segunda-feira, 24 de março de 2025

Abuso Emocional - Perda da Sensibilidade & Princípio de Individuação.

                                                Se você ama, sofre. Se não ama, adoece”. Sigmund Freud

Por que o amor está, antes de mais anda, absolutamente intricado em seu objeto, e não simplesmente associado a ele: o objeto do amor em toda a sua significação categorial não existe antes do amor, mas apenas por intermédio dele. O que faz aparecer de maneira bem clara que o amor – e, no sentido lato, todo o comportamento do amante enquanto tal – é algo absolutamente unitário, que não pode se compor a partir de elementos preexistentes. Totalmente inúteis parecem, pois, as tentativas de considerar o amor como um produto secundário, no sentido de que seria motivado como resultante de outros fatores psíquicos primários. No entanto, ele pertence a um estágio demasiado elevado da natureza humana para que possamos situá-lo no mesmo plano cronológico e genético da respiração ou da alimentação, ou mesmo do instinto sexual. Tampouco podemos safar-nos do embaraço por esta escapatória fácil: em virtude de seu sentido metafísico, de seu significado atemporal, o amor permanece sem dúvida à primeira – ou última - ordem dos valores e das ideias, mas sua realização humana ou psicológica colocá-lo-ia num estágio ulterior de uma série longa e complexa na evolução contínua da vida. Não podemos nos satisfazer com essa estranheza recíproca de seus significados ou de suas areações. O problema de seu dualismo é aí, reconhecido e bem expresso, mas não resolvido; determo-nos nessa conclusão seria duvidar de sua solubilidade.

O amor é uma das grandes categorias sociais que dá forma ao existente, mas isso é dissimulado tanto por certas realidades psíquicas como in fieri por certos modos de representações teóricas. Não há dúvida que o efeito amoroso desloca e falsifica inúmeras vezes a imagem objetivamente reconhecível de seu objeto e, nessa medida, é decerto geralmente reconhecido, segundo Simmel, como “formativo”, mas de uma maneira que não pode visivelmente parecer coordenada com as outras forças espirituais que dão forma. Trata-se, portanto, aqui, de uma imagem já existente que se encontra modificada em sua determinação qualitativa, sem que se tenha abandonado seu nível de existência teórica, nem criado um produto de uma nova categoria. Essas modificações que o amor já presente traz à exatidão objetiva da representação nada têm a ver com a criação inicial que produz o ser amado como tal. Na verdade, todas essas categorias são coordenadas, por sua significação, quaisquer que sejam o momento ou as circunstâncias em que elas atuam. E o amor é uma delas, na medida em que cria seu objeto como produto totalmente original. É preciso, antes de mais anda, que o ser humano exista e seja conhecido, antes de ser amado. Mas esse algo que acontece não tem lugar com esse ser existente que permaneceria não modificado, foi, ao contrário, no sujeito que uma nova categoria fundamental se tornou criadora. Do mesmo modo que eu, amante, sou diferente do quer era antes – pois não é determinado “aspecto” meu, determinada energia que ama em mim, mas meu ser inteiro, o que não precisa uma transformação visível de todas as minhas outras manifestações -, também ele enquanto tal, é um outro, nascendo de outro a priori que não o ser conhecido ou temido, indiferente ou venerado.

O amor é sempre uma dinâmica que se gera, Para Simmel (1993) por assim dizer, a partir de uma autossuficiência interna, sem dúvida trazida, por seu objeto exterior, do estado latente ao estado atual, mas que não pode ser, propriamente falando, provocada por ele; a alma o possui enquanto realidade última, ou não o possui, e nós não podemos remontar, para além dele, a um dos movens exterior ou interior que, de certa forma, seria mais que sua causa ocasional. É esta a razão mais profunda que torna o procedimento de exigi-lo, a qualquer título legítimo que seja totalmente desprovido de sentido. Sequer sua atualização dependa sempre de um objeto, e se aquilo que chamamos de desejo ou necessidade de amor – esse impulso surdo e sem objeto, em particular na juventude, em direção a qualquer coisa a ser amada – já não é amor, que por enquanto só se move em si mesmo, digamos um amor em roda livre. Seguramente, a pulsão em direção a um comportamento poderá ser considerada como o aspecto afetivo do próprio comportamento, ele próprio já iniciado; o fato de nos sentirmos “levados” a uma ação significa que a ação já começou anteriormente e que seu acabamento não é outra coisa que o desenvolvimento ulterior dessas primeiras inervações. Onde, apesar do impulso sentido, não passamos à ação, isso se dá seja porque a energia não basta para ir além desses primeiros elos da ação, seja porque ela é contrariada por forças opostas, antes mesmo que esses primeiros elos já anunciados à consciência tenham podido se prolongar num ato visível. A possibilidade real, a ocasião apriorística desse modo de comportamento que chamamos amor, fará surgir, se for o caso, e levará à consciência, como um sentimento obscuro e geral, inicial de sua própria realidade, antes mesmo que a ele se some a incitação por um objeto determinado para levá-lo a seu efeito acabado.   

A existência desse impulso sem objeto, por assim dizer incessantemente fechado em si, acento premonitório do amor, puro produto do interior e, no entanto, já acento de amor, é a prova mais decisiva em favor da essência central puramente interior do fenômeno amor, muitas vezes dissimulado sob um modo de representação pouco claro, segundo o qual o amor seria uma espécie de surpresa ou de violência vindas do exterior, tendo su símbolo mais pertinente no “filtro do amor”, em vez de uma maneira de ser, de uma modalidade e de uma orientação que a vida como tal toma por si mesma – como se o amor viesse de seu objeto, quando, na realidade, vai em direção a ele. De fato, o amor é o sentimento que, fora dos sentimentos religiosos, se liga mais estreita e mais incondicionalmente a seu objeto. À acuidade com a qual ele brota do sujeito corresponde a acuidade igual com que ele se dirige para o objeto. O que é decisivo aqui é que nenhuma instância de caráter geral vem se interpor. Se venero alguém. É pela mediação da qualidade de certo modo geral de venerabilidade que, em sua realidade particular, permanece ligada à imagem desse por tanto tempo quanto eu o venerar. Do mesmo modo, no homem que temo, o caráter terrível e o motivo que o provocou estão intimamente ligados; mesmo o homem que odeio não é, na maioria dos casos separado em minha representação da causa desse ódio – é esta uma das diferenças entre amor e ódio que desmente a assimilação que comumente se faz deles. Mas o específico do amor é excluir do amor existente a qualidade mediadora de seu objeto, sempre relativamente geral, que provocou o amor por ele. Ele permanece como intenção direta e centralmente dirigida para esse objeto, e revela a sua natureza verdadeira e incomparável nos casos em que sobrevive ao desaparecimento indubitável do que foi sua razão de nascer.

Essa constelação, que engloba inúmeros graus, desde a frivolidade até a mais alta intensidade, é vivida segundo o mesmo modelo, seja em relação a uma mulher ou a um objeto, a uma ideia ou a um amigo, à pátria ou a uma divindade. Isso deve ser solidamente estabelecido em primeiro lugar, se quisermos elucidar em sua estrutura seu significado mais restrito, o que se eleva no terreno da sexualidade. A ligeireza com que a opinião corrente alia instinto sexual a amor lança talvez uma das pontes mais enganadoras na paisagem psicológica exageradamente rica em construções desse gênero. Quando, ademais, ela penetra no domínio da psicologia que se dá por científica, temos com demasiada frequência a impressão de que esta última caiu nas mãos de açougueiros. Por outro lado, o que é óbvio, não podemos afastar pura e simplesmente essa relação. Nossa emoção sexual, afirma Simmel, desenrola-se em dois níveis de significação. Por trás do arrebatamento e do desejo, da realização e do prazer sentidos, diretamente subjetivos, delineia-se, consequência disso tudo, a reprodução da espécie. Pela propagação contínua do plasma germinal, a vida corre infinitamente, atravessando todos estágios ou levada por eles de ponta a ponta. Por mais insuficiente, por mais preso a um estreito simbolismo humano que esteja o conceito de objetivo e de meios em presença da misteriosa realização da vida, devemos qualificar essa emoção sexual de meio de que a vida se serve para a manutenção da espécie, confiando aqui a consecução desse objetivo não mais a um mecanismo (no sentido lato) mas a mediações psíquicas.

Enfim, a pulsão, dirigida a princípio, tanto no sentido genérico quanto no sentido hedonista, ao outro sexo enquanto tal, parece ter diferenciado cada vez mais seu objeto, à medida que seus suportes se diferenciavam, até singularizá-lo. Claro, a pulsão não se torna amor pelo simples fato de sua individualização; esta última pode ser refinadamente hedonista, ou instinto vital-teleológico para o parceiro apto a procriar os melhores filhos.  Mas, indubitavelmente, ela cria uma disposição formativa e, por assim dizer, um marco para essa exclusividade que constitui a essência do amor, mesmo quando seu sujeito se volta para uma pluralidade de objetos. Não duvidamos em absoluto que no seio do que se chama “atração dos sexos” constitui-se o primeiro factum, ou, se quiserem, a prefiguração do amor. A vida se metamorfoseia também nessa produção, traz sua corrente à altura dessa onda, cuja crista, porém, sobressai livremente acima dela. Se considerarmos o processo da vida absolutamente como um dispositivo de mios a serviço desse objetivo - a vida – es e levarmos em conta o significado simplesmente efetivo do amor para a propagação da espécie, então este também é um dos meios que a vida se dá para si e a partir de si.

Na sociologia, o conceito de “individuação” é utilizado pelo sociólogo Danilo Martuccelli, na sua entrevista: “Como os indivíduos se tornam indivíduos”, ele ressalta a importância de estudar os fenômenos sociológicos através da ótica dos indivíduos, o que ele chama de teoria da individuação. Segundo o mesmo, estudar a realidade segundo as vivências históricas particulares, nos auxilia no processo social de compreensão dos mecanismos responsáveis pela produção de sujeitos em diversos contextos históricos. A individuação é um fenômeno que se mostra eficiente para desvendar os problemas sociais, portanto, uma excelente formação de estudo sociológico, podendo ser aplicada a qualquer fenômeno. Dessa forma, o entendimento de cada problema ou manifestação social deve ser analisado do microcosmo para o macrocosmo, traduzindo a nível de experiências individuais os grandes desafios coletivos de uma sociedade. A individuação dos sujeitos se desenvolve quando estes se veem envoltos pelas forças dos processos de racionalização e aceitação social condicionantes. Todos os sujeitos estão destinados a encarar as mesmas dificuldades, o que psicologicamente Martuccelli denomina de “prova”. Porém a resposta de cada um será diretamente proporcional à sua própria caraterização contida na identidade, posição social, raça, gênero e recursos.

Daí nasce a questão individuação. Esse processo também é derivado da variação entre sociedades e também entre períodos históricos. Ainda sobre o conceito de “provas”, segundo Martuccelli, são desafios estruturais que podem variar. É importante ressaltar que tais provas não são determinantes, ou seja, não definem o futuro e a identidade dos sujeitos, mas podem influenciá-los. E através de provas comuns é que se produzem indivíduos singulares. A noção de prova possui quatro aspectos: o primeiro se refere à percepção dos indivíduos frente a situações difíceis. O segundo, diz respeito às respostas ou reações dos indivíduos frente a tais dificuldades reais. O terceiro aspecto menciona o caráter seletivo de tais provas. O sujeito poderá obter sucesso ou falhar. E por último, cada sociedade possui um conjunto de provas que podem ser mais ou menos pré-determinadas. Neste mesmo raciocínio, encontramos também, nos textos de Martuccelli, a noção de “suporte”. Esse conceito está baseado no fato de que os indivíduos necessitam se estruturar para se manterem firmes frente à sociedade, uma vez que ser um indivíduo implica na soberania sobre si mesmo e na diferenciação em relação aos demais. Esses suportes estarão diretamente relacionados às respostas que os indivíduos dão ao enfrentarem uma prova, e podem ou não garantir o sucesso do sujeito.

A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do si-mesmo, a totalidade, entenda-se totalidade como o conjunto das instâncias psíquicas sugeridas por Carl Jung, tais como persona, sombra, self, etc. de sua personalidade individual. Jung entende que o atingir da consciência dessa totalidade é a meta de desenvolvimento da psique, e que eventuais resistências em permitir o desenrolar natural do processo de individuação é uma das causas do sofrimento e da doença psíquica, uma vez que o inconsciente tenta compensar a unilateralidade do indivíduo através do princípio da enantiodromia. Jung ressaltou que o processo de individuação não entra em conflito com a norma coletiva do meio no qual o indivíduo se encontra, uma vez que esse processo tem como condição para ocorrer que o ser tenha conseguido adaptar-se e inserir-se com sucesso em seu ambiente, tornando-se um membro ativo de sua comunidade. O psicólogo suíço afirmou que poucos indivíduos alcançavam a meta da individuação mais ampla. Um dos passos necessários para tanto seria a assimilação das quatro funções, a saber, sensação, pensamento, intuição e sentimento, conceitos definidos por Jung em sua teoria dos tipos psicológicos.

Em seus estudos sobre a alquimia, Jung identificou a meta da individuação como sendo equivalente à Opus Magna, ou Grande Obra dos alquimistas. A individuação também pode ser compreendida em termos globais como o processo que cria o mundo e o leva a seu destino (cf. Rocha Filho, 2007), não sendo, por isso, uma exclusividade humana. A individuação, neste contexto literário, se identifica com o mecanismo de autorrealização, ou primeiro motor do universo. Numa formulação próxima dos estudos em comunicação, de acordo com Samuel Mateus, “tomar o indivíduo segundo as formas de individuação significa, assim, a capacidade de incluir a singularidade na pluralidade (e vice-versa), bem como de assimilar uma diversidade de manifestações heterogéneas - por vezes incoerentes entre si - num todo aglutinante que molda a autoconsciência individual. Significa também incorporar modos de interpretação do indivíduo fundados nas relações tensionais, interdependentes e imprevisíveis operadas entre um indivíduo que oscila entre a singularidade e a pluralidade, entre um polo individual e um polo social”. Esta última noção trabalha o conceito de individuação a partir da Sociologia tendo uma clara filiação social nos trabalhos de Georg Simmel e Norbert Elias.

 A perspectiva da individuação segundo Martuccelli, ressalta a importância de estudar os fenômenos sociológicos através da ótica dos indivíduos, o que ele irá chamar de “teoria da individuação”. De acordo com a sua interpretação, estudar a realidade segundo as vivências históricas particulares, nos auxilia no processo de compreensão dos mecanismos responsáveis pela produção de sujeitos culturais em diversos contextos. A individuação é por ele considerada um fenômeno que se demonstra com eficácia simbólica para desvendar os problemas sociais e é considerada uma excelente ferramenta de estudo sociológico passível de ser aplicada a qualquer fenômeno. Um estudo da The Psychologist, uma publicação oficial da British Psychological Society, concluiu que o amor doentio deveria ser levado mais a sério pelos profissionais. De acordo com o autor do estudo, Frank Tallis (2019), “muitas pessoas necessitam de ajuda por não poder lidar com a intensidade do amor e têm sido desestabilizadas por causa disso, ou sofrem pela não-correspondência de seu amor”. Especializado em transtornos obsessivos, leciona psicologia clínica e neurociência e realiza frequentemente palestras no Instituto de Psiquiatria e Neurociência no King’s College London. Publicou mais de trinta artigos científicos em revistas internacionais e escreveu mais de vinte obras.

Publicou tanto obras acadêmicas quanto ensaios psicológicos para um público amplo, mas também é autor de romances: Killing Time e Sensing Others pelos quais recebeu o Writer’s Award e New London Writer’s Award. Sua série, The Liebermann Papers obteve reconhecimento imediato pelos críticos e pelo público. Alguns dos sintomas associados ao chamado “amor doentio” incluem: mania de conservar o humor anormalmente elevado, autoestima excessivamente alta, presentes extravagantes; depressão, apresentando choro excessivo, insônia, mas perda de concentração; transtorno obsessivo-compulsivo relacionado à preocupação, verificação constante de mensagens de texto e e-mails, acumulação de compulsiva de objetos; sintomas físicos de fundo psicológico, como dores de estômago, mudanças contumazes no apetite, tontura e confusão mental. Mais especificamente, os níveis estimados de serotonina em pessoas que se apaixonam decaem ao mesmo nível de pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo. Mais ainda, investigações da atividade do cérebro mostraram que indivíduos que se disseram “verdadeiramente, profundamente e loucamente” apaixonados têm atividade em várias estruturas cerebrais compatíveis com o transtorno obsessivo-compulsivo, como o núcleo caudado e certas áreas do córtex.

O amor doentio é um termo não-médico usado para descrever sintomas físicos e mentais associados a uma “paixão extremada”. É um termo que designa um sentimento muito forte de atração por uma pessoa, objeto ou tema. Sentimentos são o que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam. Por exemplo, medo é uma informação de que há risco, ameaça ou perigo direto para o próprio ser ou para interesses correlatos. A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência em lidar com a situação, e como isso se relaciona com experiências passadas e outros fatores. O sistema límbico é a parte do cérebro que processa os sentimentos e emoções. Sentimentos humanos podem ser estudados por diversos métodos, como via biologia, fisiologia, filosofia, matemática ou psicologia. Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico representa a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais. É uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Originou-se a partir da emergência dos mamíferos antigos em nosso habitat. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda comportamentos necessários à sobrevivência dos mamíferos, interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica do organismo. O termo límbico corresponde a um adjetivo que dá suporte ao valor de relativo ou pertencente ao limbo, ou seja, remete para o conceito socialmente de margem.

O Sistema Límbico compreende “todas as estruturas cerebrais que estejam relacionadas”, principalmente, com comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem, memória, motivação, mas também com algumas respostas homeostáticas. Resumindo, a sua principal função será a integração de informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, a informação é registrada e relacionada com as memórias preexistentes, o que leva à produção de uma resposta emocional adequada, consciente e/ou vegetativa. Estas formações podem dividir-se em componentes corticais e componentes subcorticais, estando associadas a esta região cerebral um conjunto de estruturas que, contribuem para a execução das funções deste sistema. Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema Límbico podemos observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca. “Le grande lobe limbique”, foi o termo criado em 1878, por Pierre-Paul Broca (1824-1889), referente ao conjunto de estruturas que se situam anatomicamente em volta do tronco encefálico, na face interna (medial) e inferior dos hemisférios cerebrais. Em 1664, Thomas Willlis (1621-1675) designou o anel cortical que circundava o tronco cerebral de cerebri limbus. Quanto aos componentes subcorticais é possível diferenciar as amígdalas (núcleos amigdalinos), a área septal, os corpos mamilares, os núcleos anteriores do tálamo, os núcleos habenulares e os núcleos Accumbens. Os componentes cerebrais associados ao Sistema Límbico são o Tronco Cerebral, o Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré-frontal e o Rinencéfalo (Sistema Olfativo).

Pierre Paul Broca (1824-1880) foi um cientista, médico, anatomista e antropólogo francês. Formado em medicina aos 20 anos, logo se tornou professor de patologia cirúrgica da Universidade de Paris e um renomado pesquisador médico em diversas áreas. Ficou conhecido pela sua descoberta da área cerebral da linguagem (Área de Broca), cujo feito lhe rendeu uma posição como um dos 72 nomes homenageados na Torre Eiffel. Paul Broca foi um cirurgião e antropólogo francês que nasceu em Sant-Foy-la-Grande, em 1824. Entrou na escola de medicina aos 17 anos, formando-se aos 20 anos, quando a maioria de seus contemporâneos ainda estava iniciando seus estudos em medicina. Estudou medicina na Universidade de Paris, onde logo se tornou professor de patologia cirúrgica e um médico pesquisador notável. Especializou-se em muitas áreas, como, por exemplo, em a anatomia e em histologia. Aos 24 anos já havia sido premiado com muitas medalhas e posições importantes. Realizou diversos trabalhos científicos sobre a histologia da cartilagem e dos ossos, a patologia do câncer, o tratamento dos aneurismas e a mortalidade infantil. Sendo um excelente neuroanatomista, faz contribuições importante acerca do sistema límbico. Ele funda, em 1848, uma sociedade de livres-pensadores e se simpatiza pela teoria da seleção natural de Darwin. Escreve vários livros e artigos, sendo que, 53 foram dedicados aos estudos sobre o cérebro. Ele também se dedicou à assistência aos pobres e foi célebre figura na Assistance Publique.

Broca também é um pioneiro em antropologia física. Ele fundou a Sociedade de Antropologia de Paris, em 1859, a Revue d`Anthropologie em 1872, e a Escola de Antropologia, em Paris, em 1876. Outra área de conhecimento em que se dedicou foi a anatomia comparativa dos primatas. Ele descreveu pela primeira vez trepanações que remontam ao Neolítico. Era muito interessado nas relações entre a anatomia do crânio e do cérebro e as habilidades mentais e inteligência. Já no final de sua vida, é eleito membro vitalício do Senado da França, sendo também um membro da Academia Francesa de Ciências. Ele recebeu graus honoríficos de muitas instituições do saber, na França e no exterior. Paul Pierre Broca morre em Paris, em 1880. Apesar de ter sido um renomado cientista e pesquisador, o que confere a Broca o lugar na história da medicina é a sua descoberta do “centro da linguagem” no cérebro, na região do lobo frontal. Broca foi influenciado pelos esforços de Franz Joseph Gall em mapear as funções superiores no encéfalo; contudo, em vez de correlacionar o comportamento com calombos no crânio, ele correlacionou evidências clínicas de afasia com lesões encefálicas descobertas em exames post-mortem. Em 1861, ele escreveu: - “Eu acreditava que, se houvesse uma ciência frenológica, seria a frenologia das circunvoluções (no córtex), e não a frenologia dos calombos (na cabeça)”. Com base nessa percepção sensorial, Paul Broca fundou a neuropsicologia, uma importante ciência dos processos mentais que ele diferenciou da frenologia de Gall.

A paixão é intensa, envolvente, um entusiasmo ou um desejo forte por qualquer coisa. O termo também é aplicado com frequência para designar um vívido interesse ou admiração por um ideal, causa ou atividade. Em suma, é um sentimento intenso. A palavra paixão é vulgarmente usada para exprimir uma “pulsão romanesca”, ou desejo sexual, em todo o caso mais profunda ou mais abrangente que a luxúria. Historicamente o amor doentio tem sido visto como uma doença mental ocasionada pelas mudanças intensas associadas ao amor. O polímata persa Avicena, reconhecido como o “pai da medicina moderna”, via a obsessão como principal sintoma e causa do amor doentio. O diagnóstico caiu aparentemente em desuso desde que o modelo dos quatro humores foi abandonado com o advento da psiquiatria científica moderna. O conceito de estar “louco” de amor não é simplesmente uma representação poética. Para alguns intérpretes, os altos e baixos do chamado “amor doentio” podem ter similaridades de diagnóstico com as próprias doenças mentais. Pessoas que passam por um amor muito intenso podem sofrer “amor doentio” com sensações mobilizadas de ansiedade, sintomas de mania, transtorno obsessivo-compulsivo, autoestima excessivamente alta e depressão.

Reconhecido como Ibn Sīnā ou por seu nome latinizado Avicena, foi um polímata persa que escreveu tratados sobre vários assuntos, dos quais aproximadamente duzentos e quarenta chegaram aos nossos dias. Em particular, cento e cinquenta destes tratados se concentram em filosofia e quarenta em medicina. As suas obras mais famosas são o “Livro da Cura”, que representa a vasta enciclopédia filosófica e científica, e o “Cânone da Medicina”, que era o texto padrão em muitas universidades medievais, entre elas a extraordinária Universidade de Montpellier e a Universidade Católica de Leuven, ainda em 1650. Ela apresenta um sistema completo de medicina em acordo com os princípios per se de Galeno e Hipócrates. Suas demais obras incluem ainda escritos sobre filosofia, astronomia, alquimia, geografia, psicologia, teologia islâmica, lógica, matemática, física, além de poesia. Ele é considerado o mais famoso e influente polímata da Era de Ouro Islâmica. Avicena criou um extenso corpus literário durante esta época, na qual traduções de textos greco-romanos, persas e indianos foram extensivamente estudados.

Textos greco-romanos (médio, neoplatônicos e aristotélicos) da escola de Alquindi foram comentados, foram novamente editados e foram substancialmente desenvolvidos pelos intelectuais islâmicos, que também evoluíram a partir de sistemas matemáticos, astronômicos, de álgebra, trigonometria e medicina hindus e persas. A dinastia Samânida, na parte oriental da Pérsia, chamada de Coração e na Ásia Central e também a dinastia buída na parte ocidental da Pérsia e do Iraque estimularam uma atmosfera propícia para o desenvolvimento cultural e acadêmico. Sob os samânidas, Bucara rivalizava com Bagdá como a capital cultural do mundo islâmico. O estudo do Corão e do hádice floresceu neste ambiente. A filosofia (Fiqh) e a teologia (calam) também se desenvolveram pelas mãos de Avicena e seus adversários. Arrazi e Alfarábi providenciaram a metodologia e o conhecimento necessário sobre medicina e filosofia. Avicena teve acesso às grandes bibliotecas de Bactro, Corásmia, Gurgã, Rei, Ispaã e Hamadã. Vários textos como o ´Ahd with Bahmanyar mostram que ele debateu pontos filosóficos com os grandes acadêmicos de seu tempo. Arruzi Samarcandi descreve como Avicena, antes de deixar Corásmia, conhecera Albiruni, famoso cientista e astrônomo, Abu Nácer Iraqui renomado matemático, Abu Sal Macii respeitado filósofo e Abu Alcair Camar importante médico.

A única fonte de informações para a primeira parte da vida de Avicena é a sua autobiografia, escrita por seu discípulo, Jūzjānī. Ele foi o famoso aluno de Avicena, que conheceu em Gorgan. Ele passou muitos anos com seu mestre em Isfahan, tornando-se seu companheiro de vida. Após a morte de Avicena, ele completou a Autobiografia de Avicena com uma seção conclusiva. O historiador Ibn Abi Usaibia refere que Avicena e sua próxima companheira Abu Ubayd viviam juntos na residência do xeque al-Raiss que é o título dado a Avicena e costumavam passar cada noite estudando um por um o Cânone e as instruções de Shifā. Como dizíamos, na falta de outras, é impossível ter certeza do quanto dela é verdadeiro. Foi observado que ele utiliza sua autobiografia para avançar a sua teoria do conhecimento de que é impossível para um indivíduo adquirir informações e compreender a ciência filosófica aristotélica sem ser um mestre e já se questionou se a cronologia dos eventos descrita não está ajustada para se conformar de forma mais perfeita ao modelo aristotélico. Em outras palavras, se Avicena descreveu a si estudando na “ordem correta”. Porém, dada a ausência de quaisquer outras evidências, o relato deve ser tomado pelo literalmente. Avicena teria nascido por volta de 980 d.C. perto de Bucara, atualmente no Uzbequistão, a capital dos Samânidas, uma dinastia persa na Ásia Central e no Grande Coração). Sua mãe, Setaré, era também de Bucara, e seu pai, Abedalá, seria um respeitado acadêmico ismailita de Balque, uma importante cidade do Império Samânida, no que é a Província de Balque, no Afeganistão.

Seu pai foi, na época do nascimento de seu filho, o zelador das propriedades do samânida Nuh ibn Mansur. Ele educou seu filho cuidadosamente em Bucara e diz que não havia mais nada que ele não tivesse aprendido já aos dezoito anos. De acordo com a sua autobiografia, Avicena já tinha memorizado todo o Corão aos dez anos. Ele aprendeu aritmética indiana de um verdureiro indiano e começou a aprender mais de um sábio errante que ganhava a vida curando os doentes e ensinando os jovens. Ele também estudou a Fiqh sob o acadêmico hanafi Ismail al-Zahid. Ibn Sīnā escreveu extensivamente sobre a filosofia islâmica primitiva, especialmente nos temas de lógica, ética e metafísica. A maior parte de suas obras foram escritos em árabe, que era a linguagem científica “de facto’’ na história no Oriente Médio, e algumas em persa. Na Idade de ouro islâmica de sucesso de Avicena em reconciliar o neoplatonismo e o aristotelismo com o calam, o “avicenismo” se tornou a principal escola de filosofia islâmica no século XII, com Avicena assumindo um papel de autoridade maior no assunto. O “avicenismo” também teve influência na Europa medieval, particularmente as suas doutrinas sobre a alma e a distinção entre existência-essência, principalmente por causa dos debates e tentativas de censura que elas provocaram na Europa escolástica. Essa situação foi particularmente visível em Paris, onde o “avicenismo” foi proscrito em 1210. Mesmo assim, a sua psicologia e a sua teoria do conhecimento influenciaram Guilherme de Auvérnia e Alberto Magno, enquanto que a sua metafísica teve impacto no pensamento de Tomás de Aquino.

Bibliografia Geral Consultada.

BECKER, Howard, Los Extraños. Buenos Aires: Editorial Tiempo Contemporâneo, 1971; GOFFMAN, Erving, Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975; GUERRA, Francisco, História de la Medicina. Madrid: Ediciones Norma, 1982; THOMPSON, Edward Palmer, A Formação da Classe Operária Inglesa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1987; COSTA, Jurandir Freire, A Inocência e o Vício: Estudos Sobre o Homoerotismo. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editor Relume-Dumará, 1992; SIMMEL, Georg, Filosofia do Amor. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes, 1993;  AMMAR, Sleim, ‎Ibn Sina Avicenne, la Vie & l`Oeuvre. Paris: Editeur L`Or du Temps, Coll. Quartz, 1992; MORIN, Edgar, A Cabeça Bem Feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2000; DIAS, José Pedro Sousa, A Farmácia e a História - Uma introdução à História da Farmácia, da Farmacologia e da Terapêutica. Faculdade de Farmácia. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2005; GAZZANIGA, Michael, Neurociência Cognitiva: A Biologia da Mente.  2ª edição. Porto Alegre: Artmed Editora, 2006; ROCHA FILHO, João Bernardes, Física e Psicologia. As Fronteiras do Conhecimento Científico Aproximando a Física e a Psicologia Junguiana. Porto Alegre: Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007; BEAR, Mark; CONNORS, Barry; PARADISO, Michael, Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed Editora, 2008; MATEUS, Samuel, “O Indivíduo Pensado como Forma de Individuação”. In: Estudos em Comunicação, nº10, 2011, pp. 91-103; FRANÇA, Aniela Improta, “Teoria Fonológica, Arquitetura e Variação de Gramática: Apresentação”. In: Revista Linguística. Volume 7, n° 2, dezembro, 2011; KANDEL, Eric, Princípios de Neurociências. Estados Unidos, 2013; PENNA, Eloisa, Epistemologia e Método na Obra de C G Jung. São. Paulo: Editora da PUC/SP, 2013; MARTUCCELLI, Danilo, La Condition Sociale Moderne. L`Avenir d`une Inquiétude. Paris: Éditeur Gallimard, 2017; McGraw-Hill TALLIS, Frank, Românticos Incuráveis. Quando o Amor é uma Armadilha. 1ª edição. ‏São Paulo: Faro Editorial, 2019; ZICCARDI, Victoria Vera, “Tratamento de silêncio: o tipo de abuso psicológico que pode levar a problemas de saúde”. In:  https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/03/22/; entre outros.

sábado, 1 de março de 2025

Amor Não Tem Preço: Sinceridade, Paramedicina & Saber Filantrópico.

         “Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor”. William Shakespeare 

        A filantropia designa, em geral, o amor à espécie humana e a tudo o que diz respeito à humanidade, expresso na ajuda altruísta ao próximo. A palavra vem do grego φίλος (amor) e άνθρωπος (homem), e significa “amor à humanidade”. O seu antônimo é a misantropia. Os donativos a organizações humanitárias, pessoas, comunidades, ou o trabalho para ajudar os demais, direta ou indiretamente através de “organizações não governamentais sem fins lucrativos”, assim como o chamado “trabalho voluntário” para apoiar instituições que têm o propósito específico de ajudar os seres vivos humanos e melhorar as suas vidas, são considerados atos filantrópicos. O trabalho voluntário (cf. Wilson, 2000; Georgeou, 2012) ou voluntariado, é ato de fato o desenvolvimento de trabalho voluntário individual ou por um grupo de indivíduos que “doam livremente” seu tempo e trabalho social para o serviço comunitário. Muitos são treinados especificamente nas áreas em que sabem e trabalham, comumente na medicina, educação ou resgate de emergência, e necessidade em resposta a um “desastre natural”. 

        Instituições de ensino filantrópicas são mantidas por entidades sem fins lucrativos, que desempenha atividades, paralelas ou em conjunto com o Estado, sem remuneração, diferente das instituídas com fins lucrativos que são mantidas por uma ou mais pessoas físicas e/ou jurídicas de direito privado, que se constituem em entidades comerciais, sendo esta missão maior, não sendo obrigadas a fazer atividades de cunho beneficente, embora, se quiserem, possam lhes desempenhar. Um playboy é uma representação jornalística de “estilo de vida” ou estereótipo, associado a homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. No Brasil, o termo adquiriu um sentido pejorativo, degradante, para designar homens bem-nascidos e exibidos, que não trabalham e esnobam outras pessoas. É usado como um estereótipo de insulto, muitas vezes também referenciado como um “filhinho de papai”, ou, melhor dizendo, pessoas que não trabalham e vivem às custas dos pais. O termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play (brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy significa, literalmente, “menino de diversão”. O termo foi criado no início da década de 1950 quando os Estados Unidos da América passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu “tempo integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro”. Em 1953, uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles, descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade. 

            A revista Playboy foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Na década dos anos 1960, os playboys eram homens ou jovens que, através de herança das gerações passadas, viviam “a vida como uma grande festa” e estavam quase sempre namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de determinada elite social. Ser playboy era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos per se o prazer material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a massificação da cultura pop, a representação sociológica de um playboy passou a significar “um jovem na faixa dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é cobiçado pelas meninas de seu círculo social”. Esse estereótipo foi reforçado com a divisão internacional do trabalho em vários filmes e séries de TV. Em Amor Não Tem Preço (2019), interagimos com o romance da paramédica Lilly Springer (Adelaide Kane) com o playboy Jeff Alexander (Ben Hollingsworth) que através da filantropia desenvolve a prática de ajudar o próximo, por meio de ações solidárias e altruístas, para melhorar as condições sociais e promover os laços de bem-estar no âmbito dos seres humanos. 

Apesar de ela achá-lo um rapaz “metido mimado”, em um primeiro momento de aproximação, “faíscas voam” e sensações relacionadas ao trabalho e ambos se verão forçados a domar seus instintos para fazerem com que o relacionamento tenha êxito. Enquanto Lilly tenta aprender a confiar nele, Jeff terá que demonstrar que é mais do que um socialite. Melhor dizendo, se o termo socialite foi introduzido na língua inglesa em 1928, pela revista Time, com o sentido de “pertencente à alta sociedade”, grande parte das chamadas socialites envolviam-se em trabalhos filantrópicos. A Time tem a maior circulação social do mundo contemporâneo para uma revista semanal de notícias e tem um público de 26 milhões de pessoas, 20 milhões das quais baseadas nos Estados Unidos da América. Socialite historicamente é uma palavra inglesa que designa “uma pessoa de destaque” nas camadas, por assim podermos nos referir, aos mais altos níveis da estratificação de toda e qualquer sociedade, e frequentemente muito citada nas colunas sociais por participar de eventos midiáticos públicos, como programas beneficentes, festivos, culturais, tornando-se pública e famosa por suas aparições sociais. Geralmente tem meios para manter um padrão de consumo identificado com o da elite.  

O nome “Coluna” surgiu em virtude da diagramação original dos textos não-noticiosos publicados regularmente em espaço predeterminado no jornal. Nos periódicos do século XIX, tudo que não era notícia era diagramado numa única coluna vertical, de alto a baixo da página, à parte do resto do conteúdo — exceto pelos folhetins, que eram publicados geralmente na parte inferior da primeira página, ocupando todas as colunas da esquerda até a direita. Com o passar do tempo, os textos de colunas deixaram de ser limitados a uma coluna de diagramação e passaram a ter qualquer formato, mas mantendo o caráter de informações curtas, em notas, ou observações do cotidiano, em linguagem de crônica. O colunista é a categoria social um profissional do jornalismo que trabalha escrevendo regularmente para veículos de comunicação, isto é, jornais, revistas, rádio, TV, websites, produzindo textos não necessariamente noticiosos denominados colunas. Um tipo muito comum na esfera da vida social de colunismo é a Coluna Social, que consiste em reunir informações hic et nunc, nem sempre compreendidas sob a forma de notícias sobre personalidades de uma cidade, região ou país. Colunistas sociais trabalham “caçando”, na falta de melhor expressão, notas sobre artistas, celebridades, milionários, figuras excêntricas, autoridades em geral. Este tipo de trabalho é vezes criticado por borrar, manchar, o limite entre jornalismo e boataria. Do ponto de vista do seu enquadramento no campo jornalismo, o colunismo é classificado como subgênero.

           A sinceridade é uma virtude valorizada em circunstâncias onde as divisórias entre “amigo” e “inimigo” eram geralmente distintas e tensas. A vasta extensão de sistemas sociais abstratos associada à modernidade transforma a natureza da amizade. Não por acaso o sociólogo inglês percebe que a amizade é com frequência um modo do que ele chama de reencaixe, mas ela não está diretamente envolvida nos próprios sistemas abstratos, que superam explicitamente a dependência ligada a laços pessoais. O oposto de “amigo”, discursivamente enquanto categoria social já não é mais “inimigo”, nem mesmo “estranho”; ao invés disto é “conhecido”, “colega”, ou “alguém que não conheço”. Acompanhando esta transição, a honra é substituída pela lealdade que não tem outro apoio a não ser o afeto pessoal, e a sinceridade substituída pelo que podemos chamar de autenticidade: a exigência de que o outro seja aberto e bem intencionado. Embora estas conexões sociais possam envolver “intimidade emocional”, isto não é uma condição da manutenção da confiança pessoal. Laços pessoais institucionalizados e códigos de sinceridade e honra informais ou informalizados fornecem estruturas de confiança. É bastante errôneo, contudo, realçar a impessoalidade dos sistemas abstratos contra as intimidades da vida pessoal como a maior parte das explicações sociológicas correntes tendem a fazer. A vida pessoal e os laços sociais que ela envolve estão profundamente entrelaçados com os sistemas abstratos de mais longo alcance como ocorre com o partido político. O termo “confiança” aflora com muita frequência na linguagem cotidiana.  

A questão para Anthony Giddens é: como estas mudanças afetaram as relações de intimidade pessoal e sexual? Pois estas não são apenas simples extensões da organização da comunidade ou do parentesco. A amizade, por exemplo, desde Georg Simmel (1858-1918) ou Friedrich Nietzsche (1844-1900), foi pouco estudada pelos sociólogos, mesmo se considerarmos a intuição de Alain Touraine a respeito, mas ela proporciona uma pista sociológica importante para fatores de amplo alcance que influenciam a vida pessoal. Os escritos de Georg Simmel sobre vitalismo ou filosofia de vida, quase no final de sua vida, dimensionam não tanto a tragédia da cultura (cf. Simmel, 1988), mas a ambivalência do sujeito frente à cultura: o conflito da cultura. Entende Simmel que, ainda que as formas culturais na sociedade mercantil tornem difícil ao homem exprimir criatividade, o mesmo não consegue viver sem elas. A comodidade, as formas de simbolização e informação, as novas normas legais, a liberação da sexualidade, dentre outras, são manifestações de vidas de uma espécie de outro lado da modernidade. Não obstante, essa percepção sensível de um maior avanço da cultura subjetiva não foi suficiente para alterar o “nó duro” de sua análise. A imaginação se desenvolve em torno da crítica da dimensão de massa dos bens culturais, os quais deixam os homens deprimidos por não poder assimilá-los todos no mesmo momento em que não podem excluí-los, pela fragmentação da existência em razão da separação crescente das esferas da vida e a erosão da cultura pessoal em correspondência com o avanço dos multivariados objetos os quais ganham e exigem conotação cultural. Temos de compreender o caráter da amizade em contextos pré-modernos precisamente em associação com a comunidade local e o parentesco.

Os processos qualitativos, no entanto, que assumiam tais formas também deveriam ser estudados pela sociologia geral, subproduto da sociologia formal, como a concebia o filósofo Georg Simmel. Estudando o conflito, o autor não conferia aos grupos unidades hipostasiadas, supervalorizadas com relação ao indivíduo, como ocorre comumente no jornalismo de guerra. Antes via neste o fundamento dos grupos, daí que as “formas”, constituem-se em um processo de interação entre tais indivíduos, seja por aproximação, seja pelo distanciamento, competição, subordinação, e assim por diante no âmbito do conflito. Melhor dizendo, a investigação entre o número de indivíduos no seio das formas de vida coletiva. O modo como o aspecto quantitativo afeta o tipo de relação social existente. Simmel analisa uma relação exclusiva entre duas pessoas e, por fim, entre três, produz diferentes tipos de interação entre as pessoas. Se as relações de poder não são unilaterais é preciso explicar como as formas de comando e obediência estão relacionadas, como a obediência do grupo a um indivíduo, a dominação do grupo ou a dominação de regras impessoais. Segundo a interpretação sociológica de Simmel (1988), “traduz claramente o papel social desse modo de casamento eminentemente pouco individual”. A humanidade sempre atravessa estágios em que: a) opressão da individualidade é o ponto de passagem obrigatório de seu livre desabrochar superior, em que a pura exterioridade das condições de vida se torna a escola da interioridade, b) em que a violência da modelagem produz uma acumulação de energia, destinada, em seguida, a gerar toda a especificidade pessoal. Do alto desse ideal é que, c) a individualidade desenvolvida, tais períodos parecerão, é claro, grosseiros e indignos.

Mas, para dizer a verdade, atenta Georg Simmel que, além de semear os germes positivos do progresso vindouro, já é em si uma manifestação do espírito exercendo uma dominação organizadora sobre a matéria-prima das impressões flutuantes, uma aplicação das personalidades especificamente humanas, procurando-as fixar suas normas de vida - do modo mais brutal, exterior ou, mesmo, estúpido que seja -, em vez de recebê-las das simples forças da natureza. A horda “não protege mais a moça e rompe suas relações com ela, porque nenhuma contrapartida foi obtida por sua pessoa”.  Desnecessário dizer que o desvio às normas sociais ou normas morais dominantes de uma sociedade implica “coragem e determinação”. Contudo é frequentemente um processo social para garantir as mudanças políticas que mais tarde vêm a ser consideradas como sendo de interesse geral. Uma sociedade tolerante em relação ao comportamento desviante não sofrerá necessariamente uma ruptura social. O conceito sociológico de desvio aplica-se às condutas individuais ou coletivas que transgride as normas de uma dada sociedade, ou de um grupo. Refere-se à ausência ou falha de conformidade face às normas ou obrigações sociais. Um comportamento só pode ser qualificado de desviante por referência à sociedade em que surge. Pode, ser “como um atentado à ordem social”.        

Tal como na arte, a ideologia pode se expressar na ética de maneiras muito distintas. Pode, por exemplo, representar as manifestações de vida individual e coletiva na disposição subjetiva, como indicamos pistas na concepção de Georg Simmel, implícita ou explícita, no sentido de abandonar o envolvimento com a comunidade. E mesmo decorrente no sentido de cancelar qualquer compromisso com ela. Como a comunidade representa socialmente a matriz dos valores, basta lembrarmos historicamente que “ethos”, comparativamente, em grego, e “mores” em latim, significam costumes; normas de conduta estabelecidas pela comunidade, onde os indivíduos que negam o vínculo que os liga à comunidade são, de fato, pessoas que renegam por assim dizer a ética. É neste sentido que este tipo de distorção se liga a formas extremas de egoísmo, que ultrapassam amplamente o chamado “egoísmo saudável”, ligado à autopreservação e à afirmação pessoal de si mesmo. Os indivíduos cuja vida interior se enriquece em diálogo constante dialeticamente com os outros, não se resignam a ser apenas aquilo que já se tornaram, e querem ser mais do que estão sendo pelo fato de poder pensar juntos. Cultivam, um lado deles que os impele na direção de uma busca de universalização e sentido da vida. A confiança nos amigos era frequentemente de importância central. Nas culturas tradicionais, com a exceção parcial de algumas vizinhanças citadinas em Estados agrários, havia uma divisão bem clara entre membros reconhecidos como “os de dentro e os de fora ou estranhos”. As amplas arenas de interação não hostil com outros anônimos, característica da atividade social moderna, não existia.

Nestas circunstâncias sociais, a amizade era institucionalizada e vista como meio social objetivando criar alianças mais ou menos duradouras com outros contragrupos potencialmente hostis. Amizades institucionalizadas eram formas de camaradagem, assim como mormente ocorrem nas reconhecidas “fraternidades de sangue”, socialmente, ou dentre “companheiros de armas”. Institucionalizada ou não, a amizade era em geral baseada em valores de sinceridade e honra. Alguns sentidos do termo, embora compartilhem amplas afinidades eletivas como é recorrente na literatura de Johann von Goethe e Max Weber, com outras utilidades de uso, são de implicação relativamente desimportante. Quer dizer, alguém que diz: “confio que você esteja bem”, normalmente quer dizer algo mais com esta fórmula de polidez do que “espero que você esteja com boa saúde” – embora mesmo aqui “confio” tenha uma conotação algo mais forte que “espero”, implicando algo mais próximo a “espero não ter motivos para duvidar”. A atitude de crença ou credulidade que entra em confiança em alguns contextos mais significativos já se encontra aqui. Quando alguém diz: “confio em que X se comportará desta maneira”, esta implicação social é mais evidente, embora não muito além do nível do “conhecimento indutivo fraco”. É reconhecido que se conta com X para produzir o comportamento, dadas as circunstâncias normais apropriadas.

Uma forma de atividade generalizada que tomou lugar na vida social não pode, evidentemente, permanecer tão desregulamentada, em seu desempenho e atividade, sem que disso resulte os impactos sociais sobre a divisão do trabalho e as mais profundas perturbações. Mas sofrer no trabalho não é uma fatalidade. É, em particular, como decorre e testemunhamos, uma fonte de desmoralização geral real. Pois, precisamente porque as funções econômicas absorvem o maior número de cidadãos, para o pleno desenvolvimento da vida social, há uma multidão de indivíduos, como dizia Freud, cuja vida transcorre quase toda no meio industrial e comercial; a decorrência disso é que, como tal meio é pouco marcado pela moralidade, a maior parte da existência transcorre fora de toda e qualquer ação moral. A tese funcionalista expressa na pena de Émile Durkheim, como uma espécie de antídoto da civilização, e que o sentimento do dever cumprido se fixe fortemente em nós, é preciso que as próprias circunstâncias em que vivemos permanentemente desperto. A atividade de uma profissão só pode ser regulamentada eficazmente por “um grupo próximo o bastante dessa mesma profissão para conhecer bem seu funcionamento, para sentir todas as suas necessidades e poder seguir todas as variações destas”. O único grupo que corresponde a essas condições é o que seria formado por todos os agentes de uma mesma condição reunidos num mesmo corpo. E que a sociologia durkheimiana conceitua de corporação ou grupo profissional. É na ordem econômica que o grupo profissional existe tanto quanto a moral profissional. Desde que, com a supressão das antigas corporações, não se fizeram mais do que tentativas fragmentárias e incompletas para reconstituí-las em novas bases sociais. 

Os únicos dotados de permanência são os que se chamam sindicatos, seja de patrões, seja de operários. Historicamente, temos aí in statu nascendi o começo e o princípio ético de uma organização profissional, mas ainda de forma rudimentar. Isto porque, em primeiro lugar, um sindicato é uma associação privada, sem autoridade legal, desprovida, por conseguinte, de qualquer poder regulamentador. O número deles é teoricamente ilimitado, mesmo no interior de uma categoria industrial; e, como cada um é independente dos outros, se não se constituem em federação e se unificam, não há neles nada que exprima a unidade da profissão em seu conjunto de práticas e saberes sociais. Não só os sindicatos de patrões e de empregados são distintos uns dos outros, o que é legítimo e necessário, como não há entre eles contatos regulares. Não existe organização comum que os aproxime sem fazê-los perder sua individualidade e na qual possam elaborar em comum uma regulamentação que, estabelecendo suas relações mútuas, imponha-se a ambas as partes com a mesma autoridade; por conseguinte, é sempre a “lei dos mais forte” que resolve os conflitos, e o estado de guerra subiste inteiro. Salvo no caso de seus atos pertencentes à esfera moral comum estão na mesma situação. A tese sociológica é a seguinte: para que uma moral e um direito profissionais possam se estabelecer nas diferentes profissões, é necessário, pois, que a corporação, em vez de permanecer um agregado confuso e sem unidade, se torne, ou antes, volte a ser, um grupo definido, organizado, uma instituição pública. A primeira observação familiar da crítica é que a corporação tem contra si seu próprio passado histórico.

De fato, ela é tida como intimamente solidária do antigo regime político e, por conseguinte, como incapaz de sobreviver a ele. Na história da filosofia, o que permite considerar as corporações uma organização temporária, boa apenas para uma época e uma civilização determinada, é, ao mesmo tempo, sua grande antiguidade e a maneira como se desenvolveram na história. Se elas datassem unicamente da Idade Média, poder-se-ia crer, de fato que, nascidas com um sistema político, deviam necessariamente desaparecer com ele. Mas, na realidade, têm uma origem bem mais antiga. Em geral, elas aparecem desde que as profissões existem, isto é, desde que a atividade deixa de ser puramente agrícola. Se não parecem ter sido conhecidas na Grécia, até o tempo da conquista romana, é porque os ofícios, sendo desprezados, eram exercidos exclusivamente por estrangeiros e, por isso mesmo, achavam-se excluídos da organização legal da cidade. Mas em Roma, comparativamente, elas datam pelo menos dos primeiros tempos da República; uma tradição chegava até a atribuir sua criação ao rei Numa, um sabino escolhido como segundo rei de Roma. Sábio, pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim como dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário. É verdade que, por tempo, elas tiveram de levar uma existência bastante humilde, pois os historiadores e os monumentos só raramente as mencionam; não sabemos muito bem como eram organizadas. Desde de Cícero, sua quantidade tornara-se considerável e elas começavam a desempenhar um papel. Nesse momento, diz Jean-Pierre Waltzing (1857-1929), “todas as classes de trabalhadores parecem possuídas pelo desejo de multiplicar as associações profissionais” (cf. Durkheim, 2010).  

Mas o caráter desses agrupamentos se modificou; eles acabaram tornando-se “verdadeiras engrenagens da administração”. Desempenhavam funções oficiais; cada profissão era vista como um serviço público, cujo encargo e cuja responsabilidade ante o Estado cabiam à corporação correspondente. Foi a ruína da instituição. Porque, segundo Durkheim, essa dependência em relação ao Estado não tardou a degenerar numa servidão intolerável que os imperadores só puderam manter pela coerção. Todas as sortes de procedimentos foram empregadas para impedir que os trabalhadores escapassem das pesadas obrigações que resultavam, para eles, de sua própria profissão. Evidentemente, tal sistema de trabalho só podia durar enquanto o poder político fosse o bastante para impô-lo. É por isso que ele não sobreviveu à dissolução do Império. Aliás, as guerras civis e as invasões haviam destruído o comércio e a indústria; os artesãos aproveitaram essas circunstâncias para fugir das cidades e se dispersar nos campos. Assim, os primeiros séculos de nossa era viram produzir-se um fenômeno que devia se repetir tal qual no fim do século XVII: a vida corporativa se extinguiu quase por completo. Mal subsistiram alguns vestígios seus, na Gália e na Germânia, nas cidades de origem romana. Portanto, naquele momento, um teórico tivesse tomado consciência da situação, teria provavelmente concluído, como o fizeram mais tarde os economistas, que as corporações não tinham, ou, em todo caso, não tinham mais razão de ser, que haviam desaparecido irreversivelmente, e sem dúvida teria tratado de retrógrada e irrealizável toda tentativa de reconstituí-las. Os acontecimentos desmentiriam uma tal profecia. De fato, politicamente após um “eclipse da razão” de algum tempo vindo para os nossos dias, as corporações recomeçaram nova existência em todas as sociedades europeias.

Elas renasceram por volta dos séculos XI e XII. Desde esse momento, diz Emile Levasseur, “os artesãos começam a sentir a necessidade de se unir e formam suas primeiras associações”.  Em todo caso, no século XII, elas estão outra vez florescentes e se desenvolvem até o dia em que começa para elas uma nova decadência. Uma instituição tão persistente assim não poderia depender de uma particularidade contingente e acidental; muito menos ainda é possível admitir que tenha sido o produto de não sei que “aberração coletiva”. Se, desde a origem da cidade até o apogeu do Império, desde o alvorecer das sociedades cristãs aos tempos modernos, elas foram necessárias, é porque correspondem a necessidades duradouras e profundas. Sobretudo, vale lembrar que o próprio fato de que, depois de terem desaparecido uma primeira vez, reconstituíram-se por si mesmas e sob uma nova forma, retira todo e qualquer valor ao argumento que apresenta sua desaparição violenta no fim do século passado como uma prova de que não estão mais em harmonia com as novas condições de existência coletiva. A necessidade que todas as grandes sociedades civilizadas sentem de chamá-las de volta à vida é o mais seguro sintoma evidente dessa supressão radical não era um remédio e de que a reforma de Jacques Turgot requeria outra que não poderia ser indefinidamente adiada. Mas nem toda organização corporativa é anacronismo histórico. Acreditamos que ela seria chamada a desempenhar, nas sociedades contemporâneas, menos pelo papel considerável que julgamos indispensável, por causa não dos serviços econômicos que ela poderia prestar, mas da influência moral que poderia ter.  O que vemos antes de mais nada no grupo organizado profissionalmente é o fortalecimento de um poder moral capaz de conter os egoísmos individuais, de manter no coração dos trabalhadores um sentimento vivo de solidariedade comum, de impedir que a “lei do mais forte” se aplique de maneira brutal nas relações industriais e comerciais. 

Mas é preciso evitar estender a todo regime corporativo o que pode ter sido válido para certas corporações e durante um curto lapso de tempo de seu desenvolvimento. Longe de ser atingido por uma sorte de enfermidade moral devida à sua própria constituição, foi sobretudo um papel moral que ele representou e continua representando ainda, na maior parte de sua história. Isso é particularmente evidente no caso das corporações romanas. Sem dúvida, a associação lhes dava mais forças para salvaguardar, se necessário, seus interesses comuns. Mas era isso apenas um dos contragolpes úteis que a instituição produzia, lembra Durkheim: “não era sua razão de ser, sua função principal. Antes de mais nada, a corporação era um colégio religioso”. Cada uma tinha seu deus particular, cujo culto quando ela tinha meios, era celebrado num templo especial. Do mesmo modo que cada família tinha seu Lar Familiaris, cada cidade seu Genius Publicus, cada colégio tinha seu deus tutelar, Genius Collegi. Naturalmente, o culto profissional não se realizava sem festas, reunindo por assim dizer, o útil ao agradável, eram celebradas em comum sem sacrifícios e banquetes. Todas as espécies de circunstâncias serviam, aliás, de ocasião para alegres reuniões, além disso, distribuições de víveres ou de dinheiro ocorriam com frequência às expensas da comunidade. Indagou-se se a corporação tinha uma caixa de auxílio, se ela assistia regularmente seus membros necessitados, e as opiniões a esse respeito são divididas. Mas o que retira da discussão parte de seu interesse e de seu alcance é que esses banquetes comuns, mais ou menos periódicos, e as distribuições que os acompanharam serviam de auxílios e faziam não raro as vezes de uma assistência direta. Os infortunados sabiam que podiam contar com essa subvenção dissimulada. Como corolário do caráter religioso, o colégio de artesãos era, ao mesmo tempo, um colégio funerário. Unidos, como gentiles, num mesmo culto durante sua vida, os membros da corporação queriam, como eles, dormir juntos seu derradeiro sono.                      

A importância tão considerável que a religião tinha em sua vida, tanto em Roma quanto na Idade Média, põe particularmente em evidência a verdadeira natureza de suas funções; porque toda comunidade religiosa constituía, então, um ambiente moral, do mesmo modo que toda disciplina moral tendia necessariamente a adquirir uma forma religiosa. A partir do instante em que, no seio de uma sociedade política, certo número de indivíduos tem em comum ideias, interesses, sentimentos, ocupações que o resto da população não partilha com eles, é inevitável que, sob a influência dessas similitudes eles sejam atraídos uns para os outros, que se procurem, teçam relações, se associem e que se forme assim, pouco a pouco, um grupo restrito, com sua fisionomia especial da sociedade em geral. Porque é impossível que homens vivam juntos, estejam regularmente em contato, sem adquirirem o sentimento do todo que formam por sua união, sem que se apeguem a esse todo, se preocupem com seus interesses e o levem em conta em sua conduta. Enfim, basta que esse sentimento se precise e se determine, que, aplicando-se às circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se traduza em fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em via de se constituir. Ao mesmo tempo que se produz por si mesmo e pela força das coisas, esse resultado é útil e o sentimento de sua utilidade contribui para confirma-lo. A vida em comum é atraente, ao mesmo tempo que coercitiva. Para o ponto de vista conservantista do método analítico durkheimiano, a estratégia de coerção é necessária para levar o homem a se superar, a acrescentar à sua natureza física outra natureza; mas, à medida que aprende a apreciar os encantos dessa nova existência, ele contrai a sua necessidade e não há ordem moralmente de atividade social que não os busque com paixão.

A moral doméstica não se formou de outro modo. Por causa do prestígio que a família conserva ante nossos olhos, parece-nos que, se e ela foi e é sempre uma escola de dedicação e de abnegação, o foco por excelência da moralidade, é em virtude de características bastante particulares que teria o privilégio e que não se encontrariam em ouro lugar em nenhum grau. Costuma-se crer que exista na consanguinidade uma causa excepcionalmente poderosa de aproximação moral. A prova está em que, num sem-número de sociedades, os não-consanguíneos são muitos no seio da família; o parentesco dito artificial se contrai então com grande facilidade e exerce todos os efeitos do parentesco natural. Inversamente, acontece com grande frequência consanguíneos bem próximos serem, moral ou juridicamente, estranhos uns aos outros; é, por exemplo, o caso dos cognatos na família romana. Portanto, a família não deve suas virtudes à unidade de descendência: ela é, simplesmente, um grupo de indivíduos que foram aproximados uns dos outros, no seio da sociedade política, por uma comunidade mais particularmente estreita de ideias, sentimentos e interesses. A consanguinidade pode ter facilitado essa concentração, pois ela tem por efeito natural inclinar as consciências umas em relação às outras. Outros fatores intervieram: a proximidade material, a solidariedade de interesses, a necessidade de união contra um perigo comum, ou simplesmente de se unir, foram causas muito mais poderosas de comunicação social no processo produtivo.

Mas, para dissipar todas as prevenções, adverte Durkheim, para mostrar bem que o sistema corporativo não é apenas uma instituição do passado, seria necessário mostrar que transformações ele deve e pode sofrer para se adaptar às sociedades modernas, pois é evidente que ele não pode ser o que era na Idade Média. Para tanto, seriam necessários estudos comparativos que não estão feitos e que não podemos fazer de passagem. Talvez, porém, não seja impossível perceber desde já, mas apenas em suas linhas mais gerais, o que foi esse desenvolvimento. O historiador que empreende resolver em seus elementos a organização política dos romanos não encontra, no decurso de sua análise, nenhum fato que possa adverti-lo da existência das corporações. Elas não entravam na constituição romana, na qualidade de unidades definidas e reconhecidas. Em nenhuma das assembleias eleitorais, em nenhuma das reuniões do exército, os artesãos se reuniam por colégios, em parte alguma o grupo profissional tomava parte, como tal, na vida pública, seja em corpo, seja por intermédio de representantes regulares. No máximo, a questão pode se colocar a propósito de três ou quatro colégios que se imaginou poder identificar com algumas das centúrias constituídas por Sérvio Túlio, a saber: tignari (construtores de casas), aerari (corporação clerical), tibicines (monumento funerário), corporações cornicínes (espécie comestível de pizza enrolada), mas o fato social não está bem estabelecido.

Quanto às outras corporações, estavam certamente fora da organização oficial do povo romano. Ora, por muito tempo os ofícios não foram mais do que uma forma acessória e secundária da atividade social dos romanos. Roma era essencialmente uma sociedade agrícola e guerreira. No primeiro era dividida em gentes e em cúrias; a assembleia por centúrias refletia antes a organização militar. Quanto às funções industriais, eram demasiado rudimentares para afetar a estrutura política da cidade. Aliás, até um momento bem avançado da história romana, os ofícios permaneceram marcados por um descrédito moral que não lhes permitia ocupar uma posição regular no Estado. Sem dúvida, veio um tempo em que sua condição social melhorou. Mas a própria maneira como foi obtida essa melhora é significativa. Para conseguir fazer respeitar seus interesses e desempenhar um papel na vida pública, os artesãos tiveram de recorrer a procedimentos irregulares e extralegais. Só triunfaram sobre o desprezo de que eram objeto por meios de intrigas, complôs, agitação clandestina. E, se, mais tarde, acabaram sendo integrados ao Estado para se tornar engrenagens da máquina administrativa, essa situação como foi, para eles, uma conquista gloriosa, mas uma penosa dependência; se entraram então no Estado, não foi para nele ocupar a posição a que seus serviços sociais podiam lhes dar direito, mas simplesmente para poder ser mais bem vigiados, para lembrarmos de Michel Foucault, pelo poder governamental.

Quando as cidades se emanciparam da tutela senhorial, quando a comuna se formou, o corpo de ofícios, que antecipara e preparara esse movimento, tornou-se a base da constituição comunal. De fato, segundo J.-P Waltzing, “em quase todas as comunas, o sistema político e a eleição dos magistrados baseiam-se na divisão dos cidadãos em corpos de ofícios”. Era costumeiro votar-se por corpos de ofícios e elegiam-se ao mesmo tempo os chefes da corporação e os da comuna. – Em Amiens, por exemplo, os artesãos se reuniam todos os anos para eleger os prefeitos de cada corporação ou bandeira (bannière); os prefeitos eleitos nomeavam em seguida doze escabinos, que nomeavam outros doze, e o escabinato apresentava, por sua vez, aos prefeitos das bandeiras três pessoas, dentre as quais eles escolhiam o prefeito da comuna... Em algumas cidades, o modo de eleição era ainda mais complicado, mas, em todas, a organização política e municipal era intimamente ligada à organização do trabalho. Inversamente, assim como a comuna era um agregado de “corpos de ofícios”, o corpo de ofício era uma comuna em miniatura, pelo próprio fato de que fora o modelo do qual a instituição comunal era a forma ampliada e desenvolvida. Queremos dizer com isso, que sabemos o que a comuna foi na história de nossas sociedades, de que se tornou, com o tempo, a pedra angular. Ipso facto, já que era uma reunião de corporações e que se formou com base no tipo da corporação, foi esta em última análise, que serviu de base a todo o sistema político oriundo do movimento comunal. Vê-se que, em sua trajetória, ela cresceu singularmente em importância e dignidade. Em Roma, começou estando quase fora dos contextos normais, ela serviu de marco elementar para sociedades contemporâneas. É um motivo para que recusemos a considera-la uma instituição arcaica, destinada a desaparecer.      

A obra do sociólogo não é a do homem público, assevera Émile Durkheim. O que a experiência do passado demonstra, antes de mais nada, é que os marcos do grupo profissional devem guardar sempre uma relação com os marcos da vida econômica; foi por ter faltado com essa condição que o regime corporativo desapareceu. Portanto, já que o mercado, de municipal que era, tornou-se nacional e internacional, a corporação deve adquirir a mesma extensão. Em vez de ser limitada apenas aos artesãos de uma cidade, ela deve ampliar-se, de maneira a compreender todo os membros da profissão, dispersos em toda a extensão do território, porque, qualquer que seja a região em que se encontram, quer no campo, todos são solidários uns com os outros e participam da vida comum. Já que essa vida comum é, sob certos aspectos, independentemente de qualquer determinação territorial, tem que ser criado um órgão apropriado, que a exprima e regularize seu funcionamento. Por causa de suas dimensões, tal órgão estaria necessariamente em contato relacional com o órgão central da vida coletiva, pois os acontecimentos importantes o bastante para envolverem toda uma categoria de empresas industriais num país tem necessariamente repercussões bastante gerais, que o Estado não pode sentir, o que o leva a intervir. Não foi sem fundamento que o poder real tendeu indistintamente a não deixar fora de sua ação a grande indústria. Era impossível que ele se desinteressasse por uma forma de atividade que por sua natureza, é capaz de afetar o conjunto da sociedade. Essa organização unitária para o conjunto de um mesmo país não exclui, de modo algum, a formação de órgãos secundários, que compreendam os trabalhadores similares de uma mesma região ou localidade, e cujo papel seria especializar ainda mais a regulamentação profissional segundo as necessidades locais ou regionais. A vida econômica poderia ser regulada e determinada, sem nada perder de sua diversidade. Por isso mesmo, o regime corporativo seria protegido contra essa propensão ao imobilismo, que lhe foi frequente e justamente criticada no passado, porque é um defeito que resultava do caráter estreitamente comunal da corporação.

Na síntese durkheimiana representada sobre o lugar de análise das corporações deve-se até supor que esteja destinada a se tornar a base, ou uma das bases essenciais de nossa organização política. Ela começa por ser exterior ao sistema social, tenderá a se empenhar de forma cada vez mais profunda nele, à medida que a vida econômica se desenvolve. Ela foi outrora a divisão elementar da organização comunal. Agora que a comuna, de organismo autônomo que era outrora, veio se perder no Estado, como o mercado municipal no mercado nacional, acaso não é legítimo pensar que a corporação também deveria sofrer uma transformação correspondente e tornar-se a divisão elementar do Estado, a unidade política fundamental? A sociedade, em vez de continuar sendo o que ainda é hoje, um agregado de distritos territoriais justapostos, tornar-se-ia um vasto sistema de corporações nacionais. Mas essas divisões geográficas são, em sua maioria, artificiais e já não despertam em nós sentimentos profundos. O espírito provinciano desapareceu irremediavelmente: o patriotismo de paróquia tornou-se um arcaísmo que não se pode restaurar à vontade. Para o sociólogo uma nação só se pode manter se, entre o Estado e os particulares, se intercalar toda uma série de grupos secundários bastante próximos dos indivíduos para atraí-los fortemente em sua esfera de ação e arrastá-los, assim, na torrente geral da vida social. Isso não quer dizer, porém, que a corporação seja uma espécie de panaceia capaz de servir a tudo. Será necessário que, em cada profissão, um corpo de regras se constitua, fixando a quantidade de trabalho, a justa remuneração dos diferentes funcionários, seu dever para com os demais e para com a comunidade, etc. pois, não menos que atualmente, em presença de uma tábula rasa.  

A vida social deriva inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a divisão do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não tendo individualidade própria, confunde-se como seus semelhantes, no seio de um mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros, depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da sociedade que resulta de sua união. Esta divisão dá origem às regras jurídicas que determinam as relações das funções divididas, mas cuja violação acarreta apenas medidas reparadoras sem caráter expiatório. De todos os elementos técnicos e sociais da civilização, a ciência nada mais é que a consciência levada a seu mais alto ponto de clareza. Nunca é demais repetir que para que as sociedades possam viver nas condições de existência que lhes são dadas, é necessário que o campo da consciência se estenda e se esclareça. Quanto mais obscura uma consciência, mais é refratária à mudança social, porque não vê depressa o que é necessário mudar. Nem em que sentido é preciso mudar. Uma consciência esclarecida sabe preparar de antemão a maneira de se adaptar a essa mudança risível. Eis porque é necessário que a inteligência guiada disciplinarmente pela ciência adquira uma importância maior no curso da vida coletiva. Tais sentimentos são capazes de inspirar não apenas esses sacrifícios cotidianos, mas também atos de renúncia completa e de abnegação exclusiva. A sociedade aprende a ver os membros que a compõem como cooperadores que ela não pode dispensar e para com os quais tem deveres. Na realidade, a cooperação também tem sua moralidade intrínseca. Há apenas motivos para crer, que, em nossas sociedades, essa moralidade ainda não tem todo o desenvolvimento que lhes seria necessário. Daí resulta duas grandes correntes da vida social, que correspondem dois tipos de estrutura não menos diferentes. Dessas correntes, devemos prestar melhor atenção a que tem sua origem nas similitudes sociais ocorre quando um grupo é capaz de criar e reproduzir para si e para os outros a princípio só e sem rival.

Eles não se relacionam aos sistemas perpetuadores de confiança, mas são designações referentes aos comportamentos dos outros; quer dizer, o indivíduo envolvido não é requisitado a demonstrar aquela “fé” religiosa que a confiança envolve em seus significados. A principal definição de “confiança” no Oxford English Dictionary é descrita como “crença ou crédito em alguma qualidade ou atributo de uma pessoa ou coisa, ou a verdade de uma afirmação”, e esta definição proporciona um ponto de partida útil. “Crença” e “crédito” estão claramente ligados de alguma forma à “fé”, da qual, seguindo Simmel, mas embora reconhecendo que a fé e confiança são intimamente aliadas, Niklas Luhmann faz uma distinção entre as duas que é a base de sua obra sobre o tema. A confiança, diz ele, deve ser compreendida especificamente em relação ao risco, um termo que passa a existir apenas no período moderno. A noção se originou com a compreensão de que resultados inesperados podem ser uma consequência de nossas próprias atividades ou decisões, ao invés de exprimirem significados ocultos de natureza ou intenções inefáveis da Deidade. Mas “risco”, substitui em grande parte o que antes era pensado como fortuna (fortuna ou destino) e torna-se separado das cosmologias. A confiança pressupõe, segundo Giddens, consciência das circunstâncias de risco, o que não ocorre com a crença. Tanto a confiança como a crença se referem a expectativas que podem ser frustradas ou desencorajadas. A crença, como Niklas Luhmann a emprega, se refere a atitude mais ou menos certa de que as coisas similares permanecerão estáveis.

            Quando se trata da questão de confiança, o indivíduo considera conscientemente as alternativas para seguir um curso específico de ação. Alguém que compra um carro usado, ao invés de um novo, “arrisca-se a adquirir uma dor de cabeça”. Ele ou ela deposita confiança na pessoa do vendedor ou na reputação da firma para tentar evitar que isto ocorra. Deste modo, um indivíduo que não considera alternativas está numa situação de crença, enquanto alguém que reconhece essas alternativas e tenta calcular os riscos assim reconhecidos, engaja-se em confiança. Numa situação de crença, uma pessoa reage ao despontamento culpando outros, em circunstâncias de confiança ela ou ele deve assumir parcialmente a responsabilidade e pode “se arrepender de ter depositado confiança em alguém ou algo”. A distinção entre confiança e crença depende de a possibilidade de frustração ser influenciada pelo próprio comportamento prévio da pessoa e, portanto, de uma discriminação correlata “entre risco e perigo”. Isto é, Luhmann alega a possibilidade de separar risco e perigo deve derivar de características sociais da modernidade. Ela surge, essencialmente, de uma compreensão do fato de que a maioria das contingências que afetam a atividade humana são humanamente criadas, “e não meramente dadas por Deus ou pela natureza”. A abordagem sociológica é importante e dirige nossa atenção para várias discriminações conceituais que deve ser feita na compreensão da confiança.     

O que indica isto em termos de confiança pessoal? A resposta a esta questão segundo Giddens, é fundamental para a transformação da intimidade no século XX. A confiança em pessoas não é enfocada por conexões personalizadas no interior da comunidade local e das redes de parentesco. A confiança pessoal torna-se um projeto, a ser “trabalhado” pelas partes envolvidas, e requer a abertura do indivíduo para o outro. Onde ela não pode ser controlada por códigos normativos fixos, a confiança tem que ser ganha, e o meio de fazê-lo consiste em abertura e cordialidade demonstráveis. Nossa preocupação peculiar com “relacionamentos”, no sentido em que a palavra é agora tomada, é expressiva deste fenômeno. Relacionamentos são laços baseados em confiança, onde a confiança não é pré-dada, em termos de doação, mas trabalhada, e onde o trabalho envolvido significa um processo mútuo de autorrevelação. A confiança pessoal, tem que ser estabelecida através do processo de autoquestionamento: a descoberta de si torna-se um projeto diretamente envolvido com a reflexividade na modernidade sociológica. Para Christopher Lasch: - conforme o mundo vai assumindo um aspecto cada vez mais ameaçador, a vida torna-se busca de bem-estar através de exercícios, dietas, drogas, regimes espirituais típicos, autoajuda psíquica e psiquiatria.

            Um playboy, por outro lado, tem como representação social um estilo de vida ou estereótipo associado a homens jovens, solteiros, com intensa vida social e relações com mulheres. O termo inglês playboy é formado pela junção dos termos play (brincar, se divertir) e boy (moço, garoto). Portanto, playboy significa, literalmente, “menino de diversão”. Foi criado no início da década de 1950 quando os Estados Unidos passavam por grande onda de prosperidade. Homens filhos de famílias que haviam enriquecido começaram a dedicar seu tempo integral a festas, relacionamentos e a esbanjar dinheiro. Em 1953, uma reportagem do New York Times foi a primeira referência a eles, descrevendo como era a vida dos jovens ricos da cidade. A revista masculina Playboy foi criada pensando em difundir esse estilo de vida. Nos anos 1960, os playboys eram homens ou jovens que, através de herança herdada das gerações prósperas passadas, viviam a vida como uma grande festa e estavam sempre namorando as filhas de outros milionários. Utilizavam roupas finas apenas para a conquista de mulheres e não para a vivência do círculo social de elite. Ser playboy era gozar de uma vida de diversão. Eram ricos exclusivamente para o prazer material, e não conviviam com contatos milionários e nem seguiam as regras comportamentais da alta classe econômica. No final do século XX, com a massificação da cultura pop, um playboy passou a significar um jovem na faixa dos 13 aos 25 anos que dirige carro, pratica esporte, e é “cobiçado” pelas meninas de seu círculo social. Esse estereótipo foi reforçado em vários filmes e séries de TV.

            A paramedicina é baseada no conceito emergente da teoria paramédica, que é o estudo e a análise de como os três pilares da paramedicina: assistência médica e medicina, saúde pública e segurança pública interagem e se cruzam. Conforme declarado no Relatório do IoM Emergency Medical Services At the Crossroads (2006), o EMS está fragmentado e amplamente separado do ponto de vista da divisão do trabalho social e do sistema geral de assistência médica. Uma ênfase importante socialmente falando da teoria paramédica diz respeito à integração de serviços médicos de emergência, que ocorre tanto intraprofissionalmente quanto extraprofissionalmente em função das ocorrências não planejadas que se originam mormente da vida cotidiana.  Do ponto de vista médico a integração intraprofissional representa o estudo empírico da alocação, distribuição, implantação e eficiência de recursos. Entretanto, em termos de planejamento no âmbito das cidades contemporâneas o estudo extraprofissional envolve a integração entre a parte e todo complexo de urbanização do Emergency Medical Services no sistema de assistência médica e de emergência existente (e futuro) do país.

            Uma profissão de saúde que tem como escopo auxiliar indivíduos, famílias e comunidades após o início clínico agudo ou repentino de emergências médicas ou eventos traumáticos, a paramedicina é praticada predominantemente no ambiente pré-hospitalar e é baseada nas ciências da anatomia humana, fisiologia e fisiopatologia. O objetivo profissional da paramédica é promover a qualidade de vida ideal do nascimento ao fim da vida. Nos Estados Unidos da América, clinicamente muitas tarefas regulamentadas como iniciar uma intravenosa, administrar medicamentos e procedimentos invasivos são realizadas sob a direção de um médico licenciado. No Reino Unido, os paramédicos exercem a profissão como “clínicos independentes sob sua própria licença”, conforme regulamentado pelo Health and Care Professions Council, com autonomia para declarar as condições da morte, administrar medicamentos controlados e, em geral, tratar metodologicamente os pacientes como acharem mais adequado. É formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, é conceituado geograficamente como uma nação insular situada no Noroeste da Europa. A Inglaterra, local de nascimento do extraordinário William Shakespeare e da maior banda de música popular chamada Beatles, abriga a capital, Londres, um centro financeiro e cultural globalmente influente. Também na Inglaterra, ficam o neolítico Stonehenge, as termas romanas de Bath e as centenárias universidades de Oxford e Cambridge.

            A “explosão” do conhecimento científico, na falta de melhor expressão, que se seguiu à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe procedimentos de diagnóstico e tratamento médico especializado com base microeletrônica cada vez mais sofisticados e complexos. A crescente demanda pública por serviços médicos combinada com custos mais altos de assistência médica provocou uma tendência à expansão da prestação de serviços, do tratamento de pacientes em hospitais para a ampla prestação de cuidados em consultórios médicos particulares e formação de grupo, clínicas médicas ambulatoriais e de emergência, clínicas móveis e cuidados comunitários. No mundo em desenvolvimento, a assistência internacional ao desenvolvimento levou a inúmeras iniciativas para fortalecer a capacidade da força de trabalho em saúde para fornecer serviços essenciais de assistência médica. O que se seguiu foi um aumento proporcional na necessidade de pessoal qualificado em prestação de assistência médica em todo o mundo. As mudanças na indústria da saúde e a ênfase em soluções de baixo custo para cuidados de saúde segue a encorajar a expansão da força de trabalho da saúde aliada.  

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que haja atualmente uma escassez mundial de cerca de 2 milhões de profissionais de saúde aliados, considerando todos os trabalhadores da saúde, além do pessoal médico e de enfermagem necessários para atingir as metas globais de saúde. Em reconhecimento ao crescimento do número e da diversidade de profissionais de saúde aliados nos últimos anos, a versão de 2008 da Classificação Internacional Padrão de Ocupações aumentou o número de grupos dedicados a profissões de saúde aliadas. Dependendo do nível de habilidade presumido, eles podem ser identificados como “profissionais de saúde” ou “profissionais associados de saúde”. Por exemplo, novas categorias sociais foram criadas para delinear “praticantes paramédicos”, agrupando profissões setoriais como oficiais clínicos, associados clínicos, assistentes médicos, Feldshers e oficiais médicos assistentes - bem como para agentes de saúde comunitários; dietistas e nutricionistas; audiologistas e fonoaudiólogos; e outros.

            Nos Estados Unidos da América, uma proporção maior da força de trabalho de saúde aliada já está empregada em ambientes ambulatoriais. Na Califórnia, quase metade (49,4 por cento) da força de trabalho de saúde aliada está empregada em ambientes de saúde ambulatorial, em comparação com 28,7 por cento e 21,9 por cento empregados em hospitais e cuidados de enfermagem, respectivamente. Uma fonte relatou que os profissionais de saúde aliados representam 60 por cento da força de trabalho total de saúde dos Estados Unidos da América. No Reino Unido, união política de quatro “países constituintes” há 12 profissões distintas consideradas profissionais de saúde aliados; em conjunto, elas representam cerca de 6% da força de trabalho do National Health Service (NHS) provê cobertura universal, baseando-se nos princípios de equidade e integralidade, com exceção dos serviços oftálmicos, dentários e de dispensação de medicamentos. Por ter o princípio de cobertura universal, têm direito ao atendimento gratuito do NHS: residentes legais com residência permanente; refugiados; estudantes matriculados em um curso de, no mínimo, 15 horas semanais e com visto de estudante regularmente válido por mais de seis meses, assim como seus familiares; solicitantes de asilo; pessoas com permissão para trabalhar na Inglaterra. Em 2013, estatisticamente a despesa anualmente com serviços prestados por profissionais de saúde aliados ascendeu a cerca de 2 mil milhões de libras, embora haja uma falta de provas sobre a extensão em que estes serviços melhoram a qualidade dos cuidados. Os avanços na tecnologia médica permitem serviços que exigiam internações hospitalares prestados por meio de cuidados ambulatoriais.  

Por exemplo, na Califórnia, a pesquisa previu que o consumo total de dias de internação hospitalar por pessoa diminuirá de 4 dias em 2010 para 3,2 dias em 2020 e 2,5 dias em 2030. Em contraste, o número de consultas ambulatoriais por pessoa aumentará de 3,2 consultas por pessoa em 2010 para 3,6 consultas por pessoa em 2020 e 4,2 consultas em 2030. É o estado no Oeste dos EUA, estende-se da fronteira mexicana ao longo da costa do Pacífico por quase 1.500 km. Seu território inclui praias à beira de penhascos, floresta de sequoias, montanhas na Serra Nevada, campos agrícolas no Central Valley e o deserto de Mojave. A cidade de Los Angeles tem como representação a sede da indústria do entretenimento de Hollywood. A cidade de São Francisco é reconhecida pela ponte Golden Gate, a Ilha de Alcatraz e os bondes. Nos países em desenvolvimento, muitos planos estratégicos nacionais de recursos humanos para a saúde e iniciativas de desenvolvimento internacional estão a concentrar-se na intensificação da formação de profissionais de saúde afins, como conselheiros em matéria de imunodeficiência, agentes clínicos e profissionais de saúde comunitários, na prestação de serviços essenciais de prevenção e tratamento em contextos de cuidados ambulatórios e comunitários. Com esta crescente dimensão da procura de cuidados de saúde ambulatórios, os investigadores esperam testemunhar uma procura mais elevada de profissões que sejam empregadas no sector ambulatório e em outros não hospitalares, por outras palavras, na saúde aliada.

            No que se refere à temática comédia romântica é o subgênero cinematográfico dos gêneros comédia e romance, que são formas utilizadas para se distinguir os variados tipos de filmes, numa classificação derivada dos estudos literários, e serve como instrumento útil para a análise do cinema. Normalmente utilizados para fins de categorização comercial. Nos últimos tempos têm-se vindo a abandonar a divisão dos filmes por gêneros. O formato básico de uma comédia romântica é muito anterior ao cinema. Muitas das peças de teatro de William Shakespeare (1564-1616), como “Muito barulho por Nada”, que tem como cenário a cidade italiana de Messina (Sicília), tendo sua primeira apresentação ocorrida em 1598/1599. É considerado um dos textos mais categórico e hilariantes de Shakespeare. A trama gira em torno do casal de namorados, Cláudio e Hero, que tiveram consentimento dos pais para casarem-se. O melhor amigo de Cláudio, Benedito, está apaixonado pela bela, porém venenosa Beatriz, mas não ousa reconhecer seu amor por ela. Beatriz está na mesma situação. Os dois vivem discutindo e brigando. Cláudio, Hero, Dom Pedro de Aragão, entre outros resolvem divertir-se com a situação dos apaixonados. Eles dizem para Beatriz que Benedito está apaixonado por ela, e para Benedito que Beatriz está apaixonada e os dois acabam virando namorados.

 Tudo acontece enquanto o malvado Dom João, irmão bastardo de Dom Pedro, planeja beijar Margarida na frente de Cláudio, para que ele achasse que fosse sua amada Hero. Cláudio, quando vê a cena, realmente acha que Hero estava o traindo, e briga com ela. No final, tudo fica esclarecido e Cláudio e Hero se casam, assim como Beatriz e Benedito e “Sonho de Uma Noite de Verão” se situam dentro do gênero da comédia romântica. Neste caso, é uma peça teatral também de Shakespeare, uma comédia escrita em meados da década de 1590. Não se sabe ao certo quando a peça foi escrita e apresentada ao público pela primeira vez, mas crê-se que terá sido entre 1594 e 1596. Alguns autores defendem que a peça possa ter sido escrita para o casamento de Sir Thomas Berkeley e Elizabeth Carey, em fevereiro de 1596. Não existe uma fonte direta que tenha servido de inspiração para a peça, ainda que se possam encontrar elementos relacionados com a mitologia greco-romana e respectiva literatura clássica. Por exemplo, a história de Píramo e Tisbe é contada por Ovídio, nas suas Metamorfoses, assim como a transformação de Fundilhos em burro se pode relacionar com “O Asno de Ouro de Apuleio”, único romance latino historicamente da Antiguidade a sobreviver na íntegra até os nossos dias. Pensa-se que Shakespeare tenha escrito o “Sonho de Uma Noite de Verão” sensivelmente ao mesmo tempo que o Romeu e Julieta e, de fato, existem.

Muitos pontos de contacto entre as histórias sociais que circulam livremente: Egeu quer casar Hérmia à força com Demétrio, assim como Píramo e Tisbe acabam mortos por questões de amor, ainda que numa perspectiva cômica. Suas peças foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas comparativamente do que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos de seus textos e temas permanecem vivos até os nossos dias, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura. Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon, na Era Elizabetana, época especialmente estimulante para os artistas. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain`s Men, mais tarde reconhecida como King`s Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros.

Shakespeare produziu a maior parte de sua obraem pouco mais de vinte anos, entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo Hamlet, Rei Lear e Macbeth, consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa. Na sua última fase, escreveu um conjunto de peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de suas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão, durante sua vida. Em 1623, John Heminges e Henry Condell, dois atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado First Folio, uma coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com a exceção de duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria. Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de “bardolatria”. No século XX sua obra foi adotada hic et nunc, na esfera globalzada da cultura, e redescoberta repetidamente por movimentos, tanto na academia quanto na performance. Suas peças permanecem extremamente populares correntemente e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos por todo o mundo.

Bibliografia Geral Consultada.

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