“O
melhor arqueólogo é, apesar de tudo, um vândalo que destrói seu documento”. André Leroi-Gourhan
André
Leroi-Gourhan (1911-1986) é uma das figuras centrais das ciências humanas e sociais no
século XX. Seu trabalho de pesquisa, incluindo arqueologia, etnologia e
história da arte paleolítica, fora de destaque para estas disciplinas, e suas
contribuiçõesrepresentam uma referência
global. Mas não é de fácil vulgarização, pela excessiva especialização. Na
verdade, por se tratar da pré-história, um campo onde as lacunas são enormes e
a necessidade de se buscar informações num amplo leque de disciplinas é uma
obrigação, o seu estudo implica interdisciplinaridade, exigindo o contato de
várias disciplinas entre si desde a etnologia, passando pela antropologia
física, até a biologia e a psicologia evolutivas. Seus estudos recorrem aos
mais variados saberes, apresentando como desafio justamente a possibilidade de
se vincularem diversos conhecimentos sem cair no ecletismo. Também não se trata
de uma interdisciplinaridade que supõe a conexão entre disciplinas estanques e
entre cientistas superespecializados. Mas de intersecções entre campos de conhecimento
e níveis de análise teórica entre pesquisadores que navegam em torno das e nas fronteiras disciplinares.
Em muitos casos, a arqueologia se utiliza de investigações de outras áreas científicas, como a antropologia, história, história da arte, geografia, geologia, linguística, física, as ciências da informação, química, estatística, paleontologia (paleozoologia, paleobotânica e paleoecologia), medicina e literatura.
A própria figura de Leroi-Gourhan condensa essa gama de interesses que se
ramificam em várias áreas científicas. Interesse pela fabricação de utensílios,
pelo simbolismo expresso na arte paleolítica, pela origem da escrita, pela
anatomia comparada, pelo comportamento animal, pelo esqueleto humano. Durante
40 anos, mais de uma centena de artigos e vários livros foram dedicados a esta
ou aquela parte de sua extensa obra. Três colóquios foram dedicados a ele, dois
em homenagem após sua morte, em 1986 (SPF), 1987 (Centre National de la Recherche Scientifique) e outro em 1995 (Centre National de la Recherche Scientifique,
Université de Technologie de Compiègne e Collège International de Pholosophie), publicado em 2004. Em 2013 decorrera
um novo colóquio organizado pela equipe de pré-historiadores fundada por André
Leroi-Gourhan, depois chamada “ArScAn-Ethnologie Préhistorique” dedicados a sua
concepção etnológica e teoria de campo para avaliar a atualidade dentro da evolução no processo de comunicação das ciências
humanas e sociais, inclusive para os arqueólogos que enfatizaram aspectos psicológico-comportamentais e definiram a arqueologia como a reconstrução da vida dos povos antigos.
André
Leroi-Gourhan Etnólogo e Arqueólogo francês nasceu em 1911, em Paris. Recebeu
uma formação em línguas orientais, em russo e chinês, antes de se dedicar à integralmente
à Etnologia e Arqueologia. Leroi-Gourhan doutorou-se em Arqueologia, na
Universidade de Lyon, em 1945, depois de realizar trabalho de campo no Japão
entre 1937 e 1939. Foi professor de Etnologia na Universidade de Lyon, e
fundador do Centre de Formation à la Recherche Ethnologique, no Musée de l`Homme,
de que foi diretor, desde o final da 2ª guerra mundial em 1945 até 1954. Entre
1956 e 1967 foi professor de Etnologia Geral na Universidade de Paris. Em 1968
foi nomeado professor de Pré-história do Collège de France. Autodidata e
acadêmico policompetente, para lembramos da categoria sociológica de Edgar Morin, deixou
importantes contribuições na coleta de fontes documentais em várias áreas compartilhadas do
conhecimento, com destaque para a Antropologia Física, Etnologia e Pré-História,
período da história do homem anterior à invenção da escrita e do uso e produção
dos metais, estudado tanto pela pesquisa arqueológica quanto antropológica, tendo em vista que estudam as singularidades e regularidades das culturas e os modos de vida das diferentes sociedades humanas - tanto do passado como do presente - a partir da análise de objetos materiais. Os arqueólogos de nossos tempos contemporâneos veriam o mesmo objeto como um instrumento que lhes serve para compreender o pensamento, os valores e a própria sociedade a que pertenceram.
O
símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se desenvolver numa só
dimensão. As motivações que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas
cadeias de razões, mas nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de
dedução lógica ou narrativa introspectiva já não basta para o estudo das
motivações simbólicas. A classificação dos grandes símbolos da imaginação em
categorias motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da
não linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades.
Metodologicamente, se se parte dos objetos bem definidos pelos quadros da
lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as
estruturas antropológicas do imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação
das motivações, numa inextricável confusão. Parecem-nos mais sérias as
tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros de interesse de
um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente impregnado de
atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos não passam de
pretextos para os devaneios imaginários. De fato, as classificações
mais profundas de analistas das motivações do simbolismo religioso incluindo arquétipos, atos, trabalhos artísticos, eventos, ou fenómenos naturais, por uma religião ou da imaginação
de modo geral literária. A arqueologia do ponto de vista clasificatório é amostral, porque dedica-se ao estudo dos vestígios arqueológicos mas também trabalha com a totalidade da história do local onde usa como motor outras ciências auxiliares como a geologia, história, arquitetura, história de arte, entre outras ciências e áreas de conhecimento. A relação estabelecida com os objetos
observados no contexto arqueológico se dá por meio da potência de
representação, de ações individuais e modos de vida que esses objetos possuem. Mas essa
representação não se dá de forma individualizada nos objetos, mas por
categorias de objetos, o que demanda a construção de unidades de comparação, a
noção de tipo. Esta linha teórico-metodológica é baseada na noção de tipo, para
qual nas representações rupestres as figuras são tidas como resultado de
padrões culturais passíveis de mudança, surgindo daí o conceito de sinal ação. Neste
ponto, os questionamentos acerca das noções conceituais de espacialidade utilizadas
tradicionalmente na arqueologia são necessários, como as elaboradas tanto por
Leroi-Gourhan embora esta última apresente uma maior abertura para a inclusão
de diversos fenômenos. Essa noção tem sua importância, sendo, pois,
relacionada, além da verificação da ocupação de determinado espaço por uma
população específica, constituída através da relação espaço-tempo, com a
possibilidade de inferência das identidades de grupos pretéritos, documentados
historicamente. A relação entre a consciência de etnicidade e seu
contexto que direciona as condições de vida e a constituição subjetiva
de sua identidade, frente à realidade social, em situações muito específicas e
circunstanciadas.Ipso facto, uma investigação arqueológica começa pela investigação bibliográfica como levantamento de área de conhecimento, ou, em alguns casos, pela prospecção, que faz parte igualmente do levantamento arqueológico.
Tanto
escolhem normas classificativas a uma ordem de motivação cosmológica e astral,
na qual são as grandes sequências das estações, dos meteoros e dos astros que
servem de indutores à fabulação, tanto são os elementos de uma física primitiva
e sumária que, pelas suas qualidades sensoriais, polarizam os campos de força
no continuum homogêneo do imaginário;
tanto, enfim, se suspeita que são os dados sociológicos do microgrupo ou de
grupos étnicos que se estendem aos confins do grupo linguístico que fornecem
quadros primordiais para os símbolos. Quer a imaginação estreitamente motivada
seja pela particularidade da língua, seja pelas funções sociais normativas, se modele sobre essas matrizes
sociológicas e antropológicas, quer pelos seus genes raciais, embora ramos do conhecimento científico como a antropologia, história ou etnologia utilizem-se do conceito de etnia para descreverem a composição de povos e grupos identitários ou culturais. intervenham
bastante misteriosamente para estruturar os conjuntos simbólicos, distribuindo
seja as mentalidades imaginárias, do ponto de vista individual e coletivo, sejam os rituais religiosos, querem ainda,
com uma matriz antropológica evolucionista, se tente estabelecer a hierarquia das grandes
formas simbólicas em seu ersatz, compreendido metodologicamente através da apreensão do universo mental, os modos de sentir, o âmbito mais espontâneo das representações coletivas e, para alguns, o inconsciente coletivo de Carl Jung (1875-1961).
O
grande mérito de Lewis Morgan, afirma Engels, é o de ter descoberto e restabelecido
em seus traços essenciais esse fundamento pré-histórico da nossa história
escrita e o de ter encontrado, nas uniões gentílicas dos índios
norte-americanos, a chave para decifrar importantíssimos enigmas, ainda não
resolvidos, da história da Grécia, Roma e Alemanha. Sua obra não foi trabalho
de um dia. Levou cerca de 40 anos elaborando seus dados. O estudo da história
da família começa, de fato, em 1861, com o “Direito Materno”, de Bachofen. Além
disso, também Morgan observara e descrevera perfeitamente o mesmo fenômeno, em
1847, em suas cartas sobre os iroqueses, e em 1851 na Liga dos Iroqueses, ao
passo que a mentalidade do advogado de Mac Lennan causou confusão ainda maior
sobre o assunto do que a causada pela fantasia mística de Bachofen no terreno
do direito materno. Outro mérito de Mac Lennan consiste em ter reconhecido como
primária a ordem de descendência baseada no direito materno, conquanto, também
aqui, conforme reconheceu mais tarde, Bachofen se lhe tenha antecipado. Mas,
também neste ponto, ele não vê claro, pois fala, sem cessar, “em parentesco apenas
por linha feminina”, empregando continuamente essa expressão, exata apara um
período anterior, na análise de fases posteriores de desenvolvimento, em que,
se é verdade que a filiação e o direito de herança continuam a contar-se
exclusivamente segundo a linha materna, o parentesco por linha paterna está reconhecido culturalmente e expresso na estreiteza de critério do
jurisconsulto, que forja um termo jurídico socialmente fixa e continua
aplicando-o, sem modifica-lo.
De forma simplificada, na
arqueologia, é considerado que seu objeto depensamento refere-se aos artefatos produzidos e utilizados pelo homem em
um passado, próximo ou remoto. O arqueólogo, ao se deparar com os restos das
atividades humanas no passado, pode inferir como esses grupos se relacionavam
entre si e com o ambiente. Essa forma de abordar os objetos arqueológicos tem
como background uma postura semiótica da cultura. Em sua dimensão simbólica dos
objetos, inclui-se a chamada arte rupestre como um artefato que produz a paisagem.
No momento em que as abordagensdo
registro arqueológico operam quanto à sua linearidade interpretativa, um dos
focos dessas críticas vem do advento da noção de “agenciamento”. Isto é, quando
lançam as bases para o entendimento de uma antropologia da arte, onde seu
fazimento, produto do fazer e o suporte do fazer estabelecem relações de
sentido. Estas relações decorrem de suas ações, estabelecidas em sucessivas
redes de relações entre os signos rupestres em si, com o suporte, com seu
entorno imediato, que forma uma paisagem, e com o seu observador imediato, em
qualquer situação espaço-temporal, em sua materialidade.
Em Étiolles,
l`année de la Découverte.
O
processo de apropriação e de desenvolvimento das técnicas do corpo não poderia
ser considerado em si, desconectado do que lhe dá o seu sentido: a atividade.
Sem a inserção ativa dos corpos no sistema das normas técnicas vistas como
fonte e recursos da atividade individual e coletiva, nenhuma técnica poderia
ter mão no mundo. Desde logo é sob este olhar da modelação corporal originária
que qualquer técnica é susceptível de ser interpretada. A partir deste ponto de
vista, a obra de Leroi- Gourhan é uma vasta empresa de descrição, de recenseamento
e de classificação das técnicas, de que dão conta, em conjunto com os seus
numerosos artigos e seus principais livros. São estas diferentes classificações
das motivações simbólicas que precisamos analisar antes de estabelecer um
método crítico pretensamente firme na ordem das motivações sociais. Os estudos
etnológicos de Leroi-Gourhan, também diretamente relacionados com o estudo da
evolução processual da tecnologia, do homem e das sociedades, constituem,
provavelmente, a sua principal contribuição teórica académica. O etnólogo
propôs que a principal corrente de tecnologia, ao considerar que as semelhanças
detectadas na produção tecnológica de cada período histórico civilizacional
resultam do que ele denomina como “tendance”. Esta é a propensão dos grupos humanos
para repetirem em suas práticas, as ações técnicas e desenvolverem meios
tecnológicos idênticos em dado período, como resultado da ligação profunda
entre as relações e os significados. É a dimensão social da inovação
tecnológica que conduz a que esta seja sempre
limitada. O
artigo “Libération de la main” publicado em 1956 no nº 32 da revista Problèmes, da Associação dos estudantes de
Medicina da Universidade de Paris é ainda pouco reconhecido. Nesse texto, Leroi-Gourhan
demonstra que a mão apanágio do homo
faber, instrumento do cérebro mais bem organizado de toda a série
zoológica, que no sentido científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie livre dos seus constrangimentos pedestres, tendo em vista que é o símbolo da evolução
do homem.
A tecnicidade, o pensamento, a locomoção e a mão aparecem
interligadas num movimento ao qual o homem dá seu significado histórico, mas ao qual nenhum
membro do mundo animal é completamente estranho. Segue-se uma descrição da
evolução das formas de vida, da vida aquática à vida aérea, cuja concisão não
retira nada ao rigor do proposto. Sem libertação da mão não há gesto técnico
(instrumento) prolongamento da mão - nem instrumento - órgão da máquina - nem
objeto fabricado. O objeto técnico está ligado ao contexto gestual que o torna tecnicamente eficaz, desvanecendo-se o seu
significado técnico com o desaparecimento da memória do seu uso. A evolução dos
homens para a posição em pé, libertando os membros superiores torna-os
disponíveis para outras funções e em particular para agarrar e manipular objetos.
Depois, progressivamente, diversos utensílios dos quais a paleontologia estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis guarda
vestígios, vão substituir a mão. O progresso técnico é dependente desta evolução
anatômica (cf. Ouvriez-Bonnaz, 2010).
Ele
precisa historicamente que se deve
sublinhar a importância da transição evolutiva no homem para a posição ereta ao libertar as mãos para a atividade
manual e o rosto para os gestos e a linguagem humana propiciando o
desenvolvimento do córtex cerebral, da tecnologia cada vez mais complexa e da
linguagem dos signos linguísticos. O rosto, para o naturalista, deixa de ser o reflexo da alma e o homem deixa de ser o prisioneiro de sua conformação natural. A via de uma antropologia se destaca pouco a pouco, a de uma ciência do homem que estabelece a relação entre o homem físico e o homem moral. Apresenta uma teorização geral da relação
entre a tendência técnica e a dinâmica da sociabilidade humana. Estes grupos
relacionam-se com o meio exterior (geografia, clima, animais e vegetação)
através dos objetos técnicos (uma pele exterior) como se fossem organismos
vivos com um meio interior composto pela memória e cultura. A tendência técnica aparece como um fluxo
em que internamente ganha uma ancoragem cada vez maior no meio externo através
da representação dos fatos técnicos. Ao movimentar o corpo, independente de qual função exerça, realiza-se uma postura ou movimento, onde diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo são acionados. A musculatura fornecer força para a execução da função, precisa estar preparada, como os seus ligamentos, pois possuem uma função no deslocamento do corpo. Chargé d’objets collectés au retour de la mission en Hokkaïdo, été 1938.
Ao
contrário do que por vezes foi dito, vale lembrar que o conceito de evolução de
Leroi-Gourhan não reduz pura e simplesmente o domínio dos objetos técnicos ao
dos seres vivos, não visa naturalizar as técnicas separando-as do seu significado
humano, permite, pelo contrário constituir este domínio das técnicas na esfera
da objetividade, a parte, autônoma, irredutível e tornada acessível por um
conhecimento especial que é o conhecimento tecnológico. Se o objeto da
tecnologia releva efetivamente de um processo de evolução, não é um processo
histórico, mas um processo determinado por leis de transformação de natureza
operatória e funcional. Um objeto exumado num local de escavação não é
em si um objeto de conhecimento. Só o poderemos considerar como objeto de conhecimento
resituando-o num processo de evolução que permita por em evidência regularidades
de estrutura e leis de transformação dessas estruturas. O objeto da tecnologia
não é apenas a origem do utensílio e a sua concepção, mas uma operação que
permite em movimento, o gesto eficaz regulado pelos
constrangimentos da matéria. Na sua vontade de classificação, a arqueologia de Leroi-Gourhan
mobiliza então a noção de “tendência”, espécie de determinismo técnico
utilizado como conceito classificativo do qual dão conta os vestígios dos
processos de trabalho. Uma
constatação evidente é que o estudo sobre a técnica centra-se sobre um
princípio de causalidade que situa a relação entre o homem e a matéria como um
ato de produção. Esse tipo de relação a partir da atividade humana entendida
como ato de produção leva a entender a materialização das técnicas como sendo
representação de um conjunto de objetos, que nos informariam e seriam
informados por características que são, em certa medida, externas à substância
material que os compõem. Esse tipo de passagem é geralmente entendido
analiticamente como ocorrência entre domínios ontológicos diferentes. Com
efeito, os fenômenos causais existentes na natureza são assim separados e
considerados distintos dos fenômenos que regem a vida do homem. O
estabelecimento da relação homem/natureza nos leva a outro aspecto importante, e ipso facto condicionante
nos estudos sobre a técnica. Mas também naqueles sobre o âmbito social e
cultural em geral, isto porque, particularmente, a percepção do movimento é um dado de percepção técnica que pode ser descrito, representado e interpretado de diferentes maneiras.
Em
obras publicadas na década de 1940, André Leroi-Gourhan apresenta um conjunto
de noções elaboradas a partir da intenção de compreender a origem e o significado dos fenômenos técnicos,
bem como em que medida opera a sua evolução. Entre essas noções destacam-se as de tendência técnica,
ambiente técnico e fato técnico, voltadas à formação de um “paradigma analítico”,
que estimula o debate contemporâneo. A tendência técnica seria um conceito
abstrato voltado a entender efeitos causais de ação do homem sobre a matéria,
em termos de eficácia, melhor dizendo, a capacidade de produzir uma quantidade desejada por intermédio do efeito desejado. Ela teria um caráter inevitável e seria previsível e
retilínea. Por exemplo, “impulsionaria uma pedra segurada pela mão a adquirir
um cabo”. Nesses termos, a tendência técnica seria relativamente independente
de fatos sociais. Além de expressar ontologias distintas, os dois lados da dicotomia enunciam também a ideia de coletividade, de conjuntos e de sistemas correlatos. Nesses termos, a tendência técnica seria relativamente independente de fatos sociais. Além de expressar ontologias distintas, os dois lados da dicotomia enunciam também a ideia de coletividade, de conjuntos e de sistemas correlatos. Nesses termos, a natureza seria composta de elementos relacionados entre si por fatores de ordem ecológica, ao passo que o Homem seria a expressão de uma sociedade, de uma cultura, de um sistema simbólico, de uma representação mental, etc. Ela indicaria como, a partir da aquisição de conhecimentos matemáticos, químicos e físicos adequados, tende-se progressivamente ao aumento da eficácia da ação técnica desejada.
Contrariamente às características da tendência, existiria em qualquer sociedade uma estrutura única de caráter que seria específica e comum à maioria dos grupos e classes que fizessem parte desta sociedade, o
fato técnico é específico e imprevisível. Ele pode ser determinado pelo
encontro da tendência com inúmeras coincidências do ambiente técnico. É um
compromisso instável que se realiza entre as tendências e o ambiente. A força
propulsora da tendência técnica encontra um obstáculo no momento em que há que
realizar-se uma série de coincidências para que um progresso possa de fato se
efetivar. Por tal razão, a tendência é abstrata na sua definição dinâmica. A
oposição homem/natureza é uma particularidade da ciência na tradição ocidental.
Podemos considerar a relação social entre elementos e técnicas como tendo as mesmas
características oriundas da cultura. Podemos relacionar esses elementos e sua
distribuição à organização social relacionada como a organização sociotécnica.
A acessibilidade será assim condicionada por fatores de ordem física e química, influências e interações que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Mas também por princípios sociológicos que nos
permite entender o grau de articulação de todos os outros que é representado pela compreensão operacional da sua função e pela
competência técnica. A
competência técnica se constitui a partir dos “estoques culturais” e do que
poderíamos definir de “estoques técnicos”, resultantes não apenas da
experiência entendida como um processo cognoscitivo relegado à esfera
intelectual, mas também como um treinamento baseado num saber-fazer prático. Os comportamentos sociais, transmitidos de uma geração para outra,
envolvendo o balanço entre escolhas definidas pelo saber-fazer e por toda uma teia de relações intra e intergrupos,
deveriam estar em equilíbrio com as opções oferecidas pelo ambiente Numa
observação atenta, a obra de Leroi-Gourhan e dos que com ele definiram a
tecnologia como uma ciência humana - referindo aqui mais particularmente
Haudricourt (1987) - poderia levar bem mais longe do que se poderia imaginar à
partida. Tal experiência oferecerá as coordenadas necessárias para se
configurar uma tecnologia, entendida nos termos que desenvolve Tim Ingold, e
avaliar sua eventual aplicação, dando vida a um desempenho técnico. Esse tipo
de escolha será sempre movido pela busca de uma sempre esperada maior eficácia simbólica
e técnica. Constituiria assim, uma tendência técnica, nos termos elaborados por Leroi-Gourhan, mas não limitada apenas a um critério econômico de produção. A eficácia
deve levar em medida também por princípios sociais, simbólicos e políticos.
Bibliografia geral
consultada.
HAUDRICOURT, André-Georges, La Technologie Science Humaines. Paris: Editeur Maison des Sciences de L’Homme, 1987; LEROI-GOURHAN, André, Pré-História. São Paulo: Editora Pioneira; Editora da Universidade de São Paulo, 1981; Idem, Le Geste et la Parole I: Technique et Langage. Paris: Editeur Albin Michel, 2004; Idem, Le Geste et la Parole II: La Mémoire et les
Rythmes. Paris: Editeur Albin Michel, 2004; BROMBERGER, Christian “et al”, Hommage à André Leroi-Gourhan. Paris: Anthropologie
& Sciences Humaines, n° 7, pp. 61-76, 1986; KARSENTI,
Bruno, “Techniques du Corps et Normes Sociales: De Mauss à Leroi-Gourhan”. In: Intellectica. Paris, n° 26-27,
pp. 227-239, 1998; SOARES, André Luís Ramos, Contribuição à Arqueologia Guarani: Estudo do Sítio Ropke. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Arqueologia. Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005; MESCHONNIC, Henri, Critique
du Rythme: Anthropologie Historique du Langage. Paris: Éditions Verdier,
2009; MORTENSEN, Marianne Foss, “Museographie Transposition: The Development of an Museum Exhibit on Animal Adaptations to Darkness”. In: Éducation et Didactique, 4 (1) 115-138, 2010; GARRABÉ, Laure, Les Rytmes d`une Culture Populaire: Les Politiques du Sensible dans le Maracatu-de-Baque-Solto. Tese de Doutorado em Estética, Ciências e Tecnologia das Artes. Paris: Université de Paris 8, 2010; MURA, Fábio, “De Sujeitos e Objetos: Um Ensaio Crítico de Antropologia da
Técnica e da Tecnologia”. In: Horizontes
Antropológicos, Porto Alegre. Ano 17, n° 36, pp. 95-125, jul./dez. 2011; DIMAS, Willian Lopes, Comunicação e Circularidades: Uma Pequena Viagem em Torno do Corpo e seu Movimento. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de são Paulo, 2016; SOUZA, Luana da Silva de, Um Estudo sobre a Memória Técnica de Grupos Humanos do Haloceno, por meio da Variabilidade Técnica da Cultura Material Lítica, dos Sítios Arqueológicos Castração e Usina Localizados em Uruguaiana - RS. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2018;entre outros.
“Não somos aquilo que pensamos ser”.
Cindy Sherman
A hermenêutica moderna ou
contemporânea de nossos dias engloba não somente textos escritos, mas também tudo que há no processo interpretativo.
Isso inclui formas verbais e não verbais de comunicação, assim como aspectos
que afetam a comunicação, como proposições, pressupostos, o significado e a
filosofia da linguagem e a semiótica. Não tem a pretensão de eternizar o homem,
mas possibilitar ao homem se aproximar da vida, por meio de conexões de sentido
que integra, aproxima e relaciona os homens. A chamada teoria compreensiva tem
uma importância ética ímpar para a vida social no mundo contemporâneo.A base para esse nexo em que se dá a relação
da vivência é a categoria do significado.
Tal categoria corresponde a um apoio sólido que aparece como uma unidade de
conjunto onde interage o pensamento. Em que a maioria pensa com a sensibilidade, os sentimentos que nos fazem capazes de sentir nas situações que se vivenciam. Assim como operamos a vontade de escolher, quando podemos livremente praticar ou deixar de praticar certos atos.
Considerando
que há um balanço relacionado na relação entre a parte e todo no nexo da vivência, o que garante o equilíbrio
para esse balanço é a categoria do significado que para Wilhelm Dilthey, nada
mais é do que a integração num todo que nós encontramos junto e nos remete ao
significado contido na relação parte-todo que encontra na vivência e é seu
fundamento. É neste sentido que Dilthey considera que vida e a mudança dos seus
principais momentos estruturais fazem que a concepção do mundo sempre e em toda
a parte se expresse em oposições, embora sobre um fundo comum. Portanto é na
arte, na religião e no pensamento que encarnam os ideais que atuam na
existência de um povo. Por conseguinte, toda a mundividência é produto da história. A historicidade revela-se como
uma propriedade fundamental da consciência humana. Os sistemas filosóficos não
constituem uma exceção. Como as religiões e as obras de arte, contêm uma visão
da vida e do ser no mundo, inserido na vitalidade das pessoas que os produziram
e em consonância com as épocas que vieram à luz do dia. Traduzem uma
determinada atitude afetiva, caracterizam-se pela imprescindível lógica, porque o filósofo procura trazer a imagem à consciência
e ao mais estrito urdimento cognitivo.
Cindy
Sherman nasceu em Glen Ridge, em 19 de janeiro de 1954. É um distrito
localizado no estado norte-americano de Nova Jérsei, no Condado de Essex.
Segundo o censo norte-americano de 2000, a sua população era de 7271
habitantes. Em 2006, foi estimada uma população de 6908, um decréscimo de 363
(-5.0%). De acordo com o United States Census Bureau tem uma área de 3,3
km², dos quais 3,3 km² cobertos por terra e 0,0 km² cobertos por água. É uma
fotógrafa e diretora de cinema norte-americana, reconhecida por seus
autorretratos conceituais. A artista norte-americana Cindy Sherman representa
muito bem a arte pós-moderna. O pós-modernismo foi uma reação ao modernismo e
aconteceu a partir dos anos 1960, com o advento da arte conceitual. Os retratos
fotográficos conceituais de Cindy Sherman dialogam com a estética do cinema, da
moda, das artes, da performance e do cotidiano. Ela atualmente reside e
trabalha em Nova Iorque. Nenhum fotógrafo produziu uma negociação tão complexa
entre espectador e tema, atitudes societais em relação ao gênero e questões de
identidade por meio de autorretratos como Cindy. Através de um número de diversos
de trabalhos, Sherman levantou questões sociais importantes e desafiadoras
sobre a representação das mulheres em torno da
mídia e a natureza da criação de arte.
Cindy
Sherman é fotógrafa e cineasta norte-americana reconhecida por seus “autorretratos
conceituais”. Ela atualmente reside e trabalha em Nova Iorque. Através de
diversos trabalhos, Sherman levantou questões importantes e desafiadoras sobre
o papel e a representação das mulheres na sociedade, na comunicação e na
natureza da criação de arte. Cindy Sherman nasceu em 19 de janeiro de 1954 em
Glen Ridge, distrito localizado no estado norte-americano de Nova Jérsei, no
Condado de Essex. Logo após o seu nascimento, sua família se mudou para a
cidade de Huntington, Long Island. Sherman interessou-se pelas artes visuais no
Buffalo State College, onde começou a pintar. É uma faculdade pública em Buffalo,
Nova York, que faz parte da Universidade Estadual de Nova York. Foi fundada em
1871 como a Escola Normal de Buffalo para treinar professores.Localizado em um campus entre Elmwood Avenue
e Grant Street na parte noroeste da cidade, oferece uma ampla gama de programas
acadêmicos, incluindo 79 cursos de graduação com 11 opções de honras, 11
programas de certificação de professores de pós-bacharelado e 64 programas de
pós-graduação.
Frustrada
com as suas limitações, ela abandonou a pintura e tornou à fotografia. A fotografia nos meios e processos sociais de
comunicação é muito importante como fonte de informação. Matérias jornalísticas
destacam-se com a presença da fotografia. Em particular a fotografia em preto e
branco publicada em jornais existe há mais de cem anos e é uma das
características representativas do fotojornalismo. É também, academicamente,
reconhecida como pesquisa social, interpretativa, analítica ou hermenêutica.
Compreende um ponto de vista metodológico da observação direta (empírica) e
registro das imagens das formas de vivência de um grupo de pessoas.Para ela não havia mais nada a dizer sobre
a pintura, ela relembrou mais tarde. – “Eu estava meticulosamente copiando a
arte de outros e então eu me dei conta que eu poderia somente usar uma câmera e
colocar em prática uma ideia instantânea”. Ela passou o restante dos seus anos
de faculdade tendo como escopo o estudo da fotografia.
Como
o centro da compreensão está na vida como um todo estruturado, mas sempre
resultando da relação entre individualidades, é possível perceber a conexão
entre a ética e a teoria compreensiva. Há uma démarche que atravessa o homem, e nesta noção de sentido está a
marca de uma concessão fatal a representação social. Nós tendemos a evitar a
repetição, tanto quanto o empirismo dos positivistas. Mas que fique clara a
dimensão de ser criador de significados, que não é simplesmente a noção ampla
de vida, mas sua unidade constitutiva, a vivência, representada em toda
experiência humana. Ipso facto, a
história é suscetível de reconhecimento porque é obra humana. Nela o sujeito e
objeto do conhecimento formam uma unidade. Nessa direção chega-se à formulação
da concepção de Wilhelm Dilthey em seus elementos: vivência, expressão e
compreensão. A vivência surge nesse ponto, como algo especificamente social,
pela sua dimensão intersubjetiva, e cultural, pela sua dimensão significativa,
para além do seu nível psicológico ou mesmo biológica porque guarda na memória.
Trata-se de um ato de consciência, que propõe e persegue fins num dado contexto
social e intersubjetivo.
Historicamente temos o registro da primeira fotografia reconhecida socialmente que remonta ao ano de 1826 e é
atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. Contudo, compreende-se que a
invenção da fotografia do ponto de vista da sociedade globalizada não é obra de
um só autor. Mas um processo técnico de acúmulo de avanços por parte da
interpelação de muitas pessoas, trabalhando, juntas ou em paralelo, ao longo de
muitos anos. Se por um lado os princípios fundamentais da fotografia se
estabeleceram há décadas e, desde a introdução do filme fotográfico colorido,
quase não sofreram mudanças, por outro lado, os avanços tecnológicos têm
sistematicamente possibilitado melhorias na qualidade das imagens reproduzidas
no processo de trabalho e de produção com a redução de custos, popularizando o
uso da fotografia. No ano do centenário de seu nascimento, Robert Doisneau
ganhou mostra na cidade do Rio de Janeiro. Formado em litografia, abraçou na
contraditória década de 1929 “um novo interesse como fotógrafo autodidata”. A pessoa que tem acapacidade de apreender algo por conta própria, sem o auxílio de professor ou mentor. Alguém que aprende alguma coisa sozinho.
Neste
sentido, o contato com a arte conceitual, a performance
art, a body art e os meios materiais
para documentar essas artes do ponto de vista técnico-metodológico
compreendidas como performativas, a exemplo da fotografia, o vídeo e o cinema,
foram fundamentais para Sherman reorientar o seu trabalho no sentido dos seus
autorretratos que se tornaram o centro de sua produção artística. Em 1975,
ainda na universidade, Cindy produziu uma série de cinco fotografias, que
mostram o seu próprio rosto, alterado por meio de maquilagem e de chapéus, em
cinco versões diferentes. Estava nessa precoce experiência o enunciado do seu
programa de intenções. A personagem que Cindy Sherman interpreta em cada uma
das fotografias é construída, assim, em torno de algumas figuras femininas ficcionalizadas
e reconhecidas na constituição cinematográfica que, por sua vez, personifica
uma mulher, partindo de um imaginário formulado pela cinematografia de um diretor:
Hitchcock, Rossellini,Antonioni ou Godard, em paralelo com a imagem das atrizes
dos seus filmes, como Anna Magnani, Mónica Vitti, Sophia Loren, Brigitte Bardot
ou Jeanne Moreau (cf. Ramos, 2017).
Na
história da arte, são pouco conhecidos os nomes de artistas do sexo feminino
antes do advento das correntes modernistas. Estudos anteriores realizados por
historiadores e historiadoras da arte feminista apontam que a principal causa
de exclusão das mulheres do sistema acadêmico foi, do século XVII até finais do
XIX, “a impossibilidade de cursarem as classes de modelo vivo”.Considerava-se inapropriado que mulheres
observassem os corpos despidos. Tal ressalva moral traduziu-se em uma exclusão
institucional: as escolas de artes oficiais foram, por muito tempo, reticentes
com relação ao ingresso de alunas entre seus quadros. Algumas artistas
conseguiram vencer tais obstáculos, consolidando carreiras. Mas as dificuldades
em concretizar esses objetivos apenas começavam no momento de formação. O
aparato institucional formalmente excluía as mulheres do acesso aos
instrumentos de conhecimento e domínio do cânon. A academia reconhecia a
possibilidade das artistas do sexo feminino pertencerem a seus membros, desde
1770, todavia o processo para que fossem eleitas seguia outros caminhos
diversos dos masculinos. Teriam de contar com uma indicação real que atestasse
serem excepcionais, e ainda assim só poderiam ser recebidas até o número máximo
de quatro. Na prática, decretava-se do ponto de vista do patriarcado que apenas
as mulheres “extraordinárias” poderiam fazer \parte e pertencer à instituição.
O
Antigo Regime permitiu que duas
mulheres tivessem se tornado artistas proeminentes da corte francesa. Ainda que
compreendidas sob o signo da excepcionalidade, havia uma possibilidade de que
participassem da produção artística e, mesmo, da principal instituição de
consagração dos artistas: a academia. O salão de 1783 foi o marco de exaltação
das artistas e, também, o momento a partir do qual as reações do campo iniciam
a conformar um nicho próprio que pudesse interpretar, rotular e, ao final,
diferenciar a produção feminina. O preço que cada uma das artistas pagou pelas
transformações radicais impostas pela revolução clássica francesa foi
determinado em grande parte pelas relações que estabeleceram com a corte. Mas o
salão de 1785 era um palco também de outro marco: ali estreava, com muito
sucesso, o então jovem Jacques-Louis David, pintor que se tornaria o símbolo da
nova era. Com o chamado“Juramento dos
horácios”, uma nova estética neoclássica, severa, racional - e com temática da
virtude patriótica ancorada no heroísmo masculino -, começou a se impor.
Nos
“Untitled Film Stills” não existe uma grande personagem feminina, mas mulheres
estereotipadas e também a inexistência da figura masculina. As sessenta e nove
heroínas solitárias mapearam uma constelação particular de feminilidade
fictícia que tomou conta do pós-guerra nos Estados Unidos da América, período
da juventude de Sherman, e esta fase representou o marco zero da mitologia
contemporânea. Na série Cindy Sherman produziu curiosamente 69 fotografias nas
quais personifica estereótipos de mulheres advindas do imaginário individual (o
sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos). A artista utiliza o princípio
dos stills cinematográficos,
fotografias cujo objetivo é criar interesse para que compreendam a tópica da
reprodutibilidade técnica no cinema e na fotografia. De maneira que tais
fotografias tornem-se interessantes o suficiente para despertar o desejo merceológico.
Ela pretende criar esse sentimento de desejo, deixando ao espectador a função
da imaginação e da própria contextualização da fotografia num contexto
espaço/tempo. Suas fotografias apresentam cenas e estereótipos de mulher que
são reconhecíveis e familiares ao observador, mas que, por outro lado, não
reportam a nenhuma cena ou personagem em sua particularidade intrínseca.
Não
menos importante do que essa discussão é descrever os fundamentos da doutrina
psicanalítica e apresentar as principais contribuições que ela refez à ciência,
à filosofia, à antropologia e à sociologia em seu surgimento. Contudo, a
psicanálise interpreta as manifestações da psique, as tendências sexuais (ou
libido), e as fórmulas morais e limitações condicionantes do indivíduo. São
dois os fundamentos da teoria psicanalítica: 1) Os processos psíquicos são em
sua imensa maioria inconscientes, a consciência não é mais do que uma fração de
nossa vida psíquica total; 2) os processos psíquicos inconscientes são
dominados por nossas tendências sexuais reprodutivas. Freud pretendeu descrever
e explicar a vida humana tanto do ponto de vista pessoal e individual, mas
também pública e social, recorrendo a essas tendências sexuais a que chamou de
libido. Com esse termo, o pai da psicanálise designou a “energia sexual” de
maneira mais geral e indeterminada. Em suas primeiras manifestações sociais, a
libido liga-se as funções vitais: no bebê que mama, o ato de sugar o seio
materno provoca outro prazer além de obter alimento e esse prazer passa a ser
buscado por si mesmo.
Na
abordagem psicanalítica fundada por Sigmund Freud, o indivíduo se constitui
como um ente à parte do social e que compõe o nível de análise social. Freud
refere-se aos aspectos que compõem um estado instintivo humano e que acaba por
se tornar inibido em prol da convivência em comunidade. A inibição destes
aspectos, que são instintivos, consiste numa privação de características que
são inatas aos homens, e, esta própria privação, acaba por consistir em
determinados descontentamentos. Neste sentido, os homens em civilização ou
civilizados demonstram-se descontentes na busca de sua felicidade, pois seus
instintos não são prontamente atendidos em sociedade. No seu ensaio: “O
mal-estar da civilização”, Freud elabora uma discussão filosófico-social a
partir de sua teoria psicanalítica. O autor desenvolve a ideia pragmática
segundo a qual, em sociedade, “não há avanço sem perdas”. A ideia central que
desenvolve nesta obra é a de que a civilização é inimiga da satisfação dos
instintos humanos. A sociedade transforma a natureza humana individualmente, constitui
o homem como membro da comunidade, adaptando-o a um processo vital que torna o
indivíduo um ente social.
O
olhar de Sherman assume este conjunto de práticas e saberes sociais de modo a
sublinhar a ligação inextricável na cultura contemporânea entre imagem e
identidade. Ao inserir essa linguagem cinematográfica em museus e galerias, a
artista obriga o observador a condicionar um olhar diferente sobre as imagens
femininas que o cinema projeta, de modo que neste contexto os tipos de mulheres
representados questionam o impacto do cinema na própria identidade, num duplo
movimento de identificação e estranhamento, através de estratégias de simulação
e desfamiliarização. Segundo Ramos (2017) alguns críticos de arte, como Arthur
Danto, consideram o trabalho de Sherman mais performático do que fotográfico,
sendo a fotografia, nesse caso, apenas um registro que captura as encenações da
artista. Neste sentido, as fotografias de Sherman não podem ser consideradas
autorretratos porque caminham inversamente. Se o autorretrato supõe o
desdobramento da vida interior e da profundidade “psicológica do eu”, ao
contrário, ela sugere retratos que “divide com qualquer mulher desconhecida”.
Enfim,
o uso da narrativa é realçado por Sherman como um trabalho individual, que possibilita um controle seguro sobre o
fazer. A respeito de suas personagens, a influência da Sétima Arte é evidente, e pontual como, por exemplo, na forma
enigmática e fragmentada pelas quais ela nos permite “mergulhar” em cada uma de
suas fotografias. Apropria-se desses códigos e reconstrói um processo integral
de simulação em suas obras, lembrando que a simulação não remete a
representação, essa última é subvertida pelo simulacro, sem que exista a
necessidade de conectar e representar com o mundo. A narrativa e a presença de
uma ação contínua assumem uma importância relevante e é através dessas que
surge o seu principal trabalho, tendo adquirido o reconhecimento e consolidação
de sua produção, com a série denominada “Untitled Film Stills”, um trabalho seriado,
composto por 70108 retratos, realizado a duras penas entre os anos de 1977 e
1980. O título da série também nos remete à lógica do cinema e o sentido
narrativo que propõe um “film still”, nada mais é do que uma representação
fotográfica expropriada de um filme, durante o processo de trabalho e de produção, com a
finalidade de realizar objetivamente a produção da publicidade. De acordo com Macêdo (2017: 77 e ss.),
isto é, esta característica fetichista obscura e misteriosa que existe nesses
intervalos, é uma especificidade encontrada no cinema, e que ressurge nas
fotografias laboriosas de Cindy Sherman.
A questão que deve ser considerada é a de que, embora sejam apresentados como autorretratos, a lógica conquistada por Sherman não pode
ser adjetivada dentro desta noção. Os simulacros ganham vida para (des)construir
uma imagem real e incontornável que revela uma imitação que precede o seu
referente. Trata-se de uma cópia sem original, uma construção imagética que é
parte de uma crítica positiva contra a naturalização material de códigos
ideológicos. Ela pretende desmistificar tais moldes solidificados socialmente. Para isso a produção de autorretratos, com o
deslocamento do sujeito, no caso a própria artista, é invadida por quase todos
esses códigos perceptíveis e estereotipados e que dão início aos
questionamentos destes próprios estereótipos internalizados. Na noção de
simulacro, os códigos representados podem ser reportados a uma existência do
cinema, porém não há um original, mas sim simulações sem cópias. A simulação dos códigos fragmentados nos
permite, através da análise social de Sherman, compreender e problematizar
esses elementos, tornando explícita a capacidade que os meios e os métodos de
trabalho de comunicativo possuem e que acabam por normatizar e naturalizar a
existência de padrões autoritários
perante o nosso comportamento social.
As
personagens do cinema são uma influência direta para o trabalho, embora seu
objetivo não seja revelar cópias, mas trazer semelhanças e contornos que possam
estar ligados a tais referências comunicativas, nomes como Brigitte Bardot,
Jeanne Moreau, Simone Signoret, Sophia Loren, Anna Magnani podem ser interpelados
como exemplos assimilados por Sherman. Para sermos breves, no caso da
transferência psicanalítica, segundo Hal Foster (cf. Macêdo, 2017), a produção
de Sherman pode ser compreendida através de três estágios, que corroboram com o
diagrama do psicanalista Jacques Lacansobre
a visualidade: 1º sujeito da representação, passando para o 2º a imagem na tela
e 3º o olhar do mundo. Desta forma, Foster propõe que as imagens de Cindy Sherman
evocam os diferentes sujeitos femininos, submetidos, para além de uma visão
interna, à visão do outro. Além disso, demonstra com essa comparação, o que ele
designa como “o retorno do real”, que é nada mais do que um trauma, um efeito específico
que muda a interação entre a concepção e a prática com a própria realidade.
Para exemplificar essa alteração evoca o diagrama lacaniano, onde existe na
linguagem esse desvio do foco.
Bibliografia geral consultada:
FOURIER, Charles, L`orde subversif trois texts sur la civilisation. Paris: EditeurAubier Montaigne, 1972; TRISTAN, Flora, Le Tour de France. Journal Inédite 1843-1844. Paris: Éditions Tête de Feuilles, 1973; SHERMAN, Cindy, “The Complete Untitled Film Stills”.
In: FRANKEL, David (editor), Cindy
Sherman: The Complete Untitled Film Stills. New York: The Museu of Modern
Art, 2003; COHN, Gabriel, “Dilthey e a Hermenêutica”. In: Crítica e Resignação: Max Weber e a Teoria
Social. Tese de Titular em Sociologia. 2ª edição. São Paulo: Editora
Martins Fontes, 2003; EUSÉBIO, Maria de Fátima, “A Apropriação Cristã da
Iconografia Greco-Latina: O Tema do Bom Pastor”. In: Máthesis. Viseu. Universidade Católica de Petrópolis, 2005; SIMIONI,
Ana Paula Cavalcanti, “O Corpo Inacessível: As Mulheres e o Ensino Artístico
nas Academias do Século XIX”. In: ArtCultura, Vol. 9 (14) 83-97,
jan.-jun. 2007; RIBEIRO, Alessandra Monachesi, “O Grotesco, o Estranho e a Feminilidade
na Obra de Cindy Sherman”. In: Ide -
Psicanálise e Cultura. São Paulo, 2008, 31(47), 88-93; SILVA, Marcela Maria Dantas da, Identidades Metamorfoseadas. Uma Perspectiva de Cindy Sherman. Mestrado em Filosofia. Variante Ética, Gênero e Cidadania. Évora: Universidade de Évora, 2012; SOUZA, Ronaldo
Ferreira de, Um Estudo sobre o Universo Feminino nas Obras de Nan Goldin e
Cindy Sheran. Dissertação de Mestrado. Instituto de Artes. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2013; HARE, Nina, “Mulheres
Ainda São Minoria na Arte?”. In: Revista
Bravo, n°189, pp. 14-23, maio de 2013; BERTINATO, Flávia Tresinari, A Construção da Cena: Cindy Sherman e Stan
Douglas. Dissertação de Mestrado. Departamento de Artes Visuais. Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2013; RAMOS, Angélica da
Costa, “O Eu Pulverizado na Arte Performática de Cindy Sherman”. In: Revista Performatus. Inhumas, Ano 5, n°
18, jul. 2017; MACÊDO, Nicoli Braga, O
Feminino e o Fotográfico: Uma Visão de Sherman, Ventura e Rennó.
Dissertação de Mestrado em História. Faculdade de Letras. Lisboa: Universidad
de Lisboa, 2017; SOARES, Clebea Lúcia, A
Vestimenta na Série Untitled Film Stills de Cindy Sherman. Dissertação de Mestrado
em Artes. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2018;entre outros.
“Matemática é a
rainha das ciências e a teoria dos números é a rainha da matemática”. Carl Friedrich Gauss
Na
Roma antiga, o gênio representava o
espírito ou guia de uma pessoa, ou mesmo de uma gens inteira. Um termo relacionado é geniusloci, o espírito
de um local específico. Por contraste a força interior que move todas as
criaturas viventes é o animus. Um
espírito específico ou daimon pode
habitar uma imagem ou ícone, dando-lhe poderes sobrenaturais. Gênios são
dotados de excepcional brilhantismo, mas frequentemente também são insensíveis
às limitações da mediocridade bem como são emocionalmente muito sensíveis,
algumas vezes ambas as coisas. O termo prodígio indica simplesmente a presença
de talento ou gênio excepcional na primeira infância. Os termos prodígio e
criança prodígio são sinônimos, sendo o último um pleonasmo. Deve-se ter em consideração que é perigoso tomar como referência as pontuações em testes de QI quando se deseja fazer um diagnóstico razoavelmente correto de genialidade. Há que se levar em consideração que em todos as pontuações, e em todas as medidas, existe uma incerteza inerente, bem como os resultados obtidos nos testes representam a performance alcançada por uma pessoa em determinadas condições, não refletindo necessariamente toda a capacidade da pessoa em condições ideais. É de crer que, para que o gênio se manifeste num indivíduo, este indivíduo deve ter recebido como herança a soma de poder cognitivo que excede em muito o que é necessário para o serviço de uma vontade individual, segundo Schopenhauer (2001), é este excedente que, tornado livre, serve para constituir um objeto liberto de vontade, um claro espelho do ser do mundo. A través disto se explica a vivacidade que os homens de gênio desenvolvem por vezes até a turbulência: o presente raramente lhes chega, visto que ele não enche, de modo nenhum, a sua consciência; daí a sua inquietude sem tréguas; daí a sua tendência para perseguir sem cessar objetos novos e dignos de estudo, para desejar enfim, quase sempre sem sucesso, seres que se lhes assemelham, que estejam à sua medida e que os possam compreender. O homem comum, plenamente farto e satisfeito com a rotina atual, aí se absorve; em todo lado encontra seus iguais; daí essa satisfação particular que experimenta no curso da vida e que o gênio não conhece. - Quis-se ver na imaginação um elemento essencial do gênio, o que é bastante legítimo; quis-se mesmo identificar os dois, mas isso é um erro. O fato é que, seja em que medida for, o certo é o incerto e o incerto é uma estrada reta. O objeto do gênio, considerado como tal, são as ideias eternas, as formas persistentes e essenciais do mundo e de todos os seus fenômenos. Onde reina só a imaginação, ela empenha-se em construir castelos no ar a lisonjear o egoísmo e o capricho pessoal, a enganá-los momentaneamente e a diverti-los; mas neste caso, conhecemos sempre, para falar com propriedade, apenas as relações das quimeras assim combinadas. Talvez ponha por escrito os sonhos da sua imaginação: é daí que nos vêm esses romances ordinários, de todos os gêneros, que fazem a alegria do grande público e das pessoas semelhantes aos seus atores, visto que o leitor sonha que está no lugar do herói, e acha tal representação bastante agradável. A
história da matemática é uma área de estudo dedicada à investigação sobre a
origem das descobertas da matemática e, em uma menor extensão, à investigação
dos métodos matemáticos e aos registros etnográficos ou notações matemáticas do
passado. A matemática islâmica, por sua vez, desenvolveu e expandiu a
matemática conhecida destas civilizações. Muitos textos gregos e árabes sobre
matemática foram então traduzidos ao Latim, o que contribuiu com o
desenvolvimento da matemática na Europa medieval. Dos tempos remotos, antigos à Idade
Média, a eclosão da criatividade matemática foi frequentemente seguida por
séculos de estagnação. Com o Renascimento, novos
progressos técnicos da matemática, interagindo no progresso da disciplina com as novas descobertas científicas,
foram realizados de forma crescente, continuando assim decerto sem paixão.
A
palavra matemática vem do grego antigo máthēma e significa “aquilo que
se aprende”, “aquilo que se conhece”, assim como “estudo” e “ciência”. A
palavra passou a ter o significado mais restrito e técnico de “estudo
matemático” mesmo no período clássico. Seu adjetivo é mathēmatikós (μαθηματικός),
que significa “relacionado à aprendizagem” ou “estudioso”, que também passou a
significar “matemático”. Em particular, mathēmatikḗ tékhnē(μαθηματικὴ
τέχνη; em latim: ars mathematica) significava “a arte matemática”. Da
mesma maneira, uma das duas principais escolas de pensamento do pitagorismo era
reconhecida em grego antigo como mathēmatikoi (μαθηματικοί) — que
na época significava “alunos” ao invés do significado moderno dado ao termo “matemáticos”.
Os pitagóricos foram provavelmente os primeiros a restringir o uso da
palavra apenas ao estudo da aritmética e da geometria. Na época de Aristóteles
(384-322 a.C.) este significado foi totalmente estabelecido. Em latim até
cerca de 1700, o termo matemática tinha como significado mais comum “astrologia”
(ou às vezes “astronomia”); isto mudou gradualmente para o significado atual
entre 1500 e 1800. Esta mudança resultou em vários erros de tradução: a advertência de Santo Agostinho de que os cristãos deveriam tomar
cuidado com os mathematici, que significa “astrólogos”, às vezes é mal
traduzida como “uma condenação dos matemáticos”.
Jacques
Derrida, nascido em El Biar, Argélia, foi um filósofo francês, que iniciou
durante a década de 1960 a categoria desconstrução em filosofia. Esta
“desconstrução”, termo que cunhou, deverá aqui ser compreendida,
metodologicamente, por um lado, à luz do que é conhecido como intuicionismo e
construcionismo no campo da meta-matemática, na esteira da obra de Brouwer e
depois Heyting, ao qual Derrida irá adicionar as devidas consequências dos
teoremas da “indecidibilidade” de Kurt Gödel (1906-1978) e, por outro, a um aprofundamento
do ponto de vista crítico da obra de Husserl, Heidegger e Levinas na
ultrapassagem da metafisica tradicional, embora
importante, mas que ele vai apresentar de maneira clara como sendo uma
“metafisica da presença”, objeto dessas notas de leitura. Formalmente, um
problema de decisão representa um subconjunto dos números naturais. O problema
correspondente de maneira informal é o de se decidir se um dado número está no
conjunto. Um problema de decisão A é chamado decidível ou efetivamente solúvel
se A é um conjunto recursivo. Um problema é chamado parcialmente decidível,
semidecidível, solúvel, ou provável se A é um conjunto recursivamente
enumerável. Problemas parcialmente decidíveis e outros problemas que não são
decidíveis são chamados singularmente de indecidíveis.
Consequentemente
influenciado por Freud e Heidegger, Jacques Derrida foi um dos mais importantes
filósofos da geração da debacle do pós-estruturalismo e pós-modernismo. Fã de
esportes chegou a cogitar seguir a carreira como jogador de futebol. Foi um dos
pensadores franceses reconhecidos internacionalmente, em particular nos Estados
Unidos. Ali, a partir de 1956, lecionou nas universidades de Harvard, Yale e
John Hopkins. Na França, ensinou na Sorbonne e na Escola Normal Superior.
Derrida foi precursor de uma reflexão crítica sobre a filosofia e seu ensino.
Isso o levou a criar, em 1983, o Colégio Internacional de Filosofia, presidido
por ele até 1985. A psicanálise teve uma importância central em sua obra. Para
Derrida, a ideia freudiana do inconsciente revolucionaria a filosofia e
costumava citar o conceito freudiano de posterioridade, em alemão: Nachträglichkeit
ou Aprés-coup em francês. Segundo Freud, há a possibilidade de
transformação do passado ao se dar um novo significado às recordações. Ao
questionar os conceitos de verdade e de memória, Jacques Derrida entendia que
Freud propunha um problema filosófico de magnitude inédita. Foi o criador do
método chamado de desconstrução. Nesse sistema, não se trata de destruir e sim
de “decompor os elementos da escrita para descobrir partes do texto que estão
dissimuladas”.
Essa
técnica metodológica de análise centra-se apenas nos textos. Em seguida,
Derrida criou outros dois conceitos: a “indecidibilidade”, que demonstra a
impossibilidade de determinar aquilo que é forma no texto ou fundo ideológico;
e o conceito de “diferença”, que parte da análise semântica dos dois sentidos
do infinito latino differre (diferir): o primeiro remete para o
futuro (tempo), o segundo para a distinção de algo criado pelo confronto. Filho
de família judia, mas não religioso, Derrida ingressou na Escola Normal
Superior de Paris, em 1950. Durante a infância, na Argélia, sofreu com a
repressão antissemita. Foi expulso do colégio por causa da redução das cotas
para judeus de 14 para 7%. Essa discriminação o marcou e sua
lembrança é recorrente em suas obras. A família mudou-se para a França em 1949.
Fundou a associação Jan Hus (1981), para auxiliar “intelectuais dissidentes da
Tchecoslováquia”. Ele iniciou um movimento baseado nas ideias de John
Wycliffe. Os seus seguidores ficam reconhecidos na história social e política
como os Hussitas.
Etnograficamente
é uma área de estudo dedicada à investigação científica sobre a origem das
descobertas da matemática e, em uma menor extensão, à investigação dos métodos de
interpretação matemáticos e aos registros ou notações matemáticas do passado. Anteriormente
à modernidade contemporânea e à expansão mundial do conhecimento, os exemplos escritos de
novos progressos matemáticos tornaram-se conhecidos em apenas poucas
localidades. Egípcios, babilônicos e chineses, muito antes do século VI, eram
já capazes de efetuar cálculos e medidas de ordem prática com grande precisão.
Foram os gregos, no entanto, que introduziram as rigorosas provas dedutivas e o
encadeamento sistemático de teoremas demonstrativos que tornaram a Matemática
uma ciência. A palavra Matemática é de origem grega (μαθηματική) e engloba a
aritmética, que estuda as operações numéricas, a geometria, que estuda os espeço e as figuras, a astronomia, que trata dos do universo e
os corpos celestes e a mecânica., que estuda o movimento e repouso dos corpos. A aritmética e a geometria, as duas ciências teóricas
que atraíram os gregos, eram consideradas matemáticas puras.
A
contribuição histórica e cultura dos filósofos pré-socráticos à matemática,
enquanto ciência, não são discutíveis e em grande parte fruto de tradição bem
documentada. As mais antigas evidências concretas sobre as atividades de um
matemático propriamente dito referem-se a Hipócrates de Quios. Nossos
conhecimentos sobre Hipócrates de Quios e outros matemáticos baseiam-se em
fragmentos de suas obras e em tradições conservadas nos séculos posteriores. O
mais antigo tratado matemático que chegou até nós é o Da Esfera Móvel,
um estudo a respeito do valor piramidal da esfera. Dos matemáticos posteriores
restam-nos diversas obras de valor desigual, dentre as quais se destaca Os
Elementos, de Euclides, cuja influência persiste analiticamente. O interesse
pela história da Matemática iniciou, também, na Grécia Antiga. Eudemo de Rodes
um dos discípulos de Aristóteles escreveu consecutivas histórias da aritmética, da geometria
e da astronomia, mas que infelizmente não foram conservadas.
Durante
o período greco-romano o matemático Papo de Alexandria representa um relato etnográfico
sistemático da obra de seus predecessores, desde Euclides até Esporo de Niceia.
Há também extensas notas explicativas sobre vários temas matemáticos e valiosas
introduções aos diversos livros, nas quais Papo de Alexandria resume o tema geral e os
assuntos técnico-metodológicos a serem tratados. Notabilizou-se por ser pai da filosofa Hipátia e por
produzir em 390 uma versão mais elaborada da obra Os Elementos de Euclides
que sobreviveu aos dias atuais. Dentre suas obras está uma que faz
considerações sobre um eclipse solar em Alexandria. A mobilidade trouxe a
Atenas Hipócrates de Quios, no séc. V a. C., o primeiro autor de uma compilação
de Elementos, em que parecem já figurar investigações ligadas à resolução do problema
de Delos (a duplicação do cubo) e à quadratura do círculo. Com a morte
de Platão, seu discípulo, Têudio de Magnésia, escreveu nova compilação dos
manuscritos Elementos.
Em análise comparada um matemático de origem (des)conhecida, Leonte, que frequentou a Academia
entre 365-360 a. C., foi autor de uns Elementos. É à luz desta tradição que há
que entender o trabalho de Euclides, considerado o grande pioneiro dos estudos
de Matemática em Alexandria, cuja obra tem se mantido na memória individual e coletiva até a
modernidade contemporânea e de quem se sabe que esteve ativo, como pensador durante o reinado
de Ptolomeu I, que subiu ao trono do Egito em 330 a. C., dois anos após a morte
de Alexandre. Segundo a tradição, foi convidado por Demétrio de Faléron, após a
fundação do Museu, para aí criar uma escola de Matemática e formar vários discípulos.
Escreveu várias obras, dentre elas Dados,
Fenômenos, Porismos, Óptica, Calóptica e considerações sobre planos e
secções do cone, matéria que o seu discípulo mais notável, Apolônio de Perga,
retomará. Mas a principal obra de Euclides, que o tornará um dos matemáticos
mais famosos da Antiguidade, com repercussão até à modernidade são os Elementos,
expostos em seus treze volumes, mas descreve-se que os volumes XIV e XV são apócrifos.
Gênios
artísticos podem se manifestar na primeira infância (prodígio) ou mais tarde na
vida; de qualquer forma, os gênios eventualmente se diferenciam do restante
através de grande originalidade. Gênios intelectuais geralmente têm visões
nítidas e concisas de uma dada situação, na qual a interpretação é
desnecessária - os fatos simplesmente os impactam e eles constroem ou agem de
acordo com estes fatos sociais, geralmente com tremenda energia. Aqui também, gênios
consumados em campos cognitivos intelectuais começam em muitos casos como prodígios,
privilegiados com memória superior, reconhecimento de padrões ou apenas
percepção. Na linha divisória entre a Matemática dos séculos XVIII e XIX domina
a figura majestosa de Carl Friedrich Gauss. Filho de um trabalhador à jorna foi
criado no âmbito de uma família pobre, austera e sem educação. A vida pessoal
de Friedrich Gauss foi trágica e
complicada, na falta de melhor expressão.
Um
pai insensível, a morte prematura da sua primeira mulher, a pouca saúde da sua
segunda mulher e uma terrível relação com os seus filhos negou-lhe, até tarde,
a possibilidade de vida estável no seio de uma família equilibrada.Dadas as precárias condições econômicas familiares,
recebeu o precioso apoio do Duque de Brunswich que reconheceu nele uma
criança-prodígio. Este apoio institucional começou desde 14 anos e permitiu-lhe
dedicar-se exclusivamente aos estudos, durante 16 anos. Gauss não encontrou
nenhum colaborador entre os seus colegas matemáticos tendo trabalhado sempre
sozinho. Mas, se é verdade que o seu isolamento relativo, a sua compreensão das
matemáticas puras e aplicadas, a sua preocupação com a astronomia e o uso
frequente que faz do Latim têm a marca do século XVIII, é inegável que, nos
seus trabalhos, se amplifica o espíritocientífico de um novo período. Comparativamente
se tal como os seus contemporâneos Kant, Goethe, Beethoven e Hegel, hic et nunc se manteve
à margem das grandes lutas sociais e políticas, a verdade é que, no seu próprio
campo científico, Gauss expressou as novas ideias da sua época de uma forma
poderosíssima.
Curiosamente
nem na descendência de Gauss, nem no seu ambiente infantil, existe qualquer indício, no sentido de Ginzburg (1986)
do que resulta o trabalho da sua vida. Do lado paterno, temos, sobretudo, os donos
de pequenas quintas, trabalhadores rurais e operários em Braunschweig que é uma
parte da ex-Alemanha de Leste, isto é, trabalhadores que lutavam arduamente
pela sua subsistência. Contudo, há também notícia de agricultores abastados,
pedreiros e titulares de postos eclesiásticos. O avô paterno, Jürgen Goos,
estabeleceu-se na cidade de Braunschweig, mais tarde, capital do Ducado de
Braunschweig em 1744. Seu pai, Gebhard Dietrich Gauss, nasceu em 1744. Finalmente,
e após trabalhar como pedreiro, construtor de canais e jardineiro, Gebhard
tornou-se proprietário de uma casa, em Wilhelmstrasse, que havia sido comprada
por seu pai, Jürgen Goos, em 1753, com uma elevada hipoteca. Como Gebhard calculava
e escrevia bem, foi-lhe confiado a função de tesoureiro de um fundo de enterro.
A
primeira mulher de Gebhard morreu em 1775. No ano seguinte, Gebhard casou com
Dorothea Benze. O único filho desta união foi Carl Friedrich Gauss, que nasceu
a 30 de abril de 1777, na casa de Wilhelmstrasse que mais tarde se tornou um
museu e foi destruída num bombardeamento durante a 2ª Guerra Mundial. O avô
materno de Gauss, Kristoffer Benze, era pedreiro na aldeia de Velpke, nos
arredores de Braunschweig. Como trabalhava no arenito, seus pulmões foram afetados,
acabando por morrer quando tinha apenas trinta anos. O irmão mais novo de
Dorothea Benze, Johann Friedrich, era dotado, original e autodidata, tendo aprendido
por si próprio a ser um bom tecelão de damasco. Quando morreu, em 1809, Gauss
declarou que o mundo havia perdido um génio, declaração esta que só tem a
evidência do olhar de Gauss como sustentação. Quanto à sua mãe, Dorothea, nunca
aprendeu a escrever e quase não conseguia ler. No entanto tinha uma óptima
inteligência, bom humor e um forte caráter. O seu filho Carl Friedrich foi o
seu interesse dominante da sua vida cujos últimos vinte e dois anos dedicou a
acompanhar o filho no conhecido observatório, em Göttingen.
Durante muito tempo, se acreditou que a economia de etapas e a rapidez na resolução de problemas fossem os objetivos máximos a serem alcançados na disciplina de Matemática. Nesse sentido, ensinar algoritmos para fazer contas parecia ser o mais indicado. Se por um lado o uso de fórmulas permite organizar o raciocínio, registrá-lo, lê-lo e chegar à resposta exata, por outro, fixa o aprendizado somente nessa estratégia e leva o estudante apenas a conhecer uma prática cada vez menos usada e, pior, a realizá-la de modo automático, sem entender exatamente o que está fazendo. Começaram
cedo os indícios que faziam antever o
talento apaixonante que Friedrich Gauss demonstraria em sua vida. Isso é patente em alguns
dos excertos que relatam períodos da sua infância. É o caso do seguinte episódio: durante
os verões, Gebhard Gauss, que era contramestre numa firma de alvenaria, pagava
o salário semanal aos seus trabalhadores. Uma vez, quando Gebhard estava
prestes a pagar o salário a um dos trabalhadores, Carl Friedrich, na altura com
apenas três anos, levantou-se e disse: - “Papa, cometeste um erro!”, indicando
em seguida a quantia certa. Gauss tinha seguido os cálculos sem sequer poder
ver os registos escritos, dado que a sua altura ainda não era suficiente para alcançar
a mesa, e para surpresa dos presentes, uma confirmação provou que o pequeno Carl
Friedrich estava certo. É, portanto, natural que Gauss tivesse o costume de
dizer que tinha aprendido precocemente a contar e a calcular antes de ter
aprendido a falar.
Gauss tinha cerca de dez anos e frequentava a
classe de aritmética quando Büttner propôs o seguinte difícil problema: - “Escrevam
todos os números de 1 a 100 e depois vejam quanto dá a sua soma”. Era hábito,
quando a classe tinha uma tarefa deste tipo, que se fizesse o seguinte: o
primeiro aluno a acabar iria até à secretária do professor com a sua ardósia e
colocá-la-ia em cima da mesa. O seguinte a acabar colocaria a sua ardósia em
cima da ardósia do colega e assim sucessivamente, até a pilha de ardósias estar
completa. O problema em questão não era difícil para alguém que tivesse alguma
familiaridade com as progressões aritméticas. Como os rapazes ainda eram
principiantes, Büttner certamente pensou que lhe seria possível fazer um
intervalo por um bom bocado. Mas estava enganado... Em alguns segundos, Gauss
colocou a sua ardósia na mesa, e ao mesmo tempo disse no seu dialeto
Braunschweig: “Ligget se” (“Aqui jaz”). Enquanto outros alunos continuavam a
somar, Gauss sentou-se sereno, impassível aos olhares desdenhosos de Büttner.
No final da aula os resultados foram
examinados. A grande maioria dos alunos tinha apresentado resultados errados “pelo
que foram severamente corrigidos com uma cana-da-índia”. Na ardósia de Gauss,
que se encontrava no fim, estava apenas um número: 5050. Como seria de esperar,
Gauss teve que explicar ao espantado professor Büttner como é que tinha obtido
aquele resultado: - “Então, 1+100=101, 2+99=101, 3+98=101, e por ai em diante,
até finalmente 49+52=101 e 50+51=101. Isto dá um total de 50 pares de números
cuja soma dá 101. Portanto, a soma total é 50101=5050”. Desta maneira
aparentemente simples, Gauss tinha encontrado a propriedade da simetria das
progressões aritméticas, derivando a fórmula da soma para uma progressão
aritmética arbitrária, fórmula que provavelmente Gauss descobriu por si
próprio. Este acontecimento marcou o ponto de viragem, como dizem os italianos,
na sua própria vida. Büttner percebeu que pouco tinha para ensinar a Gauss e
deu-lhe o melhor livro de aritmética, especialmente encomendado de Hamburg.
Assim, Gauss teve estreito contato com Martin Bartels, com apenas 18 anos,
assistente de Büttner nas aulas o que constituiu uma virtù e fortuna, não tanto para Gauss que pouco tinha a aprender
com ele, mas para Bartels que, mais tarde, se tornou professor de Matemática.
Friedrich
Gauss (1777-1855) é considerado no meio acadêmico e científico um dos maiores
matemáticos de todos os tempos. Alguns o referendam como Princeps Mathematicorum ou “o mais notável dos matemáticos” e um “grande
matemático desde a antiguidade”, uma marca influente em muitas áreas da matemática
e da ciência e é um dos mais influentes na história teórica da matemática. Mas
até a idade de 20 anos teve um grande interesse por idiomas e quase se tornou
um filologista, como Friedrich Nietzsche um século depois. Posteriormente, literatura estrangeira e leituras sobre
política eram seus passatempos prediletos. Por serem incomuns, ambos com
tendências conservadoras. A matemática
gaussiana serviu às principais áreas de pesquisa da matemática moderna. A
etnografia de Gauss demonstrou que ele antecipou a geometria não-Euclidiana, 30
anos antes de Bolyai e Lobachevsky. Descobriu o teorema fundamental de Cauchy
da análise complexa 14 anos antes. Descobriu os quaternios antes de Sir Willian Rowan Hamilton e antecipou os
importantes trabalhos de Legendre, Abel e Jacobi. Se Gauss tivesse publicado
todos os seus resultados, teria feito avançar o progresso da Matemática em mais
de 50 anos.
O
principal matemático da Antiguidade uniu o mundo abstrato dos números com o
mundo real. Newton também era um matemático notável. Propôs medir o volume de
objetos curvos ou calcular a velocidade de objetos em aceleração. Leibniz não
era popular como Newton, mas aprofundou o conceito de grandezas infinitesimais,
muito relevantes do ponto de vista teórico na matemática. Évariste Galois criou
as estruturas algébricas e Henri Poincaré inventou sua topologia ambos no
século dezenove. Aquele rebelde é o único matemático cuja obra não tem erros.
Seu principal trabalho levou-o a solucionar problemas matemáticos em aberto
desde a Antiguidade. Com a topologia algébrica, é possível demonstrar como uma
caneca representa a deformação da metade do aro. A conjectura que ele propôs em
1904 só foi resolvida em 2006. Al-Khwarizmi criou as bases teóricas para a
álgebra moderna no distante século oito. Ele fundamentou a matemática descrevendo métodos e técnicas de pesquisa para resolver equações lineares e quadráticas. O italiano
Fibonacci difundiu seus ensinamentos com numerais arábicos e algarismos de 0 a 9, para representá-los em procedimentos matemáticos.
A
Matemática está presente na nossa vida desde o nosso nascimento. Nosso
cotidiano gira em torno de números, medidas, figuras geométricas e outros
conceitos inerentes a essa disciplina. Antes mesmo de iniciar o período
escolar, as crianças já têm contato no processo de formação com noções
matemáticas no seu dia a dia, aprendendo sem sequer perceber. No processo de
socialização escolar, a Matemática aparece com a divisão técnica e social do
trabalho educativo e disciplinar, embora muitos alunos já alfabetizados não possuírem
necessariamente habilidades fundamentais na Matemática. Quando isso ocorre e a
criança não consegue atribuir um sentido prático aos conceitos matemáticos, surge
a contradição sociológica de aversão à Matemática para a refutá-la. Contudo, Gauss
foi perseguido pelo governo de seu tempo e foi salvo pela proteção de um
seguidor de seus conhecimentos, o qual mais tarde veio descobrir que se tratava
de uma mulher. Aos 10 anos de idade, Gauss respondeu rapidamente qual era a
soma dos algarismos de 1 a 100 em poucos minutos, 5.050 disse ele ao seu
professor cálculo esse que demonstra a fórmula da soma de uma progressão
geométrica. Gauss desenvolveu uma concepção sobre as teorias das congruências, um método de
interpretação para determinar datas do calendário, e determinar
quando iria cair a Pascoa, uma vez que esta deveria ser coincidir no dia de domingo
após a primeira lua cheia da Primavera na Europa.
Vale
lembrar é com o conceito de Lei, que Montesquieu traz à sociedade fora do campo
da teologia e da crônica inserindo-a no âmbito propriamente teórico. Estabelece uma regra de
imanência que incorpora a teoria ao campo das ciências: as instituições
políticas são regidas por leis que derivam das relações políticas. As leis que
regem as instituições políticas são relações próprias entre as diversas classes
em que se divide a população, as formas de organização econômica, as formas de
distribuição do poder etc. Mas o objeto de Montesquieu não são as leis que
regem as relações entre os homens em geral, mas as leis positivas, isto é, as
leis e instituições criadas pelos homens para reger as relações determinadas
entre os homens. Ele observa que, ao contrário dos outros seres, os homens têm
a capacidade de se furtar às leis da razão que deveriam reger suas relações, e,
além disso, adotam leis escritas e costumes destinados a reger os
comportamentos humanos. E têm também a capacidade de furtar-se igualmente às
leis e instituições. O objetivo de Montesquieu é imiscuir o espírito das leis,
isto é, esclarecer as relações intrínsecas entre as leis (positivas) e “diversas
coisas”, tais como o clima, as dimensões do Estado, a organização do comércio,
as relações entre as classes etc.
Neste
contexto de socialização os procedimentos didáticos costumam se pautar não apenas nos conteúdos a serem estudados,
mas também em atividades práticas, que evoquem situações cotidianas de
aprendizados importantes. É a partir daí que a escola deve desenvolver o ensino
da Matemática nos primeiros anos da vida escolar. Não há discordância em
relação à idade ideal para a introdução do ensino da Matemática na educação. A
partir dos seis meses de vida os bebês já identificam a diferença entre conjuntos
de elementos que contenham quantidades diferentes. A partir dos três anos de
idade, eles já entendem as operações básicas de adição e subtração. Na vida
cotidiana a Matemática deve proporcionar, na prática, a exploração dos diversos
preceitos gnosiológicos, abordando medidas, proporções e formas geométricas, de
forma que os alunos desenvolvam e nutram prazer e curiosidade por esses procedimentos.
Essa proposta deve trazer elementos do mundo real, utilizando-se de experiências
da linguagem no desenvolvimento de didáticas que ampliem suas noções
matemáticas. Além disso, a Matemática é uma ciência fundamental para diferentes
aspectos da vida contemporânea, desde os avanços tecnológicos a situações e
necessidades da vida cotidiana nas esferas de ação social que vão desde a
economia à esfera da ação política.
Bibliografia geral consultada.
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1789-1857: Un Mathématicien Légitimiste au XIXe Siècle. Paris: Editeur Belin,
1988;GRATTAN-GUINNESS, Ivor, A Busca das Raízes Matemáticas 1870-1940. Princeton: Princeton University Press, 2000; GRAÇA NETO, Almir
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em Matemática. Manaus: Universidade Federal do Amazonas, 2007; GOMES, Maria Laura
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D’Alembert, Condillac e Condorcet. Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 2008; SUSSEKIND, Pedro, Shakespeare, o Gênio Original. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2008; SILVA FILHO, Eduvânio Machado, Uma Abordagem Didática Diferenciada para o Teorema de Pitágoras. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Matemática em Rede Nacional. Departamento de Matemática. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2013; FARIAS, Kátia
Sebastiana Carvalho dos Santos, Práticas Mobilizadoras de Cultura Aritmética
na Formação de Professores da Escola Normal da Província do Rio de Janeiro
(1868-1889): Ouvindo Espectros Imperiais. Tese de Doutorado. Faculdade de
Educação. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2014; ISAACSON, Walter, La Vie d`un Génie. Paris:
Editeur Modus Vivendi, 2016; MOURA, Elmha Coelho Martins, O Ensino de Matemática em duas Escolas Profissionalizantes: Brasil e Portugal no Período 1942 a 1978. Tese de Doutorado em Educação Matemática. Rio Claro: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2016; BRISOLA, Danielle Frozi, Teorema de Dandelin. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Matemática. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2016; MUSSATO, Gabriel Abreu, Ontologia e Epistemologia na Educação Científica. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2018; entre outros.