“Pode ser que não apareçam todos, mas se
10% deles vier, será ótimo. Hare Krishna”. George Harrison
Bangladesh: Nação Bengali, oficialmente República Popular do
Bangladesh, é um país asiático, circundado quase por inteiro pela Índia,
exceto ao sudeste, onde tem fronteira com Myanmar, e ao sul, o litoral no golfo de Bengala. O país
está listado entre as economias do grupo “Próximos Onze”. A capital do país é Daca.
O nordeste da Índia tem fronteiras com o Bangladesh em três lados. Muitos dos
aspectos físicos e culturais do Bangladesh são partilhados com Bengala
Ocidental, um estado da Índia vizinho ao Bangladesh e
Bengala Ocidental que formam uma região reconhecida como Bengala.
Bangladesh era reconhecido pelo nome de Bengala Oriental. O atual nome
Bangladesh significa “nação bengali”, ou “nação de Bengala”. Existe vida vegetal
em abundância no clima quente e úmido. A maior parte do país é
composta por planícies baixas, fertilizadas pelas enchentes dos rios e cursos d`água
que as cruzam. Os rios, durante a época das cheias, depositam solo fértil ao
longo de suas margens. Mas muitas dessas enchentes também causam grande
destruição nos vilarejos rurais. Bangladesh em análise comparada é o 8º país do mundo em número humano com cerca de 150 milhões de habitantes.
O
rápido crescimento populacional do país trouxe um sério problema de
superpopulação. O território do país é um pouco maior do que o estado
brasileiro do Amapá, mas o número de habitantes é, aproximadamente, 220
vezes maior. Os habitantes locais são chamados “bengaleses” ou “bengalis”, que
representam 98% da população total de Bangladesh. Cerca de 85% dos habitantes
são muçulmanos o que torna Bangladesh o 3º maior país de maioria
muçulmana, sendo a quase totalidade do restante composta de hindus. A Constituição
declara Bangladesh um estado secular, ao mesmo tempo que estabelece o islã como
religião oficial. Como uma potência média na política mundial, Bangladesh é uma
“democracia parlamentar unitária e uma república constitucional que segue o
sistema Westminster de governança”. O país está dividido em oito divisões
administrativas e 64 distritos. A região conhecida por Bangladesh foi
governada, em períodos da sua história, por hindus, muçulmanos e budistas.
Tornou-se parte do Império Britânico, quando o Reino Unido, em 1858, assumiu o
controle político da Índia. Os sangrentos conflitos entre hindus e muçulmanos
provocaram a divisão da Índia em duas nações, em 1947, quando se tornou
independente. O Paquistão é formado pelo Paquistão Ocidental e Oriental, criado
pelas regiões nordeste e noroeste da Índia.
A
maioria da população nas duas áreas é composta de muçulmanos. Bangladesh
conquistou sua Independência do Paquistão em 1971, depois da guerra civil de
nove meses entre o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental. De 1947 a 1971,
a região que hoje é Bangladesh foi o Paquistão Oriental. Mais da metade da
população do Paquistão morava lá. Há muito tempo a região é caracterizada por
uma grande pobreza. A maioria dos habitantes é composta de agricultores pobres,
que se esforçam para tirar seu sustento de pequenos lotes de terra. Muitos dos
trabalhadores das cidades ganham apenas alguns centavos por dia. Cerca de 52,1%
da população com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever. Apesar de Bangladesh
continuar enfrentando os desafios da crise de refugiados ruaingas,
corrupção, e os efeitos adversos da mudança climática, o país é uma das
economias emergentes e líderes de crescimento do mundo. A economia de
Bangladesh é a 39ª maior do mundo em Produto Interno Bruto nominal, e a
29ª maior por PPP. A percentagem da população urbana de Bangladesh é inferior à
da maioria das nações do sul da Ásia. Somente cerca de 18% da população, vive
nas cidades. Apesar disso, Daca, a capital e maior cidade do país, é
considerada uma das maiores cidades do mundo, em termos de população, tendo
mais de 7 milhões de habitantes dentro de seus limites e mais de
cinco milhões nas cidades e povoados periféricos.
George Harrison foi um artista
inglês, cuja carreira abrangeu diversas áreas. Músico, compositor, ator e
produtor de cinema, Harrison atingiu fama internacional como guitarrista dos Beatles. Por vezes referido carinhosamente como “o
Beatle quieto”, Harrison, com o passar do tempo, tornou-se um “admirador do
misticismo indiano, introduzindo-o aos Beatles, assim como aos seus fãs do
Ocidente”. Após a dissolução da banda, ele teve uma muito bem-sucedida carreira solo.
Também obteve sucesso como membro do TravelingWilburys e como produtor de cinema e
musical. Harrison ocupa a 11ª posição da lista “Os 100 Maiores Guitarristas de
Todos os Tempos”, da revista RollingStone. Durante sua carreira, o músico
usou vários pseudônimos, entre eles: Arthur Wax, Carl Harrison, George
Harrysong, George O`Hara, Hari Georgeson, Nelson Wilbury e Spike Wilbury. Além
de músico, também foi um importante produtor musical e cofundador da corporação
HandMade Films. Como produtor de cinema criou o selo Bangladesh e colaborou com artistas como
Monty Phyton e Madonna.
Harrison nasceu em Liverpool, na
Inglaterra, em 25 de fevereiro de 1943, o último de quatro filhos de Harold
Hargreaves Harrison e sua esposa Louise, nascida Louise French. Possuía raízes
irlandesas, uma vez que seu avô materno, John French, nascera no Condado de
Wexford, na Irlanda, imigrando para Liverpool, onde se casou com a jovem do
subúrbio londrino, Louise Woollam. Tinha
uma irmã, Louise, de mesmo nome de sua mãe, nascida a 19 de agosto de 1931, e
dois irmãos, Harry, nascido a 1934 e falecido nos anos 1990 e Peter, nascido a
1940 e falecido em 2007. Sua mãe, Louise (1911-1970), trabalhava em uma loja de
Liverpool e Harold (1909-1978), seu pai, era um motorista de ônibus que,
anteriormente, havia trabalhado como dispensário de barcos na WhiteStarLine. Sua família
era de formação católica. Nasceu na casa aonde viria a morar pelos seus
primeiros seis anos de vida, o número 12 da Arnold Grove, situada em Wavertree,
Liverpool. Em 1950, uma modalidade de “council house” foi oferecida à família,
que se mudou para o número 25 da Upton Green, em Speke.
No começo dos Beatles, George Harrison
era visto pelo outros membros do grupo como um garoto, por ser o mais jovem
dentre eles. Ele foi o primeiro Beatle a ir aos Estados Unidos da América,
quando visitou sua irmã Louise em Benton, Illinois, em setembro de 1963. Em 1964,
ele voltaria aos Estados Unidos com os Beatles, época em que eles se
apresentaram no programa de TV, Ed Sullivan Show. Durante esta visita, Harrison
ganhou uma guitarra modelo “360/12” da Companhia Rickenbacker; esta guitarra de
12 cordas fez parte de vários solos de George por volta de 1965. Durante o auge
da beatlemania, George ficou conhecido
como o “quiet Beatle” (“Beatle tímido”), devido a sua maneira introspectiva e
tendência a falar pouco durante as entrevistas. Apesar da imagem de “beatle
tranquilo”, a maioria dos amigos, como Eric Idle, membro do MontyPython, assegura que na intimidade ele era muito falante,
contradizendo a imagem vulgarizada que a imprensa especulava a seu respeito.
Harrison escreveu a primeira canção em 1963, “Don`t Bother Me”, no 2° álbum dos Beatles.
Historicamente foi a partir de 1965
que George Harrison começou a contribuir frequentemente com composições para o grupo.
No álbum Help! ele lançou duas
composições próprias: “I Need You” e “You Like Me Too Much”. Um importante
marco em sua carreira aconteceu durante a turnê norte-americana de 1965, quando
David Crosby, do grupo TheByrds, introduziu George à cultura
indiana através do trabalho do músico Ravi Shankar. George ficou fascinado pelo
som indiano e se tornou um dos maiores responsáveis pela popularização da
música indiana nos anos 1960. Após comprar um sitar, ele introduziu pela primeira vez na música pop um instrumento
indiano, na canção “Norwegian Wood” do álbum Rubber Soul. Após essa experiência, escreveu algumas canções que utilizaram
outros instrumentos indianos como a tabla
e o sitar. Entre essas canções
destacam-se “Love you too”, do álbum Revolver
(1966) e “Within you without you”, do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967).
Ainda em 1967, ele foi responsável pela inclusão de Ravi Shankar no FestivalPop de Monterey.
O
Monterey International Pop Music Festival ocorreu de 16 a 18 de junho de
1967 no Monterey County Fairgrounds, em Monterey, na Califórnia, nos Estados
Unidos da América. Foi organizado pelos produtores Loud Adler e Alan Pariser, o
músico John Phillips do The Mamas & the Papas e o publicitário Derek
Taylor. Entre os membros da comissão do festival, estavam integrantes dos
Beatles e dos Beach Boys. Os artistas se “apresentaram de graça, com toda a
renda sendo doada a instituições de caridade”. Mais de 200. 000 pessoas
compareceram ao festival, considerado o começo do Verão do Amor dos hippies. Monterey foi a primeira apresentação nos Estados Unidos do
magnífico guitarrista Jimi Hendrix que “foi agendado devido à insistência de
Paul McCartney, The Who e Ravi Shankar,” e a estreia para o público de Janis Joplin e Otis Redding que morreria tragicamente meses
depois.
Muitos executivos de
gravadoras estavam na plateia, e a maioria das bandas ganhou contratos de
gravação depois de suas apresentações no festival. Outros grupos também foram
notados por sua não aparição - os Beach Boys não puderam comparecer devido a
problemas com a recusa do vocalista Carl Wilson de se registrar no festival, e
o músico britânico Donovan teve seu visto recusado por ter sido pego com drogas
em 1966. Monterey foi o 1º grande festival de rock do mundo, na
realidade, o primeiro festival de roque do mundo, o Fantasy Fair and Magic
Mountain Music Festival, havia acontecido uma semana antes, em Mount
Tamalpais, no Condado de Marin, e tornou-se modelo para futuros festivais,
principalmente o Festival de Woodstock. O festival corporificou a imagem
sociológica da “Califórnia como espelho da contracultura”. O festival também
foi tema de um aclamado documentário de D. A. Pennebaker, intitulado Monterey
Pop, foi um cineasta e documentarista norte-americano do Direct Cinema. Eles tornaram importantes artistas performáticos, especialmente músicos e políticos são os principais temas de seus documentários. No começo dos anos 1960 Pennebaker, juntamente com Richard Leacock e Robert Drew, fundou a Drew Associates. Em 1963 Leacock e Pennebeker deixaram a empresa para formar a própria produtora. Esta produtora, Pennebaker Hegedus Filmes, realizou documentários de influência na cultura pop norte-americana e de resto na Europa.
Outro
marco importante na vida de George ocorrera durante as filmagens de Help! em 1965, nas Bahamas. Na época,
ele começou a se interessar pela religião hindu ao ler um livro sobre
reencarnação. Em 1966, ele e sua mulher Pattie Boyd foram à Índia, onde ele
conheceu vários gurus, locais
sagrados e estudou o sitar. De volta à
Inglaterra, George conheceu Maharishi Mahesh Yogi e começou a desenvolver a
meditação transcendental. Influenciados por George Harrison, os Beatles foram à
Índia fazer meditação espiritual em 1968. Em 1969, produziu o single “Hare
Krishna Mantra”, interpretado por devotos do templo londrino de Radha-Krishna.
No mesmo ano, ele e John Lennon conheceram Bhaktivedanta Swami Prabhupada,
fundador da SociedadeInternacionalparaaConsciênciadeKrishna (ISKCON).
Pouco depois, Harrison abraçaria a tradição Hare Krishna, em particular o canto
de mantra usado como meditação privada e chamado japa-yoga, talvez similar
ao Rosário na tradição católica. “Hare Krishna” é uma abreviação do famoso
maha-mantra: - “Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare
Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare”. Esse antiquíssimo mantra, encontrado
nos Upanishads, é uma invocação
direta a Deus, em amor e devoção. Hare é uma invocação ao aspecto feminino de
Deus (Deus Mãe). Krishna é um nome de Deus que significa “o todo atraente”. E
Rama é outro nome de Deus que significa “a fonte do prazer”. Esse mantra, é um
chamado a Deus em Seu aspecto masculino e feminino, todo-atraente, a fonte de
todo prazer – ou seja, Deus reconhecido como bom, que possa ser desejado, a
pessoa mais amorosa e amável.
Bangladesh,
oficialmente República Popular do Bangladesh é um país asiático, rodeado quase
por inteiro pela Índia, exceto à sudeste, onde tem uma pequena fronteira
terrestre com Myanmar, e ao sul, onde tem litoral no Golfo de Bengala. O país
está listado entre as economias chamadas “Próximos Onze”. A capital do país é
Daca. O nordeste da Índia tem fronteiras com o Bangladesh em três lados. Muitos
dos aspectos físicos e culturais do Bangladesh são partilhados com Bengala
Ocidental, um estado da Índia vizinho ao Bangladesh. Na verdade, o Bangladesh e
Bengala Ocidental formam uma região da Ásia conhecida como Bengala. O
Bangladesh era historicamente conhecido pelo nome de Bengala Oriental. O atual
nome Bangladesh significa “nação bengali” ou “nação de Bengala”. Existe vida
vegetal em abundância no clima paripassu quente e úmido da região. A maior
parte do país é composta por planícies baixas, fertilizadas pelas enchentes dos
rios e cursos d`água que as cruzam. Os rios, durante a época das cheias,
depositam solo fértil ao longo corredor de suas margens. Mas muitas dessas
enchentes cíclicas também causam grande destruição nos vilarejos rurais.
Há
muito tempo a região é caracterizada por uma grande pobreza. A maioria dos
habitantes é composta de agricultores pobres, que se esforçam para tirar seu
sustento de pequenos lotes de terra. Muitos dos trabalhadores das cidades
ganham apenas alguns centavos por dia. Em torno de 52 % da população com mais
de 15 anos não sabem ler nem escrever. Aproximadamente 85% dos habitantes são
muçulmanos, sendo a quase totalidade dos restantes compostas de hindus. A
percentagem da população urbana de Bangladesh é inferior à da maioria das
nações do sul da Ásia. Somente em torno de 18% da população vivem nas cidades.
Apesar disso, Daca, a capital a maior cidade do país, é considerada uma das
maiores cidades do mundo estatisticamente em termos de população, tendo mais de
sete milhões de habitantes residindo dentro de seus limites e mais de cinco
milhões nas cidades e povoados periféricos. Bangladesh é um país dito
“subdesenvolvido”, mas tem uma economia de mercado em rápido crescimento. É um
dos principais exportadores mundiais de têxteis e vestuário, bem como peixes,
frutos do mar e juta, além de ter indústrias emergentes competitivas
internacionalmente em áreas como construção naval, ciências da vida e
tecnologia. O país também tem um setor empresarial social forte e é considerado largamente em economia como sendo de fato o “berço das microfinanças”.
Com
o crescimento etnográfico de suas composições, George Harrison começou a ter dificuldades de
incluí-las nos álbuns dos Beatles, pois John Lennon e Paul McCartney tinham um “vasto
material” a ser incluído e não sobrava espaço social para suas composições. Durante a
gravação do álbum TheBeatles de 68, por exemplo, George teve
três músicas excluídas: “Sour Milk Sea”, “Not Guilty” e “Circles”, além de
quatro músicas incluídas: “While My Guitar Gently Weeps”, “Piggies”, “Savoy
Truffle” e “Long, Long, Long”. As discussões entre os membros dos Beatles
tornaram-se mais frequentes após a morte do empresário Brian Epstein, em 1967.
Durante as gravações do álbum TheBeatles (1968), George tentou abandonar
a banda. Entre 1968 e 1969, Paul McCartney não percebeu a mudança culturalmente com a apreensão das técnicas indianas em Harrison e se
mostrava irritado com a forma com a qual
tocava sua guitarra durante as gravações.
A
tensão entre ambos se torna evidente durante os ensaios preliminares mono do
projeto GetBack, no Twickenham Studios; descontente com a situação toda entre
os Beatles, George Harrison abandonou o grupo em 10 de janeiro de 1969, mas
retornou a seu trabalho em 22 do mesmo mês, depois de reuniões de negócios com
os outros Beatles. O projeto etnomusicológico resumiu-se, sendo gravado no
Apple Studios em multi-tracks e lançado como documentário
sob o título de “Let It Be”, onde se pode ver Harrison dizendo a Paul: - “Tocarei
o que queiras que toque ou não tocarei nada se não queiras que toque nada”. Porém,
antes do fim dos Beatles, George Harrison já havia lançado dois álbuns solo: WonderwallMusic, de 1968, e ElectronicSound, de 1969. O primeiro com
músicas instrumentais foi trilha sonora do filme homônimo. O álbum contou com a
participação de Ringo Starr e Eric Clapton, todos, inclusive George usando
pseudônimos. O segundo, considerado um “álbum experimental”, trouxe várias
músicas tocadas em sintetizador Moog e uma capa com um desenho de sua própria
autoria. Em 1970, o fim dos Beatles é anunciado e cada um segue sua démarche.
Após
a separação do grupo, em 1970, ofuscado por anos por John Lennon & Paul
McCartney, George Harrison lançou grande parte do material que havia acumulado
e iniciou sua carreira artística solo. O primeiro álbum de George, AllThingsMustPass, de 1970, foi um sucesso de crítica e de público. É
considerado por muitos como o melhor disco de um ex-Beatle e um dos melhores
discos da história. O álbum era triplo, quando lançado em vinil, o primeiro álbum
triplo da história do rock que em CD, se tornou duplo. O álbum atingiu o
primeiro posto das paradas de sucesso britânicas e norte-americana, incluía
sucessos como as músicas “My Sweet Lord”, “Isn`t It a Pity” e “What is Life”.
Anos mais tarde a canção “My Sweet Lord”, presente no álbum, lhe trouxe
problemas devido a uma acusação de violação de direitos autorais. A canção era
bem parecida com “He`s so Fine”, single
de 1963, do grupo TheChiffons. George negou a acusação, mas
em 1976, foi condenado por ter inconscientemente “plagiado a canção”. As
discussões sobre os pagamentos aos danos causados levaram o caso até 1990.
Durante este período, violando os preceitos éticos legais, o empresário
dos Beatles, Allen Klein, comprou a editora Bright Tune, dona dos direitos de “He`s so Fine”, e trocou de lado, entrando na justiça contra George
Harrison - obviamente para poder capitalizar nos pagamentos dos danos que
Harrison eventualmente teria que fazer a Editora. Anos depois, Harrison comprou
os direitos de ambas canções: “He`s So Fine” e “My Sweet Lord”. Quando o álbum
foi remasterizado em compactdisc, a música ganhou uma versão nova
chamada “My Sweet Lord 2000”.
O
ConcertoparaBangladesh, em
inglês: “The Concert for Bangladesh” foi um Evento constituído por dois (02) shows
beneficentes organizados por pelo ex-beatle George Harrison e por Ravi Shankar.
Os dois shows ocorreram na tarde e na noite de 1° de Agosto de 1971 no Madison
Square Garden, em Nova York, e foram assistidos por mais de 40.000 pessoas. Foi
o primeiro evento beneficente desse porte na história social da música e contaram
com vários artistas consagrados como Bob Dylan, Eric Clapton, Ringo Starr,
Billy Preston e Leon Russel. O concerto arrecadou no total US$243.418,51 que
foi administrado pela UNICEF - O Fundo das Nações Unidas para crianças, em
inglês: UnitedNationsChildren'sFund, é um órgão das Nações Unidas que
tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar
resposta às suas necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento. Rege-se
pela Convenção sobre os Direitos da Criança e trabalha para que esses direitos
se convertam em princípios éticos permanentes e em códigos de conduta
internacionais para as crianças. Sua sede está localizada na cidade de Nova
Iorque, nos Estados Unidos. As vendas do álbum e do compactdisc continuam a beneficiar
o fundo de George Harrison para a UNICEF.
O
UNICEF tem como objetivo “promover os direitos e melhorar a vida de todas
as crianças, em todas as situações”. Iniciou suas atividades em
dezembro de 1946, como um fundo de emergência para ajudar as crianças de todo o
mundo, que sofreram com as consequências da guerra, formado por um grupo de
países reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas alguns anos
depois, milhões de crianças de países pobres continuavam ameaçadas pela fome e
pela doença. Em 1953, o UNICEF tornou-se uma instituição permanente de ajuda e
proteção a crianças de todo o mundo, e é a única organização mundial que se
dedica especificamente às crianças. Está presente em 193 países. Em termos genéricos,
trabalha com os governos nacionais e organizações em programas de desenvolvimento
em longo prazo nos setores chave da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e
também em situações de emergência, ajudar a dar resposta às suas necessidades
básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento.
O
evento gigantesco foi gravado por câmeras e lançado em cinema. Em 2003 foi lançada
uma edição especial em DVD duplo com inúmeros extras. A produção do disco
triplo e da edição sonora do filme ficou a cargo do famosíssimo Phil Spector,
que havia desenvolvido a técnica denominada “wall of sound”, que foi usada no
disco AllThingsMustPass, produção esta motivo de discórdias
entre o produtor e o músico. O disco triplo ganhou um prêmio Grammy na época, que foi recebido pelo
baterista Ringo Starr. Já o filme do concerto apresentou uma mescla das duas
apresentações Madison Square Garden. Existia uma desconfiança e uma tensão
acerca da aparição de Bob Dylan, que apesar de ter ensaiado com Harrison, não
havia dado certeza da presença. O mesmo quase ocorreu com Eric Clapton, que
estava passando por um momento difícil em razão de seu crescente vicio em
heroína e cocaína. Após este show, Clapton se auto exilou em sua mansão
retornando somente em 1973, marcado por um evento no Teatro Rainbow em Londres,
organizado por Pete Townsend do TheWho. O evento é marcante pelo
fato de unir dois ex-membros dos TheBeatles.
Após a realização do concerto, houve outros incluindo um
concerto no mesmo Madison Square Garden em 1972, em prol às crianças
incapacitadas da instituição capitaneada por George Rivera.
Bibliografia
geral consultada.
BERTOLDI, Maria Teresa Jorgens, A Comunicação Visual do Beatles como Sedução no Imaginário Social e Cultural. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2009; OLIVEIRA, Miriam Santos Ribeiro, A Nação e seus Imigrantes: Análise do
Discurso Nacionalista Hindu Contemporâneo sobre Comunidade Hindu Ultramarina. Tese
de Doutorado em Sociologia. Departamento de Sociologia. Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012; ADAMI, Vitor Hugo da Silva, O Pensamento Coletivo Hare Krishna e seus Modos de Instrumentalização: Um Estudo sobre Comunidades Globalizadas e Identidades Locais. Tese de Doutorado. Espanha: Universitat Rovira Virgili, 2013; ALENCAR, Bruno Maia de, All You Need is Love: O Processo de Formação de uma Banda Ghost. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. São Paulo: Universidade Paulista, 2015; SAES, Diogo Xavier, A Retórica dos Beatles: A Visualidade e as Relações Multissensoriais entre Música, Imagem e o Contexto Sessentista nas Capas dos Discos dos Beatles de 1965 a 1968. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Centro de Educação, Comunicação e Artes. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2015; VIOLIN, Marcelo Henrique, Hari`son: Uma Interpretação Histórica das Canções Devocionais de George Harrison de 1970 a 1973. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História Social. Centro de Letras e Ciências Humanas. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2017; MIRANDA NETO, Affonso Celso de, Eram os Deuses Guitarristas? Heróis e Mitos no Imaginário Social da Cultura de Massa. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2017; GRANATYR, Jones, Modelo Afetivo de Confiança e Reputação Utilizando Personalidade e Emoção. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Informática. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2017; BALDELLI, Debora, Práticas Espirituais e Expressivas no Contexto Migratório: Uma Etnografia do Movimento Hare Krishina na Cidade de Lisboa. Instituto de Etnomusicologia. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2017; entre outros.
“A greve, no fundo, é a linguagem dos que não são ouvidos”. Martin Luther King
Estudos recentes têm demonstrado cada vez com
maior clareza do ponto de vista técnico-metodológico (pesquisa empírica) e
científico (teoria) que, o avanço da idade não determina a deterioração da
inteligência, pois ela está associada à educação, ao padrão de vida, a
vitalidade física, mental e emocional. Também é preciso perder a inculcação
ideológica de preconceito sobre a idade cronológica das pessoas. Vale fazer um
alerta importante, talvez, só na América do Sul estima-se que no início deste
novo milênio mais de 30 milhões de pessoas estarão com idade acima de 60 anos.
No Brasil, só o Estado de São Paulo representará quase três (03) milhões de
pessoas ou cerca de 8% dessa população. O aumento desta população tende a
expandir ainda mais nas próximas décadas, o que justifica o interesse e a
preocupação da sociedade e do governo em criar políticas públicas para tratar
questões sociais ligadas à velhice. Trata-se de um processo individual,
simultaneamente social, cultural e de evolução natural, indiscutível e inevitável
sobre a morte (cf. Ariès, 1988), para qualquer ser humano, dando sentido e
forma à vida. Fase em que ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas,
psicossociais, econômicas e políticas que compõe o cotidiano da vida das
pessoas.
Em
muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o velho, o idoso é
visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, de seu
valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão. Enquanto
em outras, o idoso tem como representação social estigmas em torno de noções
como: “o velho”, “o ultrapassado” e psicologicamente “a falência múltipla do
potencial do ser humano”. No
dia 17 de agosto de 1986, o jornal OEstadodeSãoPaulo, por ocasião do falecimento de Mãe
Menininha do Gantois e da grande presença de pessoas em seu sepultamento,
escreveu em seu Editorial: “a importância exagerada dada a uma sacerdotisa de
cultos afro-brasileiros é a evidência mais chocante de que não basta ao Brasil
ser catalogado como a oitava economia do mundo, se o País ainda está preso a
hábitos culturais arraigadamente tribais”. Dois pesos e duas medidas: a) o
preconceito étnico e racial; b) o preconceito sobre a velhice; c) o preconceito
contra o fato de ser mulher, para lembrarmo-nos de John Lennon & Yoko Ono
que advertiam: “woman is the nigger of the world”, publicado em seu álbum
“Sometime in new york city” (1972).
Maria
Escolástica da Conceição Nazaré (1894-1986), conhecida como Mãe Menininha do
Gantois, foi uma Iyálorixá brasileira, filha de Oxum. Nasceu em 1894, no dia de
Santa Escolástica, na Rua da Assembleia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da
Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, tendo como pais Joaquim e Maria da
Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser
Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé
Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré,
cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria. Foi apelidada Menininha,
talvez por seu aspecto franzino, o corpo comprido e magro de menina. - “Não sei
quem pôs em mim o nome de Menininha. Minha infância não tem muito que contar.
Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o
cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do
Gantois. Foi a quarta Iyálorixá do
Terreiro do Gantois e “a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras”. Iyalorixá ou Iyá (mãe) ou ainda, Yalaorixá
é uma sacerdotisa e chefe de um terreiro de Candomblé Ketu. Iyá no dialeto Yorubá significa (mãe), bem como a junção Iyaiyá (mamãe) ou Iaiá,
tendo o mesmo significado de mamãe, senhora, forma carinhosa de falar com a
mãe, ou senhora da fazenda muito usada pelos escravos, como consta na narrativa etnológica de Gilberto Freyre, durante o período da passagem do trabalho de mão-de-obra escrava para mão-de-obra assalariada. Fora utilizada em segmentos
das religiões afro-brasileiras, principalmente no Candomblé.
A
Previdência Social no Brasil possui mais de um século de história social e
política como instituição. Tem como
ponto de partida Lei Elói Chaves, regulamentada com o Decreto n° 4.682 de 1923.
Ela criou a CaixadeAposentadoriaePensões
para empregados de empresas ferroviárias, estabelecendo assistência médica,
aposentadoria e pensões, válidas também para seus familiares. Em três anos, a
lei seria estendida para trabalhadores de empresas portuárias e marítimas. Na
década de 1930, através da promulgação de diversas normas, os benefícios
sociais foram sendo ampliados para a maioria das categorias de trabalhadores,
dos setores público e privado. Foram criados institutos de previdência para
gestão e execução da seguridade social brasileira. As Caixas de Aposentadoria e
Pensões instituídas pela chamada Lei Elói Chaves, de janeiro de 1923,
beneficiavam poucas categorias profissionais. Após a Revolução de 1930, o Ministério do Trabalho passou a tomar providências para que
essa garantia trabalhista fosse estendida a um número significativo de
trabalhadores.
Desta
forma, foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM)
em junho de 1933, ao qual se seguiram o dos Comerciários (IAPC) em maio de
1934, o dos Bancários (IAPB) em julho de 1934, o dos Industriários (IAPI) em
dezembro de 1936, e os de outras categorias profissionais nos anos seguintes.
Em fevereiro de 1938, foi criado o Institutode Previdência e Assistência aos
Servidores do Estado (IPASE). A presidência desses institutos era exercida
por pessoas livremente nomeadas pelo presidente da República. Após 1945, os
Institutos de Aposentadoria e Pensões expandiram suas áreas de atuação, que
passaram a incluir serviços na área de alimentação, habitação e saúde. Essa
ampliação de funções, vinculadas às categorias de trabalho, porém, não foi acompanhado
da necessária reformulação da sua gestão financeira, o que acarretou sérios
problemas ocorridos posteriormente. A falta de um planejamento central foi
também responsável por graves disparidades na qualidade do atendimento
oferecido às diversas categorias profissionais. Em 1960, foi criada a Lei
Orgânica de Previdência Social, inclusiva, teve como objetivo unificar a
legislação referente aos institutos de aposentadorias e pensões já beneficiando
todos os trabalhadores urbanos. Os trabalhadores rurais passariam a ser
contemplados em 1963.
Em
1966, com a alteração de dispositivos da Lei
Orgânica da PrevidênciaSocial,
foram instituídos o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço - FGTS, com indenização para o trabalhador demitido que
também pode ser usada para quem puder comprar sua casa própria, articulado ao Instituto Nacional de Previdência Social
- INPS que reuniu os seis institutos de aposentadorias e pensões existentes. Em
1974, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social. Até então, o
tema ficava sob o comando do Ministério do Trabalho e Emprego. A extensão dos
benefícios da previdência aos trabalhadores com a Constituição de
1988, passou a garantir renda mensal vitalícia a idosos e portadores de
deficiência, desde que comprovada a baixa renda e que tenham qualidade de
segurado. Em 1990, o INPS mudou de nome para ser chamado de Instituto Nacional de Seguridade Social.
Seguridade
Social é gênero e previdência social é espécie. A Seguridade Social envolve a
previdência, saúde e assistência social.
A previdência social é política pública integrante da Seguridade Social.
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social. Seguridade e previdência não se
confundem. Dispõe o Artigo 194, da Constituição Federal (1988) que a
“seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social”. Assim, percebe-se que a
seguridade social abrange a previdência social, mas também a saúde e a
assistência. A saúde, nos termos do artigo 196, Constituição Federal, “é direito de todos e dever
do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Todos,
portanto, segundo Constituição temos direito à saúde.
Mas a assistência fica restrita a quem dela
necessitar. A previdência, por sua vez, além de ser de filiação obrigatória,
tem caráter contributivo, ou seja, quem não contribuir não terá direito aos
benefícios desta. Quanto à seguridade
social, compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizá-la, com base nos
seguintes objetivos: universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade
e equivalência dos benefícios e serviços às populações trabalhadoras urbanas e
rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na participação no
custeio; diversidade da base de financiamento; e caráter democrático e
descentralizado da administração pública, mediante gestão quadripartite, com
participação social dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos respectivos órgãos colegiados.
Conforme
previsto no artigo 195, da Constituição Federal: A seguridade social será
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais: do empregador,
da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a)
a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; do trabalhador e dos
demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de
que trata o Art. 201; sobre a receita de concursos de prognósticos; do
importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Observa-se
uma ampla abrangência nesse financiamento público, justamente porque a
seguridade social deverá atender tanto a saúde, como a assistência e a
previdência social.
Em
primeiro lugar, a maioria das pessoas associa as palavras trabalho e emprego como
se representassem valores econômicos idênticos. Apesar de estarem ligadas,
essas palavras possuem significados diferentes. O trabalho é mais antigo que o
emprego. O trabalho existe desde o momento que o homem começou a transformar a
natureza e o meio ao seu redor. Desde o momento que o homem começou a fazer
utensílios e ferramentas. Por outro lado, o emprego é algo recente na história
da humanidade. É um conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial. É
uma relação social entre homens que vendem sua força de trabalho, e homens que
compram essa força de trabalho pagando a capacidade de trabalho pelo valor-trabalho em um salário. O trabalho é essencial para o funcionamento de todas as
sociedades existentes. O trabalho é responsável pela produção de alimentos e
outros produtos de consumo da sociedade. Sendo assim, sempre existirá o
trabalho. O conceito, a classificação e o valor social atribuído ao trabalho
tem sua base sociológica e são referidos às questões culturais.
Cada
sociedade cria um conceito próprio, divide o trabalho em certas categorias e
atribui-lhe um determinado valor social. Quando essas condições se alteram, a
consciência sobre o trabalho concreto e abstrato também se altera. Sobretudo,
sob a forma como uma sociedade decide quem vai organizar o trabalho e quem o
realizará. A forma como o produto, a riqueza, produzida pelo trabalho social é
distribuída entre os membros da sociedade, determina as divisões do trabalho
através das classes sociais, no campo e na cidade. O trabalho é o principal
fator que determina as condições de existência na sociedade. Assim, enquanto
existir uma sociedade, dizia Marx, existirá trabalho, pois aquela não existe
sem esta, embora o mesmo possa não ser verdadeiro em relação ao emprego. Fica
claro que compreender o trabalho e o emprego é importante conjunturalmente. Mas
é mais importante ainda entender o trabalho quando a sociedade encontra-se em
um processo reformista de conservação das estruturas de poder, como o golpe de
Estado de 17 de abril de 2016 que afeta os níveis econômico e político; pois o
trabalho certamente será influenciado e influenciará as mudanças sobre a
sociedade.
A
exploração do trabalho não é mais aquela como resultado da acumulação de
capital nos séculos XIX ou XX. Por isso, é preciso mudar a forma de fazer política. O
trabalho que Marx com razão considera necessário consome apenas uma fração da
jornada de trabalho. Outra porção, bem mais significativa que no passado recente
em função do avanço da produtividade e da degradação da força de trabalho (cf.
Braverman, 1976) condicionada em última instância pelo processo social de globalização,
representa o tempo socialmente útil no qual o trabalhador produz um valor
superior à sua própria remuneração e que já não é mais, na concepção marxista,
trabalho necessário, mas excedente, substância da mais-valia. Trata-se da única
fonte real de lucro, sob a forma de juros, dividendos e outros. Embora isto não
transpareça nos fatos sociais e econômicos e aparências
enganadoras da chamada “terceirização”, em que o trabalho parece gerar mais dinheiro no bolso do trabalhador.
Uma
pesquisa da OrganizaçãodasNaçõesUnidas (ONU) sobre “Envelhecimento no Século
21” demonstrou que, “entre os idosos, a segurança financeira representa a maior
preocupação para a manutenção da vida”. Nas últimas décadas, o Brasil demonstrou que a sua
população com idade avançada deve aumentar estatisticamente em um ritmo mais rápido do que o previsto devido à
queda da fecundidade e ao aumento da expectativa de vida do brasileiro, que
subiu para 74, 9 anos, segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística. Assegurar o bem-estar da população mais velha e equilibrar as
contas da seguridade social é hoje um desafio político. Atualmente o governo
brasileiro alega que o sistema previdenciário não seria sustentável ao longo
dos próximos anos. Para conter as despesas, o governo propôs endurecer as
regras aos benefícios da previdência penalizando o trabalho. Em junho de 2015,
por exemplo, o Congresso nacional aprovou o mecanismo 85/95, que prevê mudanças
no cálculo da aposentadoria. Com aquela regra, “a soma da idade + o tempo de
contribuição deve ser de 85 anos para mulheres e 95 anos para homens”.
A
partir de 2017, o mecanismo será gradativamente acrescido em 1 ponto até 2022.
Assim, em 2017 as idades passam para 86/96, em 2019 para 87/97, em 2020 para
88/98, até chegar em 90/100 em 2022. A mudança gradativa decorreu de uma
decisão da presidente Dilma Rousseff frente à proposta aprovada no Congresso. O
argumento decorre do aumento da expectativa de vida. Os gastos com
aposentadoria dos idosos seriam acrescidos com as despesas públicas provocando
um déficit previdenciário. A previdência consome 22,7% da despesa total do
governo brasileiro. Uma pesquisa internacional comparativa demonstrou que os gastos
previdenciários equivalem a 11% do PIB no Brasil e a 6% do PIB nos EUA, sendo
que a proporção da população norte-americana acima dos 60 anos (16% da
população total) é o dobro da brasileira (8% da população total). Para
especialistas, a valorização do salário mínimo - que corrige os benefícios -, a
aposentadoria precoce e o excesso de pensões são fatores que ajudam a elevar os
gastos do governo com a previdência. É neste sentido que a burocracia admite que equilibrar as contas públicas é
um dos pontos centrais da transformação já que o Brasil viverá uma transição
demográfica a partir de 2030, quando a previsão do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) prognostica que a
população brasileira deverá atingir seu pico e provavelmente terá o maior
número de homens e mulheres trabalhando. A população jovem, de faixa etária
entre 15 e 29 anos, deve cair consideravelmente a partir desta data. A ideia do novo governo eleito em 2018, ao reformar a Previdência, é aumentar as receitas, mas também cortar despesas - via limitação de benefícios. A equipe econômica também informou que buscará implementar um regime de capitalização - pelo qual cada trabalhador financia a própria aposentadoria por depósitos em uma conta individual. Entretanto, detalhes sobre essa proposta serão apresentados somente no futuro. Com as medidas propostas, o governo quer economizar R$ 1,16 trilhão em dez anos, valor que representa cerca de 1/3 do déficit somente do INSS (sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado) previsto para o período, que deve somar R$ 3,1 trilhões no mesmo período. Falta incluir o privilégio dos servidores públicos e militares, não detalhado pelo governo. A previsão do Tesouro Nacional é de que, com a aprovação da reforma da previdência, a dívida bruta continue crescendo e atinja 80% do PIB em 2022, mas que comece a recuar no ano seguinte. O nível da dívida bruta é um dos principais indicadores de comparação internacional para medir a capacidade de pagamento de uma nação. É acompanhado atentamente pelas agências de classificação de risco – que conferem notas aos países o que funciona aparentemente como uma recomendação, ou não, para investimentos. Técnicos do Tesouro Nacional observaram recentemente que, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida bruta de países emergentes, ou seja, no mesmo estágio de desenvolvimento do Brasil, está em cerca de 50% do PIB. Uma tendência crescente da dívida, em um cenário político de ausência de reformas, pode gerar a piora na nota brasileira – com recomendação para que investidores estrangeiros retirem recursos do país.
Bibliografia
geral consultada.
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Deskilling and the Labor Process. Hutchinson. London: Melbourne, 1982; GIANNOTTI,
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para uma Dialética da Sociabilidade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984; MAGALHÃES, Dirceu, A Invenção Social da Velhice. Rio de Janeiro: Editora Papagaio, 1989; OLIVEIRA,
Jaime A. de Araújo; TEIXEIRA, Sonia M. Fleury, (Im)Previdência Social - 60 anos de História da Previdência no Brasil.
2ª edição. Petrópolis (RJ): Associação de Pós-Graduação em Saúde Pública
(ABRASCO), 1989; CARTAXO, Ana Maria Baima, Estratégias
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Livres, 2006; COIMBRA, Ana Lívia de Souza, Sindicalismo e Cidadania: Análise
da Participação Institucional dos Sindicatos dos Trabalhadores Cutistas em Período
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Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006; ARRIGHI, Giovanni, Adam Smith in Beijing: Lineages of the Twenty-first Century.New York/London: Verso Editor, 2007; GRÜN, Anselm, A Sublime Arte de Envelhecer. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2007; FILGUEIRAS, Vitor
Araújo, Explicando a Desunião: A Pulverização Sindical no Brasil Após a Promulgação
da Constituição de 1988. Dissertação de Mestrado. Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2008; HIRANO, Luís Felipe Kojima, Uma Interpretação do Cinema Brasileiro Através de Grande Otelo: Raça,
Corpo e Gênero em sua Performance Cinematográfica (1917-1993). Tese de
Doutorado em Antropologia Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas. Universidade de São Paulo, 2013; LELOUP, Jean-Yves, Une Danse Immobile. Paris: Éditions Du
Relie, 2015; entre outros.
“Nas fotos de sua juventude Arendt
transmite uma expressão de inteligência e paixão”.
Molina (2016)
Hannah
Arendt, nascida como Johanna Arendt, Linden-Limmer, atualmente bairro de
Hanôver, Alemanha, em 14 de outubro de 1906 e falecida em Nova Iorque, em 4 de
dezembro de 1975, foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das
mais influentes do século XX. A privação de direitos e a perseguição na
Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933, assim como o seu breve
encarceramento nesse mesmo ano, obrigou-a decidir emigrar. O regime
nacional-socialista retirou a nacionalidade sua nacionalidade em 1937, “o que
lhe tornou apátrida até conseguir a nacionalidade estadunidense em 1951”. Trabalhou,
entre outras atividades, como jornalista e professora universitária e publicou
obras importantes sobre filosofia política. Foi a primeira intelectual
contemporânea a entender que o imperialismo não se limitava ao expansionismo
dos grandes grupos econômicos, tal como antes entenderam John A. Hobson, Rosa Luxemburgo e Vladimir Lenin, ou simplesmente Lenine, por exemplo. Compreendera
o nível de análise através do afeto, iniciando uma sociologia das emoções primordialmente como resultado do amor ao mundo. Estava certa
de que os males humanos não deixarão de nos fazer companhia e que a alternativa
é o fortalecimento das instituições públicas, o envolvimento dos cidadãos na
vida política e o desenvolvimento de virtudes associadas à cidadania. Como a
probidade moral e a participação estavam fundadas na constatação de que o privatismo
típico do homem moderno, a sua ocupação exclusivamente com seus próprios
assuntos privados – com infeliz repercussão ainda em nossos tempos sombrios – apenas reforça o temor de que não haja resistência aos ataques que são
desferidos contra o domínio público, seja por movimentos totalitários, seja
tout court por interesses privados ou corporativos. Tal pragmatismo promove uma apolitia
que se associa à incapacidade de conceber sentido de público que não
equivalha à soma total dos interesses privados.
Melhor
dizendo, o indivíduo privatista é o
mesmo que pensa ser justificada a existência do espaço público apenas na medida
em que satisfaz os interesses dos indivíduos privados. O mesmo indivíduo que
tolera, admite e recomenda a privatização da vida pública em que seus
representantes aparentemente se constituam em modelos de probidade. Na esfera
pública da cidadania comparativamente, não obstante, quase sempre confunde
princípios políticos com metas econômicas e está disposto a abrir mão da aparente
moralidade e pudor quando um representante qualquer demonstra ser um bom
administrador. O mesmo que exige probidade moral e pública e desrespeita as
regras mínimas da convivenciabilidade em nome da satisfação de interesses
privados. A distorção entre o campo social e o político decorre da moderna
concepção da sociedade, a qual encara a política como um simples espaço de regulação da esfera privada. O Estado nacional tende a regular a vida
doméstica mediante o controle social sobre a família e a administração da vida privada.
Trata-se de um processo contraditório, pois originariamente a economia pertencia
ao domínio do chefe da família e a política à cidadania na polis. A esfera
privada da família, fenômeno pré-político na Grécia Antiga, transformou-se num
interesse coletivo controlado pelo monopólio de um Estado soberano,
consequentemente a esfera privada e a esfera pública correlacionam-se
reciprocamente. A passagem das preocupações da esfera privada da família e da
casa para o domínio da política anulou a oposição clássica entre a polis e o oikos. A esfera privada atual teve a sua origem nos últimos
períodos do Império Romano. Numa época em que devido à desagregação do Império,
os cidadãos procuravam afirmar os seus direitos privados nomeadamente o direito
de propriedade no espaço público como resposta aos ataques dos bárbaros.
Na
modernidade, o privado opunha-se à esfera da sociabilidade e da esfera política
situando-se no domínio do chamado individualismo possessivo.Do
ponto de vista da formação intelectual leu Marx e Trotsky e estabeleceu
contatos na Hochschule für Politik. A Escola de Políticas Públicas da Baviera é uma instituição independente de Ciências Políticas da Escola de Governança da Universidade Técnica de Munique (TUM). Analisou a “exclusão social” dos judeus, na falta de melhor expressão, apesar da assimilação, com base no conceito de “pária”, empregado pela primeira
vez por Max Weber para falar dos judeus. A este termo, ela opôs outro –
“arrivista” -, inspirada pelos escritos de Bernard Lazare. Em 1932, publicou na
revista Geschichte der Juden inDeutschland o artigo “Aufklärung und
Judenfrage”, no qual expõe suas ideias sobre a independência do judaísmo,
contrapondo-as com as dos iluministas Gotthold Ephraim Lessing e Moses
Mendelssohn e o precursor do Romantismo, Johann Gottfried Herder. Também em
1932 escreve uma crítica do livro: Das
Frauenproblemin der Gegenwart, de Alice Rühle-Gerstel, no qual comenta a
emancipação da mulher na vida pública, mas também discute suas limitações,
sobretudo no casamento e na vida profissional. Constata o “menosprezo fático”
que sofre a mulher na sociedade e critica os deveres que não são compatíveis
com sua relativa independência. Em troca, Arendt contempla o tema do feminismo, por assim dizer à
distância. Por um lado, insiste que as frentes políticas são “frentes de
homens” e, por outro, considera “questionáveis os movimentos feministas”, assim
como os também chamados “movimentos juvenis”, ambos com “estruturas” que transcendem as
classes sociais, tendem a fracassar em
seu intento de criar partidos políticos influentes.
Hannah Arendt
defendia, portanto, um conceito de pluralismo no âmbito político. Graças ao
pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado
entre as pessoas (cf. Arendt, 2009). Importante é a perspectiva da inclusão do
Outro. Em acordos políticos, convênios e leis, devem trabalhar em níveis
práticos pessoas adequadas e dispostas. Como frutos desses pensamentos, Arendt
se situava de forma crítica ante a democracia representativa e preferia um “sistema
de conselhos” ou formas de “democracia direta”. Entretanto, ela continua sendo
estudada como filósofa, em grande parte devido a suas discussões críticas de
filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, Martin Heidegger e
Karl Jaspers, além de representantes importantes da filosofia moderna como
Maquiavel e Montesquieu. Justamente
graças ao seu pensamento independente, a Theorie der totalen Herrschaft, seus
trabalhos sobre filosofia existencial e sua reivindicação da discussão política
livre, Arendt tem um papel central nos debates contemporâneos. Como fontes das investigações a politóloga utiliza, além de documentos filosóficos, políticos e
históricos, biografias e obras literárias. Esses textos são interpretados de
forma literal e confrontados com o pensamento de Arendt. Seu sistema de análise
- parcialmente influenciado por Martin Heidegger (2001) - a converte em “uma
pensadora original situada entre diferentes campos de conhecimento e
especialidades universitárias”. O seu devenir pessoal e o de seu pensamento etnográfico
na política demonstram um importante grau de coincidência.
E
se a interpretação da história, como Hegel sustenta, representa o “autodesenvolvimento do
Espírito, a realização da ideia divina”, de um plano cósmico, o homem histórico
deve ser um em que se encontrem as potencialidades de seu tempo, a sua situação
histórica e como Friedrich Nietzsche é um nome
universal e o nazismo é e representa, incondicionalmente a decadência humana, essa forma de
totalitarismo muito bem descrita e explicada por Arendt (1963), necessitava de justificações
filosóficas: “não trepidaram em falsificar as obras de Nietzsche, ao expurgar
muitas passagens importantes que acusavam o povo alemão e ao deturpar outras”.
O preconceito se antecipa ao juízo
recorrendo ao passado. Sua justificação temporal se limita aos períodos da
história - em termos quantitativos a maior parte dela - em que o novo é
relativamente raro e o velho não morreu na reprodução vida social e material. Em nossa utilização geral,
afirma Arendt, “a palavra juízo tem dois significados que se devem distinguir
com clareza, mas que se confundem sempre que falamos”.
Juízo
significa, primeiramente, organização e subsunção
do individual e particular ao geral e universal, procedendo-se então a uma
avaliação ordenada com a aplicação de parâmetros pelos quais se identifica o
concreto e de acordo com decisões. Por trás de todos esses juízos há um
prejulgamento, um preconceito. Somente o caso individual é julgado, não o
próprio parâmetro ou a questão de ele ser ou não uma medida adequada do objeto
que está sendo medido. Num dado momento, emitiu-se um juízo sobre o parâmetro,
mas esse juízo foi adotado, tornando-se, por assim dizer, um meio para se
emitirem futuros juízos. Mas juízo pode significar algo totalmente diferente e
sempre significa de fato quando nos confrontamos com algo que nunca vimos e
para o que não temos nenhum parâmetro à disposição. Esse juízo que não conhece
parâmetro só pode recorrer à evidência do que está sendo julgado, e seu único
pré-requisito é a faculdade de julgar, o que tem muito mais a ver com a
capacidade de discernir do que com a capacidade de organizar e subordinar. Tais
juízos sem parâmetros nos são bastante familiares quando se trata de questões
de estética e gosto, que, como observou Kant, não se podem discutir,
mas de que se pode, seguramente, discordar e concordar. Na vida cotidiana isso
se verifica “em face de uma situação desconhecida, que fulano ou beltrano fez
um juízo correto ou equivocado”.
Melhor
dizendo, em toda crise histórica, são os preconceitos
os primeiros a se esboroar e deixar de ser confiáveis, ipsofacto, é essa
pretensão de universalidade que distingue muito claramente ideologia de
preconceito (sempre parcial por natureza). A ideologia afirma peremptoriamente
que não devemos mais nos fiar em preconceitos - declarados como literalmente
inapropriados. A falta de padrões no mundo moderno - a impossibilidade de
formar novos juízos sobre o que aconteceu e o que acontece todos os dias com
base em padrões sólidos, reconhecidos por todos, e de subsumir esses eventos a
princípios gerais bem conhecidos, assim como a dificuldade, estreitamente
associada, de se proverem princípios de ação para o que deve acontecer agora -
tem sido frequentemente descrita como niilismo inerente à nossa época, como
desvalorização de valores, uma espécie de crepúsculo dos deuses, uma catástrofe
na ordem moral do mundo. Todas essas interpretações pressupõem tacitamente que
só se pode esperar que os seres humanos tivessem juízos se tiverem parâmetros,
que a faculdade de julgar não é, mais do
que a habilidade de consignar casos individuais aos seus lugares corretos e
adequados dentro de princípios gerais aplicáveis e sobre os quais estão todos
de acordo.
O primeiro livro “As Origens do Totalitarismo”, originalmente intitulado L`Impérialisme. Les Origines du Totalitarisme (1951) consolida o prestígio intelectual como uma das
figuras mais profícuas do pensamento político ocidental. Arendt assemelha de
forma polêmica as categorias sociais distintas nazismo e o socialismo, como ideologias totalitárias, isto é, com uma explicação compreensiva da sociedade, distante da possível formulação ideal-típica, mas também inclusiva da vida individual, e demonstra
como a via totalitária depende da “banalização do terror” (“banality of the
devil”), da manipulação das massas, do “acriticismo massificado” à mensagem absoluta ideal do
poder. Adolf Hitler e Josef Stalin seriam em sua interpretação “duas faces da mesma moeda” tendo alcançado o poder
por terem explorado “a solidão organizada das massas”. Sete anos depois publica o ensaio A Condição Humana (The Human Condition)enfatiza a importância da política como ação e processo, dirigida à conquista da liberdade. Contudo, sabemos que esses preconceitos, observa Torres (2007) não são novos na vida social, havendo toda uma
tradição secularizada de identificação da política com domínio, com violência, cuja origem
remonta à desvinculação entre política e liberdade realizada pelos filósofos
que primeiro trataram do tema, em clara oposição à experiência da polis grega.
Nesse sentido, Arendt ressalta que não havia sequer o interesse pelo problema
da liberdade na Antiguidade, tendo o mesmo surgido tardiamente na filosofia,
com Epicteto, como uma forma do Eu se relacionar com uma realidade externa que
lhe seria adversa, resultando então de um estranhamento do mundo.
O que está em jogo na relação política, inicialmente quando os nazistas apresentaram como sua principal descoberta, segundo Arendt (2012), tinha como escopo o papel significativo dos judeus na política mundial, e o que propagavam como principal alvo - a perseguição dos judeus do mundo inteiro - foi considerado pela opinião pública mero pretexto, interessante “truque demagógico” para conquistar as massas. Pois bem: não existe aspecto da história contemporânea mais irritante e mais mistificador do que o fato social dentre tantas questões políticas vitais, ter cabido ao problema judaico, aparentemente insignificante e sem importância, a duvidosa honra de por em movimento toda uma máquina infernal. Tais discrepâncias entre a causa e o efeito social constituem ultraje ao bom senso a tal ponto que as tentativas de explanar o antissemitismo parecem forjadas com o fito de salvar o equilíbrio mental dos que mantêm o senso de proporção e a esperança de conservar o juízo. Uma dessas apressadas explicações identifica o antissemitismo com desenfreado nacionalismo e suas explosões de xenofobia. Mas, na verdade, o antissemitismo moderno crescia enquanto declinava o nacionalismo tradicional, tendo atingido seu clímax no momento em que o sistema europeu de Estados-nações, com seu precário equilíbrio de poder, entrara em colapso. Os nazistas, como sabemos, não eram meros nacionalistas. Sua propaganda distinguia-se das características do partidos políticos nascentes. Ela era dirigida aos simpatizantes e não aos membros convictos do partido. Os primeiros partidosantissemitas das últimas décadas do século XX foram os primeiros a coligar-se em nível internacional. Desde o início, convocavam congressos internacionais, e preocupavam-se com a coordenação de atividades em escala internacional, ou, pelo menos, intereuropeia. Noutras palavras, nem a opressão nem a exploração em si chegam a constituir a causa de ressentimento: mas a riqueza sem função palpável é muito mais intolerável, porque ninguém pode compreender, e em seu ersatz aceitar, porque ela deve ser tolerada.
A analogia das palavras não deve levar a confusões. Ontem como hoje chamam-se partidos as facções que dividiam as Repúblicas antigas, os clãs que se agrupavam em tono de um condottiere na Itália da Renascença, os clubes onde se reuniam os deputados das assembleias revolucionárias, os comites que preparavam as eleições censitárias das assembleias revolucionárias, bem como as vastas organizações populares que enquadram a opinião pública nas democracias modernas. Essa identidade nominal justifica-se por um lado, segundo Duverger (1980), pois traduz certo parentesco profundo: todas essas instituições não desempenham o mesmo papel, que é o de conquistar o poder político e exercê-lo? Os verdadeiros datam apenas de pouco mais de um século. Mesmo o oportuno e brilhante Manifesto do Partido Comunista, de 1848, de Marx & Engels, ainda é parte de um projeto utopico de base operária para a universalização das relações de poder. Em 1850, nenhum país do mundo conhecia partidos políticos no sentido contemporâneo do termo. Mesmo entre norte-americanos, encontravam-se aenas tendências de opiniões, clubes populares, associações de pensamento, grupos parlamentares, mas nenhum partido político propriamente dito. Em 1950, estes funcionavam na maior parte das nações civilizadas, os outros se esforçavam por imitá-las. O mesmo ocorre para compreender a diferença de estrutura que separa o Partido Trabalhista britânico do Partido Socialista francês, se não forem conhecidas as diferentes circunstâncias históricas de seu nascimento. Enfim, é impossível analisar seriamente o pluripartidarismo francês, ou neerlandês, ou o bipartidarismo norte-americano, sem se reportar às origens dos partidos em cada um desses países, que explica sua proliferação em alguns e sua restrição no outro. Em seu conjunto, o desenvolvimento dos partidos parece associado ao da democracia, isto é, à extensão do sufrágio popular e das prerrogativas parlamentares. O nascimento dos partidos encontra-se, portanto, ligado ao dos grupos parlamentares e comitês eleitorais.
Economicamente quando A. Hitler subiu ao poder, os bancos alemães, onde por mais de cem anos os judeus ocupavam posições-chave, já estavam quase judenrein - desjudaizados - e, os judeus na Alemanha, após longo e contínuo crescimento em posição social e em número, declinavam tão rapidamente que os estatísticos prediziam o seu desaparecimento em poucas décadas. É verdade que as estatísticas não indicam necessariamente processos históricos reais: mas é digno de nota que, para um estatístico, a perseguição e o extermínio dos judeus pelo nazistas pudessem parecer uma insensata aceleração de um processo que provavelmente ocorreria de qualquer modo, em termos da extinção do judaísmo alemão. O mesmo é verdadeiro em quase todos os países da Europa ocidental. O Caso Dreyfus não ocorreu no Segundo Império, quando os judeus da França estavam no auge de sua prosperidade e influência, mas na Terceira República, quando eles já quase desaparecido das posições importantes (embora não do cenário político). O antissemitismo austríaco tornou-se violento não sob o reinado de Metternich e Francisco José, mas na República Austríaca após 1918, quando era perfeitamente óbvio que quase nenhum outro grupo havia sofrido tanta perda da influência e prestígio em consequência do desmembramento da monarquia dos Habsburgos quanto aos judeus. A perseguição de grupos impotentes, ou em processos de perder o poder, pode não constituir um espetáculo agradável, mas decorre da mesquinhez humana. O que faz com que os homens obedeçam ou tolerem o poder e, por outro lado, odeiem aqueles que dispõem da riqueza sem o poder é a ideia de que o poder tem uma determinada função e certa utilidade geral. Até mesmo a exploração e a opressão podem levar a sociedade ao trabalho e ao estabelecimento de ordem, Só a riqueza sem o poder ou o distanciamento altivo do grupo que, embora poderoso, não exerce atividade política são considerados parasitas e revoltantes, porque nessas condições desaparecem os últimos laços que mantêm ligações entre os homens. A riqueza que não explora deixa de gerar até mesmo a relação existente entre o explorador e o explorado; o alheamento sem política indica a falta do menor interesse do opressor pelo oprimido.
A diferença fundamental entre as ditaduras modernas e as tiranias do passado está no uso do terror não como meio de extermínio e amedrontamento dos oponentes, mas como instrumento corriqueiro para governar as massas perfeitamente obedientes. O terror, como o conhecemos hoje, ataca sem provocação preliminar, e suas vítimas são inocentes até mesmo do ponto de vista do perseguidor. Esse foi o caso da Alemanha nazista, quando a campanha de terror foi dirigida contra os judeus, isto é, contra pessoas cujas características comuns eram aleatórias e independentes da conduta individual específica. Na Rússia soviética a situação é mais confusa, já que o sistema bochevista, ao contrário do nazista, nunca admitiu em teoria o uso de terror contra pessoas inocentes: tal afirmação, embora possa parecer hipócrita em vista de certas práticas, faz muita diferença. Por outro lado, a prática russa é mais “avançada” do que a nazista em um particular: a arbitrariedade do terror segundo a procedência socioeconômica (de classe) do indivíduo foi abandonada há tempos, de sorte qualquer pessoa na Rússia pode subitamente tornar-se vítima do terror policial. O terror, contudo, assume a simples forma do governo só no último estágio de seu desenvolvimento. O que interessa ao historiador é que os judeus, antes de se tornarem as principais vítimas do terror moderno, constituíam o centro de interesse da ideologia nazista. Ora, uma ideologia que tem de persuadir e mobilizar as massas não pode escolher sua vítima arbitrariamente. Em outras palavras, se o número de pessoas que acreditam na veracidade de uma fraude tão evidente como os “Protocólos dos Sábios do Sião” é bastante elevado para dar a essa fraude o foro de dogma de todo um movimento político, a tarefa do historiador já não consiste em descobrir a fraude, pois o fato de tantos acreditarem nela é mais importante do que a circunstância (historicamente secundária) de se tratar de uma fraude. Enfim, a explicação tipo “bode expiatório” escamoteia, portanto, a seriedade do antissemitismo e da importância das razões pelas quais os judeus foram atirados ao centro dos acontecimentos. Igualmente disseminada para Arendt, é a doutrina do “eterno antissemitismo”, na qual o ódio aos judeus é apresentado como reação normal e natural, e que se manifesta com maior ou menor virulência segundo o desenrolar da história.
O aparecimento e o crescimento do antissemitismo moderno foram concomitantes e interligados à assimilação judaica, e ao processo de secularização e fenecimento dos antigos valores religiosos e espirituais do judaísmo. Vastas parcelas do povo judeu foram, ao mesmo tempo, ameaçadas externamente de extinção física e, internamente, de dissolução. Nessas condições, os judeus ques e preocupavam com a sobrevivência do seu povo descobriram, num curioso e desesperado erro de interpretação, a ideia consoladora de que o antissemitismo “eterno” estaria a eterna garantia da existência judaica. Essa atitude decerto superticiosa, relacionada com a fé em sua “eleição” por Deus e com a esperança messiânica, era fortalecida pelo real fato de ter sido a hostilidade cristã, para os judeus, autêntico fator que, durante muitos séculos, desempenhava o papel do poderoso agente preservador, espiritual e político. Os judeus confundem o moderno antissemitismo com o antigo ódio religioso antijudaico. Esse erro é compreensível na sua assimilação, processada à margem do cristianismo, os judeus desconheciam-lhes o aspecto religioso e cultural. Enfrentando o cristianismo em declínio, os judeus podiam imaginar, em toda a inocência, que o antissemitismo correspondia a uma espécie de retrocesso, à medieval e anacrônica “Idade das Trevas”. A ignorância simbólica, ou ideológica, no sentido marxista, ou a incompreensão histórica do seu próprio passado foi, em parte, responsável pela fatal subestimação dos perigos reais e sem precedentes que estavam por vir. Mas é preciso lembrar também que a inabilidade de análise política resultava da própria natureza da história judaica, história “de um povo sem governo, sem país e sem idioma”. A história judaica oferece extraordinário espetáculo de um povo, único nesse particular, que começou a existência histórica a partir de um conceito bem definido da história e com a resolução quase consciente de realizar na terra um plano bem delimitado, e que depois, sem desistir dessa ideia, evitou qualquer ação política durante 2 mil anos.
Em consequência, a história política do povo judeu tornou-se mais dependente de fatores imprevisíveis e acidentais do que a história de outras nações, de sorte que os judeus assumiam diversos papéis na sua atuação histórica, tropeçando em todos e não aceitando responsabilidade precípua por nenhum deles. A história judaica oferece extraordinário espetáculo de um povo, único nesse particular, que começou sua existência histórica a partir de um conceito bem definido da história e coma a resolução quase consciente de realizar na terra, segundo Arendt, um plano bem delimitado, e que depois, sem desistir dessa ideia, evitou qualquer ação política durante 2 mil anos. Em consequência, a história política do povo tornou-se mais independente de fatores imprevistos e acidentais do que a história de outras nações , de sorte que os judeus assumiam diversos papéis na sua atuação histórica, tropeçando em todos e não aceitando a responsabilidade precípua por nenhum deles. Isto é, após a catástrofe final, após a aniquilação quase completa dos judeus na Europa, a tese do antissemitismo eterno tornou-se mais perigosa do que nunca, pois ela poderia levar até à absolvição os mais tenebrosos criminosos entre os antissemitas. Longe de garantir a sobrevivência do povo judeu, o antissemitismo ameaçou-o claramente de extermínio. Contudo, essa explicação do antissemitismo, tal como a teoria do bode expiatório - e por motivos semelhantes -, sobreviveu ao confronto com a realidade, pois ela acentua a absoluta inocência das vítimas do teror moderno, o que aparentemente é confirmado pelos fatos históricos e sociológicos, tanto quando na pesquisa cinematográfica constituída pala Sétima Arte.
Os
filmes O Diário de Anne Frank (The Diary of Anne Frank, 1959),
reconstitui a história social de uma garota de 13 anos durante a 2ª guerra
mundial foi uma das provas mais concretas do temor pelo qual passaram os judeus
naquela conjuntura geopolítica de terror. Anne Frank e sua família se
esconderam durante dois anos pelo temor de serem levados a um campo de
concentração. Sua última frase foi escrita em 1º de agosto de 1944. Três dias
depois, os alemães prenderam toda a família. Anne morreu de tifo em março de
1945, num campo de extermínio humano. A Lista de Schindler é daqueles
projetos mais pessoais do cineasta judeu-americano Steven Spielberg. O filme
narra a história real de Oskar Schindler, um industrial alemão que negociava
com os nazistas a utilização de trabalhadores judeus em sua fábrica,
poupando-os de serem levados para os campos de concentração. A representação
das imagens em preto e branco imprime ao filme o terror do qual aqueles judeus
foram poupados e a tensão social e política pela qual passou Oskar Schindler. É
um filme clássico sobre o Holocausto, ganhou sete estatuetas do Óscar em 1994,
entre elas a do binômio produção/consumo de Melhor filme e Diretor destacando o
papel de interpretação e de dramaticidade da obra calcada na memória social. O Menino
do Pijama Listrado (2008) é sobre relação de amizade entre dois meninos de oito
anos que vivem separados por uma cerca eletrificada. Bruno é filho de um
oficial nazista e Shmuel é o garoto com o pijama listrado, expressando a
representação do estigma de assimilação, preso em um campo de concentração.
Ingênuo, Bruno supõe que aquela gente que vive do outro lado da cerca é
camponesa, mas não entende o motivo político de tanta infelicidade, muito menos
a representação da roupa listrada que seu amigo veste. As conversas com Schmuel
demonstram a ele o que realmente acontece dos que estão encerrados do lado de
lá do arame farpado e põe fim à sua ilusão humana da existência.
Metodologicamente quando temos em mente realmente o outro como
individualidade, como ocorre na conversação terapêutica ou no interrogatório de
um acusado, realmente não se pode falar de uma situação de possível acordo.
Tudo isso, que caracteriza a situação do pôr-se de acordo na conversação toma
sua versão propriamente hermenêutica, onde se trata de compreender a forma e o conteúdo de textos. Caso
contrário, nos encontramos diante de um tribunal. O
instrumental conceitual sustentado nos conceitos de “jogos de linguagem”, “significação”, “seguir regras”, “dar ordens”, “forma de vida” e tantos outros,
sugerem possíveis aplicações no contexto da linguagem relativa à descrição das
atividades sociais ou culturais, constituindo-se primícias em relacionar a
filosofia de Ludwig Wittgenstein com as ciências sociais, desde Peter Winch, Hanna
Fenichel-Pitkin, Anthony Giddens, Derek Phillipe, ou Hannah Arendt, para ficarmos nesses
exemplos. Não estamos longe de admitir que o conceitos significando “seguir regras”, ou, “dar
ordens” é uma expressão verbal indicativa de uma realização onde há uma
diferença entre crer que se está seguindo uma regra e estar de fato seguindo-a.
Este conceito foi magistralmente utilizado por Hannah Arendt em sua etnografia “Eichmann
em Jerusalem. Um relato sobre a banalidade do mal” (São Paulo: Companhia das
Letras, 1999, edição original: Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality
of Evil, (1963), posto que, o segredo,
que envolve o preconceito, estudado magistralmente
por Georg Simmel, tinha uma finalidade evidentemente prática. Segundo Arendt, aqueles que eram informados explicitamente da ordem do Füher Adolf Hitler não eram
mais “portadores de ordens”, mas progrediam ao grau de “portadores de segredos”
e tinham de fazer um juramento especial. Além disso, toda correspondência
referente ao assunto, o extermínio físico em massa de judeus ficava sujeita a rígidas
“regras de linguagem”, e, exceto nos relatórios dos Einsatzgruppen, é raro encontrar documentos em que ocorram palavras
ousadas e discriminatórias como “extermínio”, “eliminação”, ou “assassinato”. Os codinomes
prescritos para o assassinato eram “solução final”, “evacuação” (“Aussiedlung”),
e “tratamento especial” (“Sonderbehandlung”); a deportação, ficando óbvio a menos que
envolvesse judeus enviados para Theresienstadt, o “gueto dos velhos” para
judeus privilegiados, caso em que se usava “mudança de residência”, habilmente forjada na medida em que recebia nomes de “reassentamento” (“Umsiedlung”) e “trabalho no Leste” (“Arbeitseinsatz
im Osten”), sendo que “o uso destes últimos nomes prendia-se ao fato de os
judeus serem realmente muitas vezes reassentados temporariamente em guetos, onde
certa porcentagem deles era temporariamente usada para trabalhos forçados” (cf.
Arendt, 1999:100).
O
instrumental sustentado nos conceitos de “jogos de linguagem”, “regras”,
“significação”, “seguir regras”, “dar ordens”, “forma de vida” e tantos outros,
sugerem possíveis aplicações no contexto da linguagem relativa à descrição das
atividades sociais ou culturais constituindo-se primícias em relacionar a
filosofia de Wittgenstein com as ciências sociais desde Peter Winch, Hanna
Fenichel-Pitkin, Anthony Giddens, Derek Phillipe, para ficarmos nesses exemplos.
Não estamos longe de admitir que o conceito “seguir regras” (ou, “dar ordens”)
que é uma expressão verbal indicativa de uma realização onde há uma diferença
entre crer que se está seguindo uma regra e estar de fato seguindo-a. Foi
magistralmente utilizado por Arendt em seu destacado ensaio Eichmann em Jerusalem. Um Relato sobre a Banalidade do Mal (Editora Companhia das Letras, 1999, edição
original: “Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil”, 1963),
posto que, o segredo, estudado por Georg Simmel, tinha uma finalidade prática. Conforme
a etnografia de Arendt, aqueles que eram informados explicitamente da ordem do
Füher não eram mais “portadores de ordens”, mas progrediam ao grau missiona´rio
de “portadores de segredos” e tinham de fazer um juramento especial. Além
disso, toda correspondência referente ao assunto, notadamente um conjunto de
práticas sociais sobre o extermínio físico de judeus ficava sujeita a rígidas
“regras de linguagem”, e, exceto nos relatórios dos Einsatzgruppen, é raro encontrar documentos em que ocorram palavras
marcadas e ousadas como “extermínio”, “eliminação”, ou “assassinato”. Os
codinomes prescritos para assassinato eram “solução final” (“Endlösung”),
“evacuação” (“Aussiedlung”), e “tratamento especial” (“Sonderbehandlung”). A
deportação - a menos que envolvesse judeus enviados para Theresienstadt, o
“gueto dos velhos” para judeus privilegiados, caso em que se usava “mudança de
residência” - recebia os nomes de “reassentamento” (“Umsiedlung”) e “trabalho
no Leste” (“Arbeitseinsatz im Osten”), sendo que o uso destes últimos nomes
prendia-se ao fato de os judeus serem muitas vezes reassentados temporariamente
em guetos, e porcentagem deles era temporariamente usada para trabalhos forçados.
É
neste sentido que, no ano de 1963, Hannah Arendt escreveria “Eichmann in
Jerusalem: A Report on the Banality of Evil”, a partir da cobertura
jornalística que faria do julgamento do exterminador dos judeus e arquiteto da
“Solução Final” para a TheNewYorker.
Nesta etnografia impressionante revela-se que o grande exterminador dos judeus
não era um demônio e um poço de maldade, segundo Hannah Arendt, como o criam os
ativistas judeus, mas alguém “terrível e horrivelmente normal”, como um “típico
burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, sem capacidade de separar
o bem do mal, ou de ter mesmo contrição” (cf. Boeno, 2010). Esta perspectiva
valer-lhe-ia a crítica ideológica virulenta das organizações judaicas que a
considerariam falsa e abjurariam a insinuação da cumplicidade dos próprios
judeus na prática dos crimes de extermínio. Arendt apontara, apenas, para a
complexidade da natureza humana, para certa “Report on the Banality of Evil”
que surge quando se compadece com o sofrimento, a tortura e a própria prática
do mal conclui: “é fundamental manter uma permanente vigilância para
garantir a defesa e preservação da liberdade”.
As origens do fascismo alemão remontam a
1919, quando um grupelho de sete homens se reuniu numa cervejaria de Munique e
fundou o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores alemães. O nome do
partido é sugestivo e não tardou a ser abreviado na fala popular para “nazi”.
Em pouco tempo, o mais obscuro dos sete surgia como chefe. Chamava-se ele Adolf
Hitler e tinha nascido em 1889, sendo filho de um pequeno funcionário aduaneiro
da Áustria (cf. Nicholls, 2000). O começo de sua vida foi infeliz e desajustado.
Rebelde e indisciplinado desde a infância parece ter sido sempre oprimido por
um sentimento solitário de frustração. Na escola, perdia tempo desenhando
retratos e por fim resolveu ser pintor. Com esse objetivo em vista dirigiu-se
em 1909 para Viena, esperando ingressar na Academia. Reprovado no exame durante
quatro anos arrastou sua existência obscura como vendedor ocasional e pintor de
pequenos esboços e aquarelas que mal conseguia vender a lojas de arte. Enquanto
“isso ia alimentando alguns preconceitos políticos de índole violenta” (cf.
Burns, 1967: 883).
A ideologia fascista pode ancorar-se em três
características humanas: o medo, o fanatismo e a intolerância. É um fenômeno
político e discursivo (propaganda) deste século e cuja formulação definitiva talvez
não possa se dar como concluída. Ela tem-se estabelecido pela fórmula
autoritária: “Crer e não pensar”; “trabalhar e não refletir”; “obedecer e não
discutir”. Surgiu em torno de 1890 na Europa ocidental como “eclipse da razão”.
Temos aí o conceito de “autoridade irracional”, que poderia ser caracterizado
como o poder sobre o povo, logrado sobre a base do terror, onde a crítica está
proibida, e onde existe uma absoluta desigualdade entre os membros da
comunidade. No inicio da 2ª guerra mundial (1940-1945) a Alemanha encontrava-se
em conflito político-ideológico com os judeus radicados na Alemanha. No filme:
“O menino de pijama listrado” uma família alemã que morava em Berlim teve que
se mudar para uma casa perto do “campo de concentração” (“Arbeitseinsatz im
Osten”), onde o Ralf pai de Bruno trabalhava desenvolvendo atividades secretas como
militar de caserna. Seu filho Bruno fez amizade com um judeu chamado Shmel
(Samuel) onde aprendeu o significado e sentido cultural da amizade. Bruno
apesar de ter prejudicado Samuel ele o perdoou. Sem preconceito social, Bruno
prometeu a Samuel que o ajudaria na procura seu pai, sumido, aparentemente
depois de ter ido fazer um trabalho e não havia voltado. Em verdade havia sido
confinado num “campo de concentração” nazista.
No
filme em questão, no dia em que Bruno iria se mudar para morar com sua tia
resolveu fugir para ajudar Samuel a procurar seu pai, vestindo-se como as
outras crianças, cavou um buraco passando para dentro do campo de concentração.
Lá dentro junto com Samuel foi à sua cabana a procura do pai, porém antes que
conseguissem sair do campo de concentração foi levado junto com os judeus para
a câmera de gás. Quando sua família sentiu sua ausência, fora a sua procura e
encontrara suas roupas jogadas em frente ao campo de concentração, quando seu
pai entrou em busca de Bruno. Viram que havia uma cabana vazia e lembrou-se que
aquele seria o dia em que os judeus seriam colocados na câmera de gás. Logo
descobriram que seu filho estava junto com os judeus com seus pijamas jogados
ao chão e havia sido morto envenenado pelo gás letal. Quando
o terror e a inocência dão as mãos, salta aos olhos a narrativa do filme: The
Boy in the Striped Pyjamas (2008) que usa e abusa da inocência infantil para chocar o
público, que absorve os absurdos do nazismo, equidistantes da interpretação de
Albert Camus como analisaram noutro lugar. Dirigido por Mark Herman, o filme é
surpreendente e baseado no livro homônimo de John Boyne, onde o terror e a
inocência dão-se as mãos e compõem uma ciranda cujo efeito social específico
para o espectador representa um misto de encanto e nojo. Isso fica explícito
logo nos primeiros minutos de exibição quando as crianças, absortas em suas
brincadeiras, correm pelas ruas. Estrategicamente espalhados pelo cineasta nas
cenas estão elementos como soldados, cães, bandeiras com suásticas. Já nos
primeiros minutos nos deparamos com a contextualização do período histórico e
político-ideológico. A inocência é reforçada pela sonoplastia que evoca
relaxamento. O que virá, no entanto, é o significado do terror; implícito, e
ipso facto intenso representando a expressão da dor física e mental.
No
filme The Boy in the Striped Pyjamas (2008) o menino aparentava ter medo
e ao mesmo tempo admiração pelo pai, por ser autoritário na vida familiar e
político-militar. A corrupção da consciência, fenomenologicamente falando, no
sentido que emprega Merleau-Ponty (2006: 53 e ss.) funciona como a “essência da
consciência para o mal”, ou, “essência da percepção para o mal”, posto que: a
consciência só começa a serem determinando um objeto, e mesmo os fantasmas de
uma “experiência interna” só é possível por empréstimo à experiência externa.
Portanto, não há vida privada da consciência. A consciência só tem como
obstáculo o caos, que não é nada. Mas em uma consciência que constitui tudo,
ou, antes, que possui eternamente a estrutura inteligível de todos os seus
objetos, assim como na consciência empirista que não constitui nada, a atenção
permanece um poder abstrato, ineficaz, porque ali ela não tem nada para fazer.
Contudo, a amizade pura, livre e desinteressada dos meninos Bruno e Shmuel
mostrou o mundo onde os preconceitos de diversidades, sejam eles de qualquer
categoria, credo, classe social, esmagam a esperança e a vontade de se conviver
em paz. Historicamente os campos de concentração conjugado com o processo de
trabalho forçado não foram uma exclusividade um mal dos nazistas e, tampouco,
foram inventados por eles. Basta citar um único exemplo de modelo precedente
dos gulags da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que
existiram desde a hegemonia histórica dos czares, quando eram chamados de katorgas.
Os nazistas destacaram-se em virtude do processo de “mecanização da morte”,
isto é, da aplicação de um método perverso praticamente com planejamento industrial de morte por gás
venenoso.
Além
disso, os corpos dos mortos nas câmaras de gás eram incinerados em fornos
construídos com essa finalidade. Quando a 2a guerra mundial estava chegando ao
fim, e os nazistas progressivamente perdiam terreno, os cadáveres dos campos de
concentração começaram a ser despejados em valas comuns e incinerados nas
covas. Geograficamente a maior parte dos judeus mortos no holocausto era do
Leste Europeu. Sabemos também que os principais campos de concentração e
extermínio nazista não se encontravam em território alemão, mas, sim, no Leste
europeu, sobretudo na Polônia. Em terreno alemão, os campos construídos tinham
tamanho pequeno (se comparados com os poloneses), sendo a maior parte destinada
a trabalhos forçados para opositores políticos, homossexuais, criminosos, e não
propriamente para extermínio. O primeiro
campo a ser construído foi o de Dachau, em 1933 no ano em que Adolf Hitler
assumiu o poder; outros foram erguidos nas cidades de Breitenau e Flossenbürg.
A partir de 1941, quando houve o ataque à Rússia com a Operação Barbarossa (Unternehmen
Barbarossa), representando o nome de código para a invasão da União
Soviética pelas Potências do Eixo, iniciada em 22 de junho de 1941, durante a
guerra mundial finda em 1945. Foi projetado para alcançar os objetivos político-ideológicos
da Alemanha nazista de conquistar a União Soviética ocidental para que ela
pudesse ser repovoada pelos alemães, de usar os povos eslavos como força de
trabalho escravo para o chamado esforço de guerra do Eixo e de aproveitar as
reservas de petróleo do Cáucaso e os recursos agrícolas dos territórios
soviéticos, os nazistas ocuparam vastas regiões, incluindo praticamente todo o
território polonês e partes dos Países Baixos, Ucrânia, Croácia, Bielorrússia e
outros países.
Nesses
locais estava concentrada a maior parte da população judaica da Europa. Ao
contrário do que normalmente se imagina, a população judaica alemã representava
cerca de menos de 1% da população da Alemanha quando Hitler assumiu o poder. A
maior parte dos judeus mortos no holocausto foi capturada nos países do Leste.
A consciência não está menos intimamente ligada aos objetos em relação aos
quais ela se distrai do que aqueles aos quais ela se volta. O filme foi baseado
no best-seller homônimo de John Boyne. Diferente do seu processo de criação
normal, Boyne declarou que escreveu a primeira versão do livro em apenas dois
dias e meio. O campo de concentração no qual o pai de Bruno trabalha não é
nomeado, mas os especialistas dizem ser possível reconhecê-lo como o campo de Auschwitz
pela presença de quatro crematórios na composição do cenário. - “Auschwitz I, o principal campo do complexo
de Auschwitz, representou a primeira das unidades a serem estabelecidas, nas
proximidades da cidade polonesa de Oswiecim. Sua construção teve início em maio
de 1940, em um quartel de artilharia usado anteriormente pelo exército polones
na região de Zasole, subúrbio de Oswiecim. O campo foi se expandindo
continuamente por meio de trabalho escravo. A câmara improvisada estava
localizada no porão da prisão (Bloco 11). Mais tarde, uma câmara de gás fixa
foi construída dentro do crematório”. A propaganda nazista do campo de
concentração que aparece no filme foi baseada em um vídeo originalmente editado
em 1941, produzido pelos ideólogos nazistas. Sociologicamente representou uma
rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia operados pelo
Terceiro Reich e colaboracionistas nas áreas polonesas anexadas politicamente pela
Alemanha Nazista, tendo se constituído o maior símbolo do Holocausto perpetrado
pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1940, o governo de
Adolf Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio
nesta área. A razão direta para sua construção foi o fato de que as prisões em
massa de judeus, especialmente poloneses, por toda a Europa que ia sendo
conquistada pelas tropas nazistas, excediam em grande número a capacidade das
prisões convencionais até então existentes. Ele foi o maior dos campos de
concentração nazistas, consistindo de Auschwitz I (Stammlager, campo principal
e centro administrativo do complexo); Auschwitz II–Birkenau (campo de
extermínio), Auschwitz III–Monowitz, e mais 45 outros campos desgraçadamente como satélites.
Bibliografia geral consultada.
BURNS, Edward
McNall, História da Civilização Ocidental. 2ª edição. Porto Alegre:
Editor Globo, 1967; LACLAU, Ernesto, Política e Ideología en la Teoría Marxista:
Capitalismo, Fascismo, Populismo. México: Siglo Veintiuno Editores, 1978;
Idem, La Razón Populista. Buenos Aires: Editor
Fondo de Cultura Económica, 2005; ARENDT, Hannah, Eichmann in Jerusalem: A
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Crise de la Culture: Huit Exercices de Pensée Politique. Paris: Éditions
Gallimard, 1972; Idem, L` Impérialisme. Les Origines du Totalitarisme.
Paris: Éditions du Seuil, 1980; Idem, Homens em Tempos Sombrios. São Paulo:
Editora Companhia das Letras, 1987; Idem, Vita activa. La Condizione Umana.Milan: Edizione Bompiani, 1989; Idem, Essays in
Understanding: 1930-1954. New York: Schocken Books Editors, 2005; Idem, Journal
de Pensee (1950-1973). Paris:
Éditions Du Seuil, 2005; Idem, Origens do Totalitarismo. São Paulo:
Editora Companhia das Letras, 2012; TORRES, Ana Paula Repolês, “O Sentido da
Política em Hannah Arendt”. In: Trans/Form/Ação vol. 30 nº 2. Marília, 2007;
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Seguinte, 2007; BOENO, Maico Russiano de Souza, O Bur(r)ocrata, uma Análise
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Elzanira Rosa Mello, A Banalidade do Mal e a Faculdade de Pensar: Política e
Ética nas Reflexões de Hannah Arendt. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Filosofia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Belém: Universidade
Federal do Pará, 2017; LAZIER, Tiago Cerqueira, Hannah Arendt: Entre a
Contingência e o Absoluto. Tese de Doutorado. Departamento de Ciência
Política. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2017; MIZAEL, Táhcita Medrado, Redução do
Preconceito Racial: Uma Investigação Analítico-Comportamental. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Centro de Educação e
Ciências Humanas. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2019; ROCHA,
Lara França da, Pensar em Tempos Sombrios: As Implicações Políticas do
Pensamento na Perspectiva de Hannah Arendt. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará, 2019; entre outros.