Louise Michel - Outras Vozes Engajadas da Comuna de Paris.
Giuliane de Alencar & Ubiracy de Souza Braga
“Louise Michel é a mulher que representa um
dos símbolos mais fortes do anarquismo na França”. Claire Auzias
Paris deve originalmente seu nome aos Parísios, um povo gaulês que habitava a região antes da chegada dos romanos. Após conquistá-los, os romanos rebatizaram seu assentamento como “Lutécia dos Parísios” (Lutetia Parisiorum). Na história social e política do século IX, essa denominação, aos poucos, deu lugar ao nome atual. Os Parísios também emprestaram seu nome a algumas outras vilas da região, tais como Villeparisis, Cormeilles-en-Parisis e Fontenay-en-Parisis. Os
gauleses ou galos foram um conjunto de populações celtas que habitava a
Gália, isto é, o território que corresponde, grosso modo, à França, à Bélgica e
à Itália setentrional proto-histórica, provavelmente a partir da Primeira Idade
do Ferro em torno de 800 a.C. Os gauleses dividiam-se em diversas tribos ou
povos, por vezes federados, cada um com cultura e tradições originais. Os
arqueólogos ligam as civilizações gaulesas à civilização celta de La Tène,
assim chamada a partir do nome do sítio descoberto no lago Neuchâtel, Suíça). A
civilização de La Tène expandiu-se no continente na Segunda Idade do Ferro e
desapareceu na Irlanda, durante a Idade Média. Os gauleses foram conquistados
por Júlio César, nas Guerras da Gália e durante o período romano foram
assimilados em uma cultura galo-romana. Durante a crise do terceiro século
(século III), houve um breve Império das Gálias. Com a chegada dos francos,
durante o período das migrações (século V), a língua gaulesa foi substituída
pelo latim vulgar.
O
latim vulgar ou latinório é um termo empregado para designar os dialetos
vernáculos do latim - as variações regionais - falado principalmente nas
províncias ocidentais do Império Romano. Considera-se que a variação tenha
ocorrido no período do século II ao século V aproximadamente, até a
diferenciação das línguas românicas primitivas: a romanística, idiomas
neolatinos; ou seja, é uma variante popular falada por antigos romanos, que
posteriormente também originou a língua portuguesa. Certas palavras do latim
clássico foram tiradas do vocabulário. O clássico Equus, “cavalo”, foi
substituído por caballus, mas note o romeno iapă, sardo èbba,
espanhol yegua, catalão euga e português égua e derivadas
do clássico equa. Uma lista parcial de palavras que são exclusivamente
clássicas e aquelas que são produtos do românico são encontradas na tabela à
direita. Algumas dessas palavras, oriundas do românico, foram emprestadas de
volta ao próprio latim. As mudanças de vocabulário afetaram mesmo as partículas
gramaticais básicas do latim; há muitas que desapareceram sem deixar traços no
romance. Verbos com preposições prefixadas frequentemente apresentaram formas
simples. O número de palavras formadas por tais sufixos como -bilis, -arius,
-itare e -icare cresceu.
Estas
mudanças ocorreram frequentemente para evitar formas irregulares ou para
regularizar gêneros. Por outro lado, uma vez que o latim vulgar e o próprio
latim foram por muito tempo em sua história social diferentes registros da
mesma língua, antes que diferentes línguas, algumas línguas românicas preservam
palavras latinas que usualmente foram perdidas. Por exemplo, a palavra italiana
ogni (“tudo/todo”) preserva a latina omnes. Outras línguas usam cognatos
de totus (acusativo totum) para o mesmo significado; por exemplo tutto
em italiano, tudo/todo em português, todo em espanhol, tot em
catalão, tout em francês e tot em romeno. Algumas vezes, uma palavra em latim
clássico foi mantida ao lado de uma em latim vulgar. Em latim vulgar, o clássico
caput, “cabeça”, tornou-se testa (originalmente “pote”) em
algumas formas de romance ocidental, incluindo francês e italiano. Mas o
italiano, o francês e o catalão mantiveram a palavra latina sob a forma de
capo, chef e cap as quais conservaram muitos significados metafóricos de “cabeça”,
incluindo “chefe”. A palavra latina com o significado original é preservada em
romeno como cap, junto com țeastă, ambas significando “cabeça” no
sentido anatômico. Dialetos do sul da Itália também preservam capo como a
palavra normal para “cabeça”. Espanhol e português têm cabeza/cabeça,
derivadas de capetia, uma forma modificada de caput, enquanto em
português testa foi conservada como a palavra para a parte frontal da cabeça. Frequentemente,
palavras emprestadas diretamente do latim literário em alguma época posterior,
em vez de evoluída do latim vulgar, são encontradas lado a lado com a forma
evoluída do vulgar.
A
falta de esperados desenvolvimentos fonéticos é uma pista que a palavra foi
emprestada. O latim vulgar continha grande número de palavras de origem
estrangeira não presentes nos textos literários. Muitas palavras na medicina
foram escritas em grego e palavras frequentemente emprestadas dessas fontes.
Por exemplo, gamba (“junta do joelho”), originalmente um termo veterinário
somente, substituiu a clássica palavra latina para “perna” (crus) na
maioria das línguas românicas, (cf. francês: jambe; italiano: gamba).
Termos culinários também foram frequentemente emprestados de fontes gregas. Por
exemplo: o calco da palavra grega deu ficatum (iecur)` (fígado de
ganso) e o particípio ficatum tornou-se a palavra comum para “fígado” latim
vulgar (cf. espanhol: higado; francês: foie; italiano: fegato,
ro. ficat). Importantes termos religiosos foram também tomados de
termos escritos em grego, tais como episcopos (bispo), presbyter
(presbítero), martyr. Palavras emprestadas do gaulês incluem caballos
(“cavalo” cf. caballus), e karros (“carro” cf. carrus). Uma visão
nas mudanças de vocabulário do latim vulgar tardio na França podem ser vistas
no Reichenau Glosses, escritas nas margens de uma Bíblia Vulgata, explicando
palavras “em latim vulgar do século IV cuja leitura não era mais compreensível
no século VII, quando os glossários eram escritos”. Estes glossários demonstram
mudanças vocabulares típicas nas línguas galo-românicas.
No
século III a.C., os gauleses invadiram a Grécia. Após passarem para a Ásia
Menor, ocuparam uma região no interior que se chamou Galácia. Sem
estarem unificados, os gauleses foram derrotados militarmente pela República
Romana em duas etapas: o sul da Gália Transalpina foi conquistado pelos romanos
e tornou-se a província romana da Gália Narbonense, em fins do século II a.C. Já
o norte da Gália que Júlio César chamava Gália Comata, em latim: Gallia comata,
(cabeluda) foi subjugado pelas legiões sob comando daquele general romano no período
58-51 a.C. O momento culminante da campanha foi a derrota da coalizão gaulesa
chefiada pelo arverno Vercingetórix, em Alésia, em 52 a.C. Ao que parece, a
pacificação completa dos gauleses não foi obtida senão durante o reinado de
Augusto. Os gauleses dividiam-se em povos, um total de 44 na época da conquista
romana. Formavam a Gália celta e foram incorporados à chamada Gália romana. Paris é frequentemente chamada de La Ville Lumière, tanto por conta de liderança durante o Iluminismo quanto mais literalmente porque Paris foi uma das primeiras grandes cidades europeias a usar a iluminação pública a gás em grande escala contida em seus bulevares e monumentos. Em 1829, luzes de gás foram instaladas respectivamente na Place du Carrousel, Rue de Rivoli e Place Vendôme. Mais do que isso. A população cresceu de cerca de 400 mil habitantes em 1640 para 650 mil em 1780. Em 1857, as avenidas foram acesas e as ruas de Paris na década de 1860, eram iluminadas por 56 mil lâmpadas à gás.
Uma
nova avenida, a Champs-Élysées, estendeu a cidade a oeste de Étoile, enquanto o
bairro Faubourg Saint-Antoine, no leste da cidade e habitado pela classe
trabalhadora, ficava cada vez mais lotado de trabalhadores pobres que migravam
de outras regiões da França. Paris foi o centro de uma explosão de atividades
filosófica e científica conhecida como Era do Iluminismo. Diderot e d`Alembert
publicaram sua Encyclopédie em 1751, e os Irmãos Montgolfier lançaram o
primeiro voo tripulado em um balão de ar quente em 1783, dos jardins do Castelo
de la Muette. Paris era a capital financeira da Europa continental, o principal
centro europeu de publicação de livros, de moda e de fabricação de móveis finos
e artigos de luxo. No verão de 1789, Paris se tornou o palco central da
Revolução Francesa. Em 14 de julho, uma multidão apreendeu o arsenal des Invalides,
adquirindo milhares de armas, e invadiu a Bastilha, símbolo da autoridade
real. A primeira Comuna de Paris, ou conselho da cidade, reuniu-se
no Hôtel de Ville e, em 15 de julho, elegeu prefeito, o astrônomo Jean
Sylvain Bailly.
Louise-Michel na Comuna de Paris.
Luís
XVI e a família real foram trazidos para Paris e feitos prisioneiros no Palácio
das Tulherias. Em 1793, quando a revolução se tornou cada vez mais radical, o
rei, a rainha e o prefeito foram guilhotinados (executados) no Reino do Terror,
juntamente com mais de 16 mil pessoas em toda a França. A propriedade da
aristocracia e da igreja foi nacionalizada, e as igrejas da cidade foram
fechadas, vendidas ou demolidas. Uma sucessão de facções revolucionárias
governou Paris até 9 de novembro de 1799, quando Napoleão Bonaparte tomou o
poder como primeiro cônsul. A população de Paris havia diminuído 100 mil
habitantes durante a Revolução, mas entre 1799 e 1815 aumentou em 160 mil novos
residentes, chegando a 660 mil. Napoleão substituiu o governo eleito de Paris “por
um prefeito que reportava apenas a si próprio”. Também passou a erguer monumentos
para a glorificação militar, incluindo o Arco do Triunfo, e melhorou a infraestrutura
negligenciada pela prefeitura da cidade com novas fontes, o Canal de l`Ourcq, o Cemitério do
Père-Lachaise e a primeira ponte metálica, a Pont des Arts.
No
período histórico da Restauração, as pontes e praças de Paris foram devolvidas
aos seus nomes pré-Revolução, mas a Revolução de Julho de 1830 em Paris trouxe
um monarca constitucional, Luís Filipe I, ao poder. A primeira linha
ferroviária para Paris foi inaugurada em 1837, iniciando um novo período de
migração maciça das províncias para a cidade. Luís Filipe foi derrubado por uma
revolta popular nas ruas de Paris em 1848. Seu sucessor, Napoleão III
(1808-1873), e o recém-nomeado prefeito do Sena, Georges-Eugène Haussmann,
lançaram um gigantesco projeto de obras públicas para construir novas avenidas,
uma nova casa de ópera, um mercado central, novos aquedutos, canos de esgoto e
parques, incluindo o Bois de Boulogne e o Bois de Vincennes. Em 1860, Napoleão
III também anexou as cidades vizinhas e criou oito novos arrondissements,
expandindo Paris aos seus limites atuais. Durante a Guerra Franco-Prussiana
(1870-1871), Paris foi sitiada pelo exército prussiano. Após meses de bloqueio,
fome e bombardeio pelos prussianos, a cidade foi forçada a se render em 28 de
janeiro de 1871. Em 28 de março o governo revolucionário Comuna de
Paris tomou o poder em Paris. A Comuna manteve-se por dois meses, até
que foi severamente reprimida pelo exército durante a “Semana Sangrenta”,
no final de maio de 1871.
Na
história política contemporânea a ComunadeParis representou o primeiro governo operário de homens e mulheres,
fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da chamada “resistência popular” ante a
invasão por parte do Reino da Prússia. A história comparada registra algumas
experiências incipientes de regimes comunais, impostos como afirmação
revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas tem como
representação a Comuna de Paris que surge no bojo da insurreição popular de 18
de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas
elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados
monarquistas francamente favoráveis à capitulação ante a Prússia. A população
de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado
à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, com o
apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros
do governo a abandonar Paris, onde o comitê central da Guarda Nacional passou a
exercer comando e autoridade.
A
Comuna de Paris é considerada a primeira República
proletária da história que adotou uma política radical de caráter socialista,
baseada nos princípios da PrimeiraInternacionaldosTrabalhadores. O
poder comunal manteve-se durante cerca de setenta e dois dias. Seu esmagamento
revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com dados estatísticos mais de 20
000 communards foram executados pelas
forças de Thiers. O governo durou de 26 de março a 28 de maio,
enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna
fora um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional
(transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os
alemães tiveram que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra
para auxiliar na tomada de Paris. Da Comuna de Paris até nossos dias, quase
sempre em meio a enfrentamentos sangrentos, é uma história na qual figuram
Louise Michel e Rosa Luxemburgo, Walter Benjamin, André Breton e Daniel Guérin,
chegando até ao subcomandante Marcos e aos altermundistas.
A
direita política inscreve-se numa visão ou “posição específica” que aceita a
hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal, ou
desejável. Esta postura política geralmente justifica esta posição com base em
lei natural ou tradição. A palavra “direita” tem sido utilizada para se referir
a diferentes posições políticas na démarche da história. Os termos “política de
direita” versus “política de esquerda” foram cunhados durante a revolução
clássica francesa, e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no
parlamento francês; os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente
parlamentar foram amplamente favoráveis ao antigo regime, o Ancien Régime. A
original Direita na França foi formada como uma reação contra a Esquerda e era
composta por políticos que defendiam a hierarquia, a tradição e o clericalismo.
A expressão “le droite” tornou-se proeminente na França após a
restauração da monarquia em 1815, quando ela foi aplicada para
descrever a ultra-monarquia. Em países de língua inglesa, o termo não foi
utilizado até o século 20, quando passou a descrever discretamente a posição
que políticos e ideólogos defendiam no plano de governo que apresentavam. A “direita
reacionária”, como é o caso - mutatis mutandis - tosco de Olavo de Carvalho, olha para o passado; é
aristocrática, religiosa e autoritária.
A
população urbana já havia enfrentado, após a Revolução Francesa, uma revolta
em fevereiro de 1848, responsável por destituir o “rei burguês”, como havia
sido interpretado, Luís Filipe d`Orleans, dando fim à monarquia de Julho e
instaurando a Segunda República Francesa. Entretanto, após um golpe de Estado
por Luís Bonaparte, reconhecido popularmente como “O Outro 18 de Brumário”, Bonaparte
instaurou o Segundo Império Francês e proclamou-se com soberba Napoleão III. Não por acaso no governo de
Napoleão III, a França envolveu-se em atritos constantes com a Prússia,
relacionados à sucessão espanhola. Com um telegrama falsificado por Otto Von
Bismarck, ofensivo ao povo francês, Napoleão III declarou guerra à Prússia. No
entanto, o exército prussiano estava mais bem preparado, vencendo facilmente os
franceses. Depois de algumas poucas semanas, o exército francês foi finalmente forçado a capitular na fortaleza de Sedan. O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o Segundo Império Francês entrou em colapso, mesmo que a nova República tenha decidido prolongar a guerra por meses. O Tratado de Frankfurt foi assinado: A França foi obrigada a entregar a província a Alsácia-Lorena para a Alemanha. O imperador foi feito prisioneiro em Sedan. Foi
proclamada a Terceira República Francesa legitimando um governo provisório de
defesa nacional para o qual Louis Adolphe Thiers foi eleito presidente. Foi formado por uma federação de representantes de bairro.
Este
tratado polarizou a política francesa em relação à Alemanha pelos próximos 40
anos. A reconquista da Alsácia-Lorena, as “províncias perdidas”, tornou-se uma
obsessão caracterizada por um revanchismo que seria um dos motivos mais
poderosos do envolvimento da França na Primeira Guerra Mundial. Os militares
alemães defenderam o controle da região da Alsácia, até os Vosges (cordilheira)
e a área entre Thionville (Diedenhofen) e Metz como requisito para a
proteção da Alemanha. Mais importante ainda, os militares alemães consideravam
o controle da rota entre Thionville e Metz como a área de controle mais
importante se houvesse uma futura guerra com a França. Sem uma mudança de
fronteira para o oeste, a fronteira do novo império com a França teria sido
amplamente dividida entre os estados de Baden e Baviera, cujos governos estavam
menos entusiasmados com a perspectiva de ter uma França vingativa à sua porta.
Também teria exigido o estacionamento de forças imperiais substanciais dentro
das fronteiras desses estados, possivelmente comprometendo sua capacidade de
exercer a considerável autonomia que os estados do sul foram capazes de manter
no tratado de unificação. Uma mudança na fronteira aliviou esses problemas.
A
nova fronteira política em grande parte (embora não inteiramente) seguiu a
fronteira linguística. O fato de que a maioria da população no novo território
da Terra Imperial (Reichsland) falava dialetos germânicos, e
anteriormente fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico até que foram
gradualmente obtidos pela França nos dois séculos anteriores, permitiu Berlim
justificar a anexação por motivos nacionalistas. No entanto, a conquista de
áreas de língua francesa, como a cidade de Metz, provocou indignação na França
e foi usada como um dos principais argumentos para o revanchismo francês. Os
recursos naturais da Alsácia-Lorena (minério de ferro e carvão) não parecem ter
desempenhado um papel na luta da Alemanha pelas áreas anexadas. A anexação
militar foi o principal objetivo declarado junto com a unificação do povo
alemão. Ao mesmo tempo, a França perdeu 1 447 000 hectares, 1 694 aldeias e 1
597 000 habitantes. Também perdeu 20% de seu potencial de mineração e
siderurgia. O tratado de comércio de 1862 com a Prússia não foi renovado, mas a
França concedeu à Alemanha, para comércio e navegação, uma cláusula de nação
mais favorecida. A França respeitaria integralmente as cláusulas do Tratado de
Frankfurt até 1914. A França também teve que efetuar um pagamento integral de 5
000 000 000 de francos em ouro, com um bilhão em 1871, antes de qualquer
retirada das forças alemãs que ocorreu em setembro de 1873.
Uma das suas primeiras proclamações foi a “abolição do sistema da
escravidão do salário de uma vez por todas”. A guarda nacional se misturou aos
soldados franceses, que se amotinaram e massacraram seus comandantes. O governo
oficial, que ainda existia, covarde, fugiu, junto com suas tropas leais, e
Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da federação dos bairros ocupou
este vácuo de poder, e se instalou na prefeitura. O comitê era formado por blanquistas,
membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, proudhonistas e uma
miscelânea de indivíduos não afiliados politicamente, a maioria trabalhadora
braçal, escritores, simpatizantes e artistas. Eleições foram realizadas em
todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída
pela guarda nacional. A educação foi secularizada. A previdência social foi
instituída e uma comissão de inquérito sobre o governo anterior. Decidiu-se por
trabalhar pela abolição da escravidão do salário: 90 representantes foram
eleitos, 25 trabalhadores e a maioria
foi constituída de pequeno-burgueses, mas os trabalhadores revolucionários
maioria. Em semanas, a recém-nomeada ComunadeParis introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois
séculos anteriores combinados.
Como
Louise Michel construiu sua imagem? Através do que os historiadores denominam erroneamente
o espontaneismo pelo seu
“romantismo”, ou seja, seu gosto pela desmedida, seu gosto pela erudição e pela
aventura. Jules Michelet testemunha o que as mulheres, no “imaginário feminino”,
representaram ao espírito da luta do século XIX. Louise Michel ganhou sua
grandeza enquanto mulher por encarnar tão bem o século XIX. Seus companheiros e
suas companheiras históricas nela se reconheciam, e ela não desmereceu suas
amizades. Pagou um preço alto pela sua vida de mulher: um celibato ostentado como
arma de liberação, que relegou Louise Michel durante um bom tempo às lembranças
acadêmicas empoeiradas do passado. Nossa juventude turbulenta era pouco
inclinada a entusiasmar-se por esse gênero de modelo. Aliás, ainda hoje apenas
os anarquistas federados a celebram. Numerosos são os que preferem
a marxista Rosa Luxemburgo, talvez em função de sua afirmação interpretada
e compreendida do ponto de vista da política e da sexualidade.
Róża
Luksemburg foi uma filósofa e importante economista marxista, polaco-alemã.
Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à socialdemocracia
da Polônia (SDKP), ao Partido
Socialdemocrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Socialdemocrata Independente
da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do
SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD). Em
1915, após o SPD apoiar a participação alemã na 1ª grande guerra, Rosa Luxemburgo
fundou, ao lado de Karl Liebknecht, a Liga Espartaquista. Em 1° de janeiro de
1919, a Liga transformou-se no KPD. Em novembro de 1918, durante a Revolução
Espartaquista, ela fundou o jornal: DieRoteFahne (“A Bandeira Vermelha”), para dar suporte aos ideais da Liga.
Contudo, Luxemburgo considerou o levante espartaquista de janeiro de 1919 em
Berlim como um grande erro. Ela apoiaria a insurreição que Liebknecht iniciou
sem seu conhecimento. Quando a revolta foi esmagada pelas Freikorps, milícias patriotas compostas por veteranos da 1ª guerra
que estavam desiludidos com a República de Weimar, estabelecida
na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial em 1919 e que durou até ao início do
regime nazista em 1933, tendo como sistema de governo uma democracia
representativa semipresidencial, mas que rejeitavam
igualmente o marxismo e o avanço comunista, Luxemburgo, Liebknecht e alguns de
seus seguidores foram capturados e assassinados. Róża foi fuzilada e seu corpo
jogado covardemente no curso d`água, reconhecido Landwehrkanal, em Berlim.
Como
é reconhecida, a história “sem solução” de continuidade do comunismo, enquanto
movimento social moderno e contemporâneo, tem início com a corrente de esquerda
da Revolução Francesa. Uma linha direta descendente liga a “conspiração dos
iguais” de Charles Babeuf, através de Felipe Buonarotti, às associações
revolucionárias de Blanqui dos anos 1830; e essas, por sua vez, se ligam –
através da Liga dos justos, formada pelos exilados alemães inspirada por eles,
– e que depois se tornará LigadosComunistas,
a Marx e Engels, que redigiram sob a encomenda da Liga, o Manifesto do Partido
Comunista. Portanto, é natural que a projetada “Biblioteca” de Marx e Engels,
de 1845, devesse iniciar com dois ramos da literatura: Babeuf e Buonarotti,
seguidos por Morely e Mably, que representavam a ala abertamente comunista,
seguidos pelos críticos de esquerda da igualdade da Revolução Francesa e pelo CercleSocial, de Herbert, Jacques Roux, Leclerc,
e assim por diante.
Todavia,
o interesse teórico do que Friedrich Engels definiria como “um instrumento
ascético que se inspirava em Esparta”, não era muito grande. Tão pouco os
escritores de 1830 e 1840, parecem ter impressionado favoravelmente Marx e
Engels. Aliás, Marx afirmava que precisamente por causa do primitivismo e da
unilateralidade de seus primeiros escritos teóricos do movimento “não foi por
acaso que o comunismo viu surgir diante de si outras doutrinas socialistas,
como as de Fourier, Proudhon, etc.; foi por necessidade”. Mesmo tendo lido os
seus escritos, inclusive os de figuras relativamente menores, como Lahautière
(1813-1882) e Pillot (1808-1877), Marx devia pouco à análise social e política
que consistia, na formulação da luta de classe como luta entre os proletários e
os seus exploradores capitalistas. Para sermos breves, lembramos que o
comunismo babouvista e neobabouvista foi importante por dois principais motivos como apresentaremos brevemente.
Em
primeiro lugar, ao contrário da maior parte das teorias socialistas utópicas,
estava empenhado a fundo na atividade política, e, portanto, não representava
apenas uma teoria revolucionária, mas também uma doutrina embora limitada da
práxis política, da organização, da estratégia e da tática. Seus principais
representantes nos anos 1830 – Laponneraye (1808-1849), Lahautière, Dézamy,
Pillot e, sobretudo, Blanqui – eram ativos revolucionários. Isso, juntamente
com o nexo entre eles inspirados na Revolução Francesa que Marx estudou a fundo,
tornava-os extremamente importantes para o desenvolvimento de seu pensamento
político. Em segundo lugar, mesmo se os escritores comunistas eram em suas
maiorias intelectuais marginais, o movimento comunista dos anos 1830 exerceu
uma evidente atração sobre os trabalhadores em geral. Além disso, se Lorenz von
Stein destacou esse fato político, ele não deixou de impressionar também Marx e
Engels que mais tarde, recordou o caráter proletário do movimento comunista dos
anos 1840, distinguindo-o do caráter burguês de quase todo o socialismo
utópico. Ipsofacto, desse movimento francês, – que adotou o nome de comunista
por volta de 1840, – os comunistas alemães, inclusive Marx e Engels, adotaram o
nome da própria doutrina influenciada por estes.
Rosa Luxemburgo defendeu o materialismo dialético de Marx e a concepção de
história. A mudança social qualitativa radical para a classe trabalhadora conduziria
Luxemburgo em uma época de revolução, que ela admitiu que havia chegado. Estava
determinada a levar o capitalismo a seus limites para desenvolver a consciência
de classe. A fim de obter organização e essa consciência, os trabalhadores
tinham que ir à greve para testar a luta entre contrários à exploração; isso
não seria exequível através de adesão “cega” à organização de um partido. Uma
característica peculiar do pensamento de Róża deve-se o seu posicionamento em
relação ao cristianismo. Vale lembrar que ela escreveu um opúsculo denominado
“O Socialismo e as Igrejas” (1905), onde, embora fosse claramente ateia, atacou menos a
religião enquanto tal e mais a política reacionária
da Igreja. Essa liberdade não é absoluta, mas relativa, posto que em sociedade, o ser humano deve exercê-la no limite em que as leis e as regras permitem. E nesse ponto, há sociedades avançadas, livres, abertas e democráticas, enquanto outras permaneceram estagnadas, fechadas, opressivas e retrógradas.
Nessa obra afirmou que os socialistas eram mais fidedignos aos preceitos
originais do cristianismo do que o clero conservador, pois os socialistas
lutavam por uma ordem social de igualdade, liberdade e fraternidade, e,
portanto, os padres deveriam acolher favoravelmente o socialismo, se quisessem
religiosamente aplicar o preceito cristão de “amar o próximo, como a si mesmo”.
Além disso, denunciava o clero que apoiava os ricos, que exploram e oprimem os
pobres, afirmando que ele estaria em contradição explícita com os ensinamentos
cristãos, tal clero não serviria a Cristo, mas em sua interpretação ao modelo de capitalismo. Os
primeiros cristãos seriam comunistas apaixonados e denunciavam a injustiça
social. Essa causa seria do movimento socialista que traria aos
pobres o Evangelho da fraternidade e da igualdade, chamando o povo para estabelecer
na terra o reino da liberdade e do amor pelo próximo. Em vez de se envolver na batalha filosófica, em nome do materialismo histórico de Karl Marx e Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo procurava salvar a
dimensão social da tradição cristã para transmiti-la em verdade ao movimento
operário.
Mulheres presas aguardando deportação por participarem da Comuna de Paris, 1871.Em
Mitte, bairro central de Berlim, a Praça Rosa Luxemburgo e a estação do Metro
de Berlim que ali desemboca foram nomeadas em homenagem a Rosa Luxemburgo pelo
governo da então Alemanha Oriental. Os nomes permaneceram os mesmos após a
reunificação da Alemanha em 1989. Há, também em Berlim, um monumento em
homenagem a Luxemburgo no canal onde seu corpo teria sido jogado pelos
paramilitares do Freikorps. Na sede
do Neues Deutschland (Nova Alemanha), jornal diário alemão, atualmente sediado em Berlim. Durante 43 anos, foi o jornal oficial do partido do Partido da Unidade Socialista da Alemanha, que governou a Alemanha Oriental como ditadura do proletariado e, como tal, serviu como um dos órgãos mais importantes do partido. É jornal oficial do extinto Partido
Socialista Unificado da Alemanha e do atual Partido de Esquerda, há uma estátua
de Rosa Luxemburgo, feita por Rolf Biebl. No distrito de Wola, em Varsóvia, uma
indústria fabricante de lâmpadas foi nomeada Róży Luksemburg,
durante o governo da República Popular da Polônia. Em 1919, e renomado esteta
marxista Bertolt Brecht escreveu um epitáfio em homenagem a ela, que recebeu
música de Kurt Weill em 1928, renomeando O Réquiem de Berlim. Kurt
Julian Weill (1900-1950) foi um compositor alemão, autor de canções e
da Ópera dos Três Vintens, transposição da Ópera dos Mendigos de Pepusch.
Nasceu numa família judaica religiosa em que o seu pai era cantor numa sinagoga,
e demonstrou talento musical desde tenra idade. Estudou composição musical no
Conservatório de Berlim com Ferruccio Busoni. Colaborou com Bertolt Brecht em
finais da década de 1920 na produção e criação de óperas e musicais, tais como Aufstieg
und Fall der Stadt Mahagonny, Die Dreigroschenoper e Os Sete
Pecados Mortais.
Também
sobre Luxemburgo, o escritor e historiador britânico Isaac Deutscher, expoente
da chamada Nova Esquerda, escreveu: -
“Com o seu assassinato, a Alemanha dos
Hohenzollern celebra o seu último triunfo, e a Alemanha nazi, o seu primeiro”.
Durante muito tempo, o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder planejou dirigir
um filme sobre a vida de Rosa Luxemburgo. Em 1982, quando ele morreu,
Margarethe von Trotta assumiu a direção do longa-metragem. Ela, entretanto,
preferiu não utilizar as anotações originais de Fassbinder, pois para a
cineasta “fazer um filme é escrever, e dirigir significa encontrar sua própria
visão”. Assim sendo, Die Geduld der Rosa
Luxemburg chegou à famosa telona em 1986 com Barbara Sukowa no papel de
Rosa Luxemburgo, Sukowa, que havia trabalhado com Fassbinder em Lola e em Berlin Alexanderplatz, recebeu por mérito o prêmio de melhor atriz
no Festival de Cannes por sua interpretação no papel humanista de Luxemburgo. O
filme recebeu o Prêmio de Cinema Alemão de 1986 de Melhor Longa-Metragem (Bester Spielfilm) e Barbara Sukowa
ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cannes e o Prêmio de Cinema
Alemão de Melhor Atriz por sua atuação como Rosa Luxemburgo. O companheiro Jogiches
foi interpretado por Daniel Olbrychski no filme: Die Blechtrommel, de 1979 (“O Tambor”)
dirigido por Volker Schlondorff, proeminente do Novo Cinema Alemão da década de 1960 e início dos anos 1970, que
também incluía a magnanimidade de Werner Herzog, Wim Wenders e Rainer Werner
Fassbinder, casado com a cineasta Margarethe von Trotta. Alexanderplatz é uma das mais reconhecidas e provavelmente maior praça de Berlim.
Já serviu de
palco para protestos e cenas de diversos filmes, entre eles: “Good Bye Lenin”,
dirigido por Wolfgang Becker (2003) e “A Supremacia Bourne”, dirigido por Paul
Greengrass (2004). Originalmente no local havia uma feira de gado que se
chamava Ochsen Markt ou Ochsenplatz. Em novembro de 1805, recebeu seu nome numa
homenagem ao czar russo Alexander I que havia visitado a cidade em outubro
daquele ano. Foi o Imperador da Rússia de 1801 até sua morte, em 1825, também
sendo o primeiro russo Rei da Polônia e Grão-Duque da Finlândia. Era filho do
imperador Paulo I e Sofia Doroteia de Württemberg, ascendendo ao trono após o
assassinato do pai. A praça é chamada pelos moradores simplesmente devido à sua
localização perto da Alexanderplatz. Mas a torre é apelidada de Alex,
especialmente por visitantes estrangeiros de Berlim. Com a construção da estação de trem em
1882, o Mercado Central em 1886 e a loja de departamentos Tietz, torna-se um extraordinário centro comercial. É, uma grande praça terminal de transportes
públicos no centro de Berlim, próximo do rio Spree e do Berliner Dom. É
o centro de Berlim desde a Idade Média. Nela começaram os protestos que dinamizaram a queda do Muro de Berlim em 1989.
Embora
no final da guerra a zona tenha ficado completamente destruída pelos
bombardeios, durante as três décadas em que Berlim esteve dividida,
Alexanderplatz representou o centro comunista Oriental. Entretanto, nessa
região, como o rio Spree pertencia à Alemanha Oriental, havia apenas a barreira
interna e Faixa da Morte, seguida do rio também vigiado. Na outra margem do rio
Spree encontra-se o bairro de Kreuzberg. Após a queda do muro de Berlim, o artista Thierry Noir, reconhecido “por ser o primeiro a usar o
muro como grande tela, só que do lado ocidental, inicia uma ação de pintura no
lado oriental do muro”. Como parte do plano para reformar a cidade, a República
Democrática Alemã ampliou a Alexanderplatz e fez dela uma zona urbana para uso
exclusivo destes pedestres. Para demonstrar o poder cotidianamente/persuasivo
daquele governo, em 1969, levantaram a Torre de Televisão (Berliner
Fernsehturm), que atualmente continua sendo uma das edificações mais altas da
Europa. O acontecimento histórico-político mais importante ocorrido na Alexanderplatz foram os
protestos sociais de 4 de novembro de 1989. Exatamente meio milhão de pessoas
se manifestaram publicamente pela unidade da zona com o governo comunista. Cinco dias
depois, em 9 de novembro, o governo anunciou a liberdade para atravessar o Muro
de Berlim.
Em
1984, Thierry Noir começou a pintar o Muro de Berlim com o colega artista francês
Christophe-Emmanuel Bouchet. Suas primeiras pinturas foram uma reação à
melancolia, tristeza, e “pressão da vida cotidiana” que eles experimentaram
vivendo tão perto do Muro. Eles usaram tinta retirada de canteiros de obras
próximos ou deixada para trás por trabalhadores da cidade. Antes disso, o
grafite no Muro consistia principalmente em slogans antiamericanos, notas
racistas e mensagens engraçadas. O próprio Noir observou que pintar grandes
imagens na Muralha era visto como um “tabu, mesmo entre pessoas alternativas”.
O status de Noir e Bouchet como estrangeiros permitiu que eles
efetivamente contornassem esse tabu. Uma das primeiras obras que
pintaram na parede foi uma homenagem A fábula de Jean de La Fontaine sobre “A
Tartaruga e a Lebre” perto da Potsdamer Platz. Inicialmente, os berlinenses eram cautelosos
ou mesmo hostis em sua atitude em relação ao trabalho de Noir. Alguns estavam
preocupados com a fonte de seu potencial apoio financeiro, sugerindo que ele
poderia trabalhar para a CIA dos Estados Unidos ou
que ele poderia ser um espião francês.
Thierry Noir
também teve que pintar rapidamente e sub-repticiamente para evitar ser pego
pelos Genztruppen, os famigerados guardas de fronteira da República Democrática
Alemã. Devido a essas restrições, Noir desenvolveu seu estilo icônico que ele
apelidou de Fast Form Manifest para retratar suas figuras com uma linha
contínua e apenas algumas cores. Apesar
das dificuldades iniciais seu trabalho conquistou a apreciação dos residentes
de Berlim e ajudou a criar um movimento artístico em torno do Muro que atraiu
vários artistas como Kiddy Citny e artistas internacionais visitantes,
incluindo Richard Hambleton e Keith Haring. Ao longo de cinco anos, Noir pintou
cerca de seis quilômetros do Muro de Berlim, que foi derrubado em 1989. Após a
queda do Muro de Berlim, Noir foi um dos artistas convidados a criar murais na
East Side Gallery, que foi fundada em 1990. A Galeria é um remanescente de
1.316 metros do Muro de Berlim preservado em Friedrichshain-Kreuzberg que não
foi demolido porque ficava do outro lado do rio Spree, na Berlim Oriental
controlada pela RDA. Desde 1990, os murais de Noir na East Side Gallery foram considerados
um marco de Berlim. Em 23 de junho 33 seções pintadas do Muro de Berlim com
obras de arte de Thierry Noir que haviam sido salvas da destruição foram leiloadas no
Hotel Metrópole, em Monte Carlo, uma estância luxuosa reconhecida pelo seu glamour para um público internacional. Sua obra de arte internacionalizou-se para coleções e museus em todo o mundo.
Ele
também colaborou com o grupo de rock irlandês U2, que o contratou para pintar
uma série de seis carros Trabant para a turnê Zoo TV de 1992. Os Trabants de
Noir foram incorporados aos equipamentos de iluminação da turnê, e imagens
deles foram usadas como capa de singles do U2, incluindo The Fly e Mysterious
Ways. Um dos Trabants de Noir também foi destaque na capa do álbum do U2,
Achtung Baby. Para comemorar o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim em
2009, Noir foi convidado a ir a Los Angeles para participar do Projeto The Wall
do Museu Wende. Dez segmentos originais do Muro de Berlim foram importados para
os Estados Unidos e pintados recentemente em Los Angeles por Noir e artistas de
Los Angeles, incluindo Shepard Fairey , Retna e Kent Twitchell . Essas obras
foram então exibidas permanentemente em 5900 Wilshire Boulevard, perto do Museu
de Arte do Condado de Los Angeles. Noir viajou para Londres em 2013 para
colaborar com o artista britânico STIK em um grande mural no Village
Underground em Shoreditch e para fazer uma palestra pública na Somerset House
sobre a história da arte de rua. Enquanto estava em Londres, Thierry Noir pintou vários
novos murais em seu estilo característico nas paredes de Shoreditch e Dalston.
Ipso
facto ele também trabalhou com a Dulwich Picture Gallery em
uma reinterpretação da obra-prima barroca de Giovanni Battista Tiepolo , Joseph
Reposing Pharaoh's Ring (1755), que faz parte da coleção permanente da Gallery
como um mural em Dulwich Park. Vinte e cinco anos após a queda do Muro de
Berlim em 2014, Noir realizou uma exposição retrospectiva em Londres. A
exposição contou com obras de arte originais, filmes, fotografias e
entrevistas. Naquele ano, Noir foi
contratado pelo Museu de Londres para criar um mural na entrada da rotunda do
museu e também foi contratado pela Embaixada da Alemanha no Reino Unido para
pintar um mural na Belgrave Square de Londres para comemorar o 25º aniversário.
Noir também pintou o interior do antigo prédio da Embaixada da Alemanha
Oriental em 34 Belgrave Square. Ainda em 2014, a retrospectiva de Noir viajou
para Los Angeles, onde pintou um mural gigante de 100 metros de comprimento na South
Spring Street em reconhecimento à relação das cidades irmãs entre Berlim e Los Angeles.
Durante o ano de 2017, pintou suas três obras públicas de maior escala global na
época em Londres, Los Angeles e Sydney. Em Londres, Noir pintou um bloco de
torre de 37 metros de altura em Acton, considerado “o mural mais alto da
Grã-Bretanha”. Em Los Angeles, ele completou um mural de 15.000 pés quadrados
em North Hollywood. Em Sydney, ele pintou uma antiga fábrica de geleia em Surry
Hills.
Bibliografia geral
consultada.
GIRAULT, Ernest, La
Bonne Louise. Paris: Bibliothèque des Auteurs Modernes, 1906; BOYER, Irma, La Vierge Rouge. Louise Michel, d’Après des
Documents Inédits, avec Quatre Portraits. Paris: André Delpeuch editeur
1927; Idem, Luisa Michel - La Virgen
Roja.Buenos
Aires. Editorial Futuro, 1946; THOMAS, Édith, Louise Michel ou la Velléda de l`Anarchie. Paris: Éditions
Gallimard, 1971; MICHEL, Louise, La
Commune: Histoire & Souvenirs. I e II. Paris: François Maspero, 1970;
Idem, A Comuna 1. Lisboa. Editorial
Presença, 1971; Idem, A Comuna 2.
Lisboa. Editorial Presença, 1971; Idem, Mis
Recuerdos de la Comuna. México: Siglo Veintiuno Editores, 1973; DURAND,
Pierre, Louise Michel ou la Révolution
Romantique. Paris: Éditeurs Français Réunis, 1971; Idem, Louise Michel, la Passion. Pantin:
Editeur Les Temps des Cerises, 2005; LEJEUNE, Paule, Louise Michel l’Indomptable. Paris: Éditions Des Femmes, 1978; LASCHITZA, Annelies, “Une Marxiste Éminente”. In: BADIA, Gilbert,
WEILL, Claudie, Rosa Luxemburg Aujourd’hui. Paris: Presses
Universitaires de Vincennes, 1986; BROUÉ, Pierre, Histoire de
l’Internationale Communiste 1919-43. Paris: Éditions Fayard, 1997; FRANCESCANGELI,
Eros, Arditi del Popolo - Argo Secondari e la Prima Organizzazione Antifascista
(1917-1922). Rome: Editore Odradek, 2000; GALVÃO, Walnice Nogueira, A Donzela-Guerreira. São Paulo: Editora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, 1998; URIE, Yves, Victorine, le Grand Secret de Louise Michel,
chez l’Auteur, 2000; RAGON, Michel, Georges
et Louise. Paris: Editeur Albin Michel, 2000; PLANCHE, Fernand, La Vie Ardente et Intrépide de Louise Michel.
Paris: Édition Tops-H. Trinquier, 2005; LODI-CORRÊA, Samantha, Lodi-Corrêa, Entre a Pena e a Baioneta: Louise Michel e
Nadehzda Kruspskaia, Educadoras em Contextos Revolucionários. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2016; ALMEIDA, Nuno Ramos de, “Sobre
Efemérides, Mulheres e Amores”. Disponível em:http://outraspalavras.net/23/03/2017; FONSECA, Ludmilla
Carvalho, “Anarco-Feminismo e Crítica Literária: Breves Apontamentos sobre uma
Vertente Radical da Literatura Feminista”. In: Seminário Internacional
Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress. Florianópolis, 2017; entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário