Filme Faroeste Caboclo - Política & Cinema Brasileiro
Ubiracy de Souza Braga
“Só para sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu”. Renato
Russo - Faroeste Caboclo (1979).
A canção “Faroeste Caboclo” foi composta
por Renato Russo em 1979 e lançada por seu grupo, LegiãoUrbana, no álbum: “Que
País É Este 1978/1987”, de 1987. Ganhou repercussão nacional quando do
lançamento do álbum e, por isso, foi lançada como o terceiro single do mercado promocional em 1988.
Por motivo de censura, houve a necessidade de editar a canção para a aprovação
pela censura federal. Em 2013, a canção ganhou uma adaptação cinematográfica,
dirigida por René Sampaio e com roteiro de Victor Atherino. A canção foi composta
em 1979, na chamada fase “Trovador Solitário” de Renato Russo. Em entrevista
para Leoni, Renato Russo revela que escreveu a música em duas tardes e que o
roteiro foi improvisado, escrevendo-se os versos tomando em consideração as
rimas a serem feitas com os versos anteriores. Essa opção por uma etnografia menos
singular do que a letra da música é um dos acertos do diretor estreante René
Sampaio. João, o sertanejo da cidade
de Santo Cristo que no fim dos anos 1970 encontra em Brasília o amor e a morte,
não tem como dividir com os outros sua sombria predestinação. É herói
solitário como os tipos condenados dos westerns,
e ao tornar mais introspectiva essa jornada, ao negar a audiência da “via crúcis que virou circo”, o filme dramatiza o contexto de Faroeste Caboclo.
O
genial Renato Russo entende que o enredo tem falhas, “como não explicar por que
João aceita ir ao lugar do boiadeiro para Brasília ou porque a Maria Lúcia se
casou com Jeremias”. A inspiração segundo o próprio autor foi Hurricane,
canção de Bob Dylan presente no álbum Desire,
de 1976, e que narra a complacente história do boxeador Rubin Carter. Ainda
sobre suas inspirações, o compositor cita “Domingo no Parque” (1968), de
Gilberto Gil, Raul Seixas e a tradição oral presente do povo brasileiro. A
canção contém 168 versos. Segundo o jornalista e historiador Marcelo Fróes, no
manuscrito original com a letra de “Faroeste Caboclo” havia uma anotação de
Renato dizendo que imaginava a música como baião cantado por Luiz Gonzaga. Com
9'03, a canção tem uma duração longa e aparentemente incomum, porém,
outras duas composições de Renato Russo são mais extensas: “Metal Contra as
Nuvens” (11`22”) e “Clarisse” (10`32”). Na gravação original, a
canção tem andamento moderado, com tempo de 180 bpm e é executada estilisticamente em dó maior.
Em
2004, Renato Russo foi condecorado in memoriam com a Ordem do Mérito Cultural,
em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto. A entrega da insígnia foi
feita pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e pelo Ministro da
Cultura Gilberto Gil. Em 2006, artistas de variados estilos fizeram uma
homenagem ao ícone no CD Renato Russo - Uma Celebração. Já em 2013, trechos de
suas composições mais famosas foram usadas durante os protestos que mobilizaram
o país entre junho e julho, uma prova de que os conceitos que ajudou a criar se
tornaram referência e pretendem ser seguidos pelas novas gerações. Em 2016, o filho Giuliano Manfredini
organizou um novo tributo, intitulado Viva Renato Russo. O álbum conta com
versões de músicas da Legião Urbana, interpretadas por novas bandas do rock
nacional, como Vespas Mandarinas, Selvagens à Procura de Lei, Far
From Alaska, entre outros. Renato foi homenageado “pelo conjunto de sua
obra” e pela influência no cinema brasileiro na 8ª Edição do LABRFF - Los
Angeles Brazilian Film Festival, importante festival do cinema brasileiro
fora do Brasil. No dia 20 de julho de 2012, uma estátua foi inaugurada, na Ilha
do Governador, no Rio de Janeiro, bairro onde nasceu o músico, na Estrada do Galeão,
altura do número 2 275, com a presença de amigos e familiares do artista. O
monumento de bronze está instalado sobre um palco de granito de dois metros de
diâmetro e é assinado pelo artista Ique, sob encomenda da prefeitura. A peça
pesa 250 quilos e tem 1,75 metros. Em 18 de fevereiro de 2017, Renato Russo foi
homenageado no Museu da Imagem e do Som. Mais de mil itens da coleção
particular do artista entraram em exposição.
Tido
como uma canção inadaptável, “Faroeste Caboclo” penetra muito bem no cinema,
oferecendo ação, representação da violência urbana, amor, romance e suspense.
Tudo isso sem ser pudico ou esconder a realidade daquela juventude, desregrada
à sexo, drogas e violência urbana. A canção foi inutilmente censurada,
comparativamente ao contexto de “Conexão Amazônica”, do mesmo disco. No ideário
político do censor, no caso de “Faroeste Caboclo” pelos palavrões, enquanto
“Conexão Amazônica” por causa da temática, já que falava sobre o tráfico de
drogas. Trata-se de censura prévia à arte em qualquer parte. Porém, em
“Faroeste Caboclo”, foi realizada uma edição idiotizada “onde se colocou um
sinal sonoro sobre os palavrões”. Com isso, a música foi “liberada” para
radiodifusão em nível nacional. Outras mídias optaram por fazer edições, como a
89 FM, que reproduz uma edição de 8`49” para concordar com a “retirada” dos
palavrões. Apesar disto, a música representou um grande sucesso massivo de
público e de consumo, tendo sido a 24ª mais reproduzida durante a temporada corrente
de 1988. A canção é bem rememorada da banda, estando em todas as coletâneas e
álbuns gravados ao vivo desta composição. Foi regravada, por exemplo, recentemente
por Toni Platão no álbum “Renato Russo - Uma Celebração”, de 2006, e pela banda
Tianastácia no álbum “Tianastácia no
País das Maravilhas”, de 2009.
O
primeiro trabalho artístico profissional de Fabrício Boliveira ocorreu na peça teatral
baiana “Capitães da Areia”, produção da Companhia Baiana de Patifaria, dirigida
por Lelo Filho e Fernanda Paquelet em 2002, quando ainda era estudante da UFBA.
Na adaptação teatral do romance de Jorge Amado, o ator deu vida a João Grande,
o segundo na hierarquia da gangue de
rua liderada por Pedro Bala. Vista por cerca de 40 mil pessoas, em duas
temporadas em Salvador e viagens pelo interior e por outros estados, o
espetáculo ofereceu o terreno fértil para o começo de Fabrício Boliveira. Além
de “Capitães da Areia”, Fabrício Boliveira esteve no elenco das peças teatrais:
“A Invasão” (2004); “A Farsa da Boa Preguiça” (2004); “Cinderela Black Power” e “Antonio, Meu Santo”. No
cinema, além de alguns curtas-metragens, Fabrício Boliveira havia participado do longa-metragem
“A Máquina”, de João Falcão. Antônio mora em Nordestina, uma cidadezinha que nem existe no mapa, e é apaixonado por Karina, que não vê a hora de ir embora para tentar ser atriz de TV. Apaixonado, Antônio promete trazer o mundo até sua amada para que ela não precise partir. A
estreia de Fabrício Boliveira na televisão ocorreu nesta sequência em 2006, com
o escravo Bastião, da extraordinária novela “Sinhá Moça” (2006), que chamou
atenção pelo tom de dissimulação do personagem e pela desenvoltura do novato no
vídeo. Pelo papel, ganhou o Prêmio Contigo
de ator revelação em 2007.
O ator, que tinha terminado há pouco tempo o curso
de Interpretação na Escola de Teatro
da Universidade Federal da Bahia, havia se cadastrado no banco de atores da emissora Rede Globo. Depois,
participou de um episódio da série “Cidade dos Homens” sobre criminalidade
urbana na cidade do Rio de Janeiro e participou ainda do papel do personagem literário Saci no
“Sítio do Picapau Amarelo”. Antes, em 2004, havia atuado em “O Bêbado em Cama
Alheia”, do Polo de Teledramaturgia da Bahia (Pote). A paixão do ator pela
televisão curiosamente ocorreu através da publicidade. Bem antes de se tornar ator
profissional, Fabrício Boliveira pôde ser visto na Bahia fazendo várias
campanhas publicitárias, seja para produtos comerciais, eventos, políticos e governos. Entre
2003 e 2005 foi Apresentador do programa “Tô Chegando” do governo da Bahia. Em
2008, o ator participa da novela “A Favorita”, da Rede Globo. No final de 2009,
atuou na peça teatral “Quebramar”, de Tarcísio Lara Puiati, com Letícia
Cannavale e Brisa Caleri, com direção de Renato Farias. Fabrício Boliveira
participou no elenco do extraordinário filme “400 contra
1” que estreou em agosto de 2010. O
filme é ambientado nos anos 1970, quando um grupo de presos resolve se unir
para lutar por direitos civis. William da Silva é um dos líderes
deste grupo. Ele cumpriu pena no presídio da Ilha Grande, no Instituto Penal
Cândido Mendes, anteriormente chamado Colônia Penal de Dois Rios,
foi um presídio localizado na Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde presos
comuns eram colocados lado a lado com presos políticos, convivendo de forma
pouco amigável. Com a mente transformada, William cria uma aliança
político-ideológica onde a amizade se fortalece entre conflitos e assaltos, um
dos grandes articuladores daquilo que viria a se tornar o chamado Comando Vermelho, reconhecido comoCV.
Em
“Faroeste Caboclo”, objeto de reflexão nestas notas, a adaptação ao cinema da
música da Legião Urbana, Fabrício Boliveira faz o protagonista João de Santo
Cristo, junto de Ísis Valverde que vive Maria Lúcia e Felipe Abib como
Jeremias. A saga retratada na música foi escrita por Renato Russo em 1979, como
vimos, apesar de ter sido incluída apenas no álbum de 1987 da Legião, “Que País
É Este”. FaroesteCaboclo acompanha a história dramática de
João de Santo Cristo, que sai de Salvador e vai para Brasília, “capital da
solidão”, onde começa a traficar drogas. Em Brasília, ele se apaixona por Maria
Lucia e se envolve em uma disputa com Jeremias, outro traficante. Provisoriamente
podemos dizer: vingança é a perseguição que resiste, opõe-se e subestima. E
terá esta perseguição suportada e conduzida à reflexão até hoje vigente. Quando
procede a mencionada dimensão atribuída ao espírito de vingança? Então é
preciso que tal dimensão seja vista desde a sua constituição íntima. Para que
tal olhar venha a ter em certa medida algum sucesso, consideremos em que
configuração essencial se manifesta modernamente. Esta estruturação essencial
do ser vem à fala numa forma clássica, segundo a palavra de Nietzsche,
no pensamento até hoje vigente determinado pelo “espírito de vingança”. Como
pensa Nietzsche a essência da vingança, se for possível expressar-se na vontade de potência, posto que ele a pensa metafisicamente?
Podemos pensar à medida que temos a possibilidade para tal. Porém, ainda não
nos garante que o possamos na possibilidade.
Na
narrativa o personagem João chega a Brasília em busca de um emprego. Neste
momento aparece a primeira alusão às cidades do Distrito Federal, Taguatinga. O
personagem admira-se com a modernidade da cidade e Renato Russo põe na voz de
seu personagem a admiração que ele próprio tinha pela cidade. O qualificador
para dizer como João ficou quando conhece Brasília é “bestificado”, mais uma
vez o campo semântico de besta, fera, terror, mas que pode ser entendido como
"bestializado", na tradição da história política brasileira: - “E João aceitou sua proposta. E num ônibus entrou no Planalto
Central. Ele ficou bestificado com a cidade Saindo da rodoviária, viu as luzes
de Natal - Meu Deus, mas que cidade linda. No Ano Novo eu começo a trabalhar. Cortar
madeira, aprendiz de carpinteiro. Ganhava cem mil por mês em Taguatinga”. Temos
a apresentação de mais um personagem de origem obscura, o que se comprova pelo
uso do adjetivo “bastardo”.
Parente
de Santo Cristo, Pablo, tem importante função na trama, ele é o fornecedor de
drogas e armas para João: Na sexta-feira ia pra zona da cidade Gastar todo o
seu dinheiro de rapaz trabalhador E conhecia muita gente interessante Até um
neto bastardo do seu bisavô. Um peruano que vivia na Bolívia E muitas coisas
trazia de lá Seu nome era Pablo e ele dizia Que um negócio ele ia começar. Na
quinta aparição do “não”, na estrofe que se segue, há a presença textual do
signo linguístico “morte” no uso de um superlativo do verbo “trabalhar”. Pouco
era o dinheiro honesto que ganhava ao trabalhar, o que cutuca as falácias do
governo, e decide embarcar no crime, que desde pequeno o acompanhava. Renato Russo
trabalha as questões do nome de João, etimologicamente na relação cristã, o que se vê por
meio das marcas “plano santo” e “ser crucificado”, etc.
O
filme narra a história social de João de Santo Cristo, que, ao ver toda sua família
morta, se rebela e vai para jesus Salvador. Lá chegando, encontra um boiadeiro
que vai para Brasília, mas que pede para João ir em seu lugar. Ele pretende
começar uma nova vida. Porém, diante de dificuldades econômicas, vira
traficante de drogas, seguindo os passos de um peruano chamado Pablo.
Posteriormente, ele tenta se redimir ao apaixonar-se pela jovem mulher chamada
Maria Lúcia. Ao ver-se, porém, ameaçado por um homem rico e influente, decide
trabalhar no contrabando de produtos de consumo alucinógenos da cultura quéchua para se armar, se distanciando e
Maria Lúcia e passando a morar em Planaltina. Ao voltar a ver sua amada,
percebe que um traficante rival, Jeremias, casou e engravidou Maria Lúcia;
João, então, decide marcar um duelo com ele em Ceilândia, comparativamente como
ocorre na balada de Renato Russo e acaba morrendo levando um tiro pelas costas.
Ainda agonizando, ele recebe sua arma de Maria Lúcia e dá cinco tiros em
Jeremias. Maria Lúcia, arrependida, se mata.
Desnecessário
dizer que um dos campos de observação mais ricos para o analista social
refere-se à relação entre ideologia e linguagem, tendo em vista que as
pesquisas desenvolvidas acerca da atividade legislativa brasileira têm
questionado o conteúdo das leis apresentadas e aprovadas no âmbito do Congresso
Nacional. A principal preocupação compartilhada pela maioria desses estudos é
se as leis concentram ou difundem benefícios, caracterizada pela apresentação
de matérias que difundem benefícios a toda a sociedade (leis nacionais) ou pela
apresentação de proposições com benefícios territorialmente concentrados. As
palavras, as inflexões, o modo de construir as frases, cada uma dessas coisas
tem sua própria história. Tanto em sua gênese como em seu emprego, seus desejos
subterrâneos, os termos da linguagem põem a nu os valores das sociedades que os
criaram e os mantêm vivos. Não são necessárias as formas mais abstratas de
representação da teoria e as construções filosóficas da modernidade para
compreendermos as distorções ideológicas em suas manifestações individuais (os
sonhos) e coletivas (os mitos, os ritos, os símbolos).
O
termo discurso pode também ser definido do ponto de vista lógico. Quando
pretendemos significar algo a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir
um conjunto de informações coerentes - essa coerência é uma condição essencial
para que o discurso seja entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas
para dar uma estrutura compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam
com regras lógicas para estruturar o pensamento. Um discurso político, por
exemplo, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do discurso econômico.
Mas politicamente pode operar a dimensão econômica produzindo efeitos sociais
específicos em termos de persuasão. Como poucas obras da Antiguidade,
descoberta em 1820 na ilha de Milo, a Vênus de Milo, sobreviveu relativamente
incólume à crítica romântica e modernista, vendo sua fama crescer
indefinidamente. Têm sido objeto de muitos estudos especializados e adquiriu o
status de ícone popular, reproduzida vezes incontáveis como estatueta, em
estampas, filmes, literatura, souvenires turísticos e outros itens para o
consumo de massa. É hoje uma das estátuas antigas mais conhecidas do mundo. Sua
autoria e datação permanecem controversas, mas formou-se um consenso de que
seja realmente uma obra helenística que recupera elementos
clássicos, é atribuída a Alexandros de Antioquia. Apesar de conter
uma representação de Vênus, deusa da beleza e do amor, tampouco essa identificação
é absolutamente segura.
Há
discursos no filme hic et nunc que proporciona uma brecha que permite que o espectador
perceba os fatores sociais que tornam Brasília uma capital da política
alienante - a cidade do modernismo fantástico de Oscar Niemeyer cujos espaços
de exclusão social consumam o isolamento de João. A quadra onde mora Maria
Lúcia (Ísis Valverde) é um desses lugares, e João com algum malabarismo
consegue com a escalada do prédio, burlar a distância social que o separa dela.
Mas basta voltarmos à Ceilândia, bairro da periferia do Plano Piloto, consegue
emular bem - para entender que João não pertence a Brasília, porque ninguém
pertence a Brasília de fato. O cineasta René Sampaio faz com mérito essas
escolhas que potencializam a história de João, e filma o esperado duelo com a
gramática visual que se tornou regra nos faroestes. O grande trunfo de
“Faroeste Caboclo”, porém, é a escolha de Fabrício Boliveira para interpretar o
protagonista. Como a canção não precisa a etnia, pois diz que João
sofria preconceito de cor, seria muito fácil, e até lógico do ponto de
vista do mercado, colocar um ator mulato como herói, uma forma de atingir um
público maior da nação negra brasileira.
Os
caboclos formam o mais numeroso grupo populacional da região Norte do Brasil
(Amazônia) e de alguns estados da região Nordeste como Rio Grande do Norte,
Piauí, Maranhão, Alagoas, Ceará e Paraíba. Contudo, a quantificação do número
de pessoas consideradas caboclas no Brasil não é tarefa difícil, segundo os
métodos usados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
seus recenseamentos. Os caboclos entram na contagem dos 44,2% de pessoas erroneamente
consideradas “pardas”, grupo que também inclui mulatos, cafuzos, e várias
outras combinações da miscigenação de negros ou índios com outras raças, como
negro e oriental, índio e oriental, negro, índio e branco, negro, índio e
oriental etc. Os atributos que definem a categoria social caboclo são
econômicos, políticos e culturais. O termo refere-se aos pequenos produtores
familiares da Amazônia que vivem da exploração dos recursos da floresta. Os
principais atributos culturais que distinguem os caboclos dos pequenos
produtores de imigração são o conhecimento
da floresta, para lembrarmo-nos de Chico Mendes, os hábitos alimentares e de
moradia. Devido a seus atributos, os dois, caboclo e imigrante, podem ser
alocados na categoria social mais ampla de camponeses.
Para
a felicidade dos fãs clubes da banda LegiãoUrbana, o resultado do filme “Faroeste
Caboclo” é extraordinário. Trata-se de um cinema de altíssima qualidade, com
bela fotografia de Gustavo Hadba, direção de arte e ótimas atuações de um
elenco só aparentemente formado por desconhecidos. Fabrício Boliveira surge com
muita dedicação demonstrando seu talento em cena como João de Santo Cristo, um
sujeito que se muda para Brasília à procura de uma nova vida. Lá, encontra seu
primo Pablo (César Troncoso), um traficante que logo lhe oferece “um espaço em
seu negócio”. Ao lado do parente, ele começa a se envolver na venda de drogas
na ala Sul da Capital Federal, incomodando um bandido local chamado Jeremias
(Felipe Abib). Neste meio social, João conhece Maria Lúcia (Ísis Valverde), com
quem começa a viver um grande amor. O elenco conta com as participações de
Flavio Bauraqui, Antonio Calloni e Marcos Paulo. Bauraqui se sai melhor do trio
veterano em poucos flashbacks como o
pai de João, o suficiente para representar uma grande dramaticidade. Calloni
representa um personagem mais caricato, como o policial corrupto que persegue
João. Marcos Paulo tem uma atuação discreta do senador que é pai de Maria
Lúcia. Este foi o último papel do ator nas telonas. Ele faleceu no final de
2012, vítima de uma embolia pulmonar.
Bibliografia
geral consultada. FERNANDES, Florestan, A Integração do Negro à Sociedade de Classes. Tese de Livre Docência. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 1964. 3ª edição. São
Paulo: Editora Ática, 1978; RIBEIRO, Darcy, O
Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Editora
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é que é bom. Rio de Janeiro: Editora Revan, 1996; CABRAL, Muniz Sodré de
Araújo, Antropologia do Espelho.
Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2002; SILVA, Luiz Henrique de Castro, O Revolucionário da Convicção: Joaquim Câmara Ferreira, o velho Zinho. Dissertação de Mestrado. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008; PEREIRA, Amílcar Araújo, OMundoNegro: Constituição do Movimento Negro Contemporâneo no Brasil
(1970-1995). Tese de Doutorado em História. Departamento de História. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2010; SOUZA, José Paulo de Morais, A Construção da Memória dos Funcionários em suas Relações com o Trabalho no Antigo Instituto Penasl Cândido Mendes em Ilha Grande. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Memória Social. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2012; GÜNTHER,
Wesley Rosa, A Urbs brasiliense nas
letras do álbum Que País é Este 1978/1987 da banda Legião Urbana. Dissertação
de Mestrado em Literatura e Práticas Sociais. Programa de Pós-Graduação em
Literatura do Departamento de Teoria Literária e Literaturas do Instituto de
Letras da Universidade de Brasília, 2013; ALBUQUERQUE, Carolina Barbosa de, Faz tempo que dizem caboclos é lugar de doidos. Uma Etnografia sobre Processos de Estigmatização no Município de Barra de Santana - PB. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2016; entre outros.
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