sábado, 16 de maio de 2020

Camelos - Atravessar Desertos, Correr & Transportar Homens.

                                                                                                      Ubiracy de Souza Braga

     “A maioria dos homens vive uma existência de tranquilo desespero”. Henry Thoreau




            A domesticação dos Camelus é realizada  há milhares de anos, visando o leite, a carne, os pelos, a pele e a utilização de “animais de carga”. Os camelos constituem um gênero de ungulados artiodátilos com um par de dedos de apoio em cada pata que contém duas espécies: o dromedário, de uma corcova, e o camelo-bactriano, de duas corcovas. Ambos são nativos de áreas secas e desérticas da Ásia. São espécies domesticadas, fornecendo leite e carne para consumo humano, e são animais de tração, domesticado há milhares de anos. O nome camelo origina-se do grego e do hebraico ou fenício, possivelmente a partir de uma raiz etimológica que significa “suportar ou carregar”, relacionado com o árabe jamala. A expectativa média de vida de um camelo é de 40 a 50 anos. Adulto plenamente crescido alcança 1,85 m até o ombro e 2,15 m de comprimento. A sua corcova mede cerca de 75 cm. Camelos podem alcançar velocidade de até os 65 km/h. Servem como meio de comunicação, trabalho e travessia no deserto. Não necessitam beber água a todo instante e constituem um transporte mais rápido e seguro, pois são animais preparados para a vida no deserto. São herbívoros. O coletivo de camelos é cáfila. Quando se sentem ameaçados, fisicamente, por outros indivíduos, geralmente cospem no sujeito em questão, em situações extremas podem morder.    
            Etnograficamente em torno de 1200 a. C. foram inventadas as primeiras selas de camelo, que possibilitaram a montaria de camelos típicos bacterianos. As primeiras selas árabes eram usadas na parte traseira do camelo, sendo o controle do camelo bacteriano era realizado através de uma vara. Porém, somente por volta de 500-100 a. C. que os camelos bacterianos foram utilizados militarmente, com selas colocadas sobre as corcovas e construídas de maneira rígida e curvada, que distribuíam o peso igualmente entre as corcovas. No século VII a. C. surgiu a sela militar árabe, que melhorou o protejo das selas. No Império Romano os dromedários, compunham parte das tropas auxiliares romanas, recrutadas nas províncias desérticas da Arábia (Província Arábia), uma província fronteiriça do Império incorporada no início do século II. Correspondia ao território do antigo Reino Nabateu, o sul do Levante, a península do Sinai e o noroeste da península Arábica. Os camelos eram utilizados em combate pela capacidade de assustarem os cavalos, quando próximo, tinha uma qualidade utilizada pelos persas nas guerras do Império Aquemênida contra o Reino da Lídia, as modernas províncias da Turquia ocidental de Uşak, Manisa e a porção interior de İzmir.  



A cavalaria de camelos foi utilizada em guerras na África, Oriente Médio, sendo inclusive utilizadas atualmente pelas Forças de Segurança de fronteira da Índia (Border Security Force). Os exércitos também utilizaram camelos como animais de carga, em substituição a cavalos e mulas. Cavalaria é a arma das forças terrestres que, na Antiguidade se destinava ao combate de cavaleiros, em ações de choque ou de reconhecimento. Historicamente, a cavalaria é a arma potencialmente mais móvel dos exércitos e a segunda mais antiga a seguir à infantaria.  Normalmente, a designação “cavalaria” não se estendia às forças brutas que combatiam montadas em outros animais que não o cavalo, como ocorre com o camelo ou o elefante.   Desde os tempos mais remotos que a elevada mobilidade da cavalaria lhe deu uma vantagem como um instrumento multiplicador de forças. Mesmo considerada pequena força de cavalaria poderia manobrar de forma a flanquear, evitar, surpreender, retirar e escapar, de acordo com as necessidades do momento. Um homem combatendo montado num cavalo tinha também a vantagem de uma maior altura, velocidade e massa inercial sobre um oponente a pé. Outro elemento da guerra a cavalo era o impacto psicológico que um soldado montado poderia infligir sobre um oponente.
              O valor da mobilidade social e do choque da cavalaria foi muito apreciado e explorado pelos exércitos da Antiguidade e da Idade Média, muitos dos quais eram constituídos, praticamente, apenas por tropas a cavalo. Isso ocorria especialmente nas sociedades nómadas da Ásia que originaram os exércitos mongóis. Na Europa, a cavalaria transformou-se, essencialmente, numa cavalaria pesada constituída por cavaleiros de armadura. Durante o século XVII a cavalaria europeia perdeu a maior parte das suas armaduras e, no final do século só algumas unidades usavam armadura e esta, limitando-se à couraça do peito. A cavalaria tradicional sobreviveu até ao início da guerra de trincheiras na 1ª grande guerra. A maioria das unidades de cavalaria foram então desmontadas, literalmente, e empregues como infantaria na Frente Ocidental. No período entre guerras, muitas unidades de cavalaria, foram motorizadas ou mecanizadas. No entanto, algumas tropas a cavalo ainda combateram durante a 2ª guerra mundial, sobretudo na União Soviética, onde foram usadas tanto pelos Soviéticos como pelos Alemães e seus aliados. Contemporaneamente, a maioria das unidades militares a cavalo ainda existentes, é utilizada apenas para exercer funções cerimoniais. Existem, no entanto, algumas forças especiais de combate a cavalo que atuam como infantaria montada para operar em terrenos de acesso difícil, como florestas densas e montanhas.                  
            O Exército dos Estados Unidos da América criou o UNS. Camelo Corpos, baseado na Califórnia no século XIX. Durante a Guerra Civil Americana, o início do conflito ocorreu devido à questão da escravidão, que passou a ser discutida no âmbito político dentro do Congresso criando blocos claramente distintos entre escravistas e abolicionistas. Ipso facto camelos foram utilizados experimentalmente, mas sem muito sucesso, por causa da visível impopularidade entre as tropas. Alguns camelos escaparam para as planícies áridas americanas, criando bandos que existiram até o começo do século XX. A França criou um corpo de camelos marinhaste parte da Arme riqueza, no Saara, em 1902, substituindo unidades de sipahis e atiradores argelinos, utilizados antes para patrulhar as fronteiras. Estas unidades de camelo montadas permaneceram em serviço até meados de 1962, quando as tropas regionais foram dispensadas e os franceses transferidos para outras unidades. Na 1ª grande guerra, em 1916, os britânicos criaram o Corpo Imperial de Camelos, uma formação militar de tamanho similar a uma brigada, que lutou nas campanhas do Sinai e Palestina. Era composta de infantaria montada em camelos durante o cruzamento de desertos. Em maio de 1918 o Corpo foi reduzido ao tamanho de um batalhão e dispensado em maio de 1919. Também, durante a guerra, o Exército Britânico, criou o Corpo de Camelos de Transporte Egípcio, que suportou operações britânicas, transportando suprimentos. Outras tropas de camelos foram a Somali Camelo Corpus, utilizadas pelos britânicos do começo do século XX até a década de 1960, as Tropas Nómadas Espanholas utilizadas no Saara Espanhol. Existe uma substancial população geral de camelos dromedário estimados em até 1 milhão nas regiões centrais da Austrália, descendentes de indivíduos introduzidos como um meio de transporte no século XIX e início do século XX.


          Outro fator que demonstra a grande resistência e eficácia desses animais está relacionado à capacidade de suportarem temperaturas extremas e a de andarem cerca de 50 km ao dia carregando pesos que extrapolam os 450 quilos. Os Camelus, ainda, possuem patas de base larga, pestanas longas e pelagem esparsa, adaptadas ao ambiente desértico. Esta última pode apresentar coloração racial que varia entre o creme e castanho-escuro. Esta população estatisticamente está crescendo em cerca de 8% ao ano. Na Austrália, em 2020, mais de 10.000 camelos selvagens serão mortos por atiradores profissionais porque bebe muita água, um bem necessário conquanto o país venha devastado por incêndios, em parte porque os camelos usam muito dos limitados recursos necessários para os criadores de ovinos. Os camelos não são mais criados para obter leite e carne, como costumava ser. Em vez disso, tornaram-se uma forma de ficar milionário. Um criador que trabalha na indústria de telecomunicações e narra que se dedica a criar camelos com a ajuda da família porque “isso absorve a energia negativa acumulada durante a semana”. Ele explica que a nutrição que camelos compõem uma dieta completa, com mel, leite fresco, ovos, tâmaras e vitaminas. Não é caro dar mel para os camelos. – “Gastamos mil libras por mês (cerca de R$ 5,5 mil) para preparar o camelo para a corrida”. O criador também diz que esses animais começam a disputar provas com idades que variam de dois a sete anos - é o treinador quem decide “quando o camelo está pronto para correr”.
A autoridade do governo local de Anangu Pitjantjatjara Yankunytjatjara (APY), do estado Austrália Meridional anunciou em comunicado, um abate coletivo a milhares de animais selvagens. Definindo os camelos como alvo principal, mas não excluindo a possibilidade de incluir o abate de cavalos, as autoridades definem a “segurança pública e recursos ambientais” como motivações desta operação. – “Dadas às condições de seca contínuas e as grandes congregações de camelos que ameaçam todas as principais comunidades e infraestrutura do APY, é necessário controle imediato dos camelos”, escreve Richard King, diretor geral da APY (2020), em comunicado à imprensa.  O abate iniciado terá a duração prevista de cinco dias, e será realizado através de disparos dados de dentro de helicópteros. Os atiradores fazem parte do Departamento de Água e Meio Ambiente da Austrália Meridional. Um porta-voz desse departamento disse que o número crescente de camelos causou vários problemas na região. – “Isso resultou em danos significativos às infraestruturas, perigo para famílias e comunidades, aumento da pressão de pastagem nas terras do APY e problemas críticos de bem-estar dos animais, já que alguns camelos morrem de sede ou se atropelam para chegar a água”. Em abril de 2019 a Cable News Network (CNN) um canal de notícias de televisão por assinatura norte-americano, fundada em 1980, pelo proprietário de mídia Ted Turner como um canal de notícias 24 horas, noticiou que a Austrália elegeu o gato selvagem como o seu “novo inimigo público”. O governo australiano anunciou naquela conjuntura, que até 2020 pretendia matar cerca de dois milhões de gatos selvagens, sendo que se estima que a população de gatos selvagens deva ter entre dois a seis milhões de animais.
Vinte cientistas sauditas da cidade Rei Abdulaziz que era dominada pela família Al Rashid, foi tomada em 1902. Após a 1ª grande guerra, os ingleses reconheceram-no como emir de Hasa e do Négede. Entre 1913 e 1926, Ibn Saud tomou Al-Hasa, o resto do Négede e do Hijaz, a cidade de Ciência e Tecnologia e chineses do BGI de Shenzen - Instituto Genômico de Pequim - levaram mais de um ano para decodificar o código genético inteiro de um dromedário ou camelo árabe (Camelus dromedarius), que tem uma única corcova, espécie nativa onipresente na península arábica. O sequenciamento e a análise do genoma completo do camelo, que tem “similaridades consideráveis” com o gado, poderiam levar à melhor compreensão da habilidade do camelo em sobreviver no hostil ambiente do deserto. Revelar a genética que sustenta o sistema imunológico do camelo pode levar a descobertas médicas, e os dados do genoma também podem ajudar os cientistas a compreenderem melhor como este mamífero produz seu leite altamente nutritivo, valorizado pela medicina. – “O sequenciamento do genoma do camelo, desenvolvido por King Abdulaziz City for Science and Technology (KACST) e BGI,  contribuirá enormemente para a pesquisa genômica e pós-genômica mundial”, afirmou o presidente Jian Wang, um geneticista e empresário chinês presidente e cofundador do grupo. - Pretendemos expandir nosso conhecimento sobre as características fisiológicas e bioquímicas do camelo e levá-las à aplicação para o benefício da humanidade.
É considerado o esporte dos sheiks enquanto uma atividade 100% tradicional em Dubai. As corridas de camelo são um espetáculo para a vista porque estes animais são capazes de atingir 65 km por hora na parte final do trajeto, fazendo um grande barulho ao cavalgar sobre a pista. Não são montados por nenhum cavaleiro. Ou, melhor dizendo, por nenhum cavaleiro humano. São “robôs de alumínio” que controlam os passos dos animais, chegando mesmo a atiçá-los com um chicote se não estiverem no ritmo que deveriam. Estes aparelhos técnicos são constituídos por uma cabeça e um tórax com dois pequenos braços e um carrega o chicote e, o outro, as rédeas e também possuem um Global Positioning System (GPS) que transmite a velocidade do trajeto. Estas máquinas estão totalmente preparadas para resistir aos movimentos bruscos dos camelos. No exterior das pistas de corrida, estão os veículos que controlam estes robôs, posicionados de forma estratégica nos corredores para observar todas as suas manobras e reações. Quem controla as ações dos robôs são precisamente os donos dos camelos, geralmente sheiks e outras pessoas ricas que acompanham as competições e também gritam palavras de encorajamento para motivar os animais na sua árdua competição.
Camelos sendo elevados por trator:  
maus-tratos no mercado de Camelos
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            Cangurus e coalas são as primeiras imagens que vêm à mente quando se pensa na Austrália, Neoeuropas, ou seja, Nova Zelândia e América, mas o país também abriga mais de um milhão de camelos. Mas enquanto os australianos correm para salvar a vida selvagem nativa do país em face de enormes incêndios florestais e secas esmagadoras, os camelos não nativos enfrentam um destino diferente. As autoridades planejam matar 10 mil camelos nos próximos cinco dias. Líderes aborígines nos territórios de Anangu Pitjantjatjara Yankunytjatjara, no sul da Austrália, “sancionaram o abate dos animais”. Os bichos usam recursos hídricos que estão cada vez menores proporções e são igualmente necessários às comunidades que enfrentam uma seca severa. Em busca de água, os camelos estão destruindo cercas e invadindo quintais, de acordo com uma matéria da empresa News.com. au, um site de notícias e entretenimento australiano de propriedade da News Corp Austrália. Ele tem 9,6 milhões de leitores únicos em abril de 2019. São especializados em notícias nacionais e internacionais de entretenimento, de esporte, estilos de vida, viagens, tecnologia e finanças. Os animais competem por esses recursos naturais de sobrevivência e muitas vezes acabam morrendo em combates pisoteados, e suas carcaças podem acabar contaminando as fontes naturais de água.
Os 14 milhões de dromedário vivos representam animais domesticados, a maioria vivendo em regiões do Chifre da África, também reconhecido como Sudeste Africano e algumas vezes como Península Somali, no Sahel, uma faixa de 500 a 700 km de largura, em média, e 5 400 km de extensão, entre o deserto do Saara, ao norte, e a savana do Sudão, Maghreb, região noroeste da África, do Oriente Médio e Sul da Ásia. Nesta região encontram-se a maior concentração de camelos no plano mundial, onde os dromedários constituem uma parte extremamente importante da vida adenoma local, sendo benigno, resultante da proliferação dos elementos próprios de uma glândula. Os camelos bacterianos são menos, cerca de 1,4 milhões deles, principalmente domésticos. Pensa-se que existem cerca de 1.000 camelos selvagens bacterianos no Deserto de Gobi, um extenso deserto situado na região norte da República Popular da China e região sul  da Mongólia. Além de sua distribuição nativa original, houve diversas tentativas de implantação de colônias de camelos em outros locais, assim como sua importação para usos comerciais ou de exploração turísticos. Essa prática social de exploração animal é  reconhecida desde o Império Romano, com resquícios etnográficos comparados de camelos, tanto dromedário, como bacterianos, sendo encontrados desde o século I até o século V em regiões do Reino Unido, Bélgica, Suíça, Hungria, França e Alemanha.
          Uma corrida de camelos com jóqueis-robôs ocorreu recentemente nos Emirados  Árabes Unidos, marcando o início de um curioso evento esportivo do Oriente Médio. Dez robôs corredores tomaram parte na corrida inaugural. Eles foram guiados pela pista de Al Wathba, em Abu Dubai, por operadores humanos, seguindo em um comboio de automóveis, por meio de controles remotos via rádio. Os robôs foram desenvolvidos depois que a Associação de Corridas de Camelos dos Emirados Árabes Unidos baniu o uso de jóqueis com idades abaixo de 16 anos a partir de Março de 2004. Em Julho de 2005 essa idade foi elevada para 18 anos. A corrida de robôs foi acompanhada pelo Ministro de Assuntos Presidenciais daquele país, Xeique Mansour bin Zayed Al Nahyan, que a descreveu como um “tremendo sucesso, uma nova fase que irá testemunhar um novo desenvolvimento nesse esporte indispensável nos Emirados Árabes Unidos”. Uma empresa suíça recebeu US$1,3 milhão para desenvolver os jóqueis robóticos, que estão sendo individualmente vendidos por US$5.500,00. Os corredores, controlados remotamente, têm pernas mecânicas e se equilibram ou inclinam, e braços para puxar as rédeas dos camelos. Corridas nos desertos representam uma  tradição entre os beduínos árabes e um esporte popular e lucrativo.
          As corridas de camelos mais importantes costumam acontecer em abril porque, neste mês, os animais que tiveram os melhores resultados durante toda a temporada, de outubro a abril, participam das corridas finais. É difícil imaginar que estes animais, geralmente associados a caminhadas tranquilas pelo deserto, ou em diversos filmes hollywoodianos famosos de aventuras, atinjam estas velocidades durante uma competição. Por essa razão, o melhor mesmo é ver para crer. Além das corridas de camelos, as corridas de cavalos também têm grande popularidade em Dubai. O Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, honorificamente chamado de xeque Mohammed, é o atual primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, uma confederação de monarquias árabes, cada uma detendo sua soberania, chamadas emirados - equivalentes a principados - estão situados no sudeste da península Arábica e fazem fronteira com Omã e com a Arábia Saudita. Os sete emirados são Abu Dhabi, Dubai, Xarja, Ajmã, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujeira. A capital e a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos são Abu Dhabi. A cidade também é o centro financeiro e de atividades políticas, industriais e culturais. Desde 2006, além de ser Emir de Dubai, também é dono de 99,67% das ações da Dubai Holding, considerado a pessoa mais influente das corridas de cavalos, procura garantir que Dubai tenha os melhores exemplares mundiais desses animais. A Dubai World Cup, uma corrida de turfe, em galope plano, do Grupo I, nos Emirados Árabes, uma das maiores premiações do mundo em 2010, ofertam 12 milhões de dólares.
 Disputada anualmente desde 1996 é realizada no luxuoso hipódromo Meydan. Abriu suas portas em 27 de março de 2010 para substituir o hipódromo de Nad Al  Sheba que anteriormente ocupava o mesmo local. É uma antiga instalação de corridas de cavalos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, inaugurada em 1986.  Possui 2.200 metros de pista e espaço para gramado que se estende pela mesma distância.  O evento ocorre de novembro a março, em conjunto com o Carnaval Internacional da Corrida de Dubai e a Copa do Mundo Noturna de Dubai.  O Clube de Golfe Nad Al Sheba interrompeu as operações em 31 de maio de 2007, devido à reconstrução do complexo de corridas sob um nome e estrutura diferentes. É capaz de acomodar mais de 60.000 espectadores em uma arquibancada de uma milha. Quando não é usado para corridas, serve como um centro abrangente de negócios e conferências. Um museu e galeria de corridas de cavalos também estão planejados. O projeto também inclui um campo de golfe de 9 buracos. O Hipódromo de 7,5 milhões de m² inclui a Marina Meydan - o primeiro hotel de corrida de 5 estrelas do mundo, com acomodação de 285 quartos, 2 pistas e um Tribune, incluindo um hotel, restaurantes, um museu de corridas e 72 suítes corporativas para entretenimento com funcionamento durante o ano todo.
Esta é a corrida de cavalos que divide o maior prêmio monetário do planeta: dez milhões de dólares. Acontece em março e reúne os melhores competidores da modalidade, tanto cavaleiros como cavalos puros-sangues. A distância da corrida varia entre 4 e 10 km, e até 70 camelos podem competir ao mesmo tempo. Para assistir a este espetáculo, é aconselhável usar binóculo, tendo em vista que a velocidade de um camelo em plena forma pode chegar a 65 km/h. Assim, o espectador não perderá nenhum detalhe que acontece na pista. A entrada é franca e o traje admitido informalmente, mas as câmeras fotográficas e apostas são totalmente proibidas nestes locais de exibição e competição. Os animais participantes são submetidos a rigorosos e completos exames médicos antes do início da competição. Há um Comitê Técnico que libera os que podem, de fato, participar das competições. Apesar de ser um evento recente, a Dubai World Cup tornou-se um dos mais importantes fatos sociais do hipismo internacional. A Fédération Équestre Internationale fundada em 1921, tem sua sede localizada na cidade de Lausanne. É uma cidade na Suíça romana, a parte francófona da Suíça, e é a capital do cantão de Vaud. Sede do distrito de Lausana, a cidade está situada às margens do Lago Léman (em francês: Lac Léman). Limitada pela cidade francesa de Évian-les-Bains ao sul do lago, com as montanhas Jura a noroeste. Lausana está localizada 62 km a nordeste de Genebra. Ingmar De Vos, da Bélgica, é a presidente da instituição desde 2014. Os governantes dos Estados do Golfo geralmente determinam os preços dos animais.
O Conselho de Cooperação do Golfo representa a organização de integração económica que reúne seis estados do Golfo Pérsico: Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait. Cabe destacar que nem todos os países que rodeiam o Golfo Pérsico são membros do conselho, especificamente Irã e Iraque. A Carta do Conselho declara que os objetivos básicos são os de efetuar a coordenação, a integração e a interconexão entre os Estados membros em todos os campos, reforçando laços entre os seus povos, formulando regulações similares em vários campos como a economia, finanças, o comércio, a alfândega, o turismo, a legislação, a administração, bem como o progresso técnico na indústria, a mineração, a agricultura, recursos d'água e de pecuária, centros de pesquisa científica e a cooperação do setor privado. O Conselho de Cooperação dos Estados Árabes,  antes Conselho de Cooperação do Golfo é uma organização de seis países do Oriente Médio, que têm objetivos sociais e econômicos comuns. Criado a 25 de maio de 1981, está formado por árabes de Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.
          O legislativo é exercido pelo parlamento, um órgão de consulta formado por 20 membros eleitos pelo povo e outros 20 indicados pelos emires, ambos para mandatos de 4 anos. Além disso, a constituição requisita que alguns emirados tenham mais parlamentares do que outros. Esse é o caso de Dubai e Abu Dhabi, que elegem 8 parlamentares cada. As eleições por lá são baseadas em candidatos avulsos e não em partidos políticos, já que os mesmos são proibidos. O executivo federal é formado, em primeiro lugar, pelo presidente representado pelo chefe de Estado, o primeiro-ministro (chefe de governo) e os ministros de Estado. O primeiro-ministro e os ministros de Estado são indicados pelo presidente, que por sua vez é indicado pela Suprema Câmara Federal, um órgão formado pelos sete emires que se reúnem 4 vezes ao ano. Os emires de Abu Dhabi e Dubai são os mais importantes: possuem poder de veto em discussões da Suprema Câmara Federal, como a própria eleição presidencial. Quando os sete emires se reúnem na Suprema Câmara Federal, escolhem um deles para ser presidente por 5 anos, sem limite de mandatos. Embora o cargo de emir seja hereditário, os de presidente e primeiro-ministro em tese não são assim, são escolhidos.
          Apesar disso, os emires de Dubai e Abu Dhabi sempre ocuparam esses dois cargos – respectivamente, primeiro-ministro e presidente -, mantendo a linha sucessória da família monárquica. O Poder Judiciário tem tribunais estruturados em dois níveis – o federal e o local dos emirados – e em três tipos: de julgamento, de recursos e de cassação. Os tribunais de recursos são onde as partes podem recorrer da sentença dada no tribunal de julgamentos. Em Dubai, por exemplo, os casos envolvem questões de comércio, trabalho, imóveis, direito civil, direito penal e direito religioso. Os tribunais de cassação são destinados à fiscalização dos tribunais menores, analisando se os mesmos comparativamente estão cumprindo e interpretando corretamente a lei. Essas três instâncias existem tanto no nível local quanto no federal, porém o tribunal federal de cassação é chamado de Suprema Corte, que possui 20 membros nomeados pelo presidente sob aprovação da Câmara Suprema Federal. No geral, os tribunais federais lidam com situações em torno da moeda nacional, do território e dos órgãos políticos, como os emirados e o governo federal. Enquanto isso, os tribunais locais lidam com situações mais cotidianas, que envolvem pessoas físicas e jurídicas, crimes de assassinato e roubo, por exemplo. O judiciário também está dividido em dois sistemas legais, o civil, o mesmo adotado no Brasil e pelo qual os julgamentos são feitos com base nas leis, no texto, e o religioso, com base na religião islâmica e que não é aplicado aos não-muçulmanos.
        Nele, são julgadas situações como divórcio e apostasia na religião, sendo que os crimes e as respectivas punições são definidas com base no livro sagrado islâmico, o Alcorão. A apostasia do Islã, é considerado crime e seu praticante condenado à morte ou prisão. – “Eles compram os camelos e os criam, mas nunca os vendem”, diz Faisal. – “Os governantes participam em pé de igualdade com seus cidadãos nas competições”. Mas quanto custa um camelo? Faisal diz que os preços começam em US$ 55 mil (R$ 193 mil), mas puros-sangues podem sair bem mais caros. Em 2010, um fã de corridas dos Emirados Árabes gastou US$ 9,45 milhões (R$ 33,7 milhões) com três animais. Os preços de campeões chegam ainda mais altos, podendo atingir US$ 30 milhões (R$ 105 milhões). Faisal parecia indiferente ao mencionar esses valores, enquanto eu tentava não aparentar surpresa. Mas chegar a esse nível não é fácil. Camelos precisam passar por etapas preliminares em países do Golfo, com os vencedores sendo premiados com o direito de participar das corridas mais importantes, mais se entende como os países do Golfo representam um grande mercado - os animais são vendidos para reprodução ou para as corridas. Feiras semanais e corridas locais são organizadas com o objetivo de escolher os melhores para participarem das principais competições, como ocorre com a Gulf Racing Cup, o Camel Racing Festival, realizado anualmente em Dubai, e a Shahannya Camel Races, no Catar. A extensão das pistas de corrida varia entre 1,5 km e 8 km, de acordo com a idade dos animais. Há provas para camelos de dois, quatro, seis e oito anos. Ao ganhador da prova final é dada uma espada como reconhecimento simbólico e o valor de US$ 3 milhões, como em Wembley, diz Faisal, fazendo referência a um dos principais estádios londrinos, palco de decisões esportivas. 
Bibliografia geral consultada.

HOURANI, Albert, Uma História dos Povos Árabes. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1995; MULS, Leonardo Marco, “Desenvolvimento Local, Espaço e Território: O Conceito de Capital Social e a Importância da Formação de Redes entre Organizações e Instituições Locais”. In: Revista Economia. Brasília, vol. 9, n°1, pp. 1-21, jan./abr. 2008; Artigo: “Cientistas decodificam o código genético do dromedário”. In: http://g1.globo.com/2010/06/09; MATOS, Lucas de Mello Cabral e, Oásis no Deserto na Referencialidade: Arnaldo Antunes e Vilem Flusser. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Letras. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2010; MORAIS, Thaís de Godoy, O Livro das Mil e uma Noites em Jorge Luís Borges. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura Árabe. Departamento de Letras orientais. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; LEAL, Luciano da Rosa, Estrutura Populacional e Diversidade Genética da Raça Árabe no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Uruguaiana: Universidade Federal do Pampa, 2015; MEDEIROS, Eduardo Vicentini de, Thoreau: Moralidade em Pessoa. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015; KRACHA, Bassima, “O Mercado Milionário das Corridas de Camelos”. In: https://www.bbc.com/portuguese//2016/05/07; CRUZ, Patrícia Mariz da, O Luto Amoroso: Uma Leitura de Paisagem com Dromedário, de Carola Saavedra. Dissertação de Mestrado. Guarulhos: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade Federal de São Paulo, 2016; Artigo: “Por que a Austrália vai abater milhares de Camelos – com atiradores a bordo de helicópteros”. In:  https://epoca.globo.com/mundo/10/01/2020; FURTADO, Manuela Rodrigues, A Viagem na Literatura de Carola Saavedra – Flores Azuis e Paisagem de Dromedário. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária. Escola de Humanidades. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020; TRAMONTIM, Beatriz Kestering, Autorreflexividade, Autorrretrato e Mosaico em As Praias de Agnês. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Ciências da Linguagem. Palhoça: Universidade de Santa Catarina, 2020; entre outros.

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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais. Centro de Humanidades. Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará.

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