“Cada vez que eu voo, dou graças a Deus por ser carioca”. Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes
A necessidade vitalista de comunicar-se sempre foi o motor de todo tipo de codificações expressivas, sendo a linguagem e a escrita instrumentos de comunicação oral e escrita sujeitos as limitações de espaço e lugar e a sua transmissão através da distância entre o emissor e o receptor. Simplificadamente, pode-se dividir em quatro fases a história da codificação de signos e fonemas com sendo ao ser-viço da relação social inter-humana: mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética. A primeira, mnemônica, se caracterizou pelo emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam alheios e não pertenciam ao mesmo sistema convencional de comunicação. Ao antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton (1866–1923), os chineses, e tribos mais recentes, utilizaram com muita frequência o quipo, representando cada um dos cordões usados do ponto de vista comunicativo pelos peruanos, no tempo da monarquia Inca (1438-1533), que formavam um método mnemônico, fundado nas cores e ordem dos cordões, número e disposição de nós, etc., ou série de cordas atadas para comemorar acontecimentos felizes, para servir como instrumentos de cálculo ou resguardar na memória as recordações etnográficas dos mortos das tribos.
Na
segunda, pictórica, a comunicação tem como representação a imagem e se
transmite mediante a pintura, a comunicando a relação dos objetos. Estas
gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados:
utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial.
Na terceira, ideográfica, resulta de uma associação de símbolos pictográficos
com objetos e ideias. Nesta fase os signos se empregam cada vez mais na
representação de ideias, numa progressiva separação da estrutura do objeto de
pensamento que tenciona comunicar e a modelação cada vez mais simbólica que
aproximará no signo alfabético, na escritura. A expressão ideográfica serviu
para as formas primitivas de relatos, tal como podemos valorar na
escritura ideográfica das culturas pré-colombianas ou mesopotâmicas, ainda que
o máximo tipo cultural deste sistema de comunicação foi a escrita hieroglífica
dos egípcios. A fonética, se estabelece quando o signo
representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que depois
chamamos “letras”, como unidade fonética menor.
A
invenção do alfabeto foi o ponto máximo da codificação da comunicação e
foi propiciada precisamente por aqueles povos de maior desenvolvimento social e
de maior inter-relação comercial com os outros povos. O alfabeto representou
uma chave de intercomunicação e ao mesmo tempo um aríete de penetração cultural
em mãos dos povos da antiguidade criadores das primeiras rotas de comércio
marítimo e terrestre. O sistema social condiciona o sistema de comunicação. A
comunicação sempre vem unida à existência da mudança social de mercadoria e à
busca incessante de matérias-primas que já mobilizou aos antigos. As rotas
comerciais e de expansão imperial depredatória da Antiguidade foram autênticos “canais
informativos”, lentos e precários, mas que ainda assim abasteceram aos homens
de um conhecimento aproximado dos limites do mundo terrestre e do espaço
sideral da órbita dos planetas e dos astros das tentações dos outros
considerados desde cada particular forma etnocêntrica do indivíduo na
sociedade. A rota do Cabo, contornando África, viria a ser explorada pelos
Holandeses, e outras potências europeias. As rotas das especiarias que penetravam
seus produtos por intermediários antes de serem revendidos na Europa medieval. Representava
um tempo de medo. Há mil anos, na mesma Europa que agora se prepara para
ingressar, próspera e unida como nunca, no terceiro milênio do calendário
cristão, os homens viviam socialmente o pior dos mundos.
O irreversível desmoronamento, na história social do pensamento europeu, século após século, do que ainda restava de escombros da civilização greco-romana, depois sucedeu-se do fim do Império Romano do Ocidente (476), no século V, transformara o território europeu em campo de batalha onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings, bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos, um sem-fim de povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de “bárbaros”. Além da violência simbólica e física das religiões, a miséria, a ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000. Os proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, com fortificações de árvores e espinheiros e habitações cercadas de paliçadas. Registrou um observador do ano 888: - “Cada qual quer se fazer rei a partir das próprias entranhas”. A cidade, como sede da política e administração, centro do comércio e conhecimento científico, à maneira de Roma, Atenas ou Alexandria clássica, inexistia na “paisagem” ocidental, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de almas, nascidos da presença, nas proximidades, de um mosteiro ou de um vale fértil, ou do fato de se situarem no centro de uma região dominada por um certo príncipe.
Nada,
porém, que se comparasse a Constantinopla (Istambul), capital do Império Romano
do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e
porto movimentado. Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu
eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos
homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes
clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a
boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente muitos
braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a
necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os
mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os
animais selvagens, e terrores imaginários historicamente constituídos na
Europa, como monstros e demônios, espreitavam os aldeões que adentravam a mata
em busca de carne comestível de caça e mel, a única fonte de açúcar dos
europeus. Comparativamente, vista pelos olhos nus a vida tinha tons de pesadelo.
No
período colonial do século XVI ao XVIII, os nascidos na capitania do Rio
de Janeiro eram reconhecidos por “carioca”, devido ao rio Carioca, que era o
rio que fornecia água potável à população sendo aqueles que “bebiam das águas
do Carioca”. No processo civilizatório a capitania do Rio de Janeiro formou-se
na porção setentrional da Capitania de São Vicente, que tinha como limites os pontos
litorâneos ocupados por Macaé no Rio de Janeiro, ao Norte, e Caraguatatuba em São
Paulo, ao Sul. Esta parcela da Capitania havia sido abandonada por seu
donatário Martim Afonso de Sousa (1500-1564), nobre, militar e administrador
colonial, primeiro donatário da Capitania de São Vicente que nunca se
interessou em seu povoamento, deslocando sua atenção e recursos financeiros na
segunda seção, situada no atual litoral de São Paulo. A partir de 1783, por
decreto de D. Luiz de Vasconcelos e Sousa, 4º conde de Figueiró, nascido em Portugal,
em 1º de novembro de 1742 e morto no Rio de Janeiro, em 24 de março de 1809.
Na
história política representou um nobre e administrador colonial português e 12º
vice-rei do Brasil, de 1778 a 1790, quando foi criado novo gentílico civilizado
para o Rio de Janeiro, o “fluminense”, a partir do termo flumen, que
significa rio, em alusão ao Rio de Janeiro. Segundo o relato etnográfico de Dom
Juan Francisco de Aguirre (1508-1581), nobre que visitou o Rio de Janeiro em
março de 1782, os naturais passaram a ser apelidados segundo ele, de “cariocas”
devido ao seu deslumbramento com o Aqueduto da Carioca e suas águas: - “Foi
esse deslumbre pelo seu aqueduto que fez com que os naturais desta cidade
ficassem conhecidos como cariocas, nome da fonte de onde a água que abastece a
região. Logo que estabelecem contato com um europeu, os cariocas apressam-se em
dizer-lhe que essa água tem o poder de enfeitiçá-lo e de fazê-lo fixar
residência na cidade”. Em 1834, o Ato Adicional à Constituição de 1824, o município do Rio de Janeiro se separou
da Província do Rio de Janeiro para constituir o chamado Município Neutro,
com administração vinculada diretamente à corte imperial brasileira.
Após a transferência da Corte portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro, a capitania manteve-se diretamente administrada politicamente pelo governo real, num status diferenciado em relação às demais, cujas administrações eram ligeiramente mais autônomas em relação ao poder central, haja vista sua “principal cidade ter se transformado na capital de todo o reino português”. Com a Independência do Brasil, não se pôde alcançar a maior autonomia administrativa que sua elite social e política aspirava como nas demais capitanias, agora transformadas em províncias, já que ao ministro do Reino, cargo que foi praticamente um “substituto” para o de Vice-Rei, confiava-se a administração fluminense. Aliado a isto, estava o fato social de que a cidade do Rio de Janeiro permaneceu como a capital do reinado do Brasil, o que fazia com que o ministro administrasse a província inteira por meio de “avisos”, os quais dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, cresciam a passos largos devido à ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira no Vale do Paraíba, que já sobrepujava a força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense.
Essas
diferenças com relação às unidades administrativas fizeram com que, em 1834, o
Rio de Janeiro fosse compreendido no Município Neutro, permanecendo como
capital do império e diretamente administrado pelo governo imperial, enquanto a
província do Rio de Janeiro passou a ter a mesma organização
político-administrativa das demais, tendo sua capital na Vila Real da Praia
Grande, no ano seguinte passou a chamar-se Niterói. O Município Neutro passava
a ter uma Câmara eleita pela população e que cuidaria da vida daquela entidade
quase sem interferência do presidente de província ou do gabinete dos
ministros, com exceção dos serviços que ficavam subordinados ao governo
nacional. Em 1889, após a implantação da República no Brasil, a cidade do Rio
de Janeiro continuou como capital do país, e o Município Neutro torna-se o
Distrito Federal após a proclamação da Constituição de 1891. Com a mudança da
capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da
Guanabara. Com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, a
cidade do Rio de Janeiro deixou de ser “compreendida” no estado da Guanabara,
fundido com o estado do Rio de Janeiro, retornando à condição de capital
fluminense. O primeiro processo constitucional iniciou-se com um decreto do
príncipe regente D. Pedro que dia 3 de junho de 1822 convocou a primeira
Assembleia Geral Constituinte e Legislativa para elaborar uma Constituição que
formalizasse a Independência em relação ao potentado reino português.
A primeira Constituição, que deveria ter sido promulgada, foi outorgada e isso porque os desentendimentos, arranjos e acordos entre o imperador e os constituintes demonstrou-se inevitável. A abertura da Assembleia ocorreu em 3 de maio de 1823, para que nesse tempo fosse preparado o terreno político através de censuras, prisões e exílios aos opositores do processo constitucional. O contexto que antecede a Assembleia foi marcado pela articulação política do Brasil contra as tentativas recolonizadoras de Portugal, já presentes na Revolução do Porto em 1820. Neste mesmo cenário político-ideológico, destacaram-se as divergências entre conservadores e liberais. Os primeiros, representados por José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), resistiram inicialmente à ideia de uma Constituinte, mas acabaram mudando de ideia com a defesa de uma centralização política e a limitação do direito de voto. Os liberais por iniciativa de Antônio Gonçalves Ledo (1781-1847), defendiam a eleição direta, a limitação dos poderes de D. Pedro e maior autonomia administrativa das províncias. O texto político da convocação da Constituinte era favorável à permanência da união entre Portugal e Brasil. As cortes portuguesas exigiram o retorno de D. Pedro que acelerou o processo de Independência, rompendo definitivamente com Portugal em 7 de setembro de 1822.
Como a expressão “carioca” é um termo etimológico indígena, os membros da Corte optaram por intitularem-se “fluminenses”, tendo a palavra “carioca” tornado-se uma sobrevivência pelo uso popular, principalmente nas demais províncias do segundo reinado no Brasil. Em 1891, após a Proclamação da República do Brasil em 1889, o Município Neutro transformou-se no Distrito Federal e a província do Rio de Janeiro transformou-se no estado do Rio de Janeiro. Em 1960, com a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara, que adotou então oficialmente a designação “carioca” pela primeira vez para os habitantes do novo Estado. Com a fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, em 1975, o então estado da Guanabara passou a integrar o atual estado do Rio de Janeiro. Oficialmente, optou-se por “fluminense” como gentílico oficial do novo estado, reduzindo-se o gentílico “carioca” a gentílico municipal. Contudo, a maioria dos habitantes do estado do Rio de Janeiro preferem a designação carioca a fluminense, geograficamente na Região Metropolitana, Costa Verde e Região dos Lagos, e desde 2000 o movimento social Somos Todos Cariocas busca o reconhecimento de carioca como gentílico cooficial do estado do Rio de Janeiro.
Do ponto de vista metodológico notou Norbert Elias (2011) que o conceito de civilização se refere a uma grande variedade de fatos: em primeiro lugar ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias religiosas e aos costumes. Pode se referir primordialmente aos tipos de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma “civilizada” ou “incivilizada”. Daí ser sempre difícil sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever etnograficamente civilização. Mas não significa a mesma coisa para diferentes nações ocidentais. Acima de tudo, é grande a diferença entre a forma como ingleses e franceses empregam a palavra, por um lado, e os alemães, por outro. O conceito resume em uma única palavra seu orgulho pela importância de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade. Quando no emprego feliz que lhe é dado, a Zivilisation, significa algo de fato útil, mas, apesar disso, apenas um valor de segunda classe, compreendendo apenas a aparência externa dos seres humanos, a superfície da existência humana.
A
palavra pela qual os alemães se interpretam, que mais do que a qualquer outra
expressa-lhes o sentimento de orgulho em suas próprias realizações e no próprio
ser, é Kultur, pois são inteiramente claras no emprego interno da
sociedade a que pertencem. O conceito francês e inglês de civilização pode ser
referir a fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou
sociais. O conceito alemão da palavra Kultur alude basicamente a fatos
intelectuais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de traçar uma
nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos,
econômicos e sociais, por outro lado. Os conceitos francês e inglês de
civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou
“comportamento”, pouco importando se realizaram alguma coisa. No conceito
alemão de Kultur, em contraste, a referência a comportamento, o valor
que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem absolutamente
qualquer realização, é de fato considerado muito secundário.
O
sentido alemão de Kultur encontra sua expressão mais clara derivado no
adjetivo Kulturell, que descreve o caráter e valor de determinados
produtos humanos, e não o valor intrínseco. O conceito inerente a Kulturell,
porém não pode ser traduzido exatamente para o francês e o inglês. A palavra kultiviert
(cultivado) aproxima-se muito do conceito ocidental de civilização. Até certo
ponto, representa a forma mais alta de ser civilizado: até mesmo pessoas e
famílias que nada realizaram de kulturell pode ser kultiviert. Tal como a
palavra “civilizado”, kultiviert refere-se primariamente à forma da conduta ou
comportamento da pessoa. Descreve a qualidade social das pessoas, suas
habitações, suas maneiras, sua fala, suas roupas, ao contrário de kulturell,
que não alude diretamente às próprias pessoas, mas exclusivamente a realizações
humanas peculiares. Há outra diferença entre os dois conceitos estreitamente
vinculada a isto. “Civilização” descreve um processo ou, pelo menos, seu
resultado. Diz respeito a algo que está em movimento constante, movendo-se
incessantemente “para a frente”.
O
conceito alemão de Kultur, no emprego corrente do dia a dia, implica uma
relação social diferente, com movimento. Reporta-se a produtos humanos que são
semelhantes a “flores do campo”, a obras de arte, livros, sistemas religiosos
ou filosóficos, nos quais se expressa a individualidade de um povo. O conceito Kultur
delimita claramente. Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza
as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres
humanos ou – na opinião dos que o possuem – deveria sê-lo. Manifesta a
autoconfiança de povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional foram
plenamente estabelecidas, desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer
discussão, povos que há muito se expandiram fora de suas fronteiras e
colonizaram terras muito além delas. Em contraste, o conceito alemão de Kultur
dá ênfase especial a diferenças nacionais e à identidade particular de grupos.
Em virtude disto, o conceito adquiriu em pesquisa etnológica e antropológica
uma significação muito além da área linguística alemã e da situação em que se
originou o conceito. É a representação histórica e pontual da existência humana.
Voo livre é um esporte radical não motorizado, que utiliza as atividades térmicas e do vento na Camada atmosférica para realizar voos locais ou de grande distância, possibilitando alterar tanto a velocidade quanto à trajetória, e ainda escolher o local preciso de pouso. O voo é silencioso. O piloto pode perceber a estrutura espacial e as varrições dos vórtices do escoamento atmosférico de maior ou menor dimensão em relação a dimensão da aeronave. Dessa forma distingue-se do paraquedismo, do jumping, uma forma de locomoção ou movimento em que um organismo ou sistema mecânico não vivo, por exemplo, robótico, se impulsiona pelo ar ao longo de uma trajetória balística. O salto pode ser diferenciado da corrida, do galope e de outros andamentos em que todo o corpo está temporariamente no ar, pela duração relativamente longa da fase aérea e pelo alto ângulo de lançamento inicial e do balonismo, reconhecido pela Federation Aeronautique Internacionale como o “desporto aéreo mais seguro, com índices de acidentes próximo à zero”. sendo mais próximo do voo das aves que plainam durante o movimento de ascensão ou deslocamento helicoidal. As duas principais modalidades são o parapente e a asa-delta. Em Portugal, existe a Federação de Voo Livre, Parapente e Asa Delta que opera na Serra da Arrábida, no distrito de Setúbal.
O
momento de sobreviver é o momento de poder. O horror ante a visão da morte desfaz-se
em satisfação pelo fato de não ser o morto. Este jaz, ao passo que o
sobrevivente permanece de pé. É, pois, como se anteriormente tivesse havido uma
luta, e o próprio sobrevivente houvesse abatido o morto. Em se tratando de
sobreviver, todos são inimigos de todos; comparado a esse triunfo elementar,
toda dor nesta extensão é pequena. Importante é, contudo, que o sobrevivente se
defronte sozinho com o morto ou os mortos. Ele se vê sozinho, sente-se sozinho,
e, no que diz respeito ao poder que esse momento lhe confere, segundo Canetti
(1995), “não é lícito esquecer jamais que tal poder deriva dessa sua unicidade,
e somente dela”. Todos os desígnios humanos com vistas à imortalidade contêm
algo da ânsia de sobreviver. Não se quer apenas existir para sempre: quer-se
existir quando outros já não existirem. Cada um quer ser o mais velho e
sabe-lo; e quando ele próprio não mais existir, hão de conhecer-lhe o nome. A
forma mais baixa do sobreviver é o matar. Assim como o homem mata o animal de
que se assemelha; assim como este jaz indefeso diante dele, que pode cortá-lo
em pedaços e reparti-lo, na qualidade de presa que incorpora para si e para os
seus, assim também ele quer matar o ser humano que lhe atravesse o caminho, que
o enfrente e que, ereto se apresente como seu inimigo. Quer matá-lo para sentir
que segue existindo, ao passo que ele não mais.
O morto, porém, não deve desaparecer por completo: sua presença física como cadáver é imprescindível a esse sentimento de triunfo. Agora pode-se fazer com ele o que se quiser, sem que ele seja capaz de fazer mal algum. O morto jaz e jazerá para sempre; jamais tornará a levantar-se. Pode-se tomar-lhe a arma; podem-se cortar fora pedaços de seu corpo e conservá-los para sempre como troféus. Esse momento da confrontação com aquele a quem matou impregna o sobrevivente de uma espécie de força bastante singular, não comportável a nenhum outro tipo de força. Não há momento que mais clame por seu próprio retorno. E isso porque o sobrevivente sabe de muitas mortes. Se este presente a uma batalha, assistiu aos outros tombando à sua volta. Partiu para a batalha com o propósito muito consciente de afirmar-se perante os inimigos. Seu objetivo declarado era abater o maior número possível deles, e somente logrará vencer se consegui-lo. Para ele, vitória e sobrevivência são uma coisa só. Contudo, também os vitoriosos têm seu preço a pagar. Em meio aos mortos, jazem muitos dos seus. O campo de batalha compõe-se de uma mesma mescla de amigos e inimigos; o amontoado dos mortos é um só. Nas batalhas, por vezes ocorre de não se poder separar os mortos de ambos os lados: uma vala comum reunirá, então, os restos de todos. O corpo humano apresenta-se nu e frágil, exposto em sua maciez a todo e qualquer ataque. O que lhe está próximo e que, com arte e esforço, o homem logra manter afastado de seu corpo pode, no entanto, ser facilmente atingi-lo de longe. A espada, a lança e a flecha conseguem penetrar-lhe o corpo. Assim, o homem inventou o escudo e a armadura, e construiu muros e fortalezas inteiras em torno de si. Mas a segurança que ele mais deseja é o sentimento de invulnerabilidade.
O Brasil seja sua representação, territorialidade e cultura, é considerado o Havaí do voo livre. Governador Valadares (MG) tem o título de Capital Mundial do Voo Livre. O país também possui cidades de renome no esporte. A Praia do Pepê é um trecho da praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que fica entre o quebra mar e a barraca do Pepê. O nome é uma homenagem a Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes, o Pepê, que era o proprietário da barraca que até hoje existe naquele trecho. Pepê era, além de “empresário da praia”, praticante de esportes radicais e uma verdadeira “alegoria da geração saúde carioca”. Era surfista de renome, figurando entre os 20 melhores surfistas do mundo, e tendo sido tricampeão brasileiro. Ao trocar o surf pelo voo livre, tornou-se campeão mundial em 1981. A asa delta estava no auge de popularidade internacional. Ele morreu tragicamente aos 34 anos, em 1991, num acidente de asa delta quando disputava o campeonato mundial no Japão. Pepê foi o pioneiro na venda de sanduíches e sucos naturais numa época em que as barracas de praia tinham cardápios restritos para consumo. Seus produtos conquistaram um público cativo entre surfistas, praticantes de voo livre e atletas em geral, o que acabou tornando aquele trecho da orla mais bem frequentados do carioca. A praia é badalada e parada quase obrigatória de artistas e de uma legião de corpos esculpidos em muita malhação.
O
outro caminho, porém, é aquele de que ele sempre se orgulhou mais. Desse
caminho, todas as antigas tradições se gabam e se jactam abundantemente. O
homem foi até o perigo e o enfrentou. Deixou que ele se aproximasse o mais
possível, apostando tudo no momento da decisão. De todas as situações
possíveis, escolheu a própria fragilidade e intensificou-a ao máximo. Fez de
alguém seu inimigo e o desafiou. Talvez esse alguém fosse seu inimigo; talvez
tenha sido ele a denomina-lo assim. Seja qual for o caso particular, o que
visava era o perigo supremo e a inevitabilidade da decisão. Esse é o caminho do
herói. E o que quer o herói? O
que ele realmente busca? A glória de que todos os povos revestiram seus heróis
– uma glória tenaz, nada efêmera, se seus feitos foram variados ou sucederam-se
com rapidez suficiente – é enganosa no que se refere às motivações mais
profundas de tais feitos. Supõe-se que os heróis estavam atrás unicamente da
fama, mas acreditamos que o originalmente lhes importava era outra coisa: o sentimento
de invulnerabilidade que, desse modo, se podia adquirir num, rápido crescendo. A situação concreta na qual o herói se
encontra após ter vencido o perigo é aquela do sobrevivente. O inimigo
queria-lhe a vida, assim como ele a do inimigo. Enfrentaram-se com esse
objetivo declarado e inalterado. O inimigo foi morto.
Ao herói nada aconteceu durante o combate. Impregnado do fato monstruoso da sua sobrevivência, ele se lança ao próximo combate. Nenhum mal se lhe pode ou poderá fazer. De vitória em vitória, de um inimigo morto ao outro, ele vai se sentindo mais seguro: sua invulnerabilidade aumenta – uma armadura cada vez melhor. Não há como obter esse sentimento de outra maneira. Aquele que baniu o perigo, aquele que se esconde que dele se esconde, este simplesmente adiou o momento da decisão. Quem, porém, enfrenta tal momento nevrálgico, quem realmente sobrevive e acumula esses momentos de sobrevivência, este sim será capaz de adquirir o sentimento de invulnerabilidade. E só será verdadeiramente um herói no instante em que o adquirir. Daí em diante, ousará tudo e nada terá a temer. É possível que tendamos a admirá-lo mais enquanto ele ainda tem motivo para o medo. Esse, porém, é o ponto de vista do observador externo. O povo quer seus heróis invulneráveis. Os feitos do herói absolutamente não se esgotam nesses duelos selecionados. Ele poderá se haver com toda uma malta de inimigos; o fato de ataca-los a despeito de seu número, de não apenas escapar-lhes, mas matar a todos, pode estabelecer de um só golpe o sentimento de sua invulnerabilidade. A satisfação de sobreviver é uma espécie de prazer, pode transformar-se numa paixão perigosa e insaciável. Ela cresce em função das oportunidades per si.
Isto quer dizer o seguinte: quanto maior o amontoado de mortos em meios aos quais, vivo, ergue-se o sobrevivente; quanto maior a frequência com que ele experimenta tais amontoados, tanto mais vigorosa e impreterível tornar-se-á sua necessidade deles. A carreiras de heróis e mercenários confirmam que uma espécie de vício tem origem aí, um vício para o qual já não há remédio. A explicação habitual que se dá para tanto afirma que tais homens só são capazes ainda de respirar em meio ao perigo; que toda existência desprovida de perigos ser-lhes-ia triste e insípida; e que não seriam mais capazes de extrair prazer algum de uma vida pacífica. Não se deve subestimar a tração exercida pelo perigo. O que se esquece, porém, é que essa gente não parte sozinha para suas aventuras, mas faz-se acompanhar de outras pessoas as quais sucumbem ao perigo. O que esses homens realmente precisam, aquilo de que não mais podem prescindir, é do sempre renovado prazer de sobreviver. O que ocorre, porém, não é que, para a satisfação desse prazer, se necessite sempre expor-se a si próprio ao perigo. Contrariamente, poder-se-ia definir o tipo paranoico de detentor do poder como aquele que se vale de todos os meios para afastar de si o perigo. Em vez de desafiá-lo e confrontá-lo, em vez de deixar que a decisão se dê no seu enfrentamento – uma decisão poderia também ser desfavorável -, ele busca bloquear-lhe o caminho com astúcia e cautela. Um tal tipo criará em torno de si espaços livres que possa abranger com a vista, notando e estudando cada indício de aproximação do perigo. A partir de todas as direções, a consciência de ter de se haver com muitos, junto e a um só tempo, poderiam atacá-lo o mantém desperto. O perigo por excelência é a sua relação com a morte.
É importante ipso facto estudar e apreender minuciosamente como o detentor de poder se posiciona diante dela. Sua primeira e decisiva característica é seu direito sobre a vida e a morte. Dele ninguém pode aproximar-se; quem lhe traz uma mensagem, quem precisa aproximar-se, é revistado à procura de armas. A morte é sistematicamente mantida longe do poderoso: ele próprio é quem pode e deve determiná-la. E deve fazê-lo com a frequência que desejar. Sua sentença de morte é sempre cumprida. Ela é o seio de seu poder, que só será absoluto enquanto seu direito de condenar à morte permanecer incontestado. E isso porque realmente sujeito a ele está apenas aquele que por ele se deixa matar. A prova derradeira de obediência, aquela que importa, é sempre a mesma. Seus soldados são educados para uma espécie de dupla disponibilidade: são enviados para matar-lhes os inimigos, mas estão também prontos a morrer por ele. Mesmo os seus demais súditos, porém, os que não são soldados, sabem que o detentor do poder pode investir contra eles a qualquer momento. O pavor que ele dissemina lhe pertence; é seu direito, e em razão desse direito ele é venerado ao máximo. É adotado de forma extrema. Deus infligiu a sentença de morte definitiva sobre os homens e todos aqueles que viverão no futuro. Do humor do poderoso depende quando tal sentença será executa. A ninguém ocorre revoltar-se contra um intento que não teria perspectiva de sucesso. E esse fim pode até ser apressado.
O
século XX é o século da guerra, com um número de conflitos militares sérios
envolvendo perdas substanciais de vidas, consideravelmente mais alto que em
qualquer um dos dois séculos precedentes. No presente século, até agora, mais
de 100 milhões de pessoas foram mortas em guerras, uma proporção mais alta da
população do mundo do que no século XIX, mesmo considerando-se, segundo Giddens
(1991: 20) o crescimento geral da população. Se um conflito militar ainda que
limitado eclodisse, a perda de vidas seria estarrecedora, e um conflito social
total entre superpotências pode erradicar completamente a humanidade. O mundo
em que vivemos hoje é um mundo carregado e perigoso. Isto tem servido para
fazer mais do que simplesmente enfraquecer ou nos forçar a provar a suposição
de que a emergência da modernidade levaria à formação de uma ordem social mais
feliz e mais segura. A perda da crença no progresso, real ou imaginário, é
claro, é um dos fatores que fundamentam a dissolução de narrativas da história
social. Em várias formas de pensamento, sob outros aspectos divergentes, a
sociologia tem sido compreendida como geradora de conhecimento sobre a vida
moderna, conhecimento este que pode ser usado no interesse da previsão e do
controle. Todavia, temos que dar conta do extremo dinamismo e do escopo
globalizante das instituições modernas e explicar a natureza de suas
descontinuidades em relação às culturas tradicionais.
O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempo e do espaço e de sua recombinação em formas que permitem o “zoneamento” tempo-espacial preciso da vida social; do desencaixe dos sistemas sociais que um fenômeno intimamente vinculado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço; e da ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos. Um segundo aspecto é a padronização do tempo através de regiões. Mesmo no final do século XIX, áreas diferentes dentro de um único Estado geralmente tinham “tempos” diferentes, enquanto entre as fronteiras dos países a situação ainda era mais caótica. Enfim, o “esvaziamento do tempo” é em grande parte a pré-condição para o “esvaziamento do espaço” e tem assim prioridade causal sobre ele, pois o desenvolvimento de “espaço vazio” pode ser compreendido em termos da separação entre espaço e lugar. A descoberta de regiões remotas por viajantes e exploradores ocidentais representou a base necessária para ambos. O mapeamento progressivo do globo terráqueo que levou à criação de mapas universais, nos quais a perspectiva desempenhava um papel na representação da posição e forma geográficas, estabeleceu o espaço como independente de qualquer lugar ou região particular.
Finalmente,
sobre a questão da “visão em paralaxe”, segundo Žižek (2008: 271 e ss.) e a
questão intrínseca relativa ao circuito da liberdade, o autor ressignifica esta
questão, na medida em que tomando a representação contida no universo dos desenhos
animados lembra que ela obedece a duas regras opostas, e ambas violam a lógica
da realidade ordinária. Primeiro, um gato anda por cima do precipício, sem chão
sob as suas patas, mas só cai quando olha para baixo e percebe que não há chão
firme sob elas. Depois, um personagem testemunha um ato que vai contra seus interesses
(alguém está dirigindo o carro dele, que acabou de ser roubado etc.); o
personagem sorri benevolamente e até acena para o passante, e só percebe que o
carro é seu tarde demais – e somente aí o sorriso se transforma em
consternação... O que essas piadas opostas têm em comum é o “retardo temporal”:
o corpo só cai quando toma consciência da falta de chão; o personagem nota
tarde demais que o processo que está acontecendo na sua frente o
afeta...Entretanto, o papel da tomada de consciência se inverte: o primeiro é
semelhante ao da física quântica , já que “observar”, “registrar”, “ter consciência
de”, é condição para a realização do evento – ele só acontece de verdade quando
alguém toma consciência de sua situação; no segundo caso, a tomada de consciência
vem tarde demais, depois que a coisa já aconteceu – não às costas do sujeito,
mas bem à sua vista – e o efeito cômico se dá quando assistimos ao sujeito
vendo claramente o que está acontecendo diante dele (alguém dirigindo seu
carro) sem ter consciência do que isso significa, de como isso afeta, de como
ele está envolvido. Embora os dois procedimentos pareçam surreais e até
ridículos, em ambos reverbera uma situação da vida real.
Não é verdade que, comparativamente, abrindo o caminho nesta direção de análise, quando um sistema político está numa crise profunda, só continua a se arrastar porque não percebe que já está morto? O momento em que os que estão no poder (como costumamos dizer) “perdem a fé em si mesmos”, param de acreditar em si, admitem que o jogo acabou, é fundamental. E há sempre uma lacuna temporal entre a tomada de consciência de que “o jogo acabou” e a perda real do poder – os que estão no poder conseguem prolongar seu controle desesperado, as batalhas podem continuar, com montanhas de sangue e de cadáveres, mesmo que o jogo já tenha terminado. Esse mesmo processo político de desintegração de uma estrutura de poder também serve de exemplo para o segundo processo, no qual a consciência está fora de sincronia com o estado real das coisas: os que estão no poder não tem consciência de que seu tempo acabou, que o processo a que assistem é seu próprio funeral, e assim sorriem e acenam como o idiota que acena para o cara que leva seu carro embora. Portanto, os dois procedimentos opostos podem unir-se num único processo: ocorre um X catastrófico, mas o agente afetado continua sem consciência dele e segue sua vida de sempre; só quando ele registra/percebe seu estado é que a catástrofe se realiza, golpeia com toda a força. Não é essa também a maior lição do famoso experimento de Benjamin Libet? A consciência é em si privada de todo e qualquer papel material e aí registra os processos que ocorrem independentemente dela; mas esse registro é crucial se o processo “objetivo” for atualizar a si. Em seu aspecto mais elementar, a liberdade “não é a liberdade de fazer o que se quer, mas o que não se quer”, frustrar a realização “espontânea” de um ímpeto. Esse é o vínculo entre a liberdade e a “pulsão de morte” freudiana, que é também a pulsão de sabotar a tendência ao prazer.
E não será por isso que Freud era tão fascinado pelo Moisés de Michelângelo? Ele lia a estátua como se retratasse o momento em que Moisés, cheio de fúria e com a intenção de esmagar as tábuas do Decálogo, reúne forças para interromper seu ato no meio de sua execução. Assim, quando de maneira bem kantiana, afirma que “[uma] ação voluntária é algo que a pessoa pode fazer quando lhe pedem”, a implicação é precisamente que obedecemos, portanto, a uma ordem que vai contra nossa tendência espontânea. Aqui, Badiou está errado: o gesto ético elementar é um gesto negativo, é bloquear nossa tendência direta. Esse ato livre muda de maneira fundamental as coordenadas de toda situação: Anderton rompe o fechamento da possibilidade futura/passada. A ideia de que o surgimento de um Novo radical muda retroativamente o passado – não o passado real, é claro, mas as possibilidades passadas ou, para usarmos termos mais formais, o verdadeiro valor das proposições modais sobre o passado – foi investigada pela primeira vez por Henri Bergson. Em As duas fontes da moral e da religião, Bergson descreve as estranhas sensações que teve em 4 de agosto de 1914, quando foi declara a guerra entre França e Alemanha: a passagem do abstrato ao concreto. Enfim, destino irracional e institucional para o qual podemos transpor nossa responsabilidade. Recordemos a frase bendita, afirma Slavoj Žižek, d`A importância de ser prudente, de Oscar Wilde: - “Perder um pai ou uma mãe pode ser considerado um infortúnio; mas perder ambos mais parece descuido” – o mesmo não serve para Ted Hughes? – “Perder a esposa que se suicidou pode ser considerado um infortúnio; perder duas mais parece descuido”. A versão de Hughes é uma longa variação do ce n`est pas ma faute, de Valmont, em As ligações perigosas: não fui eu, foi o Destino; como explica ele, a responsabilidade social é “uma fantasia válida apenas no mundo dos advogados, assim como dos moralistas”. Todo esse blábláblá sobre Deusas Femininas. Destino, astrologia etc., não tem valor ético; é assim que a diferença sexual foi conotada aqui: ela era histérica, inquisidora, autêntica, autodestrutiva, enquanto ele inventava mitologias e punha a culpa no Outro.
Bibliografia geral
consultada.
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