Ubiracy de Souza Braga
“Chora, mas seu coração continua
inabalável”. Virgílio, Eneida,
Canto IV (2014).
O Livro de Apocalipse e também chamado de Apocalipse de João, é um livro da Bíblia e o último da seleção do
Cânon bíblico. Foi escrito por João na ilha de Patmos, no mar Egeu. A palavra
apocalipse significa “revelação”. Um apocalipse, na mesma terminologia do
judaísmo e do cristianismo, representa a revelação divina de coisas que até
então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Na maioria das
bíblias em língua portuguesa o título Apocalipse, e não Revelação tornou o
significado da palavra obscuro, sendo usado como sinônimo de “fim do mundo”.
Para os cristãos, o livro possui a previsão dos últimos acontecimentos antes,
durante e após o retorno do Messias de Deus. O objetivo da mensagem
apocalíptica era fornecer estímulo pastoral aos cristãos perseguidos,
confortando, desafiando e proclamando a esperança cristã garantida e certa,
além de ratificar a certeza de que, em Cristo, eles compartilhavam o método
soberano de Deus. Por meio da espiritualidade em todas suas manifestações,
haveriam de alcançar a superação total das forças de oposição à nova ordem que
se estabelecia, pois que essa constituía a vontade do Altíssimo. A literatura
apocalíptica tem uma importância considerável na história da tradição judaico-cristão-islâmica,
ao veicular as crenças como ressurreição dos mortos, o dia do Juízo Final, o
céu, o inferno e outras que são ali referidas de forma mais ou menos explícita
dependendo da leitura.
Uma
pandemia representa uma epidemia de
doença infecciosa que se espalha entre a
população localizada numa grande região geográfica como, por exemplo, um
continente, ou mesmo quase todo o planeta Terra. Uma doença ou condição, não
pode ser considerada uma pandemia somente por estar difundida ou matar um grande
número de pessoas, pois deve também ser infecciosa. O câncer é responsável por
um número grande de mortes, mas não é considerado pandemia porque a doença não
é contagiosa, embora certas causas de alguns tipos de câncer possam ser. A
primeira pandemia reconhecida iniciou na Ásia no verão de 1580 e dentro de 6
meses havia se espalhado para a África e Europa, e em consequência, daí para a
América do Norte. Houve taxas elevadas da doença e uma característica comum a
futuras pandemias de gripe foi relatada no Reino Unido: a ocorrência de várias
ondas de infecção - no verão e outono daquele ano. Além da Gripe, outros tipos
de pandemias têm sido registrados na história, como a pandemia de Tifo no
período histórico de violência das Cruzadas e as de Cólera que têm sido
registradas desde 1816. Houve três pandemias de gripe no século XX: a gripe
espanhola de 1918, a gripe asiática de 1957 e a gripe de Hong Kong de 1968. Nem
todas as pandemias comparativamente têm efeitos sociais tão desastrosos.
As pandemias de 1957 e 1968, respectivamente, provocaram 4 e 2 milhões de
mortes.
A sociedade global ultrapassou a
demografia estatística de 5 milhões de casos do novo coronavírus, conforme a contagem atualizada em tempo real pela
Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos da América (EUA). O Brasil ocupa
o 3° lugar em número total de infectados, com aproximadamente 291,6 mil casos,
e ainda comparado ao sexto no ranking
de vítimas fatais da covid-19, com 18,9 mil. A América Latina concentra em
torno de um terço (1/3) dos 91 mil diagnósticos realizados na última semana,
tornando-se pela primeira vez o continente com mais novos casos de covid-19,
segundo levantamento da agência de notícias Reuters. Os Estados Unidos têm 30%
dos pacientes contabilizados no planeta desde o início da pandemia. O
SARS-CoV-2, vírus causador da covid-19, já matou 329 mil pessoas desde que foi
identificado em Wuhan, na China, em janeiro de 2020. Desde abril, o planeta
Terra mantém uma média de 1 (hum) milhão de infectados cada duas semanas. Não
há medicamentos com eficácia comprovada contra a covid-19. Mais de 110 pesquisas
produzidas para as vacinas estão em andamento. A fabricação não é autorizada,
mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda “a higienização das mãos, o uso de máscaras e o
distanciamento social como medidas preventivas”. Mas não é suficiente sem uma mudança radical de comportamento.
O
fechamento temporário de empresas e a paralisação da atividade econômica e burocrática provocadas por tais medidas
deixaram muitos trabalhadores sem renda e as consequências começam a ser
percebidas nos países mais afetados. Por exemplo, a indústria automobilística
registrou uma queda histórica de mais de 70% no mercado francês.
Psicologicamente o pânico e a ansiedade pelo avanço da pandemia retornaram aos
mercados, com perdas expressivas nas bolsas de valores europeias e asiáticas.
Itália e Espanha devem estar próximas do pico de contágios após várias semanas
de confinamento, o ponto máximo ainda não está próximo na América do Norte. Mas
já registram quase 189 mil contágios, um
número que dobrou em apenas cinco dias. Os ministros das Finanças e presidentes
dos bancos centrais do G20, um grupo
formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores
economias do mundo incluindo a União Europeia. Foi criado em 1999, após as
sucessivas crises financeiras ocorrida nesta década, que se reuniram por
videoconferência, “prometeram ajudar os países mais pobres a suportar o fardo
da dívida e a ajudar os mercados emergentes”. Na semana passada, os líderes
mundiais deste grupo de países mais ricos e emergentes anunciaram que
injetariam US$ 5 trilhões na economia global para dissipar os temores de uma
recessão. Em Wuhan, a cidade de origem da pandemia, as medidas de confinamento
começaram a ser retiradas progressivamente e os primeiros passos ao ar livre de
seus habitantes têm como principal motivação homenagear os mortos.
As
interações humanas ganham corpo nas diversas formas de manifestação de vida
através da arte, filosofia, religião, ciência, como expressão desse caráter
objetivo que a experiência humana, intersubjetivamente constituída assume. Como
o centro da compreensão está na vida como um todo estruturado, mas sempre
resultando da relação entre individualidades, é possível perceber a conexão dos
meios entre a ética e a teoria compreensiva. Em verdade uma determinada concepção
da teoria, se estabelece quando vem permeada lado a lado por um motivo básico:
uma unidade cuja garantia de existência é a presença do sentido. Há uma démarche
que atravessa o homem, e nesta noção de sentido está a marca de uma concessão
fatal a uma metafísica. Nela se desejava
evitar tanto quanto o empirismo dos pesquisadores positivistas, desde que fique
clara a dimensão de ser criador de significados, que se distancia da noção
ampla de vida, mas contém a unidade constitutiva da vivência da experiência
humana. Uma organização difere de uma instituição por definir-se por uma
prática social determinada de acordo com sua instrumentalidade: está referida ao conjunto de apropriação de
meios administrativos particulares para obtenção de um objetivo particular
autoritário.
Não
está referida a ações articuladas às ideias de reconhecimento externo e
interno, de legitimidade interna e externa, mas a operações definidas como
estratégias balizadas pelas ideias de eficácia e de sucesso no emprego de
determinados meios para alcançar o objetivo particular que a define. A vida no
trabalho é regida pelas ideias de concepção e de gestão de tempo, planejamento,
previsão, controle e êxito. Não lhe compete discutir ou questionar sua própria
existência, sua função, seu lugar no interior da luta de classes, pois isso,
que para a instituição social universitária é crucial, é, para a organização
privatista, um dado de fato decisivo. A instituição em certa medida sabe, ou
julga saber, por que, para que e onde existe. A vida social deriva
inexoravelmente de uma dupla fonte: a similitude das consciências e a divisão
do trabalho social. O indivíduo é socializado no primeiro caso, porque, não
tendo individualidade própria, confunde-se como seus semelhantes, no seio de um
mesmo tipo coletivo; no segundo, porque, tendo uma fisionomia e uma atividade pessoais que o distinguem dos outros,
depende deles na mesma medida em que se distingue e, por conseguinte, da
sociedade.
As
novas abordagens sociológicas em termos de classe “c” em seguida de “nova
classe média” constitui a pauta do debate, pós-governos Lula-Dilma pelo volume
dos trabalhos analíticos e estatísticos realizados e pelo impacto de sua linha
interpretativa. Não se trata apenas de uma linha de estudo e de transformação
brasileira, mas de algo que diz respeito as dinâmicas globais. No Brasil, desde
2001, a desigualdade em termos de renda diminuiu regularmente. A renda per
capita dos 10% mais ricos da população aumentou em média de 1,49% ao passo que
a dos mais pobres tem aumentado 6,79%. Isso num movimento oposto ao que
caracterizou os outros BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China, que juntos formam
um grupo político de cooperação intercontinental. Em 14 de abril de 2011, o “S”
foi oficialmente adicionado à sigla para formar o BRICS, após a admissão da
África do Sul. Em consequência, a pobreza diminuiu constantemente desde 2003. -
“Estimamos que, entre 1993 e 2011, 59,8 milhões de brasileiros (o equivalente a
uma République Française) chegaram à condição social de nova classe média”. Mas
a mobilidade chegou mesmo a ritmos consistentes no período conjuntural de 2003
a 2011, quando 40 milhões de brasileiros tornaram-se classe média passando de
65,9 a 105,5 milhões de pessoas, ou seja, um aumento de 60%. Segundo
referências estatísticas, até 2014, mais 12 milhões migraram para a classe “C”
e 7,7 milhões irão para a as classes “B” e “A”. Com exceção do Nordeste, as
classes A, B e C serão a realidade de 75% da população. - “A nova classe média
brasileira é filha da combinação do crescimento com a equidade, que difere de
nossa história pregressa e daquilo que ocorre nas últimas décadas em países
emergentes e desenvolvidos onde a concentração de renda sobe”.
Deixamos
de lado a posse de uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados
empíricos incontestáveis. Poder, interesse, dominação, realidade material, são
indispensáveis à análise que nos habituaram a aceitar como verdadeira, pela
força ou pela persuasão dos costumes. Para efeitos da ação, só existem eventos
descritivos. A descrição preferida do intérprete será a mais adequada às suas
convicções morais e não a mais iluminada pela Razão. Política é regulação da
existência coletiva, poder decisório, disputa por posições de mando no mundo,
confrontos entre mil formas. Violência em última análise. Poder, na
modernidade, é uma relação social de mando e obediência. São decisões tomadas
politicamente que se impõe a todos num dado território ou unidade social. Não é
mais suficiente para compreender as estruturas de poder deslocar para os
dispositivos e os procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de
transformar, disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os
desvios concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho.
Na política o que faz andar são relíquias de sentido e muitas vezes seus
detritos, os restos invertidos e maculados em torno de grandes ambições. Nome
que no sentido preciso da memória deixaram de ser próprios. Nesses núcleos
simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos, mas
conjugados, das relações entre práticas políticas espaciais e significantes: o crível, o memorável e o primitivo.
A
instituição social aspira à universalidade. A organização sabe que sua eficácia
e seu sucesso dependem de sua particularidade. Isto significa que a instituição
tem a sociedade como seu princípio e sua referência normativa e valorativa,
enquanto a organização tem apenas a si mesma como referência, num processo de
competição com outras que fixaram os mesmos objetivos particulares. Em outras
palavras, a instituição se percebe inserida na divisão social e política e
pretende definir uma universalidade seja ela imaginária ou desejável que lhe
permita responder às contradições, impostas pela divisão. Ao contrário, a
organização busca gerir seu espaço e tempo particulares aceitando como dado
bruto sua inserção num dos polos da divisão social, e seu alvo não é responder
às contradições, e sim vencer a competição com seus supostos iguais. A questão
nevrálgica refere-se à pergunta: Como foi possível passar da ideia eficaz da
universidade como instituição à definição como organização prestadora de
serviços? Em primeiro lugar através da passagem da produção de massa e da
economia de mercado para as sociedades de conhecimento baseadas na
comunicação.
Na
esfera de ação política e social é regulação da existência coletiva, poder decisório,
luta entre interesses contraditórios, disputa por posições de mundo, confrontos
mil entre forças sociais, violência em última análise. Só que a produção dos
processos políticos, baseados em instituições sociais como esfera de poder, em
segundo lugar, se diferencia radicalmente da produção econômica porque usam
eventualmente suportes materiais, como armas, livros, processos, papéis onde se
inscrevem as ordens, os atos de gestão e comunicação, as sentenças ou as leis,
mas não é uma produção material no sentido marxista do termo. A concepção
tradicional de assédio moral refere-se à exposição de alguém a situações
humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de
trabalho e no exercício prático das funções. São mais comuns em relações
hierárquicas, em normas autoritárias e em oposição assimétrica, em que
predominam condutas negativas, relações desumanas e antiéticas de longa
duração, de um ou mais chefes dirigidas aos subordinados, desestabilizando a
relação do assediado com o ambiente de trabalho em uma organização privada ou pública. É comum de assédio. O objetivo é desestabilizar o trabalhador,
de forma que este produza mais por menos, com falsa a impressão de não atingir os objetivos formais do trabalho. A análise demonstra muitas vezes que já foram ultrapassados.
A
qualidade de vida no trabalho pode ser definida como o conjunto das ações
dentro da empresa que envolve a implantação e manutenção de melhorias e
inovações pessoais, gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de
trabalho. Representa como a gestão associada à educação para o bem-estar no
trabalho, reproduz decisões e escolhas baseadas na cultura organizacional e no
estilo de vida dos diferentes segmentos ocupacionais. Apesar de representar uma linha
de estudo recente e necessitar de detalhamento de situações concretas para
melhor compreensão do tema, a qualidade de vida no ambiente de trabalho tem
atuado com diversas concepções e teorias, que trouxeram à tona fatores
pioneiros para o desenvolvimento da atividade administrativa em função das
condições adequadas de trabalho, incentivos e recompensas salariais oportunas,
cuidados com a saúde do trabalhador etc. Isto porque o capital, dizia Marx, representa uma relação social entre pessoas,
relação que se estabelece por intermédio de coisas. Resulta que tais relações
se convertem em mercadorias porque são os produtos dos trabalhos privados executados
com independência uns em relação aos outros.
Para
os trabalhadores as relações de seus trabalhos privados parecem o que são, isto
é relações sociais imediatas das pessoas em seus trabalhos, senão relações
sociais entre coisas. Só em seu intercâmbio os produtos do trabalho adquirem
como valores, uma existência social idêntica e uniforme, distinta da material e
uniforme que têm como objetos de utilidade. Esta divisão do produto do trabalho
em objeto útil e objeto de valor se ampliam na prática quando o intercâmbio
adquire bastante extensão e importância, de modo que os objetos úteis se
produzam com vistas ao intercâmbio e seu caráter de valor tenha-se já em conta
em sua mesma produção. A cidadania pode ser classificada como um status concedido pelo Estado que
equiparam aos direitos civis os membros de uma sociedade, concedendo-se ao
cidadão um conjunto de direitos e obrigações de ordem civil, política e social.
Na crítica à historiografia se chamam de “cidadãos incompletos” aqueles que
possuem alguns dos três direitos compreendidos pela cidadania, em oposição
àqueles que não se beneficiam de nenhum dos direitos. No Ceará as
formas de incomunicação social se
esgueiram como sombras em universidades públicas.
As
três dimensões da atividade acadêmica universitária, ensino, pesquisa &
extensão, vêm se tornando dependentes de um processo burocrático senil incontrolável, submetido a normas
e dependências que conduz a distorções com a plena identidade da atividade de
pesquisa de Tese de Titular em Sociologia que se desenvolve por ação
complementar dos docentes, em ambientes de ensino e de caracterização muito
individualizada. Os ambientes de pesquisa que identificam um nível elevado e
próprio dessa atividade acadêmica são raros. O departamento é, insofismável e
claramente, um órgão estanque, burocrático e corporativo por excelência,
organizando-se em núcleos ou laboratórios por meio de projetos específicos,
diretamente, com as agências de financiamento públicas. Nos órgãos públicos o
padrão de funcionalidade burocrática tem identidade própria. O sujeito da ação
funcional, individual ou coletivamente, é um agente do poder público, tanto na
atividade meio como na atividade fim. O poder público é uma instância
representativa da sociedade, em nome da qual exerce uma administração regida
por normas, regulamentos e códigos de conduta que devem ser cumpridos, mas na
realidade social em que vivemos, a prática,
na teoria é outra prática. Não raras vezes, a noção de poder público assume uma indefinição conceitual, carregada de subjetividades à medida de atribuições e responsabilidades.
A forma de comportamento na dinâmica burocrática,
administrativa e acadêmica, das universidades se reporta em grande parte, às
competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. Os
conflitos ditos de competência e desempenho resultam do confronto da autoridade
com uma forma de comportamento não desejada, porém amparada em normas, regras e
leis. Uma das consequências é que a responsabilidade pelos resultados de cada
um é sempre neutralizada ou desculpada a partir do contexto em que cada um de
nós atuou. Consequentemente muito pouca responsabilidade individual é atribuída
a cada um de nós, do ponto de vista institucional no caso das universidades. A
sociedade brasileira rejeita a avaliação e a universidade padece com ela,
geralmente vista como algo negativo, como representação simbólica de uma
ruptura de um universo aparentemente amigável, homogêneo e saudável, no qual a
competição, vista como um mecanismo social profundamente negativo encontra-se
ausente. Na universidade não há “premiação” para o professor em nada. Mas aqueles que fazem pesquisa e orientam alunos,
fazem-no porque querem fazer. Porque podem fazê-lo. Não porque a universidade lhes
gratifica com reconhecimento.
Na
universidade o homem de certo modo habita e não habita coletivamente. Se por habitar
entende-se simplesmente uma residência. Quando se fala em habitar, para lembrarmos de Heidegger, representa-se costumeiramente um comportamento que o homem cumpre e realiza em
meio a vários outros modos de comportamento. Não habitamos simplesmente, mas
construir significa originariamente habitar. E a antiga palavra construir (“bauen”)
diz que o homem é à medida que habita. Mais que isso, significa ao mesmo tempo:
proteger e cultivar, a saber, cultivar o campo, cultivar a vinha. Construir
significa cuidar do crescimento que, por si mesmo, dá tempo aos seus frutos. No
sentido de proteger e cultivar, construir não é o mesmo que produzir. Note bem:
em oposição ao cultivo, construir diz edificar. Ambos os modos de construir –
construir como cultivar, em latim, colere,
cultura, e construir como edificar construções, aedificare – estão contidos no sentido próprio de bauen. No sentido de habitar, ou
construir, permanece, para a experiência cotidiana do homem. Aquilo que desde
sempre é, como na representação da linguagem diz de forma tão exclusiva e bela,
habitual. Isto esclarece porque acontece
um construir por detrás dos múltiplos modos de habitar das atividades
de cultivo e edificação.
O
sentido próprio de construir, a saber, habitar,
cai no esquecimento. Em que medida construir pertence ao habitar? Quando
construir e pensar são indispensáveis para habitá-lo. Ambos são, no entanto,
insuficientes para habitá-lo se cada um se mantiver isolado, distantes,
cuidando do que é seu ao invés de escutar um ao outro. Ipso facto construir e
pensar pertence ao habitar. Permanecem em seus limites. Quando aprendemos a
pensar que tanto um como outro, provém da obra de longa experiência de um
exercício incessante de pensar. A cultura intelectual, portanto, em sentido
próprio, refere-se a cada pessoa humana em particular e como um todo irredutível.
Somos um ersatz: a cultura social é subsidiária da cultura intelectual, já que
a sociedade existe para o homem e não o homem para a sociedade do trabalho.
Embora seja esta uma condição indispensável para a realização daquele. Não há
cultura intelectual liberta sem cultura social organizada. A cultura
intelectual representa a passagem do domínio e controle da informação da nossa
individualidade total. Pela informação recebemos de fora os elementos estruturais que vão
permitir a eclosão de nossas possibilidades naturais. É a função da hermenêutica quando aglutinamos e assimilamos esses elementos exteriores. Um estilo variado ou contraditório, reduzindo-os a uma unidade irredutível e
elaborando com isso a nossa personalidade.
Essa personalidade se projeta para fora no sentido da atividade de comunicação e de criação, que vai por sua vez fecundar a coletividade. A designação campus ou, cidade universitária, acabaram por definir o mesmo espaço social, com os mesmos objetivos. Cidade Universitária era a aspiração inicial dos campi instalados no Brasil: uma pequena cidade, apartada daquelas que poderíamos chamar de regulares. Esse núcleo teria a capacidade de oferecer ensino, mas também de abrigar centros de pesquisa, acolher alunos e professores, oferecer, enfim, todos os serviços que qualquer cidade estruturada oferece. Os serviços que os campi brasileiros oferecem – mesmo um dos maiores, o da Universidade de São Paulo (USP) são restritos e insuficientes para os seus usuários. Serviços, como transportes públicos, só funcionam com regularidade nos dias úteis e outros comércios necessários à subsistência são raros e na maioria das vezes inexistentes. Os campi universitários brasileiros não são autossuficientes. Dependem ainda e muito das cidades em que estão localizados. Ipso facto, a cidade universitária não passa de uma aspiração que nem sempre se realizou.
Essa personalidade se projeta para fora no sentido da atividade de comunicação e de criação, que vai por sua vez fecundar a coletividade. A designação campus ou, cidade universitária, acabaram por definir o mesmo espaço social, com os mesmos objetivos. Cidade Universitária era a aspiração inicial dos campi instalados no Brasil: uma pequena cidade, apartada daquelas que poderíamos chamar de regulares. Esse núcleo teria a capacidade de oferecer ensino, mas também de abrigar centros de pesquisa, acolher alunos e professores, oferecer, enfim, todos os serviços que qualquer cidade estruturada oferece. Os serviços que os campi brasileiros oferecem – mesmo um dos maiores, o da Universidade de São Paulo (USP) são restritos e insuficientes para os seus usuários. Serviços, como transportes públicos, só funcionam com regularidade nos dias úteis e outros comércios necessários à subsistência são raros e na maioria das vezes inexistentes. Os campi universitários brasileiros não são autossuficientes. Dependem ainda e muito das cidades em que estão localizados. Ipso facto, a cidade universitária não passa de uma aspiração que nem sempre se realizou.
O
bairro é um universo social que não aprecia muito a transgressão. Esta é
incompatível com a transparência paradoxal da vida cotidiana, com sua imediata
legibilidade. Esta se deve efetuar, aliás, esconder-se nas trevas dos lugares
reprováveis, fugir para os refolhos privados do domicílio. O bairro é um palco
diurno cujos personagens são, a cada instante, identificáveis no papel que a
conveniência lhes atribui: a criança, o pequeno comerciante, a mãe de família,
o jovem, o aposentado, o padre, o médico, máscaras e máscaras por trás das
quais o usuário do bairro é obrigado a se refugiar para continuar usufruindo
dos benefícios simbólicos com os quais pode contar. A conveniência tende sempre
a elucidar os bolsões noturnos do bairro, o incansável trabalho de curiosidade
que, como um inseto de imensas antenas explora com paciência todos os cantinhos
do espaço público. Mas pari passu
sonda os comportamentos sociais, interpreta os acontecimentos e produz sem
cessar um rumor questionante incoercível: Quem é quem e o que faz quando pensa que está fazendo o bem? Quem é o
novo locatário? É no ruído e tagarelice que a curiosidade exala as pulsões interiores, absolutas, fundamentais na prática. Quando procura
uma razão para tudo, mede tudo pela régua da conveniência política ou social.
Nesta
direção do entendimento humano se é possível dizer que todo rito é a assunção
ordenada de uma desordem pulsional inicial, o seu “trancafiamento” simbólico no
campo social, então a conveniência é o rito do bairro. O que ocorre no bairro
universitário? A conveniência subtrai à troca social os ruídos que poderiam alterar a imagem do reconhecimento; é ela que
por extensão no processo de comunicação filtra tudo o que não visa a clareza.
Mas, e esta é a sua face positiva, se ela impõe a sua coerção, o faz em vista
de um benefício simbólico que se há de adquirir ou preservar. O conceito de
conveniência ganha particular pertinência no registro do consumo. Como relação
social cotidiana com a busca dos alimentos e dos serviços. Assim, comprar não é
apenas trocar dinheiro no sentido marxista por alimentos (mercadoria), no
sentido do binômio: produção-consumo, mas, ser bem servido quando se é bom
freguês. O ato da compra vem aureolado
por uma motivação que, poder-se-ia dizer, o precede antes de sua efetividade: a
fidelidade. Esse algo mais, não
contabilizável na lógica estrita da troca de bens e serviços, é diretamente
simbólico: é o efeito do consenso, de um acordo tácito. É o fruto de um longo
costume recíproco pelo qual um sabe o que pode pedir ou dar ao outro, em vista
de melhorar a relação com os objetos desejantes da troca.
Pelo
fato do seu uso habitual, o bairro
pode ser considerado como a privatização progressiva do espaço público, ao
contrário da universidade. O bairro constitui o termo médio de uma dialética
existencial entre o dentro e o fora. E é na tensão entre esses dois termos, um
dentro e um fora, que vai aos poucos se tornando o prolongamento de um dentro,
que se efetua a apropriação do espaço. Um bairro poder-se-ia dizer, é assim uma
ampliação do habitáculo; pelo usuário, ele se resume á soma das trajetórias
individuais inauguradas a partir do seu local de afeto, conscrito na origem de
sua habitação. Não é propriamente uma superfície urbana para todos, ou estatisticamente
mensurável, mas antes as condições e possibilidades oferecidas a cada um de
inscrever na cidade um sem-número de trajetórias cujo núcleo irredutível
continua sendo sempre a esfera do privado.
Existe a elucidação de uma analogia formal entre o bairro e a moradia:
cada um deles tem, com os limites que lhe são próprios, a mais alta taxa de
controle pessoal possível, pois tanto aqueles que moram como os que fazem dele
sua moradia são os únicos lugares vazios onde, de maneira diferente, se pode
fazer aquilo que se quiser.
A
ética ou a filosofia moral se tornam uma luz que permite discernir entre aquilo
que é certo ou não do ponto de vista ético. É um dos valores que não se
encontra inserido no contexto de uma religião específica, mas no contexto da
lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de acordo com
sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser humano
através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem a
liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral ajuda o ser humano a
tomar consciência de sua própria responsabilidade no trabalho de crescer como
pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia como
reflexão moral é muito importante, uma vez que a retidão no trabalho ajuda o
ser humano a melhorar como pessoa e a alcançar uma vida boa. A filosofia moral
mostra a responsabilidade humana em trazer esperança à sociedade que vive, uma
vez que através de ações individuais exerce influência no bem comum. Esta filosofia
moral toma como fundamental os princípios da conduta humana. Estas normas
éticas dignificam a pessoa através de valores como mostra a superação pessoal,
o amor próprio, o respeito ao próximo, o princípio do dever e a busca pela
felicidade. Um princípio moral essencial é lembrar que o fim nem sempre
justifica os meios.
O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM), defendeu um debate com o poder Executivo para
que o auxílio emergencial seja prorrogado e também possa evoluir para um
programa de renda permanente. Maia já vinha se colocando a favor da extensão,
com mais duas ou até três parcelas de R$ 600 da ajuda governamental. – “Acho
que nós deveríamos, em conjunto com o poder Executivo, organizar o debate do
que seria uma renda mínima permanente. Acho que seria uma resposta importante
para a sociedade brasileira”, disse Maia em entrevista coletiva, já projetando
a retomada econômica, após a crise
causada pela pandemia do coronavírus. O presidente, porém, voltou a
reforçar que é a favor da prorrogação por no mínimo dois meses da ajuda como já
vem sendo feita. – “Deixo clara a minha posição, sinto a importância de renovar
por pelo menos dois meses”. Inicialmente, o governo se comprometeu a pagar três
parcelas de R$ 600, sendo que a terceira já está sendo paga.
O movimento Renda Básica que Queremos reúne 163 organizações da sociedade
civil, quando promoveu campanha para pressionar senadores e deputados a
prorrogarem o auxílio emergencial de R$ 600 até dezembro de 2020, quando pode terminar
o “estado de calamidade pública decretado durante a pandemia da covid-19”. A
campanha ocorre na esteira das negociações no Congresso para a prorrogação do
auxílio, que ganharam força nos últimos dias depois que o ministro da Economia,
Paulo Guedes, acenou com a concessão de mais duas pequenas parcelas de R$ 300. A
prorrogação da estratégia paternalista
tem o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que no último fim
de semana publicou nas suas redes sociais mensagem com um recado ao governo. – “O
governo não pode esperar mais para prorrogar o auxílio. A ajuda é urgente e é
agora”, afirmou Maia, que enfatizou que a sua posição é acompanhada pela
maioria dos deputados. Maia defendeu, no entanto, a prorrogação por mais dois
ou três meses no valor de R$ 600, ao contrário de Guedes que quer reduzir o
valor à metade das próximas parcelas. A despesa mensal do auxílio está em torno
de R$ 51,5 bilhões.
- “É uma emergência que não foi
emergencial como deveria e estamos passando dos 50 mil mortes, inúmeras cidades
com bandeira vermelha e necessidade de distanciamento, desemprego lá em cima”,
afirma a diretora de relações institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, Paola Carvalho. Para ela, o
próprio governo, ao vetar trechos da lei do auxílio, acabou criando problemas
graves para administrar na implementação do programa. São ao todo 13 propostas
de mudanças na legislação. Entre elas, a fixação de um prazo de dez dias para
que o governo dê reposta à análise dos pedidos. Pelos cálculos da Rede, cinco
milhões de pessoas ainda aguardam resposta da análise do pedido. Na lista das
propostas, estão a retirada da exigência de terem ganho menor que R$ 28.559,70
durante o ano de 2018, a garantia de que os beneficiários do Bolsa Família retornem automaticamente
ao programa após fim do auxílio emergencial e permissão para que os
estabelecimentos correspondentes ou conveniados das instituições financeiras
públicas sejam autorizados a pagar o benefício. Segundo Paola Carvalho, é
preciso garantir também que bases de dados do governo usadas no cruzamento de
dados para a concessão do benefício sejam atualizadas. Em caso de impossibilidade,
deve valer a autodeclaração do solicitante. Outro aspecto importante “é que os pedidos de auxílios negados
sejam acompanhados de justificativas claras, com a criação de canais de recurso
e apresentação de documentos”.
A
prática social do bairro introduz novas formas de gratuidade no lugar da necessidade. Ela favorece uma utilização do
espaço urbano não finalizado pelo seu uso somente funcional. No limite, visa
conceder o máximo de tempo contrapondo a um mínimo de espaço para liberar
possibilidades de deambulação. A cidade é, em seu sentido característico,
poetizada pelo sujeito: este a refabricou para o seu uso próprio desmontando as
correntes do aparelho urbano: ele impõe à ordem externa da cidade a sua lei de
consumo do espaço. O bairro é, por conseguinte, no sentido econômico do termo,
um objeto de consumo do qual se apropria o usuário no modo da privatização do
espaço público. Aí se acham reunidas todas as condições para favorecer esse
exercício: conhecimento dos lugares, trajetos cotidianos, relações de vizinhança
(política), relações como os comerciantes (economia), sentimentos difusos de
estar no próprio território (etologia), tudo isso cuja acumulação
e combinação produzem, e mais tarde organizam o dispositivo social e cultural
segundo o qual o lugar praticado se torna não somente o objeto de conhecimento,
mas o lugar de um reconhecimento afetivo.
A
conveniência se impõe em primeiro à
análise pelo seu papel negativo. Neste sentido poucos membros da comunidade ueceana perceberam ou avaliaram o efeito
moral da Resolução nº 1442/2018 que “proíbe
o uso, porte, comercialização de bebidas alcóolicas e outras drogas nas
dependências dos campi da
Universidade Estadual do Ceará, inclusive para a realização de eventos cívicos”.
Pois ela proíbe o uso de bebidas no campus, através de uma medida de gabinete, sem
um plebiscito real, onde ela se encontra no lugar da Lei. Aquela que torna
heterogêneo o campo social proibindo que aí se distribua em qualquer ordem e a
qualquer momento não importa que comportamento
social. Isto quer dizer que a conveniência poderia manter relações muito
estreitas com os processos de educação implícitos a todo grupo social. Ela se
encarrega de promulgar as regras do método sociológico, enquanto o social é o espaço do outro e o ponto médio
relacional da posição de perda da pessoa enquanto ser público. A conveniência é
o gerenciamento simbólico da face pública oculta de cada um de nós desde que
nos achamos na démarche entre a casa
e a rua. A conveniência é simultaneamente o modo pelo qual se é percebido e, de
fato, o meio obrigatório de se permanecer submisso a ela. Exige que se evite dissonância
no jogo dos comportamentos e ruptura qualitativa na percepção do meio social.
Por isso é que produz comportamentos estereotipados, prêt-à-porter, que têm por função possibilitar o reconhecimento “de
não importa quem em não importa que lugar”. É contradição brasileira
a falácia de que qualquer dúvida a respeito de uma lei, só possa ser
sanada através da representação de outra Lei.
Quando é possível discernir
entre aquilo que é certo ou não do ponto de vista ético? É um dos valores que
não se encontra inserido no contexto de uma religião específica. Mas no
contexto da lei natural que rege aquilo que é conveniente para o ser humano de
acordo com sua dignidade e natureza. A moral tem sua base na liberdade do ser
humano através da qual uma pessoa pode realizar boas ações, mas que também tem
a liberdade de praticar atitudes injustas. A reflexão moral é decisiva na
tomada de consciência de sua própria responsabilidade no trabalho, de crescer
como pessoa, tendo sempre claro o princípio da verdade e do bem. A filosofia
como reflexão moral é muito importante. Uma vez que a retidão no trabalho ajuda
o ser humano no discernimento como pessoa e a alcançar uma vida boa. Assim demonstra
a responsabilidade em trazer esperança à sociedade, uma vez que através de
ações individuais exerce influência no bem comum. Esta moralidade toma como
fundamental os princípios da conduta humana. As normas dignificam a
pessoa através de valores demonstrando o ser social. O amor próprio, a compreensão
e o respeito ao próximo, enquanto princípio do dever e busca pela felicidade.
Um princípio essencial é bom lembrar, que o fim em seu ersatz nem sempre justifica os meios.
Bibliografia
geral consultada.
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Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. São Paulo: Pontifícia Universidade
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Progress: Os Norte-Americanos e o Planejamento do Campus no Brasil. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2017; SILVA, Jordan Prazeres Freitas da, Implicações da Pandemia COVID-19 nas Condições e Modos de Cuidado Ofertados na Primeira Infância. Dissertação de Mestrado em Saúde Pública. Faculdade de Medicina. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2020; PERRY, Eliane Cristina, Literatura, História e Identidade em Diálogo: Memorial do Convento, de José Saramago, e Il Gattopardo, de Tomasi di Lampedusa. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Setor de Ciências Humanas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2020; entre outros.
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