“Ele nos ensinou, ou lembrou, que tudo
podia ser dito - essa a sua audácia, mas
segundo certas regras do bem-dizer - essa a sua prudência”. Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sartre era filho de
Jean-Baptiste Marie Eymard Sartre, oficial da marinha francesa e de Anne-Marie
Sartre, nascida Anne Marie Schweitzer. Quando seu filho nasceu, Jean-Baptiste
tinha uma doença crônica adquirida em uma missão na Cochinchina. Após o
nascimento de Jean-Paul, ele sofreu uma recaída e retirou-se com a família para
Thiviers, sua terra natal, onde morreu em 21 de setembro de 1906. Jean-Paul,
órfão de pai, e então com 15 meses, muda-se para Meudon com sua mãe, onde
passam a viver na casa de seus avós maternos. O avô de Sartre, Charles
Schweitzer nasceu em uma tradicional família protestante alsaciana da qual faz
parte, entre outros, o famoso missionário Albert Schweitzer (1875-1965),
sobrinho de Charles. Ao fim da Guerra Franco-Prussiana, Charles optou pela
cidadania francesa e tornou-se professor de alemão em Mâcon onde conheceu e casou-se
com Louise Guillemin, de origem grega, com quem teve sete filhos, George, Émile
e Ana-Maria. Após o regresso de Anne-Marie, os quatro viveram em Meudon até
1911. O pequeno Poulou, como Jean-Paul era chamado, dividia o quarto com
a mãe. Em seu romance autobiográfico Les Mots confessa que cedo a
considerava mais como irmã mais velha do que como mãe. De sua infância ao
fim da adolescência, Sartre vive uma vida típica burguesa de mimos e
proteção.
Até
os 10 anos de idade foi educado em casa por seu avô e por alguns preceptores
contratados. Com pouco contato com outras crianças, o menino tornou-se, em suas
próprias palavras, um “cabotino” e aprendeu a usar a representação para atrair
a atenção dos adultos com sua precocidade. Em 1911, a família Sartre mudou-se
para Nobres. Passa a ter acesso à biblioteca de obras clássicas francesas e
alemãs pertencente ao seu avô. Após aprender a ler, alterna a leitura
de Hugo, Flaubert, Mallarmé, Corneille, Maupassant e Goethe, com os quadrinhos
e romances de aventura que sua mãe comprava semanalmente às escondidas do avô. Jean-Paul
Sartre considerava serem essas as suas “verdadeiras leituras”, uma vez que a
leitura dos clássicos era realizada ex-officio por obrigação educacional. A essas boas influências,
junta-se posteriormente o cinema, que frequentava com sua mãe e que se tornaria
mais tarde um de seus maiores interesses. A escrita consiste na utilidade de uso, de
sinais, para exprimir o binômio produção-consumo das ideias humanas. A grafia é uma representação escrita e uma tecnologia poderosa de comunicação, historicamente criada e desenvolvida na sociedade
humana que consiste em registrar marcas em um suporte.
Os
instrumentos usados para se escrever e os suportes em que ela é registrada
podem, em princípio, ser infinitos. Embora, tradicionalmente, conceba-se que a
escrita tem durabilidade enquanto a fala seria mais volátil, os instrumentos,
suportes, suportação, sentido e formas de circulação social, bem como a função
comunicativa do texto escrito, são determinantes para sua durabilidade desde a
origem inicial da escrita. Como meio de representação, a escrita é uma
codificação sistemática de sinais gráficos que permite registrar com precisão a
linguagem falada por meio de sinais regularmente dispostos; óbvia exceção a
esta regra é a moderna escrita Braille, cujos sinais são táteis. É um
sistema que foi oficializado em 1852 para possibilitar que pessoas portadoras
de deficiência visual, parcial ou total, tivessem acesso à leitura. O sistema de
conhecimento recebeu essa nomenclatura em homenagem ao francês Louis Braille
(1809-1852), responsável pela criação desse código para cegos. Ele é utilizado
em quase todos os países do mundo, com pequenas diferenças de uma região para
outra. A escrita se diferencia dos pictogramas em que estes não só têm uma
estrutura sequencial linear evidente. Existem dois tipos de escrita, essencialmente
aquela baseada em ideogramas, que representa conceitos, e outrossim, aquela
baseada em grafemas, que representam a percepção de sons ou grupos de
sons; um tipo de escrita baseada em grafemas é a alfabética.
As
escritas hieroglíficas são as mais antigas e originárias das escritas
propriamente ditas: por exemplo; a escrita cuneiforme foi primeiramente hieroglífica
até que certos hieróglifos obtiveram um valor fonético e se observam como uma
transição entre os pictogramas e os ideogramas. Nos tempos
modernos a escrita hieroglífica tem sido deixada de lado, existindo então
atualmente dois conjuntos de escritas principais: as baseadas em grafemas,
isto é, escritas “cujos sinais representam a percepção de sons”, e escritas ideogramáticas,
melhor dizendo, escritas “cujos sinais são conceitos, ideias, representações”.
Do primeiro conjunto, o das escritas grafêmicas, destacam-se, segundo a
extensão atual de sua utilidade de uso, as escritas românicas, baseadas no
alfabeto latino, arábicas, baseadas no alfabeto arábico, cirílicas, hebraicas,
baseadas no alfabeto hebraico, helênicas, baseadas no alfabeto grego, hindus,
em geral baseadas no devanagari , ou seja, no ensino prácrito, marata,
sânscrito etc.,e em menor medida as escritas alfabéticas de origem dentre
os povos/tribos armênias, etiópicas, abugidas baseadas no ghez,
coreanas, georgianas, birmaneses, coptas etc. As escrituras glagolíticas e
gótica têm decaído crescentemente em desuso. Na maioria das vezes, a intenção
da escrita é a reprodução de textos pontuais que serão alvos das atividades de leitura e de escrita.
André
Paul Guillaume Gide (1869-1951) foi um escritor francês. Recebeu o Nobel de
Literatura de 1947. Oriundo de uma família da alta burguesia, foi o fundador da
revista Nouvelle Revue Française (1908) e da Editora Gallimard (1911)
com sede na França. André Gide não somente era homossexual
assumido, como também falava abertamente em favor dos “direitos dos
homossexuais”, tendo escrito e publicado, entre 1910 e 1924, um libelo “destinado
a combater os preconceitos” em torno da noção de homofobia da sociedade de seu tempo, Corydon”. Liberdade e libertação recusando restrições morais
e puritanas, a sua obra busca a permanentemente questão temática abstrata da “honestidade
intelectual: como ser igual a si mesmo, ao ponto de assumir a sua
pederastia e a sua homossexualidade”. Entre as suas obras mais importantes, fora de dúvida e ressentimentos estão Os Frutos da Terra (1897), O Imoralista (1902) A
Sinfonia Pastoral (1919), Corydon (1924), e Os Moedeiros Falsos (1926).
Lembramos com Jurandir Freire Costa, médico psiquiatra, professor, escritor no ensaio: A Inocência e o Vício: Estudos sobre o
Homoerotismo (1992):- O termo homossexualismo
nos vemos implicados no constructo histórico-político-econômico-libidinal
burguês do século XIX, o qual caracteriza a humanidade como subdividida em “hetero
e homossexuais”, correlativa à “normal/patológico” (cf. Canguilhem, 1995), que transforma as vivências
da experiência sexual desses sujeitos em desvio de personalidade. Remete à
construção histórica a figura imaginária do homossexual como uma
modalidade do humano (ou desumano) com perfil psicológico único, fruto pari passu não só da sua natureza humana, como também do
contexto social e político no qual nasceu, cresceu e desenvolveu , os espaços ocupados e a
cultura como prática de liberdade a qual está inserido. Falar de
homossexualidade é falar de uma personagem imaginária que teve historicamente a
função de ser antinorma do ideal de masculinidade burguês”. As teses de Michel Foucault e de Píer Paolo Pasolini sobre a constituição do
dispositivo discursivo da sexualidade encontram-se em uma dupla
crítica analítica: histórica e metodológica – que leva à hipótese
repressiva da sexualidade. O século XVII é o ponto de
partida da repressão própria das sociedades burguesas, e
da qual ainda não estivéssemos per se liberados.Denominar o sexo seria, nesse
momento, inevitavelmente mais difícil e custoso.
Como
se, para dominá-lo no plano real, tivesse sido necessário, primeiro, reduzi-lo
ao nível da linguagem, controlar sua livre circulação no discurso, bani-lo das
coisas ditas e extinguir as palavras que o tornam presente de maneira demasiado
sensível. Dir-se-ia mesmo que essas interdições temiam chama-lo pelo nome. Sem
mesmo ter que dizê-lo, o pudor moderno obteria que não se falasse dele,
exclusivamente por intermédio de proibições, segundo Foucault (1984), que se
completam mutuamente: mutismo que, de tanto calar-se, impõe o silêncio.
Censura. Esse, o nó górdio entre Michel Foucault na filosofia e Píer Paolo
Pasolini na arte cinematográfica. Pasolini era um artista solitário. Antes de
ficar famoso como cineasta tinha sido professor, poeta e novelista. Entre seus
livros mais reconhecidos estão: “Meninos da Vida”, “Uma Vida Violenta” e
“Petróleo” (livro). De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos
com lentes muito grossas. Em 26 de janeiro de 1947 escreveu uma declaração
polêmica, mas atual, para a primeira página do jornal Libertà: - Em
nossa opinião, pensamos que, atualmente, só o comunismo é capaz de
fornecer uma nova cultura. Após a adesão ao Partido Comunista Italiano
(PCI), participou de manifestações e, em maio de 1949, do Congresso da Paz
em Paris.
Considerando-se
esses três últimos séculos em suas contínuas transformações, as coisas aparecem
bem diferentes: em torno e a propósito do sexo há uma verdadeira explosão
discursiva. É preciso ficar claro. Talvez tenha havido uma depuração – e
bastante rigorosa – do vocabulário autorizado. Pode ser que se tenha codificado
toda uma retórica da alusão e da metáfora. Novas regras de decência, sem dúvida
alguma, ficaram nas palavras: polícia dos enunciados. Controle também das
enunciações: definiu-se de maneira muito mais estrita onde e quando não era
possível falar dele; em que situações, entre quais locutores, e em que relações
sociais; estabeleceram-se assim, regiões, senão de silêncio absoluto, pelo
mesmo de tato e descrição: entre pais e filhos, por exemplo, ou educadores e
alunos, patrões e serviçais. É quase certo ter havido aí uma economia
restritiva. Ela se integra nessa política da língua e da palavra – espontânea
por um lado e deliberada por outro – que acompanhou as redistribuições sociais
da época clássica. Em compensação, no nível dos discursos e de seus domínios, o
fenômeno é quase inverso.
Sobre
o sexo, os discursos específicos, diferentes tanto pela forma como
pelo objeto de pensamento – não cessaram de proliferar: uma fermentação discursiva
que se acelerou a partir do século XVIII. Foucault (1984) infere que não
considera tanto, aqui, na multiplicação provável dos discursos “ilícitos”,
discursos de infração que denominam o sexo cruamente por insulto ou zombaria
aos novos pudores; o cerceamento das regras de decência provocou,
provavelmente, como contra-efeito, uma valorização e uma intensificação do
discurso indecente. Mas o essencial é a multiplicação dos discursos sobre o
sexo no próprio campo do exercício do poder: incitação institucional a falar do
sexo e a falar dele cada vez mais; obstinação das instâncias do poder a ouvir
falar e fazê-lo falar sob a forma de articulação explícita e do detalhe
infinitamente acumulado. Consideremos a evolução da pastoral católica e do
sacramento da confissão, depois do Concílio de Trento. Cobre-se
progressivamente, a nudez das questões que os manuais de confissão da
Idade Média formulavam e grande número daquelas que eram correntes no século
XVII. Evita-se entrar nessa enumeração que, durante muito tempo, alguns, como Solange
Sanchez ou Thomas Tamburini, acreditaram ser indispensável para que a confissão
fosse completa: posição respectiva dos parceiros, atitudes tomadas, gestos,
toques, momento exato do prazer – todo um exame minucioso do ato sexual em sua
própria execução. A discrição é recomendada cada vez com mais insistência.
Mas,
pode-se muito bem policiar a língua, a extensão da confissão e da confissão da
carne não para de crescer. Pois a Contra-Reforma se dedica, em todos os países
católicos, a acelerar o ritmo da confissão anual. Porque tenta impor regras
meticulosas de exame de si mesmo. Mas, sobretudo, porque atribui cada vez mais
importância, na penitência – em detrimento, talvez, de alguns ouros pecados – a
todas as insinuações da carne: pensamentos, desejos, imaginações voluptuosas,
deleites, movimentos simultâneos da lama e do corpo, tudo isso deve entrar
agora, em detalhe, no jogo da confissão e da direção espiritual. O sexo,
segundo a nova pastoral, não deve mais ser mencionado sem prudência, mas seus
aspectos, suas correlações, seus efeitos devem ser seguidos até as mais finas
ramificações: uma sombra num devaneio, uma imagem expulsa com demasiada
lentidão, uma cumplicidade mal afetada entre a mecânica do corpo e a
complacência do espírito: tudo deve ser dito. Uma dupla evolução tende a fazer,
da carne, a origem de todos os pecados e a deslocar o momento mais importante
do ato em si para a inquietação do desejo, tão difícil de perceber e formular;
pois que é um mal que atinge todo o home e sob as mais secretas formas. Um
discurso obediente e atento deve, portanto, seguir, segundo todos os seus
desvios, a linha de junção do corpo e da alma: ele revela, sob a superfície dos
pecados, a nervura ininterrupta da carne. Sob a capa de uma linguagem que se
tem o cuidado de depurar de modo a não o mencionar diretamente, o sexo é
açambarcado e como que encurralado por um discurso que pretende não lhe
permitir obscuridade nem sossego. Este projeto de “colocação do sexo em
discurso” formara-se numa tradição ascética e monástica. O século XVII fez dele
regra para todos.
Para
Foucault, deve-se falar de sexo, e falar publicamente, de uma maneira que não
seja ordenada em função da demarcação entre o lícito e o ilícito, mesmo se o
locutor preservar para si a distinção, cumpre falar de sexo como de uma coisa
que não se deve simplesmente ordenar, ou tolerar, mas gerir, inserir em
sistemas de utilidade, regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um
padrão ótimo. O sexo não se julga apenas, administra-se. No século XVIII o sexo
se torna questão de “polícia”. Mas no sentido pleno e forte que se atribuía
então a essa palavra – não como repressão da desordem e sim como “majoração
ordenada das forças coletivas e individuais”. Enfim, é preciso, portanto,
abandonar a hipótese de que as sociedades industriais modernas
inauguraram um período de repressão mais intensa do sexo. Não somente
assistimos a uma explosão visível das sexualidades heréticas, mas, sobretudo –
e é esse o ponto importante – a um dispositivo bem diferente da lei: mesmo que
se apoie localmente em procedimentos de interdição, ele assegura, através de
uma rede de mecanismos entrecruzados, a proliferação de prazeres específicos e
a multiplicação de sexualidades disparatadas.Analisar a formação de um certo tipo de saber sobre o sexo, devemos ser
nominalistas: o poder não é uma instituição e nem uma estrutura, não é uma
certa potência de que alguns sejam dotados: é o nome dado a “uma
situação estratégica complexa numa sociedade determinada”.
Com a presença de 70 delegados,
representando apenas a coligação dos 27 países vitoriosos na 1ª grande guerra
(1914-18), inclusive o Brasil, foi inaugurada em 18 de janeiro de 1919 a Conferência
de Paz de Paris. Até meados do ano, a conferência foi dominada pelos
chamados “Quatro Grandes”: Estados Unidos da América, Grã-Bretanha, França e
Itália. Em 28 de junho de 1919 os delegados assinaram o Tratado de Versalhes,
que selou a paz com a Alemanha. Entre as disposições do Tratado de Versalhes,
foram estabelecidas as novas fronteiras alemãs, com a cessão de regiões como a
Alsácia-Lorena, que retornou à França, e a concessão a diversas outras regiões
do direito de decidir em plebiscito sua permanência sob tutela germânica.
Também a administração das colônias alemãs foi submetida ao controle
internacional. O tratado determinou o desarmamento completo do Estado alemão,
que manteve apenas o direito de possuir um Exército profissional poderoso em
torno de 100 mil homens, e o pagamento de pesadas reparações indenizatórias de
guerra, com base na disposição que considerou a Alemanha e seus aliados, “como
agressores e responsáveis por todas as perdas sofridas pelos Aliados”.
Em
10 de setembro de 1919 foi assinado o Tratado de Saint Germain-en-Laye,
que selou a paz com a Áustria e estabeleceu, entre outras condições, que esta
reconhecia a independência da Hungria, Tchecoslováquia e Iugoslávia.
Seguiram-se os Tratados de Neuilly, assinado com a Bulgária em 27 de
novembro de 1919; Trianon, com a Hungria, em 4 de junho de 1920; e Sèvres,
com a Turquia, em 10 de agosto de 1920. Todos os Tratados, por sua vez,
estabeleciam o efetivo “compromisso dos signatários com o pacto fundador da
Liga das Nações”. A Conferência de Paris encerrou-se em 20 de janeiro de
1920, e embora tenha assegurado as condições concretas para a paz, estas foram
vistas como uma imposição aos países derrotados, que disso se ressentiriam
posteriormente. O
Partido Comunista Italiano (PCI) nasceu em 21 de janeiro de 1921, de uma cisão
da esquerda do Partido Socialista Italiano (PSI), liderada por Amadeo Bordiga (1889-1970)
e Antônio Gramsci (1891-1937), que abandonaram o Teatro Goldoni, em Livorno, ocorrido durante o XVII Congresso Socialista, convocando o congresso constitutivo do
novo partido, no Teatro San Marco. Nos seus primeiros anos, o partido foi
dominado por uma tendência maioritária, mais à esquerda, constituída em torno
de Amadeo Bordiga.
Assim como os comunistas russos, o Partido Comunista da
Itália tinha como objetivos destruir o Estado burguês, abolir o capitalismo e
realizar o comunismo através da revolução e da ditadura do proletariado, nos
termos definidos por V. I. Lenin. O livro mais famoso de Irineu Lyon, Sobre
a Detecção e Refutação da Chamada Gnosis, também reconhecido como Contra
Heresias (Adversus haereses, ca. 180 d.C.) é um ataque minucioso ao
gnosticismo, que era então uma séria ameaça à Igreja primitiva e,
especialmente, ao sistema proposto pelo gnóstico Valentim. Como um dos
primeiros grandes teólogos cristãos, ele enfatizava os elementos da Igreja,
especialmente o episcopado, as Escrituras e a tradição. Irineu escreveu
que a única forma de os cristãos se manterem unidos era aceitarem humildemente
uma autoridade doutrinária dos concílios episcopais. Mas, por ocasião do seu
III Congresso, realizado clandestinamente em janeiro de 1926, na cidade de
Lyon, ocorre uma decisiva mudança de orientação, com a aprovação das chamadas
Teses de Lyon, de Gramsci, após o que a esquerda de Bordiga passa a ser
minoritária, acusada de sectarismo, sendo posteriormente expulsa do partido, em
1930, sob a acusação de trotskismo. A vitória fulgurante do marxista Antônio Gramsci
em 1926, porém, é logo impedida por sua prisão pela ascensão em torno do
governo fascista, e Gramsci torna-se o principal prisioneiro de Mussolini. O
partido contribui para a luta contra o regime fascista, na Resistência italiana e, em 1943, altera a sua denominação, após
a dissolução da III Internacional.
O
presidente Wilson tinha por intuito impedir que a reunião decidisse por um
desmembramento do Estado alemão, como era da vontade do Estado-Maior francês, e
evitar-se uma indenização de guerra aos países vencedores. O Primeiro Ministro
do Reino Unido David Lloyd George (1863-1945) temia um fortalecimento da França
na política continental em virtude da derrota alemã, obviamente por conta disso
também era contra o desmembramento da Alemanha. Os ingleses viam na permanência
da unificação alemã um ponto chave na luta contra a lepra, além da manutenção
de um grande mercado comprador de seus produtos; era também intuito dos
ingleses conseguir na Conferência a anexação das colônias alemãs, no pacífico e
na África. Entretanto, o Primeiro Ministro George Clemenceau (1841-1929), fundador
do jornal La Justice (1904-64), um periódico de tendência radical, que
aumentou consideravelmente a sua influência política. foi um jornal semanal
francês da Nova Inglaterra publicado pela La Justice Publishing Company de
Holyoke, Massachusetts, com edições quinzenais durante seus últimos seis anos. Em
sua historicidade, o jornal relatou notícias locais e internacionais em
francês, juntamente com colunas regulares de sua editoria discutindo identidade
franco-americana.
Em
1897 foi o responsável pela publicação de L`Aurore, onde o escritor
francês Émile Zola lançou J`accuse a propósito do Caso Dreyfus. Entre
1902 e 1920 Clemenceau foi eleito senador. Ocupou o cargo de primeiro-ministro
da França nos períodos 1906-1909 e 1917-1920. Tinha um posicionamento político revanchista,
com exigências de indenizações, mas também, o retorno da Alsácia-Lorena, e a
criação de uma República Renana independente, e o governo francês além disso
tinha intenções de conseguir a anexação de toda a margem esquerda do rio Reno. O
principal documento produzido pela conferência foi o Tratado de Versalhes,
assinado em 28 de junho de 1919, que definia os termos da paz com as nações
derrotadas. A conferência foi encerrada em 20 de janeiro de 1920. O objetivo
deste Tratado ao fim e ao cabo foi fixar mais uma vez após o armistício, um
novo mapa político da Europa e com isso, as indenizações de guerra para definir
as condições de desmilitarização dos vencidos, de forma a reduzir as
suas forças militares.
Em
um caso e outro se quisermos insistir neste aspecto analítico, vejamos. Surgem
dois modos possíveis de interpretação do uso do verbo “saber”. Na primeira,
“saber” está ligado à crença, saber implica crer. Em sentido amplo, crer também
significa “ter por verdadeiro”. Assim, crer significa, por exemplo, ter algo
por existente ou ter um enunciado por verdadeiro. Em outras palavras, crer
significa aceitar a verdade e a realidade sem que seja necessário apresentar
provas. Em última instância é possível afirmar, que crer implica “dar por
acordado que o mundo existe”. Há, portanto, uma dimensão prática que liga o
saber (Foucault) ao mundo manifestado no “crer” (Pasolini). Esta dimensão
social parece apontar para o segundo modo de interpretação do uso do verbo “saber”.
Desta vez, ele pode ser associado a “poder” (Foucault). Dizer que “se sabe” é o
mesmo que dizer que “se pode” (Pasolini). Aqui reside o ponto central da
interpretação analítica que compreende “o saber como habilidade e disposição”,
uma credibilidade do discurso é em primeiro, aquilo que faz os crentes se
moverem. Ela produz praticantes. Fazer crer é fazer. Mas por curiosa
circularidade a capacidade de fazer se mover – de escrever e maquinar os corpos
– é precisamente o que faz crer(cf. Certeau, 2014: 219). Ela ganha fiabilidade segundo o fenomenólogo, ao dizer – “Este texto
vos é ditado pela própria Realidade” .
Nos
relatos etnográficos de “apartamento” ou de “rua” as manipulações de espaço ou
“percursos” levam a melhor. Na maioria das vezes, essa forma de descritores
determina o estilo inteiro da narração. Quando intervém a outra forma, ela tem
como valor ou ser condicionada ou suposta pela primeira. Nos dois casos um
fazer permite um ver. Mas há também casos em que um percurso supõe uma
indicação de lugar. A cadeia das operações espacializante parece toda
pontilhada de referências ao que produz uma representação de lugares ou ao que
implica uma ordem local. Tem-se assim a estrutura do relato de viagem,
histórias de caminhadas e gestas que são marcadas pela “citação” dos lugares
que daí resulta ou que as autoridades simbólicas preconizam preconceitos.
Dois
pesos e duas medidas bem equilibradas. Os relatos antropológicos efetuam um
trabalho que, seguindo extraordinária narrativa hic et nunc,
incessantemente, transforma “lugares em espaços” ou peremptoriamente “espaços
em lugares”. Organizam também os “jogos” de linguagem das relações sociais
mutáveis que uns mantêm com os outros. São inúmeros esses jogos, num leque se
estende desde a implantação de uma ordem imóvel e quase mineralógica até a
sucessividade acelerada das ações multiplicadoras de espaços populares, no
âmbito das representações da vida. Mas esse “frenesi espacializante” nem por
isso é menos circunscrito pelo lugar textual. Seria possível uma
tipologia desses relatos, em termos de identificação de lugares e de
efetuações de espaços. Mas, para aí encontrar os modos segundo os quais se
combinam essas distintas operações, onde precisa se ter critérios e categorias
de análise, e a necessidade que reduz a relatos a leitura real do
cotidiano não existe.
As nossas sociedades contemporâneas
são policulturais, mas per se comportam as culturas etno-regionais, temos uma
cultura de massa sincrética, veiculada pelos meios de comunicação massivos e a
cultura científica, que era considerada há dois séculos como a cultura, e que
chamaremos aqui de “cultura humanista” que engloba as letras clássicas, a
filosofia e, uma parte que pode ser denominada tecnicamente de ciências
humanas. Ambas são oriundas da mesma fonte grega, matriz do pensamento
ocidental, que se consolida com a emergência do mesmo fenômeno histórico (o
Renascimento), obedecem a mesma regra fundamental: a troca de argumentos e a
discussão crítica; bem como valores supremos: ética do conhecimento pelo
conhecimento, busca da verdade. Elas se distinguem e dissociam progressivamente
nos séculos XVII e XVIII, embora continuando a coexistir nos mesmos espíritos
de filósofos e cientistas ou a dialogar entre “espíritos diferentes”
(enciclopedistas), até que se opere radicalmente, a partir do século XIX, a
grande disjunção entre as duas culturas, cada uma comportando desde o seu
reino, o seu modo interno de organização, as suas instituições, a sua intelligentsia
própria. A cisão entre as duas dimensões do saber corresponde a uma grave
ruptura no interior da cultura. E isto ocorre entre a palavra escrita, a
prática discursiva e a honestidade intelectual de A. Gide no ensaio:O Imoralista (1902), reconhecido como
Nobel de Literatura em 1947.
O
Prêmio Nobel de Literatura, vale lembrar, é um prêmio literário sueco
que é concedido anualmente, desde 1901, a um autor (a) de qualquer país que,
nas palavras da vontade do industrial sueco Alfred Nobel, produziu “no campo da
literatura o trabalho mais notável em uma direção ideal”. Embora os trabalhos
individuais sejam muitas vezes citados como particularmente dignos de nota, o
prêmio é baseado no “conjunto da obra de um autor como um todo”. A Academia
Sueca é responsável por escolher o ganhador do prêmio e anunciar os nomes dos
laureados, no início de outubro. É um dos 5 Prêmios estabelecidos pela vontade
de Alfred Nobel em 1895. Em algumas ocasiões, o prêmio foi adiado para ano vindouro.
Melhor dizendo, não foi concedido em 2018, mas dois prêmios foram concedidos em
2019. Embora o Prêmio Nobel de Literatura tenha se tornado o prêmio literário
de maior prestígio, a Academia Sueca tem atraído críticas significativas por
seu tratamento do prêmio. Muitos autores ganharam o prêmio e caíram no
ostracismo. Ao tempo em que outros rejeitados pelo júri continuam amplamente
lidos e estudados.
O
prêmio tornou-se amplamente visto como político - um prêmio de paz no disfarce
literário, cujos juízes são preconceituosos contra autores com diferentes
gostos políticos para eles. O professor britânico de literatura Tim Parks
expressou ceticismo de que seria possível que “professores suecos comparem um
poeta da Indonésia, talvez traduzido para o inglês, com um romancista dos
Camarões, talvez disponível apenas em francês, e outro que escreve em
africâner, mas é publicado em alemão e holandês”. Em 2016, curiosamente 16
candidaturas dos 113 laureados foram de origem escandinava. A Academia
tem sido frequentemente acusada de ser “tendenciosa em relação aos autores
europeus, e em particular aos suecos”. A formulação vaga de Nobel para
os critérios do prêmio levou a controvérsias. No sueco original, a palavra idealisk
é traduzida como “ideal”. A interpretação abstrata do Comitê do Nobel
tem variado nos anos. Isso significa “uma espécie de idealismo defendendo os direitos
humanos em larga escala”.
Friedrich
Hegel, por exemplo, percebe que a certeza sensível não se apossa do verdadeiro,
já que a verdade dela é o universal, mas a certeza sensível quer captar o isto.
A percepção ao contrário, toma como universal o que para ela é o essente. Como
a universalidade é seu princípio em geral, assim também são universais seus
momentos, que nela distinguem imediatamente; o Eu é um universal, e o objeto é
um universal. Esse princípio emergiu; por isso nosso apreender da percepção não
é mais um aprender aparente, como da “certeza sensível”, mas sim um aprender
necessário. No emergir do princípio, ao mesmo tempo vieram-a-ser os dois
momentos que em sua aparição apenas ocorriam fora, a saber, - um, o movimento
do indicar; outro, o mesmo movimento, mas como algo simples: o primeiro, o
perceber; o segundo o objeto, conforme a essência, é o mesmo que o
movimento: este é um desdobramento e a diferenciação dos momentos, enquanto o
objeto é seu Ser-reunido-num-só. O universal como princípio é a essência
da percepção, e frente a essa abstração os dois momentos diferenciados – o
percebente e o percebido – são o inessencial. Por serem ambos o
universal ou a essência, os dois são essenciais. Mas se relacionam como movimentos
opostos um ao outro, somente um pode ser o essencial na relação; e repartir
entre eles a distinção entre o essencial e o inessencial.
Um,
determinado como o simples – o objeto – é a essência, indiferente a ser ou não
percebida; mas o perceber, como movimento, é o inconsistente, que pode ser ou
não ser, e é o inessencial. O princípio do objeto – o universal – é em sua simplicidade
um mediatizado; assim, tem de exprimir isso nele, como sua natureza: por
conseguinte se mostra como a coisa de muitas propriedades. Pertence à
percepção a riqueza do saber sensível, e não á certeza imediata, na qual só
estava presente como algo em-jogo-ao-lado. Com efeito, só a percepção tem a
negação, a diferença, ou a múltipla variedade em sua essência. Assim, o isto é
oposto como não isto, ou como suprassumido; e, portanto, não como
nada, e sim como um nada determinado, ou um nada de um conteúdo, isto é,
uma nada disto. Em consequência ainda está presente o sensível mesmo,
mas não como devia estar na certeza imediata – como um singular visado -, e sim
como universal, ou como o que será determinado como propriedade. O
suprassumir apresenta sua dupla significação verdadeira no negativo: é ao mesmo
tempo um negar e um conservar. O nada, como nada disto, conserva
imediatez e é ele próprio, sensível; porém é uma imediatez universal.
Para
Marx, o todo, na forma em que aparece no espírito como um todo-de-pensamento,
é um produto do cérebro pensante, que se apropria do mundo do único modo que
lhe é possível, de um modo que difere da apropriação desse mundo pela arte, pela
religião, pelo espírito prático. Antes como depois, o objeto real conserva a
sua independência fora do espírito; e isso durante o tempo em que o espírito
tiver uma atividade meramente especulativa, meramente teórica. Por
consequência, também no emprego do método teórico é necessário que o objeto,
a sociedade, esteja constantemente presente no espírito como dado primeiro. Mas
as categorias simples não terão também uma existência independente, de caráter
histórico ou natural, anterior às categorias mais concretas? Depende. Hegel,
por exemplo, tem razão em começar a filosofia do direito pelo estudo da posse,
constituindo esta a relação jurídica mais simples do problema. Mas não existe
posse antes de existir a família ou as relações entre senhores e escravos, que
são relações muito mais concretas. Pelo contrário, seria correto dizer que
existem famílias, comunidades de tribos, que estão ainda apenas no estágio da
posse e não da propriedade. Em relação á propriedade, a categoria mais
simples surge, pois, como a relação de comunidades simples de famílias ou de
tribos. Na sociedade num estágio superior, ela aparece como a relação mais
simples de uma organização mais desenvolvida.
Mas
pressupõe-se sempre o substrato concreto que se exprime por uma relação de
posse. Podemos imaginar um selvagem isolado que possua. Mas a posse não
constitui neste caso uma relação jurídica. Não é exato que historicamente a
posse evolua até a forma familiar. Pelo contrário, ela supõe sempre a
existência dessa “categoria jurídica mais concreta”. Ipso facto, diz
Marx, o dinheiro pode existir e existiu historicamente antes de existir o
capital, os bancos, o trabalho assalariado, etc. Neste sentido, podemos dizer
que a categoria mais simples pode exprimir relações dominantes de um todo menos
desenvolvido ou, pelo contrário, relações subordinadas de um todo mesmo
desenvolvido, relações que existiam já antes que o todo se
desenvolvesse no sentido que encontra a sua expressão numa categoria mais
concreta. A evolução do pensamento abstrato, que se eleva do mais simples ao
mais complexo, corresponde ao processo histórico real. A abstração mais
simples, que a economia política moderna coloca em primeiro lugar e que exprime
uma relação antiga e válida para todas as formas de sociedades, só
aparece, no entanto, sob esta forma abstrata como verdade prática enquanto
categoria da sociedade mais moderna. Por causa de sua natureza abstrata – para
todas as épocas, não são menos, sob a forma determinada desta abstração, o
produto de condições históricas e só se conservam válidas nestas
condições e no quadro destas.
André
Gide nasceu em 22 de novembro de 1869 em Paris, filho de Paul Gide professor de
direito na Universidade de Paris, e de Juliette Maria Rondeaux (1835 - 1895). O
pai, natural de Uzès, uma comuna francesa na região administrativa de
Occitânia, no departamento de Gard, descendia de família protestante. A mãe era
filha de burgueses ricos de Rouen, uma cidade localizada na região histórica da
Normandia, no noroeste da França. São católicos, mas depois convertidos ao
protestantismo. A infância de Gide foi marcada por uma alternância de
residência entre a Normandia (em Rouen) e La Roque, junto da família materna, e
Uzés, na casa da sua avó paterna, onde se apaixona fortemente pela real paisagem
campestre. Gide atribuirá grande importância a estas influências
contraditórias, exagerando o seu carácter de antitético. Em Paris, os Gide
residiram sucessivamente na Rue de Médicis e, posteriormente, na Rue de Tournon,
a partir de 1875, junto ao Jardim do Luxemburgo, um grande parque público da
cidade de Paris com mais de 22,4 hectares no 6º arrondissement.
O Jardim do Luxemburgo atualmente pertence ao Senado da França, que está
sediado no famoso Palácio do Luxemburgo. O jardim possui um enorme parterre decorado
de coleção exuberante de estátuas e com pequenos lagos destinados ao
lazer infantil. O jardim inclui também um pequeno teatro de fantoches, um pomar
e um restaurante. Fica nas proximidades do Teatro Odeon.
Não
muito longe se instalou Anna Shackleton (1826-1884), uma devota
escocesa, que seria governanta e professora de Juliette, que acabaria per se
por lhe dedicar uma amizade indefectível. Anna, pela sua delicadeza,
jovialidade e inteligência, tem um papel importante na infância do jovem André Gide.
Evocada na novela Porte Étroite (1909) e na autobiografia do escritor Si
le Grain ne Meurt, (1924) a sua morte em 1884 marcará André Gide profunda e
dolorosamente. O jovem André inicia a sua aprendizagem tendo contraído gosto
pelo piano, que será a companhia de toda a sua vida. Pianista nato, Gide
lamentará nunca poder ter tido professores que “o tivessem transformado num
verdadeiro músico”. Em 1877, é admitido na École Alsacienne, um internato
tradicional, iniciando uma “escolaridade irregular e descontínua”. Ipso
facto, é rapidamente suspenso por três meses por se ter deixado levar pelos
seus “maus hábitos” durante o período escolar. Pouco depois do seu regresso à
escola – “curado” pelas ameaças de castração de um médico e pela tristeza dos
seus pais - a “doença” reincide: a masturbação, a que ele chama “vício”
e que “pratica sem deixar de se sentir pecador e tristemente defeituoso”,
retomará o seu lugar praticado na sociedade entre os seus hábitos
levando-o a escrever, aos 23 anos, que viveu até essa idade “completamente
virgem e depravado”.
Neste
aspecto intramuros da vida social, não menos característico de um processo
civilizador que a “racionalização” é a peculiar modelação da economia das pulsões
que conhecemos, segundo Elias (1993: 242), pelos nomes de “vergonha” e
“repugnância” ou “embaraço”, que se tornaram por vez em termos gerais, a cada dia
mais perceptíveis na constituição do homem ocidental a partir do século XVI, foram
dois lados de uma mesma transformação na estrutura da personalidade
social. O sentimento de vergonha é uma exaltação específica. Uma espécie de
ansiedade que automaticamente se reproduz na pessoa em certas ocasiões, por
força do hábito. Considerado superficialmente, é um medo de degradação social
ou, em termos mais gerais, os gestos de superioridade de outras pessoas. Mas é
uma forma de desagrado ou medo que surge caracteristicamente nas ocasiões. Nelas a pessoa receia cair em uma situação de
inferioridade. Não pode evitar esse perigo nem por meios físicos diretos, nem
por qualquer outra forma de ataque.
Nos
adultos, a impotência resulta do fato de que as pessoas cuja superioridade se
teme estão de acordo com o próprio superego da pessoa, com a agência de
autolimitação implantada no indivíduo por outros de quem ele foi dependente,
que exerciam poder e possuíam superioridade sobre ele. De conformidade com
isso, a ansiedade que denominamos de “vergonha” é profundamente velada à vista
dos outros. Por forte que seja, nunca é expressada em gestos violentos. A
vergonha, segundo Norbert Elias, tira sua coloração específica do fato de que a
pessoa que a sente ou está prestes a fazer alguma coisa que a faz entrar em
choque com pessoas a quem está ligada de uma forma ou de outra, e consigo
mesma, com o setor de sua consciência mediante o qual controla a si mesma. O conflito
expressado no par vergonha-medo não é apenas um choque do indivíduo com a
opinião social prevalecente: seu próprio comportamento colocou-o em conflito
com a parte de si mesmo que representa essa opinião. É um conflito dentro de
sua própria personalidade. Ele mesmo se reconhece como inferior. Teme perder o
amor e respeito dos demais, a quem atribui ou atribuiu valor. A atitude dessas
pessoas precipitou nela uma atitude dentro de si que ele automaticamente a dor
em relação a si mesmo. E é por isso o que
o torna tão impotente diante de gestos de superioridade de outras pessoas que,
de alguma maneira, deflagram nele esse automatismo.
Outrossim,
a tensão interna, a agitação que surge em todos os casos em que a pessoa se
sente compelida a escapar desse “espaço fechado”, ou quando já fez isso, varia em
força de acordo com a gravidade da proibição social e o grau de autocontrole.
Na vida comum, chamamos essa agitação de vergonha apenas em certos
contextos e, acima de tudo, quando ela se reveste de um certo grau de força,
embora, em termos de sua estrutura, seja sempre, a despeito de suas muitas
nuanças e graus, o mesmo evento. Tal como todas as autorrestrições, encontra-se
em forma menos regular, menos uniforme e menos geral em níveis mais simples de desenvolvimento
social. Tal como essas restrições, as tensões e medos desse tipo emergem mais
claramente a cada arranco do processo civilizador e, finalmente, predominam
sobre outras tensões e medos – principalmente, sobre o medo físico a outras
pessoas. Dominam mais na medida em que são pacificadas áreas maiores e aumenta
a importância, na modelação da pessoa, das limitações comuns que sobem a
primeiro plano da sociedade quando os representantes do monopólio da força
física passam a exercer regularmente seu controle social como se estivessem nos
bastidores – na medida, na palavra, em que progride a civilização
e descivilização da conduta.
Neste
outro aspecto de dimensão social, recorremos brevemente a questão do “desenraizamento
relativo” do intelectual que não acarreta, segundo Morin (2008: 80), necessariamente,
o distanciamento cognitivo nem a adesão às ideias e valores universais. Esse
desenraizamento pode criar um vazio, suscitar uma angústia e desespero, criar a
nostalgia de uma grande comunhão e estimular a aspiração a uma verdade
concreta, o que reativa, entre intelectuais, a produção de mitos de
reenraizamentos e de reintegração. Por ouro lado e, ao mesmo tempo, o
desenraizamento relativo pode determinar o afastamento das realidades vividas,
a inconsciência dos problemas sociais radicais, em resumo, uma situação de
frivolidade e de inexperiência. Os intelectuais correm o risco de permanecer
“nas nuvens”, sem contato direto com o real. A experiência do real, físico ou
social, comporta a experiência das provações, dos obstáculos e das limitações.
Nunca é demais repetir: a experiência de opressão alimenta a ideia de
liberdade. Mas nem a experiência pessoal nem a ausência de experiências
decisivas: alguns podem ter passado pela com dição concentracionária sem tirar
lições dessa experiência radical, enquanto outros, longe dos campos, foram
capazes de sentir, compreender e conceber tal experiência vivida em outro lugar
e outrem. As mesmas experiências comportam, simultaneamente, aspectos progressivos
(de elucidação) e regressivos (de cegueira), bem como ambiguidades e
instabilidades sociais que desafiam qualquer determinismo mecânico da situação
crítica, de estatuto ou habitus. As condições socioculturais da lucidez
são sempre incertas.
Bibliografia geral consultada.
FROMM, Erich, El
Miedo a la Libertad. 3ª edición. Buenos Aires: Paidós, 1957; MAUROIS,
André, De Gide a Sartre. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1966; GIDE,
André, O Imoralista. Tradução de Theodomiro Tostes. 2ª edição. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1983; FOUCAULT, Michel, História da
Sexualidade. I. A Vontade de Saber. 5ª edição. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1984; COSTA, Jurandir Freire, A Inocência e o Vício: Estudos Sobre o
Homoerotismo. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editor Relume-Dumará, 1992; ELIAS,
Norbert, Sobre el Tiempo.México:
Fondo de Cultura Econômica, 1989; Idem, O Processo Civilizador. Tradução
de Ruy Jungmann; revisão, apresentação e notas, Renato Janine
Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993; CANGUILHEM, Georges, O Normal e o Patológico. Rio de Janeiro: Editora Forense-Universitária, 1995; MARTINS, Wilson, A Palavra Escrita. 3ª edição. São Paulo: Editora Ática, 1998; CASTELLS, Manuel, O Poder da
Identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999; RODRIGUES, José Albertino (Org.), Émile Durkheim. 9ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2006; HEGEL, Friedrich, Fenomenologia
do Espírito. 4ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes; Bragança Paulista:
Editora Universitária São Francisco, 2007; MORIN, Edgar, O Método. 4. As
Ideias, Habitat, Vida, Costumes, Organização. 4ª edição. Porto Alegre:
Editora Sulina, 2008; MARX, Karl, Contribuição à Crítica da Economia
Política. 4ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011; CERTEAU,
Michel de, A Invenção do Cotidiano. 1. Artes de fazer. 22ª edição.
Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; MATOS, Henrique Augusto Barbosa, Uma
Crítica de Tradução à Luz da Desconstrução/Estudos Queer: O Corydon,
de André Gide. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em
Estudos da Tradução. Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução. Brasília:
Universidade de Brasília, 2014; HABERMAS, Jürgen, “Desobediência Civil – A
Pedra de Toque do Estado Democrático de Direito”. In: A Nova Obscuridade.
1ª edição. São Paulo; Editora da Unesp, 2015; MARTINS, Lígia Márcia; MEIRE, Bruna
Carvalho; DANGIÓ, Cristina Santos, “O Processo de Alfabetização: Da Pré-história
da Escrita a Escrita Simbólica”. In: Psicol. Esc. Educ. 22 (2), Ago 2018; OLINTO, Antônio, O Diário de André Gide. Rio de Janeiro: Ediouro, 2021; entre outros.
“You
that never done nothing but build to destroy”. Bob Dylan (1963)
A retomada das obras de engenharia da
Usina Nuclear Angra 3 gera apreensão entre especialistas que a veem como “um
projeto obsoleto”. Mas nada pode ser mais assustador que a reprodução de nossas próprias crenças. É uma usina essencialmente idêntica na Alemanha, parceiro
histórico do Brasil no desenvolvimento de energia nuclear, que foi desligada devido
aos riscos. - “A tecnologia de Angra 3 é basicamente a mesma do projeto
original, definido há mais de 40 anos”, diz Célio Bermann, doutorado em Engenharia Mecânica (1991), professor Associado
do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEA/USP). – “As mudanças
alegadas pelo governo são superficiais, não atingem os equipamentos mais
importantes. Essa é uma pseudomodernização”. O Ministério das Minas e Energia não vê problema no fato de a usina ter sido planejada nos anos 1970.
Procurada pela Deutsche Welle Brasil, a pasta afirma mudanças técnicas na
“concepção original” e incorporadas “modernizações tecnológicas”. Alterações
estão previstas no ministério de energia, que cita “a adoção de controles
digitais” e “um reforço na resistência a terremotos e maremotos”, desenvolvido após o desastre de Fukushima, no Japão em 2011.
Argentina e China assinaram um
contrato para a construção de uma quarta usina nuclear no país sul-americano,
por um investimento de 8 bilhões de dólares (R$ 42 bilhões), informou a agência
pública de notícias Télam. É a principal agência pública de notícias da
Argentina. É subordinada à Secretaria de Meios Públicos, do Ministério das
Comunicações da Argentina. Fundada em 1945, conta com um serviço de broadcast, responsável pela transmissão de qualquer tipo de mídia enviado para TVs, rádios, jornais e sites de todo o país e um site na Internet
– rede mundial de computadores. A agência tem cerca de 250 jornalistas em sua
estrutura, com sucursais e correspondentes em todas as capitais de províncias
do país e nas principais cidades argentinas. Possui convênios com várias
agências de notícias latino-americanas, como a Agência Brasil (Brasília)
e Agência Bolivariana de Notícias (Caracas), da Venezuela. O anúncio da
construção da usina de Atucha III, que ficará localizada em Lima, 100 km ao
norte de Buenos Aires (AR), foi feito nas vésperas da viagem oficial do
presidente Alberto Fernández a Pequim, que ocorrerá de 4 a 6 de fevereiro. O
acordo firmado entre a estatal Nucleoeléctrica Argentina e a Corporação
Nuclear Nacional da China, a construção da usina tipo HPR-100, com 1.200
megawatts de energia elétrica (MWe) de potência bruta e vida útil de 60 anos,
criará 7.000 empregos e 40% de fornecedores argentinos.
O
México também tem duas usinas nucleares em seu território, que somam 1.640 de
capacidade instalada (Laguna Verde 1 – BWR, 820 MW e Laguna Verde 2 – BWR, 820
MW). A Argentina está construindo sua quarta usina nuclear, Carem 25 (PWR, 25
MW), e o Brasil, sua terceira, Angra 3 (PWR, 1.405 MW). A Usina Elétrica Angra
3 foi planejada no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado em
1975. Para entender o Acordo Nuclear, assinado em 27 de junho de 1975 durante o
governo autoritário do general Ernesto Geisel (1974-1979), o 4° presidente da ditadura civil-militar brasileira, é necessário realizar contextualização histórica, levando
em consideração dois importantes fatores: 1) as relações Brasil - Estados
Unidos no setor de energia atômica durante a segunda metade do século XX e, 2)
a política nuclear brasileira desenvolvida nesse período. Por ocasião da
assinatura do Acordo Nuclear e dos contratos entre a empresa alemã KWU e
a Nuclebrás, ocorrido em Bonn, em 27 de junho de 1975. No decorrer da década
1950, os Estados Unidos da América (EUA) exerciam supremacia no campo
tecnológico-industrial, particularmente no setor da energia nuclear. Diante
desse quadro de hegemonia sócio-política, alguns países chamados “em desenvolvimento”, entre eles o Brasil,
resolveram desencadear a utopia de uma política científica &
tecnológica autônoma no campo nuclear. Essa foi a principal motivação
para a criação, em 1951, do Conselho Nacional de Pesquisa (CNP).
Durante seus
primeiros anos de existência, o novo órgão pautaria sua política no princípio
da autonomia relativa, em oposição a divisão da ala pró-norte-americana
existente nos meios científicos e governamentais militares brasileiros, como é
notória a influência. A
estratégia inicial de ação duradoura do Conselho Nacional de Pesquisa (CNP)
foi a formação de recursos humanos qualificados. Complementarmente, iniciou o
fomento de projetos dos pesquisadores de reconhecida competência. Assim, surgiu
a primeira grande linha de atuação funcional do Conselho: o fomento em C&T.
Em 1956, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, desmembrada do Conselho Nacional
de Pesquisa, assume o comando da política nuclear brasileira, em
estreita colaboração com a política norte-americana. Por ocasião da assinatura
do Acordo de Cooperação Nuclear para Fins Pacíficos entre Brasil e Alemanha, em
Bonn, em 27 de junho de 1975. Desde dezembro de 1953, os Estados Unidos haviam
proposto o programa Átomos para a Paz, cuja ideologia consistia
na objetividade de uso da energia nuclear para fins pacíficos.
A chamada fuga de cérebros também era assunto bastante discutido nas décadas de
1950 e 1960, quando houve grande migração de cientistas brasileiros para o
exterior, principalmente para os Estados Unidos. Segundo uma pesquisa do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em colaboração com a Academia
Brasileira de Ciências (ABC), entre 1950 e 1965 emigraram 261 pesquisadores,
egressos de 152 institutos brasileiros. O próprio Sérgio Porto mudou-se do
Instituto Técnico da Aeronáutica (ITA) para a Bell Labs, em 1960. Rogério Cézar
de Cerqueira Leite, que trabalhou com Porto nos Estados Unidos da América, tentou voltar ao Brasil e
instalar-se no ITA, onde construiu o primeiro laser do Brasil, em 1965,
e depois na Universidade de Brasília e na Universidade de São Paulo; mas acabou
voltando à Bell Labs - com uma equipe de professores e estudantes do ITA. O
governo interessava-se em trazer de volta essas pessoas. Algumas iniciativas
foram tomadas, com resultados não muito bons, como a Operação Retorno, ocorrida
em 1967, quando o Ministério das Relações Exteriores fez um mapeamento dos
cientistas brasileiros radicados no exterior, os motivos de sua saída e as
condições que consideravam necessárias para voltar e foram oferecidos
benefícios aduaneiros aos que quisessem retornar. A pesquisa do Ministério
indicou que essas pessoas se concentravam na maioria em Engenharia, Medicina e
Física.
Além
disso, apesar da questão política científica e tecnológica apresentar uma importância
crescente em diversos países, ao menos no plano discursivo dos atores com ela
envolvidos, sendo frequentemente apontada como estratégica para a promoção do
desenvolvimento nacional, os estudos que dela se fundamentam ainda parecem “carecer de certos cuidados em termos conceituais” (cf. Giddens, 1991; Lima, 2008; Quadros, 2014). Essa percepção é
particularmente válida no caso dos países latino-americanos. Os estudos acerca
da política científica e tecnológica na região, associados a uma tradição
importante que teve como expoentes nomes como Amílcar Herrera, Jorge Sábato,
Oscar Varsavsky, José Leite Lopes e Francisco Sagasti, têm sido cada vez mais
orientados por conceitos e métodos oriundos dos países ditos “desenvolvidos”. É
particularmente notável, por exemplo, a crescente influência da Economia da
Inovação nas reflexões sobre a PCT, tanto no âmbito acadêmico quanto naquele da
elaboração de políticas públicas. Em grande parte, isso ocorre porque a
política científica e tecnológica constitui um caso especial dentre o conjunto
das políticas públicas. Devido à concepção comum em torno da neutralidade e do
determinismo da ciência e da tecnologia (cf. Dias, 2011), as quais se condensam
sob a forma de uma visão triunfalista e essencialista, os aspectos ideológicos
e políticos intrínsecos à PCT são ocultados. Desse modo, as reflexões teóricas
comumente realizadas a respeito desse objeto – a política científica e
tecnológica – tendem a ignorar essas questões.
Embora
não discrimine por profissão ou ocupação de cargo a saída definitiva de
brasileiros para a o exterior, a Receita Federal demonstra que o número
triplicou passando de 8.170 em 2011 para 23.271 em 2018, ou crescimento
estatístico de 184%. Em 2019, até novembro, 22.549 pessoas fizeram declaração
de saída definitiva do país. O crescimento foi mais acentuado a partir de 2015,
quando o número girou em torno de 14.981. Em 2016, pulou para 21.103, crescendo
para 23.039 em 2017. Na prática esse programa
significava claramente para os países não detentores de Ciência &Tecnologia
nessa área de tecnologia de ponta, permanecer enredado “na condição de
importadores da tecnologia norte-americana e exportadores de matérias primas”. As
obras foram paralisadas após descoberta de um esquema de corrupção política investigado
pela curiosa Operação Lava Jato. O vice-almirante foi preso pela
primeira vez na Operação Radiotividade, deflagrada em 28 de julho de
2015, pela Polícia Federal do Brasil, 16ª fase da Operação Lava Jato
desencadeada pelas delações premiadas de Dalton Avancini, um ex-executivo da
empreiteira Camargo Corrêa. Posteriormente voltou a ser preso na Operação
Pripyat, desdobramento da anterior que investigou denúncias de corrupção na
Eletronuclear. Othon foi condenado em primeira instância pelo juiz Marcelo
Bretas a uma pena de 43 anos e ficou preso na Base de Fuzileiros Navais do Rio
Meriti, na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no estado do Rio
de Janeiro.
Ele
foi libertado por um habeas corpus concedido em outubro de 2017 pelo
Tribunal Regional Federal da 2ª Região com jurisdição no Rio de Janeiro e no
Espírito Santo. Em 2022 o TRF da 2ª Região revisou a condenação e substituiu a
pena de prisão por restrições de direitos. As penas restritivas de direitos
também são chamadas de penas “alternativas”, pois são uma alternativa à prisão,
ao invés de ficarem encarcerados, os condenados sofrerão limitações em alguns
direitos como forma de cumprir a pena. As investigações levaram à prisão de executivos
da Eletronuclear, como o almirante Othon Pinheiro da Silva, ex-chefe da companhia,
um físico, mecânico e engenheiro nuclear brasileiro, vice-almirante do Corpo de
Engenheiros e Técnicos Navais da Marinha do Brasil. Foi presidente da Eletronuclear.
A biografia de Othon Pinheiro da Silva está intimamente relacionada ao
programa nuclear brasileiro. Ele é consagrado e recebeu inúmeras homenagens por
ter sido um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de uma tecnologia
para enriquecimento de urânio denominada ultracentrifugação. Isso permitiu que
o país se tornasse independente por dominar toda a cadeia produtiva da energia
nuclear, garantindo a construção do submarino de propulsão nuclear SN Álvaro
Alberto (SN-10) e o abastecimento das usinas nucleares na região sudeste do
país.
O valor, se desconsiderarmos sua
expressão meramente simbólica, nos signos de valor, existe apenas num
valor de uso, numa coisa. O próprio homem, considerado como mera existência de
força de trabalho, é um objeto natural, uma coisa, embora uma coisa viva,
autoconsciente, sendo o próprio trabalho a exteriorização material dessa força.
Por isso a perda de valor de uso implica a perda de valor. Com a perda de seu
valor de uso, os meios de produção não perdem, ao mesmo tempo, seu valor, uma
vez que, por meios do processo de trabalho, eles só perdem a figura originária
de seu valor de uso para, no produto ganhar a figura de outro valor de uso. Mas
do mesmo modo que para o valor é importante que ele exista num valor de uso
qualquer, também lhe é indiferente em qual valor determinado ele existe, como
fica evidente na metamorfose das mercadorias. Disso segue a tese econômica de
Marx (2013) segundo a qual no processo de trabalho, o valor de produção só se
transfere ao produto na medida em que o meio de produção perde, juntamente com
seu valor de uso independente, também seu valor de troca. Ele só cede ao
produto o valor que perde como meio de produção. A esse respeito, porém, nem
todos os fatores objetivos do processo de trabalho se comportam do mesmo modo. O
máximo de perda de valor que podem suportar com o qual ingressaram no processo
de trabalho, ou, pelo tempo de trabalho requerido para a sua própria produção.
Por isso, os meios de produção jamais podem adicionar ao produto um valor maior
do que eles mesmos possuem, independentemente do processo de trabalho no qual
toma parte.
Metodologicamente o meio de trabalho
é uma coisa ou um “complexo de coisas” que o trabalhador interpõe entre
si e o objeto do trabalho e que lhe serve de guia de sua atividade sobre esse
objeto. Ele utiliza as propriedades mecânicas, físicas e químicas das coisas
para fazê-las atuar sobre outras coisas, de acordo com o seu propósito. O
objeto de que o trabalhador se apodera imediatamente é não o objeto do
trabalho, mas o meio de trabalho. É assim que o próprio elemento natural se
converte em órgão de sua atividade, um órgão que ele acrescenta a seus próprios
órgãos corporais, prolongando sua forma natural. Do mesmo modo como a terra é
seu armazém original de meios de subsistência, ela é também seu arsenal
originário de meios de trabalho. Mal o processo de trabalho começa a se
desenvolver e ele já necessita de meios de trabalho previamente elaborados. O
que diferencia as épocas econômicas não é “o que” é produzido, mas “como”, “com
que meios de trabalho”. Estes meios fornecem uma medida do
grau de desenvolvimento da força de trabalho e as condições per se sociais nas
quais trabalha.
Entre
os próprios meios de trabalho, os de natureza mecânica, que formam o que
podemos chamar de sistema de ossos e músculos da produção, oferecem
características muito mais decisivas de uma época social de produção do que
aqueles meios de trabalho que servem apenas de recipientes do objeto de
trabalho e que podemos agrupar sob o nome de “sistema vascular da produção”.
Apenas na fabricação química tais instrumentos passam a desempenhar um papel
importante como valor de uso. A
diferença entre matéria principal e matéria auxiliar desaparece na fabricação
química propriamente dita, porque nela nenhuma das matérias-primas utilizadas
reaparece como substância do produto. Como toda coisa possui várias qualidades
e, consequentemente, é capaz de diferentes aplicações úteis, o mesmo produto
pode servir como matéria-prima de processos de trabalho muito distintos. Também
o carvão é tanto produto como meios de produção da indústria de mineração. O
mesmo produto pode, no mesmo processo de trabalho, servir de meio de trabalho e
matéria-prima. O fato de um valor de uso aparecer como matéria-prima, meio de
trabalho ou produto final é algo que depende de sua função
determinada no processo de trabalho, da posição que ele ocupa nesse processo, e
com a mudança dessa posição mudam também as determinações desse valor de uso.
Uma
máquina que não serve com utilidade de uso no processo de trabalho é inútil. O ferro
enferruja, a madeira apodrece, o fio não tecido na fábrica é algodão
desperdiçado. O trabalho vivo tem de apoderar-se dessas coisas e despertá-las
do mundo dos mortos, convertê-las de valores de uso apenas possíveis em valores
de uso reais e efetivos. Uma vez tocadas pelo fogo do trabalho, apropriadas
como partes do corpo do trabalho animadas pelas funções que, por seu conceito abstrato
e sua vocação, exercem no processo laboral, elas serão, sim, consumidas, porém
segundo um propósito, como elementos constitutivos de novos valores de uso, de
novos produtos, aptos a ingressar na esfera do consumo individual como meios de
subsistência ou em um novo processo de trabalho como meios de produção. O
processo de trabalho em seus momentos simples e abstratos, é atividade
orientada sempre a um fim, como produção de valores de uso, apropriação
do elemento natural para satisfação de necessidades humanas, condição universal
do metabolismo entre homem e natureza, perpétua condição natural da vida
humana e, independentemente de qualquer forma particular dessa vida, ou melhor,
comum a todas as suas formas sociais.
Por
isso, a perda de valor de uso implica a perda de valor. Mas do mesmo
modo que para o valor é importante que ele exista num valor de uso qualquer,
também lhe é indiferente em qual valor determinado ele existe, como fica
evidente na metamorfose das mercadorias.O que é realmente consumido nos meios de produção é seu valor de uso, e
é exato por meio desse consumo que o trabalho cria produtos. Seu valor não é,
de fato consumido, e tampouco pode ser reproduzido. Ele é conservado,
não porque ele próprio seja objeto de uma operação no processo de trabalho, mas
porque o valor de uso no qual ele originalmente existia desaparece, embora
apenas para incorporar em outro valor de uso. O valor dos meios de produção
reaparece no valor do produto, porém, não se pode dizer que ele seja
reproduzido. O que é produzido é o novo valor de uso, no qual reaparece o
antigo valor de troca. Diferente é o que ocorre com o fator subjetivo do
processo, a força de trabalho em ação. O capital não inventou o mais-trabalho.
A Teoria do Dominó é uma
doutrina da esfera política externa norte-americana durante a chamada Guerra
Fria (1947-1991), que postulava que se “um país, ou região, caísse para o
comunismo, os países com os quais esse fizesse fronteira iriam cair em seguida.
Os Estados Unidos da América desenvolveram bombas de hidrogênio; a União
Soviética desenvolveu uma arma protótipo, alcunhada Tsar Bomba, mas que
tinha uma potência máxima”. O potencial destrutivo real de tais armas pode
variar muito dependendo das condições, como a altitude a que são detonadas, a
natureza do alvo, e as caraterísticas físicas da paisagem na qual são
detonadas. A teoria é atribuída a John Foster Dulles (1888-1959). A expressão Teoria
Dominó, de uma peça do jogo para derrubar a seguinte, foi utilizada na
Guerra Fria para apoiar países que lutassem contra comunistas, com
base na ideia funcionalista-positivista “de que se um país caísse, os seus
vizinhos cairiam em seguida”. Envolvimento militar norte-americano na Guerra do
Vietnã foi encerrado em 1973. Contudo, na primavera de 1975, os
Norte-vietnamitas iniciaram uma grande ofensiva para anexar o Sul de uma vez.
Em abril de 1975, Saigon foi conquistada pelos militares comunistas, marcando o
fim da guerra, com o Norte e o Sul do Vietnã sendo unificados no
ano seguinte.
O termo Tsar Bomba remete
para a histórica prática russa de construir objetos incrivelmente grandes para demonstrar
poder. Exemplos incluem o Grande Sino (Tsar Kolokol), o maior canhão do
mundo (Tsar Pushka) e o incrível Tsar Tank. Apesar de a bomba ter
sido tachada com este nome pelo ocidente, o mesmo acabou sendo amplamente
utilizado na futura Rússia. Com o nome-código de “Ivan” durante o seu
desenvolvimento, a Tsar Bomba “não foi feita para o uso bélico prático”.
Nikita Khrushchov (1894-1971), foi responsável pela
desestalinização da União Soviética, pelo apoio ao progresso do primeiro
programa espacial soviético, e por várias reformas relativamente liberais em
áreas de política interna. Os colegas de partido de Khrushchov o retiraram do
poder em 1964, substituindo-o por Leonid Brejnev (1906-1982) como primeiro secretário e
Alexei Kossygin (1904-1980) como primeiro-ministro. Mas foi ele, Khrushchov, que deu o
parecer final para o teste num momento de grande tensão política: o primeiro
muro de Berlim havia sido levantado em agosto de 1961. E mais ainda: a União
Soviética havia recentemente encerrado uma moratória de testes nucleares que
durou aproximadamente três anos. E estava próxima de levar armas para a
República de Cuba, o que acabaria levando à chamada Crise dos Mísseis
que se iniciou em outubro de 1962 e ficou marcada por ser um período de grande
tensão diplomática entre Estados Unidos e União Soviética. O estresse se deu
por conta da descoberta de uma base de mísseis soviéticos que estava em
construção em Cuba. Era uma bomba de hidrogênio de três estágios com uma
potência em torno de 50 megatons (Mt). Tal capacidade de destruição em massa equivalia
a todos os explosivos com utilidade de uso multiplicados por dez praticados na 2ª
guerra mundial (1939-45).
O
projeto inicial apresentava três estágios: (1) que era uma bomba atômica, onde
o núcleo atômico é desintegrado em elementos mais leves quando bombardeados por
nêutrons, liberando grande quantidade de energia. (2) termonuclear, era
desencadeado pela reação de fissão nuclear do primeiro estágio, fazendo com que
o seu material se fundisse; a reação do primeiro estágio criava as condições de
temperatura e pressão ideais para que o deutério e o trítio se unissem pela
fusão nuclear. (3) O terceiro era outro estágio termonuclear, como o segundo. Além
disso a bomba apresentava uma “jaqueta” de urânio empobrecido, que só sofre
fissão pelos nêutrons energéticos da fusão nuclear, tendo em vista que a
jaqueta não deve ser confundida com o terceiro estágio verdadeiro. Nessa
configuração a bomba era capaz de liberar aproximadamente 100 megatons, o que
resultaria em excesso de partículas radioativas liberadas na atmosfera. Depois
dos testes nucleares no atol de Bikini, localizado no oceano Pacífico, um dos
cientistas que fazia parte da equipe que participou no desenvolvimento da arma
resolveu criar uma explosão de 10.000 megatons. Ela teria sido 670.000 vezes
mais potente que a bomba lançada sobre Hiroshima, tão grande que destruiria um
continente e envenenaria nosso planeta.
Para
limitar os efeitos sociais dos resíduos radioativos, a “jaqueta” de urânio, que
ampliava muito a reação, fissionando átomos de urânio com nêutrons mais rápidos
da reação anterior, foi trocado por uma de chumbo. Isso eliminou a rápida
fissão dos nêutrons resultantes da fusão de segundo e terceiro estágios, de
forma que 97% do total da energia seria resultado apenas do estágio de fusão.
Houve forte incentivo para a redução do impacto de potência, já que a maioria
dos resíduos radioativos resultantes do teste da bomba acabaria chegando, sem
temor a erro, ao próprio território soviético de origem do teste da bomba.Tudo na Tsar Bomba é “absurdo e
aterrorizante”, como suas dimensões e seu peso. Ela media mais de 8 metros de
comprimento por 2,5 metros de diâmetro. Seu formato era similar às bombas fat
boy usadas sobre o território do Japão, mas obviamente maior e mais pesada
atingindo 30 toneladas. Para que ela fosse lançada seria preciso modificar fisicamente
o maior avião da força-aérea soviética, o bombardeiro pesado Tupolev Tu-95v que
teve de ser praticamente desmantelado para que a arma fosse acoplada na parte
inferior de sua barriga. O avião ficou tão pesado que alguns supunham que ele
sequer pudesse ser capaz de decolar. Santos Dumont havia contrariado essa
ideia.
O
local escolhido para a detonação ocorreu na ilha de Novaya Zemlya, no Mar de
Barents, nordeste da União Soviética e extremo norte da Escandinávia. O lugar,
em pleno Círculo Polar Ártico, foi escolhido por ser apenas “esparsamente
populacional” (como se não houvesse vida marinha nos lugares mais remotos do oceano) e porque a explosão teria de
ser deflagrada a uma distância suficiente de qualquer região habitada
para não trazer consequências duradouras. A escolha se deveu principalmente ao
fato de que os próprios soviéticos não tinham ideia da potência real da bomba que
iam lançar e por temer que a explosão pudesse causar algum dano permanente. Um
segundo Tupolev acompanharia o bombardeiro responsável por soltar a bomba. Sua
função técnica “seria monitorar, filmar e fotografar a explosão”. Antes mesmo
de decolar, os pilotos receberam informações técnicas a respeito dos riscos que
envolveriam a experiência. Existia a grande possibilidade de que a “onda de
choque” pudesse derrubar os aviões. A bomba seria lançada com um paraquedas
gigantesco, talvez o maior do mundo, para que eles pudessem se afastar. Era
preciso que eles estivessem a pelo menos a 50 km de distância, o que lhes daria
uma provável chance de sobreviver. Mas os técnicos acreditavam que havia 50% de
chance de os aviões serem atingidos.
A
instalação das usinas Nucleares em Angra dos Reis I, II, III, levaram em conta justamente a economia
tanto da cidade do Rio de Janeiro como de São Paulo, além da estratégia militar
de controle Atlântico. Dessa forma, é mais fácil transmitir a “energia produzida
para os grandes centros de consumo”. Tecnologias como câmeras digitais, radar,
drones, “sistema de posicionamento global” (GPS), rede internet, etc., foram
originalmente desenvolvidas pela indústria bélica para fins militares. Cerca de
1.756 trilhões de dólares são gastos na indústria militar todos os anos, cerca
de 2,7% do Produto Interno Bruto mundial, embora em 1990 esse gasto
tenha correspondido a cerca de 4% do PIB mundial. O conjunto de vendas das 100
armas mais produzidas corresponderam a cerca de 315 bilhões de dólares em 2006.
O comércio internacional de armas em 2004 movimentou mais de 30 bilhões de
dólares, embora tenha caído pela metade em 2008. Muitos países industrializados
têm uma indústria bélica doméstica que satisfazem suas próprias forças armadas.
Outros países o comércio legal de armas permitidas para civis, com poucas
restrições, como nos EUA, mas em outros países existe
uma extensa rede de comércio ilegal de armas, principalmente naqueles países categorizados
economicamente entre os chamados subdesenvolvido e em desenvolvimento.
A
usina nuclear de Angra 3 é considerada “uma das principais pedras no caminho da
privatização da Eletrobras”. Prevista para entrar em operação em 2027, a
energia deve custar para os consumidores mais do que o dobro da usina de Angra
1 e 2.O
cálculo da tarifa de Angra 3 está a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, uma empresa pública federal com sede no Rio de Janeiro,
cujo principal objetivo é o financiamento de longo prazo e investimento em
todos os segmentos da economia, responsável pela execução e acompanhamento do
processo de desestatização da Eletrobras. A divulgação do valor cabe ao
Conselho Nacional de Política Energética, vinculado ao Ministério de Minas e
Energia (MME). O site Poder360 apurou que o banco, a Eletrobras e o
governo ainda não divulgam o cálculo mais recente da tarifa em função do
impacto político sobre a privatização. Com 1,4 GW de capacidade instalada, a
usina poderá gerar em torno de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o
suficiente para atender a cerca de 5 milhões de residências. A tarifa que for
fixada para a usina, que fornecerá energia de forma contínua para o Sistema
Interligado Nacional, como dizem os próceres do projeto, “será rateada
entre todos os consumidores”. Localizada na cidade de Angra dos Reis,
no Rio de Janeiro, estava com a construção parada desde 2015, depois
da série de denúncias de superfaturamento e desvios de recursos.
O
Sistema Interligado Nacional (SIN) é um sistema hidrotérmico de grande
porte para produção e transmissão de energia elétrica, cuja operação envolve
modelos complexos de simulações que estão sob coordenação e controle do
Operador Nacional do Sistema Elétrico, que por sua vez é fiscalizado e regulado
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ONS). A operação hidráulica dos
sistemas de reservatórios integrantes do SIN é uma atividade de tempo real que
consiste na operacionalização das diretrizes hidráulicas que, utilizando a
capacidade de regulação dos reservatórios, permite o gerenciamento do
armazenamento de água nos reservatórios, considerando a otimização energética,
o controle de cheias e o atendimento aos usos múltiplos da água. Usando a
abordagem por bacia, o módulo SIN contempla dados operativos de 162
infraestruturas para geração das usinas hidrelétricas despachadas pelo ONS.
Nesse módulo é possível consultar informações como vazão turbinada, volume útil
armazenado, vazão liberada, entre outras.O módulo SIN contempla
dados operativos de 160 infraestruturas para geração das usinas hidrelétricas
despachadas pelo ONS. É possível consultar informações tais como vazão
turbinada, volume útil armazenado, vazão liberada, entre outros. No módulo
Nordeste e Semiárido, lançado no fim de 2019, são monitorados mais de 500
reservatórios nos 9 estados da Região Nordeste e em Minas Gerais com capacidade
total próxima a 40 bilhões de m³. Outros sistemas hídricos trazem informações detalhadas
da operação do Sistema Hídrico Cantareira, responsável pelo abastecimento de
grande parte da região metropolitana da cidade de São Paulo, dos reservatórios
de abastecimento da região metropolitana do Distrito Federal, e dos
reservatórios do Sistema Paraopeba, utilizados para abastecimento de parte da
região metropolitana de Belo Horizonte.
Será
retomada em breve, depois da assinatura do contrato social, na 4ª feira, 9 de fevereiro
de 2022, para a realização de uma nova etapa. A obra já custou R$ 7,8 bilhões
e, segundo a Eletrobras, ainda serão necessários mais R$ 17 bilhões para
concluí-la. O processo de desestatização da Eletrobras prevê a mudança de
gestão da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, à recém-criada Empresa
Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. Depois da
privatização, a nova Eletrobras ainda terá participação na Eletronuclear. O
controle passará da Eletrobras para a ENBPar por “meio da conversão das ações
ordinárias da Eletrobras para preferenciais”. O processo envolverá transações
financeiras: aporte de R$ 3,5 bilhões pela empresa na Eletronuclear – esses
recursos terão que ser usados no projeto da usina nuclear Angra 3. Aportes de
R$ 6,2 bilhões pela Eletronuclear na empresa – A soma é referente a R$ 1,4
bilhão em recursos mais R$ 2,1 bilhões em Adiantamento para Futuro Aumento de
Capital existentes – ou seja, aportes que já foram realizados pela Eletrobras,
mas que ainda não fazem parte do capital social-, além da compensação de R$ 2,7
bilhões em dividendos pendentes.
Em
outubro de 2018, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), presidido
pelo Ministro de Estado de Minas e Energia, é órgão de assessoramento do
Presidente da República para formulação de políticas e diretrizes de energia aprovou
o valor de R$ 480/MWh como o preço de referência de Angra 3, a valores de julho
de 2018. A análise ainda não levava em conta aspectos relacionados ao processo
de privatização da Eletrobras. Roberto Brandão, pesquisador sênior do Grupo de
Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, afirma que, em síntese, os consumidores vão
pagar todo o custo da obra, inclusive referente aos anos em que ela esteve
parada, e, ainda, garantir retorno aos investidores. - “A resolução do CNPE
incorpora na tarifa os juros e as amortizações, inclusive de dívidas
pré-existentes. Esses 8,88% ao ano significam que quem for detentor das ações
da Eletrobras vai receber essa remuneração. A tarifa vai ser calculada de forma
a garantir um rendimento real de quase 9% ao ano. Para Roberto Brandão, esse
nível de preço, de cerca de R$ 800/MWh, acompanha a média das usinas nucleares
novas. Como exemplo, ele diz que, pelas estimativas mais recentes divulgadas, a
usina Hinkley Point C, no sudoeste da Inglaterra, deve gerar energia a cerca de
£106/MWh, o que, pelo câmbio atual, em torno de R$ 750. O empreendimento
atenderá 6 milhões de consumidores.
A
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o
Projeto de Decreto Legislativo 298/15, que apresenta o Tratado sobre
Comércio de Armas. O tratado foi assinado pelo Brasil, no âmbito da Organização
das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em junho de 2013. O texto foi
enviado ao Congresso Nacional pelo Poder Executivo, por meio da Mensagem
357/14, e foi aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa
Nacional. Os objetivos do tratado são: - estabelecer os mais altos padrões
internacionais comuns possíveis para regular ou melhorar a regulação do comércio
internacional de armas convencionais; - prevenir e erradicar o comércio ilícito
de armas convencionais e evitar o seu desvio; com o propósito de contribuir
para a paz, a segurança e a estabilidade em âmbito regional e internacional;
reduzir o sofrimento humano; promover a cooperação, a transparência e a ação
responsável dos Estados Partes no comércio internacional de armas
convencionais, promovendo, assim, a confiança entre eles. Ficam sujeitas ao
tratado todas as transferências internacionais notadamente de exportação,
importação, trânsito, transbordo e intermediação realizadas mormente entre
Estados dos seguintes produtos e artefatos: tanques de guerra; veículos de
combate blindados; sistemas de artilharia de grande calibre; aeronaves de
combate; helicópteros de ataque; navios de guerra; mísseis e lançadores de
mísseis; e armas pequenas e armamento leve. O tratado proíbe as transferências
de armas em três situações. A primeira delas é “se a transferência implicar a
violação de suas obrigações decorrentes de medidas adotadas pelo Conselho de
Segurança das Nações Unidas”. A segunda proibição fica caracterizada se “a
transferência implicar a violação de obrigações internacionais relevantes no
âmbito dos acordos internacionais em que é parte, em particular aqueles
relativos à transferência ou ao tráfico ilícito de armas convencionais”.
Segundo o tratado não autoriza a
transferências de armas se o Estado Parte “tiver conhecimento, no momento da
autorização, de que as armas ou itens poderiam ser utilizados para a prática de
genocídio, crimes contra a humanidade, violações graves das Convenções de
Genebra de 1949, ataques dirigidos contra alvos civis ou civis protegidos, ou
outros crimes de guerra tipificados pelas convenções internacionais em que seja
parte”. O parecer do relator, deputado Bruno Covas Lopes (PSDB-SP), foi
favorável à proposta. Foi prefeito da cidade de São Paulo entre 6 de abril de
2018 e 16 de maio de 2021, quando morreu em decorrência de um câncer que o
acometeu. - O Tratado de Comércio de Armas materializa a regulação das
transferências internacionais de armas convencionais. É resultado de anos de
debates que geraram um amplo consenso no âmbito da Organização das Nações
Unidas (ONU). Seus objetivos estão em perfeita harmonia com as diretrizes
estabelecidas para as relações internacionais brasileiras. Segundo Bruno Covas,
“é de interesse nacional que o Brasil contribua positivamente para evitar que
armas fabricadas em solo brasileiro alimentem violações aos direitos humanos,
crimes de guerra, genocídios e outras práticas mundialmente condenadas”.
Conforme o deputado afirmou, neste sentido político “é interesse do país evitar
que armas brasileiras sejam desviadas e abasteçam organizações criminosas
transnacionais e organizações terroristas”.
Em
muitas nações europeias, o suprimento armamentista ainda é garantido pelo
governo, ganhando grande importância política. A ligação entre política e a
indústria bélica resulta no “complexo militar-industrial”, termo cunhado pelo
ex-presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower (1890-1969), onde as forças
armadas, o comércio e a política mantêm estreitas relações. A indústria bélica,
armamentista ou militar representa o comércio e a indústria global que fabrica,
compra e vende armas e munições em massa, equipamentos e tecnologia militar.
Compreende no envolvimento, publicado ou privado, na Pesquisa & Desenvolvimento
(P&D), produção de materiais, serviços, equipamentos e instalações
militares. As empresas produtoras de armas produzem os mais diversos tipos de
armas letais para as forças armadas e de segurança pública de quase todas as
nações. Departamentos governamentais estão envolvidos na indústria
armamentista, comprando e vendendo armas, munições militares. Armas de fogo,
mísseis, aeronaves, veículos e embarcações militares, são os subprodutos da
indústria bélica. Mormente tem um papel significativo no próprio desenvolvimentoda ciência e da tecnologia. Melhor dizendo, uma bomba atômica funciona por
um processo chamado de fissão nuclear. Na fissão, você simplesmente
divide (abstratamente) o átomo em dois. Por isso, precisa de materiais
radioativos. É parecido com o funcionamento de uma usina nuclear, mas com a
diferença significativa de que para a fabricação de bombas utilizam plutônio, e
usinas utilizam urânio. O plutônio é altamente radioativo, enquanto o urânio é
fracamente radioativo.
Cerca de 1.756 trilhões de dólares
são gastos na indústria militar todos os anos, cerca de 2,7% do Produto
Interno Bruto (PIB) mundial, embora em 1990 esse gasto tenha correspondido
a cerca de 4% do PIB mundial. O conjunto de vendas das 100 armas mais vendidas
corresponderam a cerca de 315 bilhões de dólares em 2006. O comércio
internacional de armas em 2004 movimentou mais de 30 bilhões de dólares, embora
tenha caído pela metade em 2008. Durante a Guerra Fria, a exportação de
armas era uma das táticas de influência das principais superpotências, os
Estados Unidos e a União Soviética, em países do chamado 3º Mundo. A corrida
armamentista também dominou a esfera mundial, culminando na construção armas de
destruição em massa. O suprimento armamentista é garantido pelo governo,
ganhando grande importância social e política. A expressão Indústria bélica,
sociologicamente, faz referência ao negócio global destinado à produção e
reprodução de armas, e de equipamento e tecnologia militar, com destaque para utilização
de armas, munições, mísseis, aviões militares, veículos militares, navios e
sistemas eletrônicos. Numa usina nuclear, a energia é gerada pelo processo de
fissão nuclear do urânio - a quebra dos átomos - que ocorre dentro de
uma estrutura do reator.
Uma
pequena pastilha de urânio enriquecido, com o tamanho de uma bala, é
capaz de produzir “a mesma eletricidade que 22 caminhões tanques de óleo diesel”.
O combustível usado no reator é formado por centenas dessas pastilhas. É um
material radioativo, que se torna ainda mais radioativo com o processo de
fissão. – “Um acidente nuclear é basicamente o vazamento do material radioativo”,
explica Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. – “É muito mais provável que outras
barragens no Brasil se rompam do que ocorra um acidente em Angra. Ainda assim,
me assusta mais um acidente em Angra, devido à possível severidade”. Segundo André
Guimarães, “a prática da indústria prevê uma probabilidade de acidente severo,
com liberação de material radioativo para o ambiente, na ordem de um a cada um
milhão de anos”. O físico e mestre em engenharia nuclear Luiz Pinguelli Rosa
(1942-2022), professor emérito do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reconhece que existem
diversos dispositivos para evitar que material radioativo vaze para o meio
ambiente. – Mas (essa tecnologia) falhou em Three Mile Island: como foi
noticiado na mídia global sobre o acidente nuclear nos Estados Unidos (1979),
em Chernobyl e em Fukushima: quando ocorreu o acidente nuclear no Japão (2011).
Desde então houve um avanço, mas não
foi definitivo. Cerca de 8000 km e 25 anos, separam os desastres nucleares de
Chernobyl, na Ucrânia e Fukushima, no Japão. Há diferenças entre as duas catástrofes,
mas há também grandes semelhanças. As duas centrais nucleares iniciaram a
atividade na década de 1970, do século passado. Fukushima começou a laborar em
1971 e a de Chernobyl seis anos mais tarde. A central ucraniana funcionou
durante nove anos, até 1986, e a chinesa esteve aberta durante quatro décadas. Durante
os acidentes, em Fukushima estavam seis reatores a funcionar, em Chernobyl
quatro. Erros de construção e negligência têm sido apontados como as principais
causas das duas catástrofes. A explosão do Reator de Chernobyl, a 26 de abril
de 1986, resultou de uma experiência que estava pronta para ser realizada pelos
trabalhadores da central. Os operadores de Chernobyl terão cometido vários
erros no decorrer da experiência. Essas falhas foram, inicialmente,
consideradas pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) como
as principais causas do desastre. Mais tarde alterou as conclusões. A
construção do reator High Power Channel-type Reactor (RBMK), utilizado
na central, é considerada uma das principais razões do acidente.
Os
cientistas que construíram o reator pensaram que seria impossível que uma
determinada combinação ocorresse na prática ao mesmo tempo. Por essa razão, não
criaram sistemas de proteção. Contudo, essa cadeia de eventos, que os
cientistas julgaram impossível, ocorreu exatamente na noite de 26 de abril de
1986. A crise de Fukushima foi desencadeada por um terremoto e posterior
“tsunami”, a 11 de março de 2011. Os perigos de potencial uma onda gigante já
tinha sido levantada, anteriormente, mas foram de modo geral quase sempre
ignorados. O sismo de março de 2011 destruiu as linhas elétricas e os
geradores, que alimentavam a central nuclear o que fez com que se tornasse
impossível o arrefecimento dos reatores. Os reatores de Chernobyl e de
Fukushima obtiveram a classificação de nível 7, na Escala
Internacional de Acidentes Nucleares da AIEA, o nível mais elevado,
correspondente a acidente grave. Uma classificação de nível 7 implica a
liberação séria de materiais radioativos com efeitos extensos na saúde e no
meio ambiente. Para controlar tal desastre, são necessárias medidas
emergenciais de longo alcance. De acordo com as normas da Agência
Internacional de Energia Atômica (INES), um acidente de nível 7 do
INES é classificado quando as emissões totais correspondem a algumas dezenas de
milhares de terabecquerel (TBq). Becquerel é a unidade de medida no
Sistema Internacional para atividade de um radionuclídeo. O nome becquerel foi
adotado pela 15ª Conferência Geral de Pesos e Medidas em 1975. É definido como:
1 Bq = 1s⁻¹, ou seja, um becquerel corresponde “a uma desintegração
nuclear por segundo”. A explosão em Chernobyl fez com que a contaminação
se espalhasse aos países vizinhos como a Bielorrússia ou a Rússia, na época
membros da comunista União Soviética.
A
nuvem radioativa espalhou-se por toda a Europa, com exceção de Portugal. A
radiação de Fukushima continua a infiltrar-se no oceano através de águas
subterrâneas. Foram encontrados nuclídeos radioativos espalhados um pouco no
Oceano Pacífico. A contaminação de outros países não é insignificante. As Zonas
de Exclusão continuam a circundar as duas centrais nucleares atingidas: a
de Chernobyl tem um raio de 30 km, a de Fukushima 20. Em ambas as situações
milhares de pessoas tiveram de ser realojadas. De acordo com dados oficiais,
300.000 foram deslocadas no Japão e 350.000 na Ucrânia, Bielorrússia e na
Rússia, em 1986 e nos anos seguintes. Cinco anos após a catástrofe, sobreviventes
desalojados de Fukushima vivem em abrigos temporários. Eles têm o direito de
visitar suas casas na zona de exclusão durante 5 horas em um dado momento. Cerca
de 1200 ucranianos voltaram para suas casas, nas últimas três décadas, apesar
de ser considerada ilegal. Na realidade a maioria é constituída por
pessoas idosas.
Angra
3 está localizada na Praia de Itaorna e que está em fase de instalação. Como
Angra 2, terá um “reator de água pressurizada” (Pressurized Water Reactor),
potência de 1 350 MW, e projeto da Siemens/KWU, atual Areva NP. Após sua
construção ter sido paralisada nos anos 1980, foi anunciada a retomada de seu
desenvolvimento a partir de 2008. Aproximadamente 60-70% dos materiais para a
construção desta estação de geração nuclear já foram adquiridos juntamente como
a compra dos materiais de Angra 2. O equipamento é mantido no local, tendo sido
gastos 600 milhões de reais na fase inicial (750 milhões de reais em valores de
1999), e projetados mais 8,4 bilhões de reais (4,5 bilhões de reais), sendo 70%
destes comprados nacionalmente. Foi gasto na estocagem e manutenção dos
materiais aproximadamente R$ 20 milhões/ano. As obras de conclusão de Angra 3
foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas
ainda não foram concluídas. A construção recebeu a licença de instalação do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, reconhecido
pelo acrônimo IBAMA, criado pela Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, é ao
Ministério do Meio Ambiente e a licença de construção preliminar da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O início oficial das obras ocorreu em 1º
de junho de 2010. Até 30 de novembro de 2011, cerca de 40% do volume total de
concreto estrutural havia sido executado, representando 20% do progresso das
obras civis de Angra 3. As obras foram interrompidas em 2015 por suspeitas
de corrupção, quando a Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
apurou irregularidades nos contratos com as empreiteiras. Até 2019, cerca de
67% das obras estavam realizadas e haviam sido investidos 9 bilhões de reais no
governo brasileiro. Estima-se que sejam necessários novos investimentos da
ordem de 15 bilhões de reais para a conclusão de Angra 3. O governo estuda um
modelo de parceria com a iniciativa privada para colocar a usina em
funcionamento até 2026.
O
projeto tem sido considerado controverso. Tem em seus defensores o argumento
que é economicamente competitiva, contar com combustível abundante no Brasil o
que é importante dentro do conceito de segurança energética, além de não ser
fonte emissora de gases de efeito estufa. Cálculos feitos por técnicos do Operador
Nacional do Sistema indicam que o custo marginal médio para a expansão do
sistema hidrelétrico é de aproximadamente R$ 80/MWh, enquanto o custo de
geração de Angra 3 está em torno de R$ 144/MWh. A praia onde se localiza a
usina, Itaorna, que em guarani significa “pedra podre”, sofre constantes
deslizamentos de terra, o que gerou diversas críticas sobre a escolha. A
Eletronuclear se defende dizendo que diversos estudos foram feitos, e que o
principal fator de escolha foi a localização equidistante de centros urbanos de
São Paulo, Rio de Janeiro e o Ministério de Minas e Energia (MME) declarou que
pretende retomar o plano de construir entre quatro e oito novas usinas
nucleares no país. A informação foi confirmada por meio de nota enviada pelo
ministério, ao defender a conclusão de Angra 3, no Rio de Janeiro. – “Para o
setor nuclear, a conclusão de Angra 3 é importante, pois traz escala a toda a
cadeia produtiva do setor, desde a produção de combustível à geração de
energia. Isso se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que o
Brasil vai precisar investir em energia para o futuro, em função do aumento da
demanda e do esgotamento do potencial hidrelétrico”, declarou o MME. – “Por
fim, o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) prevê a construção de quatro a
oito usinas nucleares no país. Cenário que tende a ser confirmado pelo PNE
2050, publicação aguardada para breve”.
A
primeira usina nuclear brasileira opera com um reator do tipo PWR (água pressurizada),
que é o mais utilizado no mundo. Desde 1985, quando entrou em operação
comercial, Angra 1 gera energia suficiente para suprir uma capital como Vitória
ou Florianópolis, com 1 milhão de habitantes. A Usina nuclear Angra 1 teve, em
2019, a maior produção de sua história econômica. A unidade gerou 5.546.164
megawatts-hora (MWh), superando sua melhor marca, obtida em 2012 (5.395.561
MWh). Esta primeira usina nuclear foi adquirida sob a forma de “turn key”, como
se fosse a representação de um pacote fechado, que não previa a relação social
de transferência de tecnologia por parte dos membros fornecedores. A
experiência acumulada pela Eletrobras Eletronuclear em todos esses anos de
operação comercial, com indicadores de eficiência que superam analogamente o indicador
de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a capacidade de
realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica e incorporar os mais
recentes avanços da indústria nuclear. Como realizar a troca de dois dos
principais equipamentos de Angra 1, os geradores de vapor. Com novos
equipamentos, a vida útil de Angra 1 “se prolongará e a usina estará apta a
gerar mais energia para o Brasil”.
Historicamente
o custo em vidas da guerra foi extremamente alto como ocorre com o espírito
belicoso. O total de vietnamitas mortos, civis ou militares, varia de 966 mil a
3,8 milhões. Entre 240 mil e 300 mil cambojanos, e 20 mil a 62 mil laocianos
perderam a vida também na tragédia. Os norte-americanos estimam suas perdas em
58 mil soldados mortos, mais de 300 mil feridos e 1 626 ainda desaparecidos
desde 1975. Para os Estados Unidos da América, a Guerra do Vietnã resultou numa
das maiores confrontações armadas em que o país já se viu envolvido, e a
derrota provocou a Síndrome do Vietnã em seus soldados e sua sociedade,
causando profundos reflexos na sua cultura, na indústria cinematográfica e
grande mudança na sua política exterior, até a eleição presidencial de Ronald
Reagan (1911-2004), em 1980. Síndrome do Vietnã é um termo na política norte-americana
que se refere à aversão pública aos envolvimentos militares americanos no
exterior após a controvérsia doméstica sobre a Guerra do Vietnã, que terminou
em 1975. Ronald Wilson Reagan foi um ator e político, formou-se em economia e
sociologia no Eureka College, uma faculdade de artes liberais localizada em
Eureka, Illinois, relacionada por convênio com os Discípulos de Cristo, e
em seguida trabalhou como radialista esportivo. Os Discípulos de Cristo
não possuem credos mais específicos para além dos rituais e credos mais básicos
presentes na Bíblia; assim em comum: creem na Bíblia, praticam o batismo por
imersão, celebram a santa ceia aberta a todo e qualquer cristão presidida por membros leigos. Cada congregação é autônoma.
A
Igreja Cristã Discípulos de Cristo – mutatis mutandis - é uma
denominação cristã protestante que ensina que o discípulo é aquele que seguem
outrem em suas ideias, atitudes, posição ideológicas. Os Discípulos mais
conhecidos são os doze apóstolos: André, Bartolomeu, Filipe, João, Marcos,
Judas Iscariotes (o traidor), Judas Tadeu, Mateus, Samuel, Simão Pedro, Tiago,
Tomé. Os relatos bíblicos mostram que todos que estavam com Jesus e o seguiam
eram seus discípulos (cf. Mateus 8:23). Este movimento restauracionista
protestante teve suas origens no movimento restauracionista de Thomas Campbell
e Alexander Campbell na região dos Apalaches no início do século XIX, visando
restaurar o cristianismo primitivo e acabar com o denominacionalismo,
que na teologia ecumênica, representa o fenômeno caracterizado pelo surgimento
de múltiplas linhas ou igrejas heterogêneas no interior da religião cristã. Alguns
membros são: James William Fulbright, Senador do Arkansas; James Garfield,
presidente dos Estados Unidos, ministro ordenado dos Discípulos de Cristo;
David Lloyd George, Primeiro-ministro do Reino Unido; Lyndon Baines Johnson,
presidente dos Estados Unidos da América, foi “ministro de jovens” dessa
denominação; Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, embora frequentasse
a Igreja Presbiteriana também. Jim Warren Jones, representou um pastor
dissidente dos Discípulos de Cristo, fundador da seita Templo do Povo.
A
perspectiva de guerra nuclear – Jim Jones faria uma nova previsão para 15 de
julho de 1967 que continuou alimentando os objetivos de expansão de sua seita.
Ainda em 1965 começou a transferir a comunidade do Templo dos Povos
para Ukiah, na região do vale das sequoias, no estado da Califórnia. Em 1970,
já existiam sucursais do Templo em San Francisco e Los Angeles. O movimento se
expandia no país através de caravanas, distribuição de folhetos, especialmente
entre viciados em drogas e os chamados “sem-teto”, concentrações em grandes
cidades como Houston, Detroit e Cleveland e reuniões de testemunho. Todas as
reuniões eram sediadas em San Francisco, que se tornou a sede da organização em
1972. Em seu auge, em meados dos anos 1970, o Templo dos Povos reuniu cerca de
3 mil membros, dentre os quais 70 a 80% eram de origem afro-americanos pobres.
Estatísticas exageradas do próprio movimento subiam seu número para 20 mil
pessoas. As finanças do movimento provinham de doações de seus membros ou de
pessoas influentes. Objetos pessoais de Jim Jones e amuletos eram também
vendidos e o Templo chegou a ter uma estação transmissora de rádio e sua
própria gravadora de discos.
Após
denúncias motivadas pela deserção de oito jovens membros da igreja em 1973, o
grupo dirigente do Templo se fechou em torno de Jones e sua liderança pessoal.
A partir de então, relatos de ex-membros registram planos e simulações de
suicídio coletivo. Em 1974, o Templo arrendou uma gleba de terra na Guiana,
junto à localidade de Port Kaituma, próximo à fronteira com a Venezuela. Ali
Jones, com sua família, pretendia erguer o “Projeto Agrícola” do Templo dos
Povos, formando a comunidade informalmente denominada de Jonestown. Os
primeiros 50 residentes, transferidos da igreja em San Francisco, chegaram em
1977. No ano seguinte, já eram mais de 900 dos quais 68% eram afro-americanos. Tratava-se
de uma tentativa de construir uma comunidade rural autossustentável em um local
com solo pobre e com pouca água doce. Além disso, a comunidade estava
superpovoada quando se leva em conta os recursos disponíveis nas proximidades.
Essas circunstâncias que contribuíram para a deterioração das condições de vida
no local. Ao mesmo tempo em que o fisco público fechava o cerco contra a
isenção de impostos usufruída pelo Templo, Jim Jones se referia de forma hostil
ao governo dos Estados Unidos como “o Anticristo”, em rápida marcha em direção
ao fascismo, e ao capitalismo como o regime econômico do
Anticristo.
Além
disso, pesaram contra Jim Jones (1931-1978) acusações de sequestro de crianças
de ex-integrantes que tinham abandonado o Templo. Outras denúncias incluíam: 1)
ameaças físicas, morais e mentais diretamente aos membros da seita, separados
de qualquer contato com suas famílias; 2) tortura psicológica, com privação de
sono e de alimentos; 3) exigência de entrega de propriedades e 25% da renda de
cada membro da seita; 4) interferências de Jones na escolha do casamento e na
vida sexual dos casais; 5) isolamento das crianças em relação aos seus pais; 6)
campanha constante junto à mídia para dar uma impressão favorável e meritória a
Jones e ao desenvolvimento do trabalho religioso no Templo. Após o assassinato
do congressista Leo Joseph Ryan (1925-1978), os 909 habitantes de Jonestown,
incluindo 304 crianças, “morreram de envenenamento por ingestão de cianeto,
principalmente em torno do pavilhão principal do assentamento”. Isto resultou
no maior número de civis estadunidenses mortos em um ato deliberado análogo até
os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O FBI recuperou mais
tarde como prova, uma gravação de áudio de 45 minutos do suicídio coletivo em
andamento.
As
letras composições de Bob Dylan durante esse período incorporaram uma ampla diversidade
de influências políticas, sociais, filosóficas e literárias, desafiaram as
convenções tradicionais da música pop e apelaram à crescente formação da contracultura.
A música Folk, na cultura norte-americana, atingiu o auge de
popularidade nas décadas de 1950 e 1960 e Bob Dylan incorporou as tensões sociais
dessa conjuntura crítica da melhor forma, tendo como escopo “indiciarista” seus
detalhes e humor. I`m Not There é um filme norte-americano de 2007, do
gênero drama biográfico musical, dirigido por Todd Haynes, com roteiro de Oren
Moverman e do próprio diretor baseado na vida de Bob Dylan. Seis atores
interpretam versões de distintas fases da vida social do ícone folk:
Marcus Carl Franklin, Ben Whishaw, Heath Ledger, Christian Bale, Richard Gere e
Cate Blanchett. Nascido no estado de Minnesota, neto de imigrantes judeus
russos, aos dez anos de idade Dylan “escreveu seus primeiros poemas e, ainda
adolescente, aprendeu piano e guitarra sozinho”. Começou cantando em grupos de rock,
imitando Little Richard e Buddy Holly, desempenharam um papel fundamental na
formação de outros gêneros musicais populares, mas quando foi para a
Universidade de Minnesota em 1959, voltou-se para a folk music,
impressionado com a obra musical do lendário cantor folk Woody Guthrie
(1912-1967), a quem foi visitar em Nova Iorque em 1961. Muitas de suas músicas
gravadas estão arquivadas na Biblioteca do Congresso, nos Estados Unidos.
Woody
Guthrie viajou na companhia de trabalhadores migrantes de Oklahoma para a
Califórnia (cerca de 1335 milhas) e aprendeu canções de folk e blues tradicionais.
Narram suas experiências na Dust Bowl durante a Grande Depressão,
fazendo com que ele, reconhecido como intérprete autoral, ganhasse o terrível apelido
“O trovador Dust Bowl”. O Dust Bowl, que engoliu as Grandes Planícies no
centro-sul dos EUA nos anos 1930, é considerado um dos primeiros desastres
naturais causados pelo ser humano no país é considerado um trauma nacional.
Nove décadas depois, no entanto, existe o risco de que ele se repita per se
com mais força bruta. A passagem histórica e política do cetro entre a
Grã-Bretanha e os Estados Unidos é uma rara exceção. Guthrie foi associado a grupos
comunistas nos Estados Unidos, mas nunca se tornou de fato um membro do
comunismo. Na representação fílmica Bound
for Glory (1976), o cantor e compositor Woody Guthrie foi um desses
migrantes, que saiu do devastado Texas, nos Estados Unidos, para encontrar
trabalho e, durante sua busca, acabou descobrindo a força e o sofrimento que
existe na classe trabalhadora norte-americana. Em 2004 foi eleito pela tradicional
revista Rolling Stone o 7º maior cantor de todos os tempos e o 2º melhor
artista da música de todos os tempos, ficando atrás somente dos Beatles, e uma
de suas principais canções, “Like a Rolling Stone”, como a melhor canção de
todos os tempos. Influenciou diretamente grandes nomes do rock norte-americano
e britânico dos anos de 1960 e 1970.
Em
2012, Dylan foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Foi laureado não por acaso com o
Nobel da Literatura de 2016, por “ter criado novos modos de expressão poética
no quadro da tradição da música americana”. E, assim, tornou-se o primeiro e
único artista na história a ganhar, last but not least além do Prêmio Nobel,
amplamente considerado o mais prestigiado prêmio disponível nas áreas de
literatura, medicina, física, química, economia e ativismo pela paz, o Pulitzer,
um prêmio estadunidense outorgado a pessoas que realizem trabalhos de
excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical, o Oscar,
que presenteia anualmente os profissionais da indústria cinematográfica com o
prêmio em reconhecimento à excelência do trabalho e conquistas na arte da
produção cinematográfica, o Grammy,em reconhecimento à
excelência do trabalho e conquistas na arte de produção musical e, provendo
suporte à comunidade da indústria musical. É considerado um dos quatro
principais prêmios anuais de entretenimento americano, juntamente com o Óscar
(cinema), o Emmy (televisão) e o Tony (teatro) e o Globo de Ouro, entregues
desde 1944 pela Hollywood Foreign Press Association, são reconhecidos
como uma das maiores honras que um profissional dessas indústrias possa
receber, sendo o maior prêmio da crítica artística, já que o Óscar e o Emmy, comparativamente,
são prêmios atribuídos através de um processo da avaliação dos respectivos
pares.
A primeira usina nuclear brasileira
entrou em operação comercial em 1985 e opera com um “reator de água
pressurizada” (PWR), atual e mais utilizado no mundo globalizado. Com 640
megawatts de potência, Angra 1 gera energia suficiente para suprir uma cidade
de 1 milhão de habitantes, como ocorre em cidades no extremo oposto da nação
como Porto Alegre (RS) ou São Luís (MA), uma cidade nordestina, na ilha de São
Luís, no Oceano Atlântico. No centro histórico da cidade encontra-se o bairro
de Praia Grande, na área circundante da Rua de Portugal, marcado por edifícios
coloniais com azulejos distintos e varandas em ferro fundido. O Palácio dos
Leões, onde reside o governador do estado, exibe arte e mobiliário franceses.
Nas proximidades, encontra-se o grande Palácio La Ravardière, do século XVII. A
energia nuclear corresponde a cerca de 3% da matriz energética do Brasil e inversamente
cerca de 40% da matriz energética do Estado do Rio de Janeiro, sendo produzida
por dois reatores de água pressurizada na Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto, em Angra dos Reis. A construção de um terceiro reator teve início em
junho de 2010, previsto para entrar em funcionamento em maio de 2018, porém, em
decorrência de interrupção das obras, o início das operações foi adiado para
2024. A empresa encarregada de produzir energia nuclear é a Eletronuclear.
O estudo da radiação atômica,
transformações atômicas e fissão nuclear foi desenvolvida com intuito militar
principalmente de 1895 a 1945, grande parte dos últimos seis anos nessa conjuntura.
De 1939 a 1945 a maior parte do desenvolvimento estava programado para
desenvolver a bomba atômica. De 1945 para frente a atenção sobre a bomba
atômica foi diminuída, porém seu estudo continua forte principalmente nas áreas
de energia limpa e propulsão naval controlada. Energia elétrica foi gerada pela
primeira vez por um reator nuclear em 3 de setembro de 1948 pelo Reator de Grafite
X-10 em Oak Ridge, no estado do Tennessee, Estados Unidos da América; acendendo
como primícia uma lâmpada elétrica. O segundo experimento e em escala
maior ocorreu em 20 de dezembro de 1951 na estação experimental EBR-1 perto de
Arco, Idaho, também nos Estados Unidos. Em 27 de junho de 1954, a Usina Nuclear
de Obninsk se torna a primeira usina nuclear ligada a rede elétrica de algum
país começando a operar na cidade soviética de Obninsk. A primeira usina em escala comercial foi a Usina Nuclear de Calder Hall em 17
de outubro de 1956 em Sellafield no Reino Unido.
A
primeira usina nuclear comercial devotada completamente a geração de energia
elétrica, pois Calder Hall também era usada para a produção de plutônio para uso
militar, diminuindo sua eficiência como usina elétrica, foi a Usina Nuclear
de Shippingport nos Estados Unidos, conectada à rede em 18 de dezembro de 1957.
Central Nuclear ou Usina Nuclear representa sociologicamente uma instalação
industrial empregada para produzir eletricidade a partir da objetividade de uso
de energia nuclear. Caracteriza-se pelo uso de materiais radioativos que
produzem calor como resultado de uma reação nuclear. As centrais nucleares usam
esse calor para gerar vapor, que é usado para girar turbinas e assim produzir determinada
quantidade de energia elétrica. As centrais nucleares apresentam um ou mais
reatores, como compartimentos impermeáveis à radiação, em cujo interior são
colocadas barras de controle ou outras configurações geométricas de minerais
com algum elemento que seja radioativo, mas em geral é o urânio. No processo de
fissão nuclear, estabelece-se uma reação em cadeia que é sustentada mediante o uso de auxiliares, dependendo do tipo de
tecnologia empregada.
A Central Nuclear Almirante
Álvaro Alberto (CNAAA) é o complexo integrado, formado pelo conjunto das
usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3 (em construção), de propriedade da
Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. Elas são o resultado de um longo
programa nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 com a criação do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) liderado na
época principalmente pela figura do Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva,
que lhe empresta o nome. Está localizada às margens da rodovia BR-101, na praia
de Itaorna, no município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, Brasil. As
razões determinantes dessa localização foram a proximidade dos três principais
centros de carga do Sistema Elétrico Brasileiro: São Paulo, Belo Horizonte e
Rio de Janeiro, a necessária proximidade do mar e a facilidade de
acesso para os componentes pesados. As usinas operam normalmente a plena
capacidade, ou seja, em cem por cento do tempo, sendo desligadas uma vez por
ano para recarga do reator. As paradas para recarga duram cerca de 30 dias e,
além da recarga, são feitos diversos testes nos sistemas normais e de
segurança, além de manutenções programadas. O despacho das usinas é comandado
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A interligação
elétrica da usina ao sistema elétrico é feita por três linhas de transmissão em
500 quilovolts para as subestações de Cachoeira Paulista, São Paulo, e de São
José em Belford Roxo, de Grajaú no Rio de Janeiro. Uma interligação em 138
quilovolts existe para alimentar os sistemas de propulsão da usina nos períodos de parada.
De
1985, quando entrou em operação comercial a usina Angra 1, até 2005, a produção
acumulada de energia das usinas nucleares Angra 1 e 2 somavam 100 000 GWh, o
que equivale à produção anual da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, na
fronteira Brasil-Paraguai. Em 1982, após longo período de construção, teve
início a operação comercial da Usina Angra 1, com 657 MW. O início da vida da
usina foi marcado por diversos problemas, que levavam a constantes interrupções
técnicas na operação. Houve mesmo longo litígio entre Furnas Centrais
Elétricas, então operadora da usina e a Westinghouse, sua fornecedora. A partir
de 1995, com a solução dos problemas técnicos e com o aprendizado das equipes
de operação e manutenção, o desempenho da usina, medido pelo seu fator de
capacidade, melhorou substancialmente. Em 2001, entrou em operação a Usina
Angra 2 com 1350 MW. Essa usina foi construída com tecnologia alemã Siemens/KWU,
ainda no âmbito do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Em seu primeiro ano
de operação, Angra 2 atingiu um fator de capacidade de quase noventa por cento.
Paralisada em 1986, as obras de conclusão de Angra 3 foram incluídas no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e retomadas em 2010 quando foram
produzidos na CNAAA 14 415 gigawatts-hora (GWh), correspondendo a 3% do consumo
de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional. A construção foi
interrompida em 2015” por suspeitas de corrupção, no âmbito da Operação Lava
Jato”. O governo estuda um modelo de parceria com a iniciativa privada para
colocar a usina em funcionamento até 2026.
A
tecnologia nuclear, apesar de suas diversas aplicações benéficas no
campo civil, sobretudo na medicina, nasceu ligada a interesses genuinamente
de complexos militares. As primeiras pesquisas tecnológicas brasileiras na área
nuclear foram realizadas na década de 1930, mas foi a partir de 6 de agosto de
1945, com o ataque nuclear sobre a cidade de Hiroshima, gradativamente que “o
interesse sistemático por tal questão se concretizou no Brasil”. Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade
do mundo arrasada pela bomba atômica de fissão denominada Little Boy,
lançada pelo governo dos Estados Unidos, resultando em 250 000 mortos e
feridos. Representa na esfera política o código de uma bomba atômica lançada
sobre Hiroshima, ao término da 2ª guerra mundial. Após ter sido largado do
avião denominado Enola Gay pilotado pelo então tenente-coronel Paul Tibbets
(1915-2007), a cerca de 9 450 metros (31 000 pés) de altitude, o engenho
explodiu aproximadamente às 8 horas e 15 minutos da manhã a cerca de 600 metros
do solo, com explosão de potência equivalente à de 15 Kilotons de TNT. Foi a
primeira das duas únicas armas nucleares utilizadas em guerra. Esta convenção
pretende comparar a destrutividade de um evento, com a dos materiais explosivos
tradicionais, dos quais o TNT é típico, embora outros explosivos convencionais,
como a dinamite, contenham mais energia.
Um
prédio de 116 metros foi implodido em Frankfurt, na Alemanha. O edifício
Afe, de 41 anos e 32 andares, o edifício era utilizado pela Universidade
Goethe, em Frankfurt, oficialmente denominada Johann Wolfgang
Goethe-Universität Frankfurt am Main, é uma das maiores instituições de ensino
superior da Alemanha, com 37.353 alunos. Estabelecida em Frankfurt, foi fundada
em 1914, é a maior cidade do estado alemão de Hessen e a quinta maior cidade da
Alemanha. Passaram pela universidade um total de 19 pessoas que ganharam o
prêmio Nobel e de 18 que obtiveram o prêmio Leibniz. Em 1932, o nome da
universidade foi ampliado, honrando o poeta e escritor Johann Wolfgang von
Goethe, nascido na cidade. Foi o maior prédio da Europa a sofrer uma implosão.
No local estavam, escritórios e salas de aula dos departamentos de Ciências
Sociais e Educação. O edifício foi totalmente esvaziado em abril de 2013 e veio
abaixo em 10 segundos. Segundo a imprensa local, uma tonelada de explosivos foi
utilizada. Milhares de pessoas assistiram à destruição daquele que é o mais
alto edifício a ser implodido na Europa. A torre tinha 32 andares e 116 metros
de altura. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas acompanharam as explosões a
uma distância de 250 metros.
O
explosivo TNT é o nitrocomposto trinitrotolueno e seu nome químico é representado
por: 2-metil-1,3,5-trinitrobenzeno. Ele é um sólido amarelo cristalino com
imenso potencial explosivo. Por isto ele é “muito utilizado em implosões de
prédios e outras edificações”. O equivalente em TNT é um método de
quantificação da energia libertada em explosões. A energia dos explosivos é
normalmente calculada usando a energia do trabalho termodinâmico da detonação,
que para o TNT foi precisamente medido como sendo 1 120 calth/g a partir de um
grande número de experiências de com explosões aéreas, e teoricamente calculado
como sendo 1 160 calth/g. A emissão de calor de um grama de TNT é apenas 651
calorias termoquímicas ≈ 2724 J, mas este não é o valor mais importante para os
cálculos do efeito explosivo. A tonelada de TNT é uma unidade de energia igual
a 4,184 gigajoules, aproximadamente a quantidade de energia libertada
pela detonação de uma tonelada. A megatonelada de TNT é uma unidade de energia
equivalente a 4,184 petajoules. A quilotonelada e a megatonelada de TNT
têm sido tradicionalmente usadas para classificar “a libertação de energia, e,
portanto, o poder destrutivo, de armas nucleares volta para a guerra. Esta
unidade consta em vários tratados sobre o controle de armas nucleares, demonstra
sua destrutividade em comparação com os explosivos convencionais, como o TNT. Foi
usada para descrever a energia libertada noutros eventos destrutivos, como
impactos de asteroides. O TNT não é o mais energético dos explosivos
convencionais. A dinamite, por exemplo, tem uma densidade energética 60% maior,
aproximadamente 7,5 MJ/kg, comparados com 4,7 MJ/kg para o TNT.
A
Little Boy tinha 3 metros em comprimento, 71 centímetros de largura e
massa de aproximadamente 4 400 kg. O projeto tinha um mecanismo igual ao de uma
arma para explodir uma massa de urânio-235 e três anéis de U-235, iniciando uma
reação nuclear em cadeia. Continha 65 kg de U-235. O urânio foi enriquecido nas
enormes fábricas de Oak Ridge, no Tennessee, durante o Projeto Manhattan. Aproximadamente
70 mil pessoas foram mortas como um resultado direto da explosão, e um número
equivalente de pessoas foram feridas. Um maior número de pessoas foram morrendo
após a explosão devido ao resultado de radiações após o ataque por causa de
cancro. Também muitas mães grávidas que perderam os seus filhos e, comparativamente
em outros casos as crianças nasceram com terríveis deformações. De pequenas
estações de caminho-de-ferro a menos de 16 km da cidade chegaram notícias de
uma terrível explosão em Hiroshima. Todas estas notícias foram transmitidas
para o Quartel-General do Estado-Maior japonês, como parte do Conselho Supremo
de Guerra foi estabelecido em 1893 para coordenar as ações da Marinha Imperial
Japonesa e do Exército Imperial Japonês nos períodos de guerra.
A
importância estratégica da tecnologia nuclear é logo observada pelos militares,
tendo como representante o almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva
(1889-1976), um vice-almirante da Marinha do Brasil e cientista brasileiro. Foi
inventor de explosivos e tintas anti-incrustantes polivalentes. Sua principal
contribuição foi a implementação do Programa nuclear. Foi o representante do
Brasil na comissão de energia atômica da Organização das Nações Unidas
(ONU). As propostas levantadas pelo almirante foram englobadas pelo Conselho
Nacional de Pesquisa (CNPq), fundado em 1951 e tendo o mesmo como primeiro
presidente. Era o filho do médico e político Álvaro Alberto da Silva. Ingressou
na Escola Naval em 1906. Em 1910, fez parte da repressão da Revolta da Chibata,
um motim organizado pelos soldados da Marinha brasileira de 22 a 27 de novembro
de 1910, sendo o primeiro oficial a ser ferido na noite de 22 de novembro. Foi
socorrido e sobreviveu. Manteve um regime disciplinar anacrônico na Marinha que
infligia aos marinheiros castigos corporais os mais torpes de medidas
disciplinares, como a utilização da chibata, como castigo, 22 anos após a
Abolição da Escravatura em 1888. Oficial tout court na carreira da
Marinha do Brasil, começou a se interessar pela química de explosivos e
ingressa na Escola Politécnica em 1911. Em 1916, tornou-se professor de Química
e Explosivos da Escola Naval. Em 1919, vai servir em Angra dos Reis, mas
colabora na criação da Escola Proletária de Meriti, Rio de Janeiro,
em 1921.
Foi
o quarto presidente da primeira Sociedade Brasileira de Química, entre
1926 e 1927. Presidiu a Academia Brasileira de Ciências em 1935, tendo
sido parte da comitiva que recebeu Albert Einstein na sua visita ao Brasil, em
1925. Foi paradoxal para seus mestres, que nem sempre sabiam responder as suas
perguntas nem refutar seus questionamentos tanto políticos quanto existenciais.
A física, com as ciências da natureza, faz parte de um complexo de instituições
de importância na sociedade contemporânea, não só em função do vulto dos
investimentos, como também do contingente humano, do número e da diversidade de
organizações comprometidas com sua expansão. Os físicos constituem um grupo de
profissionais prestigiados, formados em organizações próprias. Dispõem de
enormes facilidades de trabalho, como laboratórios, bibliotecas, serviços de
intercâmbio e divulgação de informações etc., os quais, em muitos aspectos
sociais, têm superado as vantagens conquistadas por grupos profissionais mais
tradicionais na cultura ocidental, como advogados e médicos. Grande entusiasta
da energia nuclear, foi o representante do Brasil na Comissão de Energia
Atômica da ONU, onde chegou à presidência. Associado ao Rotary Club
do Rio de Janeiro presidiu a instituição em 1935-1936. Tornou-se Catedrático
através do Departamento de Físico-Química da Escola Naval e incluiu o estudo da
Física Nuclear no currículo da Escola Naval (1939).
Os
saberes que compõem o currículo foram selecionados a partir do perfil do
Oficial almejado pela Marinha do Brasil. Há disciplinas com saberes específicos
para as atividades marinheiras que servirão para reproduzir diretamente os
conhecimentos técnicos necessários para a execução das futuras funções como
Oficial da Marinha Brasileira. Há disciplinas cujos conteúdos transportam
explicitamente as estruturas sociais existentes na organização, como Legislação
Militar Naval (LMN), História Naval (HNV) e Liderança (LID).
Além das disciplinas, o regime de internato no qual os Aspirantes estudam,
influencia nas relações sociais experimentadas no âmbito da instituição
escolar. Tal fato contribui sobremaneira para aprendizagem dos papéis sociais
que os futuros Oficiais desempenharão na sua vida e para o estreitamento das
relações. À medida que os fatos e conhecimentos previstos no currículo estão
sendo transmitidos, os valores culturais estão, uma vez que educação e
currículo estão profundamente envolvidos com o processo cultural. A cultura
oficial transmitida na Escola Naval é a cultura organizacional da Marinha do
Brasil. A formação da Escola Naval é dividida da seguinte maneira: Ensino
Básico; Ensino Militar-Naval e Ensino Profissional.
No
Ciclo Escolar, os Aspirantes do 1º e 2º ano tem a sua carga horária preenchidas,
por disciplinas do ensino básico, que formarão as disciplinas do ensino
profissional. A partir do 3º ano, depois da escolha de corpo e habilitação,
os Aspirantes passam a ter uma carga horária maior no ensino profissional e
menor no ensino básico: Currículo do Ciclo escolar; Ensino Básico; Português; Inglês;
Princípios; Formação; Direito; Liderança; História Naval; História do
Pensamento Humano; Relações Políticas Contemporâneas; Ensino Básico
(científico); Cálculo; Cálculo Numérico; Estatística; Fundamentos de
Informática; Desenho; Física: Mecânica, Eletricidade, Ensino Profissional: Habilitação
em Mecânica, Termodinâmica, Tecnologia de Matérias e Processos, Resistência das
Matérias, Mecânica do navio, Propulsão, Máquinas navais auxiliares, Controle e
automação de máquinas, Eletrônica aplicada, Fundamentos de sistemas de armas, Ensino
Profissional: Habilitação em Eletrônica, Eletrônica, Eletrotécnica, Eletromagnetismo,
Telecomunicações, Detecção, Eletrônica Digital, Técnicas Digitais, Ensino
Profissional: Habilitação em Sistema de Armas, Controle, Eletrotécnica, Telecomunicações,
Automação de Sistemas Navais, Balística, Eletrônica, Ensino Profissional: Habilitação
em Administração, Contabilidade, Administração, Economia, Gestão Operacional, Gerência
de Sistemas de Intendência, Gestão Estratégica, Licitação, Ensino Militar-Naval,
Navegação Teórica e Prática, Operações Navais, Operações Anfíbias, Operações
Terrestres, Instruções Básicas de Combate.
Em
1946, foi nomeado representante brasileiro no Comitê de Energia Atômica da
recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU), associou-se aos
representantes russos na rejeição às propostas do Plano Baruch, onde os
norte-americanos pressionavam para controlar as reservas mundiais de tório e
urânio (1946). O almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva defendia uma campanha
de nacionalização das minas de tório e urânio do Brasil e contrariava a
política dos Estados Unidos. Álvaro Alberto suscitou o princípio das compensações
específicas: nenhuma transação comercial com “minerais estratégicos” deveria se
realizar contra pagamento em dinheiro, mas sim, na base de troca de tecnologia.
Para ele, o Brasil, assim como outros países ditos subdesenvolvidos, forneceria
a matéria-prima desejada em troca da prioridade na instalação, em seu
território, de reatores nucleares de todos os tipos. O Brasil exportava areia
monazítica para os Estados Unidos, rica em tório (1945). Dois acordos, o
primeiro em 1945 e o segundo em 1952, organizavam essa exportação de monazita
em grandes quantidades, sem compensação específica para o caso do Brasil. Em
1946, o Conselho de Segurança Nacional pediu que o primeiro Acordo fosse
denunciado, mas as exportações de escravos continuaram e contrabando, que gerou
ação disciplinar em 1952. O plano propunha per se a extensão da troca de
informações científicas elementares para fins pacíficos; implementação de
monitoramento da energia nuclear e assegurar seu uso unicamente a fins
pacíficos; eliminação de armas atômicas dos arsenais nacionais e de todas as
outras principais armas adaptáveis à destruição em massa; e instituição de
medidas eficazes, por meio de inspeção e outros meios, para proteger as nações
signatárias contra os riscos de violações e evasões.
Os
Estados Unidos concordaram desfazerem-se de todas suas armas nucleares com a
condição de que as outras nações caucionassem não as produzir e concordassem
com um sistema inspectivo adequado. Os Soviéticos rejeitaram este plano, sob o
fundamento de que as Nações Unidas eram dominadas por Estados Unidos da América
e seus aliados da Europa Ocidental. Não podiam ser confiáveis a supervisionar
armamentos atômicos imparcialmente, pois a China Nacionalista, membro do
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) com poder
de veto, era contracomunista e aliada de Estados Unidos da América (EUA) neste
momento de tensão política. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) argumentou
que os Estados Unidos “eliminassem suas próprias armas nucleares antes de
propor um sistema monitorativo e inspectivo”. Mesmo no caso dos Soviéticos demonstrando
maior interesse no assunto de monitoramento de armas após tornarem-se uma
potência nuclear em 1949, e após a morte de Stalin (1878-1953), a
questão de União Soviética submeter-se à inspeção internacional foi “um
obstáculo às tentativas de monitoramento de armas nucleares”.
Crucialmente, o Plano Baruch sugeria
que nenhum dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas
seria capaz de vetar uma decisão de punir os transgressores eventuais. Na
apresentação de seu plano às Nações Unidas, Baruch declarou: - Nós estamos aqui
para seletar entre o vivo e o morto. Essa é nossa responsabilidade. Por trás do
portento negro da Era Atômica nova está uma expectativa que, aproveitada
com fé, pode dar nossa salvação. Se nós fracassarmos teremos sentenciado todo
homem a ser escravo do medo. Que nós não nos iludamos; nós devemos eleger ou a
paz global ou a destruição global. O Plano não foi acordado pela União
Soviética, e ainda que a discussão do assunto tenha continuado até 1948. A URSS
estava, na época das negociações, a desenvolver seu próprio projeto de arma
atômica, e Estados Unidos da América continuava seus próprios desenvolvimentos
e produções de armas. O fracasso do plano resultou na continuação do
desenvolvimento, inovação, produção e experimento de armas como parte da
corrida armamentista global em torno da chamada Guerra Fria. O Plano Baruch é questionado se ele era um legítimo esforço para alcançar a
cooperação global em monitoramento da questão política nuclear.
Em
meio a esse contexto social e político, Álvaro Alberto tinha em mente a criação
de uma instituição governamental, cuja principal função seria incrementar,
amparar e coordenar a pesquisa científica nacional. Assim, foi também o
responsável pela proposta de criação do CNPq, aprovada em 1951 e que presidiu
até 1955. Em 1953, o almirante Álvaro Alberto pediu autorização de Getúlio
Vargas para a realização de missões na Europa, de modo a buscar cooperação de
pesquisa na área nuclear. Em missão do Conselho Nacional de Pesquisas
(CNPq), ele viajou para a Europa no fim de 1953, onde faria contato na França e
na Alemanha ocupada pelos aliados. Na França, o resultado das missões resultou
em tecnologia para extração de urânio em Poços de Caldas e a aquisição de
“yellowcake”, e contrato com a Societé des Produits Chimiques des
Terres Rares e na Alemanha, onde havia estudado física antes da 2ª guerra mundial.
Usando
de seus antigos contatos, encomendaram a físicos alemães à margem da legalidade
aliada, em janeiro de 1954, a construção de três conjuntos de centrifugação
para o enriquecimento de urânio ao preço de 80 mil dólares. Convidou William
Groth (1904-1977), Konrad Bayerle (1900-1979) e Otto Hahn (1879-1968),
descobridor da fissão nuclear. Neste ponto, a missão política do almirante
Álvaro Alberto tomava aspectos de uma perigosa missão secreta, enquanto suas
ações passaram a não considerar outras instâncias decisórias, como o Conselho
de Segurança Nacional e o Departamento de Produção Mineral. Para completar sua
tarefa política, isto é, transferir os protótipos das centrífugas de urânio
para o Brasil, ele dependia de uma diplomacia secreta à margem do
Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A embaixada brasileira em Bonn
recomendou que se aguardasse o estabelecimento da plena soberania da Alemanha
Ocidental, pós-guerra quando seria então possível a importação das centrífugas
de urânio.
O
Urânio é o elemento químico radioativo base da energia nuclear moderna. Na
natureza, nós podemos encontrá-lo na forma majoritária sob a forma de dois
isótopos, sempre incorporados em compostos inorgânicos em minerais como a
uraninita: urânio-235 e urânio-238. Diferente do 238, o isótopo 235 do urânio é
altamente radioativo e instável, sendo perfeito para ter o seu núcleo
fissionado e manter uma reação nuclear em cadeia. Para a produção energética em
usinas e armas atômicas, busca-se sempre o urânio 235, o qual irá fissionar,
melhor dizendo, ter o seu núcleo quebrado, a partir de nêutrons lentos e
produzir imensas quantidades de energia. Sempre quando ouvimos algo relacionado
aos programas nucleares, seja ligado à geração de energia elétrica (usinas
termonucleares) ou à produção de armas de destruição em massa, o termo “centrífuga”
vem junto. É uma palavra que transita na esfera política, é bem reconhecida
pelo público e com a preocupação dos órgãos de fiscalização internacional com o
desenvolvimento das tecnologias de centrifugação no mundo. Quando instalações
de centrífugas começam a ficar muito avançadas em certos países, a Agência
Internacional de Energia Atômica (cf. Cristóvão, 2020) vai correndo investigar a situação,
especialmente se as instalações estiverem sendo usadas em programas nucleares,
já que esse é um perigoso indicador de planejamentos de armas nucleares: bombas
atômicas de fissão ou de fusão. E por quê?
Sociologicamente
precisamos entender o que é o tão famoso “enriquecimento de urânio”. No dia 8
de dezembro de 1953 o Presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower
apresentou proposta no sentido de ser criada uma organização internacional “devotada
exclusivamente aos usos pacíficos da energia atômica”, e que foi aprovada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1954. Em 1957, foi completado o seu estatuto. O seu
objetivo é a promoção do uso pacífico da energia nuclear e o desencorajamento
dos usos para fins militares de armas nucleares. A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA), foi estabelecida como uma organização autônoma no
âmbito programático das Nações Unidas em 29 de julho de 1957. A AIEA tem a sua
sede em Viena e tem 137 Estados-membros, cujos representantes se encontram
anualmente para uma Conferência Geral onde elegem 35 membros para o Conselho de
Governadores. Este Conselho reúne-se cinco vezes por ano e prepara as decisões
que serão ratificadas pela Conferência Geral.
A
AIEA constitui um fórum intergovernamental para a cooperação científica e
técnica do uso pacífico da tecnologia nuclear. Foi dirigida pelo sueco Hans
Blix entre 1981 e 1997, que ficou “famoso por causa da oposição às alegações de
que no Iraque se desenvolviam programas nucleares com fins militares”. O
detentor do cargo máximo da AIEA é Rafael Grossi, da Argentina, desde 3 de
dezembro de 2019. Com o incremento da proliferação nuclear na década de 1990,
as tarefas da AIEA passaram a incluir as inspeções e investigações de suspeitas
violações do Tratado de Não Proliferação Nuclear sob mandato das Nações
Unidas; contudo, caso encontre indícios de uso militar em programas que
inspeciona, apenas poderá reportá-los ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas, que detém o exclusivo de medidas coercivas. A AIEA mantém, como um dos
seus instrumentos, o International Nuclear Information System, que
tem como representação social uma base de dados sobre a utilização pacífica da
energia nuclear.
Formalmente,
o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) aceitou a recomendação, mas Álvaro
Alberto solicitou a Getúlio Vargas (1882-1954) uma “autorização especial no
sentido de que o Ministério das Relações Exteriores apoiasse o embarque secreto
das máquinas”. Através do Banco Germânico da América do Sul, os alemães
receberam 80.000 dólares para a fabricação nacional de três
ultracentrifugadoras. Elas foram apreendidas em Göttingen e Hamburg distando em
torno de 280 km pelo Military Board of Security dos norte-americanos,
menos de 24 horas após esta consulta. Os conjuntos acabaram sendo interceptados
pelo Alto Comissariado do Pós-Guerra, 24 horas antes do embarque para o Brasil.
Documentos revelados posteriormente demonstraram que o Brasil estaria sendo
impedido de buscar o enriquecimento do urânio por ser politicamente um país
localizado na área de influência estratégica dos Estados Unidos da América.
O
plano do golpe efetuado contra a encomenda fora forjado pela Comissão de
Energia Atômica dos Estados Unidos. Alberto, ao contatar o presidente desta
Comissão, almirante Lewis Strauss, não recebeu desta Comissão nenhuma esperança
de que as máquinas apreendidas pelos aliados fossem liberadas. Lewis Strauss foi
oficial naval americano que serviu dois mandatos na Comissão de Energia
Atômica dos Estados Unidos (AEC), o segundo mandato como seu presidente.
Ele foi uma figura importante no desenvolvimento de armas nucleares, na
política de energia nuclear dos Estados Unidos. Por outro lado, Strauss
contra-atacaria com uma oferta de “ajuda” dos Estados Unidos nos moldes
permitidos pela política nuclear americana. Álvaro Alberto, mais uma vez,
repetiria os desejos de seu governo: usinas de enriquecimento, uma fábrica de
produção de hexafluoreto de urânio, além de reatores de pesquisa. Foi tentado por acordos secretos com os alemães e mais tarde descobertos pelos norte-americanos.
A Eletrobras Eletronuclear foi
criada em 1997 com a “finalidade de operar e construir usinas termonucleares no
Brasil. Subsidiária da Eletrobras, é uma empresa de economia mista e responde
pela geração de aproximadamente”.Foi
criada em 1997 a partir da fusão da Nuclen - Nuclebrás Engenharia S/A com a
Diretoria Nuclear de Furnas. É uma subsidiária da Eletrobras, sendo uma empresa
de economia mista. O capital social da Eletrobras Eletronuclear totalizava, em
31 de dezembro de 2008, R$ 3,3 bilhões com cerca 78% de ações ordinárias e 22 %
de ações preferenciais, sendo o acionista majoritário a Eletrobras, detentora
de 99,81% do total das ações. Conta atualmente com cerca de 1.800 empregados. Tem
por finalidade projetar, construir e operar usinas nucleares. Atualmente opera a Central Nuclear Almirante
Álvaro Alberto localizada em Angra dos Reis, com capacidade total de 2007 MW. Nos projetos destaca-se as condições e possibilidades de
construção da Usina Angra 3, que tinha entrada em operação prevista para
2018, o que aumentaria a capacidade instalada em 1405MW.
Segundo
o Plano Nacional de Energia 2030 elaborado pela Empresa de Pesquisa
Energética, a Eletrobras Eletronuclear deverá construir mais 4 usinas até o ano
de 2030. Em 2008 a Eletrobras Eletronuclear alcançou o montante de 14.003.775
MWh de energia bruta gerada, o que a coloca como a maior geradora térmica do
país. A Eletronuclear foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF),
batizada de “Radiotividade”. De acordo com a Polícia Federal, entre os fatos
investigados, são objeto de apuração nesta fase a formação de cartel e o prévio
ajustamento de licitações nas obras de Angra 3, e o pagamento de propinas a
empregados da estatal. O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da
Silva, um Físico, mecânico e engenheiro nuclear brasileiro, vice-almirante do
Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais da Marinha do Brasil. A biografia de
Othon Luiz está intimamente relacionada ao programa nuclear. Foi presidente da
Eletronuclear e sobretudo alvo da Operação Lava Jato, preso pela Polícia
Federal e levado para Curitiba. Em 27 de agosto de 2015, Othon foi indiciado
pela Polícia Federal.
Othon
se graduou em 1960 na Escola Naval e em Engenharia Naval pela Escola
Politécnica de São Paulo em 1966, obtendo o mestrado no Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT) em 1978, concomitantemente com uma graduação em
engenharia nuclear. Retornado ao Brasil, foi incumbido de iniciar os primeiros
estudos para um submarino nuclear brasileiro e liderou o Programa Nuclear
Paralelo entre 1979 e 1994. Executado sigilosamente pela Marinha, o projeto
resultou no desenvolvimento de uma tecnologia nacional para enriquecimento de
urânio pelo método de ultracentrifugação, que atualmente produz parte do
combustível das usinas nucleares de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Othon
foi diretor de pesquisas de reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares entre 1982 e 1984. Nesta época, foi ativamente vigiado
pela CIA que mantinha um agente, Ray H. Allar, morando no apartamento ao lado
daquele do almirante em São Paulo. Junto com Marcos Honauser, Othon controlava
contas secretas pelas quais eram aplicadas verbas em programas nucleares
paralelos. Descoberto pela jornalista Tânia Malheiros, que publicou o livro: Brasil,
a Bomba Oculta (1993), narra a história da energia nuclear no Brasil a
partir das primeiras pesquisas, na década de 1940, até o governo do presidente
Itamar Franco. O caso foi alvo de inquérito, arquivado em 1988 pelo
procurador Sepúlveda Pertence. Em 1994, aposentou-se como vice-almirante e
abriu uma empresa de consultoria para projetos na área de energia.
É
imprescindível assinalar que o Almirante Othon foi durante toda a sua vida
perseguido e vigiado pelo imperialismo. É emblemático desta espionagem o
período entre 1982 e 1984, quando Othon era diretor de pesquisas de reatores do
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Durante esses
anos, ele foi ativamente monitorado pela CIA, que mantinha um agente, Ray H.
Allar, morando no apartamento ao lado do dele em São Paulo. A mesma CIA de onde
o juiz Sérgio Moro recebeu formação. Outro dado muito importante é o de que
antes de assumir o processo contra Othon, Marcelo Bretas, juiz que o condenou,
ficou quatro meses em Washington, D.C., capital dos EUA, onde estudou o
funcionamento da Justiça Federal norte-americana. É nesta perseguição
implacável a Othon que aparecem as acusações contra ele. Antes de ser
presidente da Eletronuclear, cargo que ocupou entre 2005 e 2015, Othon acertou
com a empresa Andrade Gutierrez para que se o governo brasileiro adotasse o seu
projeto de matriz energética, ele cobraria e lhe seriam devidos três milhões de
reais. Ele estava cobrando pela sua criação, pelo seu trabalho. E condicionou o
recebimento para o caso de o governo federal adotar as suas formulações para a
matriz energética brasileira. Depois que se tornou presidente da Eletronuclear,
o governo federal adotou a matriz energética que ele havia formulado e Othon
recebeu aquilo que lhe era devido: não um percentual sobre obras ou lucros, mas
sim o valor anterior acertado, de maneira absolutamente legal e lícita.
O
Brasil dominou a tecnologia do enriquecimento do urânio no início dos anos 80,
segundo Contreiras (1999) à custa de uma bem montada operação de espionagem. A
revelação, feita a revista Istoé, é do almirante Othon Luiz Pinheiro da
Silva, que durante 15 anos presidiu a Coordenadoria de Projetos Especiais
(Copesp), da Marinha. A Copesp chegou a ter 610 especialistas, que visitaram
instituições científicas e mantiveram um intenso intercâmbio com colegas de
países que detinham a tecnologia nuclear, entre eles Estados Unidos,
Inglaterra, Alemanha, França e Holanda. Aproveitavam para garimpar informações
estratégicas. Pelo menos dois engenheiros tiveram amplo acesso a informações
que foram fundamentais para o projeto nuclear brasileiro. Assim, o Brasil pôde
concluir, em apenas três anos, o processo de transformação do urânio em
combustível nuclear. – “O recurso à espionagem não foi uma opção usada apenas
no Brasil, pois outros países fizeram o mesmo para alcançar o domínio de uma
tecnologia que nenhuma nação cedia”, opina outro almirante, Hernani Fortuna, do
Centro de Estudos de Política e Estratégia da Escola de Guerra Naval.
Fortuna alega que era fundamental para o Brasil adquirir o domínio
da tecnologia do enriquecimento do urânio, “o que foi negado ao País pelos
Estados Unidos e por outras nações”.
Formado
em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo, com especialização no Massachussetts
Institute of Technologie (MIT), o almirante Othon Silva se recusa,
naturalmente, a dar detalhes da operação de espionagem. Alega que suas
declarações poderiam ser usadas num eventual processo internacional contra o
Brasil. Cada palavra sua é proferida com extrema cautela. Segundo ele, as
oportunidades de acesso a dados relevantes sobre tecnologia nuclear surgiram
nos contatos realizados pelos técnicos brasileiros no Exterior. – “Tínhamos uma
boa equipe que sabia procurar aquilo que nos interessava”, explica. Parte do
trabalho do almirante era justamente preparar especialistas para que pudessem
filtrar as informações de que o projeto necessitava. – “Para quem sabe ver,
fica mais fácil o trabalho de levantamento de dados. Você chega a um
laboratório e já sabe o que interessa”. Historicamente o Brasil havia negociado
o acesso da tecnologia de enriquecimento de urânio com a Alemanha em 1975. Os
Estados Unidos pressionaram e conseguiram impedir a transferência. O Brasil
teve de aceitar a tecnologia alemã do jato centrífugo, segundo o almirante Othon,
que as pesquisas internacionais demonstraram ser economicamente inviável. Uma
das desconfianças dos americanos era relacionada com o possível uso da
tecnologia nuclear para a produção de artefatos. – “No caso do nosso programa
esta desconfiança não tinha sentido porque nosso objetivo era usar a tecnologia
para fins pacíficos: nunca pensamos em armar os nossos submarinos com ogiva
nuclear”.
A
Escola de Guerra Naval é uma organização da Marinha do Brasil. Em 1911, pelo
Decreto número 8.650, de 4 de abril, assinado pelo Presidente da República,
Marechal Hermes da Fonseca e pelo Ministro de Estado dos Negócios da Marinha,
Contra-Almirante Joaquim Marques de Leão, foi criado o “Curso Superior de
Marinha”, dentro da estrutura da Escola Naval, que então funcionava na Rua Dom
Manuel, nº 15, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1914, com a transferência da
Escola Naval para Angra dos Reis, foi criada, pelo Decreto número
10.787, de 25 de fevereiro, assinado pelo Presidente Hermes da Fonseca e pelo
Almirante Alexandrino Faria de Alencar, uma “Escola para o Ensino Naval de
Guerra”, denominada “Escola Naval de Guerra”, cuja sede permaneceu no mesmo
local, na rua Dom Manoel, até 1933. A Escola foi inaugurada em 11 de junho de
1914, tendo sido o seu primeiro Diretor o Contra-Almirante Antônio Coutinho
Gomes Pereira. O primeiro regulamento da Escola Naval de Guerra foi historicamente
aprovado pelo Dec. 11.517, de 10 de março de 1915.
Posteriormente,
pelo Decreto número 19.536, de 27 de dezembro de 1930, assinado pelo Presidente
Getúlio Vargas e pelo Almirante Conrado Heck, a Escola Naval de Guerra teve a
sua denominação alterada para “Escola de Guerra Naval”. A EGN funcionou na Rua
Dom Manoel, até 1933, quando suas instalações foram transferidas para o
Edifício 17A do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), onde permaneceu
até 11 de junho de 1935. A partir de 11 de junho de 1935, a EGN ficou sediada
no sexto andar do Edifício “Almirante Tamandaré”, no prédio onde funcionava o
antigo Ministério da Marinha, próximo ao “Cais da Bandeira”. Nesse local, a EGN
permaneceu por mais 35 anos, quando encerrou suas atividades em 8 de abril de
1970. Finalmente, em 30 de abril de 1970 a EGN foi transferida para o endereço
atual. Suas novas instalações foram inauguradas pelo Presidente da República,
General-de-Exército Emílio Garrastazu Medici, estando acompanhado pelo Ministro
da Marinha, Almirante-de-Esquadra Adalberto de Barros. É importante ressaltar a
distinção entre a Escola de Guerra Naval (EGN) e a Escola Naval (EN),
instituição dedicada ao curso de graduação de oficiais e que conta com
histórico distinto. A EGN uma instituição reconhecida de altos estudos
militares, que tem o propósito de contribuir para a capacitação dos oficiais
para o desempenho de comissões operativas e de caráter administrativo;
prepará-los para funções de estado-maior; e aperfeiçoá-los para o exercício de
cargos de comando, chefia e direção de altos escalões da Marinha. A Escola
conta com um programa de pós-graduação em estudos marítimos, na modalidade
mestrado profissional strictu-sensu.
A
desconfiança (cf. Giddens, 1991: 91-124) dos norte-americanos em relação às reais intenções do Brasil e a
preocupação dos Estados Unidos em evitar que o país dominasse a tecnologia
nuclear fizeram com que o almirante passasse a ser o alvo de espionagem. Othon
garante que durante dois anos teve como vizinho um agente de informações do
Consulado americano em São Paulo, “um homem ligado à CIA”. O militar brasileiro
residia na rua Fernão Cardim, 140, apartamento 191, em São Paulo. No oitavo
andar, exatamente no apartamento 181, tinha um vizinho chamado Ray H. Allard.
Othon Silva conta que havia em São Paulo outros agentes ocultos da CIA à procura
de informações do setor nuclear. O agente Allard era, então, usado também para
desviar as atenções sobre os outros agentes. Segundo o almirante, Ray Allard
não tinha nenhum trabalho regular, consistindo a sua única atividade na coleta
de informações sobre as atividades da Copesp, que presidia, no gerenciamento do
programa nuclear. Na sua avaliação, o governo brasileiro falhou ao não tomar
providências no sentido de impedir que as ações de espionagem não fossem
denunciadas ao Departamento de Estado americano ou que Ray Allard cessasse suas
atividades. Aparentemente “o agente escapou sem problemas”. Um relatório
confidencial da Marinha, cujo teor o almirante confirma, revela que ele
desocupou o apartamento de São Paulo dia 26 de julho de 1994 e voltou aos Estados
Unidos da América. – “Seu retorno pode ter tido o objetivo de eliminar provas
mais concretas do constrangimento que causou ao presidente da Copesp por mais
de dois anos”.
Em
2010, a usina bateu seu “recorde” de produção, fato econômico que se repetiu
novamente em 2011. Esta primeira usina nuclear foi adquirida da empresa norte-americana
Westinghouse sob a forma de “turn key”, como um “pacote fechado”, que não
previa devido a questão da reserva de mercado, a transferência de tecnologia
por parte dos fornecedores. A experiência acumulada pela Eletrobras
Eletronuclear em anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que
superam o de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, a capacidade
de realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica e incorporar os mais
recentes avanços da indústria nuclear. Um exemplo disso foi a troca dos
geradores de vapor – dois dos principais equipamentos da usina – realizada em
2009. Com a substituição, a objetividade de uso de Angra 1 poderá ser
estendida, para que a usina esteja apta a gerar energia para o Brasil por
décadas.
Complexo
militar-industrial é um conceito normalmente usados para se referir ao
relacionamento político entre as forças armadas de um governo nacional e a indústria,
a fim de obter para o setor privado a aprovação política para pesquisa,
desenvolvimento e produção, assim como o apoio para treinos militares, armas,
equipamentos e instalações com a defesa nacional e a segurança política. Este é
um tipo de triângulo de ferro. O termo é na maioria das vezes utilizado para se
referir aos dos Estados Unidos, onde se popularizou após o seu uso pelo
presidente Dwight D. Eisenhower, em seu discurso de despedida, embora o termo
seja aplicável a qualquer país com uma infraestrutura de desenvolvimento
similar. Algumas vezes é amplamente usado para incluir toda a rede comercial de
contratos, fluxos de dinheiro e recursos tanto entre indivíduos quanto entre
instituições com ganhos através de contratos de defesa, do Pentágono e o
congresso.
Este
setor é intimamente propenso aos problemas leves de risco moral. Casos de
corrupção política também são vistos com ambígua regularidade. Uma tese similar
foi originalmente expressa por Daniel Guérin, em seu livro: Facism and Big
Business (1936), sobre o governo fascista apoiando a indústria pesada.
Pode-se defini-lo como “uma aliança informal e diferente de grupos com
investidas psicológicas, morais e materiais de interesses no desenvolvimento
contínuo e a manutenção de fábricas armamentistas de altos níveis, na
preservação de mercados coloniais e na concepção militar-estratégica de
negócios internos”. Bancos foram considerados decisivos na entrada dos Estados
Unidos da América na 1ª guerra mundial, por exemplo. Mais da metade da economia
norte-americana era dependente do setor público em 1950, principalmente do
exército. Segundo cientistas políticos, as guerras ao longo da história sempre
beneficiam uma elite.
Na
Revolução Americana, já se buscava estabelecer que as guerras dos Estados
Unidos não podiam ter influências de interesses políticos e/ou econômicos.
Pessoas como James Madison alertavam dos riscos de se ter exércitos permanentes
e em geram, os federalistas eram a favor do pacifismo. O Benjamin Constant (1767-1830)
já debatia a relevância da contraposição da liberdade dos povos guerreiros em
detrimento dos comerciantes, e outros autores brasileiros fizeram este mesmo
debate em 1922. O Carl Schmitt também faz esta discussão para o caso-limite
alemão. O total gasto mundial em despesas militares em 2008 foi de US$1,46
trilhões de dólares americanos. Próximo da metade deste total, 528,7 bilhões de
dólares, foi gasto pelos Estados Unidos. A indústria armamentista também tem um
envolvimento significante na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia militar.
A privatização da produção e investimento da tecnologia militar, conduz os Estados
Unidos da América a um complicado e tenso relacionamento político. Nele, o
Pentágono é o consumidor e as “indústrias da guerra” são os produtores.
Angra dos Reis é um município
brasileiro situado no sul do estado do Rio de Janeiro. Localiza-se à beira do
mar e possui, em seu litoral, 365 ilhas. Possui uma área de 816,3 km² e sua
população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 210 171 habitantes. Os
municípios limítrofes são Paraty, Rio Claro e Mangaratiba, no território
fluminense e Bananal e São José do Barreiro, no lado paulista. Antes da invasão
dos europeus, era habitada por tribos indígenas tupinambás. Foi descoberta
pelos portugueses em 6 de janeiro de 1502, sendo colonizada apenas a partir de
1556. Após 1872, entrou em decadência com a inauguração das estradas de ferro,
que interligavam o Vale do Paraíba aos portos de Santos e do Rio de Janeiro.
Voltou a ocupar posição de destaque, a partir de 1928, quando a Linha Tronco
da Rede Mineira de Viação a ligou aos estados de Minas Gerais e de Goiás, através
da rota de condução é de 991,13 km, com duração média em torno de 14 horas 36 minutos
por ele escoando sua produção agrícola. A ferrovia, em bitola métrica existe, sendo operado pela Ferrovia Centro-Atlântica, estando em
recuperação devido aos deslizamentos de terra nos últimos anos.
A Ferrovia Centro Atlântica S/A, (FCA),
é uma concessionária de ferrovias que opera parte da malha privatizada da
RFFSA, composta das seguintes superintendências regionais: SR-2 com sede em
Belo Horizonte; SR-8 com sede em Campos dos Goytacazes; e SR7, com sede em
Salvador. Através de negociação com a Ferroban, assumiu parte da Malha Paulista
da antiga Fepasa. Foi criada no dia 1 de setembro de 1996 e atualmente pertence
a VLI Multimodal S.A. Oriunda da antiga Rede Ferroviária Federal RFFSA, a FCA
foi criada a partir do Programa Nacional de Desestatização. Entre 2003 e 2011 a
FCA faz parte do Grupo Vale e de 2011 em diante passou a fazer parte da VLI. Em
abril 2014 a Vale concluiu a venda de 20% e 15,9% da VLI para, respectivamente,
Mitsui e FI-FGTS. Em agosto ocorreu o
arremate da Brookfield Asset Management de 26,5% da VLI, tirando a Companhia Vale
do Rio Doce do controle. A empresa passou a criar cultura própria e seu próprio
sistema de governança. Em novembro de 2019, a VLI faz acordo extrajudicial com
o Ministério Público Federal (MPF), em que se compromete a pagar R$ 1,2 bilhão
em indenização aos cofres do Tesouro Nacional, pelo período consignado de 5 anos,
como compensação pelos danos causados pelo descumprimento de cláusulas
contratuais em contratos sociais de concessão pública ferroviária que a FCA
celebrou com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Relatório
da ANTT classifica a administração da FCA pela VLI Multimodal S.A,
concessionária que gerencia esta ferrovia desde 1996, como um “prejuízo à coisa
pública”, pois ela concentrou 90% da sua operação em somente 2.341 km dos 7.094
km totais da ferrovia e estaria reduzindo a cada ano a quantidade de seus
clientes regulares.
Em
meados do século XX, tornou-se crucial na implantação da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), em Volta Redonda, sendo o porto por onde a mesma era abastecida
de carvão de coque proveniente de Santa Catarina. Atualmente, a empresa
também utiliza o porto para exportar aço. Sua importância atual dá-se pelo fato
de ter, como instalação subordinada, o terminal marítimo da Baía da Ilha Grande
(TEBIG), da Petrobras, localizado no bairro da Monsuaba. Além disso, sedia mormente
as únicas usinas nucleares em funcionamento no Brasil. Atualmente, devido à
beleza de suas praias e das regiões próximas, Angra virou ponto forte do
turismo não só estadual, mas também internacional. Possui 97 ilhas, muitas
delas tendo por donos as chamadas “celebridades” nacionais e internacionais,
sendo a maior de todas denominada de Ilha Grande. A maior parte da mancha
urbana é cercada por morros, o que contribuiu para que esta fosse afetada
algumas vezes por desastres naturais como deslizamentos de terra ou aéreo.
Segundo o Censo 2010, cerca de 36% de sua população vive em favelas, situados
em morros ou áreas de mangues. Isto coloca o município em décimo lugar das
cidades brasileiras, no que tange a proporção de domicílios nesse tipo de
aglomeração urbana litorânea do país.
Armistício é um acordo formal,
segundo o qual, partes envolvidas em conflito armado concordam em parar de
lutar. Não é necessariamente o fim da guerra, uma vez que pode ser apenas um
cessar-fogo enquanto se tenta realizar um tratado de paz. A palavra deriva do
latim: arma (arma) e stitium (parar). Um cessar-fogo refere-se ao fim
temporário de combates entre as partes geralmente em um período limitado de
tempo em determinado território. Geralmente o cessar-fogo é necessário para a
negociação de um armistício. O armistício é um modus vivendi, diferente
de um acordo de paz, que pode levar meses ou anos para ser assinado. O
armistício da Guerra da Coreia de 1953 é um exemplo cujo tratado de paz
ainda não foi assinado. O Conselho de Segurança das Nações Unidas geralmente
tenta impor o cessar-fogo, por razões óbvias, sendo os armistícios negociados
entre as partes conflitantes, sem a imposição de termos pelas Nações Unidas. O fundamental de armistício é o conflito encerrar sem haver rendição.
Direito Internacional representa o
conjunto de normas que regulam as relações externas dos atores sociais e
políticos que compõem a sociedade internacional. No âmbito das relações
internacionais coo disciplina, representa o conjunto de sujeitos internacionais
em continua convivência global, relacionando-se e compartilhando interesses
comuns e recíprocos através da cooperação, o que demanda certa regulamentação. Estes
atores, chamados sujeitos de direito internacional, são, principalmente,
os Estados nacionais, embora a prática e a doutrina reconheçam também outros
atores sociais e políticos, como as organizações internacionais, isto é,
aquelas instituições formadas por dois ou mais Estados. Porém, no que concerne
ao âmbito geopolítico, econômico e humanístico global, algumas delas se
destacam pela sua importância, dentre elas, podemos citar: ONU, OMC, Otan, FMI,
Banco Mundial, OIT e OCDE. Alguns autores distinguem entre o direito
internacional racional ou objetivo, de um lado, e o direito internacional
positivo, de outro. O primeiro aspecto compreende os princípios de justiça que
governam as relações entre os povos; o segundo é o direito concretamente
aplicado em Acordos firmados (cf. Santos, 2011) per se entre os sujeitos
de direito internacional e de fatos jurídicos consagrados por prática
reiterada. O direito internacional racional, portanto, tem funcionamento, como forma
normativa inspiradora e fundamento para o direito internacional
positivo.
Historicamente empregaram-se
diversas denominações para designar o ramo do direito que regula o
relacionamento entre os Estados. Os romanos utilizavam a expressão ius
gentium (latim para “direito das gentes” ou “direito dos povos”), retomada
por Isidoro de Sevilha e Samuel Pufendorf. No entanto, Francisco de Vitória preferia o
termo ius inter gentes (do latim para “direito entre as gentes” ou “entre
os povos”). Foi Jeremy Bentham quem cunhou a expressão international law,
em sua obra “An Introduction to the Principles of Morals and Legislation”
(1780). Ao verter o livro para o idioma francês, Étienne Dumont traduziu a
expressão como “droit international”, e esta foi adotada nos diversos idiomas –
por exemplo, “direito internacional”, em português. A rigor, em francês e em
português, o termo “internacional” não é exato, pois não se trata de
regular o relacionamento entre nações, mas sim, entre Estados.A qualificação do termo público
encontrada na expressão “direito internacional público”, é usada para
diferenciar este ramo técnico do direito da disciplina dedicada ao estudo do
conflito social de leis no espaço (“direito internacional privado”). Convém ter
em mente que o conceito “direito internacional” e “direito
internacional público” são frequente e corretamente utilizados como sinônimos.
Bibliografia
geral consultada.
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Econômica para a Implementação do Reator Nuclear SMART no Brasil.
Dissertação de Mestrado em Energia Nuclear. Instituto de Pesquisas Energéticas
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