“O memorável é o que pode ser sonhado de um lugar”. Michel de Certeau
Desde a queda da ditadura do Estado Novo, em 1945, e a ascensão do populismo que permeou os governos que se sucederam hic et nunc até o golpe de Estado de 1° de abril de 1964, a sociedade brasileira havia mudado substancialmente, tornando-se complexa e diversificada econômica e politicamente. A industrialização e o crescimento da população urbana, somados à legislação trabalhista varguista e ao fortalecimento de sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais rurais e urbanos, favoreceram a mobilização e a radicalização em torno de propostas nacionalistas (cf. Cardoso, 1977), anti-imperialistas, e de reformas de base, tais como a urgentíssima Reforma Agrária no Brasil. Os processos de transição política e consolidação democrática no Brasil podem ser considerados um excelente “laboratório”, tanto pela longue durée, como pela variedade dos eventos que marcam com violência tal período da história política. As estratégias de luta do movimento estudantil contra o projeto populista da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) não só favoreceu o movimento estudantil em defesa da reforma universitária inclusiva (cf. Fernandes, 1975; Santana, 2014) como a política estudantil de âmbito nacional.
A comunicação oral é um dos meios mais eficientes de interação social. Desde a primeira infância, mesmo que ainda em processo de aquisição da linguagem, somos impelidos a elaborar estratégias verbais para chamar a atenção de nossos interlocutores. Somos seres sociais, e a fala, embora não seja o único elemento possível, é um dos mais importantes elementos dos processos de trabalho e meios de comunicação social. Todas as funções sociais desempenham um papel específico na comunicação, mas nem toda comunicação representa um processo de trabalho. A função fática da linguagem é responsável por conferir o funcionamento do canal de comunicação. Em quase todos os casos, a principal preocupação do emissor é manter contato com o receptor. Além da preocupação em verificar a eficácia simbólica da comunicação, a função fática também cria um vínculo solidário entre os falantes. Isso acontece quando você estabelece um diálogo com alguém ainda que você não conheça necessariamente como interlocutor. Ao utilizar a função fática, você está mantendo contato social com um interlocutor em potencial, além de estar participando dos costumes verbais que integram as pessoas numa relação complexa e contraditória de fatos sociais.
Não habitamos simplesmente, mas construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir (“bauen”) diz que o homem é à medida que habita. Mais do que isso, significa ao mesmo tempo: proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que produzir. NB: em oposição ao cultivo, construir diz edificar. Ambos os modos de construir – construir como cultivar, em latim, “colere”, cultura, e construir como edificar construções, “aedificare” – estão contidos no sentido próprio de “bauen”. No sentido de habitar, ou construir, permanece, para a experiência cotidiana do homem. Aquilo que desde sempre é, como a linguagem diz de forma tão exclusiva e bela, “habitual”. Isto esclarece porque acontece um construir por detrás dos múltiplos modos de habitar, por detrás das atividades de cultivo e edificação. O sentido próprio de construir, a saber, habitar, cai no esquecimento. Em que medida construir pertence ao habitar? Quando construir e pensar são indispensáveis para habitá-lo. Ambos são, no entanto, insuficientes para habitá-lo se cada um se mantiver isolado, distantes, cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Ipso facto entendemos que construir e pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites. Sabem, quando aprendemos a pensar, que tanto um como outro provém da obra de uma longa experiência e de um exercício incessante de pensar.
Uma associação entre moradores representa sociologicamente um grupo de pessoas que moram em um mesmo local e se reúne para criar regras e estratégias de como manter o convívio coletivo, a segurança e o bem estar na comunidade. Existem associações de bairros, bem como associações dos moradores de condomínios abertos e fechados. Cada uma dessas organizações apresenta características específicas. Uma associação de bairro busca solucionar problemas e gerenciar o cotidiano. Em geral, esse tipo de grupo trabalha em conjunto com as autoridades para melhorar as condições sociais de existência na região. Auxiliam resolvendo questões sociais e de convivência sobre práticas do cotidiano, como falta de ordem/desordem, iluminação precária, etc. Uma associação de moradores de um condomínio fechado legisla e aprimora a vida dos moradores, trabalhando em conjunto com o síndico. Cada associado pode contribuir para contratar os úteis serviços de manutenção como de portaria, segurança, limpeza, jardinagem e também para realizar reparos na residência entre grupos de moradores.
A Universidade de São Paulo foi a primeira universidade pública a criar uma associação de moradores (cf. Barreto; Filgueiras, 2007; Machado, 2009; Santana, 2014). A ausência do Estado, como ocorre nas universidades públicas cearenses, comparativamente, encaminhou a politização dos estudantes nesta direção. Tradicionalmente a associação de moradores representa um tipo de associação criada por moradores de qualquer bairro ou Cidade Universitária e em qualquer região do território nacional. Tem sempre o objetivo de centralizar os problemas estruturais, de segurança, educacionais, de liderança, de saúde ede convívio, que ocorrem no conjunto residencial e através de um representante eleito pelos moradores (membros da associação), estes problemas são levados ao conhecimento do órgão responsável da instituição e são cobradas as providências. Organizam grupos de moradores (cf. Costa, 2014) para terem acesso a serviços básicos e a própria sobrevivência. Servem principalmente para uns ajudar os outros cooperativamente dentro de suas necessidades básicas na comunidade, a fim de melhorar, por exemplo, a limpeza, iluminação pública, segurança, campanhas de reciclagem, informações como grupos online, jornais-murais, de acordo com as necessidades estruturais de moradia e circulação cotidiana de pessoal. A Superintendência de Assistência Social (SAS) oferece uma diversidade de bolsas e auxílios à comunidade uspiana para se manter na Universidade.
Por meio de processo seletivo, segundo critérios socioeconômicos, a Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS), provê bolsa alimentação, trabalho e moradia no Conjunto Residencial da USP (CRUSP), ou Auxílio Moradia externa ao campus. Além disso, oferece creche aos filhos de funcionários, estudantes. Existem 772 vagas para alunos de Graduação e 372 vagas para alunos de Pós-Graduação. A ocupação das vagas é feita através de seleção socioeconômica realizada pelo Serviço Social. /Alunos de Pós-Graduação podem utilizar, ainda, 12 vagas masculinas e 12 vagas femininas em apartamentos destinados a hospedagens eventuais, ou seja, alunos procedentes de fora da Grande São Paulo, que necessitam permanecer no máximo 3 vezes por semana emSão Paulopodemseutilizardessas vagas. A concessão de Apoio Alimentação é regulamentada pela Portaria GS-2 DE 07/02/2014, a qual especifica que: Artigo 2º – O Apoio Alimentação será indicado somente a alunos que estejam cursando a sua primeira graduação. Artigo 6º – Para efeitos do artigo 2º será considerado candidato à obtenção do Apoio Alimentação o aluno que: I – Estiver matriculada (a) no semestre em curso regular de graduação, em pelo menos uma disciplina; II – No caso de já ter sido beneficiado com o Apoio Alimentação no último semestre letivo, tiver obtido aprovação em pelo menos 80% das disciplinas em que esteve matriculado; III – Comprovar renda individual (quando for responsável pelo próprio sustento e residir sozinho) ou renda máxima por indivíduo da família até dois salários mínimos vigentes à concessão do Apoio.
Todas as decisões tomadas por uma associação de moradores devem ser feitas em conjunto, e naturalmente em reuniões de assembleia. Esses encontros devem ocorrer periodicamente e podem ser frequentados por todos moradores do local. Apesar de serem muito parecidas com assembleia de condomínio, reuniões de associações de moradores seguem regras próprias, de acordo com as definições do estatuto. Os edifícios residenciais estudantis surgiram através da necessidade de abrigar estudantes próximos ao seu local de estudo. Há referências técnicas e sociais de alojamentos desde a Antiguidade clássica, mas foi na Idade Média, na Europa ocidental, em que surgiram os primeiros edifícios voltados exclusivamente para habitação e residência estudantil. Mas podem-se denominar República, quando são administradas diretamente por um grupo de alunos. O Alojamento é de propriedade da instituição de ensino ou do Estado, geralmente próximo ou dentro do campus, e muitas vezes possui valor de aluguel reduzido devido a auxílios estudantis. A Casa do Estudante é de administração autônoma, sem ter relação com nenhuma instituição de ensino, possui regulamentação conforme estatutos de associação civil e possui Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
A moradia estudantil tem como objetivo principal oferecer condições sociais favoráveis à formação do usuário na “casa do aluno” durante a sua vida acadêmica. Para que o estudante tenha uma experiência satisfatória, a habitação precisa se preocupar com questões como convivência coletiva, territorialidade e privacidade dos moradores. A primeira república surgiu no Brasil, em Ouro Preto, Minas Gerais. As chamadas repúblicas de Ouro Preto e Mariana englobam as repúblicas estudantis, públicas ou particulares, localizadas nas cidades mineiras de Ouro Preto e Mariana, onde vivem, mormente os alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). As repúblicas formaram uma associação em 2006, chamada Associação das Repúblicas Federais de Ouro Preto, para defenderem seus interesses comuns. Surgem devido ao princípio do chamado Ciclo da Mineração, quando cresceu a demanda por mão-de-obra qualificada para realização de serviços de extração. Foi implantada a Escola de Minas de Ouro Preto que se consolidou rapidamente com a necessidade de abrigar professores e alunos, estes ocuparam casarões e sobrados coloniais. Entre os anos de 1920 e 1930 surgiram outras habitações estudantis, criadas, principalmente pela igreja católica, para acolher estudantes e suprir a falta do de contato social com o ambiente familiar. Na década de 1930, foi criado a União Nacional dos Estudantes (UNE), e com o primeiro mandato do governo populista de Getúlio Vargas foi criada a Assistência Estudantil.
No dia 1º de abril de 1964 a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi invadida e incendiada por militares comandados pelo presidente cearense marechal Humberto Castelo Branco. A Lei Suplicy de Lacerda, decretada em novembro de 1964, colocou a UNE na clandestinidade. O novo regime político organizado em abril de 1964 tinha no movimento estudantil um forte elemento de antagonismo, razão por que o governo procurou substituir as entidades estudantis existentes, regidas pelo Decreto Café Filho, de 1955, por outras, controladas direta ou indiretamente pelo Ministério da Educação. O instrumento criado pelo Estado de Exceção dessa tentativa de controle foi baseado na Lei nº 4.464, de 9 de novembro de 1964, reconhecida como Lei Suplicy, devido ao nome do ministro da Educação que a patrocinou, Flávio Suplicy de Lacerda. Os acontecimentos posteriores a 1968, quando o regime assumiu sua feição ditatorial por meio do AI-5, fizeram com que se desse pouca importância à natureza da violência surgida a partir de 1964 e ao modo como ela foi enfrentada pelo governo Castello Branco que se estendeu de 1964 a 1967, e ficou caracterizado por implantar as bases da política de repressão da ditadura militar, frequentemente coberta por uma falsa definição, além de imprecisa do conceito nas legislações de organizações militares, sobretudo, de uma política que arruinaria as instituições políticas e militares do país.
- “Grande era a onda de agitação e desordem no CRUSP”, concluiu o Inquérito Policial Militar (IPM) que apurou as atividades “subversivas” praticadas no Conjunto Residencial da USP até a invasão militar de 17 de dezembro de 1968 - quando centenas de estudantes foram presos e os prédios, interditados. Morria, desse modo, um dos principais espaços de articulação do movimento estudantil no primeiro período do regime militar. - “Foi como um despedaçar das nossas entranhas, porque nós éramos muito unidos ali. Às vezes havia divergência nas ideologias, mas a gente formava um grupo coeso, contra um momento terrível, a Ditadura”, afirma Margarida Cecília Corrêa Nogueira Rocha. No dia 29 de novembro de 2008, Margarida - ou “Formiga”, como era conhecida quando estudante de Pedagogia e moradora do apartamento 501-A - saltava eufórica de um abraço a outro. Nesta data, mais de 600 ex-cruspianos se reuniram no Colégio Notre Dame, em São Paulo, no que foi para muitos, o primeiro reencontro desde a noite suspensa pelo avanço dos tanques de guerra sobre o campus universitário.
Art. 1º: - Os órgãos de representação dos estudantes de ensino superior, que se regerão por esta Lei, têm por finalidade: a) defender os interesses dos estudantes; b) promover a aproximação e a solidariedade entre os corpos discente, docente e administrativo de ensino superior; c) preservar as tradições estudantis, a probidade da vida escolar, o patrimônio moral e material das instituições de ensino superior e a harmonia entre os diversos organismos da estrutura escolar; d) organizar reuniões e certames de caráter cívico, social, cultural, científico, técnico, artístico, e desportivo, visando o aprimoramento da formação universitária. Art. 2º - São órgãos de representação dos estudantes de ensino superior: a) o Diretório Acadêmico (D.A.), em cada estabelecimento de ensino superior; b) Diretório Central de Estudantes (D.C.E.), em cada Universidade; c) Diretório Estadual de Estudantes (D.E.E.), em cada capital de Estado, Território ou Distrito Federal, onde houver mais de um estabelecimento de ensino superior; d) Diretório Nacional de Estudantes (D.N.E.), com sede na Capital Federal. E, principalmente: Art. 14. – “É vedada aos órgãos de representação estudantil qualquer ação, manifestação ou propaganda de carácter político-partidário, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”.
Flávio Suplicy de Lacerda foi ministro da Educação no governo autoritário do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (cf. Figueiredo, 1980), de 15 de abril de 1964 a 8 de março de 1965, e de 22 de abril de 1965 a 10 de janeiro de 1966. Durante sua gestão no Ministério de Educação e Cultura, estabeleceu um acordo de cooperação com a United States Agency for International Development (USAID), que visava transformar o ensino brasileiro num projeto tecnocrático. Essa estratégia político-ideológica foi reconhecida como um Acordo institucionalizado. Com ele as universidades públicas seriam as maiores afetadas. Redutos de manifestações estudantis nas mais diversos matizes da esquerda brasileira, as universidades eram vistas ridicularmente “pelo comando da ditadura militar como focos de subversão ao regime”. O acordo serviria para transformar o jovem ensino superior brasileiro não mais numa formação crítica do cidadão na sociedade, mas tão somente em cursos de formação meramente profissional e técnica. Nessa mesma conjuntura golpista, surgiram os primeiros rumores de privatização das universidades federais e estaduais, que tal qual todo o projeto previsto no acordo norte-americano, revoltou os estudantes. Com a crise de hegemonia civil-militar, o movimento entrou na sua fase mais aguerrida, com uma série de revoltas realizadas entre 1966 e 1968, ano de seu auge nas organizações. Vários desses conflitos tiveram vítimas fatais entre os estudantes. A lei determinava que os Diretórios Acadêmicos (DA) continuariam tendo existência obrigatória nos estabelecimentos de ensino público superior. Os estudantes das universidades teriam seu Diretório Central de Estudantes (DCE) composto de representantes dos diretórios. Estes se reuniriam, também, para organizar os Diretórios Estaduais de Estudantes (DEE), os quais, por sua vez, comporiam, por meio de representantes, o Diretório Nacional de Estudantes (DNE). A lei “assegurava” a participação de representantes discentes junto aos órgãos de deliberação coletiva e aos departamentos das instituições de ensino superior, designados pelos estudantes. Atendia, também, antiga reivindicação do movimento estudantil, tornando obrigatório o voto para a eleição das diretorias. Mas vedava aos órgãos de representação estudantil “qualquer ação, manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares”, cujo objetivo, seja a promoção de uma pessoa, um partido político ou uma ideologia político-partidária.
Mas em contrapartida a lei procurava limitar e desacelerar a participação social das diretorias das entidades estudantis, tornando inelegíveis “os estudantes repetentes, dependentes ou matriculados em regime parcelado, proibindo o abono de faltas pela participação nos diretórios”. Ao contrário do que acontecia com as entidades estudantis gerindo seu processo eleitoral, a lei determinava que as eleições para os diretórios devessem “ser acompanhadas por um professor designado pela direção da escola ou da universidade”. A fiscalização do cumprimento da lei deveria ser feita pelas Congregações ou Conselhos Departamentais, para os diretórios; pelos Conselhos Universitários (CU), no caso do Diretório Central dos Estudantes (DCE), e pelo Conselho Federal de Educação (CFE), instituído pela lei nº 4024/61 reconhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de/1961, no caso respectivo do DEE e DNE. As universidades e as entidades estudantis deveriam adaptar seus Estatutos à lei em 60 dias. Para não deixar dúvidas sobre a determinação militar, a lei estipulava que os diretores de faculdade ou reitores de universidades incorreriam em “falta grave” se permitissem (tolerassem) “o não cumprimento das normas por ação ou por omissão”.
Diante da Lei Suplicy, os estudantes precarizaram as atividades políticas e se dividiram politicamente. Uma corrente era favorável à participação nos “Diretórios oficiais” mantendo-se ou não entidades “livres” paralelas. Outros defendiam o boicote aos “Diretórios oficiais”, anulando seus votos nas eleições obrigatórias. Esta última posição prevaleceu, fazendo com que após a contenção política iniciada pela promulgação do Ato Institucional nº 5, o Decreto Aragão, sucessor da Lei Suplicy, fosse aplicado com mais intensidade. Edson Luís de Lima Souto nascido em Belém, em 24 de fevereiro de 1950 e assassinado por policiais militares no Rio de Janeiro, em 28 de março de 1968.Foi um estudante secundarista morto, durante confronto no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Seu assassinato marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5. Nascido em uma família pobre, iniciou os estudos na Escola Estadual Augusto Meira em Belém, no Pará. Mudou-se para o Rio para fazer o segundo grau no Instituto Cooperativo de Ensino, no qual funcionava o restaurante Calabouço.
Em 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Janeiro estavam organizando uma passeata-relâmpago para “protestar contra a alta do preço da comida no restaurante Calabouço, que deveria acontecer no final da tarde do mesmo dia”.Por volta das 18 horas, a Polícia Militar chegou ao local e dispersou os estudantes que estavam na frente do complexo. Os estudantes se abrigaram dentro do restaurante e responderam à violência policial utilizando paus e pedras. Isso fez com que os policiais recuassem e a rua ficasse deserta. Quando os policiais voltaram, tiros começaram a ser disparado do edifício da Legião Brasileira de Assistência (LBA), o que provocou pânico entre os estudantes, que fugiram. Os policiais acreditavam – não se sabe por qual razão, que os estudantes iriam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e invadiram o restaurante. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o secundarista Edson Luís “com um tiro a queima roupa no peito”. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra, também baleado, chegou a ser levado ao hospital, mas morreu. Temendo que a PM sumisse com o corpo, os estudantes não permitiram que ele fosse levado para o Instituto Médico Legal (IML), mas o carregaram em passeata diretamente para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado. A necropsia foi feita no próprio local pelos médicos Nilo Ramos de Assis e Ivan Nogueira Bastos na presença do Secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Óbito n° 16.982 teve como declarante o estudante Mário Peixoto de Souza.
O Boletim de Ocorrência - BO n° 917 da 3ª Delegacia de Polícia informou que, no tiroteio ocorrido no restaurante Calabouço, outras seis pessoas ficaram feridas: Telmo Matos Henriques, Benedito Frazão Dutra (que morreu logo depois), Antônio Inácio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo de Souza Nascimento e Francisco Dias Pinto. Todos foram atendidos no Hospital Souza Aguiar. No período que se estendeu do velório até a missa da Igreja da Candelária, realizada em 2 de abril foram mobilizados protestos em todo o país. Em São Paulo, quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade São Francisco, na Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O Rio de Janeiro parou no dia do enterro e para expressar a manifestação de seu protesto, os cinemas da Cinelândia amanheceram anunciando três filmes temáticos sobre a repressão: A Noite dos Generais é um filme de guerra britano-francês de 1967, dirigido por Anatole Litvak.
Durante a 2ª guerra mundial (1939-1945), uma prostituta é brutalmente assassinada em Varsóvia. Três generais são interrogados, mas o caso é abandonado devido a uma indicação de um desses suspeitos. No entanto, ele faz sua própria investigação, até que o destino os reúne em Paris. Desta vez, Grau recebe ajuda de um simpatizante da Resistência com quem faz um acordo. À Queima Roupa, é um filme norte-americano de 1967 dirigido por John Boorman e escrito por Donald E. Westlake. Foi o primeiro filme com locações em Alcatraz, o presídio desativado em 1963. O filme é cultuado pelo uso combinado de elementos do filme noir e nouvelle vague, complexos flashbacks, influências do psicodelismo, violência súbita, uso inovador da luz e mudanças rápidas na ação e, ainda Coração de Luto, um filme do gênero drama, dirigido por Eduardo Llorente em 1967, baseado na música: “Coração de Luto” e na história social de Teixeirinha, a música tornou um sucesso internacional, ocasionando em 1965 a atenção do produtor de cinejornais Derly Martinez, da empresa Leopoldis Som, que resolveu convidar Teixeirinha para coproduzir e roteirizar um filme baseado na história do cantor, e com isso dar início ao seu novo empreendimento. Centenas de cartazes foram colados nas paredes e postes das casas comerciais da Cinelândia no centro do Rio de Janeiro com as seguintes frases: “Bala mata fome?”, “Os velhos no poder, os jovens no caixão” e “Mataram um estudante. E se fosse seu filho?”. O estudante Edson Luis foi enterrado ao som do Hino Nacional, cantado pela multidão em vigília.
Diante do quadro político de terror/horror no início de 1970, poucos eram as Instituições de Ensino Superior (IES) onde existiam Diretórios Acadêmicos “oficiais” ou “livres”. Foi só a partir de 1973, que os estudantes começaram a organizar entidades livres que vingaram, instituindo o voto direto para o DCE, e fazendo as entidades “oficiais” saírem dos limites autoritários da Lei Suplicy. A lei determinava que “os diretórios acadêmicos continuassem tendo existência obrigatória nos estabelecimentos de ensino superior”. Os estudantes das universidades teriam seu Diretório Central de Estudantes (DCE) composto de representantes dos diretórios acadêmicos. Estes se reuniriam, também, para organizar os diretórios estaduais de estudantes que comporiam, por representantes, o Diretório Nacional de Estudantes (DNE). Durante a ditadura militar, o movimento estudantil ocupou um espaço destacado na estratégia política ao regime. Manifestações coordenadas pela UNE denunciaram os problemas da educação e expuseram o lado destes tempos sombrios do regime. Todos os eventos políticos da entidade eram organizados e realizados em clandestinidade.
O Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo é instituído em 8 de abril de 1963. Além das obras transferidas do Museu de Arte Moderna de São Paulo, somam-se ao seu acervo as obras advindas das coleções particulares de Ciccillo Matarazzo e de sua esposa, Yolanda Penteado, bem como a doação de obras internacionais realizada pela Fundação Nelson Rockefeller e os Prêmios das Bienais Internacionais de São Paulo. Concomitantemente, parte do antigo museu e de sua história migra para a universidade, o que confere a ele feições particulares associadas ao caráter da instituição que o acolhe. Entre outras coisas, observa-se o destaque, a partir de então, ao caráter educacional e formador do MAC, dirigido por professores universitários. Investido das atribuições recorrentes ao fato de se posicionar como um museu da arte do nosso tempo, o MAC serviu de laboratório à primeira experiência museológica brasileira voltada à produção contemporânea. Ela se afirmou em meados dos anos de 1960, no exato momento em que se projetava internacionalmente a discussão sobre mudanças que estavam ocorrendo na arte, ocasião em que se discutia do ponto de vista teórico a re-conceituação dos seus paradigmas. Desde a fundação da USP havia projeto de criação de uma residência para estudantes. Mas ele só foi realizado na Cidade Universitária, em 1963, porque se tornou necessário abrigar os atletas dos Jogos Pan-Americanos em São Paulo na quarta edição do evento multiesportivo, realizado na cidade de São Paulo, entre os dias 20 de abril e 5 de maio. A delegação brasileira foi composta por 385 atletas, entre os 1 665 membros participantes. O judô foi a modalidade estreante da competição.
Após o fim da competição esportiva, “os edifícios foram invadidos por alunos de fora que não tinham condições de pagar os altos aluguéis da capital paulista”. Um lugar, lembra Certeau (2000), é a ordem (seja qual for) segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência. Um lugar é uma configuração instantânea de posições. Implica uma indicação de estabilidade. O espaço é um cruzamento de móveis. É de certo modo animado pelo conjunto dos movimentos que aí se desdobram. Espaço é o efeito produzido pelas operações que o orientam, o circunstanciam, o temporalizam e o levam a funcionar em unidade polivalente de programas conflituais ou de proximidades contratuais. Em suma, o espaço é um lugar praticado. Durante cinco anos, o CRUSP transformou-se em um centro ativo do movimento estudantil e, após o golpe de Estado em 1° de abril de 1964 que derrubou João Goulart, de contestação do regime militar. Na madrugada de 17 de dezembro de 1968, quatro dias após a promulgação do Ato Institucional nº 5, a residência foi invadida por tanques do Exército brasileiro. Centenas de estudantes foram presos dentre os 1400 residentes. Muitos haviam escapado porque já haviam viajado para as festas de Natal e Ano Novo com as famílias. O CRUSP foi fechado, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi emitido pelo Exército “para apurar as agitações”. As vagas no alojamento são geridas pela Coordenadoria de Assistência Social da Universidade de São Paulo (COSEAS-USP) que conta com cerca de 1200 vagas para alunos de graduação e pós-graduação. Deste modo, os alunos ingressantes na universidade que pleiteiam uma vaga no alojamento se inscrevem junto ao Departamento de Serviço Social do órgão, responsável pela seleção dos candidatos através de critérios socioeconômicos. O CRUSP possui atualmente 8 prédios identificados como Bloco A1, Bloco A, Bloco B, Bloco C, Bloco D, Bloco F, Bloco G. Os Bloco C e Bloco G são destinados aos alunos de pós-graduação e professores visitantes, os demais são destinados aos alunos da graduação. No terreno onde se localiza o CRUSP, tem um bandejão centralonde são oferecidas refeições, um cinema chamado Cinusp, um anfiteatro e o COSEAS-USP. Cada prédio possui 6 andares, cada andar 11 apartamentos com 3 quartos. A estrutura do bloco A1 é privilegiada porque foi planejada ao longo dos últimos 15 anos: cada apartamento têm 6 quartos.
Representa um concurso público voltado à seleção anual de projetos em audiovisual, cujo produto final sejam filmes com até 25 minutos de duração. A seleção é realizada por uma comissão julgadora com cinco integrantes, sendo composta por especialistas renomados em cinema (diretores, curadores, produtores e professores universitários) e gestores da Secretaria de Estado e Cultura. Ao longo dos anos, tornou-se o principal instrumento de incentivo na formação de novos realizadores do cinema paulista, sendo mecanismo essencial da política pública de apoio ao audiovisual no Estado. Revelou ao cinema nacional talentos como Carlos Reichenbach, Ugo Giorgertti, Beto Brandt, Tata Amaral, Cao Hamburguer, Laís Bodanzky e Anna Muylaert. Enfim, muito mais do que apartamentos para estudantes, o Conjunto Residencial da USP (CRUSP) representou um símbolo da luta dos jovens pela liberdade de pensamento e expressão. Palco de reuniões, assembleias e congressos a níveis estaduais e nacionais, o conjunto residencial faz parte integrante da história social e política da Universidade pública e desenvolvimento político-ideológico do Brasil. Em sua historicidade existem centenas de universidades financiadas pelos governos federal, estadual ou municipal, e elas incluem as universidades mais renomadas do país.
Bibliografia geral consultada.
ZULETA PUCEIRO,
Enrique, Paradigma Dogmático y Ciencia del Derecho. Madrid: Editoria
Revista de Derecho Privado, 1981; MOURÃO, Fernando Augusto de Albuquerque, “A
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CERTEAU, Michel de, L`Invenzione del Quotidiano. Roma: Edizione Lavoro,
2000; MACHADO, Otávio Luiz, Repúblicas de Ouro Preto e Mariana: Percursos e
Perspectivas. Olinda: Editor Livro Rápido, 2009; SILVA, Cláudia
Sampaio Corrêa da, De Estudante a Profissional: A Transição de Papéis na Passagem
da Universidade ao Mercado de Trabalho. Dissertação de Mestrado. Instituto
de Psicologia. Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2010; SANTANA, Flávia de
Angelis, Movimento Estudantil e Ensino Superior no Brasil: A Reforma
Universitária no Centro da Luta Política Estudantil nos Anos 60. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Departamento de
História. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Universidade de São Paulo, 2014; COSTA, André Galindo da, Conselhos de
Políticas Públicas e de Associações de Moradores: Estudo de Caso Participativo
no Município de São Carlos. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política. Escola de Artes,
Ciências e Humanidades. São Carlos: Universidade de São Paulo, 2014; Artigo:
“Alunas Ocupam Serviço de Assistência Social da USP e Exigem Soluções para Violência Contra as Mulheres no CRUSP”. In: https://medium.com/07/04/2016; AMPETTI, Isadora
Pianezzola, Moradia Estudantil no Centro de Passo Fundo. Faculdade
Meridional (IMED). Passo Fundo: Escola de Arquitetura e Urbanismo, 2017;
ADACHI, Ana Amélia Chaves Teixeira, Evasão de Estudantes de Cursos de
Graduação da USP - Ingressantes de 2002, 2003 e 2004. Tese de Doutorado.
Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2017; MARTINS, Luciana Bobato, Gênero e Acesso ao
Ensino Superior: Mulheres e Estudantes das Camadas Populares na USP.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto/Universidade de São Paulo, 2019; DUIM, Etienne, Envelhecimento e Funcionalidade: Uma Análise de Trajetórias. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Faculdade de Saúde Pública. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2020; entre outros.
“Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir”. Clarice Lispector
A classificação tradicional dos sociólogos e do nascimento da sociologia como ciência, impele-os à sua relação profissional pelo tipo de sistema social que condiciona seu trabalho e seu objeto - as relações sociais – em uma tipologia social determinada a que são mais sensíveis. Além dessa formação pessoal também é preciso que a situação profissional lhe permita resistir às pressões culturais e sociais que sobre ele se exercem nas instituições. Mas o que ocorre é que os sociólogos estão encerrados em guetos cujo aparente isolamento seria cômodo demais para a ordem social dominante: o pensamento crítico estaria sendo enclausurado como se enclausuram os loucos e os delinquentes e pelas mesmas razões de ordem, para analisar as categorias, normas e discursos da prática. O objeto da sociologia não pode ser definido sem a bidimensionalidade dos meios de trabalho (cf. Gramani, 2009). Esse procedimento deve ou deveria levar a definir o método sociológico. Enfim, é inútil discutir a pertinência relativa da análise qualitativa ou da análise quantitativa. A sociologia não pretende dominar a resposta a essa questão teorética.
Argumentava Fernandes (2003) que converter o folclore em ciência positiva autônoma trazia, consigo, limitações e dificuldades insuperáveis. Está fora de dúvida que o folclore pode ser objeto de investigação científica. E nem por isso, sua complexidade e importância serão menores. Por um lado, o campo de trabalho do folclorista é simétrico ao dos especialistas no estudo das artes, da literatura e da filosofia. Apenas duas diferenças parecem relevantes: a) o folclorista precisa difundir, com frequência, indagações que podem ser feitas separadamente por aqueles especialistas; b) quando o folclorista trata de expressões orais ou dramáticas do folclore, muitas vezes se vê obrigado a documentar, ele próprio, os exemplares que pretende investigar. De qualquer forma, parece claro que as tarefas específicas do folclorista começam depois de constituídas as coleções de materiais folclóricos. Elas se revelam na análise do tema, no estudo de sua distribuição cronológica e espacial, na comparação deles entre si, através de diferentes sistemas folclóricos. Não se deve inferir que o folclore, particularmente, esteja condenado a desaparecer. Em outras palavras, o folclore, como disciplina humanística, versa conhecimentos que escapam ao âmbito das investigações empíricas ou dentro de uma forma parcial e fragmentária (cf. Costa, 2015; Ferreira, 2016). Conduz-nos a colocar em outras bases a questão da interdependência certamente duradoura culturalmente entre o folclore e as ciências sociais.
O primeiro fandango gaúcho foi formado pelo hibridismo com a dança do Lundu que desciam das capitanias brasileiras, ou seja, pela grande variedade de danças desenvolvidas pelos negros africanos, com o fandango que a Espanha enviava às cidades sul-americanas. Isso resultou uma série de sapateados, misturados às cantigas. Essas cantigas eram o que se hoje se conhece como muitas das Danças Gaúchas: o tatu, o anu, a quero-mana, o balaio, o cará, e assim por diante, às quais vieram se unir cantos europeus, como a tirana muito popular desde aquela época. Em Portugal, o lundu recebeu polimentos da corte, como o uso dos instrumentos de corda, mas foi proibido por Dom Manuel por ser “contrário aos bons costumes”. Ao vir diretamente de Angola para o Brasil, porém, recuperou aqui o acento jocoso, mordaz e sensual que incomodara a sociedade lisboeta. Nos finais do século XVIII, presente tanto no Brasil como em Portugal, o lundu evolui como uma forma de música urbana, acompanhada de versos, na maior parte das vezes de cunho humorístico e lascivo, tornando-se uma popular dança de salão. Em terras brasileiras, a dança do lundu foi cultivada por negros, mestiços e brancos e, durante o século XIX, o lundu virou lundu-canção, sendo apreciadas em circos, casas de chope e salões do Reinado. Com essa popularidade, tornou-se o primeiro gênero musical a ser gravado, com “Isto é bom”, na voz de Bahiano em 1902, pela Casa Edison. O lundu saiu de evidência no início do século XX, mas deixou seu legado, principal no que tange ao ritmo sincopado, no maxixe que também deve suas origens à polca e à habanera (cf. Alcure, 2015). É simultaneamente dança e canto de origem africana introduzido no Brasil provavelmente por escravos de Angola. Originado no batuque africano, o lundu em fins do século XVIII não era ainda uma dança brasileira, mas uma dança africana do Brasil, e começou a ser mencionada em documentos históricos a partir de 1780. O lundu na suas origens tinha sistemática simples, a qual ainda podemos observar na dança de roda, sua familiaridade. Músicos iniciam o ritmo lundu. As pessoas que querem dançar aproximam-se, já entrando na dança. Um sinal da viola é emitido e a primeira dançarina abre espaço no centro da roda que logo se forma com o grupo. Forma-se a roda e nela fica no centro dançando até convidar alguém para substituí-la. O convite pode ser uma batida de pé diante da pessoa, palmas diante da pessoa, uma umbigada ou um toque de ombros à esquerda e em seguida outro à direita. A dançarina convidada vai para o centro do salão dançar. Dança no centro até escolher quem vai substituí-la. Pode ser uma mulher ou um homem.
As substituições continuam repetidas vezes. Quando esta no meio da roda, e de corpo relaxado, os braços ao longo do corpo, as pernas meio fletidas, mantem um “sapateado com a planta do pé bate inteira no chão, ao ritmo da música”.No litoral do Paraná e de São Paulo, o fandango representa um gênero musical e coreográfico fortemente associado ao modo de vida da população caiçara. Sua prática sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos - mutirões, puxirões ou pixiruns - nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta. Para além dos encontros habituais de mutirões, o fandango representa a principal expressão folclórica e diversão coletiva em momento de socialização étnica das comunidades caiçaras, estando presentes em diversas festas religiosas, assim como na representação de batizados, casamentos e, especialmente, no coroamento de carnaval, quando os quatro dias de festa são realizados ao som de ritmos e compassos dos instrumentos do fandango.
Quanto à produção dos folcloristas, que subordinaram suas pesquisas à referida orientação, pensamos que ela pode ser apreciada positivamente tanto do angulo do folclore propriamente dito, como disciplina humanística, quanto do ângulo das ciências sociais. Primeiro, as coleções com intuitos especificamente documentativos representam um importante começo para os estudos propriamente folclóricos. Eles poderão encontrar, nas coleções realizadas, um rico e indispensável ponto de partida. Segundo, essas coleções registram ocorrências que, de outro modo, não seriam documentadas. Como tais aspectos de ocorrências interessam, direta ou indiretamente, às investigações históricas, psicológicas, etnológicas e sociológicas, é óbvio que os futuros desenvolvimentos das ciências terão muito que aproveitar das contribuições precursoras dos folcloristas. Terceiro, quer dizer que a discussão crítica do assunto, em vez de conduzir a uma apreciação negativista, permite avaliar, com espírito positivo, o significado e o alcance da obra pioneira dos nossos folcloristas. Quarto, o folclore oferece um campo ideal de pesquisa para os cientistas sociais: a) natureza dos valores culturais de uma coletividade, b) as circunstâncias ou condições em que eles se atualizam, c) a importância deles na formação do horizonte cultural de seus portadores e na criação ou na motivação de seus centros de interesse, d) a relação das situações sociais em que emergem com os sentimentos compartilhados coletivamente, sua significação como índices do tipo de integração, do grau de estabilidade e do nível civilizatório do sistema.
O fatofolclórico se caracteriza pela sua espontaneidade e pelo seu poder de motivação sobre os componentes da referida coletividade. A espontaneidade indica que o fato folclórico é um mundo de sentir, pensar e agir, que os membro da coletividade exprimem ou identificam como seu, sem que a isso sejam levados por influência direta ou instituições estabelecidas. O fato folclórico, contudo, pode resultar tanto na invenção como na difusão. Por poder de motivação do fato folclórico se tem em vista que, sendo ele uma expressão da experiência peculiar de vida da coletividade, é constantemente vivido e revivido pelos componentes desta, inspirando e orientando o seu comportamento. E, além disso, como expressão da experiência, o fato folclórico ésempre atual, isto é, encontra-se em constante reatualização. Portanto, sua concepção de sobrevivência, como anacronismo ou vestígio de um passado mais ou menos remoto, reflete o etnocentrismo ou outro preconceito do observador estranho à coletividade, que o leva a reputar como mortos ou em via de desaparecimento os modos de sentir, pensar e de agir desta coletividade orgânica. Como expressão da experiência de vida peculiar da coletividade, o fato folclórico se contrapõe à intuição da moda, como à arte, à ciência e à técnicas eruditas modernas, ainda que estas lhes possam dar origem.
Do ponto de vista sociológico, o que caracteriza a abordagem do folclorista é a maneira pela qual ele considera os fatos folclóricos, no plano da descrição e no plano da interpretação. Ao contrário do cientista social: 1°) no plano etnográfico da descrição, ele precisa focalizar o folclore nas condições imediatas totais, que cercam a atualização dos elementos observados, pondo ênfase nas particularidades que fazem da situação descrita algo único e inconfundível; 2°) no plano da interpretação, ele tem de abstrair, nos limites em que isso é possível mediante a indução circunstancial, os elementos analisados do contexto psicocultural e social em que eles se inserem. Por causa da primeira implicação do ponto de vista folclórico, sua descrição interna constitui uma modalidade histórica de representação da realidade: os fatos são incorporados na discussão mais complexa do acontecimento, em que contam todos os elementos da situação, independentemente do papel relativo que cada um deles possa preencher na determinação dos efeitos registrados. Por causa da segunda implicação, a interpretação folclórica tende para o modelo da explicação estética: apanha os aspectos estáveis da realidade nas condições em que eles se apresentam como partes, segundo Fernandes (2003), de “um sistema fechado”, que tem a capacidade de reproduzir-se preservando, ininterruptamente, os componentes essenciais da estrutura dos sistemas; e compreende os aspectos instáveis da realidade nas condições em que eles se associam a influências particulares irreversíveis que é dispensável insistir sobre tal assunto.
O folclore surgiu como um problema prático a resolver: determinar o tipo de conhecimento peculiar ao povo, através da analise dos elementos que constituem a sua cultura material e imaterial. O fandango Caiçara (cf. Gramani, 2009) é uma representação musical-coreográfica-poética e festiva, cuja área de ocorrência abrange o litoral sul do Estado de São Paulo e o litoral norte do Estado do Paraná. Essa forma de expressão nativa é um dos bens imateriais que compõe o patrimônio cultural do Brasil. Estas danças desembarcaram nas praias paranaenses pelas mãos dos portugueses açorianos, que detinham memória da cultura espanhola em torno de 1750. O termo fandango, no Brasil, se aplica a dois grandes grupos de folguedos populares: 1) o baixoto marítimo do ciclo natalino, encontrado em alguns estados nordestinos; 2) o baile sulista, encontrado no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Em 2011, o Fandango foi reconhecido pelo InstitutodoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional (IPHAN), como o primeiro bemimaterial do Sul do Brasil, principalmente no estado do Paraná, por suas características das culturas que colonizaram simultaneamente as regiões do litoral sul paulista e paranaense. A criança ou o adulto, por seu intermédio, não só participam de um sistema de ideias, mas de um sistema comunicativo de sentimentos e valores. Pensam e agem em função dele, quando as circunstâncias o exigem.
A região Sul é a menor das cinco regiões do país, com área territorial em torno de 576 774,31 km², sendo maior que a área da França metropolitana e menor que o estado brasileiro de Minas Gerais. Sua maior característica é o modo de colonização e o tipo de colonizadores (cf. Cardoso, 1977) durante os séculos XVII e XVIII. Em 1648, os portugueses foram os fundadores da vila de Paranaguá, a mais antiga cidade da região e do Paraná. Sua diversidade é composta por uma pequena quantidade hicetnunc de escravos africanos, e uma grande quantidade de imigrantes oriundos do Uruguai, da Argentina, dos Açores, da Espanha, da Alemanha, da Itália, da Polônia, da Ucrânia, dos Países Baixos, entre outros. A característica herdada pelos europeus que contribuíram para o processo de miscigenação do século XIX foi a predominante etnia caucasiana, sendo deixado nas características dos países de onde originaram suas casas, transportes, uso do solo etc. Os europeus foram os introdutores do sistema de pequenas e médias fazendas. A ciência agrícola dominante antes do processo de industrialização trazida da Europa para o Sul foi a viticultura, adaptada à massa verde da Serra Gaúcha.
Comparativamente em qualquer espaço e lugar do mundo ocidental, na região há pobreza, problemas sociais urbanos, mas, em grau menor em comparação ao restante da nação. O Sul merece destaque por ter apresentado a maior taxa de alfabetização, o mais alto nível de consumo alimentar, a mais elevada expectativa de vida, a menor desigualdade de renda, a melhor educação e saúde pública, o mais alto nível de bem-estar social e a menor taxa de corrupção do Brasil. Em números absolutos, a região Sudeste possui o maior PIB percapita, a maior quantidade de estabelecimentos escolares públicos, algumas dentre as melhores universidades do mundo, os melhores estabelecimentos hospitalares, entre outros aspectos sociais, concentradas, sobretudo nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com pesquisa recente, a região Sul, apesar de apresentar um número menor de escolas públicas, hospitais, estabelecimentos governamentais, teriam eles melhor distribuídos pelo seu respectivo território e atendendo de forma bem mais eficiente a sua demanda populacional.
A Convenção n° 169 sobre PovosIndígenaseTribais em países independentes aprovada pela Organização Internacional do Trabalho (1989) se apoia na consciência da própria identidade a pertença a uma comunidade ou povo. Quanto à comunidade tradicional caiçara produtora e gestora do bem cultural imaterial FandangoCaiçara (cf. Novak, 2005) entende-se uma sobrevivência formada por traços semelhantes manifestados na contribuição étnica dos povos indígenas no processo civilizatório dos colonizadores portugueses e em menor grau produto da miscigenação dos escravos africanos, baseadas em atividade de agricultura itinerante, da produção de pesca, do extrativismo vegetal e do artesanato. É considerado território caiçara o lugar praticado do espaço litorâneo entre o sul do Rio de Janeiro e o Paraná, em territórios descontínuos de populações esparsas, como o mesmo modo de vida. Embora a migração seja constitutiva da comunidade tradicional caiçara, não queremos perder de vista que diversos fatores “empurraram” a comunidade até a formação de unidades de preservação, como por exemplo: urbanização das cidades, instalação e o aumento de igrejas evangélicas, levando-os a viver de outras atividades distintas das tradicionais, como a construção civil, serviços urbanos e o subemprego.
Neste contexto a forma de expressão denominada Fandango Caiçara se mantém como fruto e gênese do estabelecimento e valorização da cultura, combinando diferentes processos culturais de origem não sendo a caiçara uma exceção. O fandango parece ter decorrido da miscigenação do contingente humano colonizador em outras matrizes culturais, tendo se regionalizado e, por conseguinte, vindo a apresentar peculiaridades nos lugares em que se estabeleceu. Como consequência da sistemática perseguição no Paraná, por exemplo, foi criado o Código de Posturas que proibia “o ajuntamento para batuques e fandangos”. Neste sentido, o fandango do século XX tornou-se uma festa exclusivamente rural e litorânea, tendo se consolidado com o padrão e a configuração semelhantes destes dias, como síntese da musicalidade portuguesa e caiçara, ambos compostos por rabecas e violas estendendo-se até o litoral norte de São Paulo.É um instrumento de origem árabe tendo-se notícias de sua utilização desde a Idade Média. A Rabeca é um instrumento popular de arco, precursor na linhagem instrumental do violino. Ela é tocada em manifestações individuais e coletivas, populares e religiosas desde os remotos tempos da colonização brasileira.
Sua construção, a afinação e a maneira de tocar mudam conforme a região de origem. A rabeca tem sido difundida por músicos populares que a trouxeram para os grandes centros urbanos. A palavra rabeca é usada tradicionalmente em Portugal e no Brasil para designar “os instrumentos de corda friccionada com arco”. Na Península Ibérica, desde a Idade Média à atualidade, que palavras de influência árabe como “rebab”, “rebec” ou “rabil” designam esses instrumentos oriundos do Norte da África. Em Portugal, até ao século XIX, em conservatórios como o Conservatório Real de Lisboa, o instrumento era chamado “rabeca”. A denominação foi substituída por “violino” somente em 1903. Foi extinto como instituição singular em 1983, dando origem a diversas escolas artísticas autônomas entre si: a Escola Superior de Música de Lisboa, a Escola Superior de Dança, a Escola Superior de Teatro e Cinema, a Escola de Música do Conservatório Nacional e a Escola de Dança do Conservatório Nacional. As três escolas superiores foram integradas no ensino politécnico, fazendo hoje parte do Instituto Politécnico de Lisboa.
De tom mais baixo que o do violino, tem um timbre fanhoso e percebido, geralmente, como tristonho. Existem rabecas de três, quatro, e mais raramente, de cinco cordas. As cordas podem ser de tripa ou aproveitadas de outros instrumentos como o cavaquinho, bandolim ou violão. Suas afinações variam de acordo com o rabequeiro, sendo as duas mais comuns, em quintas: réu-lá-mi-si, reconhecida popularmente como “afinação pernambucana”, ou em sol-ré-lá-mi, como o violino e o bandolim. O tocador encosta a rabeca no braço e no peito, friccionando suas cordas com arco de crina, untado no breu. Juntamente com a viola, é um instrumento tradicional dos cantadores nordestinos. Muitas pessoas confundem a rabeca com o violino, apesar de não terem o mesmo som e timbre. No litoral de São Paulo e do Paraná a rabeca caiçara é usada no fandango, na folia-do-divino etc. No interior de São Paulo e em Minas Gerais, a rabeca é tocada no moçambique, nas congadas, na dança-de-são-gonçalo e na folia-de-reis. No Nordeste foi popularizada por inúmeras bandas, onde também é fabricada por artesãos do interior de Alagoas, como Nelson da Rabeca, um maravilhoso rabequista, acordeonista e compositor brasileiro. Mas ao contrário do que “a maioria das pessoas pensam, a rabeca foi o primeiro instrumento melódico utilizado no forró”. Na modernidade (cf. Berman, 2012), esboça-se um movimento que tende ao aproveitamento mais profundo desses valores folclóricos.
De um lado, liga-se a uma concepção mais ampla do folclore como uma expressão das condições presentes, típicas, da vida do povo, envolvendo seu amplo estilo de vida, articulando uma mediação complexa entre a literatura e o folclore, antes imobilizado pela tradição e incapaz de absorver a categoria de progresso. Surge daí o homem que interessa à literatura contemporânea, revelando em suas canções, em suas cantigas, em suas modinhas, em seus desafios, aquilo que ele pensa, sente e fala, e também o que ele deseja e o revolta. Melhor dizendo, os valores folclóricos como uma forma fática de expressão da história contemporânea do povo e também de sua ideologia política. Neste sentido, é possível apropriar o material folclórico de outra maneira. Primeiro, em si mesmo como um documentário; segundo, como uma espécie de busca da verdadeira imagem do homem do povo. Assim, os limites entre a literatura e o folclore não só se tornam menos nítidos, como a literatura se apresenta como uma forma fecunda de revelação instigante do fato folclórico. Para sermos breves, lembramos que a contribuição literária e sociológica de Mário Andrade ao folclore brasileiro ainda não foi convenientemente estudada.
Tampouco mereceu, inversamente, a devida atenção por parte dos especialistas na bibliografia do nosso folclore, pois não se pronunciaram sobre o significado e as consequências das suas inovações literárias. Isto porque o seu estudo minucioso revela em movimento não só as técnicas de transposição do folclórico ao plano erudito, peculiares de Andrade, mas também a sua compreensão ampla do folclore brasileiro e seus problemas, e das possibilidades do romance folclórico. Apesar de índio, originalmente preto e depois branco, Macunaíma é o mais mulato dos heróis brasileiros. O representante por excelência de um povo mestiço no sangue e mestiço nas ideias. Pois concebido á imagem dos heróis místicos, tudo lhe é possível – vive num clima onde espaço e tempo são reversíveis e imponderáveis. E em que a própria morte aparece como um meio de retorno à vida e de eternização heroica – Macunaíma vira Ursa maior, e sua conduta desconhece os padrões de comportamento habituais, mas principalmente por ser brasileiro e culturalmente híbrido, não tem caráter. Mas não é isso uma consequência do fato de ele incorporar todos os atributos díspares de seu povo? É assim que, Mário de Andrade vai compondo lentamente o seu herói e ao mesmo tempo um compêndio do folclore. Do ponto de vista teórico, histórico e sociológico nele se pode estudar analisando paripassu a contribuição folclórica do branco, do negro, do índio, a função modificadora e criadora dos mestiços e dos imigrantes, as lendas, os contos, a paremiologia, as pegas, os acalantos, a escatologia, as práticas mágicas (magia branca e negra), todo o folclore brasileiro. É um mosaico benjaminiano, uma síntese viva e uma biografia humanizada do folclore.Bibliografia geral consultada.
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Fandangos Amanhecer. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social. Centro de Educação e Ciências Humanas. São Carlos: Universidade
Federal de São Carlos, 2020; entre outros.