“O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança”. Aristóteles
Um dos mais populares escritores de terror contemporâneo é Stephen King, reconhecido por ter escrito as famosas obras “Carrie” (1974), “O Iluminado” (1977), “It” (1990), “Misery” (1987) e muitas outras. Tendo iniciado o seu trabalho na década de 1970, King conseguiu atrair uma enorme audiência, motivo este que fez com que a U.S. National Book Fundation com razão o premiasse em 2003. Brian Lumley, James Herbert, Dean Koontz, Clive Barker, Ramsey Campbell e Peter Straub também são reconhecidos autores de horror contemporâneo populares. Sequências de livros “best-selling” de tempos contemporâneos estão relacionadas com “ficção de horror”, como a fantasia urbana de lobisomens Kitty Norville de Carrie Vaughn, e a ficção gótica e erótica da brilhante escritora Anne Rice. O conto de fadas A Bela Adormecida ganha uma nova interpretação nada inocente. Em Os desejos da Bela Adormecida, primeiro da trilogia erótica, a princesa condenada a dormir por cem anos depois de furar o dedo em uma roca de fiar enfeitiçada se torna vítima de um segundo feitiço: seu coração e seu corpo estão sob controle do príncipe que a despertou, que a declara, na falta de melhor expressão, sua “escrava sexual” e a leva para a corte da mãe, a rainha Eleanor, um simbolismo de prazer, dor sadomasoquistas continuum, além do gênero de terror em si.
Por seu lado, lembramos que a literatura de horror contém indissociavelmente elementos do sobrenatural, muitas vezes associados a componentes típicos da ficção científica. É o caso de Frankenstein, no qual um cientista representado por um médico decide criar um ser - um Novo Prometeu - unindo partes “retiradas de cadáveres e usando a eletricidade como fluido vital”. Mas ela também recorre ao folclore e à cultura tradicional, no caso de Drácula e Carmilla, à religião: “Aprisionado com os faraós”, de Lovecraft, isto é, ao sobrenatural - ou mesmo a supostos poderes latentes no ser humano: leia-se o conto “O Estranho Caso do Sr. Waldemar” (Poe), no qual o dito Sr. Waldemar, prestes a morrer, é mesmerizado e permanece vivo enquanto dura o transe. A ideia de escapar à morte é recorrente na literatura de horror; além do óbvio Frankenstein, temos “Vento frio”, de H. P. Lovecraft, cujo personagem principal, com a “ficcionalização do real” (cf. Augé, 1997) mesmo estando morto, consegue se manter vivo com a modernização de um sistema de refrigeração instalado em seu apartamento. Também de Lovecraft, existe “O caso de Charles Dexter Ward”, com a ideia da “reencarnação premeditada”. Temos em mente que se sofremos, é porque fizemos alguém sofrer. E a respeito de males cometidos em vidas passadas: Por que e como vou pagar um erro que eu teria feito numa encarnação passada, se eu não me lembro dele? Mas é o Mestre dos mestres que ensinou que ninguém deixará de pagar todas as suas faltas até o último centavo (são Mateus 5: 26; e são Lucas 12: 59), que as penas não duram para sempre, pois sendo pago o centavo, não vamos pagar nada, pois a lei divina é justa e perfeita.
Especificamente no caso d`O Nevoeiro (The Mist, 2007), após uma tempestade, David Drayton (Thomas Jane), um pintor e designer gráfico do estado de Maine, fica com o seu estúdio destruído pela força desse mesmo temporal. No dia seguinte, pela manhã, com as condições meteorológicas mais calmas, ele, sua esposa e seu filho observam um estranho nevoeiro que vem das montanhas perto de sua casa, mas não dão grande importância. Drayton decide ir com seu filho à cidade mais próxima para se abastecerem, pois não sabiam quando as condições de vida voltariam ao normal. Assim que entra no mercado local, o nevoeiro se apodera do local, e alguém entra apavorado no mercado, indicando que aquele nevoeiro traz algo perigoso dentro de si. Um terremoto sacode o mercado, assustando ainda mais os clientes reféns. Aqueles que tentam sair do mercado são misteriosamente mortos, até que um grupo tenta achar uma saída pelo armazém. Mas tentáculos misteriosos entram pela porta do armazém, ferindo e levando um dos funcionários. Naturalmente, surge um grupo de céticos que tenta desacreditar o ocorrido e ainda assim entra nevoeiro adentro, sumindo. Ao anoitecer, insetos gigantes e pássaros mutantes esbarram nas janelas do mercado, estilhaçando-as e invadindo o espaço. No entanto, os reféns conseguem dominar as criaturas com fogo.
Entre
os reféns está uma fanática religiosa, que acredita ser um canal direto de
Deus, seguidora do Apocalipse, que compara a situação à narração do livro
bíblico, e afirma que o nevoeiro e as criaturas são uma manifestação da ira de
Deus contra a ação dos humanos. Alguns dos reféns ficam perturbados com as
palavras dela, outros não ligam. Na manhã seguinte, Drayton e outros reféns
saem do mercado e se dirigem a uma farmácia situada no mesmo local. Ali
encontram o espaço dominado por aranhas mutantes gigantes. Apesar dos
empecilhos, conseguem obter alguns medicamentos. No meio de pessoas mortas
pelas teias das mortíferas aranhas, dois homens são encontrados mortos por
enforcamento. Essa atitude é vista como suspeita, uma vez que ambos tinham
altas patentes do Exército dos Estados Unidos da América; e, David equaciona a
“possibilidade da presença dessas criaturas e da neblina poder ter origem
humana”. Um terceiro membro do exército encontrava-se de entre os reféns. Este
é questionado sobre o facto de dois colegas estarem mortos. Após tortura
psicológica este revela finalmente a origem de tudo do ponto de vista geopolítico que estava in statu nascendi a ocorrer: uma fantasmagoria cínica, operação ultrassecreta do Exército Norte-Americano, a Operação Arrowhead
(Operação Seta na Cabeça, 2010), procurava estudar a veracidade da Teoria dos Muitos
Mundos; a teoria que, aparentemente, equaciona a existência de universos paralelos.
A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, a Terra é o único corpo celeste onde é reconhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície depois de um bilhão de anos. Desde então, a biosfera terrestre alterou de forma significativa a atmosfera e fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, como a formação da camada de ozônio, que em conjunto com seu campo magnético, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta. A sua superfície exterior é dividida em segmentos rígidos, chamados placas tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos. Aproximadamente 71% da superfície é coberta por oceanos de água salgada, com o restante consistindo de continentes e ilhas, contendo lagos e corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Os polos geográficos do planeta Terra encontram-se majoritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas. O interior da Terra permanece ativo e relativamente sólido, isto é, um núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido, composto, sobretudo por ferro. A Terra interage com objetos em movimento no espaço, em particular com o Sol e a Lua. Orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias solares ou representa um (01) ano sideral.
O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à perpendicular ao seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na superfície do planeta, com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias solares. A Lua (cf. Fernandes, 2017) é o único satélite natural reconhecido da Terra e que nos proporcionou reconhecer e penetrar em seu solo. O atual modelo consensual para a formação da Lua é a hipótese do grande impacto. É uma hipótese astronômica que postula a formação da Lua através do impacto de um planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, reconhecido como Theia, com a Terra. Ela é responsável pelas marés, estabiliza a inclinação axial da Terra e abranda gradualmente a rotação do planeta Terra. A Lua pode ter afetado dramaticamente o desenvolvimento da vida vegetal ao moderar o clima do planeta. Evidências paleontológicas e simulações de computador demonstram que a inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações cíclicas de maré com a Lua. As rochas se formaram muito próximo ao Sol e, por isso, acreditava-se que elas eram muito secas para serem responsáveis pelos reservatórios de água na Terra. Do ponto de vista teórico, histórico e pontual oceano representa o corpo de água que cobre a maior parte da superfície ambiental da Terra constituído por água salgada. O oceano corresponde a uma porção estatística de 97% da hidrosfera, e 71% da superfície que é constituída em torno de de 361 milhões de km². Mais da metade da área tem profundidades superiores a 3 mil metros. As fases cíclicas da Lua têm relação biológica com o ciclo menstrual.
Na superfície,
inversamente, temos a construção do prédio chamado pelo mercado de Nova York do
Oriente Médio, o emirado de Dubai é reconhecido mundialmente pelas
extravagâncias, como o icônico Burj Khalifa, um gigante de concreto
armado de 827 metros de altura. Embora a noção de oceano global, como um “corpo
contínuo de água”, seja importante para a oceanografia, o oceano terrestre,
para efeitos práticos, é abstratamente dividido em vários níveis demarcadas por
continentes e grandes arquipélagos. Os oceanos são ambientes totalmente
diferentes do terrestre. Assim, esse ambiente é dominado por fenômenos muito
peculiares que não ocorrem em terra, como as marés, as ondas, as correntes
oceânicas, vórtices, tsunamis, etc. Após a condensação, o volume de água na
superfície da Terra aumentou de forma crescente e formou o oceano global. Esse
processo de acúmulo de água durou cerca de 2 bilhões de anos, quando atingiu um
volume estável semelhante ao oceano moderno. Assim, o atual volume de água do
oceano global existe desde o início do Eon Proterozóico de 2,5 bilhões de anos.
O registo geológico do Proterozóico é melhor que o do Arqueano. Ao contrário
dos depósitos de águas profundas do Arqueano, no Proterozóico ocorrem muitos
estratos que foram depositados em extensos mares epicontinentais pouco
profundos e muitas destas rochas foram menos metamorfizadas que as do Arqueano,
são abundantes e inalteradas. O estudo destas rochas demonstra que ocorreu acreção continental rápida e maciça, exclusiva do Proterozóico, ciclos
supercontinentais, e atividade orogênica moderna.
As
informações da rede de computadores não são transmitidas somente por satélites
que orbitam a Terra, mas por uma gigantesca rede de backbones submarinos
que cruzam os oceanos do planeta. Mais de metade dos satélites operacionais
foram lançados com fins comerciais. Os satélites dedicados à comunicação
terrestre, perfaziam 61% do total desta categoria. Mas 27% dos equipamentos
cumpriam missões de observação terrestre. Seguem-se os satélites governamentais
correspondendo a 21%, e os que têm objetivos militares, com 13%. Segundo dados
estatísticos de um relatório da Euroconsul, citados pelo website Venture
Capitalist, durante a próxima década, estima-se que cerca 990 satélites
sejam lançados todos os anos, significando que em 2028, poderão existir 15.000
equipamentos em órbita. Cabos submarinos são colocados no relevo oceânico,
entre estações terrestres, para transmitir sinais de telecomunicações através
de trechos ou recortes específicos de mar. E em 1849, os navios da marinha
americana começaram sondagens sistemáticas em alto mar no Atlântico. Com base
em suas descobertas o hidrógrafo Mathew Fontaine Maury, superintendente do
Observatório Naval, sugeriu que havia um platô submarino entre a Terra Nova e a
Irlanda, e que este seria o caminho ideal para colocar um cabo telegráfico. Os
primeiros cabos submarinos foram estabelecidos na década de 1850, para o
tráfego de telegrafia. As gerações subsequentes usaram a rede de cabos
realizada para telefonia e, em seguida, para a transmissão de dados. Os cabos
modernos usam a tecnologia de fibra óptica para o transporte de dados digitais,
o que inclui telefone, a rede de computadores e tráfego de dados
privados.
Os cabos modernos têm geralmente 69 milímetros de diâmetro e pesam cerca de 10 kg por metro, embora cabos mais finos e leves sejam usados para trechos em águas profundas. Em 2010, os cabos submarinos ligavam todos os continentes da Terra, exceto a Antártida. É o continente mais frio, mais seco, com a maior média de altitude e de maior índice de ventos fortes do planeta. O nevoeiro, brêtema ou cerração, é uma nuvem stratus cuja base está no solo ou perto dele e reduz a visibilidade a menos de 1 km, com visibilidade superior a 1 km, ocorre uma neblina ou névoa. Stratu em latim significa “camada” ou “estrato”. Formam-se sobretudo na baixa troposfera, em ar estável, e estão associadas a precipitação fraca ou moderada. Desde que a temperatura ambiente não seja demasiado baixa, são compostos por gotículas de água. A espessura média da troposfera é de 12 km nas latitudes médias. É mais espessa nas regiões tropicais, podendo alcançar até 17 km de altura, e menos espessa nos polos, podendo alcançar 7 km durante o verão e tornando-se indistinta durante o inverno. A parte mais baixa da troposfera, onde a fricção dos ventos com a superfície influencia as correntes de vento, é chamada de “camada limite planetária” (CLP). Esta camada tem normalmente algumas centenas de metros de espessura, podendo atingir até 3 km, dependendo do relevo e da hora do dia. Tal camada inferior é atingida por gases do chamado “efeito estufa”, entre eles o metano e o monóxido de carbono, que interagem para aumentar a concentração de ozônio. A região fronteiriça entre a troposfera e à estratosfera é chamada de tropopausa.
A palavra “troposfera” deriva do grego: “tropos” (girar, misturar), refletindo o fato de que a turbulência tem um papel importante no comportamento e estrutura da troposfera. A maior parte dos fenômenos meteorológicos que associamos com o tempo meteorológico cotidiano ocorre na troposfera. Meteorologia física é a área da meteorologia que investiga os fenômenos atmosféricos do ponto de vista da física, descrevendo-os e explicando-os a partir de teorias e da análise de resultados experimentais. Geralmente, os temas da meteorologia física são abordados em duas disciplinas complementares: (1) termodinâmica da atmosfera e (2) Dinâmica de precipitação e microfísica de gotas e cristais. A Termodinâmica da atmosfera estuda os processos termodinâmicos e a energética dos processos e escoamentos atmosféricos. Também estuda as transformações energéticas envolvidas no escoamento do ar atmosférico em diferentes escalas, por exemplo, em grande escala, estuda a energia potencial das massas de ar e em mesoescala, estuda a modificação das variáveis termodinâmicas, como temperatura, pressão, umidade do ar associadas ao deslocamento vertical das parcelas de ar em escoamento na atmosfera. Além disso, a termodinâmica da atmosfera estuda os efeitos da convecção (i.e. do transporte turbulento de calor, momento e massa) entre a superfície e a atmosfera. Contribui para o entendimento do balanço de radiação e balanço de energia atmosférico e da superfície. Investiga os fenômenos de mistura na atmosfera, descrevendo-o do ponto de vista teórico e experimental.
Também
tem como alvo os processo de liberação de calor latente devido à mudança de
fase da água na atmosfera úmida, que ocorre durante a formação de gotas e
cristais de gelo nas nuvens em geral, e também a liberação de calor latente
dentro de ciclones tropicais ciclones tropicais (furacões, tufões, etc.). O
estudo termodinâmico da atmosfera em geral considera a composição do ar e sua
distribuição vertical, seus componentes, como gases e partículas. Além disso,
os estudos se debruçam sobre as propriedades e dinâmica de parcelas de ar seco
e de ar úmido, suas propriedades conservativas e sobre os efeitos da mudança de
fase na dinâmica das parcelas. Para tal, estuda-se a chamada teoria da parcela
(clássica e modificada). O papel do vapor de água é de fundamental importância
na meteorologia. Conhecendo-se a umidade relativa do ar, ou seja, a quantidade
de vapor de água contida na atmosfera em relação a quantidade máxima esperada
na saturação, tem-se uma ideia do potencial atmosférico para a ocorrência de
chuvas, uma vez que o vapor de água é chamado 'combustível' das tempestades e
de outras formas de precipitação, por exemplo, chuviscos, garoa, orvalho. A
estrutura vertical da atmosfera é composta por diversas camadas com estrutura
da estabilidade estática diferente, sendo que a troposfera é a mais próxima da
superfície entre a superfície e aproximada de 12 km. Dentro da troposfera, a
temperatura média do ar diminui de acordo com a altura sobre a superfície,
predominando difusão turbulenta e escoamento turbulento em sua porção inferior
e dentro das nuvens de grande desenvolvimento vertical. E a cada nova camada na
vertical da atmosfera, a estrutura do gradiente vertical de temperatura (isto
é, o lapse rate) se inverte de uma forma colossal.
Por exemplo, na segunda grande camada, estratosfera, a temperatura aumenta com a altura, predominando difusão molecular e escoamento laminar. A temperatura aumenta na estratosfera devido à presença da máxima concentração da camada de Ozônio na altura aproximada de 30 km, e o Ozônio absorve grande quantidade de radiação solar na faixa do ultravioleta, provocando seu aquecimento. O curso de meteorologia física também trata com detalhes a dinâmica das nuvens, estudando a dinâmica das forças que acabam definindo os diferentes tipos de nuvens e sistemas precipitantes. Uma dessas forças é o empuxo associado a presença de parcelas de ar quente e úmido, flutuantes em um ambiente atmosférico mais frio e seco. A força da gravidade, isto é o peso das parcelas, e as forças de arrasto aerodinâmico também são muito importantes. Do ponto de vista metereológico a convergência do escoamento horizontal do vento também tem um papel destacado na formação das tempestades, assim como a existência de potencial de liberação de energia potencial pela troposfera. As frentes estabelecem zonas particularmente favoráveis à formação de precipitação, sobretudo definindo extensas áreas de precipitação estratiforme, nas quais se encontra imersas pequenas áreas de formação de tempestades e chuvaradas.
Pode
ter origem no calor emitido durante a noite, em ar úmido que se move na
horizontal e é arrefecido por baixo ou aparecer entre o ar quente e o ar frio
numa frente. Os nevoeiros diferenciam-se das nuvens porque ocorrem junto à
superfície. É umidade condensada perto do solo, em forma de depósito. Não são
mantidos em suspensão pelas correntes ascendentes. Gotículas de água pequenas e
que, por convenção reduzem a visibilidade horizontal, como vimos anteriormente
a menos de mil metros. A questão inferente em termos de obscuridade na
atmosfera pode dever-se às diminutas gotas de água ou às partículas de fumaça
(ou ambas) em suspensão na atmosfera. São condições essenciais para sua formação:
no dia anterior humidade elevada à tarde, com “céu limpo”; ventos fracos; forte
arrefecimento noturno pela radiação terrestre (fraca nebulosidade). Ocorrem
pela manhã e são dissipados pela insolação, sendo mais comuns nos vales e
planícies. Os nevoeiros podem ser classificados em dois grupos para se atingir
o ponto de orvalho: o primeiro (A) considera as condições do
resfriamento do ar até atingir o ponto de orvalho como fator principal; o
segundo (B) considera o aumento do vapor de água até que a temperatura do ponto
iguale a temperatura atual como fator principal. A meteorologia é uma
das ciências que estudam a atmosfera terrestre, que tem como escopo o estudo
dos processos atmosféricos e a previsão do tempo.
Estuda
os fenômenos que ocorrem na atmosfera e as interações entre seus estados
dinâmicos, físico e químico, com a superfície terrestre subjacente. Os estudos
no campo da meteorologia foram iniciados há mais de dois milênios, mas apenas a
partir do século XVII a meteorologia progrediu significativamente. No século
seguinte, o desenvolvimento da meteorologia ganhou um ímpeto ainda mais
significativo com o desenvolvimento de redes de intercâmbio de dados em vários
países. Com a maior eficiência na observação da atmosfera e uma mais rápida
troca de dados meteorológicos, as primeiras previsões numéricas do tempo social
tornaram-se possíveis com o desenvolvimento de modelos meteorológicos, no
início do século XX. A invenção do computador e da Internet tornou mais rápido
e mais eficaz o processamento e o intercâmbio de dados meteorológicos,
proporcionando assim um maior entendimento dos complexos eventos e suas
variáveis e, consequentemente, tornou possível uma maior precisão na previsão
do tempo. O estudo da meteorologia representa a investigação dos fenômenos
observáveis relacionados com a atmosfera. Os eventos atmosféricos que são
observáveis somente em um amplo período de tempo, são o objetivamente de estudo
da climatologia. Os fenômenos meteorológicos do ponto de vista conceitual, constituem
as “formas variáveis que existem na atmosfera”, a saber, a temperatura, a
pressão atmosférica e a umidade do ar, e suas relações e variações com o decorrer
do tempo.
A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os seres humanos, a Terra é o único corpo celeste onde é reconhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície depois de um bilhão de anos. Desde então, a biosfera terrestre representa o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, sendo o maior nível de organização ecológica. Ela inclui a biota e os compartimentos terrestres com os quais a biota interage (litosfera, hidrosfera, criosfera e atmosfera), assim como seus processos e inter-relações. O termo foi introduzido em 1875 pelo geólogo austríaco Eduard Suess (1831-1914) como o habitat dos seres vivos. Este conceito foi estendido para seu significado atual em 1926, pelo geoquímico russo Vladimir Vernadsky (1863-1945) que reconheceu a biosfera como um sistema integrado de processos bióticos e abióticos. A biosfera é um sistema fechado para troca de matéria com o universo circundante, constituindo assim uma unidade natural. Ipso facto, alterou de forma significativa a atmosfera e fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, como a formação da camada de ozônio, que em conjunto com seu campo, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo o conceito vida. Cometas são corpos celestes em geral de gelo e poeira. Quando cometa se aproxima do Sol, o gelo derrete e forma cauda visível.
Recentemente, o mapeamento realizado pela sonda mostrou que a água está presente em toda superfície da lua, incrustada nas rochas, e também pode estar abaixo da camada de poeira, no manto. Essa água encontrada na Lua pode ter sido roubada da Terra, logo após o impacto catastrófico que formou a Lua, ou pode ter sido entregue posteriormente por impactos de asteroides e de cometas. Esses pequenos objetos podem ter entregue a água ao sistema Terra-Lua logo nos primeiros milhões de anos do nosso planeta. Imagens de radar de alta resolução da superfície de Mercúrio sugeriram a presença de gelo de água no polo Norte do planeta. Entretanto em Vênus, uma quantidade muito pequena de vapor de água (de algumas partes por milhão) foi encontrada na atmosfera. Existe gelo de água nas calotas polares de Marte e em algumas de suas crateras. Além disso, a água em Marte está presente em pequena quantidade de vapor na atmosfera. Evidências geológicas e mineralógicas sugerem que água líquida já existiu em Marte em abundância. Além disso, foi descoberto um lago subglacial em Marte, a 1,5 km abaixo da calota polar do Sul. É estimado que o lago possua cerca de 20 km de diâmetro. Dado esta descoberta, os cientistas afirmam que não há razão para concluir que a presença de água subterrânea em Marte esteja limitada a este único local.
A
descoberta do lago subterrâneo também reforça a especulação sobre a existência
de microrganismos presentes no planeta vermelho. Planetas gigantes, Saturno e
Júpiter, podem ter água em forma sólida e líquida em suas camadas mais baixas
de nuvens, mas sua abundância ainda não foi aferida. Acredita-se que acima dos
núcleos rochosos de Urano e Netuno exista uma grande camada de gelos, incluindo
o gelo de água. As atmosferas destes gigantes de gelo também contêm H₂O. Foi
observado que os anéis de Saturno contêm principalmente gelo de água com uma
pequena mistura de orgânicos e outros contaminantes, enquanto os anéis de
Júpiter, Urano e Netuno contêm no máximo uma pequena fração de gelo de água.
Plutão também contém uma fração significativa de água em sua superfície, assim
como muitas das luas dos planetas exteriores, com Tethys (Lua de
Saturno) possivelmente consistindo quase inteiramente de gelo de água.
Acredita-se que algumas Luas, como Europa e Ganimedes de Júpiter, e Enceladus
de Saturno, contenham vastos oceanos de água líquida sob a camada superficial
de gelo. A sua superfície é dividida em segmentos rígidos, chamados placas
tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos
desde a sua formação. Aproximadamente 71% da superfície é coberta por oceanos
de água salgada, com o restante consistindo de continentes e ilhas, contendo
lagos e corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Os polos geográficos
da Terra encontram-se majoritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas.
A palavra é usada metaforicamente. O interior da Terra permanece ativo e
sólido, um núcleo externo líquido, um campo magnético, e um núcleo interno
sólido, composto por ferro.
A
Terra interage com outros objetos em movimento no espaço, em particular com o
Sol e a Lua. A Terra orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o seu
próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias solares ou representa um (01) ano
sideral. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à
perpendicular ao seu plano orbital, reproduzindo variações sazonais na
superfície do planeta, com período igual a um ano tropical, ou, 365,24 dias
solares. A Lua é o único satélite natural reconhecido da Terra. O atual modelo
consensual para a formação da Lua é representado pela hipótese do grande
impacto. É uma hipótese astronômica que postula a formação da Lua através do
impacto de um planeta com aproximadamente o tamanho da massa de Marte, reconhecido
como Theia, com a Terra. Ela é responsável pela formação das marés, estabiliza
a inclinação axial da Terra e abranda gradualmente a rotação do planeta. A Lua
pode ter afetado dramaticamente o desenvolvimento da vida ao moderar o clima do
planeta. Evidências paleontológicas e simulações de computador demonstram que a
inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações cíclicas de maré
com a Lua.
A
maior parte dos eventos meteorológicos ocorre na troposfera, a camada mais
baixa da atmosfera terrestre, e podem afetar o planeta Terra como um todo ou
apenas uma pequena região e, para isso, a meteorologia é subdividida, para
melhor estudar os eventos meteorológicos à escala global, ou eventos
estritamente locais. A meteorologia faz
parte de um conjunto de ciências atmosféricas. Fazem parte deste conjunto a
climatologia, a física atmosférica, que visa as aplicações da física na
atmosfera, e a química atmosférica, que estuda os efeitos das reações químicas
decorrentes na atmosfera. A própria meteorologia pode se tornar uma ciência
interdisciplinar terrena quando se funde, por exemplo, com a hidrologia,
tornando-se a hidrometeorologia, que estuda o comportamento das chuvas
numa determinada região, ou pode se fundir com a oceanografia, tornando-se a
meteorologia marítima, que visa o estudo da relação dos oceanos com a
atmosfera. As aplicações da meteorologia são bastante amplas. O planejamento da
agricultura é dependente da meteorologia. A política energética de um país
dependente de sua bacia hidrográfica, portanto, também pode depender das
previsões do tempo. Estratégias militares e a construção civil também dependem
da meteorologia. Assim, a previsão do tempo influencia o cotidiano de toda a
sociedade.
O Nevoeiro (The Mist, 2007) é um filme Norte-americano de terror e ficção científica, baseado no conto homônimo de Stephen King. Foi filmado na Louisiana, um estado do sudeste dos Estados Unidos da América (EUA), no Golfo do México. Sua história como um caldeirão de culturas francesa, africana, americana e franco-canadense se reflete nas culturas crioula e cajun. A maior cidade, Nova Orleans, é reconhecida pelo Bairro Francês, da era colonial, pelo animado festival Mardi Gras, pela música jazz, pela Catedral de St. Louis, de estilo renascentista, e pelas exposições do tempo da guerra no gigantesco National WWII Museum. Contudo, a ficcionalização do real, tem como base a história social que se passa no Maine, estado situado no extremo nordeste dos EUA, é reconhecido por seu litoral rochoso, sua história marítima e suas áreas naturais, como as ilhas de granito e píceas do Acadia National Park (Parque Nacional de Acadia), na costa do Atlântico, é também reconhecido pelas praias rochosas. Há muitos alces no Parque Estadual Baxter, que abriga o monte Katahdin, ponto final da famosa trilha: Appalachian Trail, um trilho do tipo longo percurso, localizado ao longo dos Montes Apalaches, Estados Unidos da América. A costa é repleta de faróis, como o farol listrado localizado em West Quoddy Head, além de barracas que vendem lagostas e praias como Ogunquit e Old Orchard.
A literatura de “terror” tem como representação um gênero literário e é algo comum que as obras ligadas ao “horror” sejam confundidas com as de terror, pois tanto nas livrarias e bibliotecas como na imaginação social de parte dos leitores e dos críticos, ficam na mesma seção de identificação da obra. A verdade é que as duas possuem uma enorme diferença sociológica. O gênero de terror ou horror na literatura tem a intenção cultural de “atemorizar” ou “assustar” os seus leitores, através da inclusão de sentimentos de imaginários de horror e terror. Em suas diversas manifestações de vida, é natural a existência de assustadora forma de estranhamento. O terror pode ser tanto sobrenatural, como não sobrenatural. Comumente sua ameaça central por trás de uma obra de ficção de terror pode ser interpretada como “uma metáfora para os grandes medos da sociedade”. As antigas origens do gênero foram reformuladas no século XVIII como “terror gótico”, com a publicação de “O Castelo de Otranto” (1764) de Horace Walpole (1717-1797), um aristocrata e romancista inglês que inaugurou na cena pública um novo gênero literário, o romance gótico, que ocupa com a publicação desta obra um lugar de fascínio. Neste caso marcou a primeira vez na literatura em que um romance moderno incorporou elementos do sobrenatural ao invés de utilizar do realismo.
Na realidade, é a primeira versão que foi publicada disfarçadamente como um romance medieval italiano que fora supostamente descoberto e, posteriormente, republicado por um fictício tradutor. Uma vez revelado seu estratagema, como sendo autor contemporâneo, muitos o consideraram anacrônico, reacionário ou simplesmente como portador de mau gosto, mas o mesmo, contraditoriamente, provou-se, inversamente popular imediatamente. De fato, a literatura de terror, encontrada, por exemplo, em muitos dos contos de Edgar Allan Poe (1809-1849), volta-se para a criação de um clima de comunicação extraordinariamente cult, como suspense cuja explicação sociológica nada possui de sobrenatural, tendo sido registrado pela primeira vez entre 1520-1530, que em geral designa o contrário do que é considerado natural; Hugo Grócio, Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau são considerados precursores e expoentes do jusnaturalismo, isto é, o que não admite, ou é suposto não admitir se quisermos insistir na direção de uma provável explicação científica. Nesta medida, do ponto de vista da análise comparada, designa aquilo que, em princípio, é ou ocorre fora da ordem natural, à parte das leis naturais que regem os fenômenos ordinários, ou que é superior à natureza, sendo essencialmente psicológica no sentido hitchcockiano (1899-1980). É, por exemplo, o caso de “O barril de Amontillado”, do referido autor. Nada existe ali de sobrenatural: é apenas o relato da vingança de Montresor, que empareda vivo ao desafortunado Fortunato. O livro “Cujo”, do consagrado escritor Stephen King, traduzido no Brasil como “Cão Raivoso”, representa a história, metaforicamente falando evidenciada pelo título, de uma família, aterrorizada por um cão da raça São Bernardo chamado Cujo, quando ele é mordido por um morcego portador de hidrofobia.
A meio da operação, acidentalmente, os pesquisadores e militares envolvidos descobrem um portal interdimensional nas montanhas perto da casa de David, para um mundo dominado pela neblina e criaturas em questão, isto é, talvez numa época milhões de anos à frente, tal como os dinossauros dominaram a Terra no passado, nessa dimensão, seriam as criaturas aqui mencionadas. Acidentalmente, o portal abriu-se mais que o pretendido, fazendo com que os seres e nevoeiro presentes transitassem para a nossa dimensão. Após esta confissão, os reféns atiram o restante membro do exército para o exterior do supermercado, fazendo com que a última criatura restante, a mais gigante de todas, o matasse num instante. Em seguida David consegue chegar ao carro e, consegue com dificuldade conduzir para casa pelo meio do nevoeiro. No carro, leva os restantes sobreviventes. A meio do caminho, a criatura maior atravessa-se à frente do carro, não o esmagando por pouco. David consegue encontrar a sua casa esmagada por essa mesma criatura e, a sua esposa morta. O combustível do carro acaba, e vendo-se sem saída, no desespero, o pintor mata os restantes sobreviventes com a sua arma [incluindo seu filho Bill] e, tenta suicidar-se. Porém, já não tem balas. Do ponto de vista do esquema abstrato da sociologia, nosso conhecimento do objeto percebido se constitui em função das relações, sociais ou não, que nos é possível recorrer completamente a todas as relações que podemos manter com o objeto analisado. Possibilita-nos, a cada nova observação, a descoberta de novas características sensíveis a ela concernentes.
O ato genuinamente social da imaginação é particularmente regulado por certas “reações afetivas” representando a maneira segundo a qual percebemos o objeto em questão. A imaginação comum a cada um de nós se funda no âmago de nossa própria emotividade. O objeto percebido ou imaginado está fora de nós. Mas ideia do objeto é integrada à nossa consciência, não o objeto, pois a consciência como primeira manifestação da liberdade nos permite fazer uso da imaginação esteja ele ausente ou mesmo inexistente. Existem tipos de objetos que podem ser atribuídos à consciência imaginante: os ditos intemporais e os objetos temporais. O primeiro caso concerne, particularmente, aos objetos da fantasia que não existem no mundo real. Os objetos irreais não estão submetidos a nenhuma determinação temporal, estes são os objetos com os quais não podemos vivenciar uma experiência da realidade. No segundo caso, temos os objetos temporais, os quais correspondem aos que existem na realidade e que envolvem a temporalidade relacional ao homem: o passado, o presente e o futuro. Mas é necessário haver uma intenção, para que se efetue a representação da imagem. A intenção reconstitui ou combina os conhecimentos sociais necessários para a reconstituição da imagem que nós desejamos que apareça plena em nossa consciência. Isso nos permite reunir os diferentes elementos do objeto. Eles são postos em relação uns com os outros. A imagem mental é animada decerto, e sua função representa o resultado da intenção que apareça, na consciência uma imagem específica.
A
imagem está associada a conhecimentos pretéritos adquiridos e concernentes ao
objeto que ela de fato representa. Ela não apreende nada além daquilo que nós
podemos extrair da realidade durante o trabalho de percepção. A imagem não se
relaciona com o mundo em si, ela só depende do processo de como podemos
descobrir algo sobre ela. Se existe uma possibilidade de observar através da
imaginação, mesmo assim essa possibilidade ainda não nos permite apreender nada
de novo em relação ao próprio objeto. A imagem, ato da consciência imaginante,
é um elemento, identificado como o primeiro e incomunicável, mas contém uma
orientação e pode mudar de forma, como produto de uma atividade humana consciente
atravessada de um extremo ao outro por uma “vontade intelectualmente criadora”.
Trata-se, de dar-lhe à sua própria consciência um conteúdo de sentido
imaginante que recria para si os objetos afetivos espontaneamente ao seu redor:
ela é na realidade criativa. Daí a
importância para o analista social de se compreender no campo reprodutivo cinematográfico
da imagem, o impacto de sua produção, recepção, influência, de sua relação
social com o sonho, o devaneio, a criação e a realidade da ficção, melhor
dizendo, na prática, a substituição das mediações complexas pelos métodos e processos de trabalho dos meios de
comunicação, posto que contenha em si uma possibilidade de violência, a partir
da constituição do regime de ficção que afeta, contamina e penetra a imaginação
na vida.
Ipso facto temos a sensação factível de sermos colonizados, mas sem saber precisamente por quem. Não é facilmente identificável e, a partir daí é normal questionar-se sobre o papel da cultura ou da ideia que fazemos dela. Marc Augé reitera que as “etnociências” se atribuem sempre dois objetivos, proposto por ele ao final em seu opúsculo “La Guerre des Rêves” (1997). Usado como prefixo, “etno” relativiza o termo que o segue e o faz depender da “etnia” ou da “cultura” que supõe ter práticas análogas às que chamamos “ciências”: medicina, botânica, zoologia etc. Desse ponto de vista, a etnociência tenta reconstituir o que serve de ciência aos outros, suas práticas sanitárias e do corpo, seus conhecimentos botânicos, mas também suas modalidades de classificação, de relacionamento etc. A partir do momento em que se generaliza a etnociência muda de ponto de vista. Ela tenta emitir uma apreciação sobre os modelos indígenas, e compará-los a outros e, além disso, propor uma análise dos procedimentos cognitivos em ação num certo número de experiências. Ela leva então às vezes o nome de antropologia: fala-se assim em antropologia médica ou cognitiva. Em verdade, quando Augé recoloca a questão: “que é nosso imaginário, hoje?”, ele se indaga se não estamos assistindo a uma generalização do fenômeno de fascínio da consciência que nos pareceu característico da situação colonial e de seus diferentes avatares?
Trata-se, na prática, de “exercícios de Etnoficção”, em analisar o estatuto da ficção ou as condições etnológicas de seu surgimento numa sociedade, e ipso facto num momento histórico particular, em analisar os diferentes gêneros que se irradiam sob formas ficcionais, sua relação com o imaginário individual e coletivo, as representações da morte etc., em diferentes sociedades ou conjunturas. Temos o que fica reservado como lugar de representação do conhecimento, posto que bem entendido o nível ao qual se aplica a Antropologia, ela tem por objeto “interpretar a interpretação que os outros fazem da categoria do outro”, nos diferentes níveis que situam o lugar dele e impõem sua necessidade. Queremos inferir com isso, que tendo como representação etnia, tribo, aldeia, linhagem ou outro modo de agrupamento até o átomo de parentesco, do qual se sabe que submete a identidade da filiação à necessidade da aliança, o individualismo, enfim; que todos os sistemas rituais definem como compósito e pleno de alteridade, figura literalmente impensável, como o são, em modalidades opostas, a do rei e a do feiticeiro. O fato social é que deste ângulo de análise há um princípio abrangente e primordial, porque norteador, pois “toda antropologia é antropologia da antropologia dos outros, além disso, que neste âmbito, o lugar antropológico, é per se princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade para quem o observa”.
Essa
inteligibilidade, ao que nos parece, fornece e propõe no âmbito de apropriação
dos saberes que as condições de uma antropologia da contemporaneidade devem ser
deslocadas do método para o objeto. E além disso, que se deve estar atento às
mudanças que afetaram as grandes categorias por meio das quais os homens pensam
sua identidade e suas relações recíprocas em termos espaciais. Assim, se um
lugar de análise pode se definir como identitário, relacional e histórico, um
espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem
como histórico poderá definir, nesta direção, um lugar na etnologia da solidão
de Marc Augé, o que ele denominou analiticamente de “não-lugar”. A hipótese abstrata
representada na teoria, e, portanto, no pensamento humano, é o que o autor
chama de surmodernité conquanto produtora de não-lugares, de espaços sociais
que não são em si lugares (tradicionais) antropológicos. Isto é importante.
Estas características comuns podem ser aplicadas a dispositivos institucionais
diferentes e que constituem, de certo modo, as formas elementares de
compreensão do espaço social. Trata-se de aspectos gerais e que se identificam
enquanto itinerários ou eixos ou caminhos que, em etnologia conduzem de um lugar a outro.
Mas
também em cruzamentos e praças, que satisfazem por assim dizer esferas de ação
social, que nos mercados definem necessidades do intercâmbio econômico e, nesta
progressão, centros mais ou menos monumentais. Sejam eles religiosos ou
políticos construídos por certos homens e mulheres e que definem como outros,
em relação a outros centros e outros espaços.
Ipso facto é que temos toda a sensação de sermos colonizados, mas
sem saber precisamente por quem: pelo governo, a política externa, futebol,
arte, música, drogas, ecologia, raça, etnia, poder, consumo, trabalho,
Internet, nacionalidade, cultura, sexualidade, honra, prestígio, etc. O inimigo
não é facilmente identificável e, a partir daí é normal questionar-se sobre o
papel da cultura ou da ideia que fazemos dela. É o que fazemos com o atributo
“etnociências”. O etnólogo Marc Augé (1935-2023) afirma que as “etnociências”
se atribuem sempre dois objetivos, proposto por ele ao final em “La Guerre des Rêves”
(1997). Usado como prefixo, “etno” relativiza o termo que o segue e o faz
depender da “etnia” que supõe ter práticas análogas às que chamamos “ciências”:
medicina, botânica, zoologia etc. Desse ponto de vista, a etnociência tenta
reconstituir o que serve de ciência aos outros, suas práticas sanitárias e do
corpo, seus conhecimentos botânicos, mas também suas modalidades de
classificação, de relacionamento etc. A partir do momento em que se generaliza,
a etnociência muda de ponto de vista, com a apreciação sobre os modelos locais,
indígenas, e compará-los a outros e, além disso, propor uma análise dos
procedimentos cognitivos em ação num certo número de experiências.
Ela
leva então às vezes o nome de antropologia: fala-se assim em antropologia
médica ou cognitiva. Em verdade, quando Augé recoloca a questão: “que é nosso
imaginário, hoje?”, ele se indaga se nestes dias de avanço da modernidade, não
estamos assistindo a uma generalização do fenômeno de fascínio da consciência
que nos pareceu característico da situação colonial e de seus diferentes
avatares? Isto é, trata-se de “exercícios de etnoficção”, enquanto tentativa de
analisarmos o estatuto da ficção ou as condições de seu surgimento numa
sociedade ou num momento histórico particular. É a tentativa de analisarmos os
diferentes gêneros ficcionais, sua relação com as formas do imaginário
individual e coletivo, as representações da morte etc., em diferentes sociedades.
Em “Non-lieux” (1992), fica reservado o lugar de representação do conhecimento,
que bem entendido o nível ao qual se aplica a pesquisa antropológica, ela tem
por objeto “interpretar a interpretação que os outros fazem da categoria do
outro”, nos diferentes níveis que situam o lugar dele e impõem sua necessidade:
a etnia, a tribo, a aldeia, a linhagem ou qualquer outro modo de agrupamento
social até o átomo elementar condicionante das relações de parentesco, do qual
se sabe que submete a identidade da filiação à necessidade da aliança; o
individualismo, enfim; que todos os sistemas rituais definem como compósito e,
por assim dizer, pleno de alteridade, figura literalmente impensável, como o
são, em modalidades opostas, a do rei e a do feiticeiro.
O
fato socialmente é que deste ângulo há um princípio abrangente e primordial,
porque norteador: “porque toda antropologia é antropologia da antropologia dos
outros, além disso, que o lugar, o lugar antropológico, é simultaneamente
princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade
para quem o observa”. Essa inteligibilidade, ao que nos parece, propõe que as
condições de uma antropologia da contemporaneidade devem ser deslocadas do
método para o objeto. Posto que se deve estar atento às mudanças globalmente que
afetaram as grandes categorias por meio das quais os homens pensam sua identidade
e suas relações recíprocas em termos espaciais. Assim, se um lugar (de análise)
pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não
pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico
definirá na ciência um “não-lugar”. A hipótese levantada na teoria, e,
portanto, no pensamento, é o que o autor chama de “surmodernité” conquanto
produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares
(tradicionais) antropológicos. Estas características podem ser aplicadas a dispositivos institucionais diferentes e que constituem,
de certo modo, as formas elementares do espaço social.
Bibliografia
Geral Consultada.
PANOFSKY Ervwin, Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976; SIMMEL, Georg, La Tragédie de la Culture. Paris: Petite Bibliothèque Rivages, 1988; LE GOFF, Jacques, Lo Maravilloso y Lo Cotidiano en el Ocidente Medieval. Barcelona: Ediciones Gedisa, 1985; Idem, El Ordem de la Memoria. El Tiempo como Imaginario. Barcelona: Ediciones Paidós, 1991; SILVER, Jonathan Derick, Hollywood`s Dominance of The Movie Industry: How did it rise and how has it been maintained? Tese de Doutorado. Department of Advertising, Marketing and Public Relations. Australia: Queensland University of Technology, 2007; KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro, Emoções, Sociedade e Cultura: A Categoria de Análise Emoções como Objeto de Investigação na Sociologia. Curitiba: Editora CRV, 2009; AUGÉ, Marc, Non-Lieux. Introduction à une Anthropologie de la Surmodernité. Paris: Éditions du Seuil, 1992; Idem, La Guerre des Rêves. Exercices d’Ethno-Fiction. Paris: Éditions du Seuil, 1997; Idem, El Antropólogo y el Mundo Global. México: Siglo Veintiuno Editores, 2014; Idem, O Duplo da Vida: Etnologia, Viagem, Escrita. Maceió: Editora da Universidade Federal de Alagoas, 2014; HALL, Stuart, A Identidade Cultural na Pós-modernidade. 12ª edição. Rio de Janeiro: Editor Lamparina, 2015; TEIXEIRA, Anelise Lusser, Morte e Morrimentos: Cartografando os (A[mor)te] cimentos do Viver. Tese de Doutorado. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Departamento de Psicologia. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2016; GIANDOSO, Daniel Marques, A Polêmica Judaico-cristã nas Atas dos Mártires. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de História. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; ORLANDI, Aline Cristina Sola, Entre Lobos e Lobisomens: Feminismo, Pornografia e Gótico nos Contos de Ângela Carter. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências e Letras. Araraquara: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2016; FERREIRA, Lorena Rodrigues, Viagem à Lua. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Astronomia. Departamento de Física. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2017; CARREIRA, Rosangela Aparecida Ribeiro; NASCIMENTO, Jarbas Vargas, “Autoridade e Autoralidade: O Movimento Paratópico de um Pseudônimo”. In: Caderno de Letras. Pelotas (RS), n° 36, jan.-abr. (2020); Artigo: “Neblina que baixa, Sol que racha? Simepar explica como se formam os nevoeiros”. In: https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/25/03/2025; entre outros.
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