quarta-feira, 17 de maio de 2023

Blake Lively – Cinema, Afinidade Eletiva & Natureza Humana.

                         Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo”. Jean-Paul Sartre (2018)

    

           Blake Ellender Lively, nascida Blake Ellender Brown, em 25 de agosto de 1987 é uma atriz norte-americana. Nasceu em Tarzana, na cidade de Los Angeles, filha dos atores Ernie Lively e Elaine Lively. Na religião foi criada com orientação batista por influência transplantada do pietismo da Europa continental e o metodismo dos povos anglo-saxões, ainda que estes sejam considerados movimentos secundários, tanto em seu conteúdo de ideias, como em sua importância histórica. No entanto, encontramos ao lado do calvinismo uma segunda fonte independente do ascetismo protestante no movimento batista e nas seitas que, no decorrer dos séculos XVI e XVII dele se derivaram, que diretamente, quer por adoção de suas formas de pensamento religioso estão representados pelos batistas, menonitas, e, principalmente quakers. Com elas, lembra Max Weber (2003: 78), chegamos a religiosos cuja ética está em base que difere, em princípio, da doutrina calvinista.  As mais importantes ideias de todas essas comunidades religiosas, que são importantes e cuja influência no desenvolvimento da cultura somente pode ser esclarecida em uma conexão diferente, são algo com que estamos familiarizados: o desenvolvimento dos crentes da igreja. Isso significa que a comunidade religiosa – ou seja, a “Igreja visível” na linguagem das igrejas da Reforma, já não era considerada como um tipo de fundação de confiança, sociologicamente, mas apenas uma comunidade de pessoas que creem na renovação, e somente estas. Em outras palavras, não uma igreja, mas uma “seita”. Só isto é que deveria simbolizar o princípio, em si  externo, que os adultos que tivessem adquirido sua fé deveriam ser batizados. 

    A justificação através desta fé repesentava para os batistas – como eles insistentemente repetiam em todas as discussões religiosas – radicalmente diferente da ideia de “trabalho no mundo” a serviço de Cristo, tal como estabelecia o dogma ortodoxo do velho protestantismo. Ela consistia mais na tomada de posse espiritual de Seu dom da Salvação. Mas esta ocorria através da revelação individual: pela ação do Divino Espírito no indivíduo, e apenas deste modo. Ela era oferecida a todos, e bastava esperar pelo Espírito e não resistir à sua vinda por um pecaminoso apelo ao mundo real. A importância da fé, no sentido do conhecimento das doutrinas da Igreja, mas também naquele de uma contrita busca da graça divina, foi consequentemente bem diminuída, originado-se – com grandes modificações – um renascimento de arcaicas doutrinas cristãs pneumáticas. Por exemplo, a seita à qual Menno Simons (1496-1561), teólogo originário da Frísia, ordenado padre católico em março de 1524, em seu Fondamentboek (1539), deu a primeira doutrina razoavelmente coerente, desejava, como as demais seitas batistas, ser a verdadeira Igreja irrepreensível de Cristo, da mesma forma que a comunidade apostólica fora composta exclusivamente daqueles que foram despertados e chamados por Deus. Simons era um padre católico holandês que se converteu ao Anabatismo em 1536. Os redimidos, apenas eles, são os irmãos de Cristo porque como Ele foram sidos criados em espírito diretamente por Deus. A estrita “alienação do mundo”, ou seja, de toda relação desnecessária com pessoas leigas, juntamente com a mais estrita bibliocracia, no sentido de se tornar a vida fluir das primeiras gerações de cristãos como modelos, foram os resultados para as primeiras comunidades originárias batistas, e este princípio de alienação do mundo nunca desapareceu, enquanto permaneceu vivo em sua dimensão temporal o velho espírito.   

                                                      

        As seitas batistas juntamente como os predestinacionistas, especialmente os calvinistas estritos, desenvolveram a mais radical desvalorização de todos os sacramentos como meio de salvação e realizaram, assim, até as suas últimas consequências sociais, a “desmistificação” religiosa do mundo. Apenas a “luz interior” da contínua revelação podia habilitar alguém a entender verdadeiramente até mesmo as revelações bíblicas de Deus. Pelo menos de acordo com a doutrina quakers, na qual chegaram às últimas consequências, seus efeitos podiam ser estendidos e pessoas que nunca conhecerem a revelação em sua forma bíblica. Segundo Max Weber, a proposição extra ecclesiam nulla salus foi mantida apenas para a Igreja invisível dos iluminados pelo Espírito. Se a luz interior, o homem natural, mesmo aquele guiado pela razão natural, permaneceria puramente uma criatura de carne, cuja impiedade era condenada pelos batistas – inclusive pelos quakers – quase mais rigidamente ainda do que comparativamente quando pelos calvinistas.  A redenção causada pelo Espírito, se por Ele esperarmos e a Ele abrirmos nosso coração, no sentido religioso, pode levar, uma vez que é divinamente causada, a um estado de tão completo domínio sobre o poder do pecado que a recaída – para não falar da perda do estado de graça – torna-se quase impossível. Como mais tarde no metodismo, igualmente a obtenção deste estado não foi ensinada como a regra social, mas como o nível de perfeição que o indivíduo era obrigado a desenvolver. Todas as comunidades batistas desejavam no mundo religioso ser “puras” Igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros. 

         Ao mesmo tempo a significação atribuída pela doutrina batista da salvação ao controle pela consciência, como a revelação de Deus ao indivíduos, imprimiu na conduta deste, e na vida profissional, um caráter cuja grande importância para o desenvolvimento de aspectos básicos do espírito do capitalismo, per se, o princípio mais importante da ética capitalista: a honestidade é a melhor política, e que já encontrara o seu documento clássico no tratado de Benjamin Franklin (1706-1790) estudado por Max Weber. E que, mesmo no julgamento do século XVII, a forma específica do ascetismo laico dos batistas, em especial dos quakers, está na adoção prática desta máxima. Por outro lado, a influência do calvinismo se exerceu mais na direção da libertação da energia para a aquisição privada, pois apesar de todo o legalismo formal dos representantes “eleitos”, de fato se aplica ao calvinismo a observação de fática Goethe, segundo a qual: “O homem de ação é sempre impiedoso; nenhum deles tem consciência, mas sim poder de observação”. Um sistema doutrinário é pensado à distância se considerarmos que os sinais da religião existem no homem. Para bom entendedor, não há motivo para duvidar de que só no homem a semente da religião, consiste numa qualidade que lhe é peculiar, pelo menos num grau que não existe em outro ser vivente.

A teologia de uma organização religiosa funciona como máquina abstrata da religião em que os homens de saber designam a rota dos rebanhos e os burocratas do pão celeste fazem a distribuição. A metáfora do rebanho sustenta a maior organização burocrática do planeta – a igreja. A palavra igreja, ecclesia ou “casa de Deus” tem diversos significados nos livros das Sagradas Escrituras, onde os cristãos se reúnem para cumprir seus deveres religiosos. O templo de Jerusalém era a casa de Deus e a casa de oração. O edifício dedicado pelos cristãos ao culto de Cristo, que os sacerdotes gregos chamavam Kyriaké, “a casa do senhor”, e, na língua inglesa, veio mais tarde a se chamar Kirk e Church. Em Roma, essa assembleia denominada Concio, é aquela que falava Ecclesiastes e Concionator. No Novo Testamento, uma igreja é simplesmente um grupo de cristãos que seguem a Cristo. A palavra pode ser usada para falar de todos aqueles que servem ao Senhor, não importa onde estejam. É frequentemente usada para descrever grupos locais de discípulos que se encontram para adorarem, para edificarem uns aos outros e para proclamarem o evangelho de Jesus.  É neste ambiente de igrejas locais que encontramos homens escolhidos para supervisionar e guiar. Os sistemas comuns de superestruturas de denominações, de ligas internacionais de igrejas e de hierarquias que ligam e até governam milhares de igrejas locais, são invenções do homem. Não há modelo bíblico de tais arranjos. No Novo Testamento, os cristãos serviam juntos em congregações locais. Eles eram gratos pelos seus irmãos em outros lugares. Mas não tentavam criar algum laço de organização onde os cristãos de um lugar pudessem dirigir ou governar o trabalho de discípulos de outro lugar. Este modelo se espraia se considerado o ensinamento específico sobre a organização da igreja local.

Neste último sentido, a Igreja pode ser entendida como uma pessoa, isto é, que ela tenha o poder de querer, de pronunciar, de ordenar, de ser obedecida, de fazer leis ou de praticar qualquer espécie de ação social. Se não existir a autoridade de uma congregação legítima, qualquer ato praticado por um conjunto de pessoas é um ato individual de cada um dos presentes que contribuíram para a prática desse ato. Não um ato conjunto, como se fosse de um só corpo. Não é um ato dos ausentes ou daqueles que, estando presentes, eram contra a sua prática. Uma Igreja pode ser definida “como um conjunto de pessoas que professam a religião cristã, ligadas à pessoa de um soberano, que ordena a reunião e que determina quando não deverá haver reunião. Tendo em vista que em todos os Estados semelhantes assembleias são ilegítimas, se não são autorizadas pelo soberano civil, constitui também uma assembleia ilegítima a reunião da Igreja em qualquer Estado em que tiver sido proibida” (cf. Hobbes, 1987; 2014).  É compreensível que não haja na Terra, qualquer Igreja universal à qual todos os cristãos devam obedecer, uma vez que não há nenhum poder aos quais todos os outros Estados estejam sujeitos. Nos domínios dos diversos príncipes e estados, existem cristãos, mas cada um deles se sujeita ao Estado do qual é membro, não podendo o crente sujeitar-se às ordens de qualquer outra pessoa. 

Uma Igreja capaz de mandar, julgar, absolver, condenar ou praticar qualquer outro ato é o mesmo que um Estado civil formado por homens cristãos; o Estado civil tem esse nome por serem seus súditos os homens, enquanto a Igreja é assim denominada pelo fato de seus súditos serem os cristãos. Governo espiritual e temporal são apenas palavras trazidas ao mundo ocidental para confundir os homens, enganando-os quanto a seu soberano legítimo. É preciso haver um único governante, do contrário se origina a facção e a guerra civil, entre a Igreja e o Estado, entre os espiritualistas e os temporalistas, entre a espada da justiça e o escudo da fé, e, o que é pior ainda, no próprio coração de cada cristão, entre o cristão e o homem. Chamam-se pastores os doutores da igreja, um título conferido por uma variedade de igrejas cristãs a indivíduos de reconhecida importância, particularmente nos campos da teologia ou doutrina católica, bem como os soberanos civis. Entretanto, se entre os pastores não houver alguma subordinação, de forma que haja apenas um chefe dos pastores, serão ministrados aos homens doutrinas contrárias, que poderão ser falsas, e uma delas necessariamente o será. O soberano civil é o chefe dos pastores, segundo a lei natural. Embora o poder tanto do Estado tanto quanto o poder da religião estivesse nas mãos dos reis, nenhum deles deixou de ser fiscalizado, a não ser quando bem quistos pelas capacidades naturais ou por sua fortuna.

Max Weber havia resumido sob a expressão racionalidade formal as condições ideal-típicas que torna possível a ponderabilidade das ações sociais sob o aspecto instrumental, a eficácia dos meios disponíveis; e sob o aspecto estratégico e de probabilidade em termos de legitimidade no acerto da escolha dos meios segundo preferência, meios e condições periféricas dadas. A denominação “formal” destina-se em especial a esse segundo aspecto da “racionalidade eletiva”, que por isso diferencia então do julgamento material dos próprios valores subjacentes às preferências dos sujeitos. Ele aplica esse conceito como sinônimo de “racionalidade teleológica”. Trata-se da estrutura de orientações da ação determinada pela racionalidade cognitivo-instrumental, mediante a desconsideração de parâmetros de uma racionalidade moral-prática ou estético-prática. Cadeias prolongadas de ações podem ser julgadas de maneira sistemática sob o aspecto da validade da verdade e da eficácia simbólica de sua interpretação, mas que podem ser bem como calculadas e melhoradas no sentido da racionalidade formal.

A obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (2003) é considerada a grande obra de Max Weber e é o seu texto mais reconhecido. A primeira parte desta obra foi publicada em 1904 e a segunda veio a público em 1905, depois da viagem do autor e de sua esposa Marianne Schnitger (1870-1954), destacada feminista e escritora aos Estados Unidos da América. Analisando o processo em seu conjunto, Weber verifica que dos dogmas e, em especial, dos impulsos morais do protestantismo, derivados após a reforma de Lutero, surge uma forma de vida de caráter metódico, disciplinado e racional. Da base moral do protestantismo surge não só a valorização religiosa do trabalho e da riqueza, mas também uma forma de vida que submete toda a existência do indivíduo a uma lógica férrea e coerente: uma personalidade sistemática e ordenada. Sem estes impulsos morais não seria possível compreender a ideia de vocação profissional, concepção que subjaz as figuras modernas do operário e do empresário. A moral presente na vida social dos círculos protestantes possui uma relação sociológica de afinidade eletiva com o comportamento (espírito) que subjaz ao sistema econômico e, disciplinar, ainda que não derive deste fator unicausal, trata-se de um impulso vital para o entendimento do mundo social tanto moderno quanto contemporâneo.

No final da Ética Protestante, Max Weber destaca para o que nos interessa - objeto de nossa argumentação que, apesar de secularizada, ou seja, desprovida de fundamentos religiosos, a vida aquisitiva da economia moderna generalizou-se para todo conjunto da vida social: os puritanos queriam tornar-se monges, hoje todos têm que segui-los. Esta avaliação também ganha contornos críticos, pois Weber constata que a lógica da produção, do trabalho e da riqueza envolve o mundo moderno como uma jaula de ferro (Eisernen Käfig) e se pergunta qual o destino dos tempos modernos: o ressurgimento de velhas ideias ou profecias ou uma realidade petrificada, até que a última tonelada de carvão fóssil seja queimada? Em tons que lembram Friedrich Nietzsche, ele dirá ainda sobre os homens dos tempos atuais: “especialistas sem espírito, nulidades sem coração”. Esta visão crítica do capitalismo encorajou importantes pensadores marxistas como Georg Lukács (1885-1971), Karl Löwith, Michael Löwy a ressaltarem algumas afinidades do pensamento hic et nunc com a visão marxista, corrente que, sem menosprezar as sensíveis diferenças entre as duas formas de pensamento, denominada de webero-marxismo (cf. Löwy, 2014). No entanto, diferente da visão marxista, que privilegia os condicionamentos econômicos, Max Weber, coerente com uma visão multicausal dos níveis sociais, destaca seus fatores culturais e, mais tarde, concordando com Marx, enfatizará também os fatores materiais ou níveis de análise com domínio econômico no surgimento das instituições modernas.

Sobre a questão específica a respeito das chamadas Afinidade eletivas, lembra Michael Löwy que são raros os pesquisadores especializados em sociologia das religiões que, ao comentar os diversos escritos de Weber sobre o tema hic et nunc, em particular A Ética Protestante, não constataram a utilização conceitual através do termo “afinidade eletiva”. Isto porque, estranhamente, esse termo suscitou poucos estudos, discussões ou debates e menos ainda uma análise mais sistemática de seu significado metodológico. Dentre estes existe o ensaio de Richard Howe (1978) que contém informações úteis sobre as origens do termo, mas a definição que ele propõe considerando a “afinidade eletiva”, como uma ideia no sentido de emprego kantiano não é muito pertinente. Além disso, na interpretação Löwyniana, o referido autor não distingue a “afinidade interna” da conceitual afinidade eletiva, o que elimina o papel decisivo da eleição. Enfim, ele parece querer reduzir a Wahlverwandtschaft a uma “afinidade entre palavras”, em função da “interseção de significados”, o que limita seu considerável alcance. No ensaio de J. J. R. Thomas (1985) depois de uma discussão não sem interesse, chega a uma conclusão decepcionante: - “Tentando evitar o conceito de ideologia, considerado por ele grosseiramente materialista, Weber criou um conceito [afinidade eletiva] que não leva a lugar algum”. A contribuição social é a de José María González Garcia que dedicou às afinidades eletivas um capítulo de seu livro entre Max Weber e Johann Wolfgang von Goethe (1992).

O termo Wahlverwandtschaft tem uma longa história, muito anterior aos escritos sobre religião de Max Weber. Foi na alquimia medieval que o termo “afinidade” começou a ser usado para explicar a atração e fusão dos corpos. Segundo Alberto Magno, se o enxofre se une aos metais, é por causa da afinidade que ele tem com esses corpos: “propter affinitarem naturae metalla adurit”. Encontramos essa temática nos alquimistas dos séculos seguintes. Por exemplo, em seu livro Elementa Chimiane (1724), Hermannus Boerhaave explica que “particulae solventes et solutae se affinitate suae naturae colligunt in corpora homogênea”. A afinidade é uma força em virtude da qual duas substâncias “procuram-se, unem-se e encontram-se” numa espécie de casamento, de bodas químicas, antes procedendo do amor que do ódio, “magis ex amore quam ex dio”. O termo attractio electiva aparece pela primeira vez nos escritos do químico sueco Torbern Olof Bergman. Seu livro, De attractionjibus electivis (Upsalla, 1775), foi traduzido para o francês com o título de Traité des affinités chimiques ou Attractions électives (1788). Na tradução alemã (Frankfurt, Tabor, 1782-1790), o termo “atração eletiva” foi exatamente traduzido por Wahlverwandtschaft, afinidade eletiva. Foi dessa versão alemã do livro de Bergman que Goethe tirou o título de seu romance Wahlverwandtschaft (1809), no qual ele menciona um livro de química estudado “há cerca de dez anos” por um de seus personagens. O termo se torna na verdade uma extraordinária metáfora para designar o movimento passional pelo qual um homem e uma mulher são atraídos um para o outro – correndo o risco de se separarem de seus antigos companheiros – a partir da afinidade íntima entre suas almas. 

Essa transposição de Goethe faz do conceito químico para a o terreno social da espiritualidade e do amor foi facilitada pelo fato de que, em vários alquimistas, como Boerhaave, por exemplo, o termo já era fortemente carregado de metáforas sentimentais e eróticas. Para Goethe, existe afinidade eletiva quando dois seres ou elementos “procuram-se um ao outro, atraem-se, apropriam-se um do outros e, em seguida ressurgem dessa união íntima numa forma renovada me imprevista”. A semelhança com a fórmula de Boerhaave – dois elementos “procuram-se, unem -se e encontram-se” – é impressionante, e não excluímos que Goethe conhecesse e tenha se inspirado na obra do alquimista holandês. Com o romance de Goethe, o termo ganhou direito de cidadania na cultura alemã como designação de um tipo de ligação particular entre duas almas. Foi na Alemanha, portanto, que ele passou por sua terceira metamorfose: a transmutação, por obra desse grande alquimista da ciência social chamado Max Weber, em conceito de representação puramente de encarnação sociológico.  Da acepção antiga, ele conserva as conotações de escolha recíproca, atração e combinação, mas a dimensão da novidade parece desaparecer. O conceito ocupa um lugar importante em A Ética Protestante, precisamente por levar a cabo a análise da relação complexa e sutil entre essas duas formas. Para Weber, trata-se de superar a abordagem tradicional em termos de causalidade e, assim, evitar o debate sobre a primazia do “material” ou do “espiritual”.  Com isso, são especificados ao mesmo tempo, na medida do possível, o modo e a direção geral segundo as quais, em consequência de tais afinidades eletivas, o movimento religioso agiu sobre o desenvolvimento da cultura material. A afinidade eletiva é talvez um meio para uma busca causal “num segundo momento”, mas isso não significa que ela própria seja uma relação causal. As formulações de Max Weber são suficientemente flexíveis para podemos admitir diferentes leituras de interpretação.

O que sociologicamente Weber tenta demonstrar em sua análise com o conceito de Wahlverwandtschaft é, segundo Michael Löwy, em primeiro lugar a coexistência de elementos convergentes e análogos entre uma ética religiosa e um comportamento econômico: o ascetismo puritano e a economia do capital, a ética protestante do trabalho e a disciplina burguesa do trabalho, a valorização calvinista do ofício virtuosos e o ethos do empreendimento burguês racional, a concepção ascética do uso utilitário das riquezas e acumulação produtiva do capital, a exigência puritana da vida metódica e sistemática e a busca racional do lucro capitalista. É a partir dessas analogias profundas, desses “parentescos íntimos”, que na Holanda, na Inglaterra e nos Estados Unidos historicamente do século XVII ao XIX, vai se desenvolver uma relação de afinidade eletiva entre a ética protestante e o espírito do capitalismo, graças a qual a concepção puritana da existência favorece a tendência a uma vida burguesa economicamente racional e vice-versa. Não surpreende que a expressão “afinidade eletiva” não tenha sido compreendida pela recepção anglo-saxã historicista positivista de Max Weber.    

O próprio autor utiliza o conceito apenas três vezes em A Ética Protestante, mas ela aparece também em outros escritos, na maioria das vezes em ensaios de sociologia das religiões. 1. No nível de análise religioso: trata-se da relação da afinidade eletiva em diversas formas religiosas; por exemplo, entre o ritualismo e a graça sacramental ou entre a profecia de missão e “determinada concepção do divino: a de um Deus criador, transcendente, pessoal, fulminante, que perdoa, ama, exige, castiga”, em oposição à divindade impessoal e contemplativa da profecia exemplar. 2. No nível econômico: entre o “espírito” do capitalismo e as formas de organização econômicas capitalistas. Isso pode parecer redundante, mas Weber insiste no fato de que, do mesmo modo que uma organização sindical nem sempre é movida por um espírito sindicalista ou um império colonial, pelo espírito do imperialismo, uma economia capitalista não é necessariamente movida pelo “espírito do capitalismo”. Conforme o caso, o “espírito” encontra-se, num grau ou noutro, em adequação e, eventualmente, em “relação de afinidade eletiva” com a “forma”. 3. No campo cultural: esse é um exemplo curioso, pois Weber opõe a formação patrimonial que, ao racionalizar-se conduz à burocracia moderna (especialização, profissionalização) – a formação (Bildung) feudal, “com seus traços lúdicos e sua afinidade eletiva com a atividade artística. Max Weber tem em mente a educação da aristocracia, mas os traços comuns com a prática da arte não são explicitados.

Para sermos breves, a partir do uso weberiano do termo, Michael Löwy propõe a seguinte definição: a afinidade eletiva representa o processo pelo qual a) duas formas culturais/religiosas, intelectuais, políticas ou econômicas ou b) uma forma cultural e o estilo de vida e/ou os interesses de um grupo social entram, a partir de certas analogias significativas, parentescos íntimos ou afinidades de sentido, numa relação de atração e influência recíprocas, de escolha ativa, convergência e de reforço mútuo. Essa definição leva em consideração os diversos níveis ou graus de afinidade eletiva, a começar pela finidade simples, o parentesco espiritual, a congruência, a adequação interna. É importante frisar que esta última é ainda estática, cria a possibilidade, mas não a necessidade, de uma convergência ativa, de uma atração eletiva. A transformação dessa potência em ato, sua dinamização, depende de condições históricas e sociais concretas. Assim, Weber constata, por exemplo, “certo parentesco (Verwandtschaft)” entre o confucionismo e o racionalismo puritano. Isso não é o suficiente para criar entre eles uma relação efetiva de convergência.  Naturalmente, a afinidade eletiva depende do grau de “adequação” ou mesmo de “parentesco” entre as duas formas, mas depende também de outros fatores, pois ela é favorecida ou entravada por certas condições históricas. Em outras palavras, é preciso haver certa “constelação” de fatores históricos, sociais e culturais para que ocorra um processo de attractio electiva, de seleção recíproca, de esforço mútuo e até, em certos casos, de “simbiose” de duas figuras espirituais. Esse aspecto está presente em Max Weber, mas é raramente desenvolvido.  

Blake Lively é a mais nova de cinco irmãos, que inclui Eric Lively, duas “meias-irmãs”, Lori Lively e Robyn Lively, e um “meio-irmão” Jason Lively.  Seus pais e os irmãos estão ou estiveram envolvidos na “indústria do entretenimento”. Durante a infância ela era levada para as aulas de interpretação de seus pais porque eles não queriam deixá-la com uma babysitter. Blake disse que assistir as aulas dos pais ajudou a aprender os treinos de atuar e ganhar confiança para sua carreira. A sua irmã, Robyn, é casada com Bart Johnson que participou dos três filmes de High School Musical como Jack Bolton, pai e treinador de um dos protagonistas Troy interpretado por Zac Efron. Lively começou sua carreira aos 11 anos, quando ela apareceu no filme Sandman de 1998 que foi dirigido por seu pai. Seus irmãos, Eric Lively e Jason Lively a incentivaram a tentar a carreira. Seu irmão, Eric, fez o seu agente marcar alguns testes cinematográficos. Blake Lively compareceu em algumas audições durante alguns meses conseguindo o papel de Bridget, enquanto protagonistas do filme The Sisterhood of the Traveling Pants em 2005. Em 2006 ela realmente co-estrelou com o ator Justin Long em Accepted, ganhando o prêmio do Hollywood Life pela consagração do filme. Quando as ideias representam adequadamente seus objetos, todas as relações sociais, contradições e concordâncias entre elas são aplicáveis a estes. Tal é como podemos observar em geral, o fundamento de todo conhecimento humano. O termo unidade é apenas uma denominação fictícia, que a mente pode aplicar a qualquer quantidade de objetos por ela reunidos. Sendo na verdade um verdadeiro número, tal unidade não pode existir sozinha, já que um número não o pode. A unidade que pode existir sozinha, e cuja existência é necessária à existência de todos os números, é uma unidade de outro tipo; ela deve ser perfeitamente indivisível e incapaz de ser resolvida em qualquer unidade menor. 

Esse raciocínio se aplica ao tempo com um argumento adicional, que valeria considerar. Uma propriedade inseparável do tempo, e que constitui de certa maneira sua essência, é que suas partes em relação ao todo são sucessivas, nenhuma delas podendo coexistir, ainda que sejam relações contíguas. A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, afirma David Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que esse costume de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração. As demonstrações não são como as probabilidades, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, porém, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade diante do Outro. É uma máxima estabelecida da metafísica que “tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível”, ou, em outras palavras, que nada praticamente que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz para a solução das controvérsias em torno das ideias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente. 

As percepções deste último tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas de nossas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente que tacitamente as formas, dizer qual é exatamente sua natureza e composiçãoUma aplicação desse princípio revela algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo. Também no mesmo ano teve um papel em um filme de terror Simon Says norte-americano de 2006, ou considerado dos gêneros “suspense e horror”, em que cinco amigos adolescentes: Kate, Zack, Vicky, Riff e Ashley vão fazer um piquenique na beira de um rio e têm de enfrentar os sádicos gêmeos Simon e Stanley dirigido por William Dear. Em 2007 entrou no elenco da série adolescente Gossip Girl como Serena van der Woodsen e Elvis and Anabelle como a personagem principal Anabelle. Em 2008 gravou a sequência de The Sisterhood of the Traveling Pants com as atrizes Alexis Bledel, America Ferrera e Amber Tamblyn. Em 2009 interpretou Gabrielle DiMarco na comédia romântica New York, I Love You. Foi coadjuvante em 2009 em The Private Lives of Pippa Lee. Em 2010 filme The Town, “suspense policial”, escrito, dirigido e estrelado por Ben Affleck, baseado no romance de Chuck Hogan Prince of Thieves (2007). Affleck nasceu na Califórnia, mas cedo se mudou para Massachusetts quando participou da série televisiva intitulada The Voyage of the Mimi, onde conheceu Matt Damon, que se tornou seu melhor amigo.

Estreou no cinema com o filme Laços de Família e a partir daí protagonizou filmes como Chasing Amy (Procura-se Amy), Mallrats (Barrados no Shopping), Dogma, Good Will Hunting (pelo qual ganhou um óscar com Matt Damon na categoria de Melhor Argumento Original) e Glory Daze. Em 1998 participou em Shakespeare in Love e Armageddon, realizando seu sonho de participar em filmes ao lado das grandes estrelas do cinema. Em 2001, interpreta o Rafe no êxito de bilheteira Pearl Harbor. Em 2004 participou de Daredevil (Demolidor) e Jersey Girl. Affleck teve relacionamentos com Gwyneth Paltrow entre 1997 e 2000, e Jennifer Lopez, com quem chegou a ser noivo. Em 2005 casou-se com Jennifer Garner, com quem trabalhou em Pearl Harbor e Daredevil. O casal teve três filhos - Violet Anne Affleck, nascida em 1º de dezembro de 2005, Seraphina Rose Elizabeth Affleck, nascida em 6 de janeiro de 2009 e Samuel Garner Affleck, nascido em 27 de fevereiro de 2012. O casal se divorciou em 2015. No início de 2020, durante as gravações de Deep Water, Ben começou um relacionamento com a atriz cubana Ana de Armas. Eles ficaram juntos até janeiro de 2021. 

Alguns meses depois, Ana revelou que “a separação ocorreu porque ela queria filhos e Ben já não queria mais”. Em julho de 2021, após 17 anos Ben e Jennifer reataram. Em 2022, Affleck e Lopez se casaram. Na dramaturgia Doug MacRay (Ben Affleck) é muito bom na arte de planejar assaltos e lidera um grupo de ladrões de bancos que sempre sai impune, apesar das investigações do Federal Bureau of Investigation (FBI). Um dia, ao realizar um assalto, seu parceiro Jem (Jeremy Renner) leva uma refém, por precaução. Ela é Claire Keesey (Rebecca Hall), gerente do banco, solta próximo à praia algum tempo depois. O fato traumatiza Claire, deixando-a com sequelas. O problema é que Jem descobre que Claire mora a apenas quatro quarteirões do bando, tornando-se uma ameaça para o grupo. Doug fica encarregado de vigiá-la, mas, após uma conversa ocasional na lavanderia, inicia um relacionamento com ela. Em janeiro do mesmo ano foi anunciado que Blake estaria no filme Green Lantern que foi lançado em 2011. Também participou do clipe da música I Just Had Sex com a atriz Jessica Alba. Foi eleita a mais desejada de 2011 pelo site Ask Men, que anualmente perfila as noventa e nove mulheres mais cobiçadas pelos internautas. AskMen.com é um portal norte-americano não pago e dirigido ao público masculino com versões para os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália.

Também neste ano Blake Lively foi destaque no Relatório Anual da Revista Timedas que circula as 100 pessoas mais influentes. No final de 2011 começou a namorar o ator Ryan Reynolds, após contracenarem juntos no filme Green Lantern que narra a história de Hal Jordan, piloto de testes que é escolhido para ser o primeiro membro humano da Tropa dos Lanternas Verdes, ganhando um anel que lhe garante superpoderes depois que um novo inimigo chamado Parallax ameaça destruir o equilíbrio de poder no Universo. Milhões de anos antes da formação da Terra, um grupo de seres chamados de Os Guardiões do Universo usaram a essência verde da força de vontade para criar uma força policial intergaláctica chamada de Tropa dos Lanternas Verdes. Eles dividiram o Universo estatisticamente em 3600 setores, com um Lanterna Verde por setor. O mais poderoso dentre os Lanternas Verdes, Abin Sur (Temuera Morrison), do setor 2814, foi o único capaz de derrotar o medo-essência presente em Parallax, dublado por Clancy Brown e aprisioná-lo no Setor Perdido, no planeta em ruínas Ryut. No entanto, nos dias de hoje, Parallax escapa de sua prisão. Seis meses mais tarde, depois de matar quatro Lanternas Verdes e de destruir dois planetas, Parallax ataca o setor 2814 e fere mortalmente Abin Sur, que escapa e foge para a Terra. O moribundo Abin Sur comanda o seu anel para um sucessor governar o seu setor naquele planeta.

Em setembro de 2012, com um ano de namoro, os dois se casaram em uma cerimônia secreta em Boone Hall Plantation, localizada na cidade de Mount Pleasant na Carolina do Sul. Em 06 de outubro de 2014, Blake anunciou que está esperando o primeiro filho do casal. Em dezembro de 2014, Blake deu à luz uma menina chamada James Reynolds Lively. No dia 30 de setembro de 2016, Blake deu à luz a sua segunda filha com Reynolds, chamada Inez Reynolds Lively, na Cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos. A menina com apenas 2 anos de idade gravou uma breve participação especial e deu “voz na abertura da música Gorgeous da cantora Taylor Swift, que foi lançada em 2017, quando James estava quase completando três anos”. Em 02 de maio de 2019, Blake anunciou oficialmente a sua terceira gravidez durante a festa de lançamento do filme Pokémon: Detetive Pikachu (2019), do qual Ryan é protagonista. Ela deu à luz no início do mês de outubro de 2019, e a bebê foi supostamente nomeada de Betty Reynolds Lively. Segundo boatos, a música Betty, da cantora Taylor Swift amiga próxima do casal, gravada e lançada como parte do seu oitavo álbum de estúdio Folklore (2020), seria uma referência para James, Inez e Betty.

Bibliografia geral consultada.

GIDDENS, Anthony, As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991; WEBER, Max, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 2ª edição. São Paulo: Editora Pioneira, 2003; HOBBES, Thomas, A Natureza Humana. Prefácio e tradução de João Aloísio Lopes. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987; Idem, Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. 1ª edição. São Paulo: Editor Martin Claret, 2014; LÖWY, Michael, Redenção e Utopia: O Judaísmo Libertário na Europa Central (Um Estudo de Afinidade Eletiva). São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1989; Idem, A Jaula de Aço: Max Weber e o Marxismo Weberiano. 1ª edição. São Paulo: Boitempo Editorial, 2014; ROSA, Wanderley Pereira da, Por uma Fé Encarnada: Teologia Social e Política no Protestantismo Brasileiro. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Teologia. Departamento de Teologia. Centro de Teologia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2015; MARTINS, Carla Ludmila Maia, Sob o Risco do Gênero: Clausura, Rasuras e Afetos de um Cinema com Mulheres. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2015; YOEL, Gerardo (Org), Pensar o Cinema: Imagem, Ética e Filosofia. São Paulo: Editora Cosac Naify, 2015; PINHEIRO, Fernando Filinto Machado, A Doutrina da Predestinação em João Calvino e suas Conotações Agostinianas: Reflexos no Elã Missionário Presbiteriano do Brasil no Século XIX. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2017; FEITOSA, André Luís de Oliveira, Sartre e a Unidade de seu Pensamento. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Centro de Ciências Sociais. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2018; OLIVEIRA, Claudia Silene Pereira de, Cinema VR: Entre Fronteiras. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia. Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design. Bauru: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2022; ALVES, Natan dos Santos, “Dessacralizando os Festivais de Cinema: Uma Revisão Acerca do Binarismo entre o Cinema Hollywoodiano e Filmes de Festivais”. In: https://revista.unitins.br/2023/03/27; entre outros.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Pedro Paulo Lopes – Paralaxe, Multiesportista & Bravura de Voo Livre.

                                      Cada vez que eu voo, dou graças a Deus por ser carioca”. Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes

        A necessidade vitalista de comunicar-se sempre foi o motor de todo tipo de codificações expressivas, sendo a linguagem e a escrita instrumentos de comunicação oral e escrita sujeitos as limitações de espaço e lugar e a sua transmissão através da distância entre o emissor e o receptor. Simplificadamente, pode-se dividir em quatro fases a história da codificação de signos e fonemas com sendo ao ser-viço da relação social inter-humana: mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética. A primeira, mnemônica, se caracterizou pelo emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam alheios e não pertenciam ao mesmo sistema convencional de comunicação. Ao antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton (1866–1923), os chineses, e tribos mais recentes, utilizaram com muita frequência o quipo, representando cada um dos cordões usados do ponto de vista comunicativo pelos peruanos, no tempo da monarquia Inca (1438-1533), que formavam um método mnemônico, fundado nas cores e ordem dos cordões, número e disposição de nós, etc., ou série de cordas atadas para comemorar acontecimentos felizes, para servir como instrumentos de cálculo ou resguardar na memória as recordações etnográficas dos mortos das tribos.  

Na segunda, pictórica, a comunicação tem como representação a imagem e se transmite mediante a pintura, a comunicando a relação dos objetos. Estas gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados: utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial. Na terceira, ideográfica, resulta de uma associação de símbolos pictográficos com objetos e ideias. Nesta fase os signos se empregam cada vez mais na representação de ideias, numa progressiva separação da estrutura do objeto de pensamento que tenciona comunicar e a modelação cada vez mais simbólica que aproximará no signo alfabético, na escritura. A expressão ideográfica serviu para as formas primitivas de relatos, tal como podemos valorar na escritura ideográfica das culturas pré-colombianas ou mesopotâmicas, ainda que o máximo tipo cultural deste sistema de comunicação foi a escrita hieroglífica dos egípcios. A fonética, se estabelece quando o signo representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que depois chamamos “letras”, como unidade fonética menor.

A invenção do alfabeto foi o ponto máximo da codificação da comunicação e foi propiciada precisamente por aqueles povos de maior desenvolvimento social e de maior inter-relação comercial com os outros povos. O alfabeto representou uma chave de intercomunicação e ao mesmo tempo um aríete de penetração cultural em mãos dos povos da antiguidade criadores das primeiras rotas de comércio marítimo e terrestre. O sistema social condiciona o sistema de comunicação. A comunicação sempre vem unida à existência da mudança social de mercadoria e à busca incessante de matérias-primas que já mobilizou aos antigos. As rotas comerciais e de expansão imperial depredatória da Antiguidade foram autênticos “canais informativos”, lentos e precários, mas que ainda assim abasteceram aos homens de um conhecimento aproximado dos limites do mundo terrestre e do espaço sideral da órbita dos planetas e dos astros das tentações dos outros considerados desde cada particular forma etnocêntrica do indivíduo na sociedade. A rota do Cabo, contornando África, viria a ser explorada pelos Holandeses, e outras potências europeias. As rotas das especiarias que penetravam seus produtos por intermediários antes de serem revendidos na Europa medieval. Representava um tempo de medo. Há mil anos, na mesma Europa que agora se prepara para ingressar, próspera e unida como nunca, no terceiro milênio do calendário cristão, os homens viviam socialmente o pior dos mundos.

         O irreversível desmoronamento, na história social do pensamento europeu, século após século, do que ainda restava de escombros da civilização greco-romana, depois sucedeu-se do fim do Império Romano do Ocidente (476), no século V, transformara o território europeu em campo de batalha onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings, bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos, um sem-fim de povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de “bárbaros”. Além da violência simbólica e física das religiões, a miséria, a ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000. Os proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, com fortificações de árvores e espinheiros e habitações cercadas de paliçadas. Registrou um observador do ano 888: - “Cada qual quer se fazer rei a partir das próprias entranhas”. A cidade, como sede da política e administração, centro do comércio e conhecimento científico, à maneira de Roma, Atenas ou Alexandria clássica, inexistia na paisagem ocidental, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de almas, nascidos da presença, nas proximidades, de um mosteiro ou de um vale fértil, ou do fato de se situarem no centro de uma região dominada por um certo príncipe.       

Nada, porém, que se comparasse a Constantinopla (Istambul), capital do Império Romano do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e porto movimentado. Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente muitos braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os animais selvagens, e terrores imaginários historicamente constituídos na Europa, como monstros e demônios, espreitavam os aldeões que adentravam a mata em busca de carne comestível de caça e mel, a única fonte de açúcar dos europeus. Comparativamente, vista pelos olhos nus a vida tinha tons de pesadelo.

No período colonial do século XVI ao XVIII, os nascidos na capitania do Rio de Janeiro eram reconhecidos por “carioca”, devido ao rio Carioca, que era o rio que fornecia água potável à população sendo aqueles que “bebiam das águas do Carioca”. No processo civilizatório a capitania do Rio de Janeiro formou-se na porção setentrional da Capitania de São Vicente, que tinha como limites os pontos litorâneos ocupados por Macaé no Rio de Janeiro, ao Norte, e Caraguatatuba em São Paulo, ao Sul. Esta parcela da Capitania havia sido abandonada por seu donatário Martim Afonso de Sousa (1500-1564), nobre, militar e administrador colonial, primeiro donatário da Capitania de São Vicente que nunca se interessou em seu povoamento, deslocando sua atenção e recursos financeiros na segunda seção, situada no atual litoral de São Paulo. A partir de 1783, por decreto de D. Luiz de Vasconcelos e Sousa, 4º conde de Figueiró, nascido em Portugal, em 1º de novembro de 1742 e morto no Rio de Janeiro, em 24 de março de 1809.

Na história política representou um nobre e administrador colonial português e 12º vice-rei do Brasil, de 1778 a 1790, quando foi criado novo gentílico civilizado para o Rio de Janeiro, o “fluminense”, a partir do termo flumen, que significa rio, em alusão ao Rio de Janeiro. Segundo o relato etnográfico de Dom Juan Francisco de Aguirre (1508-1581), nobre que visitou o Rio de Janeiro em março de 1782, os naturais passaram a ser apelidados segundo ele, de “cariocas” devido ao seu deslumbramento com o Aqueduto da Carioca e suas águas: - “Foi esse deslumbre pelo seu aqueduto que fez com que os naturais desta cidade ficassem conhecidos como cariocas, nome da fonte de onde a água que abastece a região. Logo que estabelecem contato com um europeu, os cariocas apressam-se em dizer-lhe que essa água tem o poder de enfeitiçá-lo e de fazê-lo fixar residência na cidade”.  Em 1834, o Ato Adicional à Constituição de 1824, o município do Rio de Janeiro se separou da Província do Rio de Janeiro para constituir o chamado Município Neutro, com administração vinculada diretamente à corte imperial brasileira.

Após a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro, a capitania manteve-se diretamente administrada politicamente pelo governo real, num status diferenciado em relação às demais, cujas administrações eram ligeiramente mais autônomas em relação ao poder central, haja vista sua “principal cidade ter se transformado na capital de todo o reino português”. Com a Independência do Brasil, não se pôde alcançar a maior autonomia administrativa que sua elite social e política aspirava como nas demais capitanias, agora transformadas em províncias, já que ao ministro do Reino, cargo que foi praticamente um “substituto” para o de Vice-Rei, confiava-se a administração fluminense. Aliado a isto, estava o fato social de que a cidade do Rio de Janeiro permaneceu como a capital do reinado do Brasil, o que fazia com que o ministro administrasse a província inteira por meio de “avisos”, os quais dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, cresciam a passos largos devido à ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira no Vale do Paraíba, que já sobrepujava a força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense. 

Essas diferenças com relação às unidades administrativas fizeram com que, em 1834, o Rio de Janeiro fosse compreendido no Município Neutro, permanecendo como capital do império e diretamente administrado pelo governo imperial, enquanto a província do Rio de Janeiro passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais, tendo sua capital na Vila Real da Praia Grande, no ano seguinte passou a chamar-se Niterói. O Município Neutro passava a ter uma Câmara eleita pela população e que cuidaria da vida daquela entidade quase sem interferência do presidente de província ou do gabinete dos ministros, com exceção dos serviços que ficavam subordinados ao governo nacional. Em 1889, após a implantação da República no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro continuou como capital do país, e o Município Neutro torna-se o Distrito Federal após a proclamação da Constituição de 1891. Com a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara. Com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, a cidade do Rio de Janeiro deixou de ser “compreendida” no estado da Guanabara, fundido com o estado do Rio de Janeiro, retornando à condição de capital fluminense. O primeiro processo constitucional iniciou-se com um decreto do príncipe regente D. Pedro que dia 3 de junho de 1822 convocou a primeira Assembleia Geral Constituinte e Legislativa para elaborar uma Constituição que formalizasse a Independência em relação ao potentado reino português. 

A primeira Constituição, que deveria ter sido promulgada, foi outorgada e isso porque os desentendimentos, arranjos e acordos entre o imperador e os constituintes demonstrou-se inevitável. A abertura da Assembleia ocorreu em 3 de maio de 1823, para que nesse tempo fosse preparado o terreno político através de censuras, prisões e exílios aos opositores do processo constitucional. O contexto que antecede a Assembleia foi marcado pela articulação política do Brasil contra as tentativas recolonizadoras de Portugal, já presentes na Revolução do Porto em 1820. Neste mesmo cenário político-ideológico, destacaram-se as divergências entre conservadores e liberais. Os primeiros, representados por José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), resistiram inicialmente à ideia de uma Constituinte, mas acabaram mudando de ideia com a defesa de uma centralização política e a limitação do direito de voto. Os liberais por iniciativa de Antônio Gonçalves Ledo (1781-1847), defendiam a eleição direta, a limitação dos poderes de D. Pedro e maior autonomia administrativa das províncias. O texto político da convocação da Constituinte era favorável à permanência da união entre Portugal e Brasil. As cortes portuguesas exigiram o retorno de D. Pedro que acelerou o processo de Independência, rompendo definitivamente com Portugal em 7 de setembro de 1822.

Como a expressão “carioca” é um termo etimológico indígena, os membros da Corte optaram por intitularem-se “fluminenses”, tendo a palavra “carioca” tornado-se uma sobrevivência pelo uso popular, principalmente nas demais províncias do segundo reinado no Brasil. Em 1891, após a Proclamação da República do Brasil em 1889, o Município Neutro transformou-se no Distrito Federal e a província do Rio de Janeiro transformou-se no estado do Rio de Janeiro. Em 1960, com a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara, que adotou então oficialmente a designação “carioca” pela primeira vez para os habitantes do novo Estado. Com a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, o então estado da Guanabara passou a integrar o atual estado do Rio de Janeiro. Oficialmente, optou-se por “fluminense” como gentílico oficial do novo estado, reduzindo-se o gentílico “carioca” a gentílico municipal. Contudo, a maioria dos habitantes do estado do Rio de Janeiro preferem a designação carioca a fluminense, geograficamente na Região Metropolitana, Costa Verde e Região dos Lagos, e desde 2000 o movimento social Somos Todos Cariocas busca o reconhecimento de carioca como gentílico cooficial do estado do Rio de Janeiro.

Do ponto de vista metodológico notou Norbert Elias (2011) que o conceito de civilização se refere a uma grande variedade de fatos: em primeiro lugar ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias religiosas e aos costumes. Pode se referir primordialmente aos tipos de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma “civilizada” ou “incivilizada”. Daí ser sempre difícil sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever etnograficamente civilização. Mas não significa a mesma coisa para diferentes nações ocidentais. Acima de tudo, é grande a diferença entre a forma como ingleses e franceses empregam a palavra, por um lado, e os alemães, por outro. O conceito resume em uma única palavra seu orgulho pela importância de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade. Quando no emprego feliz que lhe é dado, a Zivilisation, significa algo de fato útil, mas, apesar disso, apenas um valor de segunda classe, compreendendo apenas a aparência externa dos seres humanos, a superfície da existência humana. 

A palavra pela qual os alemães se interpretam, que mais do que a qualquer outra expressa-lhes o sentimento de orgulho em suas próprias realizações e no próprio ser, é Kultur, pois são inteiramente claras no emprego interno da sociedade a que pertencem. O conceito francês e inglês de civilização pode ser referir a fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou sociais. O conceito alemão da palavra Kultur alude basicamente a fatos intelectuais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de traçar uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos, econômicos e sociais, por outro lado. Os conceitos francês e inglês de civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou “comportamento”, pouco importando se realizaram alguma coisa. No conceito alemão de Kultur, em contraste, a referência a comportamento, o valor que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem absolutamente qualquer realização, é de fato considerado muito secundário.

O sentido alemão de Kultur encontra sua expressão mais clara derivado no adjetivo Kulturell, que descreve o caráter e valor de determinados produtos humanos, e não o valor intrínseco. O conceito inerente a Kulturell, porém não pode ser traduzido exatamente para o francês e o inglês. A palavra kultiviert (cultivado) aproxima-se muito do conceito ocidental de civilização. Até certo ponto, representa a forma mais alta de ser civilizado: até mesmo pessoas e famílias que nada realizaram de kulturell pode ser kultiviert. Tal como a palavra “civilizado”, kultiviert refere-se primariamente à forma da conduta ou comportamento da pessoa. Descreve a qualidade social das pessoas, suas habitações, suas maneiras, sua fala, suas roupas, ao contrário de kulturell, que não alude diretamente às próprias pessoas, mas exclusivamente a realizações humanas peculiares. Há outra diferença entre os dois conceitos estreitamente vinculada a isto. “Civilização” descreve um processo ou, pelo menos, seu resultado. Diz respeito a algo que está em movimento constante, movendo-se incessantemente “para a frente”.

O conceito alemão de Kultur, no emprego corrente do dia a dia, implica uma relação social diferente, com movimento. Reporta-se a produtos humanos que são semelhantes a “flores do campo”, a obras de arte, livros, sistemas religiosos ou filosóficos, nos quais se expressa a individualidade de um povo. O conceito Kultur delimita claramente. Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres humanos ou – na opinião dos que o possuem – deveria sê-lo. Manifesta a autoconfiança de povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional foram plenamente estabelecidas, desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer discussão, povos que há muito se expandiram fora de suas fronteiras e colonizaram terras muito além delas. Em contraste, o conceito alemão de Kultur dá ênfase especial a diferenças nacionais e à identidade particular de grupos. Em virtude disto, o conceito adquiriu em pesquisa etnológica e antropológica uma significação muito além da área linguística alemã e da situação em que se originou o conceito. É a representação histórica e pontual da existência humana. 

           Voo livre é um esporte radical não motorizado, que utiliza as atividades térmicas e do vento na Camada atmosférica para realizar voos locais ou de grande distância, possibilitando alterar tanto a velocidade quanto à trajetória, e ainda escolher o local preciso de pouso. O voo é silencioso. O piloto pode perceber a estrutura espacial e as varrições dos vórtices do escoamento atmosférico de maior ou menor dimensão em relação a dimensão da aeronave. Dessa forma distingue-se do paraquedismo, do jumping, uma forma de locomoção ou movimento em que um organismo ou sistema mecânico não vivo, por exemplo, robótico, se impulsiona pelo ar ao longo de uma trajetória balística. O salto pode ser diferenciado da corrida, do galope e de outros andamentos em que todo o corpo está temporariamente no ar, pela duração relativamente longa da fase aérea e pelo alto ângulo de lançamento inicial e do balonismo, reconhecido pela Federation Aeronautique Internacionale como o “desporto aéreo mais seguro, com índices de acidentes próximo à zero”. sendo mais próximo do voo das aves que plainam durante o movimento de ascensão ou deslocamento helicoidal. As duas principais modalidades são o parapente e a asa-delta. Em Portugal, existe a Federação de Voo Livre, Parapente e Asa Delta que opera na Serra da Arrábida, no distrito de Setúbal.   

O momento de sobreviver é o momento de poder. O horror ante a visão da morte desfaz-se em satisfação pelo fato de não ser o morto. Este jaz, ao passo que o sobrevivente permanece de pé. É, pois, como se anteriormente tivesse havido uma luta, e o próprio sobrevivente houvesse abatido o morto. Em se tratando de sobreviver, todos são inimigos de todos; comparado a esse triunfo elementar, toda dor nesta extensão é pequena. Importante é, contudo, que o sobrevivente se defronte sozinho com o morto ou os mortos. Ele se vê sozinho, sente-se sozinho, e, no que diz respeito ao poder que esse momento lhe confere, segundo Canetti (1995), “não é lícito esquecer jamais que tal poder deriva dessa sua unicidade, e somente dela”. Todos os desígnios humanos com vistas à imortalidade contêm algo da ânsia de sobreviver. Não se quer apenas existir para sempre: quer-se existir quando outros já não existirem. Cada um quer ser o mais velho e sabe-lo; e quando ele próprio não mais existir, hão de conhecer-lhe o nome. A forma mais baixa do sobreviver é o matar. Assim como o homem mata o animal de que se assemelha; assim como este jaz indefeso diante dele, que pode cortá-lo em pedaços e reparti-lo, na qualidade de presa que incorpora para si e para os seus, assim também ele quer matar o ser humano que lhe atravesse o caminho, que o enfrente e que, ereto se apresente como seu inimigo. Quer matá-lo para sentir que segue existindo, ao passo que ele não mais.

O morto, porém, não deve desaparecer por completo: sua presença física como cadáver é imprescindível a esse sentimento de triunfo. Agora pode-se fazer com ele o que se quiser, sem que ele seja capaz de fazer mal algum. O morto jaz e jazerá para sempre; jamais tornará a levantar-se. Pode-se tomar-lhe a arma; podem-se cortar fora pedaços de seu corpo e conservá-los para sempre como troféus. Esse momento da confrontação com aquele a quem matou impregna o sobrevivente de uma espécie de força bastante singular, não comportável a nenhum outro tipo de força. Não há momento que mais clame por seu próprio retorno. E isso porque o sobrevivente sabe de muitas mortes. Se este presente a uma batalha, assistiu aos outros tombando à sua volta. Partiu para a batalha com o propósito muito consciente de afirmar-se perante os inimigos. Seu objetivo declarado era abater o maior número possível deles, e somente logrará vencer se consegui-lo. Para ele, vitória e sobrevivência são uma coisa só. Contudo, também os vitoriosos têm seu preço a pagar. Em meio aos mortos, jazem muitos dos seus. O campo de batalha compõe-se de uma mesma mescla de amigos e inimigos; o amontoado dos mortos é um só. Nas batalhas, por vezes ocorre de não se poder separar os mortos de ambos os lados: uma vala comum reunirá, então, os restos de todos. O corpo humano apresenta-se nu e frágil, exposto em sua maciez a todo e qualquer ataque. O que lhe está próximo e que, com arte e esforço, o homem logra manter afastado de seu corpo pode, no entanto, ser facilmente atingi-lo de longe. A espada, a lança e a flecha conseguem penetrar-lhe o corpo. Assim, o homem inventou o escudo e a armadura, e construiu muros e fortalezas inteiras em torno de si. Mas a segurança que ele mais deseja é o sentimento de invulnerabilidade

O Brasil seja sua representação, territorialidade e cultura, é considerado o Havaí do voo livre. Governador Valadares (MG) tem o título de Capital Mundial do Voo Livre. O país também possui cidades de renome no esporte. A Praia do Pepê é um trecho da praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que fica entre o quebra mar e a barraca do Pepê. O nome é uma homenagem a Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes, o Pepê, que era o proprietário da barraca que até hoje existe naquele trecho. Pepê era, além de “empresário da praia”, praticante de esportes radicais e uma verdadeira “alegoria da geração saúde carioca”. Era surfista de renome, figurando entre os 20 melhores surfistas do mundo, e tendo sido tricampeão brasileiro. Ao trocar o surf pelo voo livre, tornou-se campeão mundial em 1981. A asa delta estava no auge de popularidade internacional. Ele morreu tragicamente aos 34 anos, em 1991, num acidente de asa delta quando disputava o campeonato mundial no Japão. Pepê foi o pioneiro na venda de sanduíches e sucos naturais numa época em que as barracas de praia tinham cardápios restritos para consumo. Seus produtos conquistaram um público cativo entre surfistas, praticantes de voo livre e atletas em geral, o que acabou tornando aquele trecho da orla mais bem frequentados do carioca. A praia é badalada e parada quase obrigatória de artistas e de uma legião de corpos esculpidos em muita malhação.      

O outro caminho, porém, é aquele de que ele sempre se orgulhou mais. Desse caminho, todas as antigas tradições se gabam e se jactam abundantemente. O homem foi até o perigo e o enfrentou. Deixou que ele se aproximasse o mais possível, apostando tudo no momento da decisão. De todas as situações possíveis, escolheu a própria fragilidade e intensificou-a ao máximo. Fez de alguém seu inimigo e o desafiou. Talvez esse alguém fosse seu inimigo; talvez tenha sido ele a denomina-lo assim. Seja qual for o caso particular, o que visava era o perigo supremo e a inevitabilidade da decisão. Esse é o caminho do herói.  E o que quer o herói? O que ele realmente busca? A glória de que todos os povos revestiram seus heróis – uma glória tenaz, nada efêmera, se seus feitos foram variados ou sucederam-se com rapidez suficiente – é enganosa no que se refere às motivações mais profundas de tais feitos. Supõe-se que os heróis estavam atrás unicamente da fama, mas acreditamos que o originalmente lhes importava era outra coisa: o sentimento de invulnerabilidade que, desse modo, se podia adquirir num, rápido crescendo.  A situação concreta na qual o herói se encontra após ter vencido o perigo é aquela do sobrevivente. O inimigo queria-lhe a vida, assim como ele a do inimigo. Enfrentaram-se com esse objetivo declarado e inalterado. O inimigo foi morto.

Ao herói nada aconteceu durante o combate. Impregnado do fato monstruoso da sua sobrevivência, ele se lança ao próximo combate. Nenhum mal se lhe pode ou poderá fazer. De vitória em vitória, de um inimigo morto ao outro, ele vai se sentindo mais seguro: sua invulnerabilidade aumenta – uma armadura cada vez melhor. Não há como obter esse sentimento de outra maneira. Aquele que baniu o perigo, aquele que se esconde que dele se esconde, este simplesmente adiou o momento da decisão. Quem, porém, enfrenta tal momento nevrálgico, quem realmente sobrevive e acumula esses momentos de sobrevivência, este sim será capaz de adquirir o sentimento de invulnerabilidade. E só será verdadeiramente um herói no instante em que o adquirir. Daí em diante, ousará tudo e nada terá a temer. É possível que tendamos a admirá-lo mais enquanto ele ainda tem motivo para o medo. Esse, porém, é o ponto de vista do observador externo. O povo quer seus heróis invulneráveis. Os feitos do herói absolutamente não se esgotam nesses duelos selecionados. Ele poderá se haver com toda uma malta de inimigos; o fato de ataca-los a despeito de seu número, de não apenas escapar-lhes, mas matar a todos, pode estabelecer de um só golpe o sentimento de sua invulnerabilidade. A satisfação de sobreviver é uma espécie de prazer, pode transformar-se numa paixão perigosa e insaciável. Ela cresce em função das oportunidades per si.

Isto quer dizer o seguinte: quanto maior o amontoado de mortos em meios aos quais, vivo, ergue-se o sobrevivente; quanto maior a frequência com que ele experimenta tais amontoados, tanto mais vigorosa e impreterível tornar-se-á sua necessidade deles. A carreiras de heróis e mercenários confirmam que uma espécie de vício tem origem aí, um vício para o qual já não há remédio. A explicação habitual que se dá para tanto afirma que tais homens só são capazes ainda de respirar em meio ao perigo; que toda existência desprovida de perigos ser-lhes-ia triste e insípida; e que não seriam mais capazes de extrair prazer algum de uma vida pacífica. Não se deve subestimar a tração exercida pelo perigo. O que se esquece, porém, é que essa gente não parte sozinha para suas aventuras, mas faz-se acompanhar de outras pessoas as quais sucumbem ao perigo. O que esses homens realmente precisam, aquilo de que não mais podem prescindir, é do sempre renovado prazer de sobreviver. O que ocorre, porém, não é que, para a satisfação desse prazer, se necessite sempre expor-se a si próprio ao perigo. Contrariamente, poder-se-ia definir o tipo paranoico de detentor do poder como aquele que se vale de todos os meios para afastar de si o perigo. Em vez de desafiá-lo e confrontá-lo, em vez de deixar que a decisão se dê no seu enfrentamento – uma decisão poderia também ser desfavorável -, ele busca bloquear-lhe o caminho com astúcia e cautela. Um tal tipo criará em torno de si espaços livres que possa abranger com a vista, notando e estudando cada indício de aproximação do perigo. A partir de todas as direções, a consciência de ter de se haver com muitos, junto e a um só tempo, poderiam atacá-lo o mantém desperto. O perigo por excelência é a sua relação com a morte. 

É importante ipso facto estudar e apreender minuciosamente como o detentor de poder se posiciona diante dela. Sua primeira e decisiva característica é seu direito sobre a vida e a morte. Dele ninguém pode aproximar-se; quem lhe traz uma mensagem, quem precisa aproximar-se, é revistado à procura de armas. A morte é sistematicamente mantida longe do poderoso: ele próprio é quem pode e deve determiná-la. E deve fazê-lo com a frequência que desejar. Sua sentença de morte é sempre cumprida. Ela é o seio de seu poder, que só será absoluto enquanto seu direito de condenar à morte permanecer incontestado. E isso porque realmente sujeito a ele está apenas aquele que por ele se deixa matar. A prova derradeira de obediência, aquela que importa, é sempre a mesma. Seus soldados são educados para uma espécie de dupla disponibilidade: são enviados para matar-lhes os inimigos, mas estão também prontos a morrer por ele.  Mesmo os seus demais súditos, porém, os que não são soldados, sabem que o detentor do poder pode investir contra eles a qualquer momento. O pavor que ele dissemina lhe pertence; é seu direito, e em razão desse direito ele é venerado ao máximo. É adotado de forma extrema. Deus infligiu a sentença de morte definitiva sobre os homens e todos aqueles que viverão no futuro. Do humor do poderoso depende quando tal sentença será executa. A ninguém ocorre revoltar-se contra um intento que não teria perspectiva de sucesso. E esse fim pode até ser apressado.

O século XX é o século da guerra, com um número de conflitos militares sérios envolvendo perdas substanciais de vidas, consideravelmente mais alto que em qualquer um dos dois séculos precedentes. No presente século, até agora, mais de 100 milhões de pessoas foram mortas em guerras, uma proporção mais alta da população do mundo do que no século XIX, mesmo considerando-se, segundo Giddens (1991: 20) o crescimento geral da população. Se um conflito militar ainda que limitado eclodisse, a perda de vidas seria estarrecedora, e um conflito social total entre superpotências pode erradicar completamente a humanidade. O mundo em que vivemos hoje é um mundo carregado e perigoso. Isto tem servido para fazer mais do que simplesmente enfraquecer ou nos forçar a provar a suposição de que a emergência da modernidade levaria à formação de uma ordem social mais feliz e mais segura. A perda da crença no progresso, real ou imaginário, é claro, é um dos fatores que fundamentam a dissolução de narrativas da história social. Em várias formas de pensamento, sob outros aspectos divergentes, a sociologia tem sido compreendida como geradora de conhecimento sobre a vida moderna, conhecimento este que pode ser usado no interesse da previsão e do controle. Todavia, temos que dar conta do extremo dinamismo e do escopo globalizante das instituições modernas e explicar a natureza de suas descontinuidades em relação às culturas tradicionais.   

O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do espaço e de sua recombinação em formas que permitem o “zoneamento” tempo-espacial preciso da vida social; do desencaixe dos sistemas sociais que um fenômeno intimamente vinculado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço; e da ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos. Um segundo aspecto é a padronização do tempo através de regiões. Mesmo no final do século XIX, áreas diferentes dentro de um único Estado geralmente tinham “tempos” diferentes, enquanto entre as fronteiras dos países a situação ainda era mais caótica. Enfim, o “esvaziamento do tempo” é em grande parte a pré-condição para o “esvaziamento do espaço” e tem assim prioridade causal sobre ele, pois o desenvolvimento de “espaço vazio” pode ser compreendido em termos da separação entre espaço e lugar. A descoberta de regiões remotas por viajantes e exploradores ocidentais representou a base necessária para ambos. O mapeamento progressivo do globo terráqueo que levou à criação de mapas universais, nos quais a perspectiva desempenhava um papel na representação da posição e forma geográficas, estabeleceu o espaço como independente de qualquer lugar ou região particular.  

Finalmente, sobre a questão da “visão em paralaxe”, segundo Žižek (2008: 271 e ss.) e a questão intrínseca relativa ao circuito da liberdade, o autor ressignifica esta questão, na medida em que tomando a representação contida no universo dos desenhos animados lembra que ela obedece a duas regras opostas, e ambas violam a lógica da realidade ordinária. Primeiro, um gato anda por cima do precipício, sem chão sob as suas patas, mas só cai quando olha para baixo e percebe que não há chão firme sob elas. Depois, um personagem testemunha um ato que vai contra seus interesses (alguém está dirigindo o carro dele, que acabou de ser roubado etc.); o personagem sorri benevolamente e até acena para o passante, e só percebe que o carro é seu tarde demais – e somente aí o sorriso se transforma em consternação... O que essas piadas opostas têm em comum é o “retardo temporal”: o corpo só cai quando toma consciência da falta de chão; o personagem nota tarde demais que o processo que está acontecendo na sua frente o afeta...Entretanto, o papel da tomada de consciência se inverte: o primeiro é semelhante ao da física quântica , já que “observar”, “registrar”, “ter consciência de”, é condição para a realização do evento – ele só acontece de verdade quando alguém toma consciência de sua situação; no segundo caso, a tomada de consciência vem tarde demais, depois que a coisa já aconteceu – não às costas do sujeito, mas bem à sua vista – e o efeito cômico se dá quando assistimos ao sujeito vendo claramente o que está acontecendo diante dele (alguém dirigindo seu carro) sem ter consciência do que isso significa, de como isso afeta, de como ele está envolvido. Embora os dois procedimentos pareçam surreais e até ridículos, em ambos reverbera uma situação da vida real.  

Não é verdade que, comparativamente, abrindo o caminho nesta direção de análise, quando um sistema político está numa crise profunda, só continua a se arrastar porque não percebe que já está morto? O momento em que os que estão no poder (como costumamos dizer) “perdem a fé em si mesmos”, param de acreditar em si, admitem que o jogo acabou, é fundamental. E há sempre uma lacuna temporal entre a tomada de consciência de que “o jogo acabou” e a perda real do poder – os que estão no poder conseguem prolongar seu controle desesperado, as batalhas podem continuar, com montanhas de sangue e de cadáveres, mesmo que o jogo já tenha terminado. Esse mesmo processo político de desintegração de uma estrutura de poder também serve de exemplo para o segundo processo, no qual a consciência está fora de sincronia com o estado real das coisas: os que estão no poder não tem consciência de que seu tempo acabou, que o processo a que assistem é seu próprio funeral, e assim sorriem e acenam como o idiota que acena para o cara que leva seu carro embora. Portanto, os dois procedimentos opostos podem unir-se num único processo: ocorre um X catastrófico, mas o agente afetado continua sem consciência dele e segue sua vida de sempre; só quando ele registra/percebe seu estado é que a catástrofe se realiza, golpeia com toda a força. Não é essa também a maior lição do famoso experimento de Benjamin Libet? A consciência é em si privada de todo e qualquer papel material e aí registra os processos que ocorrem independentemente dela; mas esse registro é crucial se o processo “objetivo” for atualizar a si. Em seu aspecto mais elementar, a liberdade não é a liberdade de fazer o que se quer, mas o que não se quer, frustrar a realização “espontânea” de um ímpeto. Esse é o vínculo entre a liberdade e a “pulsão de morte” freudiana, que é também a pulsão de sabotar a tendência ao prazer. 

E não será por isso que Freud era tão fascinado pelo Moisés de Michelângelo? Ele  lia a estátua como se retratasse o momento em que Moisés, cheio de fúria e com a intenção de esmagar as tábuas do Decálogo, reúne forças para interromper seu ato no meio de sua execução. Assim, quando de maneira bem kantiana, afirma que “[uma] ação voluntária é algo que a pessoa pode fazer quando lhe pedem”, a implicação é precisamente que obedecemos, portanto, a uma ordem que vai contra nossa tendência espontânea. Aqui, Badiou está errado: o gesto ético elementar é um gesto negativo, é bloquear nossa tendência direta. Esse ato livre muda de maneira fundamental as coordenadas de toda situação: Anderton rompe o fechamento da possibilidade futura/passada. A ideia de que o surgimento de um Novo radical muda retroativamente o passado – não o passado real, é claro, mas as possibilidades passadas ou, para usarmos termos mais formais, o verdadeiro valor das proposições modais sobre o passado – foi investigada pela primeira vez por Henri Bergson. Em As duas fontes da moral e da religião, Bergson descreve as estranhas sensações que teve em 4 de agosto de 1914, quando foi declara a guerra entre França e Alemanha: a passagem do abstrato ao concreto. Enfim, destino irracional e institucional para o qual podemos transpor nossa responsabilidade. Recordemos a frase bendita, afirma Slavoj Žižek, d`A importância de ser prudente, de Oscar Wilde: - “Perder um pai ou uma mãe pode ser considerado um infortúnio; mas perder ambos mais parece descuido” – o mesmo não serve para Ted Hughes? – “Perder a esposa que se suicidou pode ser considerado um infortúnio; perder duas mais parece descuido”. A versão de Hughes é uma longa variação do ce n`est pas ma faute, de Valmont, em As ligações perigosas: não fui eu, foi o Destino; como explica ele, a responsabilidade social é “uma fantasia válida apenas no mundo dos advogados, assim como dos moralistas”. Todo esse blábláblá sobre Deusas  Femininas. Destino, astrologia etc., não tem valor ético; é assim que a diferença sexual foi conotada aqui: ela era histérica, inquisidora, autêntica, autodestrutiva, enquanto ele inventava mitologias e punha a culpa no Outro.  

Bibliografia geral consultada.

COSTA, Sérgio Correia, As Quatro Coroas de D. Pedro I. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1995; COLEMAN, Stuart Holmes, Eddie Would Go: A História de Eddieu Aikau, Herói Havaiano. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Gaia, 2004; ELIAS, Norbert, Escritos & Ensaios (I): Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; Idem, O Processo Civilizador: Uma História dos Costumes. Volume 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2011; ŽIŽEK, Slavoj, A Visão em Paralaxe. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008; CASTEL, Robert, La Montée des Incertitudes: Travail, Protections, Statut des Individus. Paris: Éditions du Seuil, 2009; WARSHAW, Matt, The History of Surfing. San Francisco: Chronicle Books, 2010; GUIMARÃES, Rui Enes, Estilo de Vida, Saúde e Surf: Análise do Contributo do Surf para o Estilo de Vida dos seus Praticantes. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Desporto. Porto: Universidade do Porto, 2011; DIAS, Cleber; FORTES, Rafael; MELO, Victor Andrade de, “Sobre as Ondas: Surfe, Juventude e Cultura no Rio de Janeiro dos Anos 1960”. In: Estud. Hist. (Rio J) 25 (49), junho 2012; MOURA, Diego Luz; SOARES, Antonio Jorge Gonçalves, “Esporte de Risco e Risco no Esporte: Uma Análise do Risco percebido no Voo Livre”. In: Rev. educ. fis. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 25 (1) • Jan-Mar 2014; NAVARRO, Eduardo de Almeida, Dicionário de Tupi Antigo: A Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo: Editora Global. 2015; THOMSON, Shaun; MOSER, Patrick, O Código do Surfista. São Paulo: Editora Gaia, 2017; CASTRO, Xavier de; DUVIOLS, Jean-Paul, Idées Reçues sur les Grandes Découvertes: XVe-XVIe Siècles. 2ª edição. Colection Magellane Poche. Paris: Éditions Chandeigne, 2019; CORREIA, Douglas, “Praticante de Voo Livre Morre ao Cair de um Penhasco em Niterói”. In: https://agenciabrasil.ebc.com.br/2019-07/22; FALCÃO, Thiago Brant de Carvalho, Jogos Olímpicos e Esportes de Aventuras: A Inclusão do Surfe na Edição de Tóquio 2020. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física. Escola de Artes, Ciência e Humanidades. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019; PEREIRA, Carlos Arthur Resende, Logos Basileus (A Regência do Sentido): Metafísica, Antropogênese e Etnocentrismo a partir do Pensamento de Martin Heidegger. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2022; entre outros.