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domingo, 15 de outubro de 2023

O Amor Está No Ar – Teoria do Sonho & Empresa Familiar.

                                                                                                     A esperança é o sonho do homem acordado”. Aristóteles

 

Durante cerca de quarenta mil anos antes da colonização europeia iniciada no final do século XVIII, o continente australiano e a Tasmânia eram habitadas por cerca de 250 nações individuais de aborígenes. Após visitas esporádicas de pescadores do Norte e pela (des)coberta europeia por parte de exploradores holandeses em 1606, a metade oriental da Austrália foi reivindicada pelos britânicos em 1770, e inicialmente colonizada por meio do transporte de presos para a colônia de Nova Gales do Sul, fundada em 26 de janeiro de 1788. Nas décadas seguintes, os britânicos exploraram e empreenderam a conquista colonial do resto da Austrália. A sua expansão levou ao conflito com os 300 000 a 1 milhão de australianos aborígenes, que tentaram resistir à sua despossessão. A população aumentou de forma constante nos anos seguintes, o continente foi explorado e, durante o século XIX, outros cinco grandes territórios autogovernados foram estabelecidos. Em 1° de janeiro de 1901, as seis colônias se tornaram per se uma federação e a Comunidade da Austrália desta maneira foi formada. Desde a Federação, a Austrália tem mantido um sistema político democrático liberal estável e continua a ser um reino da Commonwealth.

A população humana do país é de 23,4 milhões de habitantes, com cerca de 60% concentrados em torno das famosas capitais continentais estaduais de Sydney, Melbourne, Brisbane, Perth e Adelaide. Sua capital é Camberra, localizada no Território da Capital Australiana. Tecnologicamente avançada e industrializada, a Austrália é um próspero país, sociologicamente multicultural e tem excelentes resultados em análises em termos de comparações internacionais de desempenhos nacionais, tais como no âmbito da saúde, esperança de vida, qualidade de vida, desenvolvimento social humano, educação pública, liberdade econômica, bem como a proteção pública e privada de liberdades civis e direitos políticos. As cidades australianas também rotineiramente situam-se entre “as mais altas do mundo em termos de habitabilidade, oferta cultural e qualidade de vida”. A Austrália é o país com o quinto maior índice de desenvolvimento humano do mundo (IDH). O termo Austrália foi utilizado historicamente em 1693, na tradução de Les Aventures de Jacques Sadeur dans la Découverte et le Voyage de la Terre Australe, um romance francês de 1676, de Gabriel de Foigny, sob o pseudônimo de Jacques-Sadeur. Alexander Dalrymple utilizou-o em An Historical Collection of Voyages and Discoveries in the South Pacific Ocean (1771), referindo-se a região Sul.

Em 1793, George Shaw e Sir James Smith publicaram Zoology and Botany of New Holland, na qual escreveram sobre “a ilha grande, ou melhor, os continentes, da Austrália, Australásia ou Nova Holanda”. A palavra também apareceu em gráfico de 1799 de James Wilson (1742-1798). O nome Austrália foi popularizado por Matthew Flinders (1777-1814), que usou o nome que seria formalmente aprovado em 1804. Ao elaborar o seu manuscrito e as cartas para o seu A Voyage to Terra Australis de 1814, ele foi convencido por seu patrono, Sir Joseph Banks, a usar o termo Terra Australis pois este era o nome mais familiar ao público. Flinders fez isso, mas permitiu-se a uma nota de rodapé de página: - Se eu tivesse me permitido qualquer tipo de inovação no termo original, teria sido para convertê-lo para Austrália; como sendo mais agradável ao ouvido e uma assimilação com os nomes das outras porções grandes da terra. Esta é a única ocorrência da palavra Austrália no texto; mas no Apêndice III de General Remarks, Geographical and Systematical, on the Botany of Terra Australis, de Robert Brown (1773-1858), o autor faz uso da forma adjetiva australiano, o primeiro uso dessa forma. Apesar da concepção popular, o livro não foi determinante na adoção do nome que veio a ser aceito nos dez anos seguintes. Lachlan Macquarie (1762-1824), um governador da Nova Gales do Sul, em seguida usou o termo em seus despachos formais para a Inglaterra, e em 12 de dezembro de 1817 recomendou ao Instituto Colonial que fosse formalmente adotado. Em 1824, o Almirantado concordou que o continente deveria ser reconhecido oficialmente no mundo com o nome Austrália. 

Durante as experiências do sonho acordado aparecem frequentemente imagens de auréola. As personagens imaginadas, segundo Durand (1997: 151 e ss.), quando da sua ascensão imaginária, têm uma face que se transforma, se transfigura em “halo de luz imensa”, e, ao mesmo tempo, a impressão constantemente experimentada pelo paciente é a do olhar. Olhar que, segundo o psicoterapeuta francês Robert Desoille, é justamente representativo dessa transcendência psicológica a que Freud chama superego, ou seja, olhar inquiridor da consciência moral. Esta deslocação da luz do halo luminoso para o olhar surge-nos perfeitamente natural: é normal que o olho, órgão da visão, seja associado ao objeto dela, ou seja, à luz. Não nos parece útil separar, como faz Desoille, a imagem do olho do simbolismo do olhar. Segundo este autor, o olhar seria o símbolo do julgamento moral, da censura do superego, enquanto o olho não passaria de um símbolo enfraquecido, significativo de uma vulgar vigilância. Mas parece-nos que um olhar se imagina sempre mais ou menos sob a forma de olho, mesmo que fechado. Seja como for, olho e olhar estão sempre ligados à transcendência, como constatam a mitologia universal e a psicanálise. Um filósofo como Ferdinand Alquié (1906-1985) percebeu bem essa essência de transcendência que subentende a seguinte visão: “Tudo é visão, e quem não compreende que a visão só é possível à distância? A própria essência do olhar humano introduz no conhecimento visual alguma separação”. O superego, é antes de tudo, o olho do Pai e, mais tarde, o olho do rei, o olho de Deus, em virtude da ligação que a psicanálise estabelece entre o Pai, a autoridade política e o imperativo moral.  É assim que a imaginação hugoliana, apesar de polarizações maternas e panteístas poderosas, volta sem cessar a uma concepção teológica paternal do Deus “testemunha”, simbolizado pelo olho que persegue o criminoso Caim.

Reciprocamente, o embusteiro, o mau o perjuro deve ser cego ou cegado, como testemunham os versos célebres de L`aigle du casque ou dos Châtimentes.  Mas sabemos que não há necessidade de fazer apelo ao arsenal edipiano para associar o olho e a visão ao esquema da elevação e aos ideais de transcendência: lembremos que é de modo completamente fisiológico que os reflexos de gravitação e o sentido da verticalidade associam os fatores quinésicos e cenestésicos aos fatores visuais. Uma vez que a orientação é estabelecida em relação à gravitação, os signos visuais, por vicariância condicional, podem ao mesmo tempo servir para determinar a posição no espaço e o equilíbrio normal. Neste ponto, como em tantos outros, as motivações edipianas vêm constelar com os engramas psicofisiológicos. Quer dizer, a mitologia confirma igualmente o isomorfismo do olho, da visão e da transcendência divina. Varuna, deus uraniano, é o sashasrâka, o que significa “com mil olhos”, e, tal como o deus hugoliano, é ao mesmo tempo aquele que “vê tudo” e o que é “cego”. Também Odin, o clarividente – que é igualmente zarolho, é o deus espião. O Javé dos Salmos é aquele a quem nada pode ser escondido: “Se eu subo aos céus, tu estás lá, se me deito no Schéol, lá estás. Os fueguinos, bushimanes, samoiedo e outros o sol é considerado o olho de deus. O sol Surya é o olho de Mitra e Varuna; nos persas é o olho de Ahura-Mazda; para os gregos e os hélios é o olho de Zeus, noutros lugares é o olho de Rá, o olho de Alá. Na Babilônia, Shamash é o grande juiz, enquanto para os Koriak e os japoneses o céu é tanto o grande “vigilante” como a testemunha dos crimes mais secretos.   

No âmbito da história disciplinar e na gênese do processo de formação militar, eis como ainda no século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. Segundo Foucault, no clássico ensaio: Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão (2014: 133 e ss.), o soldado é, antes de tudo, alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia: e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas – essencialmente lutando – as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal de honra. Na segunda metade do século XVIII, o soldado se progressivamente tornou algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas: lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, assenhora-se dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; em resumo, foi “expulso o camponês” e lhe foi dada caracteristicamente a “fisionomia de soldado”. Neste período, houve uma descoberta extraordinária do corpo como objeto e alvo do poder. O grande livro do homem-máquina foi escrito simultaneamente em dois registros etnográficos.

No primeiro caso anátomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por Descartes e que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar ou corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois se tratava ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação: corpo útil, corpo inteligível. E, entretanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. Quer dizer, o “homem-máquina” de la Mettrie é ao mesmo tempo uma redução materialista da alma e uma teoria geral do adestramento, no centro dos quais reina a noção de “docilidade” que une ao corpo analisável o corpo manipulável. Em sua definição, para Foucault, “é dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado”. Os famosos autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo; eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de Frederico II, de 1740 a 1786, nasceu em 1712 em Berlim, rei minucioso das pequenas máquinas, dos regimentos bem treinados e dos longos exercícios. Mas a questão é: nesses esquemas de docilidade, em que o século XVIII teve tanto interesse, o que há de novo? Não é certamente, a primeira vez que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Muitas coisas são novas nessas técnicas.  Neste aspecto, a escala, em primeiro lugar, do controle. 

Mas não se trata de cuidar do corpo, em massa, grosso modo, como se fosse uma unidade indissociável, mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao mesmo nível da mecânica – movimentos, gestos, atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. O objeto, em seguida, do controle: não, ou não mais, os elementos significativos do comportamento ou a linguagem do corpo, mas a economia, a eficácia dos movimentos, sua organização interna: a coação se faz mais sobre as forças que sobre os sinais; a única cerimônia que realmente importa é a do exercício. A modalidade, enfim: implica uma coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas”. Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais da dominação. Diferentes da escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é até a elegância da disciplina dispensar essa relação custosa e violenta obtendo efeitos sociais específicos de utilidade de uso pelo menos igualmente grandes.      

Em O Amor está no Ar (2023), Dana Randall é uma pilota e comandante de aviação, disciplinada, de empresa de serviços aéreos sem fins lucrativos na Austrália. Independente e destemida, ela luta para manter viva a pequena empresa de aviação da família. Mas ela acaba se interessando pelo homem que quer tirá-la do mercado. Tocando a iniciativa ao lado de seu pai empreendedor e da melhor amiga, ela integra a equipe que oferece apoio aéreo à comunidade. Quando William, representante de uma financeira, é enviado de Londres para revisar a contabilidade da empresa, Dana o recebe hesitante. Mas conforme William passa tempo convivendo naquela comunidade, ele se apaixona por Dana e o sentimento parece recíproco. O que ela não sabe é que a “auditoria visa o fechamento da empresa”. E todo o romance desanda, quando ela acidentalmente descobre a verdade de William. Disponível na Netflix desde 28 de setembro de 2023, “Love is in the air” cativou os streamers obtendo o segundo lugar na classificação por 11 700 000 vezes. Um enunciado sobre o sonho que procure explicar a partir de um único ponto de vista, o maior número possível das suas características observadas, e que ao mesmo tempo determine o seu lugar numa esfera mais abrangente de fenômenos, poderá ser chamado de uma Teoria do Sonho.

As várias teorias do sonho se distinguirão por elevarem, como num voo de avião, uma ou outra característica onírica à categoria essencial, por tomarem-na como ponto de partida para explicações e relações. Uma teoria não precisará permitir a inferência de alguma função, isto é, de alguma utilidade ou algum resultado do sonho, mas nossa expectativa de “hábito teleológico”, dizia Freud (2017), acolherá melhor aquelas teorias que considerarem que ele tem uma função.  A crença dos antigos de que o sonho era enviado pelos deuses para guiar as ações humanas tinha como representação uma teoria do sonho completa, que dava informações sobre tudo o que é digno de se saber. Desde que o sonho se tornou um objeto abstrato da pesquisa biológica, conhecemos um número maior de teorias, embora haja entre elas também algumas teorias incompletas.  Se renunciarmos a uma enumeração exaustiva, como consta nos manuais positivistas de história e sociologia sobre qualquer coisa, poderemos tentar o seguinte modo de agrupamento de teorias conforme a hipótese básica sobre a proporção e o ideal típico de atividade psíquica no sonho. Teorias segundo as quais a totalidade da atividade psíquica da vigília prossegue no sonho, como a de Joseph Delbœuf (1831-1896), psicólogo experimental belga que estudou ilusões visuais, inclusive sobre a ilusão de Delboeuf. 

Ele estudou na universidade e ensinou filosofia, matemática e psicofísica. Ele também publicou inúmeros trabalhos diversificados de assuntos, incluindo os efeitos do hipnotismo. Para essas teorias, a psique não dorme, seu aparelho permanece intacto, mas ao ser submetida às condições do estado de sono, distintas da vigília, e sob funcionamento normal, ela deve produzir resultados diferentes daqueles da vigília. A ilusão de Delboeuf é uma ilusão de ótica de percepção de tamanho relativo: na versão mais conhecida da ilusão, dois discos de tamanho idêntico foram colocados próximos um do outro e um deles é rodeado por um anel; o disco circundado então parece maior do que o disco não circundado se o anel estiver próximo, enquanto parece menor do que o disco não circundado se o anel estiver distante. Um estudo de 2005 sugere que é causada pelos mesmos processos visuais que correm a ilusão de Ebbinghaus. A pergunta que se faz quanto a essas teorias é se são capazes de derivar as diferenças entre o sonho e o pensamento de vigília integralmente das condições do estado de sono. Além disso, ao que parece elas não oferecem um acesso possível a uma função do sonho.

Quer dizer, não compreendemos para que sonhamos ou porque o complexo mecanismo do aparelho psíquico continua funcionando mesmo quando deslocado em circunstâncias para as quais não parece ter sido planejado. Dormir sem sonhos ou acordar quando ocorrem estímulos perturbadores seriam as únicas reações adequadas em vez da terceira, a de sonhar. Para o inventor da psicanálise, se for lícito recorrer a uma comparação com o material psiquiátrico, ele diria que as primeiras teorias constroem o sonho como paranoia e as segundas o transformam em modelo de debilidade mental ou de uma amência. Fora de dúvida, a teoria de que na vida onírica ganha expressão apenas uma parcela da atividade psíquica, paralisada pelo sono, é de longe a preferida pelos autores médicos e pelo mundo científico em geral. Tanto quanto se pode pressupor um interesse mais geral pela expressão dos sonhos, podemos designá-la como a teoria dominante. Cabe destacar a desenvoltura com que precisamente essa teoria evita o mais terrível escolho a qualquer explicação dos sonhos, a saber, o “perigo de naufrágio” ao se chocar contra uma das exposições corporificadas pelo sonho. Visto que para ela o sonho é o resultado de uma vigília parcial, ou “uma vigília gradativa, parcial e ao mesmo tempo muito anômala”, como nos diz sobre o sonho a Psicologia de Herbart, essa teoria é capaz, por meio de uma série de estados que vão de um despertar crescente ao estado de vigília plena, de dar conta do que vai do desempenho reduzido do sonho, que se revela pelo absurdo, até o desempenho intelectual plenamente concentrado.

Nas obras de todos os fisiólogos e filósofos modernos encontraremos a concepção do sonhar como “uma vigília incompleta, parcial, ou traços da influência certamente desta concepção”.  Não se consegue manter o sono a salvo dos estímulos; de toda parte, tal como no caso dos germes vitais de que Mefisto se queixa, provém estímulos que se acercam da pessoa que dorme: de fora, de dentro e mesmo daquelas regiões corporais com que nunca nos preocupamos quando acordados. Assim, o sono é perturbado, a psique é sacudida ora de um lado, ora de outro, e funciona por um momento com a parte desperta, contente de poder adormecer outra vez. O sonho seria a reação à perturbação do sono causada pelos estímulos; uma reação, aliás, inteiramente supérflua. No entanto, chamar o sonho de processo físico ainda em outro sentido, que em todo caso é um produto do órgão da psique, é negar ao sonho a particularidade de ser um processo psíquico. A imagem já antiga em sua aplicação ao sonho, dos “dez dedos de uma pessoa completamente ignorante em música que correm sobre as teclas de um instrumento”, talvez ilustrem da melhor maneira possível a apreciação que a atividade onírica recebeu em geral dos representantes das ditas ciências exatas. Nela o sonho se torna impossível de interpretar; afinal, como os dez dedos do ignorante deveriam produzir uma peça musical? Cedo não faltaram objeções à teoria da vigília parcial.  

Num terceiro grupo podemos reunir aquelas teorias do sonho que atribuem à psique sonhante a capacidade e a inclinação para produções psíquicas especiais que ela de modo algum ou apenas de maneira imperfeita pode executar durante a vigília. Da atuação dessas capacidades resulta a maioria dos casos de uma função útil do sonho. As avaliações que o sonho recebeu dos psicólogos antigos entram quase todas nessa categoria. Em vez delas Freud se contenta em citar a afirmação de Friedrich Burdach (1776-1847) de que o sonho é a atividade natural da psique, atividade que não “é limitada pelo poder da individualidade, não é perturbada pela autoconsciência, não é orientada pela autodeterminação, mas é a vitalidade dos pontos sensíveis em livre jogo”. Esse deleite no livre uso das próprias forças é manifestamente imaginado por ele e outros autores como um estado em que a psique se revigora e acumula novas forças para o trabalho diurno, ou seja, como uma espécie de período de férias. Por isso, Burdach também cita e aceita as amáveis palavras com que o poeta reconhecido como Novalis enaltece do domínio dos sonhos: - o sonho é um baluarte contra a uniformidade e a trivialidade da vida, um livre recreio da fantasia agrilhoada em que mistura todas as imagens da vida e interrompe a constante sociedade do adulto uma alegre brincadeira infantil. Sem os sonhos envelheceríamos mais cedo, e, assim, ainda que não possamos considerar que o sonho “nos seja dado diretamente do alto”, podemos encará-lo como tarefa preciosa, um acompanhante amistoso na peregrinação ao túmulo.  

 Jan Evangelista Purkyně (1787-1869), também grafado Johannes Evangelista Purkinje foi médico e professor universitário Tcheco que se notabilizou como anatomista e fisiologista e descobridor das células de Purkinje e do efeito de Purkinje. Segundo Freud ele descreve a atividade revigorante do sonho de maneira ainda mais impressionante: - Em especial, para ele, porque os sonhos produtivos cumpririam essas funções. Eles são brincadeiras leves da imaginação que não têm qualquer relação com os acontecimentos diurnos. A pisque não quer prolongar as tensões da vida da vigília, e sim dissipá-las, refazer-se delas. Ela produz, antes de mais nada, aqueles estados que se opõem aos da vigília. Ela cura a tristeza com alegria, as preocupações com esperanças e imagens joviais e divertidas, o ódio com o amor e a simpatia, o medo com a coragem e a confiança; ela apazigua a dúvida com a convicção e com a crença firme, a expectativa frustrada com a realização. Muitas feridas do espírito que o dia manteria constantemente abertas são curadas pelo sono enquanto as cobre e protege de novas irritações. É nisso que repousa em parte o efeito terapêutico do tempo. O autor sabe que percebemos que o sono é um benefício para a vida psíquica, e essa obscura noção da consciência popular obviamente não se deixa privar do preconceito de que o sonho é “um dos caminhos pelos quais o sono concebe seus próprios benefícios”.  A tentativa original e ampla de explicar o sonho a partir da atividade especial da psique, capaz de se desenvolver apenas no estado de sono, foi empreendida por Karl Albert Scherner em 1861. 

Quer dizer, que foi escrito num estilo carregado e grandiloquente, com um entusiasmo quase embriagado pelo seu objeto e que deverá ter um efeito repulsivo sobre os leitores que não for capaz de arrastar consigo, o livro de Scherner oferece tais dificuldades a uma análise que para o psicanalista, recorremos de boa vontade à exposição mais clara e mais breve em que o filósofo Johannes Volkelt (1848-1930) nos apresenta as teorias schernerianas. Mas, em compensação, a atividade psíquica que cabe chamar de fantasia, liberta de todo o domínio do entendimento, e, assim, livre de uma moderação austera, ascende no sonho ao domínio irrestrito. É verdade que ela usa os tijolos mais recentes da memória da vigília, mas com ele constrói prédios que diferem imensamente das construções da vigília; no sonho ela não se mostra apenas reprodutiva, mas também produtiva. Suas peculiaridades conferem à vida onírica as características especiais que esta apresenta. Ela mostra predileção pelo desmedido, exagerado, monstruoso. Ao mesmo tempo, porém, liberta das categorias refreadoras do pensamento, ela ganha maior flexibilidade, agilidade e versatilidade; da maneira mais sutil, ela é sensível aos estímulos delicados do humor e aos afetos revoltosos; ela coloca a vida interior de imediato em imagens plásticas exteriores. À fantasia onírica, segundo Freud, falta a linguagem conceitual; ela precisa pintar plasticamente aquilo que quer dizer; e, como os conceitos não exercem qualquer influência debilitante, ela os pinta com abundância, a força e a grandeza da forma plástica.  

Por isso, sua linguagem, por mais clara que seja, se torna difusa, desajeitada, canhestra. Quer dizer, a clareza de sua linguagem é dificultada em especial pelo fato de ela ter a aversão a expressar um objeto, com a própria imagem deste, dando preferência a uma imagem estranha, desde que esta apenas seja capaz de exprimir aquele elemento do objeto cuja figuração lhe interessa. Essa é a atividade simbolizadora da fantasia. Além disso, é muto importante o fato de a fantasia onírica não reproduzir os objetos de maneira exaustiva, mas apenas seus contornos, e estes da maneira mais livre. Por isso, suas pinturas parecem inspiradas pelo gênio. A fantasia onírica não se detém na mera apresentação do objeto, mas é intrinsecamente obrigada a enredar o eu onírico com ele em maior ou menor grau, criando assim uma ação. O sonho gerado pelo estímulo visual, por exemplo, pinta moedas de ouro na rua; o sonhador as recolhe e as leva consigo.  No entender de Scherner, a formação dos sonhos começa apenas no ponto em que para os ouros autores ela se esgota.  O material com que a fantasia onírica executa sua atividade artística é predominantemente o dos estímulos corporais orgânicos, tão obscuros durante o dia, de modo que sua teoria, demasiado fantasiosa, e a teoria de Wilhelm Wundt e de outros fisiologistas, talvez sóbrias demais, são antípodas nos aspectos e coincidem inteiramente quanto à hipótese sobre as fontes oníricas e os excitadores dos sonhos.

  Não queremos perder de vista e per se considerar útil o que a fantasia onírica faz com os estímulos corporais. Ela pratica um jogo zombeteiro com eles, imaginando as fontes orgânicas, das quais provêm os estímulos no sonho correspondente, segundo um simbolismo plástico qualquer. Scherner afirma, no que Volkelt e outros não o seguem, que a fantasia onírica teria uma figuração predileta determinada para todo o organismo; seria a casa. Porém, felizmente para suas figurações, ela parece não se prender a esse material; ela pode ao contrário, utilizar séries inteiras de casas para identificar um único órgão: longas ruas residenciais para indicar o estímulo intestinal, por exemplo. Outras vezes, partes isoladas da casa figurariam, de fato, partes isoladas do corpo; assim, por exemplo, num sonho provocado por uma dor de cabeça, o teto de um aposento que o sonhador vê coberto por aranhas repulsivas semelhantes a sapos, figuraria a cabeça. Deixando inteiramente de lado o simbolismo da casa, outros objetos quaisquer são empregados para representar a parte do corpo que envia o estímulo onírico. O sonho masculino provocado pelo estímulo sexual faz o sonhador encontrar na rua a parte superior de um clarinete, ou a mesma parte de um cachimbo, ou uma pele.

Freud lembra-nos que o clarinete e o cachimbo representam a forma aproximada do membro masculino; a pele, os pelos pubianos. No sonho sexual feminino, comparativamente, a estreiteza do ponto em que as coxas se unem pode ser simbolizada por um pátio estreito, rodeado de casas, e a vagina, por uma trilha muito estreita, escorregadiamente macia, que atravessa o pátio e que a sonhadora precisa percorrer para, por exemplo, levar uma carta a um homem.   Entretanto, para Freud, a fantasia onírica, porém, pode não só voltar sua atenção à forma do órgão causador, mas igualmente transformar a substância que ele contém em objeto de simbolização. Assim, por exemplo, o sonho provocador por estímulo intestinal pode conduzir por ruas enlameadas, o sonho provocado por estímulo urinário pode levar até as margens de um lago espumante; o tipo de sua excitação e o objeto que ele deseja são representados de maneira simbólica; ou ainda, o eu onírico entra em ligação concreta com as simbolizações de seu próprio estado, quando no caso de estímulos dolorosos, lutamos desesperados com cães ferozes ou touros enfurecidos, ou quando, em sonho de origem sexual, a mulher se vê perseguida por um homem nu.

 Abstraindo-se mentalmente de toda riqueza possível na execução, uma atividade simbolizadora da fantasia permanece como a força central de qualquer sonho. Posteriormente, Volkelt tenta penetrar mais fundo no caráter dessa fantasia e indicar o lugar da atividade psíquica assim reconhecida em um sistema de pensamentos filosóficos; faz isso num livro bela e calorosamente escrito, mas de compreensão muito difícil para aqueles que não estiverem preparados mediante formação prévia para a preensão intuitiva dos esquemas conceituais da filosofia. Ipso facto, não há uma função útil ligada à atuação da fantasia simbolizadora de Scherner em sua interpretação dos sonhos. Ao sonhar, a psique brinca com os estímulos que lhe são oferecidos de forma travessa. Para sermos honestos reconheçamos que parece difícil evitar fantasias ao tentar explicar o sonho. Finalmente, para Freud, quem fala da relação do sonho com as perturbações mentais pode se referir a três coisas: 1) relações etiológicas e clínicas, como por exemplo, quando um sonho substitui, introduz ou resulta de um estado psicótico, 2) modificações sofridas pela vida onírica no caso de uma doença mental e 3) relações estreitas entre o sonho e as psicoses, analogias que apontam para afinidades essenciais. Como demonstra a literatura sobre o assunto reunida por Spitta, Radestock, Maury e Tissé, essas múltiplas relações entre as duas séries de fenômenos forma o tema predileto dos autores médicos em épocas anteriores da medicina – e voltaram a sê-lo na atualidade. Faz muito tempo, Sante de Sanctis (1862-1935) voltou atenção a esse nexo. 

Sante De Sanctis nasceu em 7 de fevereiro de 1862 em Parrano, onde sua família residia desde o século XVI. Formou-se em medicina na Universidade La Sapienza de Roma com uma tese sobre afasia em 1886. Começou a trabalhar em 1891 no laboratório romano de anatomia patológica do hospital psiquiátrico Santa Maria della Pietà, dirigido por Giovanni Mingazzini. Naqueles anos ele foi para Zurique e Paris para completar seus estudos psiquiátricos. De Sanctis, então, iniciou suas pesquisas sobre a psicologia dos sonhos e, em 1896, publicou “I sogni e il sonno nell`isterismo e nella epilessia”, seguido de “I sogni: studi psicologici e clinici di un alienista” em 1899, citado no tratado A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud. Juntamente com Giuseppe Ferruccio Montesano e Maria Montessori, foi o fundador da psiquiatria infantil e adolescente italiana. Em 1898, De Sanctis solicitou uma licença para lecionar, rejeitada em 1901 pelo Consiglio Superiore della Pubblica Istruzione. Segundo a comissão, a psicologia deveria ter sido ensinada por um filósofo e não por um fisiologista ou psiquiatra. Em dezembro deste ano, o Ministro da Educação, Nunzio Nasi, atendeu ao seu pedido. Em 1906 obteve uma das três primeiras cátedras de Psicologia Experimental na Faculdade de Medicina de Roma. Entre 1929 e 1930 trabalhou no tratado de dois volumes sobre Psicologia Experimental, no qual resumiu seus 25 anos de ensino. Organizou o V Congresso Internacional de Psicologia em 1905, enquanto em 1910 foi nomeado presidente da Società Italiana di Psicologia. O compromisso com as crianças portadoras de deficiência manteve-se constante em sua vida, à qual dedicou estudos monográficos como Educazione dei Deficienti, publicado em 1915. Também fundou a primeira Escola de Jardim de Infância na via Tasso, em Roma, e fundou a primeira Enfermaria Hospitalar de Psiquiatria Infantil e Adolescente na Itália. Ele morreu em Roma em 1935.

Enfim, freudianamente, se “o sonho é uma realização do desejo”, ele sugere que ao passarmos por um desfiladeiro estreito chegamos de súbito a uma colina em que os caminhos se dividem e o mais vasto panorama se abre em diferentes direções, podemos parar por um momento e refletir para onde queremos ir. Depois de realizarmos a primeira interpretação do sonho, estamos numa situação semelhante. Encontramo-nos em meio à clareza de uma descoberta repentina. O sonho não é comparável aos sons desarmônicos de um instrumento musical atingido pelo golpe de uma força externa em vez de ser tocado pela mão do instrumentista, ele não é desprovido de sentido, não é absurdo, não pressupõe que uma parte de nosso patrimônio de representações durma enquanto outra começa a despertar. Ele é um fenômeno psíquico de plena validade – mais precisamente, uma realização de desejo; ele deve ser incluído na cadeia das ações psíquicas compreensíveis da vigília; ele foi construído por uma atividade intelectual altamente complexa. Porém, no mesmo instante que queremos nos alegrar com essa descoberta, somos assaltados por uma profusão de perguntas. Mas ele sugere deixar todas essas questões de lado por enquanto e seguir um único caminho. Ficamos sabendo que o sonho figura um desejo como realizado. É fácil mostrar que os sonhos muitas vezes revelam sem reservas o caráter de realização de desejo, de maneira que podemos nos admirar que a sua linguagem já não tenha sido compreendida há muito tempo. Há um sonho que na experiência significativa de Sigmund Freud ele pode produzir sempre que quiser, por assim dizer de maneira praticamente no âmbito experimental.   

Bibliografia geral consultada.

DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas do Imaginário. Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997; ELIAS, Norbert; SCOTSON, John, Os Estabelecidos e os Outsiders: Sociologia das Relações de Poder a Partir de Uma Pequena Comunidade. Rio de Janeiro: Editor Jorge Zahar, 2000; ABRÊU, João Azevêdo, A Questão Mente-corpo em “A Interpretação dos Sonhos” de Freud. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003; MAIGRET, Eric; MACÉ, Eric (Org.), Penser les Médiacultures. Nouvelles Pratiques et Nouvelles Approches de la Représentation du Monde. Paris: Armand Colin, 2005; SCHOPENHAUER, Arthur, O Mundo Como Vontade e Como Representação. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2005; JAY, Martin, A Imaginação dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; GUEDES, Maria do Carmo; CAMPOS, Regina Helena de Freitas (Org.), História da Psicologia: Pesquisa, Formação, Ensino. Rio de Janeiro: Editor Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008; MEDEIROS, Adriana Silva, Liderança Feminina nas Organizações: Discursos sobre a Trajetória de Vida e de Carreira de Executivos. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado Profissional em Gestão e Negócios. Porto Alegre: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2014; FREUD, Sigmund, A Interpretação dos Sonhos. Porto Alegre: L&PM Editor, 2017; CAMASSA, José Bento de Oliveira, “La Australia Argentina (1898): A Utopia Patagônica de Roberto Payró”. In: Leviathan. Cadernos de Pesquisa Política, n° 15, pp. 147-177, 2017; ROMANETTO, Matheus Capovilla, Clínica e Política: Bases Subjetivas da Transformação Social em Eric Fromm. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2021; SETH, Sanjay, Humanidades, Universalismo e Diferença Histórica. Vitória: Editor Milfontes, 2021; PEREIRA, Elenita Malta, FIUZA, Denis Henrique, & FRITZ, Sara Rocha, “Um Olhar Atento à Paisagem: Entrevista com Dora Shellard Corrêa”. In: História Ambiental Latinoamericana y Caribeña. Revista de la Solcha, 13(2), 332–357, 2023; entre outros. 

sábado, 9 de setembro de 2023

Algo Para Acreditar – Cavalos, Bem-estar & Corrida de Barris.

                               Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais”. Immanuel Kant

           O ovo filosófico da alquimia ocidental/extremo-oriental encontra-se naturalmente ligado a um contexto de intimidade uterina. A alquimia é um regressus ad uterum. O orifício do ovo deve ser “hermeticamente” fechado, simbolizando este último o ovo cósmico da tradição universal. Deste ovo deve sair o germe filosofal, donde os seus nomes variados que refletem o isomorfismo da intimidade: “casa de frango”, “sepulcro”, “câmara nupcial”. O ovo alquímico era mantido a uma temperatura suave para a gestação do homunculus que se devia formar, agora referenda Paracelso, a uma temperatura “constantemente igual à do ventre do cavalo”. Mas à primeira vista, o simbolismo animal parece ser bastante variado porque demasiado comum. Neste capítulo, consagrado aos símbolos teriomórficos, é por isso necessário procurar primeiro o sentido do “abstrato espontâneo” que o arquétipo animal em geral representa e não se deixar levar por alguma implicação particular. Precisamos primeiro nos “desembaraçar das explicações empiristas que geralmente são dadas como motivos à zoolatria e à imaginação teriomórfica”. O homem tem assim tendência para a animalização do seu pensamento e uma troca constante faz-se por essa assimilação entre os sentimentos humanos e a animação do animal. No entanto, a explicação de A. H. Krappe, em La Gênese des Mythes (1952) permanece, entretanto, vaga, contentando-se em jogar com a etimologia da palavra animal. Precisamente pretende ser a explicação psicanalítica desenvolvida por Jung. O símbolo animal seria a figura da libido sexual. Indistintamente, “o pássaro, o peixe, a serpente eram para os antigos símbolos fálicos”, descreve Carl Jung.   

           As imagens da casca de noz, tão frequentes nos nossos contos e nas fantasias liliputianas, correspondem mais ou menos às do germe fechado, do ovo. “A Imaginação”, escreve o filósofo da poética manuscrita de Durand (1997: 252 e ss.), sobre o regime noturno da imagem: “não só nos convida a reentrar na nossa concha, como também a esgueirarmo-nos em qualquer concha para viver aí o verdadeiro isolamento, a vida enroscada, a vida dobrada sobre si mesma, todos os valores do repouso”. Do que resulta uma primeira interpretação simbólica da concha, muito diferente da que reencontraremos a propósito do simbolismo cíclico: aqui é a concha esconderijo, refúgio, que se sobrepõe às meditações sobre o seu aspecto helicoidal ou sobre o ritmo periódico do aparecimento e desaparecimento do gastrópode. A intimidade do recinto da concha é reforçada ainda pela forma diretamente sexual de numerosos orifícios de cochas. Freud chega à mesma conclusão que a poesia ambígua de Voltaire ao ver na concha “um sexo feminino”. A tão tenaz iconografia do nascimento de Vênus faz sempre da concha um útero marinho. 

       O resumo abstrato espontâneo do animal, tal como ele se apresenta à imaginação sem as derivações e as especializações secundárias, é constituído por um verdadeiro esquema: o esquema do animado. Devemos nos aproximar desta valorização negativa do movimento brusco, afirma Gilbert Durand, o tema do Mal em Victor Hugo a que Baudouin muito justamente chama de Zwang, a violência que se manifesta na fuga rápida, na perseguição fatal, na errância cega de Caim perseguido, de Napoleão vencido ou de Jean Valjean, o eterno fugitivo. Essa ima tem caráter obsessivo no poeta. Segundo o psicanalista, existiria uma raiz edipiana para um tal fantasma que se manifesta nos poemas célebres La Conscience, Le petit roi de Galice e L`aigle du casque. Certamente uma educação edipiana vem, como sempre, reforçar esses esquemas, mas não é menos verdade que esse esquema da fuga diante do Destino tem raízes mais arcaicas que o medo do pai. Baudouin tem razão em ligar esse tema da errância, do judeu errante ou do Maldito ao simbolismo do cavalo, que constitui o núcleo do que o psicanalista chama o “complexo de Mazeppa”. É a cavalgada fúnebre ou infernal que estrutura moralmente a fuga e lhe dá esse tom catastrófico que se encontra em Hugo, Byron ou Goethe. O cavalo é isomorfo das trevas e do inferno. - “São os cavalos negros do carro da sombra”. 

         E para sermos breves nestes aspectos tão importantes do cavalo ctônico. É a montaria de Hades e de Poseidon. Este último sob a forma de garanhão, aproxima-se de Géia, a Terra Mãe, Deméter Erínia, e engendra as Erínias, dois potros, demônios da morte. Numa outra lição da lenda, é o membro viril de Urano, cortado por Cronos, o Tempo, que procria os dois demônios hipomórficos. E vemos perfilar-se por detrás do garanhão infernal uma significação simultaneamente sexual e terrificante. O símbolo parece ele próprio multiplicar-se sem motivo na lenda: é num abismo consagrado às Erínias que desaparece Erion, o cavalo de Adrasto. Também Brimo, a deusa fereica da morte, é figurada em moedas montada num cavalo. Outras culturas ligam ainda de modo mais explícito o cavalo, o Mal e a Morte. No Apocalipse, a Morte cavalga o cavalo esverdeado; Ariman, tal como os diabos irlandeses, arrebata as suas vítimas a cavalo; para os gregos modernos como Ésquilo a morte tem por montaria um corcel negro. O folclore e as tradições populares germânicos e anglo-saxônicos conservam esta significação nefasta e macabra do cavalo “sonhar com um cavalo é sinal de morte próxima”. Em mitologia, e particularmente na grega, o termo ctónico ou ctônico designa ou refere-se aos deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, por oposição às divindades olímpicas.

       Apesar das aparências, o cavalo solar deixa-se facilmente assimilar ao cavalo ctônico. A propósito do signo zodiacal do Leão, o sol não é um arquétipo estável e as intimações climáticas podem muitas vezes dar-lhe um nítido acento pejorativo. Nos países tropicais, o sol e o seu cortejo de fome e seca são nefastos. O Surya védico, o sol destruidor, é representado por um corcel. Os múltiplos cavalos solares da tradição europeia conservam mais ou menos eufemizado o caráter temível do Surya védico. Leucipo é um cavalo branco, antigo deus solar, e os habitantes de Rodes sacrificam cavalos a Hélio. A Freyr, o deus solar escandinavo, cujo nome significa senhor, é um dos deuses do clã Vanir e sua esposa é a giganta Gerd. O deus Freyr representa a fertilidade, onde são consagrados os cavalos, e o seu substituto cristão S. Estevão é igualmente protetor destes animais. Josias faz desaparecer os cavalos consagrados ao sol pelos reis de Judá. Mas não é ao sol enquanto luminária celeste que está ligado o simbolismo hipomórfico, mas ao sol considerado como temível movimento temporal. É esta motivação pelo itinerário que explica a indiferente ligação do cavalo com o sol ou com a lua: deusas lunares dos gregos, escandinavos e persas viajam em veículos puxados por cavalos. O cavalo é, portanto, o símbolo do tempo, já que se liga aos grandes relógios naturais. É o que ilustra admiravelmente o Upanixade Brihad-Aranyaka. No que o cavalo é a própria forma eterna da imagem do tempo: o ano é o corpo do cavalo, o céu o dorso, a aurora, da qual falava Nietzsche: a cabeça. 

           Antropologicamente falando, na esteira da argumentação do imaginário, assim se introduz nesta “figuração hipomórfica” do zodíaco uma possível valorização positiva, sobretudo quando, nos países temperados, o cavalo for ligado a Febo e perder pouco a pouco as sombrias valorizações negativas que o animavam. Nesta eufemização encontramos um típico exemplo da vida do símbolo que, debaixo das pressões culturais, transmigra e carrega-se de significações diferentes. Por intermédio do sol vemos mesmo o cavalo evoluir de um simbolismo uraniano, até se tornar duplo do pássaro na luta contra a serpente ctônica. Mas segundo nos parece esta evolução eufemizante até a antífrase é devida às intimações históricas e em geral às rivalidades de dois povoamentos sucessivos de uma mesma região: as crenças do invasor e do inimigo têm sempre tendência a levantar suspeitas do indígena. Esta reviravolta simbólica é muito habitual, e no caso do cavalo parece provir de um imperialismo arquetipal urano-solar que pouco a pouco converte beneficamente os atributos primitivos ligados ao simples simbolismo do sol: passa-se da figa do tempo para o solo nefasto e tropical, depois da corrida solar para uma espécie de triunfo apolíneo do sol temperado, triunfo do qual o cavalo continua a participar.  

Historicamente em 1872 o coronel Meriwether Lewis Clark Jr. (1846-1899) ficou entusiasmado com algumas corridas de cavalo que viu na Europa. Quando retornou para Kentucky ele organizou a Louisville Jockey Club com o objetivo de arrecadar dinheiro e organizar sua própria corrida de cavalos. Clark então construiu uma pista dando a ela o nome de Churchill Downs, em homenagem aos seus parentes John e Henry Churchill. A primeira edição do Kentucky Derby aconteceu em 17 de maio de 1875 e foi acompanhada por cerca de 10 mil pessoas. A vitória ficou com o cavalo Aristides que mais tarde seria segundo colocado no Belmont Stakes. A primeira corrida provou ter sido um sucesso. Mas a pista encontrou dificuldades financeiras e, em 1894, o New Louisville Jockey Club foi incorporado com novas capitalizações e facilidades aprimoradas para seguir na competição. Mas, o negócio desapareceu, passados anos até 1902, quando o coronel Matt Winn de Louisville reuniu um sindicato de empresários para adquirir a instalação. Sob o comando de Winn, Churchill Downs prosperou e o Derby de Kentucky tornou-se a corrida de apostas preeminente para cavalos de puro sangue de três anos na América do Norte.

 Ele era neto do explorador e governador do Missouri, General William Clark da Expedição Lewis e Clark. Seu pai era o major Meriwether Lewis Clark, “ajudante de campo” e cunhado do general Stephen Watts Kearny, famoso na Guerra Mexicano-Americana, e que se casou com Mary Radford, enteada de Clark. Sua mãe era Abigail Prather Churchill, de uma das primeiras famílias de Kentucky. Os Churchills mudaram-se para Louisville em 1787 e compraram 300 acres de terras em uma área rural ao sul da cidade. Quando sua mãe morreu, “Lutie” como Clark era chamado, foi morar com sua tia e os filhos dela, John e Henry Churchill. Eles herdaram a maior parte da propriedade original de Churchill e doaram o terreno onde Churchill Downs foi construído. Vivendo com os Churchills, Lutie desenvolveu um gosto por coisas caras, incluindo corridas de cavalos. Ele fez duas viagens à Europa e se casou duas vezes, e ambas as esposas morreram jovens. Ele voltou do exterior em 1873 com ideias sobre a construção de uma pista de corrida em Louisville. Ele planejou eliminar as apostas introduzindo o sistema francês de máquinas de apostas parimutuel. Os irmãos Churchill foram os empresários que forneceram o apoio financeiro e Lutie foi o presidente interino e gerente local.

Ao que tudo indica, Clark tinha uma personalidade inconstante e melindrosa. Ele teria ameaçado o proeminente criador TG Moore com uma arma, ordenando-lhe que saísse do local após tê-lo derrubado em uma disputa sobre taxas. Moore pegou uma arma e atirou em Clark através de uma porta, atingindo-o no peito. Moore entregou-se à polícia, mas nenhuma acusação foi feita contra ele. Mais tarde, Clark rescindiu sua proibição da pista. Ele também ameaçou outras pessoas com uma arma por causa de insultos percebidos. Os irmãos Churchill não gostaram da publicidade negativa e deixaram a pista para suas famílias. Clark recebeu algumas outras terras, mas quando John Churchill morreu em 1897, Lutie era apenas um administrador da pista que ele havia criado. Sua contribuição para as corridas norte-americanas não pode ser exagerada. Além de construir Churchill Downs e originar o Kentucky Derby, ele escreveu muitas regras de corrida que ainda estão em vigor hoje. Ele trabalhou por um sistema uniforme de pesos e foi considerado um pioneiro no sistema de apostas, criando o Great American Stallion Stakes, no qual se baseia a atual Breeders` Cup. Ele também se manifestou contra as apostas de autoridades públicas e repórteres. Clark perdeu muito na quebra do mercado de ações em 1893 e começou a viajar de cidade em cidade trabalhando como administrador. Temendo uma vida de pobreza, ele cometeu suicídio com uma pistola em 22 de abril de 1899. Ele está enterrado no Cemitério Cave Hill ao lado de seu tio, John Churchill.

Os participantes do Derby estão limitados aos cavalos de três anos de idade. Apollo (1882) foi o único cavalo a ganhar o Derby sem ter completado a idade. Os proprietários de puro-sangue começaram a enviar seus cavalos de sucesso no Derby para competir posteriormente no Preakness Stakes, em Baltimore, Maryland, seguido pelo Belmont Stakes em Elmont, Nova York. As três corridas ofereceram bolsas grandes e em 1919 Sir Barton se tornou o primeiro cavalo a vencer as três disputas no mesmo ano. No entanto, o termo Triple Crown não entrou em uso por mais onze anos. Em 1930, quando Gallant Fox se tornou o segundo cavalo a vencer as três corridas, o jornalista esportivo Charles Hatton usou a frase para uso americano. Alimentado pela mídia, o interesse público na possibilidade de um “super cavalo” que poderia ganhar a Triple Crown começou nas semanas que antecederam o Derby. Dois anos após o termo ter sido cunhado, a corrida realizada em meados de maio, foi alterada para o primeiro sábado de maio para permitir um cronograma específico para as corridas da Tríplice Coroa.

Desde 1931, a ordem das corridas Triple Crown tem sido o Kentucky Derby primeiro, seguido pelo Preakness Stakes e depois pelo Belmont Stakes. Antes de 1931, onze vezes o Preakness foi executado antes do Derby. Em 12 de maio de 1917 e novamente em 13 de maio de 1922, o Preakness e o Derby foram realizados no mesmo dia. Em onze ocasiões, o Belmont Stakes foi executado antes do Preakness Stakes. Em 16 de maio de 1925, a primeira transmissão de rádio ao vivo do Kentucky Derby foi feita pela WHAS e também foi realizada pela WGN em Chicago. Em 7 de maio de 1949, ocorreu a primeira cobertura televisiva do Kentucky Derby, produzida pela WAVE-TV, afiliada da National Broadcasting Company (NBC) em Louisville, localizada no Noroeste do estado, e logo ao Sul do estado de Indiana. A cidade é separada de Indiana precisamente pelo rio Ohio. Foi fundada em 1778 por uma expedição de treze famílias comandadas pelo Coronel George Rogers. É a cidade natal de Hugo Keno Don Rosa, famoso quadrinista da Disney, James Kottak, baterista da banda alemã Scorpions, Jennifer Lawrence, atriz reconhecida por Winter`s Bone e Jogos Vorazes, Mary Travers, integrante da banda Peter Paul and Mary e da cantora Mia Zapata, já falecida, famosa por ter sido a vocalista da banda norte-americana The Gits, seguindo as pegadas de punk rock formada em Yellow Springs, Ohio em 1986. Foi nesta cidade, também, que cresceu Nicole Scherzinger do grupo The Pussycat Dolls que inclusive, foi criado em sua homenagem. É também a cidade onde nasceu Muhammad Ali, considerado por muitos o melhor pugilista de todos os tempos. Essa cobertura foi ao ar ao vivo em Louisville e enviada à National Broadcasting Company (NBC) como uma gravação de noticiário de cinescópio para transmissão nacional. 

Em 3 de maio de 1952, a primeira cobertura televisiva nacional do Kentucky Derby ocorreu, foi ao ar pela CBS através da afiliada WHAS-TV, uma estação de televisão em Louisville, Kentucky, Estados Unidos, afiliada à ABC. De propriedade da Tegna Inc., a estação mantém estúdios na West Chestnut Street, no centro de Louisville, e seu transmissor está localizado na zona rural do nordeste do Condado de Floyd, Indiana. Em 1954, a bolsa de prêmios da prova ultrapassou US$ 100.000 havendo ocorrido pela primeira vez. Em 1968, Dancer`s Image se tornou o primeiro cavalo a vencer a corrida e depois ser desqualificado depois que ocorreu a comprovação clínica de vestígios de fenilbutazona, um analgésico e anti-inflamatório, que foram encontrados na uranálise do cavalo; O Forward Pass venceu após uma prolongada e importante “batalha legal” contra os donos do Dancer`s Image que eles perderam. O Forward Pass tornou-se assim o oitavo vencedor da fazenda Calumet Farm. Inesperadamente, os regulamentos em corridas de cavalos Kentucky puro-sangue foram alterados alguns anos depois, permitindo que os cavalos pudessem usar fenilbutazona. Em 1970, Diane Crump nascida em 1948 tornou-se a primeira jóquei feminina a competir no Derby, terminando em 15º a bordo do Fathom. A pergunta que deve fazer é a seguinte: do que um animal precisa realmente para ter uma vida boa?

Esta questão é levantada pela Dra. Temple Grandin no livro O Bem-Estar dos Animais (2010) e talvez seja umas das perguntas mais complexas que podemos ter com nossos amigos equestres. Em Algo Para Acreditar (2020) acompanhamos a história cinematográfica de Jessie (Brooke Wilson), uma jovem de 17 anos que após perder a mãe tragicamente, em um acidente de caminhonete é acolhida por seus tios, no Oeste de Montana, uma porção de estados norte-americanos do Centro e do Sudoeste do país, como Texas, Nevada, Arizona, Utah, Novo México e Califórnia. Mas em sua vida cotidiana ela se encontra em uma nova escola, de formação, com a atenção inesperada de um cavaleiro tipicamente “touro arrogante” - e uma necessidade quase impossível de manter a única conexão que ela de fato tem com sua mãe: a extraordinária memória da corrida de barris a qual ela participava. Fazendo tudo o que pode para contornar os cavalos, Jessie não desiste do sonho, apesar de não ter cavalo próprio. Mas quando seu tio Mick (Mark Bracich) encontra um acordo sobre um cavalo de corte que foi, aparentemente considerado inútil, Jessie encontra nova esperança na vida, e a chance de corridas de barris que estava precisando. 

A corrida de barris é um evento de rodeio no qual um cavalo e um cavaleiro tentam concluir um padrão de trevo em torno de barris predefinidos no tempo mais rápido. Embora meninos e meninas compitam no nível juvenil e homens venham a competir em alguns locais amadores e jackpots, em colegiados e rodeios, é principalmente um evento de competição para mulheres. Não por acaso, dede que a Europa transpôs suas fronteiras geográficas no século XVI e descobriu culturas diferentes, a história e a antropologia nos fizeram ver que a distribuição dos trabalhos entre os dois sexos, os ritos de iniciação, os regimes alimentares ou as assim chamadas “técnicas do corpo”, dependeu da ordem cultural local e consequentemente podem mudar.  A corrida de barris combina a precisão do corpo e do olhar com a habilidade atlética do cavalo e as habilidades de equitação de um cavaleiro para manobrar com segurança e sucesso um cavalo em um padrão de trevo em torno de três barris normalmente três tambores de metal ou plástico de 55 galões, colocados em um triângulo no centro de um cavalo, na área específica ou arena destinada à competição. Curvas explosivas e aceleração são inerentes às corridas de cano.

          O fato de continuarem sendo, na França, segundo Luce Giard (2018), as mulheres que em geral se encarregam do trabalho cotidiano de cozinhar depende de uma situação social e cultural da história das mentalidades; o que não quer dizer por isso, qualquer manifestação de uma essência feminina. Se achamos necessário interessar-nos neste aspecto por este tipo de prática ao invés de qualquer outro, é por causa de seu papel central na vida cotidiana da maioria das pessoas, independentemente de sua situação social e de sua relação com a “cultura erudita” ou com a indústria cultural de massa. Além disso, os hábitos alimentares constituem um domínio em que a tradição e a inovação têm a mesma importância, em que o presente e o passado se entrelaçam para satisfazer a necessidade do momento, trazer a alegria de um instante e convir às circunstâncias. Com seu alto grau de ritualização   e seu considerável investimento afetivos, as atividades culinárias são para grande parte das mulheres de todas as idades um lugar de felicidade, de prazer e de invenção. São coisas da vida que exigem tanta inteligência, imaginação e memória quanto as atividades tradicionalmente tidas como mais elevadas, como a música ou a arte de tecer ou a montaria especializada de um equino em qualquer nível de competição. Neste sentido, comparativamente, constituem de fato um dos pontos fortes da cultura comum. 

            Do ponto de vista técnico-metodológico para a competição, ou corrida de barris, o cavalo de barril típico é um cavalo de um quarto, no entanto, você pode ver qualquer raça na arena. De árabes a mestiços. Ossos de canhão curtos e jarretes baixos são desejados para velocidade de corrida e curvas ágeis. Bons ossos e bons pés são essenciais para a longevidade de um “cavalo de barril”. Como o esporte é extremamente exigente no corpo do cavalo. Os cavalos de cano alto geralmente têm uma natureza calma fora da arena. Eles podem ser montados com uma mão e geralmente não são assustadores, pois veem uma variedade de pontos turísticos em corridas de barris e rodeios. Entrar na arena é quando você verá o espírito do cavalo de barril, muitos cavalos tendem a se fortalecer ou prontos para correr. Pontos de ruptura e apoio do calcanhar são geralmente importantes para a maioria dos cavalos de cano. Ter profundidade suficiente do solado e dedos mais curtos na frente e atrás tende a ser melhor para não forçar os tendões e ligamentos. O indivíduo em certo sentido não tem importância. O que importa é tornar a humanidade, como tendência, retornar ao que fez sentido para a humanidade. O termo “Amazonas” tem origem na mitologia grega, mas foi utilizado pelos conquistadores espanhóis para se referir às tribos indígenas que encontraram durante a colonização da América do Sul. Na mitologia grega, entretanto, as Amazonas eram um grupo referenciado de mulheres guerreiras que, como se diz, “cortavam um dos seios para melhor manusear as armas”.

        Não queremos perder de vista que o cavalo aquático nos parece que se reduz igualmente ao cavalo infernal. Não só porque, segundo Durand, o mesmo esquema do movimento é sugerido pela água corrente, as vagas alterosas e o rápido corcel não só porque se impõe a imagem folclórica da “grande égua branca”, mas ainda porque o cavalo é associado à água por causa do caráter terrificante e infernal do abismo aquático. O tema da cavalgada fantástica e aquática é corrente no folclore francês, alemão e anglo-saxônico. É encontrado também esse tipo de lendas entre os eslavos, os livônios e os persas. No folclore destes últimos, é o rei sassânida Yezdeguerd I que reinou entre 399-420 é morto por um cavalo misterioso saído de um lago, tal como é morto no Ocidente Teodorico, o ostrogodo. Na Islândia, é o demônio hipomórfico Nennir, irmão do Nykur das ilhas Féroe, e do Nok norueguês, do Kelpi escocês e do demônio das nascentes do Sena, que na mitologia anda naturalmente pelos rios. Poseidon dá o tom a toda simbologia grega do cavalo. Não só toma a forma desse animal como também é ele que oferece aos atenienses o cavalo. O correlativo celta do Poseidon grego é o Nechtan, demônio que anda pelas fontes, parente etimológico de Netuno latino. Enfim, última manifestação, o cavalo vê-se ligado ao fenômeno meteorológico do trovão.  E Pégaso, filho de Poseidon, demônio da água, transporta os raios de Júpiter.

           Talvez, seja necessário compreender neste isomorfismo uma confusão no seio do esquema de animação rápida com a fulgurância do relâmpago. É o que Jung deixa entender a propósito dos Centaurus, divindades do vento rápido, e acrescenta como um freudiano, “do vento furioso femeeiro”. Por outro lado, Salomon Reinach mostrou que o rei mítico Tíndaro é um antigo deus cavaleiro cujo nome se confunde com o onomatopaico do trovão tundere. É, portanto, sob o aspecto de um cavalo ruidoso e espantadiço que o folclore, como mito imagina o trovão. É o que significa a crença popular que pretende que, quando troveja, “o diabo está ferrando o cavalo”. Voltaremos a encontrar, a propósito do grito animal, este aspecto ruidoso da teriomorfia. O galope do cavalo é isomorfo do rugido do leão, do mugido domar e do dos bovídeos.

        Para sermos breves, lembramos que o “Cavalo branco”, o cavalo sagrado dos germanos que hoje em dia na Baixa Saxônia é confundido com o “Shimmel Reiter”, símbolo da catástrofe marinha, que se manifesta pela inundação e pela ruptura dos diques, parente próximo da pérfida Blanque jument do Pas-de-Calais, do Bian Cheval de Celles-sur-Plaine, do Cheval Malet vendeano, ou desse Cheval Gauvin jurassiano que afoga no Loue os passantes atrasados. Em terceiro lugar, Donteville distingue o aspecto astral da Grand jument ou do Bayart folclórico que se desloca de Leste para Oeste com saltos prodigiosos: mito solar que foi cristianizado sob a forma do cavalo de S. Martinho ou de S. Gildas, cujo casco aparece gravado um pouco por todo o lado na França. Destas marcas saem as nascentes, e o isomorfismo do astro e da água aparece constituído: o cavalo é ao mesmo tempo percurso solar e percurso fluvial. Por fim, é esse o ponto de concordância mais interessante para o estudo antropológico de Durand. Todavia, Donteville nota uma reviravolta dialética no papel de Bayart semelhante a eufemização do cavalo solar. Por uma espécie de antífrase sentimental, o cavalo de Bayart, demônio maléfico das águas, é invocado para a travessia dos rios. Donteville dá deste fenômeno uma explicação histórica e cultural: o invasor germano, cavaleiro e nômade, introduz o culto do cavalo, e o celta vencido teria considerado o cavalo do vencedor como um demônio maléfico e portador da morte, tendo as duas valorações subsistido lado a lado.

        Ipso facto, notemos as etapas desta transformação e assinalemos que o “cavalo fada”, “engendrado pelo dragão”, do romance cortês Renaud de Montauban está prisioneiro do monstro e só é conquistado depois de grande luta pelo herói Maugis, que utiliza, para isso, primeiro processos mágicos e depois um combate singular. Tendo conseguido a vitória, Maugis “quebra as cadeias de Bayart” e este último uma vez domado torna-se a fiel montaria do bom cavaleiro, montaria benéfica que voará em socorro dos “Quatro Filhos de Aymon” e dos Sete Cavaleiros. Esta transformação dos valores hipomórficos – que, contrariamente à teoria histórica de Donteville, é uma transmutação no sentido positivo – é simbolizada pela mudança de cor de Bayart, naturalmente branco, mas tinto de baio nesta situação. Vemos assim, aparecer na lenda dos Quatre fils Aymon o processo de eufemização que sublinhávamos per se a propósito do cavalo solar. O cavalo pérfido, espantadiço, transformando-se numa montaria domada e dócil, atrelada ao carro do herói vitorioso. É que diante do vencedor como diante do tempo só há uma única atitude possível. E nisto estamos de acordo: podemos resistir e heroicamente hipostasiar os perigos e os malefícios que o invasor ou o tempo provocam no vencido. Podemos também colaborar. E a história, longe de ser um imperativo, não passa de uma imitação diante da qual a escolha e a liberdade são sempre possíveis.        

Bibliografia geral consultada.

MORIN, Edgar, Cultura de Massas no Século Vinte: (O Espírito do Tempo). Rio de Janeiro: Forense Editora, 1967; DELBEÈ, Anne, Une Femme. Paris: Presses de la Renaissance,1982; ARGAN, Giulio Carlo, El Arte Moderno - 1770-1990. Valência: Editor Fernando Torres, 1984; BERGSON, Henri, O Pensamento e o Movente. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editor Abril Cultural, 1984; PROUST, Marcel, Os Prazeres e os Dias. Rio de Janeiro: Editora Rio Gráfica, 1986; DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas do Imaginário. Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997; PFAU, Thilo, SPENCE, André, STARKE, Sandra, FERRARI, Marta, WILSON, Alan, “O Estilo de Pilotagem Moderno Melhora os Tempos das Corridas de Cavalos”. In: Ciência (80), 2009; 325:389; GRANDIN, Temple; JOHNSON, Catherine, O Bem-estar dos Animais. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2010; DIAS, Marco Aurélio Dessimoni, Fatores não Genético e Desempenho de Cavalos Puros Sangue Inglês no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2010; LEITE, Larissa Marques, Diário de Bordo. Uma Viagem pelo Jornalismo Esportivo. Dissertação de Mestrado. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Comunicação. Departamento de Jornalismo. Brasília: Universidade de Brasília, 2013; CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre, A Invenção do Cotidiano. 2. Morar, Cozinhar. 12ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2018; MARCHIORI, Cíntia Maria, Caracterização Genômica de Equinos das Linhagens de Trabalho e de Corrida da Raça Quarto de Milha. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Universidade Estadual Paulista: Campos de Jaboticabal, 2018; STEIN, Murray, Jung e o Caminho da Individuação - Uma Introdução. São Paulo: Editora Cultrix, 2020; MONTEBELLO, Pierre, Nietzsche - O Mundo da Terra. São Paulo: Editora Unesp, 2021; SILVA, Yolanda Maria da, Imaginário na Trilogia Fronteiras do Universo de Philip Pullman. Tese de Doutorado em Literatura e Interculturalidade. Centro de Educação. Departamento de Letras e Artes. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba, 2023; entre outros.

terça-feira, 29 de junho de 2021

Andorinha - Memória de Pássaro Proibido pela Edificação nas Cidades.

Senhor, uma andorinha só não faz verão”. Miguel de Cervantes   

           A Filosofia da natureza é a expressão usada para descrever o estudo da natureza, tanto   do ponto de vista que chamamos científica, ou empírica, quanto do ponto de vista metafísico, de uma ciência geral de movimento e mudança, o movimento sendo entendido como qualquer tipo de mudança, como mudança de qualidade ou de lugar. Como o nome sugere a filosofia natural é interessada com esses movimentos e mudanças que ocorrem naturalmente, tal como geração, crescimento, e movimentos espontâneos como do coração e digestão, a queda de corpos e os movimentos circulares das esferas celestes. Num sentido mais restrito ela se destinava a todo o trabalho de análise e síntese de experiências comuns adicionados aos argumentos relativos à descrição e compreensão da natureza. O termo ciência, todavia, emergirá historicamente um pouco mais tarde, depois das descobertas científicas de Galileo di Vincenzo Bonaulti de Galilei, reconhecido Galileu Galilei, René Descartes e Sir Isaac Newton para o desenvolvimento da investigação experimental independente e de natureza matemática, governada por um método

        Fora de dúvida, algumas emoções estudadas por intermédio dos pesquisadores naturalistas são, evidentemente, consideradas primárias e universais. Contudo, lembra Le Breton (2019: 256 e ss.), não há acordo em relação ao repertório das emoções de base, pretensamente inatas e fisiologicamente descritíveis. Mas a simples identificação das emoções de base gera enormes dificuldades. Além de contrariar a realidade concreta humana, em nome das quais se realiza tal digressão, ela ainda enfrenta um importante desmentido: nenhuma estrutura neurofisiológica justifica a distinção de tais emoções. A botânica propugnada por tais pesquisadores classifica a afetividade, a embala em celofane e a estoca num herbário. Ela está condenada para sempre trabalhar sobre uma forma ideal típica, seguindo o exemplo de obras que propõem chaves gestuais nas quais cada desenho ilustra uma fisionomia: a alegria, a dor, a cólera ou certamente, o genuíno tratamento de desprezo.      

            A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como fica evidente pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, afirma Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que o costume de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração. As demonstrações não são comparativamente como as probabilidades, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo a prática de sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, porém, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade. 

       É uma máxima estabelecida da metafísica que tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível, ou, em outras palavras, que nada que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz para a solução de todas as controvérsias em torno das ideias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente. As percepções deste último tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas de nossas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente humana que as forma, dizer qual é exatamente sua natureza e composição. Façamos uma aplicação desse princípio, a fim de descobrir algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo.  Melhor dizendo, que as ideias da memória são mais vivas e fortes que as da imaginação, e que a primeira faculdade pinta seus objetos em cores mais distintas que as que possam ser usadas pela última. Ao nos lembrarmos de um acontecimento passado, sua ideia invade nossa mente com força, ao passo que, na imaginação, a percepção é fraca e lânguida, e apenas com muita dificuldade pode ser conservada firme e uniforme pela mente durante todo o período considerável de tempo. 

Temos aqui uma diferença sensível entre as duas espécies de ideias. Mas há uma outra diferença, não menos evidente, entre esses dois tipos de ideias. Embora nem as ideias da memória nem as da imaginação, nem as ideias vívidas nem as fracas possam surgir na mente antes que impressões correspondentes tenham vindo abrir-lhes o caminho, a imaginação não se restringe à mesma ordem na forma das impressões originais, ao passo que a memória está de certa maneira amarrada quanto a esse aspecto, sem nenhum poder de variação. É evidente que a memória preserva a forma original sob a qual seus objetos se apresentaram. A principal função da memória não é preservar as ideias simples, mas sua ordem e posição. Esse princípio se apoia em aspectos comuns e vulgares do dia a dia que podemos nos poupar o trabalho de continuar insistindo nele.  Como a imaginação pode separar todas as ideias simples, e uni-las novamente da forma que bem lhe aprouver, nada seria mais inexplicável que as operações dessa faculdade, se ela não fosse guiada por alguns princípios universais, que a tornam, em certa medida, uniforme nos momentos e vivência e lugares praticados. 

Fossem as ideias inteiramente soltas e desconexas, apenas o acaso as ajuntaria; e seria impossível que as mesmas ideias simples se reunissem de maneira regular em ideias complexas se não houvesse algum laço de união entre elas, alguma qualidade associativa, pela qual uma ideia naturalmente introduz outra. Esse princípio de união entre as ideias não deve ser considerado uma conexão inseparável, tampouco devemos concluir que, sem ele a mente não poderia juntar duas ideias – pois nada é mais livre que essa faculdade. Devemos vê-lo apenas como uma força suave, que comumente prevalece, e que é a causa pela qual, entre outras coisas, as línguas se correspondem de modo tão estreito umas às outras: pois a natureza de alguma forma aponta a cada um de nós as ideias simples mais apropriadas para serem unidas em uma ideia complexa. As qualidades não dão origem a tal associação, e que levam a mente, dessa maneira, de uma ideia a outra, são três, a saber: semelhança, contiguidade no tempo e no espaço, e causa e efeito. Dois objetos podem ser considerados como estando inseridos nessa relação, seja quando um deles é a causa de qualquer ação ou movimento do outro, seja quando o primeiro é a causa da existência do segundo. 

Pois como essa ação ou movimento não é senão o próprio objeto, considerado sob um certo ângulo, e como o objeto continua o mesmo em todas as suas diferentes situações, é fácil imaginar de que forma tal influência dos objetos uns sobre os outros pode conectá-los na imaginação. Podemos prosseguir com esse raciocínio, observando que dois objetos estão conectados pela relação causa e efeito não apenas quando produz um movimento ou uma ação qualquer no outro, no outro mas também quando tem o poder de os produzir. Essa é a fonte das relações de interesse e dever através dos quais os homens se influenciam mutuamente na sociedade que se ligam pelos laços de governo e subordinação. Um senhor é aquele que, por sua situação da força ou acordo, tem o poder de dirigir, sob alguns aspectos particulares, as ações de outro homem.

Um juiz é aquele que, em todos os casos litigiosos entre membros da sociedade, é capaz de decidir, com sua opinião a quem cabe a posse ou a propriedade de determinado objeto. Quando uma pessoa possui certo poder, nada mais é necessário para convertê-lo em ação que o exercício da vontade; e isso, em todos os casos, é considerável possível, e em muitos, provável – especialmente no caso da autoridade, em que a obediência do súdito é um prazer e uma vantagem para seu superior. Está claro que, no curso de nosso pensamento social e na constante circulação de nossas ideias, a imaginação passa facilmente de uma ideia a qualquer outra que seja semelhante a ela. Assim como existe o nascimento de uma semiologia e sociologia da celebridade e até mesmo mais recentemente, uma economia da celebridade e tal qualidade, por si só, constitui um vínculo afetivo e uma associação suficiente para a fantasia. É também evidente que, com os sentidos, ao passarem de um objeto a outro, precisam fazê-lo de modo regular, tomando-os sua contiguidade uns em relação aos outros, a imaginação adquire, por um longo costume, o mesmo método de pensamento, e percorre as partes do espaço e do tempo ao conceber seus objetos. 

Quanto à conexão realizada pela relação de causa e efeito, basta observar que nenhuma relação produz uma conexão mais forte na fantasia e faz com que uma ideia evoque mais prontamente outra ideia que a relação de causa e efeito entre seus objetos. Para compreender toda a extensão dessas relações sociais, devemos considerar que dois objetos estão conectados na imaginação. Não somente quando um deles é imediatamente semelhante ou contíguo ao outro, ou quando é a representação da causa. Mas quando entre eles encontra-se inserido um terceiro objeto, que mantém com ambos alguma dessas notáveis relações. Dentre as três relações mencionadas, a de causalidade é a de maior extensão. Na história da história da humanidade diversas transformações ocorreram quanto ao número de habitantes na Terra. Desse modo, é possível perceber períodos nos quais o número de habitantes era modesto e outros, como o atual, com números considerados bastante elevados. O crescimento populacional significa uma alteração no número de uma população de forma positiva. O crescimento populacional ocorreu no decorrer da história, às vezes em ritmo compassado, outras vezes de maneira veloz, um bom exemplo é o século XX, período no qual houve maior crescimento da população. Fazendo uma retrospectiva quanto ao número da população mundial, é possível traçar uma comparação entre o passado, o presente e o futuro. Cerca de 300 milhões de pessoas era a população mundial há  2.000 anos. A população permaneceu sem apresentar crescimento relevante em extensos períodos, uma vez que havia momentos de apogeu no crescimento populacional e outros de profundos declínios.

      A noção de edifício, em sentido estrito, permite fazer referência a qualquer construção realizada pela ação humana. Um teatro ou uma igreja são edifícios. No entanto, a linguagem do dia-a-dia recorre ao termo para mencionar as construções verticais que tenham mais de um andar. Aedificĭum é uma construção fixa que serve de alojamento humano ou que permite realizar várias atividades comerciais, políticas e sociais. Os edifícios estão relacionados com os prédios, os arranha-céus ou as torres, que servem de residência permanente às pessoas ou cujas instalações abrigam escritórios. Em termos de propriedade, há que se referir aos edifícios públicos que pertencem ao Estado, os edifícios privados, quando o proprietário é uma pessoa singular ou coletiva de sociedade anônima. Relativamente ao seu valor de uso, existem edifícios governamentais que albergam delegações do governo, edifícios industriais, onde se desenvolvem atividades técnicas produtivas, edifícios comerciais, compostos por uma grande variedade de lojas, edifícios militares, como os que agrupam os setores militares e os edifícios residenciais, usados como habitações verticais, entre outros. Edifícios inteligentes são aqueles que oferecem aos seus ocupantes um ambiente produtivo, com alto nível de segurança e conforto, por meio de soluções integradas, quando utilizam fontes alternativas de energia e comunicação entre os diversos sistemas operantes no prédio. Arranha-céus são edifícios habitáveis com mais de 40 andares. Eles tiveram origem na década de 1880. Muitos arquitetos e urbanistas debatem a altura ascendente dessas obras pós-modernas, já que elas causam poluição visual, gastos exorbitantes na manutenção e, sobretudo, mudanças no microclima das cidades. O que não podemos negar é que os arranha-céus são importantes para a arquitetura e construção civil, trazendo novas técnicas e uso de novos materiais. O reconhecido provérbio sobre o pássaro: - “Uma andorinha não faz a primavera”, recua à Aristóteles, Ética a Nicomaco.



      A ignorância de uma mente infinita frente a uma finitude não representa a indiferença. O reconhecimento da ignorância é uma ignorância instruída, douta. Contudo, a natureza intelectiva se sente atraída por conhecer o incompreensível. É o retorno, nos atrai uma pregustação natural, que nos impulsa a seguir buscando. Tem uma aspiração até a sabedoria, até Deus, ainda reconhecendo que o sábio é agora quem descobre que não pode alcançar a Deus, a plenitude do reconhecer. Deus é esquivo, inalcançável. A douta ignorância não é transcendente, a sabedoria não vem de fora infundida, mas é dentro de si mesma. Isto cria uma dissenção com a modernidade, como na Bíblia. O conhecimento surge de si mesmo na aporia de Hegel. A mente se adequa e cresce, mesmo sabendo que nunca alcançará o Absoluto, mas vai avançando. A douta ignorância tem a relação em si que a razão avança e aproxima-se do conhecimento. O conhecimento se fundamenta no sensível, na experiência, na assimilação, mas isso não é o verdadeiro conhecimento. O verdadeiro conhecimento é o que se desprende da experiência. A razão é a que deve determinar as coisas, o distinguir não é o Absoluto, mas há coisas não distinguíveis que confundimos. Para poder encontrar o verdadeiro conhecimento, tem que se separar das características das coisas e encontrar a essência das próprias coisas.  

E tem-se que buscar o que faz a coisa ser o que é, desprendendo-se de tudo o que não o faz único, para encontrar a qualidade ou categoria essencial. O que permite encontrar a qualidade no pequeno limite. O filósofo é quem busca, com humildade, o conhecimento e a sabedoria. Deste ponto de vista, filosofia significa amor à sabedoria. O filósofo é o amigo, o amante para o conhecimento, aquele que demanda a verdade, não aquele que acha que a possui. Mas o que interroga, não é aquele que se fecha em certezas supostamente definitivas. O filósofo tem uma qualidade que entendemos ser a “douta ignorância”. Ela equivale a uma disposição do espírito, a uma abertura da mente em relação à procura da verdade. Ao reconhecer a sua própria ignorância, o filósofo sabe que a consciência de que nada sabe é um princípio para superar as ilusões do falso saber, do reino das aparências, ou de um saber que, apesar de limitado, se considera ilimitado. Quando devidamente praticado, o lema socrático “só sei que nada sei” (Το μόνο που ξέρω ότι δεν ξέρω τίποτα), se é verdade, permite que nos libertemos da tirania do hábito a que está submetido quem julga possuir a verdade como um Direito.

         A ignorância como inibição, repetimos, não por acaso pode aparecer em casos limitados e ligados a situações pontuais. A “não aprendizagem” pode corresponder a uma retração intelectual do “eu” (moi). Entendo, com isso, uma retração do inconsciente lógico que dá a imagem de um “eu” (moi) ignorante. Essa retração pode aparecer, segundo Freud, em três ocasiões: a primeira, quando os órgãos intervenientes na ação de aprender sexualizam-se; a segunda, quando o sujeito evita o sucesso, apresentando, no momento preciso de obtê-lo, um comportamento de fracasso de si mesmo. É preciso levar em conta que o saber está sempre submetido ao interdito; e a terceira, quando o “eu” (moi) requer toda a energia disponível, por exemplo, durante o período de luto. A dificuldade de aprender parece estar ligada aí à falta de resignação das aprendizagens que representam a situação perdida. É necessário acreditar, então, que a ignorância, no sujeito que aprende, representa seu modo de viver a relação com o “outro do conhecimento”, um jeito de resolver a alternativa dramática, posta já a Adão e Eva, na mitologia cristã entre o saber e a ignorância. Para o sujeito superar sua perturbação, é preciso restituir ao ser à atividade cognitiva da alegria que foi pervertida sob a forma de ignorância. No século passado, na Áustria, o jovem estudante Törless, tímido e inteligente observava o comportamento sádico de seus amigos da escola, e não toma nenhuma providência, quando estes escolhem como vítima uma colega da sala de aula, até que a tortura vai longe demais. Adaptação do aclamado livro, o filme: Der Young Törless (1996) de Robert Musil, esta obra prima, deu internacionalidade ao movimento do chamado Cinema Novo Alemão, e ganhou em 1996 no Festival de Cannes, o Prêmio da Crítica Internacional para o já bastante premiado diretor, Volker Schlondorff. 

            Chama-se etologia a ciência dedicada ao estudo do comportamento dos animais. No  caso das aves, a observação do comportamento se torna muito interessante e prazerosa devido à diversidade, à curiosidade e, muitas vezes, à complexidade e beleza. As andorinhas representam um grupo de aves pertencentes à família Hirundinidae. São graciosas e ágeis. Voam, realizando longas migrações. Estatisticamente existem no mundo cerca de 80 espécies de andorinhas. Exceto na Antártida, pois esta ave não vive em lugares de baixa temperatura. A andorinha, em geral, é de cor azul, com o peito acinzentado claro. Elas são aves de pequeno porte, com asas longas e pontiagudas, com a cauda geralmente bifurcada, bico e patas curtas. É monogâmica, possuindo um parceiro durante toda a sua existência. Por essa razão está associada ao amor e à fidelidade. Esta ave remete à partida e ao regresso, pois, parte no inverno e regressa na primavera, por vezes, ao mesmo lugar que havia deixado. Devido à essa característica, a andorinha simboliza os movimentos cíclicos da existência que oscilam entre o Yin (inverno) e Yang (primavera), e a tudo relacionado a esses aspectos: a renovação, mudanças e ao renascimento. Sua alimentação consiste de insetos que capturam com o bico aberto, durante o deslocamento no voo. Cada andorinha consome cerca de 10.000 insetos por dia, pois necessita de consumo de calorias notável para poder desenvolver-se plenamente. Os ninhos são comumente feitos com lama, restos vegetais e a saliva. 

         Geralmente ocorrem em barrancos, árvores, estábulos, barracões, garagens, pontes, túneis, barragens, entre outros. O ninho é usado durante anos seguidos, pois com a mudança das estações as andorinhas, migram para outro lugar, mas depois que passa esta estação, elas retornam para o mesmo ninho que haviam deixado antes de migrarem. Viajam longas distâncias, migrando em busca de alimentos e, para isso, se direcionam às regiões quentes. As andorinhas migram de um lugar que esteja no inverno, para ir para outro local com o clima mais ameno ou quente. A andorinha mede entre 16 e 20 centímetros de comprimento, mas quando abre suas asas, pode alcançar 35 centímetros. Seu peso não é muito maior do que esses números. Fica entre 15 e 25 gramas. A plumagem da andorinha recebe vários tons de cores e chega a brilhar no período noturno. Suas penas recebem coloração de azul metálico que quase alcança a tonalidade preta. O queixo do pássaro recebe tom avermelhado e sua cabeça, tom azul. Combinações de cores que sem dúvida geram efeito comunicacional muito apreciável. As asas são pontiagudas, as patas, pequenas, o mesmo quanto ocorre ao bico. A cauda é visivelmente bifurcada. Pouca diferença há entre as andorinhas machos e fêmeas. As cores são idênticas e distribuídas nas mesmas partes. A andorinha fêmea tem penas mais curtas e recebe no abdômen uma sombra mais pálida. A andorinha mais comum no Brasil é a Progne chalybea, reconhecida como andorinha-grande. Essa espécie tem penas castanho-cinzentas no peito e penas azuis nas laterais. Etnograficamente é uma ave primaveril, que anuncia a chegada da primavera quando os dias estão mais longos para viver. O campo começa a encher-se de flores e o ar de grande variedade de sons e música. Estamos no início da primavera. As aves vivem com alvoroço a nova estação, disparando pelo céu em busca de um par para iniciar mais um ciclo de vida.

         As andorinhas são encontradas ao redor do mundo. A maioria voa longas distâncias para escapar do frio e encontrar alimento, pois os insetos voadores desaparecem durante o inverno. Voam em grandes bandos durante o dia e passam a noite em bosques ou pântanos. Percorrem, às vezes, grandes distâncias e retornam sempre ao local de origem, geralmente na primavera. A andorinha é ave migratória; algumas espécies nidificam na América do Norte e passam a estação do inverno no Brasil. As andorinhas voam contra o vento e realizam longos voos planados para pegar insetos. Dormem nos beirais dos telhados ou em fendas diversas. Algumas espécies constroem ninhos de estrume ou barro, dando-lhes grande resistência com o acréscimo de sua própria saliva. Outras nidificam em galhos ocos ou em buracos em pedras ou barrancos, nos quais escavam galerias. Os ovos, brancos, são chocados pelo casal, que dorme junto no ninho, fato quase incomum entre as aves. A incubação dura 15 dias em média. Os pais se revezam na alimentação dos filhotes, que começam a abandonar o ninho com cerca de um mês de vida. A andorinha é um tipo de ave que é difundida no mundo. Pode ser encontrada em quase todas as partes dos Estados Unidos continentais e grande parte do Canadá.

          Na história desde a Antiguidade que o aparecimento e desaparecimento das aves inquietavam os naturalistas, que não tinham a certeza se as aves migravam ou hibernavam. Sabemos através de pesquisa concreta que 5 milhões de aves terrestres de 190 espécies deixam a Europa e a Ásia em direção a África, e que algo similar ocorre na América do Norte, com mais de 200 espécies a migrar para Sul. A pergunta é que por que as aves migram continua a ser intrigante para os investigadores. Os benefícios têm que ser substanciais porque os custos energéticos e os riscos da migração são muito elevados. Pensa-se que mais de metade dos passeriformes terrestres que nidificam no hemisfério norte não regressam da sua migração para sul. A grande vantagem da migração é que permite que haja atividade ao longo de todo o ano, não sendo necessário recorrer a hibernação ou estivação, podendo as aves explorar recursos alimentares sazonais enquanto vivem em regiões com clima favorável a sua reprodução. Podem também evitar o reduzido número de horas do dia do inverno mais próximo dos polos e maximizar o tempo que podem despender a alimentar-se, bem como explorar booms de disponibilidade de alimento em zonas do globo em bons períodos do ano. Outras aves fogem da escassez de locais de nidificação e da competição com outras espécies.

    Aves representam conceitualmente uma classe de seres vivos vertebrados endotérmicos caracterizada pela presença de penas, um bico sem dentes, oviparidade de casca rígida, elevado metabolismo, um coração com quatro câmaras e um esqueleto pneumático resistente e leve. As aves estão presentes em todas as regiões do mundo e variam significativamente de tamanho, desde os 5 cm do colibri até aos 2,75 metros da avestruz. São a classe de tetrápodes com o maior número de espécies vivas, aproximadamente dez mil, das quais mais de metade são passeriformes. As aves apresentam asas, que são mais ou menos desenvolvidas dependendo da espécie. Os únicos grupos reconhecidos sem asas são as moas e as aves-elefante, ambos historicamente extintos. As asas, que evoluíram a partir dos membros anteriores, oferecem às aves a capacidade de voar, embora a especiação tenha produzido aves singulares não voadoras, como as avestruzes, pinguins e diversas aves endémicas insulares. Os sistemas digestivo e respiratório das aves estão adaptados ao voo. Algumas espécies que habitam ecossistemas aquáticos, como os pinguins e a família dos patos, desenvolveram a capacidade técnica de nadar.    

            As aves, e em particular os fringilídeos de Darwin (2009), tiveram um papel importante no desenvolvimento da teoria da evolução por seleção natural de Darwin. O registo fóssil indica que as aves são os sobreviventes dos dinossauros, tendo evoluído a partir de dinossauros emplumados dentro do grupo terópode dos saurísquios. As primeiras aves apareceram durante o período cretácico, há cerca de 100 milhões de anos, e estima-se que o último ancestral comum tenha vivido 95 milhões de anos. As evidências de ácido desoxirribonucleico (ADN), composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e alguns vírus, e que transmitem as características hereditárias completas de cada ser vivo, indicam que as aves se desenvolveram extensivamente durante a extinção do Cretáceo-Paleogeno que matou os dinossauros não avianos. As aves na América do Sul sobreviveram a este evento, tendo depois migrado para as várias partes do mundo habitado através de várias passagens terrestres, ao mesmo tempo que se diversificavam em espécies durante os períodos de arrefecimento global. Algumas aves primitivas dentro do grupo Avialae datam do período Jurássico. É um clado que contém as aves e os dinossauros mais próximos. Jacques Gauthier nomeou o clado em 1986, para incluir as Aves e o Archaeopteryx, baseado em caracteres morfológicos. Constitui um arranjo muito controverso e discutido entre os notáveis paleontólogos. Muitos destes ancestrais das aves, como o reconhecido Archaeopteryx, não tinham plena capacidade técnica de voo e muitos deles apresentavam características primitivas físicas como a formação de mandíbula em vez de bico e também cauda vertebrada. 

         A capacidade de voar proporcionou às aves uma diversificação extraordinária, pelo que hoje em dia vivem e reproduzem-se em praticamente todos os habitats terrestres e em todos os lugares dos sete continentes. As várias espécies reconhecidas de tentilhões demonstraram o poder do método hipotético-dedutivo darwinista, que baseando-se em anotações detalhadas da morfologia, habitat e comportamento em grupo destes pássaros, representam um dos argumentos mais aceitos em seu clássico livro sobre a origem das espécies. A andorinha de celeiro é reconhecida por usar características e construções paisagísticas feitas pelo homem, especialmente celeiros, como locais de nidificação. Na América do Norte, ele pode ser identificado pelo longo garfo na cauda. Nenhuma outra espécie de engolida é tão difundida ou aparece em maior número. Sobre sua caracterização a andorinha macho adulta pode ser identificada por sua cabeça azul escura e por penas azuis na frente ou no topo das asas e cauda. As penas mais longas da asa e da cauda são pretas. Tem uma testa avermelhada e garganta e partes inferiores mais claras também tingidas de vermelho. A fêmea tem coloração mais clara, pode ter partes inferiores mais brancas e tem um “garfo” mais estreito na cauda. Andorinhas de celeiro imaturas são menos profundamente coloridas na cabeça e nas costas. Na ausência de edificações feitas pelo homem, as andorinhas-celeste aninham-se naturalmente em abrigos rochosos como cavernas ou penhascos. Na atualidade eles são comumente vistos em celeiros e muitas vezes pontes, galerias e outras estruturas humanas em geral próximas da água. Como outras andorinhas, eles são reconhecidos como folhetos graciosos. Em voo, as penas da cauda se estendem e suas pontas das asas parecem muito pontiagudas. Eles são reconhecidos por voar baixo enquanto os pássaros procuram por insetos para comer em pleno voo. As estações ocorrem por causa da inclinação da Terra em relação ao Sol. O movimento do planeta em torno do Sol, dura um ano.                                Este movimento recebe o nome de translação e a sua principal consequência é a mudança das estações do ano. Se a Terra não se inclinasse em seu eixo, não existiriam as estações. Cada dia teria 12 horas de luz e 12 horas de escuridão. E como o eixo do planeta Terra forma um ângulo com seu plano orbital, existe o verão e o inverno, dias longos e dias curtos. Durante o verão, os dias amanhecem mais cedo e as noites chegam mais tarde. Ao longo dos três meses desta estação, o sol se volta, lentamente para a direção norte e os raios solares diminuem sua inclinação. No início do outono, os dias e as noites têm a mesma duração: 12 horas. Isso é porque a posição do sol está exatamente na linha abstrata do Equador. Porém, o Sol, vai continuar se distanciando aparentemente para norte. A partir daí, os raios solares atingem o mínimo de inclinação no início do inverno, e, ao contrário do verão, os dias serão mais curtos e as noites mais longas.

Então, o Sol vai começar a se deslocar na direção sul. Começando então a primavera e os dias e as noites terão a mesma duração. Portanto, as estações do ano e a inclinação dos raios solares variam com a mudança da posição da Terra em relação ao Sol. Quando o Polo Norte se inclina em direção ao Sol, o hemisfério Norte se aquece ao calor do verão.  Seis meses mais tarde, a Terra percorreu metade de sua órbita. Agora o Polo Sul fica em ângulo na posição do Sol. Comparativamente é verão na Austrália e faz frio na América do Norte. Do latim: Autumn, também reconhecido como o tempo da colheita e das safras, é nesta época que ocorrem as grandes colheitas. A safra diz respeito ao plantio feito com a chegada das chuvas. É nesse período do ano que as condições climáticas estão próprias para o início de lavouras como a do milho, por exemplo. Os dias ficam mais curtos e mais frescos. As folhas e frutas, maduras começam a cair no chão. Os jardins e parques ficam coberto de folhas. Isto ocorre por que os países do hemisfério Norte precisam se preparar ecologicamente para o inverno. É necessário armazenar comida suficiente para todos, sem desperdício, para que nada faltar.

Com o início da estação observadores, assim como os fotógrafos e admiradores da natureza podem preparar o foco das lentes ou seus binóculos porque a estação mais florida do ano tem início: a primavera. De forma distinta a época de estação do verão oferece condições para as andorinhas se alimentarem bem. As andorinhas voando em bando no “céu”, também, sinalizam a época de verão. Daí o velho ditado: “Uma andorinha não faz verão”. A andorinha fêmea põe de 4 ou 8 ovos e tanto a fêmea como o macho, ficam chocando os ovos, cerca de 25 dias. A migração é uma deslocação regular entre habitat, e não deve ser confundida com divagações empíricas sobre deslocamentos ocasionais e movimentos dispersivos. Trata-se de um fenômeno intencional e voluntário, uma viagem de certa envergadura e duração. Tem caráter periódico de um cíclico padrão de ir e vir que se repete de forma sazonal e implica espaços geográficos bem definidos. O movimento migratório envolve a população de uma espécie, e não só de uns tantos indivíduos. Os lugares de origem e destino são antagônicos do ponto de vista sociológico e ecológico. A vida da espécie a deslocar-se sazonalmente está dividida entre dois períodos sedentários e dois dinâmicos entre habitat, que se sucedem alternadamente. Durante a primavera, o indivíduo está ligado à área de procriação, onde encontra condições ideais para se reproduzir. No final do verão inicia a migração pós-nupcial que o conduz à área onde passará o inverno. Permanece para que na primavera, possa empreender a viagem de regresso. 

É por esta razão que se chama a migração pré-nupcial. Como diz Beto Guedes na canção Amor de Índio (1978): - Se todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor. A massa que faz o pão vale a luz do teu suor. Lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver.  No inverno te proteger, no verão sair pra pescar. No outono te conhecer, primavera poder gostar. No estio me derreter, pra na chuva dançar e andar junto. O destino que se cumpriu de sentir teu calor e ser todo. Não queremos perder de vista neste aspecto o notável Clube da Esquina expressão usada para se referir a um grupo de músicos, compositores e letristas, surgido na década de 1960 em Belo Horizonte. Tendo cantores e compositores como por exemplo, Milton Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes e Márcio Borges, a musicalidade do Clube da Esquina é intensamente caracterizada como inovadora. Como característica desta tendência musical, têm-se uma espécie de fundição das inovações trazidas pela Bossa Nova com elementos do jazz, do rock, principalmente dos Beatles, música folclórica dos negros e mineira, música erudita e música hispânica. Nos anos 1970, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na chamada Música Popular Brasileira (MPB) pelo alto nível de performance e disseminaram suas inovações e influência a nível mundial. Clube da Esquina surgiu da grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, na década de 1960. O início dessa amizade se deu em 1963, depois que Milton chegou à capital para estudar e trabalhar. Milton acabara de chegar de Três Pontas, cidade onde morava a família e onde tocava na banda W`s Boys com o pianista Wagner Tiso; com Marilton foi tocar na noite, no grupo Evolusamba. Compondo e tocando com os amigos, despontava o talento, pondo o pé na estrada e na fama ao vencer o Festival de Música Popular Brasileira e ao ter uma de suas composições, a extraordinária Canção do sal, gravada pela estreante Elis Regina. Muitos membros possuíam participação antes do disco de 1972, e mantiveram carreira durante os anos de 1972 e 1978.

Os fatores que, num dado momento, desencadeiam a migração das aves, não são de fácil explicação. Muitas das espécies das aves do hemisfério Norte começam a sua migração em direção ao Sul, quando ainda existem recursos alimentares mais do que suficientes para a sua sobrevivência. Estas aves não têm maneira de saber que passado algumas semanas a temperatura vai descer e que o alimento vai escassear. O momento do início da migração é provavelmente regulado pelo seu sistema glandular. As glândulas produzem substâncias químicas, as hormonas. Está-se em crer que são as variações na produção das hormonas que estimulam a migração das aves. À medida que os dias se tornam mais pequenos, surgem variações na produção de hormonas. Como consequência as aves começam a preparar o seu voo migratório. Contudo, esta variação hormonal não explica por exemplo, porque é que diferentes espécies comportamentais localizadas na mesma região começam a sua migração antes de outras, ou ainda, porque é que aves da mesma espécie não começam a sua migração ao mesmo tempo. Assim, o início da época da migração não parece depender exclusivamente da duração dos dias, mas também de fatores, como o clima e a disponibilidade de alimento.

A andorinha-azul é uma ave migratória, que faz um percurso de 8 a 20 mil quilômetros entre a América do Norte, onde vive se reproduz, e a América do Sul, para onde vem no inverno em busca de temperatura mais amenas. Dentre as espécies de andorinha encontradas no Brasil, é considerada grande. Seu padrão de voo é típico de andorinhas, com planeios curtos alternados com batidas longas de asas. No leste e no noroeste da América no Norte, fazem seus ninhos em construções civis, como cabaças perfuradas e caixas de madeira, enquanto no oeste utilizam cavidades naturais, muitas vezes construídas por espécies de pica-pau. As andorinhas-azuis e outras 434 aves foram ilustradas por John James Audubon e impressas, em tamanho real, em 1827, no livro Birds of América. A andorinha-azul possui uma longa história de interação com os seres humanos. Nos Estados Unidos e no Canadá, há centenas de anos são parte da cultura das etnias indígenas. Em 2007, quando o PMCA e a York University implantaram os primeiros geolocalizadores em andorinhas-azuis, permitiu identificar as rotas migratórias e a duração desta viagem através dos continentes. A viagem pode compreender de 8 a 20 mil km de distância, dependendo do grupo de andorinhas. Imagina-se que a população que chega ao Sudeste do Brasil nos primeiros dias do verão venha do Canadá, enquanto as aves que ficam na Amazônia se reproduzam no Leste dos Estados Unidos da América. O migrante mais impressionante é a andorinha-do-mar ártica, que procria no norte do Círculo Ártico, mas voa quase 18 mil km para o sul, em direção à Antártica, quando chega o inverno ao norte. 

          O Ártico representa uma região em torno do Polo Norte (latitude 90°). Seu clima é caracterizado por invernos frios e verões frios. A precipitação vem principalmente na forma de neve. As áreas dentro do Círculo Polar Ártico (66 ° 34′ de latitude) apresentam alguns dias no verão em que o Sol nunca se põe e alguns dias durante o inverno em que nunca nasce. A duração dessas fases varia de um dia para locais no Círculo Ártico a vários meses perto do Polo, que é o meio do Hemisfério Norte. Entre o Círculo Ártico e o Trópico de Câncer (23° 26 de latitude) fica a zona temperada do Norte. As mudanças nessas regiões entre o verão e o inverno são geralmente amenas, em vez de calor ou frio extremo. No entanto, um clima temperado pode ter um clima muito imprevisível. As regiões tropicais entre o Trópico de Câncer e a linha do equador, 0° de latitude, são geralmente quentes durante o ano e tendem a experimentar uma estação chuvosa durante os meses de verão e uma estação seca durante os meses de inverno. No hemisfério norte, os objetos que se movem através ou acima da superfície da Terra tendem a virar para a direita por causa do efeito Coriolis. Como resultado, fluxos horizontais de ar ou água em grande escala tendem a formar giros que giram no sentido horário.  A sombra de um relógio de sol se move no sentido horário nas latitudes ao norte do ponto subsolar. Durante o dia, nessas latitudes, o Sol tende a subir ao máximo na posição ao sul. Entre o Trópico de Câncer e o Equador, o Sol pode ser visto ao norte, diretamente acima, ou ao sul ao meio-dia, dependendo da época do ano. No hemisfério sul, o Sol do meio-dia está predominantemente no norte. Quando vista do hemisfério norte, a Lua parece invertida em comparação com uma vista do hemisfério sul. O Polo Norte está voltado para longe do centro galáctico da Via Láctea.

Sociologicamente é também um pássaro proibido do ciclo reprodutivo na cidade devido às mudanças bruscas na arquitetura, o aumento do transporte rodoviário urbano, o tráfego aéreo e uso de máquinas que faz da poluição sonora um dos principais desafios políticos das cidades. A poluição sonora não compromete apenas o sistema auditivo, mas afeta o funcionamento do sistema social como um todo. Algumas cidades começaram a adotar medidas técnicas e sociais para controlar a ininterrupta barulheira. Em Kakinada, cidade localizada no distrito de Govari Oriental, no estado indiano de Andhra Pradesh, foram instalados sensores em pontos estratégicos para detectar mudanças de impacto tecnológico nas emissões sonoras. O objetivo é prover o governo de técnicas para limitar a circulação de veículos em determinados horários de pico e reavaliar os padrões do tráfego aéreo. Estações de monitoramento da empresa de tecnologia francesa Kerlink foram equipadas com sensores da indiana Oizom para medir a poluição do ar. A poluição sonora afeta os animais, deixando-os extremamente estressados, atrapalhando seus instintos de caça, sua reprodução e interferindo em sua comunicação. Os mais prejudicados são os animais marinhos, pois nos ambientes subaquáticos o som se propaga com mais rapidez. Por isso, o nível de ruídos é extremamente alto em ambientes aquáticos, devido a motores de barcos e navios, plataformas petrolíferas, dentre outros fatores sociais, afetando principalmente os golfinhos e baleias, que têm como meio de comunicação os sonares.

        O resumo abstrato espontâneo do animal, segundo Durand (1977: 73 e ss.), tal como ele se apresenta à imaginação sem as derivações e as especializações secundárias é constituído por um verdadeiro esquema: o esquema do animado. Para a “criança pequena”, se já não é um truísmo, como para o próprio animal, a inquietação é provocada pelo movimento rápido e indisciplinado. Todo animal selvagem, pássaro, peixe ou inseto, é mais sensível ao movimento que à presença formal ou material. O pescador de trutas sabe muito bem que só os seus gestos demasiado bruscos parecerão insólitos ao peixe. O teste do psiquiatra e psicanalista freudiano suíço, reconhecido por desenvolver um teste projetivo como o teste da mancha de tinta de Rorschach, confirma esse parentesco no psiquismo humano entre o animal e o seu movimento. Geralmente as porcentagens de respostas animais e de respostas cinestésicas são inversamente proporcionais, compensando-se mutuamente: o animal não é mais que o resíduos morto e estereotipado da atenção ao movimento vital. Quanto mais elevada é a porcentagem de respostas animais, mais o pensamento está envelhecido, rígido, convencional ou invadido por humor depressivo. A grande proporção de respostas animais representa sintomaticamente de um bloqueamento da ansiedade. O aparecimento da animalidade na consciência é, portanto, sintoma de uma depressão da pessoa até os limites próprios da ansiedade. Uma das primitivas manifestações ocorre através do formigamento, “imagem fugidia, mas primeira”. Não retenhamos pela etimologia da palavra o trabalho das formigas que aparenta a imagem destas últimas à da serpente fossadora.

            Desnecessário dizer que as trevas noturnas constituem o primeiro símbolo do tempo, e entre quase todos os primitivos como entre os indo-europeus ou semitas “conta-se o tempo por noites e não por dias”. As nossas festas noturnas, o São João, o Natal e a Páscoa, seriam a sobrevivência dos primitivos calendários noturnos. A noite negra aparece assim como a própria substância do tempo. A noite recolhe na sua substância maléfica todas as valorizações negativas precedentes. As trevas, pode-se afirmar, são sempre caos e ranger de dentes. O bom senso não chama à hora crepuscular a hora “entre cão e lobo”? Nós próprios mostramos como ao negrume estavam ligados a agitação, a impureza e o barulho. O tema do bramido, do grito, da “boca do senhor” é isomorfo das trevas e Gaston Bachelard cita Lawrence, para quem “o ouvido pode ouvir mais profundamente que os olhos podem ver”. O ouvido é assim o sentido da noite. Ao longo de três páginas, Bachelard mostra-nos que a obscuridade é amplificadora do barulho, é ressonância. As trevas da caverna retêm nelas o grunhido do urso e o respirar dos monstros. Mais ainda, as trevas são o próprio espaço de toda a dinamização paroxística, de toda a agitação. 

      O negrume é a própria “atividade”, e toda uma infinidade de movimentos é desencadeada pela falta de limites das trevas, nas quais o espírito provoca cegamente o “nigrum, nigrius nigro”. Das ligações isomórficas resulta que a negrura é sempre valorizada negativamente. No nível espetacular da ideologia o diabo é quase sempre negro ou contém algum negror. Os exemplos se multiplicam: o antissemitismo não seria talvez outra fonte desta hostilidade natural pelos tipos étnicos escuros. – “os negros na América assumem também uma tal fixação da agressão dos ovos hospedeiros”, diz Otto Fenichel, “tal como entre nós os ciganos... são acusados com razão ou sem ela de toda a espécie de malfeitorias”. Acrescentaremos que se explica assim na Europa o ódio imemorial do mouro, que se manifesta nos nossos dias pela segregação espontânea dos norte-africanos que residem na França. O mouro torna-se uma espécie de diabo, de papão, tanto nas figuras grotescas que ornamentam as igrejas da Espanha, como Anjou, onde “o gigante Maury se embosca num rochedo perto de Angers e espreita os bateleiros do Manine para os engolir com os respectivos barcos. Vemos assim que a distância entre este Maury e o Ogro não é grande. O ogro, tal como o diabo, tem frequentemente pelo negro ou barba escura. É sobretudo interessante notar, segundo Durand (1997), que esta “negrura” do mal é admitida pelas populações de pele negra. 

        Podemos acrescentar à mesma lista de reprovados “jesuítas”, de quem Rosenberg fazia a encarnação cristã do espírito do mal. O anticlericalismo popular inspira-se também na França. O teatro ocidental veste sempre de negro as personagens reprovadas ou antipáticas: Tartufo, Basílio, Bártolo, Mefistófeles ou Alceste. A ferocidade de Otelo tem assim o mesmo fundo que a perfídia de Basílio. São estes elementos engramáticos que explicam, em grande parte, o sucesso insensato da apologia racista do Siegfried branco, gigante e louro, vencedor do mal e dos homens negros. Uma vez que as trevas se ligam à cegueira, vamos encontrar nesta linhagem isomórfica, mais ou menos reforçada pelos símbolos da mutilação, a inquietante figura do cego que numerosas valorizações negativas são vistas pela consciência, digamos populista, como são reconhecidos os apelidos de caolho, zarolho ou cego. Um casal de andorinhas na China antiga era visto como símbolo de fidelidade. O retorno das andorinhas servia como marcadores temporais quanto à chegada do equinócio, ocasião em que se realizavam rituais de fecundidade. Na acultura islâmica, a andorinha é símbolo de boa companhia devido à fidelidade para com a parceira e por privilegiar a união familiar. É por isso chamado de “pássaro do paraíso”. Mas para os persas era símbolo de solidão, despedida, devido ao instinto da sua vida nômade. Enfim, para sermos otimistas, concordamos com a assertiva da antropologia do imaginário que considera em todas as épocas e sob todas os incidentes históricos os grandes regimes antinômicos da imagem. 

É apenas no contexto sociológico que colabora na modelagem dos arquétipos em símbolos e constituí a derivação pedagógica. Há uma “tensão” sociológica crescente que especifica o simbolismo do arquétipo e do esquema universal na expressão social precisa do conceito por intermédio do signo de uma linguagem bem diferenciada. Sua tese é o que explica ao mesmo tempo que uma língua, não se traduza nunca completamente noutra língua, e que, no entanto, uma tradução, utilizando o semantismo dos mitemas, seja sempre possível. Este paradoxo inintencional na tradução resume a ambiguidade psicossocial do símbolo. Damourette e Pichon mostrou bem como uma língua como o francês organizava a seu modo a repartição das sexuisemelhanças, primeiro rejeitando o neutro que é o assimilado em francês ao masculino. Toda a repartição de tipo sexuisemelhante é dirigida pela concepção ativa do masculino e passiva do feminino. Em francês, tudo o que é diferenciado, dessexualizado, tudo aquilo a que se empresta uma alma ativa, tudo o que está definido numa delimitação precisa, metódica e de algum modo arterial é masculino. Pelo contrário, tudo o que representa uma substância imaterial, abstrata, tudo o que sofre uma atividade exógena, tudo o que evoca uma fecundidade mecânica é feminino. É evidente que tal matriz linguístico nunca passa numa tradução. Mas essa matriz linguisticamente bem especificado vem atuar sobre o fundo universal das representações mais elementares da feminilidade e da masculinidade. Por detrás da derivação social da língua persistem na sua universalidade os arquétipos e símbolos mais gerais sobre os quais vêm aturar incidentes sociológicos. O trajeto antropológico do sujeito para o seu ambiente funda uma generalidade compreensiva que nenhuma explicação, mesmo simbólica, pode transpor per se totalmente. Isto quer dizer o seguinte: que a história não explica o conteúdo arquetípico, pertencendo a própria história ao domínio do imaginário.     

Bibliografia geral consultada.

SICK, Helmut, Ornitologia Brasileira: Uma Introdução. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1997; DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas do Imaginário: Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997; BOLLE, Willi, Fisiognomia da Metrópole Moderna. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000; CURY, Isabelle, O Estudo Morfológico de Parati, no Contexto Urbanístico das Cidades Marítimas Atlânticas de Origem Portuguesa. Tese de Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008; HUME, David, Tratado da Natureza Humana. Uma Tentativa de Introduzir o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais. 2ª edição revista e ampliada. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2009; DARWIN, Charles, A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2009; MENDES, Solange, Efectos de la Contaminación Acústica en Cuatro Espécies de Aves Silvestres. Tese de Doutorado. Espanha: Universidade de Salamanca, 2010; POZ, Ângela da Silva Gomes, “A Leveza do Voo e do Peso do (Não) Poder: Uma Análise das Expectativas de Gênero na Obra As Andorinhas, de Pauline Chiziane”. In: Revista Philologus, Ano 22, n° 66 Supl.: Anais da XI Jornada Nacional de Linguística e Filologia da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez.2016; GOETHE, Johann Wolfgang von, Ifigênia em Táuride. São Paulo: Editora Peixoto Neto, 2016; COSTA, Eliane; PEREIRA, Flávio; PEREIRA, Márcia Regina Santana, “O Feminino, Tempos e Espaços em As Andorinhas, de Paulina Chiziane, e em Becos da Memória, de Conceição Evaristo”. In: Revista Porto das Letras. Estudos Literários, volume 04, nº 02, 2018; LE BRETON, David, Antropologia das Emoções. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 2019; REIS, Jessica Naiara, Dois Séculos de Perda da Biodiversidade na Bacia do Rio Doce: Aves como Modelo de Estudo. Dissertação de Mestrado em Manejo e Conservação de Ecossistemas Naturais e Agrários. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, Florestal, 2019; DETONI, Henrique; FONSECA FILHO, Ricardo Eustáquio, “Potencial do Parque Natural Municipal das Andorinhas, Ouro Preto (MG) para o Geoturismo”. In: Tur. Visão e Ação, vol. 23, nº 2, 350-375, mai./ago.- Balneário Camboriú, Santa Catarina, 2021entre outros.