“O estudo da solidariedade pertence pois à Sociologia”. Émile Durkheim
O
registro etnográfico mais antigo do tendão sendo chamado de “tendão de Aquiles” é de 1693,
pelo cirurgião e anatomista holandês Philip Verheyen (1648-1710). Em seu texto
amplamente utilizado, Corporis Humani Anatomia, descreveu a localização
do tendão e afirmou que ele era comumente chamado “o cordão de Aquiles”. De
Humani Corporis é resultado dos trabalhos de Vesalius como professor da
Universidade de Pádua, onde realizou inúmeras dissecações de cadáveres. Nesses
estudos, ele refutou grande parte das teorias do médico greco-romano Galeno
acerca do corpo humano, expostas por ele nesse trabalho. Para a impressão da
obra, ele não poupou gastos: contratou os melhores artistas, sendo que entre
eles o desenhista Jan Stephan van Calcar (1499-1546), discípulo de Tiziano, que
realizou as gravuras nas duas primeiras partes e xilógrafos que tem como
primícias para preparar as gravuras a serem impressas. Para a realização desse
último serviço, foi escolhido o impressor Johannes Oporinus (1507-1568), de
Basileia, a ir até esta cidade para supervisionar pessoalmente os trabalhos.
Graças a isso, esta obra é um magnífico exemplo do que havia de melhor na produção
de livros na Renascença, com 17 desenhos de página inteira, além de
diversas ilustrações acompanhadas de texto. Com significado de “área
de fraqueza, ponto vulnerável”, o uso generalizado, entretanto de “calcanhar de Aquiles” é
recente, historicamente datando apenas de 1840, observada a utilidade de uso específicamente clínica implícita na citação de Samuel Taylor Coleridge (1772-1834): “Ireland, that
vulnerable heel of the British Achilles!”, de 1810 no Oxford English
Dictionary.
Aquiles, filho de Peleu rei dos mirmidões e de Tétis (ninfa), é um dos heróis mais reconhecidos da mitologia grega. Ele é extraordinário por sua força, bravura e beleza. Um calcanhar de Aquiles representa um substantivo composto que significa “fraqueza a despeito de uma força geral, que pode levar a derrota ou queda”. Enquanto a origem mitológica se refere a “vulnerabilidade física”, referências idiomáticas a outros atributos ou qualidades que podem levar a queda são comuns. Na mitologia grega, quando Aquiles era um recém-nascido, foi predito que ele morreria jovem. Para preveni-lo de sua morte, sua mãe Tétis o levou ao rio Estige, que deveria dar o “poder da invulnerabilidade”, e mergulhou seu corpo na água. Porém, já que Tétis segurava Aquiles pelos calcanhares, eles não foram lavados pela água. Aquiles cresceu e tornou-se “homem de guerra” que sobreviveu a muitas batalhas. Embora a morte de Aquiles seja prevista pela Ilíada de Homero, ela não ocorre de fato na Ilíada, mas é descrita em poemas e dramas gregos e romanos posteriores que tratam dos eventos após a Ilíada, na guerra de troia. Nos mitos em torno da guerra, é dito que Aquiles morreu devido a “uma ferida em seu calcanhar”, tornozelo ou torso, que foi causada por uma flecha, talvez envenenada, atirada por Paris. Aquiles era simplesmente invencível em batalha, e só a intervenção divina de Apolo finalmente pôs fim ao seu longo reinado como “o maior guerreiro grego de todos eles”.
Aquiles tem ainda a característica de ser “loiro e o mais belo dos heróis reunidos contra Troia, assim como o melhor entre eles”. A figura de Aquiles foi sendo moldada por diversos autores num espaço de mil anos, o que explica suas diversas contradições. A mais reconhecida é a que fala que Aquiles era invulnerável em todo o seu corpo por se banhar no rio Estige, exceto em seu calcanhar, conforme um poema de Estácio, no século I. Nestas versões de seu mito, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada que o teria atingido nesta parte de seu corpo, desprotegida da armadura. As obras literárias e artísticas em geral em que Aquiles aparece como herói são abundantes. Para além da Ilíada e da Odisseia - onde é demonstrada o destino de Aquiles após a sua morte - pode-se destacar, a tragédia Ifigénia em Áulide, de Eurípides (cf. Santos, 2016), “imitada” pelo dramaturgo Jean Racine (1674) e transformada em ópera pelo compositor Christoph Willibald Gluck (1774), além das artes plásticas, onde podem ser encontradas, além das diversas pinturas de vasos e esculturas do próprio período da Antiguidade Clássica, telas de Peter Paul Rubens (1577-1640), David Teniers, o Jovem (1610-1690), Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), Eugène Delacroix (1798-1863) entre outros, que retratam as suas múltiplas façanhas sociais.
O papel de Aquiles como “herói do luto” forma, assim, um contraste irônico com a visão convencional, que o apresenta como um herói de kleos, “glória”, especialmente na guerra. Laos foi interpretado como “um corpo de soldados”; neste sentido, o nome teria um sentido duplo, no poema; quando o herói atua da maneira correta, seus homens trazem luto ao inimigo; da maneira errada, são “os seus homens que sentem o luto e a dor da guerra”. O poema fala, em parte, sobre a má direção da ira por parte dos líderes. O nome Achilleus passou a ser um nome comum e presente entre os gregos desde o início do século VII a.C. Foi transformado para a forma feminina Ἀχιλλεία (Achilleía), atestada pela primeira vez na Ática, no século IV a.C., e Achillia, encontrada num relevo de Halicarnasso como nome de uma gladiadora lutando contra Amazonia (“amazonas”). Os jogos gladiatórios romanos frequentemente reverenciavam a mitologia clássica, e esta parece ser uma referência à luta de Aquiles contra a rainha amazona Pentesileia, com um toque “curioso de demonstrar o herói na forma de uma mulher”. Aquiles era o filho da nereida Tétis e de Peleu, rei dos mirmidões. Tétis era uma das várias filhas de Nereu e Doris e Peleu era filho de Éaco e Endeis. Zeus e Posídon haviam sido rivais pela mão de Tétis até que Prometeu, o responsável por trazer “o fogo aos humanos”, alertou Zeus a respeito da profecia que dizia Tétis daria luz a um filho ainda maior que seu pai.
Por este motivo, os dois deuses desistiram de cortejá-la, e fizeram-na se casar com Peleu. Como em boa parte da mitologia grega, existe uma versão da lenda que oferece uma versão alternativa destes eventos: na Argonáutica Hera alude à casta resistência de Tétis aos avanços de Zeus, e que Tétis teria sido tão leal aos laços matrimoniais de Hera que o rejeitou de maneira fria. De acordo com um fragmento de um Achilleis - a Aquilíada, escrita por Estácio no século I, ou seja, quase mil anos depois da Ilíada - quando Aquiles nasceu, Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar. Não está claro, no entanto, se esta versão do mito era de fato reconhecida anteriormente. É certo, porém, que Homero, nos séculos IX-VIII a.C., a desconhecia, e também Ovídio, no século I a.C. Em outra versão, Tétis ungiu o filho com ambrosia e o colocou sobre o fogo, para que suas partes mortais fossem queimadas; foi interrompida por Peleu, no entanto, e acabou abandonando pai e filho, furiosa. Nenhuma das fontes históricas anteriores a Estácio, no entanto, faz qualquer referência a esta “invulnerabilidade física” do personagem; ao contrário, na própria Ilíada, como é muito referido, Homero descreve Aquiles sendo ferido: no livro 21 Asteropeu, o herói Peônio, filho de Pélago, desafia Aquiles nas margens do rio Escamandro; arremessa duas lanças ao mesmo tempo, uma das quais atinge precisamente o calcanhar de Aquiles, isto é, “tirando um jorro de sangue”.
Outro problema sério para o povo era o Direito grego. Segundo Brandão (1980) se pelo que se sabe, até o momento, da Linear B, não havia código algum escrito de direito no período micênico, durante toda a Idade Média “os helenos se tornaram ainda mais analfabetos”. Só entre os séculos IX e VIII a.C. é que apareceram no mundo grego vários alfabetos, que paulatinamente se unificaram, mas cuja origem é uma só: o alfabeto fenício. Pois bem, o direito grego oral, consuetudinário, estava nas mãos dos nobres, dos Eupátridas, que, por “conhecimento hereditário”, pretendiam interpretá-lo e aplicá-lo. Era o direito baseado na Thémis, a deusa da justiça, isto é, na justiça de caráter divino, uma espécie de ordálio, cujo depositário é o rei, o eupátrida, que decide em nome dos deuses. Não foi apenas Hesíodo que se queixou dos “reis comedores de presentes”, que não raro julgavam em seu próprio proveito. Foi exatamente com isto inclusive que Sólon tentou romper, substituindo a thémis pela díke, “dique”, isto é, pela justiça dos homens, baseada em leis escritas. Porém, enquanto as aristocracias não foram derrubadas, a administração da justiça continuou a ser manipulada por magistrados e conselhos aristocráticos.
E a violência, que Sólon tanto se esforçou por evitar, foi inevitável. Suas reformas acabaram por desagradar a todos: aos Eupátridas, porque perderam seus privilégios e ao povo que preferia transformações radicais. Incapazes, portanto, de satisfazer sobretudo às aspirações populares, os legisladores foram substituídos pelos Tiranos, palavra não grega, talvez provinda da Ásia Menor, significou, em princípio, “soberano, rei”, sem nenhuma conotação pejorativa, como no título da célebre tragédia de Sófocles, Oidípus Týrannos, Édipo Rei. O tirano é, as mais das vezes, um líder proveniente da aristocracia, que se une à classe média e ao povo para defendê-los contra os nobres. Os séculos VII e VI a.C. na Grécia são dominados pelos tiranos: Pisístrato, em Atenas; Cípselo, em Corinto; Polícrates, em Samos; Fálaris, em Agrigento; Gelão, em Siracusa. A julgar por Atenas, Corinto, Siracusa e Samos, a tirania incentivou a agricultura; despendeu grandes somas em construções públicas; apoiou os concursos competitivos e incentivou a formação musical e atlética do povo grego. Mas, exatamente por sua ilegitimidade e por não reconhecer limites constitucionais a seu poder, o Týrannos acabou por tornar-se “tirano”, ou melhor, um verdadeiro déspota esclarecido!
Em Atenas, a bem da verdade, as coisas foram mais tranquilas: Pisístrato procurou manter as leis de Sólon e reinou a paz na Acrópole, pelo menos nos últimos dezenove anos de seu governo. - “Governou, diz Aristóteles, com moderação e mais como bom cidadão do que como tirano”. Substituído pelos filhos, Hiparco e Hípias, a tirania, no entanto, não durou muito em Atenas. Mas quando, em 510 a. C, a mesma foi derrubada, o povo ateniense já estava bastante amadurecido para tomar o governo em suas mãos. Ia começar realmente a democracia com Clístenes. Eis aí, em linhas muito gerais, o mundo em que viveram os Gregos, do século VII ao VI a.C. Se Hesíodo viveu e escreveu nos fins do século VIII a. C, também ele participou de uma parcela desse tumultuado período de transição por que passaram tantas Cidades da Hélade. Vamos ver agora, através de seus dois poemas, o antídoto religioso que ele nos apresenta para os males de seu século, bem como seus sonhos e conselhos para os séculos futuros. Poder-se-ia pensar que o poeta de Ascra tem pouco a ver com os fatos que procuramos resumir. Não é assim. Quem procurou, na Teogonia, conjugar o trabalho com a justiça, a partir do Caos para a justiça, cifrada em Zeus, e nos Trabalhos e Dias está inteiro em seu século e nos séculos vindouros!
Também
nos fragmentos de poemas do Ciclo Épico, onde podem ser encontradas as
descrições da morte do herói, Cípria de autoria desconhecida, Etiópida
de Arctino, a Pequena Ilíada, de Lesco de Mitilene, entre outras, não existe
qualquer indicação ou referência à sua invulnerabilidade ou ao seu célebre
ponto fraco no calcanhar; nas pinturas em vasos feitas mais tarde, que
representam a morte de Aquiles, a flecha ou, em muitos casos, as flechas o
atingem no corpo. O adivinho Calcas havia declarado, quando Aquiles
tinha nove anos de idade, que Troia só poderia ser tomada com a ajuda de
Aquiles. Tétis tinha o pressentimento de que Aquiles morreria na guerra. Apavorada,
Tétis tratou de disfarçar o seu filho de mulher e o enviou para a corte do rei
Licomedes, na ilha de Esquiro, para que ele fosse educado no gineceu, junto às
filhas virgens do rei, disfarçado com o nome de Pirra (loira ou ruiva). Entretanto,
os gregos enviaram Odisseu como embaixador à corte de Peleu, a fim de que ele
trouxesse o indispensável Aquiles, mas como este não foi encontrado, recorreram
a Calcas, que lhes revelou o embuste.
Odisseu
se disfarçou, então, de mercador, e dirigiu-se ao palácio de Licomedes,
conseguindo entrar no gineceu. Ele expôs, perante os olhos maravilhados das
princesas, os mais ricos adornos; entre os tecidos e as joias, no entanto,
estavam escondidos um escudo e uma lança. Odisseu fez soar a trombeta da
guerra, quando a pretensa Pirra correu para se armar, se revelando. Aquiles
então concorda em participar da guerra. Entretanto, uma das filhas de
Licomedes, Deidamia, que já há muito tempo conhecia a verdadeira
identidade de Aquiles, apresentou-se grávida, embora o nascimento do seu filho
só aconteça após a partida do herói. Este recebeu o nome de Neoptólemo, e a
alcunha de Pirro pelo nome de seu pai. Entretanto, alguns versos da Ilíada
(XIX, 315-337) indicam que Aquiles já o conhecia antes de sua partida, embora
ainda fosse uma criança. A própria cronologia sugere isso, pois o filho
de Aquiles vai participar da guerra, dez anos depois. Odisseu conduziu então
Aquiles para junto de seus pais. Tétis, assustada com o insucesso do seu
estratagema, fez recomendações a seu filho: a sua vida seria tanto mais longa
quanto mais obscura ele a mantivesse. Mas Aquiles recusou os conselhos
de sua mãe.
Nada
lhe importava mais do que o brilho da glória e, por mais que os oráculos
previssem a sua morte em Troia - como consequência de ter matado um filho de
Apolo - ele não descansou enquanto seu pai não lhe concedeu um exército e uma
frota. Peleu dotou-o então com cinquenta navios e confiou-lhe as armas que os
deuses lhe tinham oferecido no dia do seu casamento. Aquiles partiu, levando
consigo o seu fiel preceptor Fénix, assim como também, o seu fiel e inseparável
amigo Pátroclo. Peleu confiou Aquiles a Quíron, o centauro, no monte Pélion,
para lá ser criado. O centauro encarregou-se da educação do jovem, alimentou-o
com mel de abelhas, medula de ursos e de javalis e vísceras de leões. Ao mesmo
tempo, iniciou-o na vida rude, em contato com a natureza; exercitou-o na caça,
no adestramento dos cavalos, na medicina, na música e, sobretudo, obrigou-o a
praticar a virtude. Aquiles tornou-se um adolescente muito belo, loiro, de
olhos vivos, intrépido, simultaneamente capaz da maior ternura e da maior
violência. Peleu deu ainda ao seu filho um segundo preceptor, Fénix, um homem
de sabedoria, que instruiu o príncipe nas artes da oratória e da guerra. Com Aquiles, foi educado Pátroclo, seu amigo, filho do rei da
Lócrida, Menécio.
Na mitologia grega, Pátroclo ou Pátroklos (“glória do pai”) é um dos personagens centrais da Ilíada, filho de Menécio e amigo de infância, companheiro de guerra próximo Aquiles. Na juventude, Pátroclo matou covardemente um amigo seu, Clisónimo, durante um jogo de astrágalos. É um jogo composto de cinco peças, normalmente são utilizadas pedras polidas. Os jogadores lançam as peças do jogo no ar e tentam pegar o maior número possível na parte de trás de uma das mãos enquanto caem. Quem pegar o maior número de pedras ganha. “A história do brinquedo”, afirma que o jogo tem origens pré-históricas e seria jogado, por reis e nobres, com pedras preciosas. Na antiguidade era praticado com ossos feitos de tornozelos de ovelhas ou cabras, ou modelos desses. Por ser um jogo extremamente difundido pelo mundo, tem diversos nomes locais. Na Grécia Antiga era conhecido como Astrágalo. Em inglês Knucklebones e em francês: Osselets. O seu pai teve de se exilar com ele para fugir à punição. Obtiveram refúgio na corte do rei Peleu, pai de Aquiles. O rei enviou os dois jovens para a floresta, onde foram educados em várias artes, especialmente a medicina, por Quíron, o sábio rei dos centauros.
De acordo com a narrativa da Ilíada, quando a “maré” da Guerra de Troia se voltou contra os gregos e os troianos ameaçavam seus navios, Pátroclo convenceu Aquiles a deixá-lo liderar os mirmidões em combate. Aquiles então disse a Pátroclo para retornar depois de bater os troianos de volta de seus navios. Pátroclo desafiou a ordem de Aquiles e perseguiu os troianos de volta aos portões de Tróia. Pátroclo lutou com os gregos durante a Guerra de Troia. Matou Sarpedão (um filho de Zeus), Cébrion (condutor do carro de Heitor) e outros troianos considerados de menor destaque. Quando Aquiles se recusou a lutar devido à sua disputa com Agamemnon, Pátroclo, envergando a armadura de Aquiles, depois de aconselhado por Nestor e com o consentimento de Aquiles, é atacado por Apolo, ferido de morte por Euforbo, finalmente, golpeado por Heitor. Depois de resgatar o corpo, que fora protegido no campo de batalha por Menelau e Ájax, Aquiles retarda durante algum tempo os rituais fúnebres, preocupado com a vingança contra Heitor, mas é convencido quando uma aparição de Pátroclo lhe suplica a cremação, de forma a que a sua alma possa ser admitida no Hades. Iniciam-se, então, as cerimônias fúnebres nas quais se sacrificam cavalos, cães, e doze troianos cativos antes de colocar o corpo de Pátroclo na pira crematória. Pátroclo foi então cremado em uma pira funerária, que foi coberta com os cabelos de seus companheiros tristes. Como cortar o cabelo era sinal de tristeza e, ao mesmo tempo, servia como um sinal de separação entre os vivos e os mortos, isso mostra como Pátroclo tinha sido muito querido.
As
cinzas de Aquiles teriam sido enterradas em uma urna de ouro junto com as de
Pátroclo pelo Helesponto. Aquiles organiza, em seguida, uma competição de
atletismo em honra do morto, que incluía uma corrida de carros (vencida por
Diomedes), pugilismo (vencido por Epeu), uma corrida a pé (vencida por
Ulisses), lançamento de disco (vencido por Polipetes), e um concurso de arco
(vencido por Pentesileia, uma amazona), e lançamento de dardo (vencido por
Agamemnon). Os jogos são descritos no livro 23 da Ilíada, e são uma das
primeiras referências ao desporto em documentos da antiga Grécia. Aquiles é o único
mortal a experimentar a ira devoradora; se sua raiva pode, por vezes,
hesitar, noutros momentos ela não pode ser resfriada. A humanização de Aquiles
através dos eventos da guerra é um importante tema da narrativa da obra. Assim
que os gregos partem para a Guerra de Troia, eles fazem uma parada acidental na
Mísia, na Ásia Menor, governada então pelo rei Télefo. Na batalha que se seguiu
Aquiles provocou no próprio Télefo uma ferida que não cicatrizava jamais;
Télefo consultou um oráculo, que afirmou que “aquele que feriu deverá curar”.
Guiado pelo oráculo, foi levado a Argos, onde Aquiles o curou, e acabou por se
tornar seu guia na viagem a Troia. De acordo com relatos sobre a peça
perdida de Eurípides sobre Télefo, ele teria ido a Áulide fingindo ser um
mendigo, e pedido a Aquiles que curasse sua ferida; este recusou, afirmando não
ter conhecimentos de medicina. Ainda noutra versão, Télefo teria sequestrado
Orestes e pedido um resgate para libertá-lo, que seria a ajuda de Aquiles para
curar a ferida. Odisseu teria argumentado que a lança de Aquiles causou a
ferida e, portanto, ela deveria poder curá-la. Pedaços da lança foram assim
raspados sobre a ferida, e Télefo foi curado.
Regressados ao porto de Élida - oito anos mais tarde - para se reagruparem após esta expedição fracassada, os gregos foram imobilizados pela força dos ventos. Agamemnon, o chefe dos exércitos aqueus, tendo sabido através do oráculo que os ventos não soprariam a seu favor a não ser que sacrificasse a sua filha Ifigénia, imaginou que a melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propondo-lhe casamento com Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste em que fora envolvido sem saber, censurou violentamente o “rei dos reis”: e esta será a primeira querela com Agamemnon. Ifigênia decide se sacrificar para impedir que a revolta continue, para que Aquiles não seja ferido em vão e para ajudar os gregos a seguirem para Troia. Para admiração de Aquiles ela segue para o altar ignorando as súplicas da mãe que se desespera com seu destino cruel. Após o cumprimento do sacrifício de Ifigénia, os deuses permitiram aos ventos que soprassem, e assim a frota grega pôde navegar, fazendo escala na ilha de Tenedo, ao largo de Troia. Não se sabe ao certo se o rei da ilha, Tenes, teria simplesmente se oposto ao desembarque dos gregos, ou antes, do ponto de vistas das relações de gênero, tentado proteger a sua irmã das intenções de Aquiles; qualquer que seja a resposta, a verdade é que ele acabou sendo morto pelo herói. Como Tenes era, no entanto, filho de Apolo, seu destino foi traçado ali - mesmo que Aquiles lhe tenha prestado um serviço fúnebre cheio de pompa. Assim que os gregos partem para a Guerra de Troia, eles fazem uma parada acidental na Mísia, na Ásia Menor, governada pelo rei Télefo que herdou o trono de Teutras e, na época em que os gregos se reuniam para atacar a Ásia Menor, ele era aliado dos troianos e rei da Mísia.
Na batalha que se seguiu Aquiles provocou no próprio Télefo uma ferida que não cicatrizava jamais; Télefo consultou um oráculo, que afirmou que “aquele que feriu deverá curar”. Guiado pelo oráculo, foi levado a Argos, onde Aquiles o curou, e acabou por se tornar seu guia na viagem a Troia. De acordo com relatos sobre a peça perdida de Eurípides sobre Télefo, ele teria ido a Áulide fingindo ser um mendigo, e pedido a Aquiles que curasse sua ferida; este recusou, afirmando não ter conhecimentos de medicina. Ainda noutra versão, Télefo teria sequestrado Orestes e pedido um resgate para libertá-lo, que seria a ajuda de Aquiles para curar a ferida. Odisseu teria argumentado que a lança de Aquiles causou a ferida e, portanto, ela deveria poder curá-la. Pedaços da lança foram então raspados sobre a ferida, e Télefo foi curado. Regressados ao porto de Élida - oito anos mais tarde - para se reagruparem após esta expedição fracassada, os gregos foram imobilizados pela força dos ventos. Agamemnon, o chefe dos exércitos aqueus, tendo sabido através do oráculo que os ventos não soprariam a seu favor a não ser que sacrificasse a sua filha Ifigénia, imaginou que a melhor maneira de a atrair, sem suspeitas, seria propondo-lhe casamento com Aquiles. Quando o herói teve conhecimento do embuste em que fora envolvido sem saber, censurou violentamente o “rei dos reis”: e esta será a primeira querela com Agamemnon. Após o cumprimento do sacrifício de Ifigénia, os deuses permitiram aos ventos que soprassem, e assim a frota grega pôde realmente navegar, fazendo escala na ilha de Tenedo, ao largo de Troia.
Não
se sabe ao certo se o rei da ilha, Tenes, teria se oposto ao desembarque dos
gregos, ou antes tentado proteger a sua irmã das intenções de Aquiles; qualquer
que seja a resposta, a verdade é que ele acabou sendo morto pelo herói. Como
Tenes era, no entanto, filho de Apolo, seu destino foi traçado ali - mesmo que
Aquiles lhe tenha prestado um serviço fúnebre cheio de pompa. De acordo com a
Cípria, com o resto do Ciclo Épico e as tradições narradas por Plutarco e pelo
acadêmico bizantino João Tzetzes, quando os navios gregos chegaram a Troia,
Aquiles teria lutado contra Cicno de Colonas, um filho de Posídon, e o matado. De
acordo com a Cípria quando os aqueus desejaram retornar para suas casas, (a
parte do Ciclo Épico que narra os eventos da Guerra de Troia antes da ira
de Aquiles), foram impedidos por Aquiles, que posteriormente atacou o
gado de Eneias, saqueou as cidades vizinhas e matou Troilo. De acordo com
Dares, o Frígio, em seu Relato da Destruição de Troia, o sumário em
latim através do qual a história de Aquiles foi transmitida à Europa medieval,
Troilo era um jovem príncipe troiano, o mais novo dos cinco filhos legítimos de
Príamo (ou, por vezes, de Apolo) e de Hécuba. Apesar de sua pouca idade, foi um
dos principais líderes guerreiros troianos.
Profecias ligavam o destino de Troilo ao de Troia, e por isso ele sofreu uma emboscada, numa tentativa de aprisioná-lo. Aquiles, no entanto, fascinado com a beleza tanto de Troilo como de sua irmã Polixena, e, arrebatado pelo desejo, dirigiu suas atenções sexuais ao jovem - que, ao recusar-se a ceder aos avanços de Aquiles, viu-se decapitado sobre um altar de Apolo. Versões posteriores da história sugeriram que Troilo teria sido morto acidentalmente por Aquiles, num abraço caloroso entre amantes; nesta versão do mito, a morte de Aquiles teria vindo como uma retribuição por este sacrilégio. Os escritores antigos retrataram Troilo como a epítome de uma criança morta, pranteada por seus pais. Nas palavras do primeiro Mitógrafo Vaticano, “se Troilo tivesse chegado à idade adulta, Troia teria sido invencível”. A Ilíada de Homero é a narrativa mais famosa dos feitos de Aquiles na Guerra de Troia. O épico homérico cobre apenas algumas poucas semanas do conflito, e não descreve a morte de Aquiles. Ela se inicia com o herói se retirando da batalha, após se ver desonrado por Agamemnon, comandante das forças aqueias. Ele havia capturado uma mulher chamada Criseida como escrava; seu pai, Crises, sacerdote do deus Apolo, implorou a Agamemnon que a devolvesse em vão.
Como
punição, Apolo fez uma praga recair sobre os gregos. O profeta Calcas conseguiu
determinar com sucesso a origem dos problemas, porém não ousou se manifestar
até que Aquiles jurasse poder protegê-lo. Agamemnon consentiu então em retornar
Criseida a seu pai, porém ordenou que o prêmio obtido por Aquiles durante a
batalha, a escrava Briseida, lhe fosse trazida como substituta de Criseida.
Irado com a desonra (e, como ele viria a dizer posteriormente, porque amava
Briseida) e incitado por Tétis, sua mãe, Aquiles recusou-se a lutar ou liderar
suas tropas junto com as forças gregas. À medida que a batalha começou a tomar
um rumo desfavorável aos gregos, Nestor declarou que os troianos estavam vencendo
porque Agamemnon havia enfurecido a Aquiles, e instigou o líder aqueu a fazer
as pazes com o guerreiro. Agamemnon concordou e enviou Odisseu e mais outros
dois líderes até Aquiles, oferecendo o retorno de Briseida e outros presentes.
Aquiles recusou, e ainda instou os gregos a velejarem de volta para casa, como
ele planejava fazer. Eventualmente, no entanto, ansioso por obter glória, a
despeito de sua ausência no campo de batalha, Aquiles orou para sua mãe,
pedindo a ela que intercedesse a seu favor junto a Zeus, favorecendo os
troianos - que, liderados por Heitor, acabaram efetivamente por empurrar o
exército grego rumo aos seus acampamentos na praia, e tomaram de assalto seus
navios. Com as tropas gregas à beira da completa destruição,
Pátroclo liderou os mirmidões na batalha, passando-se por Aquiles com sua armadura e seu carro de batalha.
Pátroclo
obteve sucesso ao expulsar os troianos das praias pelos gregos, e acabou sendo morto por Heitor antes que pudesse organizar o contra-ataque à
cidade de Troia. Após receber de Antíloco, filho de Nestor, as notícias da
morte de Pátroclo, Aquiles sofreu muito com a morte de seu amigo, e realizou
diversos jogos fúnebres em sua honra. Sua mãe, Tétis, também tenta confortar um
Aquiles atormentado, e convence Hefesto a fazer-lhe uma nova armadura, no lugar
daquela que Pátroclo vestia, e que fora levada por Heitor. A nova armadura
contava com o Escudo de Aquiles, descrito com riqueza de detalhes pelo poeta. Furioso
com a morte de Pátroclo, Aquiles reconsidera sua decisão de se afastar do
combate, e voltou à batalha, matando diversos homens em sua fúria - sempre à
procura de Heitor. O herói chegou mesmo a lutar contra o deus-rio Escamandro,
que havia se enfurecido por Aquiles ter sufocado suas águas com todos os homens
que ele havia matado. O deus estava prestes a afogar Aquiles quando foi interrompido
por Hera e Hefesto; e o próprio Zeus, ao perceber a dimensão da fúria de
Aquiles, enviou os deuses para contê-lo, para que ele não saqueasse sozinho a
própria Troia - indicando que a fúria de Aquiles, se não fosse obstruída,
poderia desafiar o destino, já que Troia não deveria ser destruída
ainda. Aquiles encontrou sua presa; após perseguir Heitor nas muralhas de Troia por três vezes, até que a deusa Atena - que havia
assumido a forma do irmão favorito de Heitor, Deífobo - convenceu Heitor a
parar de fugir e enfrentar Aquiles, cara a cara.
Quando
Heitor percebeu que havia sido enganado, soube que sua morte era inevitável e
aceitou seu destino; desejoso de morrer lutando, atacou Aquiles com sua única
arma, sua espada. Aquiles obteve finalmente sua vingança, matando Heitor com um
único golpe no pescoço. Amarrou então o corpo do derrotado ao seu carro, e o
arrastou pelo campo de batalha por nove dias. Com a ajuda do deus Hermes, o pai
de Heitor, Príamo, foi à tenda de Aquiles durante uma noite e implorou-lhe que
permitisse realizar os ritos fúnebres que seu filho merecia. A última passagem
da Ilíada é o funeral de Heitor, após o qual o destino de Troia era apenas uma
questão de tempo. Após esta trégua temporária com Príamo, Aquiles derrotou em
combate e matou a rainha amazona, Pentesileia, mais tarde lamentando sua morte.
Inicialmente distraído por sua beleza, ele não lutou de maneira tão intensa
quanto de costume; ao perceber, no entanto, que sua distração estava colocando
em risco sua vida, devido às habilidades de combate da rainha guerreira, concentrou-se
novamente e conseguiu matá-la. Enquanto Aquiles lamentava a morte de tão rara
beleza, um notório tumultuador grego, chamado Térsites, começou a rir e caçoar,
sugerindo que o herói estaria apaixonado pela falecida; perturbado com tamanha
falta de sensibilidade e de respeito, Aquiles socou Térsites no rosto com
fúria, matando-o imediatamente. Homero retrata Térsites como indivíduo de baixo nível social, as tradições o descreveram sendo parente de Diomedes - o que teria levado Aquiles a viajar à ilha
de Lesbos, em busca de purificação.
Segundo
o diário de Díctis de Creta, a história foi diferente. Pentesileia chegou
durante os funerais de Heitor, trazendo um exército de amazonas e aliados, e
atacou os gregos, sem a ajuda dos troianos. Aquiles feriu Pentesileia, puxou-a
pelo cabelo, e derrubou-a do cavalo, o que causou a fuga do seu exército.
Pentesileia ainda estava viva, e os gregos discutiram o que fazer com ela:
jogá-la no rio ou dá-la para os cachorros dilacerarem, mas Aquiles queria
deixá-la morrer naturalmente (pelas feridas) e enterrá-la. Diomedes acabou
tendo sua ideia aprovada por unanimidade, e a amazona foi jogada no rio
Escamandro para morrer afogada - um ato que Díctis considerou cruel e bárbaro. Com
a morte de Pátroclo, o companheiro mais próximo de Aquiles passou a ser o filho
de Nestor, Antíloco. Quando Mêmnon, rei da Etiópia o matou, Aquiles novamente
foi compelido a voltar ao campo de batalha, em busca de vingança. O combate
entre Aquiles e Mêmnon, motivado pela morte de Antíloco, apresentou ecos do
ocorrido entre Aquiles e Heitor, pela morte de Pátroclo - com a exceção de que
Mêmnon, ao contrário de Heitor, também era filho de uma deusa. Diversos
estudiosos homéricos argumentaram que o episódio teria inspirado
diversos detalhes na descrição da morte de Pátroclo, na Ilíada, e a reação de
Aquiles a ele. O episódio fazia parte do Ciclo Épico da Aethopis
(“Etiópica”), composta após a Ilíada, provavelmente no século VII a.C.
A
obra está perdida atualmente, e sobrevive apenas em fragmentos esparsos
citados por autores posteriores. Como havia sido previsto por Heitor, em seu
último suspiro, Aquiles foi morto posteriormente por Páris, com uma flecha
envenenada no calcanhar, repetimos, de acordo com a versão de Estácio. Em
certas versões do mito, o próprio deus Apolo teria guiado a seta de Páris. Ambas
as versões negam posteriormente a Páris qualquer tipo de valor pelo feito,
devido à concepção comum de que ele era um covarde, e não o homem que seu irmão
Heitor era - e, consequentemente, Aquiles teria permanecido sem ser derrotado
no campo de batalha. Seus ossos foram misturados aos de Pátroclo, e jogos
fúnebres foram realizados em sua homenagem. Aquiles também apareceu em outro
épico perdido sobre a Guerra de Troia, de autoria de Arctino de Mileto, como
tendo vivido ainda após a sua morte, na ilha de Leucas, na foz do rio Danúbio.
Outra versão de sua morte narra que ele teria se apaixonado profundamente por
uma das princesas de Troia, Polixena, e teria pedido sua mão a Príamo - que
consentiu com a união, pressentindo que ela simbolizaria o fim da guerra e uma
aliança com o maior guerreiro do mundo. Enquanto o rei organizava os
preparativos para o matrimônio, no entanto, Páris - que teria de abandonar
Helena se Aquiles se casasse com sua irmã, escondeu-se em arbustos próximos a
Aquiles e o matou com a flecha divina.
Páris
teria então sido morto por Filoctetes, com o arco e as flechas de Héracles. A
armadura de Aquiles foi alvo de uma disputa entre Odisseu e Ájax Telamônio;
ambos competiram por ela através de discursos sobre quem seria o mais corajoso
depois de Aquiles, feitos para os prisioneiros troianos - que, depois de
debater o assunto, chegaram a um consenso e deram a vitória a Odisseu. Ájax,
furioso, o amaldiçoou - o que lhe trouxe a ira da deusa Atena, que o
enlouqueceu temporariamente de tristeza e angústia, e o levou a assassinar
ovelhas acreditando serem seus companheiros. Ao despertar de sua fúria e
perceber o que havia feito, Ájax cometeu suicídio. Odisseu eventualmente acabou
presenteando a armadura a Neoptólemo, filho de Aquiles. Uma relíquia que se
alegava ser a lança com ponta de bronze de Aquiles foi preservada por séculos
no templo de Atena, situado na acrópole de Fasélis (Phaselis), na Lícia,
um porto situado no golfo Panfílio. A cidade foi visitada em 333 a.C. por
Alexandre, o Grande, que costumava se ver como um “novo Aquiles” e levava a
Ilíada consigo; seus biógrafos, no entanto, não mencionam a lança, que teria
sem dúvida despertado seu interesse. A relíquia, no entanto, seguramente estava
em exibição durante a vida de Pausânias no século II. A relação de Aquiles com
Pátroclo é um dos aspectos de composição de seu mito. Sua natureza
exata vem sendo alvo de debates e disputas, desde a Antiguidade até hoje.
Na
Ilíada eles parecem ser retratados de maneira geral como modelos de uma
relação de philia profunda e legal; por isso, analistas e estudiosos de
todas as épocas já interpretaram a relação sob o ponto de vista de suas
próprias culturas, o que gerou uma ampla gama de opiniões a respeito. Na Atenas
do século V a.C., por exemplo, cerca de quatro séculos após Homero, a relação
era comumente interpretada como pederástica. Já leitores contemporâneos se
dividem entre interpretar os dois heróis tanto como “camaradas de guerra” (hetaîros),
entre os quais não existe qualquer tipo de relacionamento sexual, quanto como
um casal homossexual. Havia um culto heroico arcaico a Aquiles na Ilha Branca
(Leuca), no mar Negro, na atual costa da Romênia e Ucrânia, onde um templo e um
oráculo dedicado ao herói sobreviveu até o período romano. No épico perdido Aithiopis,
uma espécie de continuação da Ilíada atribuída a Arctino de Mileto, a mãe de
Aquiles, Tétis, retorna para prestar-lhe homenagens e remover suas cinzas da
pira funerária, e leva-as a Leuca, na foz do Danúbio.
Os
aqueus ergueram um túmulo para ele, e celebraram jogos fúnebres. A História
Natural de Plínio, o Velho, menciona que o túmulo já não mais era visível (“Insula
Akchillis tumulo eius viri clara”) na ilha consagrada a ele, localizada a
cinquenta milhas romanas de Peuce, no delta do Danúbio. Pausânias foi informado
que a ilha era coberta por florestas e repleta de animais, alguns selvagens,
outros dóceis, e que na ilha também havia um templo de Aquiles, e sua estátua.
Ruínas de um templo em forma de quadrado, com 30 metros em cada lado -
possivelmente aquele dedicado a Aquiles - foram descobertas por um
capitão Kritzikly, em 1823, porém não há atualmente qualquer tipo de trabalho arqueológico
sendo feito na ilha. Segundo Pompônio Mela, Aquiles estaria enterrado na ilha
chamada de Aquileia (Achillea), entre o Borístenes e o Istro. Entetanto,
para o geógrafo grego Dionísio Periegeta, da Bitínia, que viveu no tempo do
imperador romano Domiciano, a ilha onde Aquiles está enterrado seria chamado de
Leuca (em grego: Leuke, “branca”) “porque os animais selvagens que lá
vivem são brancos”, e que lá residiriam as almas de Aquiles e de outros heróis,
que vagavam sobre os vales desabitados do local; “era assim que Jove
recompensava os homens que haviam se distinguido por suas virtudes, porque
através da virtude alcançaram a honra eterna”.
Bibliografia
Geral Consultada.
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