. A partir de uma perspectiva metodológica, Goffman muitas vezes emprega abordagens qualitativas, a mais famosa em seu estudo sobre os aspectos sociais da doença mental, em particular o funcionamento das instituições totais, comparativamente como se torna um clássico na interpretação de Jack Nicholson, no filme: O Estranho no Ninho (1965). Se a psiquiatria não existisse, o cinema a teria inventado. Mas coincidem ambas em suas criações. No cinema, em sua progênie surge uma imagem da psiquiatria com “métodos de tratamento, nosologia, teorias e profissionais próprios, podendo estar bem longe da realidade da profissão. O cinema e a psiquiatria têm pontos em comum em relação a questões teóricas e práticas e a seus interesses e em suas trajetórias históricas.
O filme Um Estranho no Ninho representa um drama norte-americano de 1975  dirigido por Miloš Forman, baseado no romance de mesmo nome de 1962, escrito por Ken Kesey. É estrelado por Jack Nicholson, Louise Fletcher, Willian Redfield, Will Sampson e Brad Dourif; a obra também marcou a primeira atuação de Christopher Lloyd no cinema. Em 1963, no estado americano de Óregon, o criminoso reincidente Randle Patrick McMurphy é transferido para uma instituição psiquiátrica depois de cumprir uma sentença curta realizando tarefas compulsórias em uma prisão por “estupro estatutário” em uma garota de 15 anos. Embora não seja realmente doente mental, McMurphy espera evitar o trabalho forçado e servir o resto de sua sentença em um ambiente descontraído. Ao chegar ao hospital, ele reconhece a enfermaria administrada pela rígida e engajada Drª Mildred Ratched, que sutilmente suprime as ações em torno de manifestações orais e visuais de seus pacientes por meio de uma rotina burocrática passivo-agressiva, intimidando os internos. Os outros pacientes incluem o jovem ansioso e gago Billy Bibbit; Charlie Cheswick, que é propenso a birras infantis; o delirante Martini; o bem-educado e paranoico Dale Harding; o beligerante Max Taber; o epilético Jim Sefelt; e o chefe Bromden, um nativo norte-americano alto presumidamente surdo e mudo.
        Mildred Ratched logo percebe a presença animada e rebelde de McMurphy como uma representação curiosa de insanidade e de ameaça à sua autoridade, confiscando os cigarros dos pacientes e racionando-os. Durante seu tempo na enfermaria, McMurphy entra em uma batalha de liderança com Ratched. Ele rouba um ônibus do hospital, fugindo com vários pacientes para uma pescaria, encorajando-os a se tornarem mais autoconfiantes e menos dependentes da enfermeira. O filme segue a história social de Randall McMurphy, um meliante que após ser preso, finge de louco para ir para um hospital psiquiátrico e assim esquivar-se de uma porção de trabalhos forçados na prisão. Após seu enquadramento ele influencia os outros internos e começa a sofrer oposição sistemática da servil, cruel e sádica enfermeira Mildred Ratched. Mas com poder persuasivo ele instaura uma reviravolta na clínica, não sabendo ainda o que isto lhe pode custar. 
           As duas áreas tratam, fundamentalmente, do comportamento humano, e depois de um período de aceitação e popularidade, se tornaram importantes influências culturais que interagem num espaço da modernidade em constante modificação. No final do século XIX, Jean-Martin Charcot (1825-1893), um eminente neurologista francês, que empregava a hipnose para estudar a histeria, demonstrou que ideias mórbidas podiam produzir manifestações físicas. Seu aluno, o psicólogo francês Pierre Janet, considerou como prioritárias, para o desencadeamento do quadro histérico, muito mais as causas psicológicas do que as físicas. Posteriormente, Sigmund Freud, em colaboração com Josef Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional. A sintomatologia, que ao mesmo tempo frustrou e estimulou os médicos do século XIX, foi o grande desafio para Freud, que, a partir desse quadro, desenvolveu técnicas específicas para conduzir o tratamento de suas pacientes: nascia a Psicanálise, como resposta a esse extraordinário desafio.
           Aos poucos a observação permitiu a compreensão de que a histeria não era um distúrbio que acometia exclusivamente as mulheres, mas no entanto, nelas predominava. Teorizou-se outra segmentação da estrutura neurótica: estava-se diante dos obsessivos que, com sintomas diferentes, também apresentavam grande sofrimento psíquico. Esta sintomatologia, embora predominantemente masculina, não pode ser tratada como exclusiva dos homens. Nas palavras de Freud:- "O nome “histeria” tem origem nos primórdios da medicina e resulta do preconceito, superado somente nos dias atuais, que vincula as neuroses às doenças do aparelho sexual feminino. Na Idade Média, as neuroses desempenharam um papel significativo na história da civilização; surgiam sob a forma de epidemias, em consequência de contágio psíquico, e estavam na origem do que era fatual na história da possessão e da feitiçaria. Alguns documentos daquela época provam que sua sintomatologia não sofreu modificação até os dias atuais. Uma abordagem adequada e compreensiva da doença tiveram início apenas com os trabalhos de Charcot e da escola do Salpêtrière, inspirada por ele. Até essa época, a histeria tinha sido a bête noire da medicina. As histéricas, que em séculos tinham sido lançadas à fogueira ou exorcizadas, em épocas mais esclarecidas, ainda estavam sujeitas à maldição do ridículo. Seu estado era indigno de observação clínica, como simulação e exagero.   
         O talento e o reconhecimento de Edgar Allan Poe com suas histórias de fantasia e horror são imensuráveis. O filme: Refúgio do Medo é baseado no conto “O Sistema do Doutor Alcatrão e do Professor Pena” de 1945. Narra a história de um doutor que vai ao Manicômio Stonehearst para ter “experiência clinica”. Lá ele conhece Eliza que é acusada de violentar o marido, mas apesar de estar no manicômio “é a paciente mais sã”. O jovem doutor logo descobre o paradoxo segundo o qual “os pacientes tomaram conta do hospital e que estão fingindo serem os médicos e enfermeiros, enquanto os verdadeiros estão presos no porão”. O jovem doutor chamado Edward passa a tentar liberar os verdadeiros médicos e fugir para a cidade. O filme é processado num continuum, os acontecimentos são muito rápidos e são justificados. Os chamados lunáticos só tomam o hospital por que as práticas técnicas e sociais utilizadas pelos médicos são muito abusivas e ao invés de tratar o paciente, eles os enchiam de remédios, jogavam jatos de água no rosto, sedavam, utilizavam choques e diversas outras práticas que estavam mais para tortura em campos de concentração do tipo nazi. Na antiguidade a trepanação era muito utilizada em hospícios ou clínicas para doentes mentais. A técnica era realizada por cirurgiões que acreditavam com a trepanação os demônios e espíritos malignos iriam sair do corpo, mesmo que causando morte muitas vezes.
         Quando realizada de forma única, a trepanação serve para se criar uma abertura por onde se pode drenar um hematoma intracraniano ou se inserir um cateter cerebral. Em uma craniotomia, várias trepanações são feitas para se criar os vértices de um polígono ósseo que será retirado do crânio. Com o auxílio da serra neurocirúrgica, uma linha ligando cada vértice é serrada e o polígono ósseo do crânio é retirado, liberando o cirurgião para abordar a massa encefálica. Ipso facto a representação ocorre no século XX, quando a medicina ainda se encontrava em determinado estágio pré-freudiano para o tratamento da histeria tendo em vista que o corpo clínico sanatorial usavam ainda tratamentos antiquados, violentos e de subjugação do paciente á tortura como a trepanação. Dentro da medicina moderna consiste na abertura de um ou mais furos no crânio, com uma broca neurocirúrgica. Para fazer a perfuração, eram usadas pedras pontudas e lâminas de obsidiana nos primeiros registros etnográficos. Quando aprenderam a manipular metais, na era do bronze, bisturis e serras primitivas foram usados até desenvolverem técnicas de cirurgia com vidro.
        No entanto foi em 400 a. C. que o grego Hipócrates, considerado o pai da medicina, escreveu um tratado sobre o cérebro e revelou mais detalhes sobre a trepanação. De acordo com o neurocirurgião Graham Martin, em uma publicação no Journal of Clinical Neuroscience, Hipócrates nunca havia feito uma trepanação, mas havia aprendido sobre a técnica em uma viagem para Marselha, onde o procedimento já era feito há 1500 anos. Ele compreendeu que a técnica era usada para aliviar a pressão no cérebro causada por sangue, demônios, ou qualquer que fosse o diagnóstico do médico. Na civilização pré-colombiana dos zapotecas, no entanto, temos uma situação bem diferente: a trepanação era usada várias vezes - foram encontrados vários crânios com múltiplas perfurações. Acredita-se que era um tratamento popular para dores de cabeça. Tudo isso é especulação - não se sabe, por exemplo, se o procedimento era feito em voluntários. Afinal, ele não deveria ser nada agradável. No século XV, a trepanação foi um pouco mais documentada, inclusive por pintores renascentistas, pois quadros mostravam que a cirurgia era usada para curar, de forma sobrenatural, problemas mentais. Um deles era chamado de pedra da loucura. A tal pedra precisava ser retirada do cérebro do doente antes que contaminasse inteiro e foi retratada por Hieronymus Bosch no quadro A extração da pedra da loucura. 
   É uma das obras pictóricas pertencentes à primeira etapa do pintor holandês Hieronymus Bosch, realizada entre 1475 e 1480, e incluída num conjunto de gravuras satíricas e burlescas que se realizavam nos Países Baixos. É um óleo sobre madeira, de 48 x 35 cm. Atualmente encontra-se no Museu do Prado, em Madrid. Os símbolos permitem que um ator compreenda uma pessoa que conhece, a qualquer tempo, mediante uma comparação entre tipos de conduta e de aparência, com base em experiências prévias de como se comportam outras pessoas. Se um indivíduo é totalmente desconhecido, os observadores podem obter, a partir de sua conduta e aparência, indicações que lhes permitam utilizar uma experiência anterior, que tenha tido com indivíduos aproximadamente parecidos, e aplicar-lhes “estereótipos não comprovados”. A informação a respeito do indivíduo serve para definir a situação, tornando os outros capazes de conhecer o que deles se pode esperar. Assim informados, saberão qual a melhor maneira de agir socialmente para dele obter uma resposta desejada e, além disso, para dirigir inteligentemente sua própria atividade. As máscaras, para ele, tecnicamente constituem uma ferramenta expressiva padrão. Elas são compostas por uma ambientação, uma aparência social e por modelos de representação. Como os modelos se constroem mediante a relação natural entre a ambientação e a aparências, os signos e o status social desempenham um papel decisivo para a interpretação que comumente a sociologia entende e analisa por ser uma máscara social.
         O símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se desenvolver numa só dimensão. As motivações que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas cadeias de razões, mas nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de dedução lógica ou narrativa introspectiva já não basta para o estudo das motivações simbólicas. A classificação dos grandes símbolos da imaginação em categorias motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da não linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades. Metodologicamente, se se parte dos objetos bem definidos pelos quadros da lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as estruturas antropológicas do imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação das motivações, numa inextricável confusão. Parecem-nos mais sérias as tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros de interesse de um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente impregnado de atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos não passam de pretextos para os devaneios imaginários. Tais são as classificações mais profundas de analistas das motivações do simbolismo religioso ou da imaginação de modo geral literária.  
         Tanto escolhem como norma classificativa uma ordem de motivação cosmológica e astral, na qual são as grandes sequências das estações, dos meteoros e dos astros que servem de indutores à fabulação, tanto são os elementos de uma física primitiva e sumária que, pelas suas qualidades sensoriais, polarizam os campos de força no continuum homogêneo do imaginário; tanto, enfim, se suspeita que são os dados sociológicos do microgrupo ou de grupos que se estendem aos confins do grupo linguístico que fornecem quadros primordiais para os símbolos. Quer a imaginação estreitamente motivada seja pela língua, seja pelas funções sociais, se modele sobre essas matrizes sociológicas e antropológicas, quer pelos seus genes raciais intervenham bastante misteriosamente para estruturar os conjuntos simbólicos, distribuindo seja as mentalidades imaginárias, sejam os rituais religiosos, querem ainda, com uma matriz evolucionista, se tente estabelecer uma hierarquia das grandes formas simbólicas e restaurar a unidade no dualismo de Henri Bergson das Deux Sources, quer enfim que atravessando a técnica da psicanálise se tente encontrar uma síntese entre as pulsões de uma libido em evolução e as pressões recalcadoras do microgrupo familiar. São estas diferentes classificações das motivações simbólicas que precisamos criticar antes de estabelecer um método de análise pretensamente firme na ordem das motivações. 
        Ao que parece o ator social, queira ou não, está orientado de acordo com um conjunto de restrições culturais. Podemos citar também um processo social identificado pelo  sociólogo norte-americano de institucionalização das máscaras, que seriam “expectativas abstratas e estereotipadas” sobre um papel específico. A máscara se converteria então, em uma “representação coletiva” uma vez que estas são construídas em “performances” individuais que não são mais do que a forma ou expressão dessas representações coletivas individualizadas e personalizadas com as características de cada indivíduo. Quando, por exemplo, um ator social adentra um grupo social específico, encontra correspondente a ele, a fixação de uma máscara particular. Goffman chega a sugerir o caráter abstrato e geral das máscaras sociais e as converte em veículos ideais no processo de socialização, pois o que as representações coletivas traduzem é o modo como o grupo se pensa em suas relações com os objetos que o afetam. Através das máscaras sociais a atuação é “modelada e adaptada a compreensão e as expectativas da sociedade na qual se apresenta”. E através deste ajustamento que não é constituído da mesma maneira que o indivíduo e as coisas que o afetam são de outra natureza. 
Bibliografia geral consultada.
BOURDIEU, Pierre, “La Mort du Sociologue Erving Goffman. Le Découvreur de l`Infiniment Petit”. In: Le Monde, 04/12/1982; BRAIER, Eduardo Alberto, Psicoterapia Breve de Orientação Psicanalítica. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1991; NASCIMENTO, Manoel Alves do, Erving Goffman, as Interações no Cotidiano Escolar, Desvendando o Estigma dentro da Inclusão Escolar. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação e Letras. Universidade Metodista de São Paulo, 2009; MARTINS, Carlos Benedito, “A Contemporaneidade de Erving Goffman no Contexto das Ciências Sociais”. In: Rev. bras. Cien. Soc. Vol. 26 n° 77. São Paulo Oct. 2011; JUNQUEIRA, Flávia, A Teatralidade na Vida Cotidiana. Dissertação de Mestrado. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo, 2014; VICENTE, Monique da Silva, A Interação no Contexto da Saúde: Um Olhar para o Estigma em Consulta Ambulatorial. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2014; CYRENO, Alexsandra Barbosa de Souza, A Gestão como Representação: Uma Análise Dramatúrgica da Atuação do Docente-Gestor na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Dissertação de Mestrado. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2016; SILVA, Lucas Eustáquio de Paiva, Um Estudo sobre um Grupo de Jovens Estigmatizados como Pertencentes à Carreira Criminosa e ao Comportamento Desviante em uma Escola Pública de contagem/MG. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2016; BACH, Augusto, Michel Foucault e a História Arqueológica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia e Metodologia das Ciências. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2016; entre outros.  
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ) e Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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