sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Paulo Coelho – Esoterismo & Antítese Social do Vencedor.

                                                                                                             Ubiracy de Souza Braga*

                                                    “Graças a Deus sou, sim, um vencedor”. Paulo Coelho
                                        
         
          Nascido numa família tradicional, Paulo Coelho ingressa aos sete anos no Colégio Santo Inácio, na enseada de Botafogo no Rio de Janeiro. Cedo mantinha um diário. No colégio, participava de concursos de poesia e cursos de teatro com o colega Paulo Cunha. Na década de 1960, entra para o “mundo do teatro”. Como diretor e ator, criando peças voltadas ao teatro experimental e de Avant-garde, mas obtendo pouca expressividade. No início da década de 1970, entra de ponta-cabeça no movimento hippie, quando conhece o mundo das drogas e do ocultismo, incluindo o chamado “Caminho da Mão Esquerda”, fundamentado na lei filosófica minha vontade seja feita!, ao individualismo particular, em oposição ao que se refere o caminho da mão direita: vossa vontade seja feita!. Em essência, as duas formas são práticas sociais que buscam o contato com o oculto deus individual e com a sombra ou o poder do inconsciente de Carl Jung por meio de diversas e variadas técnicas mágicas e ritualísticas, que visam a entrar em contato com os aspectos ocultos do Universo e da Divindade. Afirma-se que, por meio de rituais, feitiços, orações ou invocações, e, obviamente considerando a importância e a participação social do feminino e masculino.
Jung ampliou o conceito de inconsciente fazendo uma distinção. Nessa grande região de nossa alma, que é inconsciente, existe o inconsciente pessoal e o “inconsciente coletivo”. O inconsciente pessoal é o que Freud havia estudado. Nele encontramos o que foi recalcado, escondido, esquecido. O que eu vivi e que esqueci, escondi de mim mesmo ou recalquei continua lá. Às vezes reaparece em sonhos, atos falhos ou até em sintomas físicos ou psíquicos. O inconsciente coletivo, por outro lado, não representa o que eu vivi, mas o que a humanidade como um todo viveu. Cada história de vida poderia virar um livro, pois é um relato pessoal sobre sua própria existência. Em outras palavras, trata-se de um testemunho oferecido por um indivíduo em relação às suas vivências pessoais. Ao narrar uma história pessoal e de vida, poderemos notar paralelos: indícios de semelhanças, fatores parecidos, com histórias presentes em mitos, contos de fada, lendas, fábulas, parábolas, etc.         
Paulo Coelho ainda faz excelente uso das mídias sociais, interage com seus leitores e fãs e chamou a atenção quando liberou o download gratuito de seus livros em um site da internet e ainda disse: Fiquem à vontade para baixar meus livros de graça e, se vocês gostarem deles, comprem uma cópia física - o jeito que nós encontramos de dizer à indústria que ganância não leva a lugar nenhum. Sérgio Machado da Editora Record sobre Coelho: - Ele virou um craque na negociação e pensa sua carreira sempre três passos adiante. O mago da literatura é também “mago do marketing”. A grande questão não é que deva existir uma unanimidade quanto à obra de Coelho, nem aqui se estabelece que quem o crítica o faz majoritariamente por preconceito já que a experiência literária é algo estritamente pessoal. A falta de padrões no mundo moderno - a impossibilidade de formar novos juízos sobre o que aconteceu e o que acontece todos os dias com base em padrões sólidos, reconhecidos por todos, e de subsumir esses eventos a princípios gerais bem conhecidos, assim como a dificuldade, estreitamente associada, de se proverem princípios de ação para o que deve acontecer agora - tem sido descrita como niilismo inerente à nossa época, como desvalorização de valores, uma espécie de crepúsculo dos deuses, uma catástrofe na ordem moral do mundo. 
Do mesmo modo, ao narrarmos a representação de um sonho, seja na Antropologia ou Psicanálise, encontraremos elementos que são arquetípicos, ou seja, elementos que são coletivos e formam o que. Jung notou, em suas viagens pelo mundo, que um indivíduo que não conhecia (conscientemente) um mito grego, por exemplo, sonhava com ele. Sem que tenhamos conhecimento de uma determinada história mitológica, lenda ou experiência religiosa sonhamos, fantasiamos, vivenciamos elementos parecidos. O importante, para o conceito de inconsciente coletivo, é que participamos todos nós da humanidade. A humanidade inteira está em nós, com seus mitos esquecidos, lendas, fábulas, contos de fadas e experiências.  A consciência só tem como obstáculo o caos, que não é nada. Mas em uma consciência que constitui tudo, ou, antes, que possui eternamente a estrutura inteligível de todos os seus objetos, assim como na consciência empirista que não constitui nada, a atenção permanece um poder abstrato, ineficaz, porque ali ela não tem nada para fazer, além de compreender seu estatuto prático.  A amizade pura, livre e desinteressada dos meninos Bruno e Shmuel mostrou o mundo onde os preconceitos, sejam eles de qualquer categoria, credo, classe,  esmagam a esperança e a vontade de se conviver em paz , mas se a razão, como diz Friedrich Hegel, “é a certeza consciente de ser toda a realidade”, a verdade reside apenas no todo quando as partes se tornam racionais à medida que tomam forma consciente. A consciência não está menos intimamente ligada aos objetos em relação aos quais ela se distrai do que aqueles aos quais ela se volta.
Profissionalmente, atua além de diretor e ator teatral, a função de jornalista em publicações alternativas com as revistas A Pomba e “2001”, quando em 1972 conhece Raul Seixas, então executivo da gravadora CBS, Columbia Records é uma grande gravadora norte-americana de propriedade da Sony Music Entertainment, uma subsidiária da Sony Corporation of America, a divisão norte-americana do conglomerado japonês Sony. Os dois se tornam parceiros em diversas músicas que exerceriam influência no rock brasileiro. Nessa época gloriosa, Paulo Coelho envolve-se com Marcelo Ramos Motta, conhece a Lei de Thelema e no dia 19 de maio de 1974 assina o juramento do grau de “Probacionista da Astrum Argentum”, sob o mote mágico de Frater Luz Eterna. Pouco tempo depois se desligou da Ordem. Foi o responsável por apresentar a Lei de Thelema a Raul Seixas, que fez surgir a partir deste último a “Sociedade Alternativa”. Compõe também para diversos intérpretes, tais como Elis Regina, Rita Lee e outros. Sua obra é referencial tendo sido traduzida para 81 idiomas e lida em aproximadamente 168 países. A grande obra, para o “Probacionista”, é definida como “obter um conhecimento científico da natureza e dos poderes do meu próprio ser”. Ela é definida como um período experimental, durante o qual o indivíduo é testado.
A palavra vem do latim “probare”, “provar”. No Liber 185 o Probacionista é advertido de que esteja atento de que a palavra “probacionista” não é um termo em vão, mas que os Irmãos irão prová-lo de muitas maneiras sutis, quando ele menos esperar. O objetivo essencial do grau probatório é, deste modo, que o aspirante explore uma grande variedade de materiais instrucionais e, principalmente, que encontre seus próprios métodos e estilos de trabalho. Qualquer tentativa de pré-especificar as tarefas devem ser vagas. No esoterismo ao “Probacionista” é dado um  currículo de materiais de estudo, constituído principalmente por todas as publicações em Classe B da A.'.A.'.. - Ele pode escolher quaisquer práticas que preferir, mas em qualquer caso, deve manter um registro exato para que ele possa descobrir a relação de causa e efeito em seu trabalho, e para que a A.'.A.'. possa julgar o seu progresso e direcionar seus estudos posteriores. Em “Eight Lectures on Yoga”, Aleister Crowley descreve como o trabalho das fases iniciais da A.'.A.'. foram desenvolvidos  um método de procedimento o qual será suficientemente elástico para ser útil a todo ser humano: Magia e Yoga. Se nós realizarmos as práticas preliminares, cada um de acordo com sua capacidade, o resultado certamente será a aquisição de uma certa técnica. E mediante a técnica, a linguagem se tornará mais fácil, se nós lembrarmos bem de não tentar discriminar entre estes dois métodos como se eles fossem escolas opostas, mas sim usar um para ajudar um ao outro em uma emergência.
         A edição do seu primeiro livro ocorreu em 1982, intitulado: “Arquivos do inferno”, que não teve repercussão midiática desejada. Lançou o seu segundo livro: “O Manual Prático do Vampirismo”, em 1985, que logo mandou recolher, considerando o trabalho de má qualidade. Conforme suas próprias palavras, afirma: - O mito é interessante, o livro é péssimo. Católico não praticante, em 1986, Paulo Coelho conheceu a viagem de peregrinação pelo “Caminho de Santiago”. Percorreu quase 800 km do sul da França até a cidade de Santiago de Compostela, na Galiza, experiência de que descreveu em detalhes para o seu livro: “O Diário de um Mago”. É com a publicação d`O Diário” (1987) e “O Alquimista” (1988) que se tornou um grande vendedor de livros, já pela editora Rocco. As estratégias de marketing utilizadas para divulgar as obras foram cruciais para o sucesso. A partir daí, Paulo Coelho passa a ser um escritor conhecido internacionalmente, acumulando sucessos. O Alquimista é uma das mais importantes etnografias literários do século XX. Chegou ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 países e vendeu, até pouco tempo atrás, em torno de 83 milhões de exemplares. O Guinness Book of Records o situa como o autor vivo mais traduzido da história literária. Paulo Coelho vive em Genebra, desde 2007.
Nos anos subsequentes, foram lançados os livros: “Brida” (1990), “As Valkírias” (1992), “Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei” (1994), “Maktub” (1994), “O Monte Cinco” (1996), “Manual do Guerreiro da Luz” (1997), “Veronika Decide Morrer” (1998), “O Demônio e a Srtª Prym” (2000), “Histórias para Pais, Filhos e Netos” (2001), “Onze Minutos” (2003), “O Gênio e as Rosas” (2004), “O Zahir” (2005), “A Bruxa de Portobello” (2006), “Ser Como o Rio Que Flui” (2006), “O Vencedor Está Só” (2008), “O Aleph” (2010), “Fábulas” (2011), “Manuscrito Encontrado em Accra” (2012), data que coincide com o 25° aniversário da publicação de seu livro “O Diário de um Mago”, e “Adultério” (2014). Como escritor, ocupa as primeiras posições no ranking dos livros mais vendidos no mundo. No livro “O Aleph”, narra sua viagem de trem pela Rússia. Vendeu, até 2007, mais de 92 milhões de livros, em mais de 150 países, tendo suas obras copiosamente traduzidas para 66 idiomas, sendo o autor mais vendido em língua portuguesa de todos os tempos, ultrapassando o libelo marxista Jorge Amado, cujas vendas somam 55 milhões de livros. Paulo Coelho foi considerado pela Revista Época da Rede Globo de televisão, que é a maior empresa do país e, em 2012, a segunda maior emissora de televisão do mundo globalizado, quando Paulo Coelho foi considerado um dos 100 personagens brasileiros mais influentes de 2009.  
Recebeu a comenda de Ordre des Arts et des Lettres (1996), uma condecoração concedida pelo Ministério da Cultura da França que visa recompensar as pessoas que se distinguem pela sua criação no domínio artístico ou literário ou pela sua contribuição ao desenvolvimento das artes e das letras na França e no mundo, onde ouviu do ministro da cultura francês: - “Seus livros fazem bem porque estimulam a capacidade de sonhar, nosso desejo de buscar e de encontrar a nós mesmos nessa busca”. Já quando foi homenageado na 60ª Feira Internacional do Livro de Frankfurt em 2008 e convidou o então ministro da cultura para participar, este não compareceu. Seu livro: “Veronika decide Morrer” recebeu elogios do consagrado escritor italiano Umberto Eco. O autor também serviu como inspiração para um musical no Japão e peças de teatro na França. Unanimidades não existem,  Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar, lembrava o espetacular dramaturgo Nelson Rodrigues, mas os números e as críticas analíticas comprovam que os brasileiros tendem a ser menos receptivos com a obra. Fernando Morais, autor da biografia do escritor: “O Mago”, cita a frase de Tom Jobim, “Sucesso, no Brasil, é ofensa pessoal”.         
Em 2008, lançou o livro “O Vencedor Está Só”, que fala sobre uma série de assassinatos no Festival de Cinema de Cannes. Nesse livro, Paulo faz uma forte crítica social sobre como a elite se comporta e como somos manipulados por suas ações. Sendo esse o primeiro livro em que Paulo sai do mundo da magia e da religiosidade e entra no mundo do suspense policial, o tema não agradou boa parte dos fãs, mas isso não fez com que o livro também não se tornasse um sucesso de vendas, ao contrário. “O Vencedor Está Só' é, segundo Paulo Coelho, uma radiografia do mundo em que vivemos. A ação, em ritmo acelerado, se passa em 24 horas, durante o Festival de Cinema de Cannes. Produtores, atores consagrados, candidatas a atriz, “top models”, estilistas e um “serial killer”, que comete cinco assassinatos, fazem parte da trama. Tendo como escopo os bastidores da festa em Cannes, o livro apresenta um comentário livre da “superclasse, a elite da elite que define os rumos de nossos dias”. Levando ao leitor detalhes de como vivem e se comportam personagens na vida real, descreve um testemunho da crise de valores de um universo centrado nas belas aparências. A história em sua narrativa se passa em 24 horas, no Festival de Cinema de Cannes, e nesse espaço de tempo, muitas vidas se cruzam.  Todos os personagens estão em busca de algo,  o objetivo da maioria e fazer parte da Superclasse, tem uma chance de ter pode e riqueza e ser famoso. 
         Esse livro, detalha os bastidores desse mundo de luxo, as preocupações, os medos e desejos dessas pessoas que vivem de aparências. E por fim o que acontece com elas, quando chegam ao topo do mundo, muitas vezes sozinhas, mostrado que no fim o vencedor está só. Neste livro uma mulher de cerca de 30 anos começa a questionar a rotina e a previsibilidade de seus dias. Aos olhos de todos, ela tem uma vida perfeita: um casamento sólido e estável, um marido amoroso, filhos doces e bem-comportados, um emprego como jornalista do qual não pode se queixar. Porém já não consegue mais suportar o esforço que precisa fazer para “fingir felicidade” quando tudo o que sente pela vida é uma enorme apatia. Tudo isso muda quando ela encontra um ex-namorado da adolescência. Jacob agora é um raro político bem-sucedido e, durante uma entrevista, acaba despertando nela algo que havia muito ela não sentia: paixão. Agora ela fará de tudo para conquistar esse amor impossível, e terá a angústia para descer o poço das emoções humanas para enfim encontrar sua redenção. - “Quando se vê um homem com uma garotinha as pessoas toleram. Mas, se veem uma mulher casada com um rapaz mais jovem, todos vão julgá-la e a considerar uma aberração”, disse o Paulo Coelho em entrevista à revista de fofocas Contigo, adquirida em bancas de jornais em circulação nas capitais, publicada entre 2 de outubro de 1963 e 7 de dezembro de 2018. Foi comentando o tema do livro. – “Todo mundo pode cair em tentação e ser fraco, mas isso não justifica o fim de um casamento”.  O amor, considerado como desejo de fusão com a alteridade, encontra na expressão de Hegel, talvez seu maior defensor.
A noção de amor tem um papel central na sua filosofia, especialmente nos textos de juventude. Para Hegel, o amor é o impulso inerente do ser vivente em direção à unificação com o outro. Os amantes formam um todo, em que cada um é igual no poder: “somente no amor somos um com objeto, sem que ele domine, ou seja, dominado”, diz ele em uma anotação do verão de 1797. O amor, do jeito que Hegel compreende, é uma unidade equilibrada de opostos e presta um serviço inestimável na história: estabelecer comunhão, comunidade e comunicação entre os seres humanos. O jovem Hegel esperava que o amor representasse a solução para todos os problemas éticos e políticos. Mas o amor também tinha seu inconveniente, pois quem  ama sem razão; tendia a ser possessivo e, por fim, deixaria de amar, também sem razão. Neste sentido, a solidariedade caminha ao lado do amor incondicional, um gesto que não necessita de palmas nem de palco. É simplesmente um ato revolucionário de descoberta “em si”, quando reconhecemos que estamos numa sociedade em que esta palavra ganha cada vez mais sentido, pois é e será sem dúvida um “bem” necessário para quem dá e para quem quer receber. Por se tratar de um sentimento, o amor apresenta-se como algo finito, passageiro, acidental e arbitrário. 
Friedrich Hegel que parte da análise da consciência comum, não podia situar como princípio primeiro uma dúvida universal que só é própria da reflexão filosófica. Por isso mesmo ele segue o caminho aberto pela consciência e a história detalhada de sua formação. Ou seja, a Fenomenologia vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua ascensão à Ciência. Daí a analogia que em Hegel existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a história do desenvolvimento do pensamento, mas este desenvolvimento é necessário, como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que são instrumentos de sua manifestação. Assim, preocupa-se apenas em definir os sistemas, sem discutir as peculiaridades e opiniões dos diferentes filósofos. Na determinação do sistema, o que o preocupa é a categoria fundamental que determina o todo complexo do sistema, e o assinalamento das diferentes etapas, bem como as vinculasses destas etapas que conduzem à síntese do espírito absoluto. Para compreender o sistema é necessário começar pela representação, que ainda não sendo totalmente exata permite, no entender de sua obra a seleção de afirmações e preenchimento do sistema abstrato de interpretação do método dialético, para poder alcançar a transformação da representação numa noção clara e exata.
Assim, temos a passagem da representação abstrata, para o conceito claro e concreto através do acúmulo de determinações. Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno. Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação, transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico, como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta. Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta e finalmente em identidade com esta, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e, consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si mesma e que existe por si em sua própria realidade.
A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que através da supressão de sua exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si mesmo, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim a Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas ocorrem precisamente nesta esfera metafísica, a do espírito. Melhor dizendo, para Hegel, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada para todo o conjunto da vida humana.
É um eterno desafio com a dialética do amor. Mas por que o vencedor está só? Com essa obra, o autor entra na passarela da moda. Existem milhares de prisioneiros de consciência em todos os continentes. A tortura volta a ser tolerada como um método de interrogatório. Os países ricos aparentemente fecham suas fronteiras. Os países pobres assistem a um êxodo sem precedentes de seus habitantes em busca do Eldorado. Os genocídios continuam em pelo menos dois países africanos. O sistema econômico dá mostras de exaustão, e grandes fortunas começam a ruir. O trabalho escravo infantil tornou-se uma constante. Esta prática é considerada uma exploração por muitas organizações internacionais. A legislação trabalhista em todo o mundo proíbe o trabalho infantil. Essas legislações não consideram todo o trabalho das crianças como trabalho infantil: As exceções incluem trabalho de artistas infantis, tarefas familiares, treinamento supervisionado, certas categorias de trabalho, como as de crianças Amish, algumas formas de trabalho infantil comum entre crianças de povos ameríndios e outros. Centenas de milhões de pessoas vivem abaixo da linha crítica da pobreza absoluta. A proliferação nuclear é aceita como irreversível. Surgem novas doenças. Antigas doenças ainda não foram controladas. Mas é este o retrato do mundo em que vivo, indaga o esotérico Paulo Coelho? - Claro que não. Quando resolvi fotografar minha época,  escrevi este livro: “O Vencedor está só”.
 
Bibliografia geral consultada.
HUTTON, Ronald, Triumph of the Moon: A History of Modern Pagan Withcraft. Oxford University Press, 1999; COELHO, Paulo, The Alchemist. San Francisco: Harper Collins Publishers, 1994; Idem, Palavras Essenciais. São Paulo: Editor Vergara e Riba, 1998; Idem, As orillas del río Piedra me senté y lloré. México: Editorial Planeta, 1998; Idem, Il Diavolo e la Signorina Prym. Milano: Editore Romanzo Bompiani, 2000; CAWTHORNE, Nigel, A Vida Sexual dos Ídolos de Hollywood. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004; ALBANESE, Ronaldo, “A Marca do Coelho”. In: Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Editor Segmento. Ano I, n° 10, 2006, pp. 37-41; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2007; RIBEIRO, Ivi Furloni, A Auto-ajuda Interdiscursividade em O Alquimista de Paulo Coelho. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos. Departamento de Linguística e Artes. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2009; OLIVEIRA, Sayonara Amaral de, Na Transversal das Cotações: Um Estudo da Recepção de Paulo Coelho nos blogs do Escritor. Tese de Doutorado. Instituto de Letras. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2010; PIN, Adriana, A Recepção da Obra de Paulo Coelho pela Crítica Literária e pelo Leitor. Tese de Doutorado em Letras. Centro de Ciências Humanas e Naturais. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2014; PEREIRA, Julia Luiza Bento, Mariana Brasil: Um Manuscrito Autobiográfico entre Fronteiras. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2016;  SOUZA, Lucas Marcelo Tomaz de, Construção e Autoconstrução de um Mito: Análise Sociológica da Trajetória Artística de Raul Seixas. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016;  entre outros.   
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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará (UECE).  

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