“Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais”. Immanuel Kant
O ovo filosófico da alquimia ocidental/extremo-oriental encontra-se naturalmente ligado a um contexto de intimidade uterina. A alquimia é um regressus ad uterum. O orifício do ovo deve ser “hermeticamente” fechado, simbolizando este último o ovo cósmico da tradição universal. Deste ovo deve sair o germe filosofal, donde os seus nomes variados que refletem o isomorfismo da intimidade: “casa de frango”, “sepulcro”, “câmara nupcial”. O ovo alquímico era mantido a uma temperatura suave para a gestação do homunculus que se devia formar, agora referenda Paracelso, a uma temperatura “constantemente igual à do ventre do cavalo”. Mas à primeira vista, o simbolismo animal parece ser bastante variado porque demasiado comum. Neste capítulo, consagrado aos símbolos teriomórficos, é por isso necessário procurar primeiro o sentido do “abstrato espontâneo” que o arquétipo animal em geral representa e não se deixar levar por alguma implicação particular. Precisamos primeiro nos “desembaraçar das explicações empiristas que geralmente são dadas como motivos à zoolatria e à imaginação teriomórfica”. O homem tem assim tendência para a animalização do seu pensamento e uma troca constante faz-se por essa assimilação entre os sentimentos humanos e a animação do animal. No entanto, a explicação de A. H. Krappe, em La Gênese des Mythes (1952) permanece, entretanto, vaga, contentando-se em “jogar com a etimologia da palavra animal”. Precisamente pretende ser a explicação psicanalítica desenvolvida por Jung. O símbolo animal seria a figura da libido sexual. Indistintamente, “o pássaro, o peixe, a serpente eram para os antigos símbolos fálicos”, descreve Carl Jung.
As imagens da casca de noz, tão frequentes nos nossos contos e nas fantasias liliputianas, correspondem mais ou menos às do germe fechado, do ovo. “A Imaginação”, escreve o filósofo da poética manuscrita de Durand (1997: 252 e ss.), sobre o regime noturno da imagem: “não só nos convida a reentrar na nossa concha, como também a esgueirarmo-nos em qualquer concha para viver aí o verdadeiro isolamento, a vida enroscada, a vida dobrada sobre si mesma, todos os valores do repouso”. Do que resulta uma primeira interpretação simbólica da concha, muito diferente da que reencontraremos a propósito do simbolismo cíclico: aqui é a concha esconderijo, refúgio, que se sobrepõe às meditações sobre o seu aspecto helicoidal ou sobre o ritmo periódico do aparecimento e desaparecimento do gastrópode. A intimidade do recinto da concha é reforçada ainda pela forma diretamente sexual de numerosos orifícios de cochas. Freud chega à mesma conclusão que a poesia ambígua de Voltaire ao ver na concha “um sexo feminino”. A tão tenaz iconografia do nascimento de Vênus faz sempre da concha um útero marinho.
O resumo abstrato espontâneo do animal, tal como ele se apresenta à imaginação sem as derivações e as especializações secundárias, é constituído por um verdadeiro esquema: o esquema do animado. Devemos nos aproximar desta valorização negativa do movimento brusco, afirma Gilbert Durand, o tema do Mal em Victor Hugo a que Baudouin muito justamente chama de Zwang, a violência que se manifesta na fuga rápida, na perseguição fatal, na errância cega de Caim perseguido, de Napoleão vencido ou de Jean Valjean, o eterno fugitivo. Essa ima tem caráter obsessivo no poeta. Segundo o psicanalista, existiria uma raiz edipiana para um tal fantasma que se manifesta nos poemas célebres La Conscience, Le petit roi de Galice e L`aigle du casque. Certamente uma educação edipiana vem, como sempre, reforçar esses esquemas, mas não é menos verdade que esse esquema da fuga diante do Destino tem raízes mais arcaicas que o medo do pai. Baudouin tem razão em ligar esse tema da errância, do judeu errante ou do Maldito ao simbolismo do cavalo, que constitui o núcleo do que o psicanalista chama o “complexo de Mazeppa”. É a cavalgada fúnebre ou infernal que estrutura moralmente a fuga e lhe dá esse tom catastrófico que se encontra em Hugo, Byron ou Goethe. O cavalo é isomorfo das trevas e do inferno. - “São os cavalos negros do carro da sombra”.
E para sermos breves nestes
aspectos tão importantes do cavalo ctônico. É a montaria de
Hades e de Poseidon. Este último sob a forma de garanhão, aproxima-se de Géia,
a Terra Mãe, Deméter Erínia, e engendra as Erínias, dois potros, demônios da
morte. Numa outra lição da lenda, é o membro viril de Urano, cortado por
Cronos, o Tempo, que procria os dois demônios hipomórficos. E vemos perfilar-se
por detrás do garanhão infernal uma significação simultaneamente sexual e
terrificante. O símbolo parece ele próprio multiplicar-se sem motivo na lenda:
é num abismo consagrado às Erínias que desaparece Erion, o cavalo de Adrasto.
Também Brimo, a deusa fereica da morte, é figurada em moedas montada num
cavalo. Outras culturas ligam ainda de modo mais explícito o cavalo, o Mal e a
Morte. No Apocalipse, a Morte cavalga o cavalo esverdeado; Ariman, tal como os
diabos irlandeses, arrebata as suas vítimas a cavalo; para os gregos modernos
como Ésquilo a morte tem por montaria um corcel negro. O folclore e as
tradições populares germânicos e anglo-saxônicos conservam esta significação
nefasta e macabra do cavalo “sonhar com um cavalo é sinal de morte próxima”.
Apesar das aparências, o cavalo solar deixa-se facilmente assimilar ao cavalo ctônico. A propósito do signo zodiacal do Leão, o sol não é um arquétipo estável e as intimações climáticas podem muitas vezes dar-lhe um nítido acento pejorativo. Nos países tropicais, o sol e o seu cortejo de fome e seca são nefastos. O Surya védico, o sol destruidor, é representado por um corcel. Os múltiplos cavalos solares da tradição europeia conservam mais ou menos eufemizado o caráter temível do Surya védico. Leucipo é um cavalo branco, antigo deus solar, e os habitantes de Rodes sacrificam cavalos a Hélio. A Freyr, o deus solar escandinavo, cujo nome significa senhor, é um dos deuses do clã Vanir e sua esposa é a giganta Gerd. O deus Freyr representa a fertilidade, onde são consagrados os cavalos, e o seu substituto cristão S. Estevão é igualmente protetor destes animais. Josias faz desaparecer os cavalos consagrados ao sol pelos reis de Judá. Mas não é ao sol enquanto luminária celeste que está ligado o simbolismo hipomórfico, mas ao sol considerado como temível movimento temporal. É esta motivação pelo itinerário que explica a indiferente ligação do cavalo com o sol ou com a lua: deusas lunares dos gregos, escandinavos e persas viajam em veículos puxados por cavalos. O cavalo é, portanto, o símbolo do tempo, já que se liga aos grandes relógios naturais. É o que ilustra admiravelmente o Upanixade Brihad-Aranyaka. No que o cavalo é a própria forma eterna da imagem do tempo: o ano é o corpo do cavalo, o céu o dorso, a aurora, da qual falava Nietzsche: a cabeça.
Antropologicamente falando, na esteira da argumentação do imaginário, assim se introduz nesta “figuração hipomórfica” do zodíaco uma possível valorização positiva, sobretudo quando, nos países temperados, o cavalo for ligado a Febo e perder pouco a pouco as sombrias valorizações negativas que o animavam. Nesta eufemização encontramos um típico exemplo da vida do símbolo que, debaixo das pressões culturais, transmigra e carrega-se de significações diferentes. Por intermédio do sol vemos mesmo o cavalo evoluir de um simbolismo uraniano, até se tornar duplo do pássaro na luta contra a serpente ctônica. Mas segundo nos parece esta evolução eufemizante até a antífrase é devida às intimações históricas e em geral às rivalidades de dois povoamentos sucessivos de uma mesma região: as crenças do invasor e do inimigo têm sempre tendência a levantar suspeitas do indígena. Esta reviravolta simbólica é muito habitual, e no caso do cavalo parece provir de um imperialismo arquetipal urano-solar que pouco a pouco converte beneficamente os atributos primitivos ligados ao simples simbolismo do sol: passa-se da figa do tempo para o solo nefasto e tropical, depois da corrida solar para uma espécie de triunfo apolíneo do sol temperado, triunfo do qual o cavalo continua a participar.
Historicamente
em 1872 o coronel Meriwether Lewis Clark Jr. (1846-1899) ficou entusiasmado com
algumas corridas de cavalo que viu na Europa. Quando retornou para Kentucky ele
organizou a Louisville Jockey Club com o objetivo de arrecadar dinheiro e
organizar sua própria corrida de cavalos. Clark então construiu uma pista dando
a ela o nome de Churchill Downs, em homenagem aos seus parentes John e
Henry Churchill. A primeira edição do Kentucky Derby aconteceu em 17 de maio de
1875 e foi acompanhada por cerca de 10 mil pessoas. A vitória ficou com o
cavalo Aristides que mais tarde seria segundo colocado no Belmont Stakes. A
primeira corrida provou ter sido um sucesso. Mas a pista encontrou dificuldades
financeiras e, em 1894, o New Louisville Jockey Club foi incorporado com novas
capitalizações e facilidades aprimoradas para seguir na competição. Mas, o
negócio desapareceu, passados anos até 1902, quando o coronel Matt Winn de
Louisville reuniu um sindicato de empresários para adquirir a instalação. Sob o
comando de Winn, Churchill Downs prosperou e o Derby de Kentucky tornou-se a
corrida de apostas preeminente para cavalos de puro sangue de três anos na
América do Norte.
Ele era neto do explorador e governador do Missouri, General William Clark da Expedição Lewis e Clark. Seu pai era o major Meriwether Lewis Clark, “ajudante de campo” e cunhado do general Stephen Watts Kearny, famoso na Guerra Mexicano-Americana, e que se casou com Mary Radford, enteada de Clark. Sua mãe era Abigail Prather Churchill, de uma das primeiras famílias de Kentucky. Os Churchills mudaram-se para Louisville em 1787 e compraram 300 acres de terras em uma área rural ao sul da cidade. Quando sua mãe morreu, “Lutie” como Clark era chamado, foi morar com sua tia e os filhos dela, John e Henry Churchill. Eles herdaram a maior parte da propriedade original de Churchill e doaram o terreno onde Churchill Downs foi construído. Vivendo com os Churchills, Lutie desenvolveu um gosto por coisas caras, incluindo corridas de cavalos. Ele fez duas viagens à Europa e se casou duas vezes, e ambas as esposas morreram jovens. Ele voltou do exterior em 1873 com ideias sobre a construção de uma pista de corrida em Louisville. Ele planejou eliminar as apostas introduzindo o sistema francês de máquinas de apostas parimutuel. Os irmãos Churchill foram os empresários que forneceram o apoio financeiro e Lutie foi o presidente interino e gerente local.
Ao que tudo indica, Clark tinha uma personalidade inconstante e melindrosa. Ele teria ameaçado o proeminente criador TG Moore com uma arma, ordenando-lhe que saísse do local após tê-lo derrubado em uma disputa sobre taxas. Moore pegou uma arma e atirou em Clark através de uma porta, atingindo-o no peito. Moore entregou-se à polícia, mas nenhuma acusação foi feita contra ele. Mais tarde, Clark rescindiu sua proibição da pista. Ele também ameaçou outras pessoas com uma arma por causa de insultos percebidos. Os irmãos Churchill não gostaram da publicidade negativa e deixaram a pista para suas famílias. Clark recebeu algumas outras terras, mas quando John Churchill morreu em 1897, Lutie era apenas um administrador da pista que ele havia criado. Sua contribuição para as corridas norte-americanas não pode ser exagerada. Além de construir Churchill Downs e originar o Kentucky Derby, ele escreveu muitas regras de corrida que ainda estão em vigor hoje. Ele trabalhou por um sistema uniforme de pesos e foi considerado um pioneiro no sistema de apostas, criando o Great American Stallion Stakes, no qual se baseia a atual Breeders` Cup. Ele também se manifestou contra as apostas de autoridades públicas e repórteres. Clark perdeu muito na quebra do mercado de ações em 1893 e começou a viajar de cidade em cidade trabalhando como administrador. Temendo uma vida de pobreza, ele cometeu suicídio com uma pistola em 22 de abril de 1899. Ele está enterrado no Cemitério Cave Hill ao lado de seu tio, John Churchill.
Os
participantes do Derby estão limitados aos cavalos de três anos de idade.
Apollo (1882) foi o único cavalo a ganhar o Derby sem ter completado a idade. Os
proprietários de puro-sangue começaram a enviar seus cavalos de sucesso no
Derby para competir posteriormente no Preakness Stakes, em Baltimore, Maryland,
seguido pelo Belmont Stakes em Elmont, Nova York. As três corridas ofereceram
bolsas grandes e em 1919 Sir Barton se tornou o primeiro cavalo a vencer as
três disputas no mesmo ano. No entanto, o termo Triple Crown não entrou
em uso por mais onze anos. Em 1930, quando Gallant Fox se tornou o segundo
cavalo a vencer as três corridas, o jornalista esportivo Charles Hatton usou a
frase para uso americano. Alimentado pela mídia, o interesse público na
possibilidade de um “super cavalo” que poderia ganhar a Triple Crown
começou nas semanas que antecederam o Derby. Dois anos após o termo ter sido
cunhado, a corrida realizada em meados de maio, foi alterada para o
primeiro sábado de maio para permitir um cronograma específico para as corridas
da Tríplice Coroa.
Desde 1931, a ordem das corridas Triple Crown tem sido o Kentucky Derby primeiro, seguido pelo Preakness Stakes e depois pelo Belmont Stakes. Antes de 1931, onze vezes o Preakness foi executado antes do Derby. Em 12 de maio de 1917 e novamente em 13 de maio de 1922, o Preakness e o Derby foram realizados no mesmo dia. Em onze ocasiões, o Belmont Stakes foi executado antes do Preakness Stakes. Em 16 de maio de 1925, a primeira transmissão de rádio ao vivo do Kentucky Derby foi feita pela WHAS e também foi realizada pela WGN em Chicago. Em 7 de maio de 1949, ocorreu a primeira cobertura televisiva do Kentucky Derby, produzida pela WAVE-TV, afiliada da National Broadcasting Company (NBC) em Louisville, localizada no Noroeste do estado, e logo ao Sul do estado de Indiana. A cidade é separada de Indiana precisamente pelo rio Ohio. Foi fundada em 1778 por uma expedição de treze famílias comandadas pelo Coronel George Rogers. É a cidade natal de Hugo Keno Don Rosa, famoso quadrinista da Disney, James Kottak, baterista da banda alemã Scorpions, Jennifer Lawrence, atriz reconhecida por Winter`s Bone e Jogos Vorazes, Mary Travers, integrante da banda Peter Paul and Mary e da cantora Mia Zapata, já falecida, famosa por ter sido a vocalista da banda norte-americana The Gits, seguindo as pegadas de punk rock formada em Yellow Springs, Ohio em 1986. Foi nesta cidade, também, que cresceu Nicole Scherzinger do grupo The Pussycat Dolls que inclusive, foi criado em sua homenagem. É também a cidade onde nasceu Muhammad Ali, considerado por muitos o melhor pugilista de todos os tempos. Essa cobertura foi ao ar ao vivo em Louisville e enviada à National Broadcasting Company (NBC) como uma gravação de noticiário de cinescópio para transmissão nacional.
Em 3 de maio de 1952, a primeira cobertura televisiva nacional do Kentucky Derby ocorreu, foi ao ar pela CBS através da afiliada WHAS-TV, uma estação de televisão em Louisville, Kentucky, Estados Unidos, afiliada à ABC. De propriedade da Tegna Inc., a estação mantém estúdios na West Chestnut Street, no centro de Louisville, e seu transmissor está localizado na zona rural do nordeste do Condado de Floyd, Indiana. Em 1954, a bolsa de prêmios da prova ultrapassou US$ 100.000 havendo ocorrido pela primeira vez. Em 1968, Dancer`s Image se tornou o primeiro cavalo a vencer a corrida e depois ser desqualificado depois que ocorreu a comprovação clínica de vestígios de fenilbutazona, um analgésico e anti-inflamatório, que foram encontrados na uranálise do cavalo; O Forward Pass venceu após uma prolongada e importante “batalha legal” contra os donos do Dancer`s Image que eles perderam. O Forward Pass tornou-se assim o oitavo vencedor da fazenda Calumet Farm. Inesperadamente, os regulamentos em corridas de cavalos Kentucky puro-sangue foram alterados alguns anos depois, permitindo que os cavalos pudessem usar fenilbutazona. Em 1970, Diane Crump nascida em 1948 tornou-se a primeira jóquei feminina a competir no Derby, terminando em 15º a bordo do Fathom. A pergunta que deve fazer é a seguinte: do que um animal precisa realmente para ter uma vida boa?
Esta questão é levantada pela Dra. Temple Grandin no livro O Bem-Estar dos Animais (2010) e talvez seja umas das perguntas mais complexas que podemos ter com nossos amigos equestres. Em Algo Para Acreditar (2020) acompanhamos a história cinematográfica de Jessie (Brooke Wilson), uma jovem de 17 anos que após perder a mãe tragicamente, em um acidente de caminhonete é acolhida por seus tios, no Oeste de Montana, uma porção de estados norte-americanos do Centro e do Sudoeste do país, como Texas, Nevada, Arizona, Utah, Novo México e Califórnia. Mas em sua vida cotidiana ela se encontra em uma nova escola, de formação, com a atenção inesperada de um cavaleiro tipicamente “touro arrogante” - e uma necessidade quase impossível de manter a única conexão que ela de fato tem com sua mãe: a extraordinária memória da corrida de barris a qual ela participava. Fazendo tudo o que pode para contornar os cavalos, Jessie não desiste do sonho, apesar de não ter cavalo próprio. Mas quando seu tio Mick (Mark Bracich) encontra um acordo sobre um cavalo de corte que foi, aparentemente considerado inútil, Jessie encontra nova esperança na vida, e a chance de corridas de barris que estava precisando.
A
corrida de barris é um evento de rodeio no qual um cavalo e um cavaleiro
tentam concluir um padrão de trevo em torno de barris predefinidos no tempo
mais rápido. Embora meninos e meninas compitam no nível juvenil e homens venham
a competir em alguns locais amadores e jackpots, em colegiados e rodeios, é
principalmente um evento de competição para mulheres. Não por acaso, dede que a
Europa transpôs suas fronteiras geográficas no século XVI e descobriu culturas
diferentes, a história e a antropologia nos fizeram ver que a distribuição dos
trabalhos entre os dois sexos, os ritos de iniciação, os regimes alimentares ou
as assim chamadas “técnicas do corpo”, dependeu da ordem cultural local e
consequentemente podem mudar. A corrida
de barris combina a precisão do corpo e do olhar com a habilidade atlética do
cavalo e as habilidades de equitação de um cavaleiro para manobrar com
segurança e sucesso um cavalo em um padrão de trevo em torno de três barris
normalmente três tambores de metal ou plástico de 55 galões, colocados em um
triângulo no centro de um cavalo, na área específica ou arena destinada à
competição. Curvas explosivas e aceleração são inerentes às corridas de cano.
O fato de continuarem sendo, na
França, segundo Luce Giard (2018), as mulheres que em geral se encarregam do trabalho
cotidiano de cozinhar depende de uma situação social e cultural da história das
mentalidades; o que não quer dizer por isso, qualquer manifestação de uma
essência feminina. Se achamos necessário interessar-nos neste aspecto por este
tipo de prática ao invés de qualquer outro, é por causa de seu papel central na
vida cotidiana da maioria das pessoas, independentemente de sua situação social
e de sua relação com a “cultura erudita” ou com a indústria cultural de massa. Além
disso, os hábitos alimentares constituem um domínio em que a tradição e a
inovação têm a mesma importância, em que o presente e o passado se entrelaçam
para satisfazer a necessidade do momento, trazer a alegria de um instante e
convir às circunstâncias. Com seu alto grau de ritualização e seu
considerável investimento afetivos, as atividades culinárias são para grande
parte das mulheres de todas as idades um lugar de felicidade, de prazer e de
invenção. São coisas da vida que exigem tanta inteligência, imaginação e
memória quanto as atividades tradicionalmente tidas como mais elevadas, como a
música ou a arte de tecer ou a montaria especializada de um equino em
qualquer nível de competição. Neste sentido, comparativamente, constituem de
fato um dos pontos fortes da cultura comum.
Do ponto de vista técnico-metodológico para a competição, ou corrida de barris, o cavalo de barril típico é um cavalo de um quarto, no entanto, você pode ver qualquer raça na arena. De árabes a mestiços. Ossos de canhão curtos e jarretes baixos são desejados para velocidade de corrida e curvas ágeis. Bons ossos e bons pés são essenciais para a longevidade de um “cavalo de barril”. Como o esporte é extremamente exigente no corpo do cavalo. Os cavalos de cano alto geralmente têm uma natureza calma fora da arena. Eles podem ser montados com uma mão e geralmente não são assustadores, pois veem uma variedade de pontos turísticos em corridas de barris e rodeios. Entrar na arena é quando você verá o espírito do cavalo de barril, muitos cavalos tendem a “se fortalecer” ou prontos para correr. Pontos de ruptura e apoio do calcanhar são geralmente importantes para a maioria dos cavalos de cano. Ter profundidade suficiente do solado e dedos mais curtos na frente e atrás tende a ser melhor para não forçar os tendões e ligamentos. O indivíduo em certo sentido não tem importância. O que importa é tornar a humanidade, como tendência, retornar ao que fez sentido para a humanidade. O termo “Amazonas” tem origem na mitologia grega, mas foi utilizado pelos conquistadores espanhóis para se referir às tribos indígenas que encontraram durante a colonização da América do Sul. Na mitologia grega, entretanto, as Amazonas eram um grupo referenciado de mulheres guerreiras que, como se diz, “cortavam um dos seios para melhor manusear as armas”.
Não queremos perder de vista que o cavalo aquático nos parece que se reduz igualmente ao cavalo infernal. Não só porque, segundo Durand, o mesmo esquema do movimento é sugerido pela água corrente, as vagas alterosas e o rápido corcel não só porque se impõe a imagem folclórica da “grande égua branca”, mas ainda porque o cavalo é associado à água por causa do caráter terrificante e infernal do abismo aquático. O tema da cavalgada fantástica e aquática é corrente no folclore francês, alemão e anglo-saxônico. É encontrado também esse tipo de lendas entre os eslavos, os livônios e os persas. No folclore destes últimos, é o rei sassânida Yezdeguerd I que reinou entre 399-420 é morto por um cavalo misterioso saído de um lago, tal como é morto no Ocidente Teodorico, o ostrogodo. Na Islândia, é o demônio hipomórfico Nennir, irmão do Nykur das ilhas Féroe, e do Nok norueguês, do Kelpi escocês e do demônio das nascentes do Sena, que na mitologia anda naturalmente pelos rios. Poseidon dá o tom a toda simbologia grega do cavalo. Não só toma a forma desse animal como também é ele que oferece aos atenienses o cavalo. O correlativo celta do Poseidon grego é o Nechtan, demônio que anda pelas fontes, parente etimológico de Netuno latino. Enfim, última manifestação, o cavalo vê-se ligado ao fenômeno meteorológico do trovão. E Pégaso, filho de Poseidon, demônio da água, transporta os raios de Júpiter.
Talvez, seja necessário compreender neste isomorfismo uma confusão no seio do esquema de animação rápida com a fulgurância do relâmpago. É o que Jung deixa entender a propósito dos Centaurus, divindades do vento rápido, e acrescenta como um freudiano, “do vento furioso femeeiro”. Por outro lado, Salomon Reinach mostrou que o rei mítico Tíndaro é um antigo deus cavaleiro cujo nome se confunde com o onomatopaico do trovão tundere. É, portanto, sob o aspecto de um cavalo ruidoso e espantadiço que o folclore, como mito imagina o trovão. É o que significa a crença popular que pretende que, quando troveja, “o diabo está ferrando o cavalo”. Voltaremos a encontrar, a propósito do grito animal, este aspecto ruidoso da teriomorfia. O galope do cavalo é isomorfo do rugido do leão, do mugido domar e do dos bovídeos.
Para sermos breves, lembramos que o “Cavalo
branco”, o cavalo sagrado dos germanos que hoje em dia na Baixa Saxônia é
confundido com o “Shimmel Reiter”, símbolo da catástrofe marinha, que se
manifesta pela inundação e pela ruptura dos diques, parente próximo da pérfida Blanque
jument do Pas-de-Calais, do Bian Cheval de Celles-sur-Plaine, do
Cheval Malet vendeano, ou desse Cheval Gauvin jurassiano que afoga no
Loue os passantes atrasados. Em terceiro lugar, Donteville distingue o aspecto
astral da Grand jument ou do Bayart folclórico que se desloca de
Leste para Oeste com saltos prodigiosos: mito solar que foi cristianizado sob a
forma do cavalo de S. Martinho ou de S. Gildas, cujo casco aparece gravado um
pouco por todo o lado na França. Destas marcas saem as nascentes, e o
isomorfismo do astro e da água aparece constituído: o cavalo é ao mesmo tempo
percurso solar e percurso fluvial. Por fim, é esse o ponto de concordância mais
interessante para o estudo antropológico de Durand. Todavia, Donteville nota uma
reviravolta dialética no papel de Bayart semelhante a eufemização do cavalo
solar. Por uma espécie de antífrase sentimental, o cavalo de Bayart, demônio maléfico
das águas, é invocado para a travessia dos rios. Donteville dá deste fenômeno
uma explicação histórica e cultural: o invasor germano, cavaleiro e nômade, introduz
o culto do cavalo, e o celta vencido teria considerado o cavalo do
vencedor como um demônio maléfico e portador da morte, tendo as duas valorações
subsistido lado a lado.
Ipso facto, notemos as etapas
desta transformação e assinalemos que o “cavalo fada”, “engendrado pelo dragão”,
do romance cortês Renaud de Montauban está prisioneiro do monstro e só é
conquistado depois de grande luta pelo herói Maugis, que utiliza, para isso,
primeiro processos mágicos e depois um combate singular. Tendo conseguido a
vitória, Maugis “quebra as cadeias de Bayart” e este último uma vez domado
torna-se a fiel montaria do bom cavaleiro, montaria benéfica que voará em
socorro dos “Quatro Filhos de Aymon” e dos Sete Cavaleiros. Esta transformação
dos valores hipomórficos – que, contrariamente à teoria histórica de Donteville,
é uma transmutação no sentido positivo – é simbolizada pela mudança de cor de
Bayart, naturalmente branco, mas tinto de baio nesta situação. Vemos assim,
aparecer na lenda dos Quatre fils Aymon o processo de eufemização que
sublinhávamos per se a propósito do cavalo solar. O cavalo pérfido,
espantadiço, transformando-se numa montaria domada e dócil, atrelada ao carro do
herói vitorioso. É que diante do vencedor como diante do tempo só há uma única
atitude possível. E nisto estamos de acordo: podemos resistir e heroicamente
hipostasiar os perigos e os malefícios que o invasor ou o tempo provocam no
vencido. Podemos também colaborar. E a história, longe de ser um imperativo,
não passa de uma imitação diante da qual a escolha e a liberdade são sempre
possíveis.
Bibliografia
geral consultada.
MORIN, Edgar, Cultura de Massas no Século Vinte: (O Espírito do Tempo). Rio de Janeiro: Forense Editora, 1967; DELBEÈ, Anne, Une Femme. Paris: Presses de la Renaissance,1982; ARGAN, Giulio Carlo, El Arte Moderno - 1770-1990. Valência: Editor Fernando Torres, 1984; BERGSON, Henri, O Pensamento e o Movente. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editor Abril Cultural, 1984; PROUST, Marcel, Os Prazeres e os Dias. Rio de Janeiro: Editora Rio Gráfica, 1986; DURAND, Gilbert, As Estruturas Antropológicas do Imaginário. Introdução à Arquetipologia Geral. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997; PFAU, Thilo, SPENCE, André, STARKE, Sandra, FERRARI, Marta, WILSON, Alan, “O Estilo de Pilotagem Moderno Melhora os Tempos das Corridas de Cavalos”. In: Ciência (80), 2009; 325:389; GRANDIN, Temple; JOHNSON, Catherine, O Bem-estar dos Animais. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2010; DIAS, Marco Aurélio Dessimoni, Fatores não Genético e Desempenho de Cavalos Puros Sangue Inglês no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2010; LEITE, Larissa Marques, Diário de Bordo. Uma Viagem pelo Jornalismo Esportivo. Dissertação de Mestrado. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Comunicação. Departamento de Jornalismo. Brasília: Universidade de Brasília, 2013; CERTEAU, Michel de; GIARD, Luce; MAYOL, Pierre, A Invenção do Cotidiano. 2. Morar, Cozinhar. 12ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2018; MARCHIORI, Cíntia Maria, Caracterização Genômica de Equinos das Linhagens de Trabalho e de Corrida da Raça Quarto de Milha. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Universidade Estadual Paulista: Campos de Jaboticabal, 2018; STEIN, Murray, Jung e o Caminho da Individuação - Uma Introdução. São Paulo: Editora Cultrix, 2020; MONTEBELLO, Pierre, Nietzsche - O Mundo da Terra. São Paulo: Editora Unesp, 2021; SILVA, Yolanda Maria da, Imaginário na Trilogia Fronteiras do Universo de Philip Pullman. Tese de Doutorado em Literatura e Interculturalidade. Centro de Educação. Departamento de Letras e Artes. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba, 2023; entre outros.
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