quarta-feira, 20 de setembro de 2023

The Train Street – O Trem Passa & O Comércio Recua em Hanói.

                                                                                                            “A vida é o trem, não a estação”. Paulo Coelho

      

          A História do Vietname começou há cerca de 2700 anos. Os chineses dominaram  o Vietname diretamente durante grande parte do período entre 207 a.C. até 938, quando os vietnamitas recuperaram a sua Independência. Apesar disso, Vietname permaneceu um Estado tributário da China, mas conseguiu repelir desde então as invasões chinesas, bem como três invasões dos mongóis, entre 1255 e 1285. O imperador Trần Nhân Tông (1258 – 1308) foi o terceiro imperador da dinastia Trần en Vietnam. Decidiu pacificamente tornar o Vietname um Estado tributário da dinastia Yuan, para evitar novos conflitos sociais com os mongóis. A sua Independência terminou na segunda metade do século XIX, quando o país foi colonizado pela França. Durante a 2ª guerra mundial (1939-1945), o Japão ocupou o Vietname, embora mantendo a “máquina administrativa colonial” francesa durante a ocupação. Após a guerra, a França tentou restabelecer o seu domínio colonial, mas falhou na Primeira Guerra da Indochina (1946-1954). Os Acordos de Genebra dividiram o país em Vietname do Norte e Vietname do Sul. Os tratados foram elaborados durante quatro Convenções de Genebra que aconteceram de 1864 a 1949. Ao invés da reunificação pacífica, a divisão do país levou à Guerra do Vietnã (1955-1975). A República Popular da China e a União das Repúblicas Socialistas Soviética apoiaram o Vietname do Norte, enquanto que os Estados Unidos da América apoiaram o Vietname do Sul. Após a morte de milhões de vietnamitas, a guerra finda com a queda de Saigon para o Norte em abril de 1975.

No Apêndice: Introdução à Edição de 1968, Norbert Elias (2011: 207) com o objetivo de esclarecer observações colhidas nas sociedades modernas sobre o controle das emoções, agimos na suposição tácita de que é possível elaborar teorias sobre as estruturas emocionais do homem em geral, com base no estudo de pessoas em uma sociedade específica que poderia ser observada. Não obstante, há numerosas observações relativamente acessíveis indicando que podem diferir o padrão e o modelo de controle das emoções em sociedades que se encontrem em diferentes estágios de desenvolvimento, e mesmo em diferentes estratos da mesma sociedade. Se estamos ou não interessados no desenvolvimento de países europeus, que prossegue há séculos, ou naquele dos chamados “países em desenvolvimento”, o fato é que deparamos com frequência com observações que dão origem à seguinte pergunta: como e porque, no curso das transformações da sociedade, que ocorrem em longos períodos de tempo e em determinada direção e significativa para as quais foi adotado, desde  Hegel, o termo “desenvolvimento”, produzem a afetividade e de experiências humanas, o controle das emoções individuais por limitações externas e internas, e, assim as estruturas de todas as formas de expressão, são alterados em uma direção particular? 

            A epígrafe em questão do escritor Paulo Coelho, nascido no Rio de Janeiro, em 1947, descreve a sua chegada à Vladivostok, capital do Extremo Oriente russo, no fim de uma viagem que começou no dia 15 de maio, em Moscou. Percorreu o mesmo caminho de Solzhenitsyn, prêmio Nobel de Literatura em 1970, que depois de um exílio de 29 anos decidiu voltar com sua família à Rússia saindo de Vladivostok a bordo do Transiberiano para entrar em contato com o povo do país. - Sempre associei a Sibéria a um cárcere. Sempre pensei que a Sibéria era só frio e mistério, mas também há casais que se beijam na rua e telefones celulares. lembrou ainda o 32º aniversário de sua prisão pela ditadura brasileira, em 1974, período no qual Coelho foi um ativo dissidente. - Espero que esses tempos terríveis relatados por Solzhenitsyn não voltem jamais. Atualmente, a Rússia é um grande país, livre e democrático. Longa vida à Rússia - declarou. Assim como o dissidente russo, o escritor Paulo Coelho entrou no coração da Sibéria e desceu do trem para se encontrar com seus leitores em Yekaterimburgo (Urais), Novosibirsk, Irkutsk e Jabarovsk, além de ter passado dois dias descansando no lago Baikal e de ter percorrido de barco o rio Amur, fronteira natural entre a Rússia e a China. Paulo Coelho, que havia tentado, em vão, percorrer a Transiberiana em 1982, criou um link para que os leitores pudessem acompanhá-lo em sua viagem pela extensa Sibéria.

A Cidade de Ho Chi Minh representa o ponto de partida quando foi criada pela pequena vila de pescadores Nokor Prey, ou Gia Đình. Ambos os nomes Saigon e Ho Chi Minh City aparecem no logotipo oficial da cidade. A área onde se encontra a cidade tinha como representação um pantanal, e era habitada pelos khmers durante séculos antes da chegada dos primeiros vietnamitas. A partir do começo do século XVII, iniciou-se gradualmente a colonização da área por colonos vietnamitas, que habitavam isoladamente a região do Delta do rio Mekong, próximo ao atual Camboja. Em 1623, o rei Chey Chettha II (1573-1628) do Camboja permitiu que refugiados vietnamitas, originalmente da Guerra civil Trịnh-Nguyen, habitassem outras regiões além de Nokor Prey e expandissem a dominação étnica dos vietnamitas sobre a atual região Sul do Vietnã. A Cidade de Ho Chi Minh recebeu vários nomes diferentes na história, refletindo a influência dos diferentes grupos étnicos, culturais e políticos do Extremo Oriente. Na década de 1690, Nguyen Hữu Canh (1650-1700), um nobre vietnamita, foi enviado pelos governantes Nguyen, de Hué, para estabelecer administrações vietnamitas na região do Delta do rio Mekong. Mais de 1,5 bilhão de pessoas, melhor dizendo, com cerca de 40% dos asiáticos que vivem no Extremo Oriente, o que faz dessa região uma das mais populosas do mundo contemporâneo, com uma densidade demográfica de 210 habitantes por km², ou seja, mais de cinco vezes a média mundial.

 O controle social da área da cidade passou para domínio vietnamita, que deu à cidade o nome oficial da Gia Đình. Este nome permaneceu até o momento da invasão e conquista francesa na década de 1860, quando a força de ocupação europeia adotou o nome de Saigon para a cidade, uma forma ocidentalizada do nome tradicional, embora a cidade ainda tenha sido identificada (cf. Li, 2014) em mapas chineses até pelo menos o ano de 1891. Após a tomada comunista no Vietnã do Sul, em 1975, o governo renomeou a cidade para Ho Chi Minh, homenageando o falecido líder norte-vietnamita Hồ Chí Minh. No entanto, permanece o nome informal de Saigon na fala tanto nacional como internacionalmente, especialmente entre a diáspora vietnamita. Em particular, Saigon ainda é utilizado para se referir a um distrito. Conquistado durante o processo civilizatório de ocupação territorial pela França em 1859, Saigon foi influenciada pelos franceses durante a ocupação colonial do Vietnã, e um grande número de edifícios de estilo clássico ocidental e vilas francesas ainda são vistos na cidade. Em 1929, um registro populacional de Saigon revelou uma população de 123 890 habitantes, com um notável destaque para os franceses, que eram 12 100 habitantes na cidade. A partir da década de 1620, Prey Nokôr foi colonizada por refugiados vietnamitas que fugiam da Guerra Trinh-Nguyen, no Norte. Em 1623, o rei Khmer Chey Chettha II (1618–1628) permitiu que vietnamitas se estabelecesse nesta área; e posteriormente, eles chamaram o lugar de Saigon e estabeleceram uma alfândega em Prey Nokôr.

A onda crescente de colonos vietnamitas dominou o reino Khmer – enfraquecido pela guerra com a Tailândia – e lentamente vietnamizou a região. Depois de capturar a cidade durante a Campanha da Cochinchina em 1859, os franceses ocidentalizaram oficialmente o nome tradicional da cidade para Saigon. Desde a época em que o povo vietnamita se estabeleceu aqui, o nome não oficial Saigon ainda é usado na linguagem cotidiana. Além dos documentos oficiais, ainda é a forma mais comum de se referir à cidade no Vietnã, apesar de seu nome oficial ter mudado após o fim da Guerra do Vietnã em 1975. Saigon ainda é reconhecido como Saigon e refere-se ao distrito no centro da cidade. No entanto, algumas pessoas escrevem o nome da cidade como “SaiGon” ou “Saigon” para economizar espaço, ou dar ao nome uma aparência mais ocidentalizada. Além disso, os nomes Saigon e Ho Chi Minh City aparecem no logotipo oficial da cidade. Saigon pode se referir às sumaúmas (algodão) que são comuns em toda a cidade de Ho Chi Minh. Uma explicação plausível comum é que Sai é um empréstimo chinês, que significa “lenha, galho”, enquanto Gon outro empréstimo chinês “vara, vara, caule”, e seu significado tornou-se “algodão” em vietnamita, literalmente “vara de algodão”, mais tarde abreviado para gon. O nome pode ter se originado dos algodoeiros que os Khmer plantaram ao redor de Prey Nokôr, que ainda podem ser vistos no Pagode Cay Mai e arredores. Significados etimológicos de “galho” (sai) e “tronco” (gon) foram utilizados ​​para se referir à questão ecológica da floresta alta e densa que existiu ao redor da cidade, uma floresta cujo nome Prey Nokor do Khmer foi usado para referir-se.

Hanói é a capital e segunda maior cidade do Vietnã. Situa-se no centro da planície do delta do rio Vermelho, a 88 km das costas do golfo de Tonquim, onde está o seu anteporto, Hai Phong. Em 1° de agosto de 2008, ocorreu uma expansão dos limites políticos-administrativos da cidade de Hanói, que passou a cobrir uma área quase 4 vezes maior que a anterior, que na divisão social do trabalho entre cidade e campo com vasta área rural. A área da cidade anterior à expansão era de 921 km² e a população de 3,4 milhões de habitantes no final de 2007. Rodeada por um amplo cinturão agrícola, nos finais do século XX, a cidade registou um próspero desenvolvimento na indústria e no setor terciário. As grandes instalações industriais operam no setor mecânico, das aparelhagens eléctricas, da borracha, químico, cimenteiro, alimentar, têxtil e do vestuário. Importante nó rodoferroviário, Hanói também é servida por um porto fluvial. É o maior centro de educação do país. Estima-se que 62% de todos os cientistas do país estejam vivendo e trabalhando em Hanói. O acesso ao ensino superior é obtido mediante exames de ingresso, que se realizam anualmente e é aberto para todos aqueles que concluíram com sucesso o ensino secundário. A maioria das universidades em Hanói são públicas, mas há anos no mercado da educação têm surgido universidades privadas.

Os vietnamitas haviam proclamado sua Independência em 1945, após uma ocupação francesa e japonesa combinada, e antes da revolução comunista na China. Eles eram liderados por Hồ Chí Minh (1890-1969), um revolucionário, político, escritor, poeta e jornalista vietnamita. Também reconhecido por seu nome de batismo Nguyễn Sinh Cung e pelo pseudônimo Nguyen Ai Quoc, foi um revolucionário e estadista vietnamita. Ele serviu como primeiro-ministro do Vietnã do Norte de 1945 a 1955 e como Presidente de 1945 até sua morte em 1969. Ideológica e politicamente com formação tática e estratégica na guerra de guerrilha marxista-leninista, atuou como presidente e primeiro secretário do Partido dos Trabalhadores do Vietnã. Hồ Chí Minh nasceu na província de Nghệ An, no Vietnã Central. Ele liderou o movimento social de independência de Việt Minh de 1941 em diante. Inicialmente, era um grupo que atuava em todas as partes em células que lutavam pela independência do Vietnã, mas o Partido Comunista ganhou o apoio da maioria depois de 1945. Hồ Chí Minh liderou a República Democrática do Vietnã liderada pelos comunistas em 1945, derrotando a União Francesa em 1954 na Batalha de Điện Biên Phủ, foi uma fase decisiva da Guerra de Resistência Antifrancesa que opôs as forças da União Francesa e do Việt Minh, em Tonkin, entre 13 de março e 7 de maio de 1954, finda a Primeira Guerra da Indochina com a divisão política do Vietnã, com os comunistas no controle social e político do Vietnã do Norte.  

Hồ Chí Minh foi uma figura chave no Exército Popular do Vietnã e o Việt Cộng durante a Guerra do Vietnã, que durou de 1955 a 1975. Ho deixou oficialmente o poder em 1965 devido a problemas de saúde e morreu em 1969. O Vietnã do Norte acabou vitorioso contra o Vietnã do Sul e seus aliados e o Vietnã foi oficialmente unificado em 1976. Saigon, a antiga capital do Vietnã do Sul, Saigon, foi renomeada para cidade de Ho Chi Minh em sua homenagem. Os Estados Unidos, sempre na contramão da história, decidiram apoiar a França na sua reconquista de sua ex-colônia. O ex-imperador, Bao Dai, fez de Saigon a capital do Estado do Vietname, em 1949, como chefe de Estado. Após o movimento Việt Minh ganhar o controle do Vietname do Norte, em 1954, tornou-se comum referir-se ao governo de Saigon como “Vietnã do Sul”. O governo passou a se chamar República do Vietname, quando Bao Dại foi deposto por seu primeiro-ministro, Ngo Dinh Diem, em 1955, em referendo fraudulento. Saigon foi combinada unidade administrativa reconhecida como Djo Thành Sai Gon (Capital Saigon). Na conclusão da Guerra do Vietname, em 30 de abril de 1975, a cidade ficou sob o controle do Exército do Povo do Vietnã. Entre as comunidades da diáspora vietnamita e particularmente os Estados Unidos da América que havia lutado contra os comunistas. Este evento político-ideológico é comumente chamado pela mídia global de “Queda de Saigon”, enquanto a República Socialista do Vietname se refere a ela como a Libertação de Saigon. Em 1976, quando da unificação do Vietname do Norte e Vietname do Sul sob o regime comunista, e a criação da República Socialista do Vietnã, a cidade de Saigon - incluindo a pequena cidade próxima de Cholon, a província de Gia Dịnh e dois bairros suburbanos de duas outras províncias vizinhas, foi renomeada para Ho Chi Minh, em homenagem ao líder comunista Hồ Chí Minh, que veio a falecer em 1969. Entretanto, o antigo nome de Saigon, como vimos, ainda é amplamente utilizado por muitos vietnamitas, especialmente em contextos informais.

O Vietnã reunificado sofreu repressão interna e foi isolado devido à manutenção da chamada Guerra Fria e da invasão vietnamita do Camboja. Em 1986, o Partido Comunista do Vietnã começou as reformas do setor privado semelhantes às da China, tendo um crescimento econômico e ligeira redução na repressão, apesar de ter um aumento de denúncias de corrupção. Dia da Reunificação ou de nome oficial Dia da Libertação Sul para a Reunificação Nacional (Giải phóng miền Nam, thống nhất đất nước) é um feriado público no Vietname que marca o evento quando as forças norte-vietnamitas e Việt Cộng capturaram Saigon, atual cidade de Ho Chi Minh a 30 de abril de 1975. Isto assinalou o fim da Guerra do Vietname, reconhecida em vietnamita como Kháng chiến chống Mỹ cứu nước (Anti-American Resistance War for National Salvation) ou Chiến tranh Việt Nam (“Guerra do Vietname”). Representou o início do período de transição para a reunificação, que ocorreu durante as eleições nacionais para a reunificação a 2 de julho de 1976, quando permitiram que a República do Vietname do Sul e o Vietname do Norte organizassem politicamente os dois países independentes, formando o Vietname dos tempos modernos. Certas partes da comunidade vietnamita ultramarina denominam politicamente de diversas formas: o dia como a “Queda de Saigon”, o “abril Negro” (Tháng Tư Đen), o “Dia Nacional da Vergonha” (Ngày Quốc Nhục) ou last but not least “Dia do Ódio” (Ngày Quốc Hận).

Train Street é o nome turístico da via, oficialmente reconhecida Ngõ 224 Lê Duẩn entre as ruas Le Duẩn e Kham Tien, no centro antigo da cidade. Por ela passa a linha férrea que conecta Hanói à maior cidade vietnamita, Ho Chi Minh. Ngõ 224 Lê Duẩn é um beco estreito no bairro antigo de Hanói, conhecido como “The Train Street”, onde um trem em alta velocidade passa duas vezes ao dia perto de edifícios em ambos os lados dos trilhos. A Indochina francesa foi parte do Império Colonial Francês, do qual foi sua possessão mais rica e populosa. Até o seu desaparecimento, em 1954, reuniu várias possessões no Extremo Oriente: três países do Sudeste da Ásia, Vietnã, Laos e Cambodja, além da porção do território chinês, situada na atual província de Cantão (Guangdong). Esses territórios tinham diferentes estatutos e haviam sido conquistados entre 1858 e 1907 durante a expansão colonialista francesa na Ásia Oriental, tendo como consequência a colônia de Cochinchina, no extremo Sul do Vietnã, os protetorados de Annam e do Tonkin, no Centro e no Norte do Vietnã, o protetorado do Cambodja, o protetorado do Laos e o território chinês de Kouang-Tchéou-Wan, arrendado à França.

Historicamente em 1858, na esfera política o breve período de unificação sob o Império do Vietname terminou com um ataque bem-sucedido em Da Nang pelo almirante francês Charles Rigault de Genouilly (1807-1873), sob as ordens de Napoleão III. Com a missão diplomática de Louis Charles de Montigny (1805-1868), um diplomata francês que atuou na Ásia durante o século XIX, embora tendo falhado, a missão Genouilly foi enviada para interromper as expulsões dos missionários católicos. Suas ordens eram para parar a perseguição de missionários e “garantir a propagação desimpedida da fé”, mas com a utilização da força bruta da política em setembro, 14 navios franceses, 3 000 homens e 300 soldados filipinos fornecidos pelos espanhóis atacaram o porto de Tourane, atual Da Nang, causando danos materiais e humanos significativos, com a ocupação da cidade. Após alguns meses decorridos, Rigault teve de deixar a cidade devido a questões de suprimentos e doenças. O Laos foi introduzido em 1893, e Guangzhouwan em 1900. A capital foi transferida de Saigon (na Cochinchina) para Hanoi (Tonkin), em 1902. A colônia foi administrada pela França de Vichy, ideologicamente com o nome comum do État Français, liderado pelo Marechal Philippe Pétain, durante a Guerra Mundial. Representa a “Zona Livre”, desocupada na parte Sul da França metropolitana e império colonial quando esteve sob ocupação japonesa.    

De 1940 a 1942, enquanto o regime de Vichy era o governo nominal de toda a França, exceto a região da Alsácia-Lorena, os militares alemães ocuparam o norte da França. Enquanto Paris se manteve a capital de jure da França, o governo decidiu mudar-se para a cidade de Vichy, a 360 km ao Sul na Zona Livre, a qual se tornou a capital de fato do Estado francês. A seguir aos desembarques Aliados no Norte da África francês em novembro de 1942, o Sul da França também foi militarmente ocupado pela Alemanha e Itália. O regime de Pétain manteve-se em Vichy constituindo-se como representação de governo nominal da França, embora claramente administrado como Estado cliente de fato da Alemanha a partir de novembro de 1942 em diante. O governo de Vichy manteve-se, nominalmente, no papel até ao fim da dramaturgia da guerra, embora tenha perdido toda a sua autoridade de fato no final de 1944, quando os Aliados libertaram toda a França. No início, durante as guerras revolucionárias francesas esses estados foram erigidos como as chamadas Républiques soeurs ou “repúblicas irmãs”. Foram criadas na Itália (República Cisalpina no Norte da Itália, República Partenopéia no Sul da Itália, Suíça, Bélgica e Holanda como uma República e uma Monarquia. Durante o Primeiro Império Francês, enquanto Napoleão e o exército francês conquistavam a Europa, tais estados foram alterados, e novos formados. As italianas foram transformadas no Reino da Itália sob o domínio direto de Napoleão no Norte e o Reino de Nápoles, no Sul, sob o governo de José Bonaparte e adiante sob o governo do Marechal do Império Joachim Murat.

Após ter sido nomeado Premier pelo Albert Lebrun, como Presidente da França de 1932 a 1940, o último da Terceira República Francesa, o marechal Pétain ordenou que os representantes militares do governo assinassem um armistício com a Alemanha em 22 de junho de 1940. Em seguida, Pétain estabeleceu um regime autoritário quando a Assembleia Nacional da Terceira República francesa lhe concedeu plenos poderes em 10 de julho de 1940. A partir daquela data a Terceira República foi dissolvida. Apelando à “Regeneração Nacional”, o governo francês em Vichy anulou muitas políticas liberais e começou um controle rígido da economia política, tendo como característica fundamental o planejamento centralizado. Os sindicatos ficaram sob controlo apertado do governo. A independência da mulher foi revertida, com a ênfase colocada na maternidade. Os católicos conservadores ganharam um papel de destaque. Paris perdeu o seu estatuto de cidade vanguardista em termos de arte e cultura europeia. Os meios de comunicação passaram a ser controlados, passando a transmitir mensagens antissemitas e, a partir de junho de 1941, antibolcheviques. O Estado francês manteve a soberania nominal sobre a totalidade do território francês, mas apenas tinha plena soberania na Zona Livre ocupada a Sul. O Estado autoridade civil, e mesmo esta era limitada, no Norte de Zonas sob ocupação militar. A ocupação seria “uma situação provisória enquanto se aguardava pela conclusão da guerra, o que não parecia iminente”. 

A ocupação apresentava pequenas vantagens, tais como manter a Marinha francesa e o império colonial francês sob controle francês, e evitar a completa ocupação do país pela Alemanha, mantendo um grau de Independência e neutralidade francesas. O governo francês em Vichy nunca se aliou ao Eixo. Começando em maio de 1941, o Việt Minh, forma curta de Việt Nam Ðộc Lập Ðồng Minh Hội, (Liga pela Independência do Vietnã), um exército comunista liderado por Ho Chi Minh, começou uma revolta contra o domínio francês, reconhecida como a Primeira Guerra da Indochina. Em Saigon, o anticomunista Estado do Vietname, liderado pelo antigo imperador Bao Dai, recebeu a Independência em 1949. Após o Acordo de Genebra de 1954, o Viêt Minh tornou-se o governo do Vietname do Norte, embora o governo Bao Dai continuasse a governar no Vietname do Sul. A capital foi transferida de Saigon, na Cochinchina, para Hanoi (Tonkin), em 1902. Durante a 2ª guerra mundial, a colônia foi administrada pela França de Vichy e esteve sob ocupação japonesa. Em maio de 1941, o Viêt Minh, começou uma rebelião popular contra o domínio francês, reconhecida como a Primeira Guerra da Indochina. Em Saigon, o anticomunista Estado do Vietname, liderado pelo imperador Bao Dai, recebeu a Independência em 1949. Após o Acordo de Genebra de 1954, o Viêt Minh tornou-se o governo do Vietname do Norte, embora o governo Bao Dai (1913-1997) continuasse a governar no Vietname do Sul. A França esteve politicamente envolvida no Vietname no Século XIX, protegendo o trabalho da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris. O Império do Vietname (11/03/1945) via os missionários católicos cada vez mais como uma ameaça tanto política quanto moralista; as cortesãs, uma facção influente no sistema imperial, temiam pelo status de sociedade influenciada por uma insistência na monogamia. A pista Ngõ 224 Lê Duẩn foi construída pelos franceses em 1902 e é uma linha férrea ativa em 2023.

Metodologicamente à frente do interesse sociológico do presente, segundo elias (2011) encontramos processos de prazo longo relativamente curto e, em geral, apenas problemas relativos a um dado estado da sociedade. As transformações a longo das estruturas sociais e, por conseguinte, também, das estruturas da personalidade, perderam-se de vista na maioria dos casos. A sua compreensão pode ser facilitada por uma curta indicação dos vários tipos que esses processos assumem. Inicialmente, podemos distinguir duas direções principais nas mudanças estruturais das sociedades: as que tendem para maior diferenciação e integração, e as que tendem para menos. Além disso, há um terceiro tipo de processo social, no curso do qual é mudada a estrutura da sociedade, ou de alguns de seus aspectos particulares, mas sem haver tendência de aumento ou diminuição no nível de diferenciação e integração. Por último, são incontáveis as mudanças na sociedade que não implicam mudança em sua estrutura. A demonstração de uma mudança em emoções e estrutura de controles humanas que ocorre ao longo de gerações, e na mesma direção ou, em curtas palavras o aumento do reforço e diferenciação dos controles – gera outra questão: é possível relacionar essa mudança social a longo prazo nas estruturas da personalidade com mudanças a longo praz na sociedade como um todo, que de igual maneira tendem a uma direção particular, a um nível mais alto de diferenciação e integração social? No tocante a essas mudanças estruturais a longo prazo da sociedade, falta também a prova empírica. A formação dos Estados nacionais constitui um tipo de mudança estrutural. As relações sociais comerciais franco-vietnamitas começaram logo no Século XVII com a missão do padre jesuíta Alexandre de Rhodes, S. J. (1591-1660).

Em um esforço provisório de uma teoria da civilização, elabora-se um modelo, a fim de demonstrar possíveis ligações entre a mudança a longo prazo nas estruturas da personalidade no rumo da consolidação e de diferenciação dos controles emocionais, e a mudança a longo prazo na estrutura social a um nível de diferenciação e integração, visando a uma diferenciação e prolongamento das cadeias de interdependência e à consolidação dos “controles estatais”.  Neste momento, o Vietnã estava apenas começando a ocupar o Delta do Mekong, antigo território do indianizado Reino de Champa, que ele havia derrotado em 1471. O envolvimento europeu no Vietname se limitava ao comércio durante o Século XVIII. Em 1858, o breve período de unificação sob o Império do Vietname terminou com um ataque bem-sucedido em Da Nang pelo almirante francês Charles Rigault de Genouilly (1807-1873), sob as ordens de Napoleão III. Com a missão diplomática de Charles de Montigny tendo falhado, a missão Genouilly foi enviada para interromper as tentativas de expulsar os missionários católicos. Suas ordens eram para interromper a perseguição de missionários e garantir a propagação desimpedida da fé. Em setembro, 14 navios franceses, 3 000 homens e 300 soldados filipinos fornecidos pelos espanhóis atacaram o porto de Tourane, atual Da Nang, causando danos significativos, e ocupando a cidade. Após alguns meses, Rigault teve de deixar a cidade devido a questões de suprimentos e doenças. Em 1787, Pigneau de Behaine, um sacerdote católico francês, solicitou e organizou voluntários militares franceses para auxiliar Gia Long na retomada das terras da família perdidas para a Dinastia Tay Son. Pigneau morreu no Vietnã, e suas tropas lutaram até 1802 na assistência francesa a Gia Long. 

A França esteve fortemente envolvida no Vietnã no Século XIX, protegendo o trabalho da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris. O Império do Vietnã via os missionários católicos cada vez mais como expressão de uma ameaça política; as cortesãs, uma facção influente no sistema imperial, temiam por seu status libertário em uma sociedade influenciada por insistência na monogamia. A Fome do Vietnã ocorrida em 1944-45 representou um momento do final da Segunda Guerra Mundial que foi diretamente dada pela invasão japonesa em terras vietnamitas, vividas em meio ao caos político e econômico que ali havia se instalado. A relação entre japoneses e franceses mudaram rapidamente depois que o exército alemão começou a recuar rapidamente do território francês. O que fez com que o Japão perdesse substancialmente a confiança no poder político da França e, portanto, nas autoridades francesas localizadas no Vietnã. Em 9 de março de 1945 o Japão então detém o território vietnamita e, portanto, o breve Império do Vietnã. Com esta estratégia o Japão constrangeu a Indochina Francesa a fornecer grãos e arroz para os invasores japoneses. Em regiões onde a fome era estabelecida de forma concreta e substancial, como ocorrera quase que simultaneamente tanto no Vietnã, quanto no Reino do Cambodja e na República Socialista do Laos, haviam em torno de 10 milhões de habitantes, sendo que desgraçadamente 2 milhões dentre esses habitantes morreram por conta da fome. Em paralelo, a Viet Minh toma frente da situação e em março de 1945, a população faminta de Indochineses Franceses resolve atacar os armazéns junto da Liga de Independência do Vietnã. Além dos conflitos sociais com relação à fome, os povos daquela Indochina Francesa tiveram vários outros conflitos que se estenderam até 1975 com o fim da Guerra do Vietnã, que sucedeu a Primeira Guerra da Indochina.  

Bibliografia geral consultada.

MURRAY, Martin John, The Development of Capitalism in Colonial Indochina (1870-1940). Berkeley: University of Califórnia Press, 1980; MESQUITA, Luciano Pires, A “Guerra do Pós-Guerra”: O Cinema Norte-Americano e a Guerra do Vietnã. Dissertação de Mestrado em História. Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2004; TRINQUIER, Roger, La Guerre Moderne. Préface de François Géré. Paris: Edition Economia, 2008; VISACRO, Alessandro, Guerra Irregular: Terrorismo, Guerrilha e Movimentos de Resistência ao Longo da História. 1ª edição. São Paulo: Editora Contexto, 2009; ELIAS, Norbert, “Apêndice: Introdução à Edição de 1968”. In: O Processo Civilizador: Uma História dos Costumes. Volume 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2011; pp. 207-241; BENJAMIN, Walter, Passagens. 1ª reimpressão. Belo Horizonte: Editora Universidade Federal de Minas Gerais; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007; Idem,  Rua de Mão Única. Obras Escolhidas. Volume II. São Paulo: Editora Brasiliense, 2011; SCHVARSBERG, Gabriel, Rua de Contramão: O Movimento como Desvio na Cidade e no Urbanismo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2011; LI, Ye, Os Clássicos Chineses da Tradução: Um Estudo da Evolução da Teorias da Tradução na China. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Tradução. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014; MELLO, Natália Nóbrega, Os Intelectuais Saem da Guerra: A Intervenção do Vietnã, a “Foreign Police Magazine” e a Construção Político-intelectual de Novos Paradigmas e Estratégias. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Ciência Política. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; FRIEDMAN, Marcela Fischer, O Perfil de Força dos Estados Unidos: O Estudo de Conjunturas Críticas e o Período entre a Guerra do Vietnã e a Guerra do Iraque. Dissertção de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais. Faculdade de Ciências Econômicas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2019;  MAIA, Eduardo, “Conheça a Linha de Trem no Vietnã que Virou Febre nas Redes”. Disponível em: https://turismo.ig.com.br/2022/10/03/; entre outros. 

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