quarta-feira, 29 de maio de 2024

Combinação Perfeita – Cinema, Trabalho & Eticidade na Austrália.

                                                    Na vida contam mais a ilusão, a imaginação, o desejo, a esperança”. Ernesto Sabato

O corpo percorre a história da ciência e da filosofia. De Platão a Bergson, passando por Descartes, Espinosa, Merleau-Ponty, Freud, Marx, Nietzsche, Weber e principalmente Michel Foucault, quando a definição de corpo demonstra um puzzle. Quase todos reconhecem a profusão da visão dualista de Descartes, que define o corpo como uma substância extensa em oposição à substância pensante. Podemos perceber que seguindo este modo científico de compreensão, sobretudo com o advento da modernidade contemporânea, o corpo foi facilmente associado a uma máquina. O corpo foi pensado como um mecanismo elaborado por determinados princípios que alimentam as engrenagens desta máquina promovendo o seu bom funcionamento. Isto quer dizer que através dos exercícios de abstinência e domínio que constituem a ascese necessária, o lugar atribuído ao conhecimento de si torna-se mais importante: a tarefa de se pôr à prova, de se examinar, de controlar-se numa série de exercícios bem definidos, coloca a questão da verdade do que se é, do que se faz e do que é capaz de fazer no cerne da constituição do sujeito moral. E, per se, sabemos que o ponto de chegada é ainda e sempre definido pela soberania do indivíduo sobre si mesmo. 

         Neste aspecto singular da história social e política do mundo europeu o filósofo Michel Foucault (1926-1984) no ensaio: Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão (2014) nos adverte sobre a questão tópica da “analítica do poder” que se constitui o marco histórico e pontual de intransigente “docilidade dos corpos”. O soldado é alguém que se reconhece “de longe”; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas, lutando, as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal com distinção do significado e sentido de honra. Eis como ainda no início do século XVIII se descrevia a figura ideal do soldado. Mas na segunda metade deste século, o soldado se tornou algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas: lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, assenhoreia-se dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisionomia de soldado”. Ipso facto, houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. 

Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo que se manipula, modela-se, treina-se, que obedece, responde, torna-se hábil ou cujas forças multiplicam o “homem-máquina”. O grande livro do homem-máquina foi descrito simultaneamente em dois registros: no anátomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por Descartes e que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processo empíricos e refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois se tratava ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação: corpo útil, corpo inteligível. E, entretanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. Quer dizer que “O homem-máquina” de La Metrie (1709-1751) é uma redução materialista da alma e teoria geral do adestramento, no centro dos quais reina a noção de “docilidade” que une ao corpo analisável o corpo manipulável. Em sua significação específica é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado. Contudo, os famosos autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo; eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de Frederico II (1712-1786), rei minucioso das pequenas máquinas, dos regimentos bem treinados e dos longos exercícios.

Para a investigação da analítica do poder de Michel Foucault metodologicamente a questão a responder é a seguinte: Nesses esquemas de docilidade, em que o século XVIII teve tanto interesse, o que há de tão novo? Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes mito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas, entretanto, são novas nessas técnicas. A escala, em primeiro lugar, do controle; não se trata de cuidar do corpo, massa, grosso modo, como se fosse uma unidade indissociável, mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao mesmo nível prático da mecânica – movimentos, gestos, atitudes, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. A saber o objeto, em seguida, do controle: não, ou mais, os elementos significativos do comportamento típico ou a linguagem corporal, mas a questão da economia, a eficácia simbólica dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais presente sobre as forças disponíveis do que sobre a questão tópica dos sinais; posto que a única cerimônia que importa realmente é a do exercício.

A modalidade implica uma coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade humana mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos.  Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar disciplinas. Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. Diferentes da escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo efeitos de utilidade pelo menos igualmente grandes. Mas também ocorre, comparativamente na análise, que são diferentes também da domesticidade, que é uma relação social de dominação constante, global, maciça, não analítica, ilimitada e estabelecida sob a forma de vontade de poder singular do patrão, sendo quase seu “capricho”. Diferentes da vassalidade que é uma relação de submissão codificada, mas longínqua e que se realiza menos sobre as operações habituais do corpo do que os produtos do trabalho e as marcas rituais de domínio da obediência.

Diferentes do ascetismo e das “disciplinas” de tipo monástico, que têm por função realizar renúncias mais do que aumentos de utilidade e obediência, têm como fim um aumento do domínio de cada um sobre seu próprio corpo. O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, e também uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter o domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas ara que operem como se quer, com as técnicas segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dóceis.  A disciplina enquanto processo aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade de uso) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela associa o poder do corpo; faz dele por um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar, e faz dela uma relação de sujeição estrita.

Max fica menos do que emocionado quando recebe a tarefa de cuidar de Lola e mostrar a ela os segredos da fazenda. Ele é um homem ocupado e não tem tempo para ensinar uma garota da cidade a ser rude. E, como alguém que prefere ir sozinho, ele é cético em relação à gentileza entusiástica de Lola. Mas ele não pode deixar de ser atraído por ela. Max é interpretado pelo ator australiano Adam Demos em Combinação Perfeita. Ele, então, teve sua grande chance em Hollywood interpretando August Walker em UnREAL e desde então se tornou um galã certificado da Netflix graças a Sex/Life, no qual ele estrela ao lado de Sarah Shahi. O cinema expressa uma beleza contagiante, tratando de temas tão profundos quanto à beleza da vida, a necessidade de vermos cada instante como único e especial, o amor entre pai e filho, o amor romântico como alimento para a alma. A oposição entre sujeição e liberdade, cosmos e microcosmos ou existência e vigília. As superstições não mais como objetos, e sim como na representação de símbolos, como expressão de um temperamento ou índole interna de uma alma. A ciência mesma como representando um símbolo a mais e a não subordinação de uns a outros; a oposição entre verdades e fatos sociais; a história universal que não se converte em história da humanidade etc. 

Enfim, para Spengler o indivíduo histórico relevante é a cultura ocidental ou fáustica que emerge cerca do ano 900 depois de Cristo e que implica uma grande quebra de continuidade com as fases anteriores do pensamento sistemático, da matemática, da metafísica, da técnica, incluindo mudanças drásticas nas instituições de tempo, de espaço, de número etc. A importância desta tese apenas pode ser apreciada se tivermos em conta que essa morfologia da cultura que se transforma quase em um “templo”, e que por sua vez é o próprio céu que parecerá como inclinar-se sobre nós. Na representação do amor e da vida que temos uma das expressões mais vívidas da dicotomia em oposição assimétrica e complementaridade entre cultura e civilização. Nos impregna o ser décadas nos termos de referências importantes e discussões da história da filosofia. Sociologicamente, na pena de Émile Durkheim (2015: 119), observa o fundador da sociologia francesa, que há certo número de preceitos cuja sanção não é especialmente indicada; mas já sabemos que ela é certamente de um juízo penal. A natureza das expressões empregadas basta para prova-lo. Aliás, a tradição nos ensina que era infligido o castigo corporal a quem violasse um preceito negativo, quando a lei não enunciava formalmente uma pena. Para sermos breves, em diversos graus, todo o universo hebreu, como o Pentateuco o dá a conhecer, está marcado por uma característica essencialmente repressiva.  No entanto, ela é mais acentuada em certos lugares, mais latente em outros, mas sentimo-la presente em toda parte da vida social. Pois que todas as prescrições que o livro encera são mandamentos de Deus, situados, por assim dizer, sob sua garantia direta, todas elas devem essa origem um prestígio extraordinário, que as torna sacrossantas, por isso, quando são violadas, a consciência pública não se contenta como uma simples reparação, mas exige uma expiação que a vingue. Tendo em vista que o que faz a natureza própria do direito penal é a representação da autoridade das regras que ele sanciona e já que os homens nunca reconheceram nem imaginaram autoridade mais alta que a que o crente atribui a seu Deus não pode deixar de ser essencialmente repressivo. 

Podemos dizer inclusive que todo direito penal é mais ou menos religioso, porque o que é sua alma é um sentimento de respeito por uma força superior ao homem individual, por um poder de certa forma transcendental, qualquer seja o símbolo abstrato sob o qual ela se fala sentir às consciências, e esse sentimento também está na base da religiosidade social. Eis porque, de maneira geral, a repressão domina todo o campo social do direito nas sociedades inferiores, segundo a sociologia normativa de Émile Durkheim, porque a religião penetra toda a sua vida jurídica, como de resto, toda a vida social. A função da compreensão na práxis da vida é análoga àquela problematização que emerge de expectativas frustradas; mas em um caso o critério da decepção é o fracasso de uma ação finalista-racional controlada pelo sucesso, no outro trata-se de embaraços de um consenso, isto é, da desconformidade de expectativas recíprocas entre, no mínimo, dois sujeitos de agenciamentos. As intenções das duas orientações distinguem-se de forma correspondente: no primeiro caso máximas comportamentais, as quais fracassaram frente à realidade, devem ser submetidas por regras técnicas comprovadas; no segundo caso trata-se de interpretar manifestações vitais incompreensíveis e que bloqueiam a reciprocidade de expectativas comportamentais. Enquanto o experimento eleva os controles pragmáticos cotidianos, aplicados às regras de uma atividade instrumental ao nível de uma forma metódica à verificação, a hermenêutica equivale à maneira científica do agir interpretativo do cotidiano. Não há dúvida que no exercício de tal habilidade, o domínio da arte hermenêutica permanece em menos graus dependente “do virtuosismo pessoal” do que esse é o caso do domínio de operações mensuráveis. 

A compreensão hermenêutica tem, de acordo com sua estrutura, o objetivo de assegurar, no seio das tradições culturais, uma autoconcepção dos indivíduos e dos grupos, suscetível de orientar a ação e o entendimento recíproco de diferentes grupos e indivíduos. Os gregos criaram o termo estigma para se referirem a sinais corporais com os quais se procura evidenciar alguma coisa de extraordinário, ou mau, sobre o status moral de quem os apresentava. Os sinais eram feitos com cortes ou fogo no corpo e avisavam que o portador era um escravo, um criminoso ou traidor, uma pessoa marcada, ritualmente poluída, que devia ser evitada; especialmente em lugares públicos. Historicamente na chamada Era cristã, dois níveis de metáfora foram acrescentados ao termo: o primeiro deles referia-se a sinais corporais de graça divina que tomavam a forma de “flores em erupção” sobre a pele; o segundo, uma alusão médica a essa ilusão religiosa, referindo-se a sinais corporais de distúrbio físico. Segundo Erving Goffman, no ensaio: Estigma - Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada (2014) é amplamente usado de maneira semelhante ao sentido original, embora indicando à própria desgraça aparentemente do que se põe à sua evidência corporal. Os estudiosos, no entanto, não se esforçaram para descrever as precondições estruturais do estigma, ou mesmo para fornecer uma definição do próprio conceito. O termo é em referência a um atributo depreciativo. É da linguagem de relações e não de atributos. Um atributo que estigmatiza confirma a normalidade do Outro, sem ser per se horroroso nem desonroso.

         O termo estigma e seus sinônimos ocultam uma dupla perspectiva de âmbito social. Assume o estigmatizado que a sua característica distintiva já é conhecida ou é imediatamente evidente ou então que ela não é nem conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles? No primeiro caso, conceitualmente, está-se lidando com a condição real de desacreditado, no segundo com a condição em tese do desacreditável. Esta é uma diferença importante, socialmente, mesmo que um indivíduo estigmatizado em particular tenha, provavelmente, experimentado ambas as situações. Todavia, para Goffman, podem-se mencionar três tipos característicos de estigmas diferentes. Em primeiro lugar, há as abominações do corpo – as várias deformidades físicas. Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como “vontade fraca”, “paixões tirânicas”, ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos etnográficos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, “homossexualismo”, “homoerotismo”, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político-afetivo radical. Finalmente, há os estigmas tribais de raça, etnia, minorias, nação e ceticismo e “estigmas de re(li)gião”, que podem ser transmitidos de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família.

            A relação sexual converte-se então num desejo de estar no corpo do outro, um viver e um ser vivido por ele numa fusão de corpos que se prolonga como ternura por suas fraquezas, suas ingenuidades, seus defeitos e imperfeições. Não importa mesmo quem seja essa pessoa, pois na paixão nasce uma força terrível que nos leva à fusão e nos torna insubstituíveis, únicos um para o outro. O ente amado se converte naquele que não pode ser senão ele - o absolutamente especial. E isso acontece mesmo contra a nossa vontade, e apesar de acreditarmos por algum tempo que podemos viver sem ele, e que podemos encontrar essa mesma felicidade em outra pessoa qualquer. Mas não ocorre bem assim. Basta uma breve separação para termos a certeza de que este amado é portador de algo inconfundível, algo que sempre nos faltou, que se revelou através dele e que sem ele não podemos encontrar de novo, enfim, que represente simbolicamente a diversidade e a unicidade de quem amamos. Os fatos sociais por si mesmos, só aparentemente nos demonstram que nossa sexualidade de manifesta de maneira comum, quotidiana e de maneira extraordinariamente, afetiva, descontínua. A sexualidade se transforma quase que habitualmente por no meio de ação social normal pelo qual a vida explora as fronteiras do impossível, os horizontes do imaginário individual do sonhador e da natureza ecologicamente, mas o que é revelador, acidental ou não, é que estamos diante do estado nascente progressivamente de compreensão da vida.

        Hazel Vaughn se dedica a defender o legado de sua família, tanto com sua fazenda quanto com seu novo negócio, Vaughn Family Wines, por isso está cética em relação ao recém-criado negócio de importação de vinhos de Lola. Mas a chefe respeita a chefe, então ela decide dar uma chance a Lola na fazenda em troca de uma reunião de tentativa. Essa sexualidade, segundo Alberoni (1986), especialista nesta questão relacional, está vinculada à inteligência e à fantasia, ao ardor, à paixão propriamente dita; enfim, está em estado de fusão com tudo isso ao nosso redor. Mas a sua natureza é de subverter, transformar, romper os laços exteriores. E Eros é uma força revolucionária, ainda restrita a duas pessoas. Por isso mesmo, não se pode direcionar a sexualidade extraordinária de acordo com o nosso desejo, visto que ela determina nossos ciclos vitais ou tentativas de mudança, e por essa razão é perigosa. Apesar de a sexualidade ser para nós uma aspiração permanente e uma fonte constante de nostalgia, temo medo dela. Para nos defendermos do medo de amar, usamos a mesma palavra para indicar o Eros e a sexualidade quotidiana, ou seja, o comer e o beber do sexo sobre o qual fazemos pesquisas demoscópicas para descobrirmos sempre as mesmas coisas que já sabemos, mas que nos tranquilizamos porque nos revelam que também os outros vivem os mesmos sofrimentos humanos diante de nosso quotidiano. Queer dizer, no enamoramento, a pessoa mais simples e limitada vê-se obrigada, para se exprimir, a usar a linguagem da poesia, da sacralidade e do mito.  É assim, porque na sacralidade do mito também nasceram da experiência extraordinária que é o comum de diversos movimentos. Em verdade o enamoramento desafia as instituições sociais de seus fundamentos presentes de valor. Sua natureza reside em não ser um simples desejo ou capricho pessoal, mas um portador de projetos e criador de instituições.   

          Em todos esses exemplos de estigma, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas características sociológicas: um indivíduo que poderia ter sido facilmente recebido na relação social quotidiana possui um traço que se pode impor a atenção e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. Ele possui um estigma, uma característica diferente da que havíamos visto. Nós e os que não se afastam negativamente das expectativas particulares em questão serão chamados de normais pelo sociólogo norte-americano Erving Goffman. Ipso facto, ele afirma: - as atitudes que nós, aparentes normais, temos com uma pessoa com um estigma, e os atos que empreendemos em relação a ela são bem conhecidos na medida em que são as respostas que a ação social benevolente tenta suavizar e melhorar. Por definição é claro, acreditamos que alguém com um estigma não seja completamente humano. Com base nisso, fazemos vários tipos de discriminações, através das quais efetivamente, e muitas vezes sem pensar, reduzimos suas chances de vida: construímos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenças, tais como a de classe social. Utilizamos termos específicos de estigma culturalmente como “aleijado”, “bastardo”, “retardado”, em nosso discurso diariamente como fonte extraordinária e eloquente de metáfora de poder e representação sociológica, de maneira característica, sem pensar no terror de seu sentido e significado originalmente na vida cotidiana. 

            A nossa sexualidade urbana, cristã, pequeno-burguesa é composta de sentimentos e emoções. Através da linguagem corporal se comunicam socialmente sentimentos de afeto, carinho e ternura. O contato corporal não só ajuda a preparar o organismo para a relação coital, mas tem sentido em si mesmo, enquanto expressa cuidado, atenção e desejo de agradar a outra pessoa amada. Esses momentos de comunicação íntima precisam ser preparados na vida cotidiana através de relações sociais em que predominam a atenção, a disponibilidade, a compreensão e o serviço. Daí em diante muito acontecimentos envolvem o casal e as pessoas do entorno vão nos conquistando cada vez mais. É bem verdade que podemos pensar nas diversas coisas que o protagonista poderia fazer com tais poderes. Mas não é a consciência do próprio sujeito que neste sentido passa a atribuir significado ao espaço/tempo no qual está inserido. A vida ganha uma dimensão de responsabilidade para com a condução do destino da espécie humana, bem como com relação ao domínio da natureza em suas várias formas de manifestação.  O tempo que as separa equivale a várias gerações e ultrapassa a capacidade da memória individual (o sonho) e coletiva (os mitos, os ritos, os símbolos). As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações de percepção dos sujeitos. Outra característica é a adoção de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional.

          O ser humano cria instituições como a escola, a igreja e o Estado a partir das quais vai gerenciar a vida em sociedade e tais instituições passam a ter a legitimidade de sua atuação amparada em argumentos e motivos típicos racionalmente válidos. Paternidade é um conceito que vem do latim paternĭtas e que diz respeito à condição de ser pai. Isto significa que o homem que tenha tido um ou mais filhos acede à paternidade. É importante destacar que a paternidade transcende o biológico. A filiação pode acontecer através da adopção, convertendo a pessoa em pai do seu filho mesmo que este não seja seu descendente de sangue. Num sentido semelhante, o homem que doa sémen para que uma mulher se insemine não se transforma não se transforma no pai da futura criança. A paternidade, por outro lado, pode ser espiritual ou simbólica. No âmbito da religião, é considerado líder o guia de uma congregação como o “pai” dos fiéis. O papa da Igreja católica apostólica romana tende a designar-se como Santo Pai. Ipso facto, é na paternidade que se revela a profundidade do ser, é participando da criação que o homem se realiza por aderir à alegria do saber diante da realização de um projeto humano.

Mediante a paternidade, o homem tem a chance de preencher aquele anseio que, desde a infância, o incita a ter grandeza na vida. Contudo, desde Karl Mannheim, sabemos que a paternidade não ocorre somente no processo geracional, mas em toda formação desse ser. A cada fase da criança, há uma nova oportunidade do pai se reinventar, na medida do possível para melhor a si próprio na condução da vida em sociedade. Oswald Spengler inscreve-se no historicismo alemão, como um dos integrantes destacados desta geração extraordinária de intelectuais alemães, ao lado de um Max Weber, Georg Simmel e Friedrich Meinecke. E Spengler é historicista em quase todos os pontos relevantes de sua obra. É refratário à ideia ainda existente, em sua época de utilizar os modelos oriundos das concepções ciências naturais para as concepções filosóficas das humanidades. Ressalta a necessidade do historiador, sociólogo, ou crítico de arte, compreender o objeto de pensamento, atitude fundamentalmente diferente do característico método dos cientistas. Entende que as consciências são produto do contexto em que vivem e têm seus horizontes da imaginação social por eles limitados.

         O historicismo assume uma posição decididamente relativista. Neste sentido, todos os valores de uma cultura estão inexoravelmente ligados a esta cultura, não sendo necessariamente válidos para outra. Oswald Spengler, como elide com tudo em “L´Déclin de L´Occident” (1976), leva-o às últimas consequências e o faz de maneira explícita. Nada escapa à passagem do tempo e a mudança do espaço, vinculado a instituições como a moral, o Direito, a arte, e mesmo a física e as matemáticas e suas pretensões de validez universal. O filósofo sistemático, diz ele “comete um erro muito grave ao considerar seus resultados como duradouros. Esquece o fato de que todos os pensamentos vivem num mundo histórico e, por isso, partilham do destino geral da efemeridade”. E vaticina: “Não há verdades eternas. Cada filosofia é expressão de seu tempo, e só dele”. Já não se aceita a legitimidade de uma decisão ou ação social com justificativas extrassensoriais que apelem para divindades ditas superiores, entendidas tanto no sentido para alcançar o bem ou para alcançar o mal. A angústia e a esfera da política como sentimento primário do homem, e mesmo prontamente a conjuração do numinoso, de onde resulta que a religião in statu nascendi é a primeira forma de representação do saber e a ciência e a política, enquanto houver homens, a última.

            Entretanto, rigorosamente o termo “eloquência” é, na oratória e redação, a forma de falar ou escrever fluente, preciso, elegante e persuasivo. Passa-se, com a eloquência, a compreensão de grandes emoções com uma linguagem marcante, mas adequada. Os gregos antigos tinham em Calíope “a musa da eloquência”, cujo patrono era o deus Hermes. Na Roma Antiga houve a figura de Cícero, “considerado o mais eloquente orador da Antiguidade”. Embora em sua origem historicamente os termos eloquência, retórica e oratória significassem apenas “falar”, os especialistas admitem que possuem conceitos distintos. A eloquência tem corriqueiramente várias acepções: pode significar o discurso de convencimento, quando então seu significado é igual à da retórica antiga; também pode significar genericamente um conjunto de discursos proferidos, como quando se diz “a eloquência jurídica argentina”, diz-se na verdade dos discursos neste domínio ali proferidos; também pode estar ligado a um dom, algo que o orador possui naturalmente, então trata-se de uma “eloquência natural” e, finalmente, a eloquência consiste na apreciação valorativa de um discurso, ou, como indicativo de sua qualidade.

      No século XVIII a popularização da imprensa e surgimento e difusão das enciclopédias e dicionários levou a uma busca de convencimento não mais pela “arte persuasória da eloquência” (ars disserendi), mas também pela lógica filosófica hegeliana; em contrapartida é neste período que surge uma profusão de livros específicos que tratam da eloquência ou reproduzem largamente os discursos, o que avançou pelos séculos seguintes. Na América atualmente, afirma, Goffman, entretanto, os sistemas de honra separados parecem estar decadentes. O indivíduo estigmatizado tende a ter as mesmas crenças sobre identidade que nós temos; isso é um fato central. Seus sentimentos mais profundos sobre o que ele é podem confundir a sua sensação de ser uma “pessoa normal”, um ser humano como qualquer outro, uma criatura, portanto, que merece um destino agradável e uma oportunidade legítima. A característica central da situação de vida, do indivíduo estigmatizado pode, agora, certamente ser explicada. É uma questão que se articula do que é com frequência social, embora vagamente, chamado de “aceitação”. Aqueles indivíduos que têm relações sociais com ele não conseguem lhe dar o respeito e a consideração que os aspectos não contaminados de sua identidade social os haviam levado a prever e que ele havia previsto receber; ele fez ecoar essa negativa descobrindo que alguns de seus atributos a garantem.

A questão mais signiticativa é: como a pessoa estigmatizada responde a tal situação social? Em alguns casos lhe seria possível tentar corrigir diretamente o que considera a base objetiva de seu defeito, tal quando uma pessoa fisicamente deformada se submete a uma cirurgia plástica, uma pessoa cega a um tratamento ocular, um analfabeto corrige sua educação e um homossexual faz psicoterapia. Aqui, deve-se mencionar a predisposição à “vitimização” como um resultado da exposição da pessoa estigmatizada a servidores que vendem meios para corrigir a fala, para clarear a cor da pele, para esticar o corpo, para restaurar a juventude, curas pela fé e meios para obter fluência na conversação. Quer se trate de uma técnica metodológica, prática ou de fraude, a pesquisa frequentemente secreta, dela resultante, revela, de maneira especificamente quando, “os extremos a que os estigmatizados estão dispostos a chegar e a situação que os leva a tais extremos”. O convívio dos humanos em sociedades tem quase sempre, historicamente, mesmo mediante a formação do caos, na desintegração, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração exprime.

O processo de concentração física de força pública é acompanhado de uma desmobilização da violência ordinária. A violência física só pode ser aplicada por um agrupamento especializado, especialmente mandatado para esse fim factível, claramente identificado no seio da sociedade pelo uniforme, portanto um agrupamento simbólico, centralizado e disciplinado. A noção de disciplina, sobre a qual Max Weber escreveu páginas magníficas, é capital: não se pode concentrar a força física sem, ao mesmo tempo, controla-la, do contrário é o desvio da violência física, e o desvio da violência física está para a violência física assim como o desvio de capitais está para a dimensão econômica: é o equivalente da concussão. A violência física pode ser concentrada num corpo formado para esse fim, claramente identificado em nome da sociedade pelo uniforme simbólico, especializado e disciplinado, isto é, capaz de obedecer como um só homem a uma ordem central que, em si mesma, não é geradora de nenhuma ordem. O conjunto das instituições mandatadas para garantir a ordem, a saber, as forças públicas e de justiça, são, portanto, separadas pouco a pouco do mundo social corrente. Essa concentração do capital físico se realiza em um duplo contexto.

Em Combinação Perfeita (2022), com o objetivo de conseguir um grande cliente, um alto executivo de uma empresa norte-americana especializada em vinhos, de Los Angeles, precisa viajar para uma fazenda de ovelhas na Austrália, onde acaba trabalhando como ajudante de rancho, se divertindo com um local rústico e tão oposto a sua rotina, cotidianamente e se abrindo para novas experiências e afetos. Decidida a começar seu próprio negócio de vinhos, Lola viaja até uma famosa vinícola na Austrália para fechar um acordo vantajoso. Contudo, como estratégia de trabalho, ela precisa provar seu valor antes de fechar o negócio, mas acaba se apaixonando por homem rústico e intrigante. Em 1° de janeiro de 1901, as seis colônias se tornaram uma federação e a Comunidade da Austrália foi formada. Desde a Federação, a Austrália tem mantido um sistema político democrático liberal estável e continua a ser um reino da Commonwealth. A população do país é de 23,4 milhões de habitantes, com cerca de 60% concentrados em torno das capitais que são extraordinariamente comprendidas como continentais estaduais de Sydney, Melbourne, Brisbane, Perth e Adelaide.

           Um cliente também reconhecido como um comprador é geralmente utilizado para se referir a um atual ou potencial comprador ou usuário dos produtos de um indivíduo ou organização, chamado o fornecedor ou vendedor. Isto acontece normalmente através da compra ou aluguel de bens ou serviços. No entanto, em certos contextos, o termo cliente inclui também pela extensão de qualquer entidade que usa ou experimenta os serviços de outro. Um cliente também pode ser um visualizador do produto ou serviço que está sendo vendido apesar de decidir não os comprar. Cliente também tem um significado mais generalizado, como no atendimento ao cliente e um significado menos comercial em áreas sem fins lucrativos. Para evitar consequências indesejadas em algumas áreas, como serviços governamentais, serviços comunitários e educação, o termo “cliente” é por vezes substituído por palavras como “utente”. Isto é feito para responder às preocupações de que cliente esteja “comotado” com uma relação estritamente comercial que envolve a compra de produtos e serviços. Alguns gerentes neste ambiente merceológico habitualmente, compreendem em que a ênfase está em ser útil para as pessoas com quem se está a lidando em vez visar vendas comerciais, confortavelmente, usam esta palavra para clientes internos e externos.

         O rosto seduz de forma mais segura e ainda mais sutil do que as palavras e as coisas. O rosto é objeto de um trabalho pessoal, indispensável à conversação e ao comércio entre os homens. Jean-Jacques Courtine & Claudine Haroche, no livro História do Rosto (2016) lembram que manuais de retórica, obras de fisiognomonia, livros de civilidade e “artes da conversação” incansavelmente que povoam as obras do século XVI ao XVIII que o rosto está fundamentalmente situado no centro das chamadas “percepções de si, da sensibilidade ao outro, dos rituais da sociedade civil, das formas do político”. Trata-se de um privilégio antigo que reveste, porém, uma nova tonalidade a partir do início do século XVI desde Maquiavel. Todos esses textos dizem e repetem que “o rosto fala”. Ou, mais precisamente pelo rosto é o indivíduo que se exprime. Um laço se esboça e depois é traçado mais nitidamente entre sujeito, linguagem e rosto, um laço crucial para a elucidação da personalidade moderna. Isto é, historicamente, as percepções do rosto são lentamente deslocadas, as sensibilidades à expressão se desenvolvem progressivamente. É um dos traços essenciais do avanço do individualismo depreendido nas mentalidades. Um “individualismo dos costumes” que Philippe Ariès atribui a um processo geral de privatização. E que logo que vai transformar profundamente a identidade individual entre aqueles séculos, e transformar de maneira paradoxal as relações entre comportamento públicos e privados afirmar a preeminência do indivíduo e incitar à expressão pessoal.

O indivíduo é a expressão socialmente singular de representação do seu rosto. Mas que, dialeticamente, esse mesmo movimento que o incita a se exprimir leva-o ao mesmo tempo a se apagar, ao mascaramento de seu próprio rosto, a encobrir a repressão. Os ensaios de sociologia Norbert Elias e de Max Weber singularizam-se sob a denominação geral de “civilização dos costumes” e de “racionalização dos comportamentos práticos” que um e outro aspecto social compreensivo, respectivamente, pensaram esse processo metodologicamente, de afirmação individual e, mais ainda, de autocontrole, de repressão dos impulsos, de contenção. Elementos desses paradoxos de consequências não intencionais, estão no quadro de pensamento da sociedade cortesã e do desenvolvimento da civilização, para Elias, e daquilo que para Max Weber “equivale aos fatores religiosos na gênese de uma psicologia burguesa e capitalista”. Por outro lado, Michel Foucault (1926-1984), tendo como escopo a analítica do poder resgata a noção disciplinar destes séculos situando também que o desenvolvimento deste conjunto de práticas e saberes disciplinares, implica novas formas de “individualização”: transposição ao espaço político de uma forma de poder nascidas, não por acaso, nas instituições primus inter pares das condições sociais escolares cristãs. Poder penetrante sobre o corpo, os gestos, que penetram as almas com o objetivo de vigilância sobre a questão da intimidade. Sua capital é reconhecida como Camberra, localizada no Território da Capital Australiana.

Austrália  tecnologicamente avançada e industrializada  representa um país multicultural próspero e tem excelentes resultados em muitas comparações internacionais de desempenhos nacionais, tais como saúde, esperança de vida, qualidade de vida, desenvolvimento humano, educação pública, liberdade econômica, bem como a proteção de liberdades civis e direitos sociais e políticos. As cidades australianas também rotineiramente situam-se entre as mais altas do mundo em termos de habitabilidade, oferta cultural e qualidade de vida. A Austrália é o país com o quinto maior índice de desenvolvimento humano do mundo. A Comunidade da Austrália foi criada e tornou-se um domínio do Império Britânico em 1907. O Território da Capital Federal, rebatizado para Território da Capital da Austrália, foi formado em 1911 como a localização da futura capital federal de Camberra. Melbourne foi a sede temporária do governo entre 1901 e 1927, enquanto Camberra era construída. O Território do Norte foi transferido do controle do governo da Austrália Meridional para o parlamento federal.

O Last Post é tocado na cerimônia do Dia ANZAC, subúrbio de Melbourne, Vitória. Cerimônias semelhantes são realizadas na maioria dos subúrbios e vila. Em 1914, a Austrália foi aliada do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, com o apoio do Partido Liberal e do Partido Trabalhista. Os australianos participaram em muitas das grandes batalhas travadas na Frente Ocidental. Dos cerca de 416 mil soldados que serviram, cerca de 60 mil foram mortos e outros 152 000 ficaram feridos. Muitos australianos consideram a derrota das Forças Armadas da Austrália e Nova Zelândia, em Galípoli, atual Turquia, como o nascimento da nação, sua primeira grande ação militar. A Campanha do Trilho de Kokoda é considerada por muitos como um evento definidor análogo da nação na 2ª guerra mundial (1939-1945). O Estatuto de Westminster (1931) terminou formalmente com a maioria das ligações constitucionais entre a Austrália e os países que fazem parte do poderoso Reino Unido. A Austrália adotou o estatuto em 1942, mas com efeitos retroativos a 1939 para confirmar a validade da legislação aprovada pelo Parlamento australiano durante a Segunda Guerra Mundial. O choque de realidade da derrota da Inglaterra na Ásia em 1942, e a ameaça da invasão japonesa, fez com que a Austrália olhasse para os Estados Unidos “como um novo aliado e protetor”.

Desde 1951, a Austrália tem sido um aliado militar formal dos Estados Unidos, nos termos do tratado ANZUS. Após a guerra a Austrália encorajou a imigração da Europa. Desde os anos 1970 e após a abolição da política Austrália Branca, a imigração da Ásia e de outros lugares também foi promovida. Como resultado, a demografia, cultura e autoimagem da Austrália foram transformadas. Os laços constitucionais finais entre a Austrália e o Reino Unido foram cortados com a aprovação do Australia Act 1986, acabando com qualquer papel britânico no governo dos estados australianos e, fechando a possibilidade de recurso judicial para o Privy Council um corpo formal de consultores do soberano Reino Unido em Londres. Em um referendo de 1999, 55% dos eleitores australianos e maioria em cada estado australiano, rejeitou a proposta do país se tornar uma República, com um presidente nomeado pelo voto de dois terços de ambas as Casas do Parlamento Australiano. Desde a eleição do Governo Whitlam em 1972, existe um lastro na política externa dos laços com outras nações do Pacífico, mantendo laços estreitos com os aliados tradicionais da Austrália e com parceiros comerciais.

O esclarecimento exprime o movimento real da sociedade burguesa, por assim dizer, como um todo sob o aspecto da encarnação de sua Ideia em pessoas e instituições, assim também a verdade não significa meramente a consciência relacional, mas, do mesmo modo, a figura que esta assume na realidade efetiva. O medo que o bom filho da civilização moderna tem de afastar-se dos fatos – fatos esses que, no entanto, já estão pré-moldados como clichês na própria percepção pelas usanças dominantes na ciência, nos negócios e na política – é exatamente o mesmo medo do “desvio social”. Essas usanças também definem o conceito de clareza na linguagem e no pensamento a que a arte, a literatura e a filosofia devem se conformar. Ao tachar de compilação obscura e, de preferência, de alienígena o pensamento que se aplica negativamente aos fatos, bem como às formas de pensar dominantes, e ao colocar assim um tabu sobre ele, esse conceito mantém o espírito sob o domínio da mais profunda cegueira. É característico de uma situação sem saída que até mesmo o mais honesto dos reformadores, ao usar uma linguagem desgastada para recomendar a inovação, adota também o aparelho categorial inculcado e a má filosofia que se esconde por trás dele, e assim reforça o poder da ordem existente que ele gostaria de romper. A “falsa clareza”, a ilusão em relação à realidade em si é uma outra expressão do mito. E na história social e política da humanidade obscuro e iluminante ao mesmo tempo. Suas credenciais tem sido sempre a familiaridade e o fato de dispensar o trabalho característico do conceito.

O clima da Austrália é significativamente influenciado pelas correntes oceânicas, incluindo o dipolo do Oceano Índico e o El Niño, que está correlacionado com a seca periódica e o sistema de baixa pressão tropical sazonal que produz ciclones no norte da Austrália. Estes fatores geográficos induzem consideravelmente a variação de precipitação de ano para ano. Grande parte do Norte do país tem uma chuva de verão tropical predominantemente (monção) climática. A Austrália é o continente mais plano, com os solos mais antigos e menos férteis; o deserto ou terra semiárida conhecida como Outback compõe a maior parte de terra. É o continente habitado mais seco, tendo apenas as partes sudeste e sudoeste um clima temperado. Pouco menos de três quartos da Austrália encontra-se dentro de um deserto ou em zonas semiáridas. O Sudoeste da Austrália Ocidental tem um clima per se mediterrâneo. Grande parte do Sudeste incluindo a Tasmânia é temperado. Embora a maior parte da Austrália seja semiárida ou desértica, o país possui uma variada gama de habitats de charnecas alpinas até florestas tropicais, sendo reconhecido tout court como um país mega diverso. Devido à idade avançada do continente, os padrões de tempo são extremamente variáveis e o isolamento de longo prazo tornou a maior parte da biota da Austrália única e diversificada.

Cerca de 85% das plantas com flores, 84% dos mamíferos, mais de 45% das aves e 89% dos peixes costeiros da zona temperada são endêmicos do país. A Austrália tem o maior número de espécies répteis do mundo (755 espécies). As florestas australianas são maioritariamente constituídas por espécies perenes, particularmente árvores de eucalipto nas regiões mais áridas e acácias nas regiões mais secas e desérticas. Entre os membros mais conhecidos da fauna australiana estão os monotremados ornitorrincos e equidna-de-focinho-curto, vários marsupiais como o canguru, coala e os vombates e aves como o emu e a kookaburra. A Austrália é o lar de muitos animais perigosos, como algumas das cobras mais venenosas do mundo. O dingo foi introduzido por povos austronésios que tiveram contato com os indígenas australianos por volta de 3000 a.C. Muitas plantas e espécies animais se extinguiram logo após o primeiro povoamento humano, incluindo a megafauna australiana, outros desapareceram com a colonização europeia, entre eles o tilacino. Muitas das ecorregiões australianas (e as espécies encontradas nessas regiões) estão ameaçadas pelas atividades humanas e por espécies vegetais e animais invasoras.

O Environment Protection and Biodiversity Conservation Act 1999 é o marco legal para a proteção das espécies ameaçadas. Várias áreas protegidas foram criadas no âmbito da “Estratégia Nacional para a Conservação da Diversidade Biológica da Austrália” para proteger e preservar ecossistemas únicos: 65 zonas úmidas são listadas sob a Convenção de Ramsar e 15 Patrimônios Mundiais naturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura foram estabelecidos. A Austrália foi classificada em 51º lugar entre 163 países do mundo no Índice de Desempenho Ambiental de 2010. As mudanças climáticas tornaram-se uma preocupação crescente na Austrália nos últimos anos, com muitos australianos considerando a proteção ao ambiente como a questão mais importante que o país enfrenta. Os primeiros ministérios de Kevin Michael Rudd, político ex-líder federal do Partido Trabalhista Australiano. Foi primeiro-ministro da Austrália de 2007 até 2010 e de junho de 2013 até setembro de 2013. Iniciaram várias atividades de redução de emissões. O primeiro ato oficial de Rudd, foi assinar o instrumento de ratificação do Protocolo de Quioto. As emissões de dióxido de carbono per capita da Austrália estão entre as mais altas do mundo, inferiores apenas às de algumas nações industrializadas. As chuvas na Austrália aumentaram ligeiramente ao longo do século passado a nível nacional, enquanto as temperaturas médias anuais aumentaram significativamente nas últimas décadas. As restrições do uso de água estão em vigor em muitas regiões e cidades da Austrália, em resposta à escassez crônica devido ao aumento da população urbana e às secas geralmente localizadas.

No trajeto social para a concepção de ciência moderna, os homens renunciaram ao sentido e substituíram o conceito pela fórmula, a causa pela regra e pela probabilidade. A causa representou apenas o último conceito filosófico que serviu de padrão para a crítica científica, porque ela era, por assim dizer, dentre todas as ideias antigas, o único conceito que a ela ainda se apresentava, derradeira secularização do princípio criador. Com as Ideias de Platão, finalmente, também os deuses patriarcais do Olimpo foram capturados pelo logos filosófico. O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas potências no legado platônico e aristotélico da metafísica e instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos universais, acusando-a de superstição. Na autoridade dos conceitos universais ele crê enxergar ainda o medo pelos demônios, cujas imagens eram o meio, de que serviam os homens, no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. Doravante, a matéria era dominada sem o recurso ilusório a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades ocultas. O que não submete ao critério da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. Mas cada resistência cultural que ele encontra serve apenas para aumentar a sua força social.

Isso se deve filosoficamente de que o Esclarecimento ainda se reconhece a si mesmo nos próprios mitos. Quaisquer que sejam os mitos de que possam se valer a resistência, o simples fato social de que eles se tornam argumentos por uma tal oposição significa que eles adotam o princípio da racionalidade decerto corrosiva da qual acusam o esclarecimento. O esclarecimento é totalitário. Para ele, o elemento social e humano básico do mito foi o antropomorfismo, a projeção do subjetivo na natureza. A cultura respeitável constituiu até o século dezenove um privilégio, cujo preço era o aumento do sofrimento dos incultos, no século vinte o espaço higiênico da fábrica teve por preço a fusão de todos os elementos da cultura num cadinho gigantesco. Talvez não fosse um preço tão alto, como acreditam alguns defensores da cultura, se a venda em liquidação da cultura não contribuísse para a conversão das conquistas econômicas em seu contrário. Nas condições atuais, os próprios bens da fortuna convertem-se em elementos de infortúnio. Enquanto no período passado a massa desse bens, na falta de um sujeito social, resultava na chamada superprodução, em meio às crises da economia interna, ela produz com a entronização dos grupos que  detém o poder no lugar desse sujeito social, a ameaça internacional do monopólio ligado quase sempre aos grupos e meios econômicos, com a entronização do grupos que detêm o poder no lugar desse sujeito social que procura tornar inteligível o entrelaçamento da racionalidade e da realidade social, e o entrelaçamento, inseparável primeiro, da natureza e dominação da natureza.

No centro estão os conceitos de sacrifício e renúncia, nos quais revelam tanto a diferença quanto a unidade da natureza mítica e do domínio esclarecido da natureza. Ele mostra como a submissão que é natural ao sujeito autocrático culmina exato no domínio da natureza e objetividade cegas. Essa tendência, segundo Adorno e Horkheimer, aplaina as antinomias do pensamento liberal, em especial a do rigor moral e absoluta amoralidade. O Estado se constitui em relação a um duplo contexto: de um lado, em relação a outros Estados atuais ou potenciais, isto é, os princípios concorrentes – precisam concentrar “capital de força física” para travar a guerra pela terra, pelos territórios; de outro lado, em relação a um contexto interno, a contrapoderes, isto é, príncipes concorrentes ou classes dominadas que resistem à arrecadação do imposto ou ao recrutamento de soldados. Esses dois fatores econômico-político favorecem a criação de exércitos poderosos dentro dos quais se distinguem progressivamente forças propriamente militares e forças propriamente policiais destinadas à manutenção da ordem interna. Essa distinção exército/polícia, evidente hoje, tem uma genealogia extremamente lenta, as duas forças interativamente têm sido por muito tempo de fato confundido. O desenvolvimento do imposto está ligado às despesas de guerra.

O nascimento do imposto é simultâneo a uma acumulação de capital detido pelos profissionais da gestão burocrática e à cumulação de um imenso capital informacional. É o vínculo entre Estado e a sua relação poderosa e incontestável Estatística, posto que a necessidade férrea do Estado se associa ao nascimento e conhecimento racional da sociologia. A institucionalização do imposto é realmente o desfecho de uma “guerra interior travada pelos agentes do Estado contra as resistências dos sujeitos”. Os historiadores se perguntam, com razão, em que momento aparece o sentimento de pertencer a um determinado Estado, que não é necessariamente o que se chama na vida de patriotismo, o sentimento de ser um dos sujeitos sociais do Estado. A experiência de pertencimento a uma unidade territorial definida está muito fortemente ligada à experiência da tributação. Nós nos descobrimos como sujeitos descobrindo-nos como tributáveis, contribuintes. Há uma invenção extraordinária decorrente do uso de medidas jurídico-policiais que culturalmente através do Estado estão destinadas a fazer pagarem os maus pagadores, que são a ordem de prisão e a responsabilidade in solidum.

Enfim, a metáfora de Norbert Elias dizendo que o Estado “não passa de uma extorsão legítima é mais que uma metáfora”. Tendo em vista que se trata de criar um corpo de agentes encarregados da coleta e capazes de operá-la sem desviá-la em proveito próprio. Era preciso que os agentes e os métodos de cobrança fossem facilmente identificados com a pessoa, a dignidade do poder, fosse legado da cidade, do senhor ou do soberano. Os meirinhos precisavam usar sua libré, ter autorização de portar seus emblemas, notificar suas ordens conquistadas de reconhecimento em nome dele. Precisavam ser percebidos como mandatários tendo a plena potentia agendi, e que essa delegação se manifestasse não só por uma ordem assinada como também por uma libré que expressasse a dignidade e, ao mesmo tempo, a legitimidade de sua função. Essa delegação, que é problemática – todo mandatário pode desviar os proveitos que pode tirar do poder que lhe foi delegado -, implica controle dos mandatários; de controladores dos cobradores de impostos. Para que os mandatários exerçam seu ofício sem ter de recorrer cada vez mais à violência física, mais a autoridade simbólica deles precisa ser reconhecida; faz referência tácita à ideia de que a cobrança econômica do imposto é legítima; a autoridade de quem mandata as pessoas exercendo essas extorsões políticas deve ser legítima, mesmo quando essas extorsões de fundos parecem ser de fato injusta.

Bibliografia Geral Consultada.

BECKER, Howard, Los Extraños. Sociología de la Desviación. Buenos Aires: Editor Tiempo Contemporáneo, 1971; CHAPOULIE, Jean-Michel, “Sur l`Analyse Sociologique des Groupes Professionnels”. In: Revue Française de Sociologie, nº XIV, 1973; pp. 86-114; CHAUÍ, Marilena, Repressão Sexual - Essa Nossa (Des) conhecida. 10ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987; MANNHEIM, Karl, “El Problema de las Generaciones”. In: Revista Española de Investigaciones Sociológicas, n° 62, pp. 193-242; 1993; ELIAS, Norbert, A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994; SINGER, Peter, Libertação Animal. Porto Alegre: Editor Lugano, 2004; COSTA, Rafael Brasil Ferro, Considerações sobre a Terceirização da Logística e uma Metodologia de Classificação para os Party Logistics. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2007; CANEVACCI, Massimo, Antropologia da Comunicação Visual. 1ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 2009; DELEUZE, Gilles, O anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia. 2ª edição. São Paulo: Editora 34, 2010; DURKHEIM, Émile, Da Divisão do Trabalho Social. 4ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010; BLEICHMAR, Silvia, La Construcción del Sujeto Ético. Buenos Aires: Ediciones Paidós, 2011; BECK, Ulrich, Modernização Reflexiva: Política e Estética na Ordem Social Moderna. 2ª edição. São Paulo: Editora Unesp, 2012; FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; STHEPAN, Cassiana Lopes, Michel Foucault e Pierre Hadot: Um Diálogo Contemporâneo sobre a Concepção Estóica de Si Mesmo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Setor de Ciências Humanas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015; GIMBO, Fernando Sepe, Foucault, o Ethos e o Páthos de um Pensamento. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências. Centro de Educação e Ciências Humanas. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2015; SILVA, Luana do Amaral, Mulheres Artistas: Reflexões sobre a Vida e a Obra de Camille Claudel. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação. Instituto de Artes. São Paulo: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2020; VENTURA, Raffaele Alberto, Teoria da Classe Inadequada. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Âyiné, 2022; entre outros.

Introdução à Pedologia, Desertificação & Solos em Ambiente Natural.

                                                                              A fama não é uma planta que cresça em solo mortal”. John Milton

        John Milton foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é reconhecido por seu épico Paraíso Perdido (1667), escrito em verso branco. Nascido em Londres em 1608, frequentou a Christ’s College da Universidade de Cambridge, onde graduou-se em 1629 e obteve um título acadêmico de mestrado em 1632. Leu obras antigas e modernas de teologia, filosofia, história, política, literatura e ciência, e em maio de 1638, viajou per se para França e Itália em uma digressão, onde se encontrou com o astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) e visitou a Accademia della Crusca, considerada a mais prestigiosa instituição linguística da Itália. Ao voltar à Inglaterra, escreveu prosas contra o episcopado na Guerra Civil Inglesa, e William Laud, arcebispo de Cantuária. Em março de 1649 foi feito Secretário de Línguas Estrangeiras pelo Conselho de Estado. Publicou textos em defesa dos princípios republicanos, e em 1654 ficou cego e consequentemente pobre. Após a Restauração Inglesa continuou a defender a República e criticar a monarquia. Se escondeu e teve um mandado de prisão, sendo perdoado. Ele morreu em 1674, tendo na vida se casado por três vezes.

        Escrevendo em inglês, latim e italiano, alcançou fama internacional, e seu célebre  Areopagítica, está entre as defesas mais influentes da história da liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Foi publicado em 23 de novembro de 1644, no auge da Guerra Civil Inglesa. Leva o título em parte do Areopagitikos, um discurso escrito pelo orador ateniense Isócrates no século 4 a. C. O Areópago é geograficamente uma colina em Atenas, local de tribunais reais e lendários, e nome de um conselho cujo poder Isócrates esperava restaurar. Alguns argumentam que é também uma referência à defesa que São Paulo fez perante o Areópago em Atenas contra as acusações de promulgar deuses estrangeiros e ensinamentos estranhos, conforme registrado em Atos 17:18-34. Como Isócrates, Milton que não era parlamentar, não pretendia que seu trabalho fosse um discurso oral na assembleia. Foi distribuído panfleto, desafiando censura de publicação contra a qual ele argumentou e como radical, Milton apoiou os presbiterianos no Parlamento inglês, e mais tarde trabalharia como funcionário público da nova República. Mas neste trabalho ele argumentou vigorosamente contra a Portaria de 1643 do Parlamento para a Regulamentação da Impressão, também reconhecida como Ordenação de Licença de 1643, na qual o Parlamento propugna censura prévia, pois exigia que “os autores tivessem uma licença aprovada pelo governo antes que seu trabalho pudesse ser publicado”. Sua prosa e poesia refletiam profundas convicções, a paixão pela liberdade e autodeterminação, e as questões urgentes e turbulência política. Vale lembrar que a questão era pessoal para John Milton, pois havia sofrido censura para publicar diversos tratados em defesa do divórcio, uma postura radical que não teve o apoio dos censores.

Em particular, The Doctrine and Discipline of Divorce (1643), que ele publicou anonimamente e sem licença, foi condenado pelo clero puritano como sendo herético e com a intenção de promover a libertinagem sexual, e foi citado em petições ao parlamento como evidência da necessidade de reinstalar um sistema de licenciamento de pré-publicação. Areopagítica está repleta de referências bíblicas e clássicas que Milton usa para fortalecer seu argumento. Isso é particularmente adequado porque o panfleto estava sendo dirigido aos presbiterianos calvinistas que compunham o Parlamento. A biografia de William Hayley (1745-1820), publicada em 1796, o chamou de “o maior autor inglês”, e ele geralmente permanece sendo considerado como “um dos escritores mais proeminentes da língua inglesa”, embora a recepção crítica tenha oscilado nos séculos desde sua morte e muitas vezes por conta de seu republicanismo. Samuel Johnson elogiou Paraíso Perdido como “um poema que, em relação ao design pode reivindicar o primeiro lugar, e no que diz respeito ao desempenho, o segundo, entre as produções da mente humana”, embora ele tenha sido um conservador e destinatário do patrocínio real que interpretou e descreveu a política de Milton como as de um “amargo e ranzinza republicano”. Seu republicanismo, tem sido objeto de partidarismo britânico, representando a consideração hostil de Anthony Wood, em 1691, a biografia “não-conformista”, em 1698, de John Willard Toland (1912-2004) e outros. Seus tratados políticos foram consultados na elaboração da Constituição dos Estados Unidos. Desnecessário dizer que Oliver Cromwell (1599-1658), foi militar e líder político e Lorde Protetor, título nobiliárquico que tem sido utilizado pela lei da Grã-Bretanha, para os chefes de Estado, como um título particular em respeito de eles conduzirem “a Igreja Anglicana e serem responsáveis da proteção”.

                                  

Este foi dado a Oliver Cromwell como chefe dos protestantes que se opunham aos católicos britânicos, na guerra civil e durante a sua governação d “O Protectorado”, e algumas vezes foi utilizado para nomear postos de regência temporária, atuando na ausência do monarca. O monarca britânico detém os poderes do chamado Lorde-protetor, sendo o Lorde-protetor da Inglaterra com a Graça de Deus. Nascido no centro da nobreza rural, os quarenta anos da sua vida são pouco conhecidos. Após passar por uma conversão religiosa durante a década de 1630, Cromwell tornou-se um “puritano independente”, assumindo uma posição, no geral, tolerante, face aos protestantes do seu tempo. Um homem intensamente religioso, autodenominado de “Moisés puritano”, ele acreditava profundamente que Deus era o seu guia nas suas vitórias. Cromwell foi eleito membro do parlamento pelo círculo eleitoral de Huntingdon em 1628, e por Cambridge, no Pequeno Parlamento (1640) e Longo Parlamento entre 1640 e 1649. Participou na Guerra civil inglesa, ao lado dos Parlamentaristas. A Revolução Puritana foi uma guerra civil que teve início na Inglaterra em 1642, quando o exército do rei Carlos I entrou em confronto com o exército do Parlamento inglês, e terminou em 1649 com a derrota do monarca e o fim do absolutismo em território inglês. Chamado de “Old Ironsides”, foi já promovido de uma tropa de cavalaria para um dos comandantes principais do New Model Army, onde desempenhou um papel de destaque na derrota das forças realistas.

Neste aspecto USS Constitution, também reconhecido como Old Ironsides, é uma fragata pesada de três mastros com casco de madeira da Marinha dos Estados Unidos da América. Em primeiro lugar, ele é o navio de guerra comissionado mais antigo do mundo ainda em funcionamento. Ela foi lançada em 1797, uma das seis fragatas originais autorizadas para construção pela Lei Naval de 1794 e a terceira construída. O nome “Constituição” estava entre os dez nomes apresentados ao presidente George Washington pelo secretário da Guerra, Timothy Pickering, em março de 1795, para as fragatas que seriam construídas. Joshua Humphreys projetou as fragatas para serem os navios capitais da jovem Marinha e, portanto, o Constitution e seus navios irmãos eram maiores, mais fortemente armados e construídos do que as fragatas padrão. Ela foi construída no estaleiro Edmund Hartt no North End de Boston, cidade de Massachusetts, em solo norte-americano. Suas primeiras funções foram fornecer proteção à navegação mercante americana durante a chamada Quase Guerra com a França e derrotar os piratas da Barbária na Primeira Guerra da Barbária. Constitution é mais reconhecida por suas ações durante a Guerra de 1812 contra o Reino Unido, quando capturou vários navios mercantes e derrotou cinco navios de guerra britânicos: HMS Guerriere, Java, Pictou, Cyane e Levant. A batalha com Guerriere rendeu-lhe afetivamente o apelido de “Velho Ironsides” e a adoração pública que a salvou do fim trágico de desmantelamento e morte da memória socialmente determinada. Ela continuou a servir como Nau Capitânia nas esquadras do Mediterrâneo e da África e circulou pelo mundo na década de 1840.

Durante a Guerra Civil Americana, serviu como navio de treinamento da Academia Naval dos Estados Unidos. Ela levou obras de arte e exposições industriais americanas para a Exposição de Paris de 1878. O Constitution foi “aposentado” do serviço ativo em 1881 e serviu como navio receptor até ser designado Navio-museu em 1907. Em 1934, ele completou uma viagem de três anos por 90 portos pelo país. Ela navegou por conta própria para comemorar seu 200º aniversário em 1997 e novamente em agosto de 2012 para comemorar o 200º aniversário de sua vitória sobre Guerriere. A missão declarada da Constituição é promover a compreensão do papel social e político da Marinha na Guerra e na paz “por meio de divulgação educacional, demonstração histórica e participação ativa em eventos públicos como parte do Comando de História e Patrimônio Naval”. Por ser um navio da Marinha totalmente comissionado, sua tripulação de 75 oficiais e marinheiros participa de cerimônias, programas educacionais e eventos especiais, mantendo-o aberto a visitantes durante todo o ano e oferecendo passeios gratuitos. Os oficiais e tripulantes são todos funcionários da Marinha em serviço ativo e a missão é considerada serviço especial. Ela em geral fica atracada no Píer 1 do Charlestown Navy Yard, em uma extremidade da Freedom Trail de Boston.

Foi um dos signatários da sentença de morte do rei Carlos I em 1649, e, como membro do Rump Parliament (1649–53), dominou a Comunidade da Inglaterra. Foi escolhido para assumir o comando da campanha inglesa na Irlanda durante 1649–50. As suas forças derrotaram a coligação entre os Confederados e os Realistas, e ocuparam o país - terminando, assim, com as Guerras confederadas irlandesas. Durante este período, foram redigidas uma série de Leis Penais contra os católicos romanos (uma minoria significativa na Inglaterra e na Escócia, mas uma grande maioria na Irlanda), e grande parte das suas terras foram confiscadas. Cromwell também liderou uma campanha contra o exército escocês entre 1650 e 1651, liderando os “Roundheads” contra os “Cavaliers”, saindo vitorioso principalmente pelo fato do seu exército ter um modelo chamado New Model Army que tinha uma hierarquia baseada na meritocracia, ou seja, as altas patentes só eram alcançadas por merecimento. A 20 de abril de 1653, dissolveu o Rump Parliament pela força, instituindo uma assembleia, embora de curta duração, conhecida como Parlamento Barebone, antes de ser convidado pelos seus pares para liderar como “Lorde Protetor” da Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, a partir de 16 de dezembro de 1653. Como governante, esteve à frente de uma política exterior autoritária muito agressiva e eficaz. Depois da morte infecciosa por malária em 1658, foi sepultado na Abadia de Westminster, mas, após a tomada do poder pelos monarquistas, em 1660, o seu corpo “foi retirado da sepultura, pendurado por correntes e decapitado”.

Um carro de transporte por aplicativo foi “engolido” por uma cratera após o asfalto ceder na Avenida Recife, no bairro de Areias, na Zona Oeste da capital pernambucana. Segundo testemunhas, não havia buracos na via, e sim um vazamento de água há dias. Não houve feridos. O acidente aconteceu por volta das 9h15 na segunda-feira (03/09/2023), e somente depois das 12 horas o veículo foi retirado do buraco. Imagens enviadas para o WhatsApp da TV Globo mostram um dos passageiros sendo retirado por pessoas que passavam pelo local enquanto o veículo estava caído dentro do buraco. O motorista de aplicativo Alberto de Oliveira Silva contou que o piso cedeu assim que estacionou o veículo. – “Eu só parei o carro e o piso cedeu. Vou ter prejuízo. Quero ver quais medidas a prefeitura vai tomar para mim. Dependo do carro para trabalhar todo dia”. unto com ele, estava a dentista Petrúcia Prado, que relatou que o momento em que o carro caiu na cratera foi desesperador. Uma equipe da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) foi ao local para “averiguar o problema e sinalizar a área”; do ponto de vista do poder público a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano foi a avenida para orientar sobre um desvio: “quem vem no sentido Aeroporto segue pelas ruas Capitão Estevão Fernandes e General Francisco Figueira”.

 Recife é um município brasileiro, capital do estado de Pernambuco, localizado na Região Nordeste do país. Com área territorial de aproximadamente 218 km², é formado por uma planície aluvial, tendo as ilhas, penínsulas e manguezais como suas principais características geográficas. Cidade nordestina com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M), o Recife é a quarta capital brasileira na hierarquia da gestão federal, após Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, e possui o quinto aglomerado urbano mais populoso, com 3,7 milhões de habitantes em 2022, superado apenas pelas concentrações urbanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. A capital pernambucana tem, num raio de 300 km, três capitais estaduais sob sua influência direta: João Pessoa (122 km), Maceió (257 km) e Natal (286 km). Recife é a metrópole mais rica do Norte-Nordeste e sétima do Brasil, articulando, em sua região geográfica intermediária, 71 cidades, que somam um PIB de 135 bilhões de reais. O município isoladamente detém o décimo terceiro maior PIB do país e o maior PIB per capita entre as capitais nordestinas. A cidade é a nona mais populosa do país, e sua região metropolitana é a sétima do Brasil em população, além de ser a terceira área metropolitana mais densamente habitada do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. A capital pernambucana desempenha um forte papel centralizador em seu estado e região: abriga sedes de órgãos e instituições como a Sudene, a Eletrobras Chesf, o Comando Militar do Nordeste, o Cindacta III, o TRF da 5ª Região, dentre muitas outras, e o maior número de consulados estrangeiros fora do eixo Rio-São Paulo, sediando Consulados-Gerais de países como Estados Unidos, China, Alemanha, França e Reino Unido. O município foi eleito por pesquisa da MasterCard Worldwide de 2013 como uma das 65 cidades com economia mais desenvolvida dos mercados emergentes no mundo: apenas cinco cidades brasileiras entraram na lista, tendo o Recife recebido a quarta posição, após São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e à frente de Curitiba.

Mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras, Recife surgiu como Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios no ano de 1537, na principal área portuária da Capitania de Pernambuco, a mais rica capitania do Brasil Colônia, conhecida em todo o mundo comercial da época graças à cultura da cana-de-açúcar e ao pau-brasil (ou pau-de-pernambuco). No século XVII, a cidade foi por vinte e quatro anos a sede da colônia de Nova Holanda, que teve como um dos administradores o conde Maurício de Nassau. Após a expulsão dos neerlandeses, feita na Insurreição Pernambucana, o Recife emerge como a cidade mais importante de Pernambuco, tendo uma grande vocação comercial influenciada principalmente pelos comerciantes portugueses, os chamados “mascates”. A atual área metropolitana do Recife foi palco de muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho ocorreu o descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro Governador das Partes do Brasil, Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa. Dentre as suas muitas alcunhas atribuídas, “Veneza Brasileira” é a mais reconhecida. O romancista argelino Albert Camus esteve no Recife em 1949 e comparou a capital pernambucana a outra cidade italiana ao descrevê-la, em seu livro Diário de Viagem, como a “Florença dos Trópicos”. O Centro Histórico do Recife, com demolições e descaracterizações, é um conjunto com “os sítios históricos de Olinda, Igarassu e dos Guararapes um dos mais valiosos patrimônios barrocos do Brasil”.

Os levantamentos de solos dos Estados do Nordeste apresentam escalas variando de 1:400.000 a 1:1.000.000. Portanto, alerta-se aos usuários que, devido ao nível generalizado dos mapeamentos, é de se esperar obter dos mesmos apenas uma visão global generalizante dos diversos solos existentes no Estado, elemento básico essencial para planejamentos regionais, escolha de áreas prioritárias que justifiquem levantamentos de solos mais detalhados e seleção de áreas para experimentação agrícola. Não se prestam, deste modo, para solucionar problemas de glebas específicas (pequenas propriedades). No estado do Ceará o estudo da Geografia Física destaca-se através de amplo predomínio espacial das superfícies aplainadas da depressão sertaneja, posicionada em cotas modestas, resultante de uma prolongada atuação dos processos erosivos e denudacionais que promoveu o arrasamento do relevo sustentado pelo embasamento ígneo-metamórfico pré-cambriano.  A despeito da existência de registros neotectônicos no estado do Ceará, sua influência parece ser pequena na configuração do atual cenário geomorfológico. O predomínio de vastas superfícies aplainadas denota um longo período de notável estabilidade tectônica, sem grandes variações de nível de base. Estas condições devem ter prevalecido ao longo do Cenozoico, como devem ter vigorado paleoclimas quentes e semiáridos, com poucas variações em relação ao clima. 

Todavia, estas superfícies aplainadas encontram-se pontilhadas de montes rochosos isolados (inselbergs) que se configuram em mediações de relevos residuais elaborados em rochas mais resistentes ao intemperismo e erosão, e que, portanto, resistiram aos processos de aplainamento generalizado, gerando solos rasos e pouco profundos e pedregosos, porém de boa fertilidade natural devido à grande influência presente do material originário, que caracterizam grande parte do cenário geomorfológico do Estado.  Os eventos geológicos, que configuram-se na evolução geomorfológica do estado do Ceará, está fortemente associada ao processo de abertura do Atlântico Equatorial durante o Cretáceo sendo datado do período Aptiano, entre 125 e 110 milhões de anos, num sistema de falhamentos transcorrentes e instalação de bacias sedimentares em pequenos ou grandes rifts abortados (pull-apart basins), tais como as bacias do Araripe, Potiguar, Iguatu e Icó, implantados sobre o Escudo Pré-Cambriano das Faixas de Dobramento Nordestinas. Este embasamento ígneo-metamórfico destas Faixas de Dobramento Nordestinas corresponde a um conjunto de orógenos amalgamados que exibe, ao longo do percurso da Depressão Sertaneja, núcleos metamórficos mais antigos do embasamento, de idade arqueano-paleoproterozoica; e largas faixas remobilizadas que sofreram a orogênese Brasiliana, de idade neoproterozoica. Nestes orógenos brasilianos, verifica-se um conjunto de rochas metamórficas intrudidas por vastos plútons e batólitos graníticos de antigos arcos magmáticos do período neoproterozoico.

Este complexo e diversificado conjunto de litologias do escudo Pré-Cambriano foi denominado de “Província Borborema” e reflete-se na paisagem atual, através do grande número de relevos residuais isolados (maciços montanhosos e inselbergs) originados a partir da resistência diferencial ao intemperismo e à erosão, apresentada por esse vasto conjunto de litologias, além de um complexo arranjo tectono-estrutural, no qual se salientam extensas zonas de cisalhamento que cortam o estado do Ceará. Estudos sobre evolução geomorfológica do Nordeste brasileiro, como os desenvolvidos, propõem, em linhas gerais, um prolongado evento epirogenético que se estende pelo Cretáceo e Cenozoico, destacando-se, neste contexto, o Planalto da Borborema, com consequente geração de dois a quatro níveis de aplainamento escalonados, tendo sido avaliados com base em datações relativas.  Os estudos especializados neste âmbito sugerem a geração de, pelo menos, duas superfícies de aplainamento para o estado do Ceará, isto é, uma superfície de idade paleógena, que corresponderia aos topos das chapadas da Ibiapaba e Araripe, em cotas variáveis entre 750 metros e 900 metros, o que corresponde à superfície sul-americana; e outra superfície de idade neógena, uma superfície interplanáltica que corresponderia ao piso da Depressão Sertaneja, embutidas em cotas inferiores a 500 metros, o que corresponderia à superfície Velhas. A despeito dos sólidos argumentos científicos apresentados pelos especialistas e considerando a tese de que a Depressão Sertaneja (ou parte dela) tenha sido originada no Cretáceo Médio ou Superior, não se pode desconsiderar que, durante todo o período Cenozoico, os processos geológicos de erosão e aplainamento tenham sido constantes e promoveram ou acentuaram uma notável planura da chamada Depressão Sertaneja, sendo apenas interrompida por esparsos inselbergs e portanto, dentre os maciços residuais.

A paisagem física atual denuncia uma incipiente dissecação quaternária das superfícies aplainadas, marcadas pela ligeira incisão fluvial e pela topografia muito suavemente ondulada das vastas áreas pediplanadas, comparativamente bem como o pequeno desenvolvimento pedogenético dos solos, sendo dominantemente rasos a pouco profundos, comprovada pela elevada relação silte/argila e sílica (SiO2) /alumina (Al2O3). Entretanto, o entendimento do funcionamento e dinâmica deste conjunto de “paisagens sertanejas” envolve, forçosamente, a compreensão de sua dinâmica climática e sua importância para caracterizar um conjunto de terrenos, o qual se convencionou denominar de Sertão. O estado do Ceará incluindo sua zona costeira está inserido no denominado “polígono das secas” com regime climático quente e semiárido, com temperaturas sempre elevadas, típico de uma zona subequatorial, onde a maior parte de seu território registra uma precipitação média anual inferior a 700 mm/ano, sendo que essas chuvas estão concentradas em dois ou mais meses do ano. O trimestre chuvoso restringe-se aos meses de fevereiro a abril. Nas áreas mais úmidas do estado (faixa costeira e os “brejos de altitude”) o período úmido se estende de janeiro a julho. Nas áreas mais áridas, dominadas por “caatingas hiperxerófilas”, prevalece o clima tipo BSh de Köeppen, com predomínio de precipitações pluviométricas médias anuais entre 400 e 450 mm/ano. As taxas de evaporação são altas, a insolação é forte e a umidade relativa é baixa. Neste sentido, deve-se levar em consideração que o regime hídrico de semiaridez do Sertão Nordestino está diretamente associado ao fato de que todos os sistemas produtores de chuvas que atingem a região atuam por poucos meses promovendo, portanto, estiagens muito prolongadas que podem variar de sete a dez meses, condição hídrica característica do Bioma da Caatinga.

Destacam-se, no estado do Ceará, dois sistemas produtores de chuvas que atingem, marginalmente, o chamado território semiárido: 1) A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que promove intensa pluviosidade no Amapá e no Norte do Pará e Maranhão, e atinge o sertão do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte apenas durante o máximo de sua oscilação no hemisfério Sul entre os meses de fevereiro a abril. Os outros meses do ano tendem a ser secos. 2) A Massa Equatorial Atlântica (mEa), portadora dos ventos alíseos úmidos (ventos do quadrante leste), promove intensa precipitação no litoral oriental do Nordeste durante o inverno, porém, poucas chuvas nas áreas a sotavento do Planalto da Borborema. Portanto, o semiárido do Rio Grande do Norte e Ceará tende também a apresentar longas estiagens com curtos períodos chuvosos durante o inverno. A situação sinótica exposta (cf. Brandão, 2014) explica o regime climático de semiaridez que graça sobre a região, porém a característica climática mais penosa para a população sertaneja é a sua irregularidade pluviométrica. Neste caso, existe uma diferença fundamental entre estiagem e o histórico fenômeno da seca. A prolongada estiagem de 7 a 10 meses é um fato climático já esperado pelo sertanejo. Todavia, nos anos em que a ZCIT atua de forma atenuada no hemisfério Sul, não ocorrem chuvas no Ceará durante seu período úmido (fevereiro-abril). Isto implica em mais de ano sem chuvas ou chuvas inexpressivas. Assim, se caracteriza o fenômeno da “seca” que tanto aplica-se a população sertaneja. Os anos atípicos de 2009 e 2010 ilustram, de forma exemplar, esta situação: em 2009, quando o Nordeste Setentrional estava submetido à influência do fenômeno El Niño, a ZCIT oscilou de forma acentuada no hemisfério Sul e promoveu chuvas torrenciais, muito “acima” da normalidade estatisticamente falando de chuvas mensais nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, entre os meses de fevereiro e junho.

Tal evento climático acarretou inundações, perdas de colheita, danos em obras de infraestrutura como construções, pontes, açudes, estradas etc. Em contraposição, no ano de 2010, quando o Nordeste Setentrional estava submetido à influência do fenômeno El Niño, a ZCIT oscilou de forma muito atenuada no hemisfério Sul e verificou-se o fenômeno da “seca” com precipitações muito abaixo das normais de chuvas mensais no período úmido nos mesmos estados referidos. Tal evento acarretou do modo semelhante perdas de colheita com severa quebra da safra agrícola e morte de animais. Do ponto de vista geomorfológico, as chuvas concentradas e torrenciais, como as registradas no período úmido de 2009 que ocorrem em curtos períodos de tempo geram, inclusive, fluxos de enxurradas com alto potencial erosivo foi caracterizado por intensos fluxos laminares de escoamento superficial. Após o período da seca, ainda com a caatinga desfolhada, essas chuvas intensas praticamente não encontram nenhuma barreira ao chegar ao solo. As folhas ou restos vegetais estão destruídos pela insolação e altas temperaturas. Isso se intensifica à medida que os terrenos são degradados historicamente pelo desmatamento climático da caatinga, gerando um cenário de solos intensamente castigados pari passu por erosão laminar e linear acelerada, onde os materiais finos são transportados pela erosão aflorando e mais intensos os aspectos de pedregosidade e rochosidade, numa pré-condição à implantação de processos de desertificação.

Pedologia representa o estudo dos solos no seu ambiente natural. Geografia física ou fisiografia é o estudo das características naturais existentes na superfície terrestre, ou seja, o estudo das condições da natureza ou paisagem natural da Terra. A superfície da Terra é irregular e varia de um lugar para outro em função da inter-relação dinâmica entre os fatores entre si e geográfica em conjunto com outros fatores. A manifestação local deste produto dinâmica é conhecida como paisagem, que é em Geografia um fenômeno de interesse particular, mesmo considera por muitos a ser o objeto de estudo da geografia: Otto Schlüter, Siegfried Passarge, Leo Waibel, Jean Brunes, Carl Sauer, entre outros. Uma das teorias clássicas para explicação da evolução da paisagem como produto da dinâmica da superfície terrestre, é denominada teoria do ciclo geográfico. Este ciclo começa com o soerguimento do relevo, de proporções continentais, através de processos geológicos tais como epirogênese, também de “movimento epirogenético” ou epirogenia, sendo que a epirogênese é um tipo de “movimento tectônico” que consiste no deslocamento vertical da crosta terrestre e acontece em ambos os sentidos: para cima ou para baixo, vulcanismo, representa um fenômeno geológico natural determinado pelas atividades vulcânicas.  

A palavra vulcão deriva do nome do “deus do fogo” na mitologia romana Vulcano. A ciência que estuda os vulcões é chamada de vulcanologia, e o profissional que atua na área vulcanólogo, que deve ter conhecimento em geofísica, a outros ramos da geologia tais como a petrologia e a geoquímica. Vulcão é uma estrutura geológica criada quando o magma, gases e partículas quentes como cinza vulcânica “escapam” para a superfície. Eles ejetam altas quantidades de poeira, gases e aerossóis na atmosfera, interferindo no clima. São frequentemente considerados causadores de poluição natural. Tipicamente, os vulcões apresentam formato cónico e montanhoso. A erupção de um vulcão pode resultar num grave e extraordinário “desastre natural”, por vezes de consequências planetárias. Tal como outros eventos naturais, as erupções embora monitoradas por sistema tecnológico e conhecimento humano, são quase que imprevisíveis e causam danos indiscriminados. Entre outros, tendem a desvalorizar os imóveis em suas vizinhanças, prejudicam o turismo, interrompem o tráfego aéreo e consomem a renda pública e privada em reconstruções. Na Terra, os vulcões tendem formar-se junto das margens das placas tectónicas. Existem exceções quando os vulcões ocorrem em zonas chamadas de hot spots, locais onde o “manto superior” atinge altas temperaturas. Os solos nos arredores de vulcões formados de “lava arrefecida”, tendem a ser bastante férteis para a agricultura.

O processo de vulcanismo (cf. Riggio, 2013) ocorre por meio da alta pressão e temperatura presente no interior da Terra, onde há expulsão do magma (lava), cinzas, gases, poeira, vapor d'água e de outros materiais (piroclastos) para a superfície, orogênese, também chamada de movimento orogenético e orogenia, a orogênese é um tipo de movimento tectônico que acontece nas zonas de convergência entre diferentes placas tectônicas, que consistem nas regiões de maior instabilidade da crosta terrestre etc. A partir disso, os rios e o escoamento superficial começam a criar vales com a forma de V entre as montanhas, a fase chamada “juventude”. Durante esta primeira etapa, o terreno é mais íngreme e mais irregular. Ao longo do tempo histórico, as correntes podem “esculpir” vales mais amplos, considerados “maturidade”. Por fim, tudo se tornaria uma planície (senilidade) nivelada à menor altitude possível e per se chamada de “nível do base”. Esta planície final foi chamada peneplanície por William Morris Davis, que significa “quase plana”. O reconhecimento da tectónica de placas na década de 1950, e da neotectônica em áreas com formação de plataformas, subsidiou novas interpretações da evolução das “paisagens”, como uma fração do espaço, como o princípio do equilíbrio dinâmico das formas de relevo. Neste princípio, a superfície pode ser modelada sem que haja “arrasamento do relevo” e “formação de peneplanícies”.    

Isto se daria em função da compensação isostática, sendo as formas de relevo resultantes da interação entre os tipos de rocha e os climas atuantes. Esses processos permitem o trânsito alívio por diferentes fases. Os fatores de estos (movimentos, ruídos) processos podem ser classificados em quatro grupos: fatores geográficos: a paisagem é afetada tanto pela fatores bióticos e abióticos, que são considerados geográficos só fatores abióticos de origem exógena, tais como relevo, solo, clima e corpos d'água. O clima, com elementos como pressão, temperatura, ventos. Água de superfície com a ação do escoamento, o rio e a ação do mar. O gelo glacial com modelagem, entre outros. Esses são fatores que ajudam a modelo favorecendo processos de erosão. Fatores bióticos: o efeito de fatores bióticos no alívio geral, se opõem ao processo de modelagem, especialmente considerando a vegetação, no entanto, existem poucos animais que não trabalham com o processo erosivo, como cabras. Fatores geológicos: como placas tectônicas, o diastrofismo, a orogenia e vulcanismo são processos construtivos e de origem endógena que se opõem e interromper a modelagem do ciclo geográfico. Fatores humanos: As atividades humanas sobre o relevo são muito variáveis, dependendo da atividade desenvolvida neste contexto e como muitas vezes acontece com os homens é muito difícil generalizar e podem influenciar a favor ou contra a erosão. Embora os vários fatores que influenciam a superfície da Terra estão incluídos na dinâmica do chamado “ciclo geográfico”, fatores geográficos só contribuem para o “ciclo de desenvolvimento” e seu objetivo final, o peneplano. Enquanto o resto dos fatores biológicos, geológicos e sociais puder interromper ou perturbar o ciclo de desenvolvimento normal.

Embora as mudanças climáticas façam parte da história do planeta desde os primórdios, seus efeitos foram acelerados nos últimos anos pela atividade humana. É o que alerta José Antonio Marengo, climatologista peruano, coordenador geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, órgão brasileiro que estuda o tema. O especialista explica que algumas das consequências dessas mudanças já podem ser percebidas; apesar disso, no entanto, ainda é possível implementar medidas que ajudem a reduzir o impacto que as alterações climáticas geram. Mas o que é exatamente a mudança climática? E quais são as causas e consequências desse fenômeno? De acordo com a Organização das Nações Unidas, a mudança climática refere-se a mudanças de longo prazo nas temperaturas e padrões climáticos.  Portanto, diz respeito a todas as alterações que o clima sofreu em diferentes escalas de tempo, diz o climatologista peruano, confirma o climatologista peruano. A ONU explica que estas alterações podem ser naturais (tais como as variações no ciclo solar, por exemplo, mas que “desde o século 19, as atividades humanas têm sido o principal motor da mudança climática”. O que causa a mudança climática? O especialista do Cemaden considera que existem causas naturais e humanas para a mudança climática. Entre as primeiras, ele menciona a distância entre o Sol e a Terra, que é um processo astronômico natural, e as erupções vulcânicas, que liberam aerossóis capazes de bloquear a energia solar. Entre os fatores antropogênicos envolvidos na mudança climática, Marengo lista a queima de combustíveis fósseis por veículos ou indústria; o metano liberado por aterros sanitários, pela agricultura e pela pecuária; e a queima de vegetação ou biomassa como os principais. A Organização das Nações Unidas, por sua vez, deixa claro que a geração de energia a partir de combustíveis fósseis é um motivo de grande preocupação. – “A maior parte da eletricidade ainda é gerada pela queima de carvão ou gás, que produz dióxido de carbono e óxido nitroso, potentes gases de efeito estufa que cobrem o planeta e retêm o calor do Sol”, informa ciosa a entidade. A organização também adverte sobre as emissões da indústria e das fábricas, principalmente da queima de combustíveis fósseis para gerar energia para produzir cimento, componentes eletrônicos ou roupas, por exemplo, todas ações que colaboram com a mudança climática.

Os climas do planeta são determinados de acordo com a localização geográfica do lugar e a intensidade de luz solar que o mesmo recebe em certos períodos do ano. A Terra possui forma geoide, por isso a luz solar que incide na superfície do planeta não atinge com a mesma intensidade todos os pontos do mesmo. A quantidade de luz que atinge a superfície em áreas próximas à Linha do Equador é diferente das recebidas em regiões adjacentes ao Círculo Polar Ártico. Astronomicamente denominam-se “círculos polares” as linhas definidas pelos pontos de interseção entre a superfície da esfera planetária, em questão a terrestre, e uma reta imaginária (abstrata) que passe pelo centro do planeta de forma a posicionar-se sempre perpendicular ao plano eclíptico, provida no mínimo uma rotação completa do planeta, isto é, um dia sideral. Em minutos o dia na Terra dura 1440 minutos, em segundos dura 86 400. O dia sideral (rotação) utiliza as estrelas como referência para a determinação do tempo. Devido ao movimento de translação da Terra ao redor do Sol, a duração do dia sideral não coincide com a do dia solar. Entre uma noite e outra o planeta Terra percorre a orbita em torno do Sol. O dia sideral é consequência do movimento de translação. Se, em um ano corresponde, um dia solar se deve ao movimento de rotação, contido em um dia sideral, 0.274% dele se deverá ao movimento de translação. 

Considerando-se um dia solar de 24 horas, ou 1440 minutos, 3,94 minutos seriam consequência do movimento de translação e 23 horas, 56 minutos e 4 segundos consequência do movimento de rotação. A rotação (dia sideral) tem duração menor que a duração de um dia solar. Uma estrela observada numa linha perpendicular ao eixo de rotação da Terra às 00:00 de uma noite será observada, na mesma linha perpendicular às 23:56:04 na noite seguinte, após uma nova rotação. Durante esta rotação a Terra terá deslocado um pouco na sua órbita ao redor do Sol, esta é a diferença entre o que se explica sobre o dia solar e o dia sideral. O dia sideral médio, considerando as variações elípticas da órbita da Terra, é de 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. O dia sideral médio pondera diferenças que ocorrem durante o afélio da Terra, é o ponto da órbita em que um planeta, ou um corpo menor do sistema solar está mais afastado do Sol, onde o dia sideral é maior, a velocidade angular de translação da Terra é menor, e vice-versa, quando um corpo se encontra no periélio, ele tem a maior velocidade de translação de toda a sua órbita.  Quando o corpo em questão estiver orbitando outro objeto celeste que não o Sol, utiliza-se o periastro para identificar esse ponto. Quando a Terra está mais próxima do Sol, e a velocidade angular de translação é maior. Moléculas de água congelada foram descobertas à sombra de uma cratera na Lua. Isto é importante como veremos adiante.

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), norte-americana, anunciou o Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha que detectou moléculas de água congelada na Cratera Clavius, uma enorme e antiga cratera existente nas terras altas perto do polo Sul lunar, numa região acidentada e montanhosa, crivada de antigas crateras de impacto, situada no hemisfério Sul da Lua, segundo o astrônomo Cássio Barbosa, do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, uma instituição de ensino superior católica jesuíta. Foi uma das fundadoras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1946. Sally Ride (1951-2012) uma das 8 mil mulheres que se inscreveram para concorrerem num programa da NASA para ser a primeira astronauta do programa espacial norte-americano em 1978. Por simetria tais linhas justapõem-se a dois dos paralelos geográficos do planeta. Ao paralelo assim selecionado no hemisfério Norte dá-se o nome de Círculo Polar Ártico, e ao paralelo assim selecionado no hemisfério Sul dá-se o nome de Círculo Polar Antártico. Nas regiões entre os dois círculos verifica-se sempre um nascer e um ocaso da estrela central (o Sol no caso da Terra) a cada dia. Sobre cada um dos círculos polares, em uma data do ano não se verifica o nascer, e em outra não se verifica o poente da estrela, havendo, um dia sem iluminação e outro sem umbra ao ano. Para regiões entre cada um dos círculos polares e seu respectivo polo, quer dizer, quanto mais junta ao polo, maior o número de dias consecutivos sob aparente iluminação contínua (sem ocaso) e ocorrência de maior o número de dias sob umbra contínua (sem o amanhecer), verificando-se o extremo para tais períodos justamente nos polos.

Historicamente, as estrelas são importantes para as civilizações em todo o mundo, como parte de práticas religiosas, auxílio da navegação e orientação astronômica. Muitos astrônomos antigos pensavam que elas estavam permanentemente fixadas a uma esfera celestial e eram imutáveis. Por convenção, os astrônomos agruparam estrelas em constelações e as usaram para acompanhar os movimentos dos planetas e a posição inferida do Sol. O movimento solar em relação ao fundo de estrelas e ao horizonte foi usado para criar calendários que podiam ser usados para regular as práticas agrícolas. O calendário gregoriano, atualmente usado em quase todo o mundo, é um calendário solar e baseado no ângulo do eixo de rotação da Terra em relação a sua estrela, o Sol. Estrela é um astro (objeto astronômico) de plasma que possui luz própria, esférico e grande, mantido íntegro pela gravidade e pressão de radiação, que ao fim de sua vida pode conter uma proporção de matéria degenerada. Sua formação foi possivelmente iniciada em torno de 180 milhões a 250 milhões de anos após o Big Bang. O Sol é a estrela mais próxima da Terra e sua maior fonte de energia. Outras são visíveis da Terra durante a noite, quando não são ofuscadas pela luz solar ou bloqueadas por fenômenos atmosféricos. As estrelas mais importantes da esfera celeste foram agrupadas em constelações e asterismos, com as mais brilhantes ganhando nomes próprios monográficos. Extensos catálogos estelares foram compostos pelos astrônomos, o que permite designações padronizadas.

A Lua é o único corpo celeste para além da Terra no qual os seres humanos já pisaram. O Programa Luna, da União Soviética comunista (URSS), foi o primeiro a atingir a Lua com sondas não tripuladas em 1959. O Programa Apollo, do governo imperialista dos Estados Unidos da América, permitiu a realização das únicas missões tripuladas até hoje ao satélite, desde a primeira viagem tripulada em 1968 pela Apollo 8, até seis alunagens tripuladas entre 1969 e 1972, a primeira das quais a Apollo 11. Estas missões recolheram mais de 380 kg de rochas lunares que têm sido usadas no estudo sobre a origem, história geológica e estrutura interna da Lua. Após a missão Apollo 17, em 1972, a Lua foi visitada por naves espaciais não tripuladas, pela última sonda do programa soviético Lunokhod. Mas desde 2004, Japão, China, Índia, Estados Unidos da América e a Agence Apatiale Européenne enviaram sondas espaciais ao satélite. Estas naves espaciais têm contribuído para confirmar a descoberta de água gelada em crateras lunares escuras nos polos e vinculada ao regolito lunar. Missões tripuladas para a Lua foram planejadas, através de esforços de governos e financiamento privado. A Lua permanece, conforme acordado no Tratado do Espaço Exterior, livre para todas as nações democráticas que queiram explorar o satélite para fins pacíficos.

Equador é a linha abstrata ao redor do meio de um planeta ou outro corpo celeste. Está a meio caminho entre o Polo Norte e o Polo Sul, a 0 graus de latitude. Um equador divide o planeta em hemisfério norte e hemisfério sul. A Terra é esférica mais larga no seu equador, com uma circunferência de 40. 075 quilômetros. Seu diâmetro equatorial, de cerca de 12. 756 quilômetros, também é mais largo ali, criando o fenômeno chamado de “protuberância equatorial”. O empuxo gravitacional da Terra é ligeiramente mais fraco no equador devido a sua protuberância equatorial. Por sua atração gravitacional ser levemente mais fraca, o equador é ideal para lançamentos de foguetes espaciais, pois os mesmos consomem menos energia ao serem lançados em baixa gravidade. Duas vezes ao ano, nos equinócios da primavera e outono, o sol passa diretamente sobre o equador. Mesmo no resto do ano, as regiões equatoriais geralmente experimentam um clima quente e úmido com pouca variação sazonal. A estação úmida ou chuvosa geralmente dura mais tempo seguindo a variação da climatologia, a maior parte do ano. A longa e quente estação chuvosa cria florestas tropicais. Seu clima úmido faz com que as regiões equatoriais não sejam as mais quentes do mundo, e algumas regiões, como o monte Quilimanjaro na Tanzânia e os Andes na América do Sul, que não são quentes e úmidas. 

Pelo menos durante parte de sua vida, uma estrela brilha devido à fusão nuclear do hidrogênio em seu núcleo, liberando energia que atravessa seu interior e irradia para o espaço sideral. Quase todos os elementos da natureza mais pesados que o hélio foi criado por estrelas, seja pelo nucleossíntese estelar durante as suas vidas ou pelo nucleossíntese de supernova, quando explodem. Os astrônomos podem determinar a massa, idade, composição química e muitas outras propriedades de uma estrela observando o seu espectro, luminosidade e movimento no espaço. Sua massa total é o principal determinante de sua evolução e possível destino. Outras características são delimitadas pela história da sua evolução, inclusive o diâmetro, rotação, movimento e temperatura. O Diagrama de Hertzsprung-Russell de distribuição mostra a relação entre a magnitude absoluta ou luminosidade versus o tipo espectral ou classificação estelar e sua temperatura efetiva, permite determinar sua idade e seu estado evolucionário.

Uma estrela se forma através do colapso de uma nuvem de material, composta principalmente de hidrogênio e traços de elementos dispersos no espaço sideral mais pesados. Uma vez que o núcleo estelar seja suficientemente denso, parte do hidrogênio é gradativamente convertido em hélio pelo processo analisado por Albert Einstein (1879-1955) de fusão nuclear. O restante do interior da estrela transporta a energia a partir do núcleo por uma combinação de processos radiantes e convectivos. A pressão interna impede que ela colapse devido a sua própria gravidade. Quando o combustível do núcleo (hidrogênio) se exaure, as estrelas que possuem pelo menos 40% da massa do Sol se expandem para se tornarem gigantes vermelhas, em alguns casos fundindo elementos mais pesados no núcleo ou em camadas em torno do núcleo. A estrela então evolui para uma forma degenerada, reciclando parte do material para o ambiente interestelar, onde será formada uma nova geração de estrelas com uma maior proporção de elementos pesados. Sistemas binários e multiestelares consistem de duas ou mais estrelas que estão gravitacionalmente ligadas, movendo-se umas em torno das outras em órbitas estáveis. Quando duas delas estão em órbitas relativamente próximas, sua interação gravitacional pode causar um impacto significativo na sua evolução. As estrelas podem ser parte de uma estrutura gravitacional muito maior, como um aglomerado ou uma galáxia.

Isso acontece porque os raios que atingem os pontos próximos ao Paralelo do Equador incidem de forma perpendicular, isto é, de maneira mais intensa. Na medida em que se afasta do mesmo, os raios atingem a superfície de forma mais inclinada e, automaticamente, com menor intensidade. Em suma, o direcionamento dos raios solares influencia na formação de áreas mais quentes ou mais frias de nosso planeta. É bom lembrar que existem outros fatores determinantes na composição dos climas, como o relevo, vegetação, entre outros. Para facilitar a classificação dos climas e a sua localização no globo terrestre, o homem estabeleceu as zonas térmicas, que são cinco: zonas polares (Norte e Sul), zonas temperadas (Norte e Sul) e zona intertropical. Zonas polares: essas se localizam entre os círculos polares (Norte e Sul) e os polos (Norte e Sul). Tais áreas recebem luz solar de forma muito inclinada, por isso apresenta as menores temperaturas do planeta, quase sempre abaixo de 0°C. Zonas temperadas: áreas climáticas localizadas entre o Círculo Polar Ártico e o Trópico de Câncer, indicam a zona temperada Norte. A zona temperada Sul se localiza entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. A intensidade de luz que atinge essas regiões é superior as das zonas polares e inferior da zona intertropical, que tem como representação a faixa climática a qual se estabelece, em termos abstratos, entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, tendo em vista que essa parte do planeta recebe uma intensa quantidade de luz solar e per se apresenta elevadas temperaturas.

Bibliografia Geral Consultada.

DELVIGNE, Jean, Pédogenèse en Zone Tropicale: La Formation des Minéraux Secondaires en Milieu Ferrallitique. Paris: Editor  Dunod, 1965; TURNER, Victor, La Selva de los Símbolos. Madrid: Siglo Veintiuno Editores, 1980; FREITAS, Geovani Jacó de, O Ser e o Ter: Camponeses, Práticas Tecnológicas e Políticas (Um Estudo em Lagoa Seca-Paraíba). Dissertação de Mestrado em Sociologia Rural. Campina Grande: Universidade Federal da Paraíba, 1993;  SILVA, Luiz Ferreira da, Solos Tropicais. Aspectos Pedológicos, Ecológicos e de Manejo. São Paulo: Editor Terra Brasilis, 1995; OLIVEIRA, João Bertoldo, Pedologia Aplicada. Jaboticabal: Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão, 2001; PRIMAVESI, Ana, Manejo Ecológico do Solo: A Agricultura em Regiões Tropicais. São Paulo: Editora Nobel, 2002; LEPSCH, Igo Fernando, 19 Lições de Pedologia. 1ª edição. São Paulo: Editora Oficina de Textos, 2011; RIGGIO, Giuseppe, La Memoria del Vulcano. Il Novecento Raccontato Dalla Gente dell`Etna. Itália: Editora‎ Maimone, 2013; BRANDÃO, Ricardo de Lima; FREITAS, Luís Carlos Bastos (Org.), Geodiversidade do Estado do Ceará. Fortaleza: Editor Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 2014; ARAÚJO, Isabel Cristina da Silva, Perda de Solo e Aporte de Nutrientes e Metais em Reservatório do Semiárido Brasileiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo. Centro de Ciências Agrarias. Departamento de Ciências do Solo. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2017; SANTOS, Humberto Gonçalves dos [et al.], Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5ª edição, revista e ampliada. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2018; CEZÁRIO, Ana Rosa Viana, Degradação Ambiental e Suscetibilidade à Desertificação no Município de Tejuçuoca Ceará – Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2019; MACHADO, Diego Fernandes Terra; CASTRO, Selma Simões de; LADEIRA, Francisco Sergio Bernardes, “A Geopedologia como Abordagem Metodológica para o Levantamento de Solos: Uma Breve Discussão”. In: Revista Brasileira de Geomorfologia. Volume 23, n° 4, 2022; SILVA, Narali Marques da; TADRA, Rafaela Marques da Silva, Geologia e Pedologia. Curitiba: Editora Intersaberes, 2024; entre outros.