Ubiracy de Souza Braga*
“Graças a Deus sou, sim, um vencedor”. Paulo
Coelho
Nascido numa família tradicional, Paulo
Coelho ingressa aos sete anos no Colégio Santo Inácio, na enseada de Botafogo no
Rio de Janeiro. Cedo mantinha um diário. No colégio, participava de concursos
de poesia e cursos de teatro com o colega Paulo Cunha. Na década de 1960, entra
para o “mundo do teatro”. Como diretor e ator, criando peças voltadas ao teatro
experimental e de Avant-garde, mas obtendo pouca expressividade. No início da
década de 1970, entra de ponta-cabeça no movimento hippie, quando conhece o mundo das drogas e do ocultismo, incluindo
o chamado “Caminho da Mão Esquerda”, fundamentado na lei filosófica “minha
vontade seja feita!”, ao individualismo particular, em oposição ao que se
refere o caminho da mão direita: “vossa vontade seja feita!”. Em
essência, as duas formas são práticas sociais que buscam o contato com o oculto
deus individual e com a sombra ou o poder do inconsciente de Carl Jung por meio
de diversas e variadas técnicas mágicas e ritualísticas, que visam a entrar em contato com os aspectos ocultos do Universo e da Divindade. Afirma-se que, por meio de rituais, feitiços, orações ou invocações, e, obviamente considerando a
importância e a participação social do feminino e masculino.
Jung
ampliou o conceito de inconsciente fazendo uma distinção. Nessa grande região
de nossa alma, que é inconsciente, existe o inconsciente pessoal e o “inconsciente
coletivo”. O inconsciente pessoal é o que Freud havia estudado. Nele
encontramos o que foi recalcado, escondido, esquecido. O que eu vivi e que
esqueci, escondi de mim mesmo ou recalquei continua lá. Às vezes reaparece em
sonhos, atos falhos ou até em sintomas físicos ou psíquicos. O inconsciente
coletivo, por outro lado, não representa o que eu vivi, mas o que a humanidade
como um todo viveu. Cada história de vida poderia virar um livro, pois é um relato pessoal sobre sua própria existência. Em outras palavras, trata-se de um testemunho oferecido por um indivíduo em relação às suas vivências pessoais. Ao narrar uma
história pessoal e de vida, poderemos notar paralelos: indícios de semelhanças,
fatores parecidos, com histórias presentes em mitos, contos de fada, lendas,
fábulas, parábolas, etc.
Paulo
Coelho ainda faz excelente uso das mídias sociais, interage com seus leitores e
fãs e chamou a atenção quando liberou o download gratuito de seus livros em um
site da internet e ainda disse: “Fiquem à vontade para baixar meus livros
de graça e, se vocês gostarem deles, comprem uma cópia física - o jeito que nós
encontramos de dizer à indústria que ganância não leva a lugar nenhum”.
Sérgio Machado da Editora Record sobre Coelho: - Ele virou um craque na
negociação e pensa sua carreira sempre três passos adiante. O mago da
literatura é também “mago do marketing”. A grande questão não é que deva
existir uma unanimidade quanto à obra de Coelho, nem aqui se estabelece que
quem o crítica o faz majoritariamente por preconceito já que a experiência
literária é algo estritamente pessoal. A falta de padrões no mundo moderno - a impossibilidade de formar novos juízos sobre o que aconteceu e o que acontece todos os dias com base em padrões sólidos, reconhecidos por todos, e de subsumir esses eventos a princípios gerais bem conhecidos, assim como a dificuldade, estreitamente associada, de se proverem princípios de ação para o que deve acontecer agora - tem sido descrita como niilismo inerente à nossa época, como desvalorização de valores, uma espécie de crepúsculo dos deuses, uma catástrofe na ordem moral do mundo.
Do mesmo modo, ao narrarmos a representação de um sonho, seja na Antropologia ou Psicanálise, encontraremos elementos que são arquetípicos, ou seja, elementos que são coletivos e formam o que. Jung notou, em suas viagens pelo mundo, que um indivíduo que não conhecia (conscientemente) um mito grego, por exemplo, sonhava com ele. Sem que tenhamos conhecimento de uma determinada história mitológica, lenda ou experiência religiosa sonhamos, fantasiamos, vivenciamos elementos parecidos. O importante, para o conceito de inconsciente coletivo, é que participamos todos nós da humanidade. A humanidade inteira está
em nós, com seus mitos esquecidos, lendas, fábulas, contos de fadas e
experiências. A consciência só tem como obstáculo o caos, que não é nada. Mas em uma consciência que constitui tudo, ou, antes, que possui eternamente a estrutura inteligível de todos os seus objetos, assim como na consciência empirista que não constitui nada, a atenção permanece um poder abstrato, ineficaz, porque ali ela não tem nada para fazer, além de compreender seu estatuto prático.
A
amizade pura, livre e desinteressada dos meninos Bruno e Shmuel mostrou o mundo
onde os preconceitos, sejam eles de qualquer categoria, credo, classe, esmagam a esperança e a vontade de se
conviver em paz , mas se a razão, como diz Friedrich Hegel, “é a certeza consciente de
ser toda a realidade”, a verdade reside apenas no todo quando as partes se
tornam racionais à medida que tomam forma consciente. A consciência não está
menos intimamente ligada aos objetos em relação aos quais ela se distrai do que
aqueles aos quais ela se volta.
Profissionalmente,
atua além de diretor e ator teatral, a função de jornalista em publicações
alternativas com as revistas A Pomba e “2001”, quando em
1972 conhece Raul Seixas, então executivo da gravadora CBS, Columbia Records é uma grande gravadora norte-americana de propriedade da Sony Music Entertainment, uma subsidiária da Sony Corporation of America, a divisão norte-americana do conglomerado japonês Sony. Os dois se tornam
parceiros em diversas músicas que exerceriam influência no rock brasileiro.
Nessa época gloriosa, Paulo Coelho envolve-se com Marcelo Ramos Motta, conhece a Lei de Thelema e no dia 19 de maio de
1974 assina o juramento do grau de “Probacionista da Astrum Argentum”, sob o
mote mágico de Frater Luz Eterna. Pouco tempo depois se desligou da Ordem. Foi
o responsável por apresentar a Lei de Thelema a Raul Seixas, que fez surgir a
partir deste último a “Sociedade Alternativa”. Compõe também para diversos
intérpretes, tais como Elis Regina, Rita Lee e outros. Sua obra é referencial
tendo sido traduzida para 81 idiomas e lida em aproximadamente 168 países. A
grande obra, para o “Probacionista”, é definida como “obter um
conhecimento científico da natureza e dos poderes do meu próprio ser”. Ela é definida como um período experimental, durante o qual o
indivíduo é testado.
A palavra vem do latim “probare”, “provar”. No
Liber 185 o Probacionista é advertido de que esteja atento de que a
palavra “probacionista” não é um termo em vão, mas que os Irmãos irão prová-lo
de muitas maneiras sutis, quando ele menos esperar. O objetivo essencial
do grau probatório é, deste modo, que o aspirante explore uma grande variedade
de materiais instrucionais e, principalmente, que encontre seus próprios
métodos e estilos de trabalho. Qualquer tentativa de pré-especificar as tarefas
devem ser vagas. No esoterismo ao “Probacionista” é dado um currículo de materiais de estudo, constituído
principalmente por todas as publicações em Classe B da A.'.A.'.. - Ele pode
escolher quaisquer práticas que preferir, mas em qualquer caso, deve manter um
registro exato para que ele possa descobrir a relação de causa e efeito em seu
trabalho, e para que a A.'.A.'. possa julgar o seu progresso e direcionar seus
estudos posteriores. Em “Eight Lectures on Yoga”, Aleister Crowley
descreve como o trabalho das fases iniciais da A.'.A.'. foram desenvolvidos um método de procedimento o qual será
suficientemente elástico para ser útil a todo ser humano: Magia e Yoga. Se nós
realizarmos as práticas preliminares, cada um de acordo com sua capacidade, o
resultado certamente será a aquisição de uma certa técnica. E mediante a
técnica, a linguagem se tornará mais fácil, se nós
lembrarmos bem de não tentar discriminar entre estes dois métodos como se eles
fossem escolas opostas, mas sim usar um para ajudar um ao outro em uma
emergência.
A
edição do seu primeiro livro ocorreu em 1982, intitulado: “Arquivos do inferno”,
que não teve repercussão midiática desejada. Lançou o seu segundo livro: “O
Manual Prático do Vampirismo”, em 1985, que logo mandou recolher, considerando
o trabalho de má qualidade. Conforme suas próprias palavras, afirma: - O
mito é interessante, o livro é péssimo. Católico não praticante, em 1986,
Paulo Coelho conheceu a viagem de peregrinação pelo “Caminho de Santiago”.
Percorreu quase 800 km do sul da França até a cidade de Santiago de Compostela,
na Galiza, experiência de que descreveu em detalhes para o seu livro: “O Diário
de um Mago”. É com a publicação d`“O Diário” (1987) e “O Alquimista” (1988) que
se tornou um grande vendedor de livros, já pela editora Rocco. As estratégias
de marketing utilizadas para divulgar
as obras foram cruciais para o sucesso. A partir daí, Paulo Coelho passa a ser
um escritor conhecido internacionalmente, acumulando sucessos. O Alquimista é
uma das mais importantes etnografias literários do século XX. Chegou ao
primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 países e vendeu, até pouco
tempo atrás, em torno de 83 milhões de exemplares. O Guinness Book of Records o situa como o autor vivo mais traduzido da história literária. Paulo Coelho
vive em Genebra, desde 2007.
Nos
anos subsequentes, foram lançados os livros: “Brida” (1990), “As Valkírias”
(1992), “Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei” (1994), “Maktub” (1994), “O
Monte Cinco” (1996), “Manual do Guerreiro da Luz” (1997), “Veronika Decide
Morrer” (1998), “O Demônio e a Srtª Prym” (2000), “Histórias para Pais, Filhos
e Netos” (2001), “Onze Minutos” (2003), “O Gênio e as Rosas” (2004), “O Zahir”
(2005), “A Bruxa de Portobello” (2006), “Ser Como o Rio Que Flui” (2006), “O
Vencedor Está Só” (2008), “O Aleph” (2010), “Fábulas” (2011), “Manuscrito
Encontrado em Accra” (2012), data que coincide com o 25° aniversário da
publicação de seu livro “O Diário de um Mago”, e “Adultério” (2014). Como
escritor, ocupa as primeiras posições no ranking dos livros mais vendidos no
mundo. No livro “O Aleph”, narra sua viagem de trem pela Rússia. Vendeu, até
2007, mais de 92 milhões de livros, em mais de 150 países, tendo suas obras
copiosamente traduzidas para 66 idiomas, sendo o autor mais vendido em língua portuguesa de
todos os tempos, ultrapassando o libelo marxista Jorge Amado, cujas vendas somam 55
milhões de livros. Paulo Coelho foi considerado pela Revista Época da Rede Globo de televisão, que é a maior empresa do país e, em 2012, a segunda maior emissora de televisão do mundo globalizado, quando Paulo Coelho foi considerado um dos 100 personagens brasileiros mais influentes de 2009.
Recebeu
a comenda de Ordre des Arts et des Lettres (1996), uma condecoração concedida pelo Ministério da Cultura da França que visa recompensar as pessoas que se distinguem pela sua criação no domínio artístico ou literário ou pela sua contribuição ao desenvolvimento das artes e das letras na França e no mundo, onde ouviu do
ministro da cultura francês: - “Seus livros fazem bem porque estimulam a
capacidade de sonhar, nosso desejo de buscar e de encontrar a nós mesmos nessa
busca”. Já quando foi homenageado na 60ª Feira
Internacional do Livro de Frankfurt em 2008 e convidou o então ministro da
cultura para participar, este não compareceu. Seu livro: “Veronika decide
Morrer” recebeu elogios do consagrado escritor italiano Umberto Eco. O autor
também serviu como inspiração para um musical no Japão e peças de teatro na
França. Unanimidades não existem, Toda
unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar, lembrava o
espetacular dramaturgo Nelson Rodrigues, mas os números e as críticas analíticas comprovam
que os brasileiros tendem a ser menos receptivos com a obra. Fernando Morais,
autor da biografia do escritor: “O Mago”, cita a frase de Tom Jobim,
“Sucesso, no Brasil, é ofensa pessoal”.
Em
2008, lançou o livro “O Vencedor Está Só”, que fala sobre uma série de
assassinatos no Festival de Cinema de Cannes. Nesse livro, Paulo faz uma forte
crítica social sobre como a elite se comporta e como somos manipulados por suas
ações. Sendo esse o primeiro livro em que Paulo sai do mundo da magia e da
religiosidade e entra no mundo do suspense policial, o tema não agradou boa
parte dos fãs, mas isso não fez com que o livro também não se tornasse um sucesso
de vendas, ao contrário. “O Vencedor Está Só' é, segundo Paulo Coelho, uma
radiografia do mundo em que vivemos. A ação, em ritmo acelerado, se passa em 24
horas, durante o Festival de Cinema de Cannes. Produtores, atores consagrados,
candidatas a atriz, “top models”, estilistas e um “serial killer”, que comete
cinco assassinatos, fazem parte da trama. Tendo como escopo os bastidores da
festa em Cannes, o livro apresenta um comentário livre da “superclasse, a elite
da elite que define os rumos de nossos dias”. Levando ao leitor detalhes de como
vivem e se comportam personagens na vida real, descreve um testemunho
da crise de valores de um universo centrado nas belas aparências. A
história em sua narrativa se passa em 24 horas, no Festival de Cinema de Cannes, e nesse espaço de tempo, muitas vidas se cruzam.
Todos os personagens estão em busca de algo, o objetivo da maioria e fazer parte da Superclasse,
tem uma chance de ter pode e riqueza e ser famoso.
Esse livro, detalha os bastidores desse mundo de luxo, as preocupações, os medos e desejos dessas pessoas que vivem de aparências. E por fim o que acontece com elas, quando chegam ao topo do mundo, muitas vezes sozinhas, mostrado que no fim o vencedor está só. Neste livro uma mulher de cerca de 30 anos começa a questionar a rotina e a previsibilidade de seus dias. Aos olhos de todos, ela tem uma vida perfeita: um casamento sólido e estável, um marido amoroso, filhos doces e bem-comportados, um emprego como jornalista do qual não pode se queixar. Porém já não consegue mais suportar o esforço que precisa fazer para “fingir felicidade” quando tudo o que sente pela vida é uma enorme apatia. Tudo isso muda quando ela encontra um ex-namorado da adolescência. Jacob agora é um raro político bem-sucedido e, durante uma entrevista, acaba despertando nela algo que havia muito ela não sentia: paixão. Agora ela fará de tudo para conquistar esse amor impossível, e terá a angústia para descer o poço das emoções humanas para enfim encontrar sua redenção. - “Quando se vê um homem com uma garotinha as pessoas toleram. Mas, se veem uma mulher casada com um rapaz mais jovem, todos vão julgá-la e a considerar uma aberração”, disse o Paulo Coelho em entrevista à revista de fofocas Contigo, adquirida em bancas de jornais em circulação nas capitais, publicada entre 2 de outubro de 1963 e 7 de dezembro de 2018. Foi comentando o tema do livro. – “Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, mas isso não justifica o fim de um casamento”. O amor, considerado como desejo de fusão com a alteridade, encontra na expressão de Hegel, talvez seu maior defensor.
Esse livro, detalha os bastidores desse mundo de luxo, as preocupações, os medos e desejos dessas pessoas que vivem de aparências. E por fim o que acontece com elas, quando chegam ao topo do mundo, muitas vezes sozinhas, mostrado que no fim o vencedor está só. Neste livro uma mulher de cerca de 30 anos começa a questionar a rotina e a previsibilidade de seus dias. Aos olhos de todos, ela tem uma vida perfeita: um casamento sólido e estável, um marido amoroso, filhos doces e bem-comportados, um emprego como jornalista do qual não pode se queixar. Porém já não consegue mais suportar o esforço que precisa fazer para “fingir felicidade” quando tudo o que sente pela vida é uma enorme apatia. Tudo isso muda quando ela encontra um ex-namorado da adolescência. Jacob agora é um raro político bem-sucedido e, durante uma entrevista, acaba despertando nela algo que havia muito ela não sentia: paixão. Agora ela fará de tudo para conquistar esse amor impossível, e terá a angústia para descer o poço das emoções humanas para enfim encontrar sua redenção. - “Quando se vê um homem com uma garotinha as pessoas toleram. Mas, se veem uma mulher casada com um rapaz mais jovem, todos vão julgá-la e a considerar uma aberração”, disse o Paulo Coelho em entrevista à revista de fofocas Contigo, adquirida em bancas de jornais em circulação nas capitais, publicada entre 2 de outubro de 1963 e 7 de dezembro de 2018. Foi comentando o tema do livro. – “Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, mas isso não justifica o fim de um casamento”. O amor, considerado como desejo de fusão com a alteridade, encontra na expressão de Hegel, talvez seu maior defensor.
A noção de amor tem um papel central na sua
filosofia, especialmente nos textos de juventude. Para Hegel, o amor é o
impulso inerente do ser vivente em direção à unificação com o outro. Os amantes
formam um todo, em que cada um é igual no poder: “somente no amor somos um com
objeto, sem que ele domine, ou seja, dominado”, diz ele em uma anotação do
verão de 1797. O amor, do jeito que Hegel compreende, é uma unidade equilibrada
de opostos e presta um serviço inestimável na história: estabelecer comunhão,
comunidade e comunicação entre os seres humanos. O jovem Hegel esperava que o
amor representasse a solução para todos os problemas éticos e políticos. Mas o
amor também tinha seu inconveniente, pois quem
ama sem razão; tendia a ser possessivo e, por fim, deixaria de amar,
também sem razão. Neste sentido, a solidariedade caminha ao lado do amor incondicional, um gesto que não necessita de palmas nem de palco. É simplesmente um ato revolucionário de descoberta “em si”, quando reconhecemos que estamos numa sociedade em que esta palavra ganha cada vez mais sentido, pois é e será sem dúvida um “bem” necessário para quem dá e para quem quer receber. Por se tratar de um sentimento, o amor apresenta-se como algo
finito, passageiro, acidental e arbitrário.
Friedrich
Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como
princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão
filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a
história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser
uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à
Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a
história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este
desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta
lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação.
Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as
peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema,
o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do
sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses
destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o
sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente
exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento
do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a
transformação da representação numa noção clara e exata.
Assim,
temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto
através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento dialético separa
e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e
infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força
geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência
abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e
não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si
mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a
determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a
faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se
idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito
não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua
universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade
representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse
poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as
coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia
eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito
finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em
oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a
oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia,
mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria
realidade.
A
Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza,
produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade
entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a
si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo,
suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim a Ideia a
ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua
absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a
história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e
a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua
atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas ocorrem
precisamente nesta esfera metafísica, a do espírito. Melhor dizendo,
para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito
pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à
consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu
existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o
espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é.
Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro
lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada para todo o
conjunto da vida humana.
É um eterno desafio com a dialética do
amor. Mas
por que o vencedor está só? Com essa obra, o autor entra na passarela da moda. Existem milhares de
prisioneiros de consciência em todos os continentes. A tortura volta a ser
tolerada como um método de interrogatório. Os países ricos aparentemente fecham
suas fronteiras. Os países pobres assistem a um êxodo sem precedentes de seus
habitantes em busca do Eldorado. Os genocídios continuam em pelo menos dois
países africanos. O sistema econômico dá mostras de exaustão, e grandes
fortunas começam a ruir. O trabalho escravo infantil tornou-se uma constante.
Esta prática é considerada uma exploração por muitas organizações internacionais. A legislação trabalhista em todo o mundo proíbe o trabalho infantil. Essas legislações não consideram todo o trabalho das crianças como trabalho infantil: As exceções incluem trabalho de artistas infantis, tarefas familiares, treinamento supervisionado, certas categorias de trabalho, como as de crianças Amish, algumas formas de trabalho infantil comum entre crianças de povos ameríndios e outros. Centenas de milhões de pessoas vivem abaixo da linha crítica da pobreza absoluta. A proliferação nuclear é aceita como irreversível. Surgem novas doenças. Antigas doenças ainda não foram controladas. Mas é este o retrato do mundo em que vivo, indaga o esotérico Paulo Coelho? - Claro que não. Quando resolvi fotografar minha época, escrevi este livro: “O Vencedor está só”.
Bibliografia geral consultada.
HUTTON, Ronald, Triumph of the Moon: A History of Modern
Pagan Withcraft. Oxford University Press, 1999; COELHO, Paulo, The Alchemist. San Francisco:
Harper Collins Publishers, 1994; Idem, Palavras
Essenciais. São Paulo: Editor Vergara e Riba, 1998; Idem, As orillas del río Piedra me senté y lloré.
México: Editorial Planeta, 1998; Idem, Il
Diavolo e la Signorina Prym. Milano: Editore Romanzo Bompiani, 2000;
CAWTHORNE, Nigel, A Vida Sexual dos Ídolos
de Hollywood. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004; ALBANESE, Ronaldo, “A Marca do
Coelho”. In: Revista Língua Portuguesa.
São Paulo: Editor Segmento. Ano I, n° 10, 2006, pp. 37-41; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia
do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista:
Editora Universitária São Francisco, 2007; RIBEIRO, Ivi Furloni, A Auto-ajuda Interdiscursividade em O Alquimista de Paulo Coelho. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos. Departamento de Linguística e Artes. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2009; OLIVEIRA, Sayonara Amaral
de, Na Transversal das Cotações: Um
Estudo da Recepção de Paulo Coelho nos blogs
do Escritor. Tese de Doutorado. Instituto de Letras. Salvador: Universidade
Federal da Bahia, 2010; PIN, Adriana, A
Recepção da Obra de Paulo Coelho pela Crítica Literária e pelo Leitor. Tese
de Doutorado em Letras. Centro de Ciências Humanas e Naturais. Vitória:
Universidade Federal do Espírito Santo, 2014; PEREIRA, Julia Luiza Bento, Mariana Brasil: Um Manuscrito Autobiográfico entre Fronteiras. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016; SOUZA, Lucas Marcelo Tomaz de, Construção e Autoconstrução de um Mito: Análise Sociológica da Trajetória Artística de Raul Seixas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; entre outros.
____________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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