terça-feira, 2 de junho de 2020

Thorstein Veblen - Classe Ociosa & Ostentação Contemporânea.


                              Ostentação é comprar aquilo que você não quer”. Thorstein Veblen


            Institucionalismo representa uma corrente teórica do pensamento econômico que surgiu na América do Norte no início do século XX. Tem como escopo a compreensão do papel das instituições no nivelamento do comportamento econômico (cf. Cavalieri, 2009; Claudino, 2020). Essa corrente teórica teve seu apogeu nos anos 1920 e 1930, influenciando significativamente as medidas tomadas à época do New Deal, nome dado aos programas de estabilidade econômica empregados  entre 1933 e 1937, sob o governo do presidente Franklin Roosevelt (1933-1945), com o objetivo de reformar a economia, além de auxiliar a classe ociosa pela Grande Depressão. Seu nome foi inspirado em Square Deal, nome dado por Roosevelt à sua política econômica. O governo investiu: (I) US$ 4 bilhões na construção de usinas hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais, escolas, aeroportos etc. que geraram milhões de novos empregos; (II) destruição dos estoques de gêneros agrícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preços; (III) controle sobre os preços e a produção, para evitar a superprodução na agricultura e na indústria; e (IV) diminuição da jornada de trabalho, para abrir novos postos. Além disso, fixou-se o salário mínimo, criaram-se o seguro-desemprego e o seguro-aposentadoria para os trabalhadores maiores de 65 anos.
         Na década de 1930, os norte-americanos, atravessaram um período em que um grande número de trabalhadores passou a viver na absoluta pobreza, desesperadamente necessitando mais alimentos, roupas e abrigos. Paradoxalmente, os recursos produtivos como fazendas, fábricas, máquinas e mão de obra que poderiam prover estes alimentos, roupas e abrigos estavam paralisados, pois a economia nacional não produzia satisfação. Tanto Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, quanto o economista John Maynard Keynes já haviam previsto que a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista, levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralelamente ao lado da demanda, que permitisse a redistribuição da renda para aumentar a relação entre a produção e o consumo. A Grande Depressão (1930) tornou-se uma crise econômica de superprodução, numa trágica confirmação daquelas previsões. Nascia a regulação fordista keynesiana baseada em um pacto em que o Estado assumia papéis, de forma a tornar-se um demandador da indústria privada e um fornecedor de salários indiretos, com o objetivo de universalizar o consumo, a estabilidade do sistema e dos sindicatos corporativos com a sua incorporação ao mundo da produção-consumo. 
              


Em 1927, quando Henry Ford anuncia que sua empresa tinha adquirido, na Amazônia brasileira, uma concessão do tamanho de Connecticut para cultivar borracha e construir uma cidade em plena selva, a imprensa norte-americana celebrou o evento como o encontro de duas forças paralelas irresistíveis: a invenção do trabalho em cadeia e o triunfo de novas normas de produção, e o processo civilizatório da maior bacia fluvial do planeta, irrigando nove países com um terço do continente sul-americano, uma zona selvagem e plena de vida que as águas que margeiam o território comprado por Ford continham mais espécies de peixes que todos os rios da Europa reunidos. Para a revista Time (1927), não havia nenhuma dúvida de que Ford aperfeiçoaria sua produção de borracha a cada ano “até a completa industrialização de toda a floresta”. Segundo o Washington Post - Henry Ford, Visionary (1999), levaria à imensidão da floresta “a magia do homem branco”, isto é, a disseminação da ideologia do trabalho, a fim de cultivar não somente “a borracha, mas os seringueiros em si mesmos” (1931). De 1927 a 1945, quando cedeu sua parcela ao governo brasileiro, Ford gastou dezenas de milhões de dólares para construir duas cidades norte-americanas em plena selva; a primeira foi abandonada depois da destruição de uma plantação por um parasita vegetal.
Seus habitantes gozavam de todas as vantagens da civilização: praças, calçadas, saneamento, hospitais, gramados, cinemas, piscinas, terrenos de golfe e, claro, carros da Ford para passear nas ruas pavimentadas.  Em dezembro de 1930, dois meses depois da radicalização política entre liberais e comunistas que tinha levado o gaúcho Getúlio Vargas (1882-1954) ao poder, uma revolta explode em Fordlândia, sob o slogan “O Brasil para os brasileiros. Morte aos norte-americanos”, os trabalhadores saquearam parte das instalações e fizeram valer suas reivindicações. Os executivos estadunidenses não ignoram que, para seu empregador, a organização dos trabalhadores constituía “o maior flagelo que o planeta sofreu”. Eles obtiveram o apoio das forças armadas brasileiras, ao negar a responsabilidade dos seres humanos no aquecimento global com a destruição da floresta, e tendo como resultado da ação os manifestantes foram demitidos, os pequenos comércios vizinhos foram fechados. Depois, a vez da natureza se revoltar. A Fordlândia parecia amaldiçoada, não somente em razão do desastre daqueles anos. Mas uma vez que a ordem foi mais ou menos assegurada, em razão da recusa obstinada da natureza da vegetação à transplantação da brigada corporativa e militarizada fordista, modificando o processo artesanal de produção com a implantação do taylorismo na linha de montagem.  
Em seus primeiros 100 dias, o New Deal programou reformas setoriais na economia para criar as condições para a formação de poupança interna e recuperar a rentabilidade dos investimentos. Foram criadas medidas de política econômica para recuperar o sistema financeiro, com o Emergency Banking Act, um ato aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos em março de 1933, na tentativa de estabilizar o sistema bancário para regular a produção agrícola, com o Agricultural Adjustment Act, e para evitar a perda da hipoteca das casas próprias, com o Home Owners’ Refinancing Act.  No setor industrial, a principal medida ocorreu com a redução da jornada do trabalho. Percebendo que o fator básico que gerou a crise econômica havia sido a superprodução, Henry Ford estabeleceu o emprego da jornada de oito horas. Além disso, foi responsável por uma importantíssima inovação técnica: a criação da linha de montagem. Essa inovação permitiu a redução dos custos e, sobretudo, aumento da produtividade, isto é, o rendimento do trabalho e dos demais agentes da produção. A aplicação das técnicas fordistas de exploração nas indústrias de bens de consumo promoveu uma queda de preços, fator que é tido com o New Deal, como primordial para a recuperação da economia norte-americana.

O impacto político do New Deal foi evidente nos Estados Unidos da América e é creditado, por analistas, como um dos fatores para a ascensão do Partido Democrata, dominando as legislaturas estaduais e nacionais até a década de 1960. Os Republicanos, conservadores, apesar de se opor a este plano de estabilidade entre capital e trabalho, não o modificaram uma vez no poder. O político Eisenhower, eleito em 1953, na verdade, expandiram algumas das políticas públicas de Roosevelt, especialmente aquelas voltadas para a seguridade social. Durante o New Deal, de fato, a economia norte-americana se fortaleceu e cresceu, mas os problemas internos como a pobreza e a desigualdade prosseguiam. Analistas políticos afirmam que foi com a 2ª guerra mundial que reergueu a economia nacional, puxando a produção industrial e o desenvolvimento social.  Assistência aos pobres, desempregados e a expansão da seguridade social para idosos também foi bem aceita pela classe trabalhadora. O governo também impôs uma nova política fiscal, que segundo analistas, beneficiou o sistema financeiro e incentivou os investidores, salvando Wall Street. Havia imensa interferência do governo na economia, especialmente nos pequenos negócios, um crescimento do socialismo de Estado, em detrimento do financismo (cf. Hilferding, 2011) capitalista tornando os Estados Unidos em uma potência. 
            Ela nasceu nos Estados Unidos na virada do século XIX-XX como alternativa às escolas que a precederam baseadas nas doutrinas clássica, marxista, historicista alemã e neoclássica. O que pode ser destacado na concepção institucionalista de Veblen é a proposição da abordagem evolucionária da economia, fruto da influência do trabalho inovador do cientista Charles Darwin (1809-1882), mas também de Herbert Spencer (1820-1903), como aluno de pós-graduação de filosofia na Universidade John Hopkins. Não tendo se adaptado aos estudos nesta instituição, e possuindo uma carta de recomendação de John Bates Clark, Thorstein Veblen foi para Yale University, onde obteve seu doutoramento em filosofia no ano de 1884. Nessa Universidade Thorstein Veblen trabalhou sob a supervisão de William Graham Sumner, por mais paradoxal que isso possa aparentemente vir a parecer. Também nesta majestosa época ele teve a oportunidade de assistir às palestras de Herbert Spencer, durante sua festejada visita aos Estados Unidos da América em 1882.

            Na economia vebleniana, vale lembrar, instituições representam hábitos, rotinas de conduta bastante arraigadas num determinado momento histórico. A existência de classe social que se abstêm do trabalho produtivo, identificada por ele e chamada classe ociosa, representa uma instituição. Ipso facto, a economia vebleniana é chamada de institucionalista em razão da ênfase que o autor de A Teoria da Classe Ociosa (1987) situa sobre o que ele denominou de instituições (cf. Faille, 2007), como ação do hábito, presente na economia o negócio não é exatamente de quem cuida pessoalmente dele: a financeirização da riqueza, na representação do equipamento produtivo da sociedade através de papéis e a emulação, que talvez sejam os mais importantes indícios contidos no livro The Theory of the Leisure Class (1899), que diz respeito ao hábito dos indivíduos de se compararem uns com os outros, invejosamente, melhor dizendo, o desejo das pessoas de serem reconhecidas como melhores que os outros indivíduos. O gosto de Thorstein era amplo, ia desde melodramas a hinários, de sermões luteranos a romances e poesia.
Estudando economia política na Universidade de Cornell, fundada em 1865 por Ezra Cornell e Andrew Dickson White com a intenção de ensinar e contribuir em todos os campos do conhecimento, dos clássicos às ciências e do teórico ao aplicado. Esses ideais, não convencionais de seu tempo, são capturados no lema de Cornell: - “Eu fundaria uma instituição onde qualquer pessoa pode encontrar instrução em qualquer estudo”. Thorstein Veblen pôde entrar em contato com James Lawrence Laughlin, chefe do departamento de economia daquela Universidade, professor que ficou imediatamente impressionado com o poderio do intelecto e a massiva erudição daquele novo estudante (cf. Cavalieri, 2009). Quando Laughlin foi chamado para chefiar o departamento da mesma matéria na recente Universidade de Chicago, que tinha como uma das suas principais metas favorecer a pesquisa até em detrimento do ensino, Veblen foi um dos primeiros pesquisadores que Laughlin contratou. Em 1899, sete anos depois de ser trazido por Laughlin para Chicago, aos quarenta e dois anos de idade, lançou A Teoria da Classe Ociosa. O escritor William Dean Howells, dedicou dois editoriais na revista da qual era editor, a Literature, para elogiar o livro de Veblen. Lester Ward (1841-1913), uma figura muito popular e respeitada na época, quase o pai único da sociologia norte-americana, também ficou impressionado com o talento do professor de Chicago. Ele mesmo resenhou o livro para o American Journal of Sociology, na qual declarou que Veblen havia feito uma leitura objetiva das instituições americanas, e que mesmo empregando uma linguagem difícil, dando mote às críticas sobre seu estilo, conseguia atingir o âmago dos “deuses de casa” da afluência norte-americana.
Novamente a ajuda dos amigos-admiradores foi fundamental. Jacques Loeb (1859-1924), um biólogo que teria influenciado Veblen em alguns dos termos usados em A Teoria da Classe Ociosa e que fora seu contemporâneo em Chicago, a pedido do próprio Thorstein, ofereceu boas referências ao reitor. Auxiliado também por um dos seus mais brilhantes ex-alunos, Wesley Clair Mitchell, e pelos sempre úteis elogios de Laughlin. Nesse tempo, entre a saída de Chicago e a admissão em Stanford, Veblen conheceu a mulher que acabaria sendo sua segunda esposa, Ann Bradley Bevans, vinte anos mais nova que seu futuro marido, deu-lhe mais um pouco do que Veblen conheceu de alegria matrimonial. Durante os últimos anos em Chicago, e em quase todos que permaneceu em Stanford, Veblen teve pouco contato pessoal com Ellen, ao menos considerando que eles eram casados. Ela acabou passando a maior parte deste período isolada numa propriedade da sua família, no estado de Idaho. Próximo a Stanford Veblen comprou uma propriedade rural que dividia com alguns dos seus alunos prediletos. Cedro era este lugar, no qual Veblen viveu alguns anos de alegria e também de pouca produtividade acadêmica. Seus principais trabalhos em Stanford foram duas das suas críticas aos teóricos da utilidade marginal. Entre elas The Limitations of Marginal Utility (1909), cujo tema central continha algumas das idéias que servem como armas da crítica para os heterodoxos desafiarem o paradigma dominante da teoria econômica do século XXI.

A família Roosevelt em 1919.
Embora se deva ressaltar sua grande fama na Universidade do Missouri, foi durante esta época, especialmente na década de 1910, que a economia institucionalista estabeleceu-se como paradigma da ciência econômica norte-americana. Mas o pai da teoria institucionalista acabou saindo da Universidade do Missouri em 1918. No mesmo ano que findou a 1ª grande guerra, Thorstein Veblen trabalhou brevemente no Food Administration, órgão do governo federal encarregado da regulação do comércio de alimentos. Foi levado para lá por seu ex-aluno Isador Lubin. Quando Veblen e Lubin sugeriram para Herbert Hoover uma negociação entre o governo federal e um sindicato de trabalhadores rurais que estava criando problemas de abastecimento, o presidente sentiu-se traído. Disse que nunca negociaria com os trabalhadores. Ipso facto, com uma postura ética decidiu demitir-se do governo. Ele foi para Nova York, onde trabalhou como editor da revista The Dial, publicação progressista e partidária de quase todos os clamores por reformas. No emprego atingiu o apogeu como intelectual. Em 1922 a instituição acabou tornando-se um fracasso financeiro. Somente Veblen, permaneceu até 1926. Os amigos socorreram-no, “pois instituíram o Veblen Fund, que servia para sustentar o velho professor”. Um último ato político de Veblen foi a recusa, em 1925, para ser presidente da American Economic Association.                    
Sociologicamente falando entendemos que o que há de mais importante é que Veblen dedicou-se mais à formação da chamada classe ociosa e às suas derivações e consequências para a realidade socioeconômica, em especial no que tange aos hábitos de vida e de consumo. O institucionalista assinalava que aquilo entendido por Marx como consciência de classe era um hábito de pensar, um costume que os indivíduos teriam em relação às considerações acerca de seus interesses como classe. Eles poderiam muito bem compreender coletivamente que o sistema capitalista não lhes era essencialmente benéficos, todavia, também seria possível compreenderem sua natureza segundo outros hábitos de pensar. Veblen chegou a concluir nesse quadro lógico, que a propriedade privada seria a causa principal da insatisfação dos menos abastados, pois o observado no capitalismo de fin de siècle era uma valorização dos indivíduos de acordo com uma escala na qual a posse de bens era a unidade de medida fundamental. Thorstein Veblen trouxe à baila sua insistência na especificidade histórica, dizendo que tal propensão, tomada como inerente ao homem pelos neoclássicos, era saldo do condicionamento que as instituições provocam sobre as inclinações latentes dos seres humanos. O que exigia era aquilo que ele buscava em sua formulação teórica: recusar a tese da natureza humana hedonista investigando as determinações mais essenciais do comportamento humano. Investigar mais a fundo as inclinações humanas e os hábitos resultantes da interação homem – o que representa para Veblen investido de propensões – versus ambiente social histórico seria o mister máximo da ciência econômica.
Toda a crítica de Veblen sobre a desconsideração dos aspectos intangíveis do capital leva à ideia de que existe uma apropriação indevida, através da instituição da propriedade privada, do estoque de informação e conhecimento que foi, em grande parte, construído coletivamente. Além de este conhecimento ser produto coletivo, isto é, de não ser possível determinar o autor individual de tal conhecimento, ele também fora construído através de diversas gerações. Em linha com isso, continuava Veblen: - “isto pode ser chamado o equipamento imaterial, ou, por uma licença de discurso, os ativos intangíveis da comunidade”. O objetivo mais direto de Veblen não era criticar a apropriação de certo conhecimento por este ou aquele indivíduo, que o usaria para obter lucro. O que constitui seu principal objeto de crítica é o fato de que o desenvolvimento da sociedade industrial, esta sim a catalisadora das capturas injustas, permitiu que algo comunitário gradualmente se tornasse apropriado por um número menor de indivíduos. O equipamento imaterial social estava sendo apropriado cada vez mais por agentes afastados da atividade produtiva. É a sociedade de caráter pecuniário. - A propriedade do equipamento material dá ao proprietário não somente o direito de uso sobre o equipamento imaterial, mas também o direito de abuso e de negligencia ou inibição.

A tônica central do discurso de Veblen sobre as escolas de economia é a crítica à teleologia. Para o velho institucionalista, a ciência moderna, tal como a civilização moderna, seriam, caracteristicamente, materialmente factuais. Estas características seriam reforçadas pelo contexto em que se desenvolvem as atividades sociais desta civilização, o contexto da “indústria da máquina”. O uso do conceito de “curiosidade desinteressada” pode ser visto como uma radicalização do que Veblen criticava nas escolas de economia política. Ao que tudo indica na metodologia vebleniana, a normatividade deveria se desenvolver a partir desta “investigação desinteressada”, por assim dizer, cuja origem parece ser a radicalização da negativa de Thorstein Veblen em relação à presença de telesis na pesquisa científica. O economista que fundou a escola institucionalista fixou muito dos princípios da economia evolucionária em seu primeiro livro, A Teoria da Classe Ociosa. Para concordarmos com Cavalieri (2009: 303), ele não propôs um sistema científico singular baseado numa metodologia compreensiva, no sentido único compreensivo de Max Weber, mas uma explícita metodologia explicativa, como ele compreendeu a metodologia clássica, neoclássica e marxista.  
No filme de Steven Spielberg, Jurassic Park (1993) cientistas utilizaram o sangue de dinossauro encontrado dentro de fóssil de mosquito preservado em âmbar para clonar dinossauros e criar o parque. Jurassic Park também demonstra que as lacunas do código genético dos dinossauros foram complementadas com DNA de sapo. Essa modificação técnicas é fundamental para a história. Para clonar o mamute, os cientistas precisam mapear todo o genoma de Buttercup, mas ele pode estar incompleto. A vida real começaria com a audácia (cf. Lipietz, 1989) da ficção: os traços do genoma que estivessem faltando teriam de ser procurados no DNA dos elefantes. O filme é centrado na fictícia Isla Nublar, onde um filantropo bilionário e uma pequena equipe de geneticistas criam um parque temático em uma ilha, onde as principais atrações são variadas espécies de dinossauros recriados através da engenharia genética. Antes mesmo do livro de Michael Crichton (2009) ser publicado, muitos estúdios cinematográficos tentaram adquirir os direitos de uso de imagem. Com sabedoria Spielberg, junto com a Universal, adquiriu-os por US$ 1,5 milhão antes da publicação em 1990, e Crichton recebeu um adicional de US$ 500 mil para adaptar o romance para as telonas. David Koepp escreveu o roteiro final, que deixou de fora grande parte da exposição do romance e violência e fez numerosas mudanças nos personagens.
As filmagens ocorreram na Califórnia e no Havaí. Não por acaso foi aclamado como um marco na indústria de efeitos especiais, que foram produzidos pela Industrial Light & Magic, com efeitos criados através de computação gráfica, e pela Stan Winston Studios com efeitos produzidos através de animatrônica. A reconstituição no plano virtual dos dinossauros, para que entrassem em cena com os atores “em carne e osso”, levou a um espetacular sucesso de bilheteria, confirmando o fascínio que essas criaturas extintas exercem sobre a imaginação individual e coletiva das pessoas. A Universal gastou US$ 65 milhões em marketing para o Jurassic Park, fazendo acordos com empresas para comercializar 1000 produtos. Esses incluíram três jogos eletrônicos desenvolvidos pelas empresas Sega e Ocean Software e brinquedos Kenner que foi distribuída pela Hasbro: uma romantização voltada para as crianças. A trilha sonora incluía material inédito. Os trailers divulgados do filme davam apenas uma noção fugaz de dinossauros, uma tática que o jornalista Josh Horowitz descreveu como “aquele velho costume de Spielberg de nunca revelar muito” quando Spielberg e o diretor Michael Bay fizeram o mesmo para a produção de Transformers em 2007, quando   alienígenas gigantes que vivem na Terra camuflados sob a forma de carros, aviões e aparelhos eletrônicos —, batalham por uma fonte de energia escondida: são os cruéis Decepticons, determinados a dominar o Universo, contra os pacíficos Autobots, comparativamente, assim convertendo-se na crítica da Terra como na crítica do Céu. 

O filme foi comercializado com a tagline: “Uma aventura que levou 65 milhões de anos para ficar pronta”. O filme estreou no Museu Nacional da Construção em 9 de junho de 1993, Washington, D.C., em apoio a duas instituições de caridade infantis. Seu debute em VHS e Laserdisc ocorreu no dia 4 de outubro de 1994, e pela primeira vez em DVD no dia 10 de outubro de 2000 e num pacote intitulado: O Mundo Perdido: Jurassic Park. O DVD foi relançado com as duas continuações em 11 de dezembro de 2001 como Jurassic Park Trilogy. Em 29 de novembro de 2005 foi lançado o pacote Jurassic Park Adventure Pack.  Durante o período de comercialização dos formatos de vídeo, Steve Englehart escreveu uma série de histórias em quadrinhos que deram continuidade ao enredo de Jurassic Park. A série consiste em um total temático apresentado nas dezenove edições divididas em quatro volumes: Raptor (I), Raptors Attack (II), Raptors Hijack (III) e Return to Jurassic Park (IV). As edições foram republicadas pela empresa de comunicação Topps Comics com o título único de Jurassic Park Adventures nos Estados Unidos e no Reino Unido. A Ocean Software reeditou o Jurassic Park 2: The Chaos Continues para as plataformas pela Nintendo para o Super Nintendo Entertainment System e Game Boy.
Afirmar a teoria vebleniana como não tendo aplicabilidade é conditio sine qua non injustamente por discordar dele, negue o ajuste por desconsiderar que seu autor dedicou a maior parte da sua obra a aplicá-la. A Teoria da Classe Ociosa é uma aplicação do sistema de economia política de Veblen para desvendar, entre outros aspectos subsidiários, as origens de hábitos de consumo, como o célebre “consumo conspícuo”. Seu primeiro alerta, ao tratar do lugar dos instintos na sua teoria, foi dado com relação às possíveis confusões de significado que podem surgir pelo uso desta categoria por outras ciências, e mesmo pelo significado comumente imputado à expressão. Assim, instintos, em Veblen, são diferentes do entendimento que o senso comum teria deles, pois esse último, referindo-se aos instintos, imaginaria algum tipo de ação tomada sem nenhuma deliberação, um agir natural que não passaria pela consciência crítica de uma mente complexa. Quando explicava o surgimento de hábitos e instituições, ele tentava livrar sua teoria de qualquer tipo de teleologia. Os objetivos difundidos pelos instintos, então, seriam perseguidos de acordo com práticas sociais resultantes de sequências de ações surgidas para atender a realização dos objetivos.
Os hábitos, respectivamente, são maneiras de agir, constituídos a partir da necessidade de se perseguir os objetivos postos pelos instintos. O que parece ser o dado mais importante com relação aos hábitos é a convenção na qual eles se consolidam. Quando hábitos se tornam, cada vez mais, coletivos, aceitos, os hábitos de pensamento, que nada mais seriam do que ideias corroboradoras de comportamentos, segundo um senso comum, transformariam certos caminhos de conduta em instituições. Os hábitos de pensamento, ou, em outras palavras, o senso comum de que determinadas formas de agir são as corretas, fariam os hábitos, que podem ser muitos, sendo categorias muito mais individuais que as instituições, coletivizarem-se e transformarem-se instituições (cf. Krauser, 2019). Hábitos, entendidos como vetores de comportamentos que visam atingir fins - sejam estes dados pelos instintos, primariamente, ou secundariamente colocados pelos hábitos em si, acabariam gerando instituições quando surgisse uma convicção coletiva de que aquele é o agir afetivo correto tendo em vista serem hábitos de pensamento. Os hábitos, embora sejam gerados para que as motivações colocadas pelos instintos sejam alcançadas, localizam-se num patamar que envolve a deliberação humana. Os hábitos de pensamento, ao gerarem critérios de valoração das ações, também criam tenacidade, e desta forma as instituições hic et nunc passariam de geração a geração.
Bibliografia geral consultada.
GAGNON, Marc-André; FAILLE, Dimitri della, “La Sociologie Économique de Thorstein Veblen: Pertinences et Impertinences d’une Pensée à Contre-Courant”. In: Revue Interventions Économiques. Éditeur Association d’Économie Politique n° 36, 2007; PONTES, Renato Ferreira, O Restabelecimento do Institucionalismo Evolucionário de Throstein Veblen e uma Perspectiva Realista da Filosofia da Ciência. Dissertação de Mestrado. Departamento de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico. Setor de Ciências Sociais Aplicadas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2008; CAVALIERI, Marco Antônio Ribas, O Surgimento do Institucionalismo Norte-Americano: Um Ensaio sobre o Pensamento e o Tempo de Thorstein Veblen. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Economia. Faculdade de Ciências Econômicas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009; HILFERDING, Rudolf, Il Capitale Financiario. Milano: Editore Mimesis, 2011; AVILA, Rôber Hurriel, As Relações de Causalidade Estrutura-Sujeito em Veblen e em Marx: Perspectivas Inconciliáveis? Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Economia. Faculdade de Ciências Econômicas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013; CRUZ, Murillo, Thorstein Veblen: O Teórico da Economia Moderna, Teoria Econômica, Psique e Estética da Ordem Patriarcal. E-book, 2014; SILVA, João Vitor Oliveira da, Antecipações da Perspectiva da Complexidade em Thorstein Veblen: Um Estudo a partir de Brian Arthur e Friedrich Hayek. Dissertação de Mestrado. Instituto de Economia. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2019; KRAUSER, Fernando Cavalheiro, Thorstein Veblen: Suas Influências, Críticas e Contribuições para a Construção de uma Ciência Econômica Evolucionária. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2019; CLAUDINO, Lívio Sergio Dias, “A Politização do Conceito de Cultura na Teoria Institucionalista: Thorstein Veblen e os Antropólogos de sua Época”. In: Nova econ. vol.29, n° especial. Belo Horizonte. Epub May 15, 2020; entre outros.

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