terça-feira, 30 de setembro de 2025

A Noite Sempre Chega – Despejo, Comunicação & Filosofia do Dinheiro.

                                           Quem acha sem procurar é quem longamente buscou sem encontrar”. Gaston Bachelard                   

           No panorama filosófico do século XX, a obra de Gaston Bachelard tem como representação uma reflexão referencial sobre a ciência e os saberes objetivos em que se revela outra direção fundamental do seu pensamento – a poética. A psicanálise vem em auxílio de uma ideia implícita na obra de Bachelard: o homem é um ser que se percebe na sua relação de habitação e familiaridade inquietante com as coisas do mundo. Essa é a condição do ser que vive num mundo constituído por saberes e verdades que ele próprio inventa. A poesia e a ciência é uma forma de compreender a relação do homem com o seu saber. O nascimento de tal categoria decorre do desdobramento de questões relativas ao tempo incluídas em obras anteriores como: “L´Intuition de l`instant” (1932), e “La Dialéctique de la Durée”, (1936), nas quais a filosofia de Bachelard desenvolve as teses da instantaneidade e da descontinuidade temporais. Neste sentido da durée bergsoniana, Bachelard contrapõe a noção de “descontinuidade temporal”. O tempo e a instantaneidade correspondem, para ele a problemática presente no livro: “L´intuition de l`instant”, é que o tempo é uma realidade fechada sobre o instante e interrompida entre dois nadas. O tempo poderá renascer, mas é necessário primeiro que  morra. Ele não poderá transportar o seu ser de um instante para outro instante para daí fazer uma duração. O autor propõe uma aproximação conceitual – comparativamente na mesma constelação de Roupnel – que os hábitos e o progresso não se dissipam na descontinuidade do tempo; eles ganham força e uma nova dimensão. 

          Em 1930, aos 46 anos, com a obtenção do título de doutor, iniciou sua carreira universitária na Faculdade de Letras, cidade de Dijon, capital da região da Burgúndia no Departamento francês Côte-d`Or, importante centro de comercial, industrial, cultural e universitário da França, permanecendo até novembro de 1940, quando foi nomeado para a Sorbone, onde passa a ministrar cursos muito disputados pelos alunos devido ao espírito livre, original e profundo deste filósofo que foi um professor par excellence. Em 1951, ingressa na legião para a Academia de Ciências Morais e Políticas de Paris, quando posteriormente laureado com o Grande Prêmio Nacional de Letras em 1961,  próximo de sua morte ocorrida em 1962. No auge do prestígio intelectual proferiu a conferência inaugural do 1° colóquio de Les Cahiers Internationaux de Symbolisme, realizado em 1962, em Paris. Em sua memória foi criado o Centre Gaston Bachelard de Recherches sur L`Imaginaire et la Racionalité na Universidade de Borgonha. Em “A Intuição do Instante” o autor desenvolve e amplia a ideia do historiador francês Gaston Roupnel em um de seus mais importantes estudos – chamado Siloë – que propõe o olhar sobre a história numa perspectiva de tempo descontinuada, em instantes. Em Siloë, só o amor faz com que a duração progrida à medida que nos direcionamos à fonte única e misteriosa de seu leito. A partir da demonstração de alguns dos principais conceitos da filosofia bergsoniana – duração, criação, impulso vital – ele desenvolve e alonga a tese de Roupnel refutando que “a duração não passa de um número cuja unidade é o instante”. Segue afirmando que a duração não tem força direta – já que não é em si representativa de um ato – e que o tempo real só existe verdadeiramente pelo instante isolado, esse sim, acontecendo inteiramente no presente, no ato. 

Enfim, após ter lido os “Cantos de Maldoror” de Lautréamont – sua principal obra, escrita originalmente em francês –, o filósofo Gaston Bachelard será um dos primeiros a escrever um livro acerca deste literato em 1939, cuja atualidade da abordagem pode trazer perplexidade para muitos historiadores contemporâneos. Primitividade poética é, para Bachelard, a “agressividade do movimento criativo das imagens poéticas”, isto é, que está em descompasso com as referências intelectuais, com os valores aprendidos pela tradição, em contradição com as interpretações já consolidadas. É no instante da criação poética que é possível apreender-lhe sua primitividade, alheia aos esquemas interpretativos que a tradição intelectualista lhe impõe. É, portanto, a partir de uma filosofia do ato poético – e não da ação poética – que está a riqueza da análise bachelardiana da obra de Lautréamont. Quando põe em contraposição os pensamentos de Henri Bergson e de Gaston Roupnel acerca da natureza do tempo, faz uma constatação: enquanto Bergson admite ser a duração contínua seu princípio, Roupnel afirma ser o instante sua realidade. Bachelard aprofunda esta antinomia, comparando ato e ação citando o livro “Siloë” (1927), de Roupnel, para responder esta questão. Acredita-se que o pseudônimo Lautréamont tenha sido inspirado no nome de um romance de Eugène Sue, “Latréaumont”. Note-se que há uma leve diferença na grafia da palavra. A atribuição do título de Conde poderá ser uma referência ao Marquês de Sade (1740-1814) ou uma forma de destacar-se da nascente burguesia urbana, ainda que não existam quaisquer provas destas duas teses.

                                        


Mais robustas são as hipóteses apresentadas pelo romancista, dramaturgo e poeta pernambucano Ruy Câmara, no seu belíssimo livro: “Cantos de Outono - O Romance da vida de Lautréamont”. Segundo Ruy Câmara, o codinome sugere a junção de duas palavras de grande relevância na vida de Isidore Ducasse. A primeira palavra seria “lauréat”, que significa laureado ou premiado em concurso acadêmico, deslocando-se o “t” final para o meio teremos “lautréa”, que acrescida de “mont”, raiz da palavra “Montevidéu”, cidade natal do poeta, tem como resultado “Lautréamont”, denotando “o laureado de Montevidéu”. A terceira possibilidade, mais rigorosa que as duas anteriores, trabalha com a associação da palavra “l`autre”, “o outro”, mais a preposição “a” que indica lugar, a raiz “mont”, de Montevidéu, dando Lautréamont, cujo sentido único, exato e incontestável na semiologia representa “o outro de Montevidéu”, já que o primeiro é ele próprio. O símbolo não sendo já de natureza linguística deixa de se desenvolver numa só dimensão. As motivações que ordenam os símbolos não apenas já não formam longas cadeias de razões, mas nem sequer cadeias. A explicação linear do tipo de dedução lógica ou narrativa introspectiva já não basta para o estudo das motivações simbólicas. A classificação dos grandes símbolos da imaginação em categorias motivacionais distintas apresenta, com efeito, pelo próprio fato da não linearidade e do semantismo das imagens, grandes dificuldades. Metodologicamente, se se parte dos objetos bem definidos pelos quadros da lógica dos utensílios, como faziam as clássicas “chaves dos sonhos”, segundo as estruturas antropológicas do imaginário, cai-se rapidamente, pela massificação das motivações, numa inextricável confusão.

Parecem-nos mais sérias as tentativas para repartir os símbolos segundo os grandes centros de interesse de um pensamento, certamente perceptivo, mas ainda completamente impregnado de atitudes assimiladoras nas quais os acontecimentos perceptivos não passam de pretextos para os devaneios imaginários. Tais são, de fato, as classificações mais profundas de analistas das motivações do simbolismo religioso ou da imaginação de modo geral literária. No prolongamento dos esquemas explicativos, arquétipos e simples símbolos modernos podem-se considerar o mito. Lembramos, todavia, que não estamos tomando este termo na concepção restrita que lhe dão os etnólogos, que fazem dele apenas o reverso representativo de um ato ritual. Entendemos por mito, “um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema, tende a compor-se na narrativa”. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em ideias. O mito explicita um esquema ou um grupo de esquemas. Do mesmo modo que o arquétipo promovia a ideia e que o símbolo engendrava o nome, podemos dizer que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem observou Bréhier, a narrativa histórica e lendária. O método de convergência evidencia o mesmo isomorfismo na constelação e no mito. Este isomorfismo dos esquemas, arquétipos e símbolos no seio dos sistemas míticos ou de constelações estáticas pode levar-nos a verificar a existência de protocolos normativos das representações imaginárias, bem definidos e relativamente estáveis, agrupados em torno dos esquemas originais e que per se a literatura se refere como estruturas. 

Uma parte de sua obra, incluindo seus livros mais representativos sobre a tópica da intuição trabalhada como: A Poética do Espaço, A Poética do Devaneio, A Água e os Sonhos e O Ar e os Sonhos, é permeada por categorias e conceitos que fogem ao lugar comum de análise e, sobretudo, do debate contemporâneo da ciência institucionalizada: sonho, devaneio, poética, alquimia, tempo, imaginação. A riqueza de Bachelard consiste fundamentalmente do ponto de vista do processo de criação em trazer para sua produção intelectual um duplo projeto: o aspecto diurno da sua obra – onde se inscrevem os conceitos mais ligados à formação da epistemologia – e o aspecto noturno – onde aparece a complementaridade dos sinais da poesia e do sonho – e posteriormente do devaneio e da ciência. Ao aproximar os dois aspectos, a sua concepção de história e filosofia demonstra que a cisão entre razão e imaginação fica bem clara se utilizarmos a via racional; se usarmos a via onírica, a razão e a imaginação se articulam, se interpenetram e se tornam complementares. A atividade dialética surge esboçada e a partir da análise da noção de “corpúsculo”. Tendo como certo que o filósofo deve tentar compreender a novidade da linguagem e ao mesmo tempo aprender a formar noções e conceitos completamente novos para resistir aos conhecimentos comuns e à memória cultural, Bachelard, tentando precisar a noção de “corpúsculo”, rememora uma sequência de teses: o corpúsculo não é um pequeno corpo. Não é fragmento de substância. O corpúsculo não tem dimensões absolutas definidas. Só existe nos limites do espaço em que atua.

 Correlativamente, se o corpúsculo não tem dimensões definidas, não tem, portanto, forma reconhecida. O elemento não tem geometria. E, ipso facto, não se lhe pode atribuir um lugar muito preciso em virtude do princípio da indeterminação na Física de Heisenberg, a sua localização é submetida a tais restrições que a função de existência situada não tem mais valor absoluto. Em várias circunstâncias, a microfísica põe como um verdadeiro princípio a perda da individualidade do corpúsculo. Enfim, uma última tese que contradiz o axioma fundamental do atomismo filosófico. Complementarmente com as suas reflexões acerca da imaginação criadora e da poética, Bachelard infere que os corpúsculos, não sendo dados dos sentidos, “nem de perto nem de longe”, também não são dados escondidos. No entanto, apenas é possível conhecê-los, descobrindo-os, ou melhor, inventando-os, porque eles são a prova de que algo está no limite da invenção e da descoberta. Admirável é, então, a referência que Bachelard faz à noção de intuição trabalhada. Em Études, no ensaio “Idealismo discursivo” ele sublinha que tem alguma confiança na intuição para descrever positivamente o seu ser íntimo. Diz mesmo que o fato de exercermos uma preparação discursiva dá à intuição uma nova Jeunesse. De maneira que aconselha a fecharmos os olhos como uma forma de nos prepararmos para termos uma visão do ser. A intuição será a via refletida de renunciar aos acidentes na história e significa um recurso metafísico de compreensão “de si”. Interessa, então, entendermos, comparativamente, a distinção entre a intuição trabalhada e não a intuição imediata, a intuição que permite uma espécie de “repouso”, mesmo sabendo que na ciência, esse “repouso” na intuição pode ser “quebrado” pela dialética da necessidade de rigor metafísico e pela necessidade de encadear mais forte as teorias sociais.

Em A Noite Sempre Chega, uma mulher enfrenta o risco iminente de despejo em meio à crescente especulação imobiliária de sua cidade. Com apenas uma noite para agir, ela precisa reunir 25 mil dólares a qualquer custo para salvar sua casa e garantir o sustento da família. A Noite Sempre Vem é um filme de suspense policial estadunidense de 2025, dirigido por Benjamin Caron a partir de um roteiro de Sarah Conradt, adaptando o romance de 2021, A Noite Sempre Vem, de Willy Vlautin. É estrelado por Vanessa Kirby, Jennifer Jason Leigh, Zack Gottsagen, Stephen James, Randall Park, Julia Fox, Michael Kelly e Eli Roth. Night Always Comes foi lançado na Netflix em 15 de agosto de 2025. Lynette, uma mulher com múltiplos empregos, incluindo acompanhante, tenta manter a casa onde passou a infância em Portland para si, sua mãe, Doreen, e seu irmão mais velho, Kenny, que tem síndrome de Down. No dia em que Lynette e Doreen devem assinar o contrato para garantir a casa no banco, Doreen não aparece. Ao chegar em casa, Lynette descobre que Doreen gastou os US$ 25.000 destinados à entrada em um carro novo. Atormentada e desesperada, Lynette contata seu ex-cliente Scott, faltando ao trabalho no bar para encontrá-lo. Ele se recusa a lhe emprestar o dinheiro, mas ela dorme com ele mesmo assim. Depois, Scott dobra seus US$ 500 habituais como despedida definitiva.

Seu cliente acidentalmente deixa as chaves do carro para trás, então Lynette impulsivamente pega sua Mercedes. Ele liga e deixa mensagens de voz cada vez mais irritadas. Ela estaciona o carro dele debaixo de uma ponte em pânico, deixando-o lá com uma porta aberta e, em seguida, volta para o carro. Lynette então pede, sem sucesso, à sua amiga Gloria, acompanhante e amante do senador, os US$ 3.000 que lhe devem. Gloria, relutante, dá a Lynette US$ 500 de um cofre. Ao encontrar Cody, um ex-presidiário e colega de trabalho do bar, Lynette o convence a dar uma olhada no cofre e pegar US$ 400. Insistindo que o cofre deve ser aberto fora do local, Cody pede o dobro. Depois de atravessar a cidade, o contato de Cody usa uma marreta para destruí-lo. Dentro, há dinheiro, relógios Rolex e pacotes de cocaína. Ele ameaça Lynette, que acaba confessando que o cofre pertence à amiga. Como o contato se recusa a deixá-la sair, ela o fere gravemente com uma de suas ferramentas. Cody e Lynette fogem para uma lanchonete e contam o dinheiro, que acaba ficando US$ 6.000 a menos do que ela precisa. Ela decide vender a Mercedes de Scott e buscar Kenny no caminho. Ao localizar o carro, Cody se vira para Lynette, pegando a bolsa com tudo e as chaves da Mercedes.

Perdendo o controle, ela impulsivamente o atropela com o carro, pegando a bolsa, mas deixando as chaves para ele. Kenny fica chateado, mas Lynette o convence a mudar de ideia depois de lhe trazer panquecas e falar sobre como eles precisam se manter unidos como família. Lynette acorda seu ex, Tommy, no meio da noite para tentar vender o que puder do saco para ele. Ele diz a Lynette que não tem dinheiro para pagá-la naquela noite, mas tem um contato que poderia comprar a cocaína por US$ 3.000. Lynette o confronta sobre tê-la forçado a se prostituir aos 16 anos, e Tommy diz a ela para nunca mais entrar em contato com ele. O comprador, Blake, mora no subúrbio e está dando uma festa até altas horas da noite. Quando ele tenta forçar Lynette a fazer sexo por parte do dinheiro, ela lhe dá um tapa na cabeça e procura Kenny freneticamente por todos os lados. Ela o encontra, mas todos tentam segurá-la quando Blake, ferido, a acusa de roubá-lo. Lynette cai através de uma mesa de vidro e é jogada para fora. Lynette e Kenny chegam em casa antes do nascer do Sol. Quando Doreen a confronta, ela explica que passou a noite toda repondo os US$ 25.000 que sua mãe havia gasto no dia anterior. Enquanto tira o vidro das costas da filha, Doreen não quer a casa, preferindo vê-la queimar. Lynette a confronta, chateada por ela ter trabalhado tanto por uma casa que sua mãe não quis manter. Doreen, por sua vez, lista os erros de Lynette, incluindo seu relacionamento anterior com Tommy aos 16 anos. Lynette, em lágrimas, pergunta por que ela não a protegeu contra o abuso dele, quando ela mais precisava dela. 

Doreen informa friamente que está se mudando com Kenny para a casa de Mona. David liga para Lynette para contar que foi com outro comprador que ofereceu mais pela casa, pois havia dado chances demais à família dela. Ela se deita na cama com Kenny, dizendo que precisa se ausentar por um tempo, mas que o visitará mais tarde. Eles declaram seu amor um pelo outro, e ela vai. Lynette deixa algum dinheiro e um bilhete para Doreen, dizendo que lutou muito pela família, pedindo que ela cuide de Kenny e que ela continuará lutando. Antropologicamente a humanidade sempre atravessa estágios em que: a) opressão da individualidade é o ponto de passagem obrigatório de seu livre desabrochar superior, em que a pura exterioridade das condições de vida se torna a escola da interioridade, b) em que a violência da modelagem produz uma acumulação de energia, destinada, em seguida, a gerar toda a especificidade pessoal. Do alto desse ideal é que, c) a individualidade plenamente desenvolvida, tais períodos parecerão, é claro, grosseiros e indignos. Mas, para dizer a verdade, além de semear os germes positivos do progresso vindouro, já é em si uma manifestação do espírito exercendo uma dominação organizadora sobre a matéria-prima das impressões flutuantes, uma aplicação das personalidades especificamente humanas, procurando-as fixar suas normas de vida - do modo mais brutal, exterior ou, mesmo, estúpido que seja -, em vez de recebê-las das simples forças da natureza.  A horda, uma estrutura social e militar histórica encontrada na estepe eurasiática “não protege mais a moça e rompe suas relações com ela, porque nenhuma contrapartida foi obtida por sua pessoa”.

Para Simmel diante do “conflito” (“Kampf”) os indivíduos vivem em relações sociais de cooperação, mas também de oposição, portanto, os conflitos são parte mesma da constituição da sociedade. É neste sentido que formam momentos de crise, um intervalo entre dois momentos de harmonia, vistos numa função positiva de superação das divergências. Fundamenta uma episteme em torno da ideia de movimento, da relação, da pluralidade, da inexorabilidade do conhecimento, de seu caráter construtivista, cuja dimensão central realça o fugidio, o fragmento e o imprevisto. Por isso, seu panteísmo estético, ancorado sob forma paradoxais de interpretação real, como episteme, no qual se entende que cada ponto, cada fragmento superficial e, portanto, fugaz é passível de significado estético absoluto, de compreender o sentido total, os traços significativos, do fragmento à totalidade. O significado sociológico do “conflito”, em princípio, nunca foi contestado. Conflito é admitido por causar ou modificar grupos de interesse, unificações, organizações. Por outro lado, pode parecer paradoxal na visão do senso comum se alguém pergunta se independentemente de quaisquer fenômenos que resultam de condenar ou que a acompanha, o conflito é uma forma de “sociação”. 

À primeira vista, isso soa como uma pergunta retórica. Se todas as interações entre os homens é uma sociação, o conflito, - afinal uma das interações mais vivas, que, além disso, não pode ser exercida por um indivíduo sozinho, - deve certamente ser considerado como “sociação”. E, de fato, os fatores de dissociação, tais como ódio, inveja, necessidade, desejo, são as causas da condenação, que irrompe em função deles. Conflito é, portanto, destinado a resolver dualismos divergentes, é a maneira de conseguir algum tipo de unidade, que seja através da aniquilação de uma das partes em litígio. A imagem está associada a conhecimentos pretéritos adquiridos e concernentes ao objeto que ela de fato representa. Ela não apreende nada além daquilo que nós podemos extrair da realidade durante o trabalho de percepção. A imagem não se relaciona com o mundo em si, filosoficamente falando, ela só depende do processo de como podemos descobrir algo sobre ela. Portanto, se existe uma possibilidade de se observar o objeto através da imaginação, mesmo assim essa possibilidade ainda não nos permite apreender nada de novo em relação ao objeto. A imagem, ato da consciência imaginante, é um elemento, identificado como o primeiro e incomunicável, como produto de uma atividade consciente atravessada de um extremo ao outro por uma corrente de “vontade criadora”. Trata-se, de dar-lhe à sua própria consciência um conteúdo de sentido imaginante, próximo da analogia weberiana da interpretação da ciência que recria para si os objetos afetivos espontaneamente ao seu redor: ela é criativa.  

Daí a importância de se compreender no campo da imagem, de sua produção, recepção, influência, de sua relação com o sonho, o devaneio, a criação e a ficção, a substituição das mediações pelos meios de comunicação, posto que contenha em si uma possibilidade de violência, a partir da constituição do novo regime de ficção que hoje afeta, contamina e penetra a vida social. Ipso facto temos a sensação de sermos colonizados, mas sem saber precisamente por quem. Não é facilmente identificável e, a partir daí é normal questionar-se sobre o papel da cultura ou da ideia que fazemos dela. O etnólogo Marc Augé reitera que as “etnociências” se atribuem sempre dois objetivos, proposto por ele ao final em seu opúsculo “La Guerre des Rêves” (1997). Usado como prefixo, “etno” relativiza o termo que o segue e o faz depender da “etnia” ou da “cultura” que supõe ter práticas análogas às que chamamos “ciências”: medicina, botânica, zoologia etc. Desse ponto de vista, a etnociência tenta reconstituir o que serve de ciência aos outros, suas práticas sanitárias e do corpo, seus conhecimentos botânicos, mas também suas modalidades de classificação, de relacionamento etc. É claro que, a partir do momento em que se generaliza a etnociência muda de ponto de vista. Ela tenta emitir uma apreciação sobre os modelos locais, indígenas, e compará-los a outros e propor uma análise dos procedimentos cognitivos em ação num certo número de experiências. Ela leva então às vezes o nome de antropologia: fala-se assim em antropologia médica ou em uma antropologia  cognitiva. 

Em verdade, quando Augé recoloca a questão: “que é nosso imaginário, hoje?”, por outro lado, ele se indaga se nestes dias não estamos assistindo a uma generalização do fenômeno de fascínio da consciência que nos pareceu característico da situação colonial e de seus diferentes avatares? Trata-se de “exercícios de etnoficção”, em analisar o estatuto da ficção ou as condições etnológicas de seu surgimento numa sociedade, e ipso facto num momento histórico particular, em analisar os diferentes gêneros que se irradiam sob formas ficcionais, sua relação com o imaginário individual e coletivo, as representações da morte etc., em diferentes sociedades ou conjunturas. Temos o que fica reservado como lugar de representação do conhecimento, posto que bem entendido o nível ao qual se aplica a pesquisa antropológica, ela tem por objeto interpretar a interpretação que os outros fazem da categoria do outro, nos diferentes níveis que situam o lugar dele e impõem sua necessidade. Melhor dizendo, tendo como representação social etnia, tribo, aldeia, linhagem ou outro modo de agrupamento até o átomo elementar de parentesco, do qual se sabe que submete a identidade da filiação à necessidade da aliança, o individualismo, enfim; que todos os sistemas rituais definem como compósito e pleno de alteridade, figura literalmente impensável, como o são, em modalidades opostas, a do rei e a do feiticeiro. O fato social é que deste ângulo há um princípio abrangente e primordial, porque norteador, analiticamente, pois “toda antropologia é antropologia da antropologia dos outros, além disso, que neste âmbito, o lugar antropológico, é simultaneamente princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade para quem o observa”.

Essa inteligibilidade, ao que nos parece antever, fornece e propõe no âmbito de apropriação dos saberes que as condições de uma antropologia da contemporaneidade devem ser deslocadas do método para o objeto. E além disso, que se deve estar atento às mudanças que afetaram as grandes categorias por meio das quais os homens pensam sua identidade e suas relações recíprocas em termos espaciais. Assim, se um lugar de análise pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um na etnologia da solidão de Marc Augé, o que ele denominou analiticamente de “não-lugar”. A hipótese adjudicada na teoria, e, portanto, no pensamento, é o que o autor chama de surmodernité conquanto produtora de não-lugares, de espaços que não são em si lugares (tradicionais) antropológicos. Isto é importante. Estas características comuns podem ser aplicadas a dispositivos institucionais diferentes e que constituem, de certo modo, as formas elementares de compreensão do espaço social. Trata-se de aspectos gerais e que se identificam enquanto itinerários ou eixos ou caminhos que, do ponto de vista etnológico conduzem de um lugar a outro. Mas em cruzamentos e praças, que satisfazem por assim dizer esferas de ação social, que nos mercados definem necessidades do intercâmbio econômico e, nesta progressão, centros mais ou menos monumentais. Sejam eles religiosos ou políticos construídos por certos homens e mulheres e que definem como outros, em relação a outros centros e espaços sociais.      

Por outro lado, no estudo da relação entre genealogia e poder, observava Michel Foucault que a primeira característica do que ocorria de forma nebulosa dizia respeito ao caráter local da crítica, uma espécie de produção teórica autônoma, não centralizada, isto é, que não tem necessidade, para estabelecer sua validade, da concordância de um sistema comum. Esta crítica local se efetuou através do que se poderia chamar de “retorno do saber”. Em um caso como no outro, no saber da erudição como naquele desqualificado, nestas duas formas de saber sepultado ou dominado, se tratava na realidade de saber histórico da luta. Nos domínios especializados da erudição como nos saberes desqualificados das pessoas jazia a memória dos combates, exatamente aquela que até então havia sido subordinada. Delineou-se o que se poderia chamar uma genealogia, ou, pesquisas genealógicas múltiplas: a redescoberta exata das lutas e memória bruta dos combates. E esta genealogia, como acoplamento do saber acadêmico e do saber das pessoas, só será possível se for eliminada a tirania dos colegiados (cf. Mitzman, 1976), com suas hierarquias e os privilégios de sua posição que permeia o discurso religioso/científico em saberes regionais.  Trata-se de ativar saberes locais, descontínuos, desqualificados, não legitimados, contra a instância teórica unitária que pretenderia depurá-los, hierarquiza-los, ordená-los em nome de um conhecimento verdadeiro, em nome dos direitos da concepção de ciência detida por alguns.

Trata-se da insurreição dos saberes não tanto contra os conteúdos, os métodos e os conceitos de uma ciência, mas de uma insurreição dos saberes antes de tudo contra os efeitos de poder centralizadores que estão ligados à instituição e ao funcionamento de um discurso científico organizado no interior da sociedade. Não se trata de estudos de caso, mas com a pesquisa efetiva, torna-los capazes de oposição e de luta contra a coerção de um discurso teórico, unitário, formal e científico. Poderíamos lançar o desafio: - “Tentem colonizar-nos”. A burocracia engendrou o intelectual específico nas universidades públicas, através das atividades regulares necessárias aos objetivos da estrutura governada burocraticamente, que por sua vez são distribuídas de forma fixa como deveres oficiais que contém uma orientação, mas podem mudar de forma e sentido. A autoridade de dar ordens necessárias à execução desses deveres oficiais se distribui de forma estável, sendo rigorosamente delimitada pelas normas relacionadas com os meios de trabalho e de coerção, físicos, sacerdotais ou outros, que possam ser colocados à disposição dos funcionários ou autoridades. O princípio da autoridade hierárquica de cargo encontra-se em todas as organizações burocráticas. Não importa, para o caráter da burocracia, que sua autoridade seja compreendida como privada ou pública. É o que tenta demonstrar, de forma hilária, o escritor Luís Fernando Veríssimo em uma série de ensaios temáticos. Quando o cargo está desenvolvido, a atividade oficial exige a plena capacidade de trabalho, a despeito do fato de ser rigoroso, delimitado o tempo de permanência na repartição, que lhe é exigido. O desempenho do cargo segue regras gerais, mais ou menos estáveis, mais ou menos exaustivas, e que podem ser apreendidas.

O conhecimento dessas regras representa um aprendizado técnico especial, a que se submetem esses funcionários. Envolve jurisprudência, ou administração pública e privada. A redução do cargo a regras está profundamente arraigada à sua própria natureza. A teoria da moderna administração pública, sustenta que a autoridade para ordenar certos assuntos através decretos não dá à repartição o direito de regular o assunto através de normas expelidas em cada caso, mas na prática, converte-se em relações através dos privilégios individuais e concessão de favores, que domina de forma absoluta as relações entre indivíduos no âmbito do patrimonialismo.  A ocupação de um cargo é considerada uma profissionalização, com a exigência de um treinamento rígido, que demanda toda a capacidade de trabalho durante um longo período de tempo e nos exames especiais que, em geral, são pré-requisitos para o emprego. A posição de um funcionário tem a natureza de um dever, sendo a lealdade dedicada a finalidades impessoais e funcionais. Sua posição social é assegurada pelas normas que se referem à hierarquia ocupada. A posse de diplomas educacionais está habitualmente ligada à qualificação técnica para o cargo. O tipo puro sociológico de funcionário burocrático é nomeado por uma autoridade superior. Mas uma autoridade eleita pelos governados não é como tal, uma figura exclusivamente burocrática. A nomeação independe dos estatutos legais, mas da forma pela qual funciona o sistema. Em todas as circunstâncias, a designação de funcionários por meio de uma eleição entre os governados modifica o rigor da subordinação hierárquica.

O funcionário se prepara para uma carreira por concurso público, o que não impede que ocorra por determinado tempo a vigilância hierárquica para o cargo no serviço público. Foi esse tipo específico de poder que Michel Foucault chamou de “disciplina” ou “poder disciplinar”. E é justamente esse aspecto que explica o fato de que tem como alvo o corpo humano, não para supliciá-lo, mutilá-lo, mas para aprimorá-lo, adestra-lo. O que lhe interessa não é expulsar os homens da vida social, impedir o exercício de suas atividades, e sim gerir a vida dos homens, controla-los em suas ações para que seja possível e viável utilizá-los ao máximo, aproveitando suas potencialidades e utilizando um sistema de aperfeiçoamento gradual e contínuo de suas capacidades. É um objetivo ao mesmo tempo econômico e político: principalmente a partir de seu aumento do efeito de seu trabalho, isto é, tornar os homens força de trabalho dando-lhes uma utilidade econômica máxima; diminuição de sua capacidade de revolta, de resistência, de luta, de insurreição contra as ordens do poder, neutralização dos efeitos sociais de contrapoder, isto é, tornar os homens dóceis politicamente. Portanto, aumentar a utilidade econômica e diminuir os inconvenientes, os perigos políticos; aumentar a força econômica e diminuir expressivamente a sua força política. Situemos as suas características básicas. Em primeiro lugar, a disciplina é um tipo de organização do espaço. É uma técnica metodológica de distribuição dos indivíduos através da inserção dos corpos em um espaço individualizado, classificatório, combinatório.  

Isola em um espaço fechado, portanto, esquadrinhado, hierarquizado, capaz de desempenhar funções diferentes segundo o objetivo específico que deles se exige. Mas, como relações de poder disciplinar não necessitam de espaço fechado para se realizar, é essa sua característica menos importante. Em segundo lugar, e mais fundamentalmente, a disciplina é um controle do tempo. Isto é, ela estabelece uma sujeição do corpo ao tempo, com o objetivo de produzir o máximo de rapidez e o máximo de eficácia. Em terceiro lugar, a vigilância é um dos seus principais instrumentos de controle. Não uma vigilância que reconhecidamente se exerce de modo fragmentar e descontínuo; mas que é ou precisa ser vista pelos indivíduos que a ela estão expostos como forma contínua, perpétua, permanente; que não tenha limites, penetre nos lugares mais recônditos, esteja presente em toda extensão do espaço. Olhar invisível que permite impregnar quem é vigiado de tal modo que este adquira de si mesmo a visão panóptica de quem o olha. A disciplina, de fato, implica um registro contínuo de conhecimento. O olhar que observa para controlar não é o mesmo que transfere as informações para os pontos mais altos da hierarquia do poder? Seu objetivo econômico e político é tornar o homem útil e dócil.

Basta lembrarmos a importância estratégica que as relações de poder disciplinar desempenham nas sociedades modernas depois do século XIX, vem justamente do fato delas não serem negativas. Mas positivas, quando tiramos desses termos qualquer juízo de valor moral ou político e pensarmos unicamente na tecnologia empregada. É então, que, segundo Foucault, surge uma das teses fundamentais da genealogia: “o poder é produtor de individualidade”. O indivíduo é uma produção do poder e do saber. Atuando sobre uma massa confusa, desordenada e desordeira, o esquadrinhamento disciplinar faz nascer uma multiplicidade ordenada no seio da qual o indivíduo emerge como alvo do poder. Michel Foucault entende que nascimento da prisão em fins do século XVIII, não representou a massificação com relação ao modo como anteriormente se era encarcerado. O nascimento do hospício não destruiu a especificidade da loucura. É o hospício, ao contrário, que produz o louco como doente mental. Um personagem individualizado a partir da instauração de relações disciplinares. E antes da constituição das ciências humanas, no século XIX, a organização das paróquias, a institucionalização do exame de consciência e da direção espiritual e a reorganização do sacramento da confissão, que aparecem como importantes dispositivos de individualização. Em suma, o poder disciplinar não destrói o indivíduo; ao contrário, ele o fabrica. O indivíduo não é o outro do poder, realidade exterior, que é por ele anulado; é um de seus mais importes efeitos.                  

O objetivo é neutralizar a ideia que faz da ciência um conhecimento em que o sujeito vence as limitações reais ou imaginárias de suas condições particulares de existência instalando-se na neutralidade objetiva do universal e da ideologia um conhecimento em que o sujeito tem sua relação com a verdade perturbada, obscurecida, velada pelas condições reais de existência. Todo conhecimento, seja ele científico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto o sujeito quanto os domínios do saber. A investigação do saber não deve remeter a um sujeito de conhecimento que seria a sua origem, mas a relações de poder que lhe constituem. Não há saber neutro. Todo saber é político. E isso não porque cai nas malhas do Estado, é apropriado por ele, que dele se serve como instrumento de dominação, descaracterizando seu núcleo essencial. Mas porque todo saber tem sua gênese em relações de poder. O fundamental da análise teórica é que saber e poder se implicam mutuamente; não há relação de poder sem constituição de um campo de saber, como também, reciprocamente, todo saber constitui novas relações de poder. Todo ponto de exercício do poder é, ao mesmo tempo, um lugar de formação de saber. É assim que o hospital não é apenas local de cura, mas também instrumento de produção, acúmulo e transmissão de saber. 

Do mesmo modo que a escola está na origem da pedagogia, a prisão da criminologia, o hospício da psiquiatria. Mas a relação ainda é mais intrínseca: é o saber tal que se encontra dotado estatutariamente, institucionalmente, de determinado poder. O saber funciona dotado de poder. E enquanto é saber tem poder. A configuração do que Foucault denomina de “intelectual específico” se desenvolveu na 2ª grande guerra, e talvez o físico atômico tenha sido quem fez a articulação entre intelectual universal e intelectual específico. É porque tinha uma relação direta e localizada com a instituição e o saber científico que o físico atômico intervinha; mas já que a ameaça atômica concernia todo o gênero humano e o destino do mundo, seu discurso podia ser ao mesmo tempo o discurso do universal. Sob a proteção deste protesto que dizia respeito a todos, o cientista atômico desenvolveu uma posição específica na ordem do saber. E admite Foucault, pela primeira vez o intelectual foi perseguido pelo poder político, não mais em função do seu discurso geral, mas por causa do saber que detinha: é neste nível que ele se constituía como um perigo político. Mas o intelectual específico deriva de uma figura muito pobre e diversa do “jurista-notável”. O “cientista-perito”. O importante é que a verdade não existe fora do poder ou sem poder. A verdade é deste mundo, produzida nele graças a múltiplas coerções que produz efeitos regulamentados de poder.  Cada sociedade tem seu regime de verdade, seus tipos de discursos que faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados, sob nosso olhar, para a obtenção da verdade. 

Quem está de fora do poder, mas tem a capacidade analítica de interpretar o estatuto que delimita o seu campo de saber, percebe os efeitos de poder do que funciona como verdadeiro. É preciso repensar os problemas políticos dos intelectuais não mais em termos exclusivos da relação entre ciência e ideologia, mas sem abandoná-la, tendo em vista que a universidade pública é um domínio de casta, a forma natural pela qual costumam socializarem-se as comunidades étnicas que creem no parentesco de sangue com os membros de comunidades exteriores e o relacionamento social. Essa situação de casta é parte do fenômeno de povos párias e se encontra em todo o mundo, a análise pode ser religada na medida em que a questão da profissionalização, da divisão entre trabalho manual e intelectual, na esfera pública pode ser retomada. A verdade está circularmente ligada a sistemas de poder que a produzem e apoiam, e a efeitos de poder que ela induz e a reproduzem. Ipso facto, o problema político essencial para o intelectual não é apenas criticar os conteúdos ideológicos que privilegiam grupos no sistema educacional que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja acompanhada por métodos de inclusão democráticos. O que está em jogo num sistema de castas, que tomou o poder na universidade pública nos últimos 20 anos, é se podemos constituir uma nova arena política da verdade. Mas não se trata de libertar a verdade do sistema de poder, mas de desvincular o poder da verdade das formas com as quais ele legitima suas formas de saber. A genealogia analogamente exige a minúcia do saber, evidenciando um grande número de materiais acumulados. 

Na universidade estes materiais se esgueiram como sombras. Fazer a genealogia dos valores, da moral, do ascetismo, do conhecimento não será, portanto, partir em busca do que lhe é originário, mas ao contrário, se demorar nas meticulosidades e nos acasos dos projetos interrompidos pelos predecessores, prestar uma atenção escrupulosa à sua derrisória maldade; esperar vê-los surgir, máscaras enfim retiradas, com o rosto do outro, num trabalho de escavação incessante no campus, nos arquivos, sem deixar-lhes o tempo emascular o labirinto onde nenhuma verdade as manteve jamais sob a guarda. É preciso saber reconhecer os acontecimentos da história, seus abalos, suas surpresas, as vacilantes vitórias, as derrotas que dão conta dos atavismos e hereditariedades, com suas intensidades, seus desfalecimentos, seus furores secretos, suas grandes agitações febris como suas síncopes, é o próprio corpo do devir. É preciso ter um espírito metafísico para encontrar na alma a idealidade distinta. A pesquisa da proveniência não funda, muito pelo contrário: ela agita o que se percebia imóvel, ela fragmenta o que se pensava unido; ela mostra a heterogeneidade do que se imaginava em conformidade consigo mesmo. Façamos a análise genealógica dos reitores universitários em sua atenção “desinteressada”, em sua ligação à objetividade. Longe de ser uma categoria de semelhança, tal origem permite ordenar, para coloca-las a parte, todas as marcas diferentes. O genealogista parte em busca do começo, esta marca quase apagada que não saberia enganar um olho, por pouco histórico que seja; a análise da proveniência permite dissocia o Eu e fazer pulular lugares e recantos de sua síntese vazia, entre acontecimentos aparentemente perdidos. A proveniência permite também reencontrar sob o aspecto único de um caráter ou de um conceito a proliferação através dos quais eles se formaram. 

Metodologicamente a genealogia não pretende recuar no tempo para restabelecer uma grande continuidade para além da dispersão do esquecimento; sua tarefa não é a de mostrar que o passado ainda está lá, bem vivo no presente, animando-o ainda em segredo, depois de ter imposto a todos os obstáculos do percurso uma forma delineada desde o início. Seguir o filão complexo da proveniência é, ao contrário, manter o que se passou na dispersão que lhe é própria: é demarcar os acidentes, os ínfimos desvios, os erros, as falhas na apreciação, os maus cálculos que deram nascimento ao que existe e tem valor para nós; é descobrir que na raiz do que nós conhecemos e daquilo que nós somos – não existem a verdade e o ser, mas a exterioridade do acidente do que ficou do passado para compreendermos o presente. Na vã política em geral e particularmente na gestão acadêmica o passado nos condena.  A cena pública da verdade é sempre a mesma em que repetem indefinidamente os dominadores e os dominados. Homens dominam outros homens e é assim que nasce a diferença de valores; classes dominam classes e é assim que nasce a ideia de liberdade, homens se apoderam de coisas das quais eles têm necessidade para viver, eles lhes impõem uma duração que elas não têm, ou eles as assimilam pela força – e é o nascimento da lógica. Nem a relação de dominação é mais uma relação, nem o lugar onde ela se exerce é um lugar. E é por isto precisamente que em cada momento da história a dominação se fixa em um ritual; ela impõe obrigações e direitos; ela constitui cuidadosos procedimentos. Ela estabelece marcas, grava lembranças e até nos corpos; ela se torna responsável pelas dívidas. Universo de regras que não é destinado a adoçar, mas ao contrário a satisfazer a violência.  A regra é o prazer calculado da obstinação, é o sangue prometido. Ela permite reativar sem cessar o jogo da dominação; ela põe em cena uma violência meticulosamente repetida. A humanidade em geral não progride lenta de combate em combate, ela instala cada uma de suas violências em um sistema de regras, e prossegue assim num processo ad infinitum de dominação em dominação. 

A sociologia francesa do trabalho como disciplina científica teve como objeto central o operário do sexo masculino da empresa industrial, como figura arquetípica considerada universal. Com o crescimento do mercado feminino e o desenvolvimento do terciário, setor majoritariamente feminino. As pesquisas sobre divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo, relações sociais de gênero demonstraram que uma análise de gênero muda quase que radicalmente as condições de produção dos conhecimentos sobre o trabalho. Os trabalhos masculino e feminino são comparáveis se partimos do conceito marxista de trabalho, enquanto trabalho formal e informal, profissional e doméstico, remunerado e não-remunerado. A introdução do conceito de gênero nas análises da sociologia clássica do trabalho, como o emprego, o desemprego, a qualificação, os movimentos sociais, os modelos produtivos ou a “especialização flexível”, desloca a ordem tradicional masculina e produz novos conhecimentos. Qualificação do trabalho não tem a mesma significação conjugada no masculino ou no feminino. O desemprego tem implicações contrastadas para homens e mulheres. Os processos de “requalificação” atingem os homens e muito pouco as mulheres na produção. O trabalho não representa apenas a produção de objetos-mercadoria, a força de trabalho não é mais apenas sujeita à inércia das coisas, o trabalho não é mais apenas o instrumento da sociedade procurando organizar a sobrevivência. Trabalho, força de trabalho, capacidade de trabalho e trabalhador tendem a unificar-se em pessoas que se produzem reproduzindo o mundo. E essa produção ocorre igualmente nos locais de trabalho, escolas, bares, estádios, viagens, teatros, concertos, jornais, livros, exposições, comunas, bairros, grupos de discussão e de luta, em suma em todos os lugares onde os indivíduos relacionam-se uns com os outros e produzem o universo das relações humanas. 

Cada vez mais, essa produção tende a fazer parte integrante não somente da produção do homem, mas da reprodução necessariamente ampliada da própria força de trabalho. O desenvolvimento internacional e intercontinental das trocas; a divisão do trabalho em escala de espaços econômicos cada vez mais vastos; a tendência às especializações regionais e nacionais; a rapidez das comunicações massivas, põem cada atividade produtiva, através do jogo das mediações, cada vez mais numerosas com o universo inteiro e tendem à sua unificação prática.  Não queremos perder de vista que a disciplina é, antes de tudo, a análise do espaço. É a individualização pelo espaço, a inserção dos corpos em um espaço individual classificatório e combinatório. A disciplina exerce seu controle, não sobre o resultado de uma ação, mas sobre seu desenvolvimento. No século XVII, nas oficinas de tipo corporativo, o que se exigia do companheiro ou do mestre era que fabricasse um produto com determinadas qualidades. A maneira de fabricá-lo dependia da transmissão em geração. Se ensinava o soldado a lutar, a ser mais forte do que o adversário na luta individual da batalha. A partir do século XVIII, se desenvolve uma arte do corpo humano. Observa-se de que maneira os gestos são feitos, qual o mais eficaz, rápido e melhor ajustado. Nas oficinas aparece o famoso e sinistro personagem do contramestre, destinado não só a observar se o trabalho foi feito, mas como é feito, como pode ser mais rapidamente realizado e com gestos melhor adaptados. O famoso Regulamento da Infantaria Prussiana, que assegurou as vitórias de Frederico da Prússia, consiste em mecanismos de gestão disciplinar dos corpos.  

A disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e constante dos indivíduos. Não basta olhá-los às vezes ou ver se o que o que fizeram é conforme à regra. É preciso vigiá-los durante todo o tempo da atividade e submetê-los a uma perpétua “pirâmide de olhares”. Mas a disciplina implica um registro contínuo. Anotação do indivíduo e transferência da informação de baixo para cima, de modo que, no cume da pirâmide disciplinar escape a esse saber. No sistema clássico o exercício do poder era confuso, global e descontínuo, do soberano sobre grupos constituídos por famílias, cidades, paróquias, isto é, por unidades globais, e não um poder contínuo atuando sobre o indivíduo. A disciplina é o conjunto de técnicas pelas quais os sistemas de poder vão ter por alvo e resultado os indivíduos em sua singularidade. O exame é a vigilância permanente, classificatória, que permite distribuir os indivíduos, julgá-los, medi-los, localizá-los e, por conseguinte, utilizá-los ao máximo.  Através do exame, a individualidade torna-se um elemento de uso pertinente para o exercício do poder. A invenção dessa nova anatomia política não deve ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se segundo seu campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada de um presunçoso método geral. Não se trata de fazer aqui a história das diversas instituições disciplinares no que podem ter cada uma de singular: 1) ambas, neste caso, são instituições públicas gerenciadas por uma casta no poder; 2) Existe uma série de exemplos de algumas das técnicas essenciais empregadas que, de uma à outra, se generalizaram mais facilmente. 

Pequenas astúcias dotadas de um grande poder de difusão, arranjos sutis, de aparência inocente, mas profundamente suspeitos, são dispositivos que obedecem a economias inconfessáveis, ou que procuram coerções sem grandeza (assédio moral), são eles, entretanto que levaram à mutação do regime punitivo contemporâneo; 3) Descrevê-los metodicamente, nominalmente, implicará a demora sobre o detalhe da corrupção do pensamento e a atenção às minúcias: sob as mínimas figuras, procurar não um sentido, mas uma precaução; recoloca-las não apenas na solidariedade de um funcionamento, mas na coerência de uma tática; 4) Astúcias, não tanto de grande razão que trabalha até durante o sono, no sentido freudiano, e dá coerência ao insignificante quando da atenta malevolência que de tudo alimenta. A disciplina é uma anatomia política do detalhe. O que nos interessa é a racionalização utilitária do detalhe na contabilidade moral e no controle político. A regra das localizações funcionais no tempo e no espaço,  vai pouco a pouco codificar um espaço que a arquitetura, lembra Foucault, deixava geralmente livre e pronto para vários usos. Lugares determinados se definem para satisfazer não só à necessidade de vigiar, de romper as comunicações perigosas, mas também de criar um espaço útil. Temos assim, um dispositivo que asfixia e quadricula; tem que realizar uma apropriação sobre toda essa mobilidade e esse formigar humano, decompondo a confusão da ilegalidade e do mal. 

Essa gente, através do impedimento de elementos intercambiáveis, conquistados a duras penas, quer através da vigilância e punição, da prevaricação e do ressentimento acadêmico, quer individualizar corpos por uma localização que não os implanta, mas os distribui e os faz circular numa série de relações. O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e a sua combinação num procedimento que lhe é específico. A vigilância se torna um operador decisivo, na medida em que é ao mesmo tempo uma peça interna no aparelho de produção e uma engrenagem especial do poder disciplinar.  A arte de punir, no regime de poder disciplinar, não visa nem a expiação, nem mesmo exatamente a repressão. Põe em funcionamento cinco operações bem distintas: relacionar os atos, os desempenhos, os comportamentos singulares a um conjunto de práticas e saberes sociais, que é ao mesmo tempo campos de comparação, espaço de diferenciação e princípio de uma regra a seguir. Diferenciar os indivíduos em relação uns aos outros e em função dessa regra de conjunto – que se deve fazer funcionar como base mínima, como média a respeitar ou como o ótimo de que se deve chegar perto. Medir em termos quantitativos e hierarquizar em termos de valor as capacidades, o nível, a natureza humana dos indivíduos em sociedade. Fazer funcionar, através dessa medida valorizadora negativamente, a coação de uma conformidade a realizar. E por último, traçar o limite que definirá a diferença em relação a todas as diferenças, a fronteira externa do “anormal”. A penalidade que atravessa todos os pontos e controla todos os instantes das instituições disciplinares compara, diferencia, hierarquiza, homogeneíza, exclui. Em uma palavra, ela normaliza. 

Bibliografia Geral Consultada.

CAMEROTTO, Alberto, Le Metamorfosi della Parola. Pisa/Roma: Intituti Editoriali e Poligrafici Internazionale, 1998; SIMMEL, Georg, SIMMEL, Georg, “O Papel do Dinheiro nas Relações entre os Sexos - Fragmento de uma Filosofia do Dinheiro”. In: Filosofia do Amor. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993; pp. 41-65; Idem, La Tragédie de la Culture. Paris: Petite Bibliothèque Rivages, 1988; Idem, El Individuo y la Libertad: Ensayos de Crítica de la Cultura. Barcelona: Ediciones Península, 2001; TAVARES, Ana Maria, Armadilhas para os Sentidos: Uma Experiência no Espaço-Tempo da Arte. Tese de Doutorado em Artes. Departamento de Artes Plásticas. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo, 2000; BOTTON, Alain de, Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho. São Paulo: Editora Rocco, 2009; AUGÉ, Marc, Non-Lieux. Introduction à une Anthropologie de la Surmodernité. Paris: Éditions du Seuil, 1992; Idem, La Guerre des Rêves. Exercices d’Ethno-Fiction. Paris: Éditions du Seuil, 1997; Idem, El Antropólogo y el Mundo Global. México: Siglo Veintiuno Editores, 2014; Idem, O Duplo da Vida: Etnologia, Viagem, Escrita. Maceió: Editora da Universidade Federal de Alagoas, 2014; MEDEIROS, Adriana Silva, Liderança Feminina nas Organizações: Discursos sobre a Trajetória de Vida e de Carreira de Executivos. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado em Gestão e Negócios. Porto Alegre: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2014; JESUS, Carolina Maria de, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. São Paulo: Editora Ática, 2020; RIBEIRO, Ulisses Alves Maciel, Não-lugar: Um Olhar sobre as Metrópoles Contemporâneas. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2015; AMORIM, Lidiane Ramirez de, Em Busca de uma Cartografia dos (Não/Entre) Lugares da Comunicação em Multinacionais. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Comunicação Social. Porto Alegre: Madrid: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2015; COURTINE, Jean-Jacques; HAROCHE, Claudine, História do Rosto. Exprimir e Calar as Emoções (Do século 16 ao começo do século 19). Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2016; FISCHER, Rosa Maria Bueno; ALMANSA, Sandra Espinosa, “Cinema, Escrita de Si e Alteridade: Experimentações com Jovens Universitários”. In: Educação: Teoria e Prática, vol. 34, n° 68, pp. E 55, 2024; VILASBÔAS, Kleyde Jomara Lessa, “Considerações Sobre o Dispositivo de Autoria, Segundo Michel Foucault”. In: Polymatheia – Volume 18 – Número 1 – 2025; entre outros.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Taylor Swift – Eras Tour, Colisão da Paixão & Brinde Filme-Concerto.

                                                 O amor nunca se perde quando a perspectiva é conquistada”. Taylor Swift

                                                          

       A geração Y, também chamada “geração do milênio”, “geração da internet”, ou “milênicos”, do inglês: Millennials, não queremos perder de vista que é um conceito em sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, o final do século. Especificamente, o instituto de pesquisa Pew Research Center classifica como geração Y os nascidos entre os anos 1981 e 1996, e outros como os nascidos entre os anos de 1982 e 2004. A escritora norte-americana Kathleen Shaputis descreveu os Millennials como “geração boomerang”, ou “geração Peter Pan”, porque foi percebido neles uma tendência a “demorar alguns ritos de passagem para a idade adulta por períodos mais longos do que as gerações anteriores”. Essa referência é comparada também para os membros desta geração, que tendem a viver com seus pais por períodos de tempo mais longos do que gerações anteriores. Essa geração (cf. Mannheim, 1993) desenvolveu-se com avanços tecnológicos e prosperidade, facilidade material, e efetivamente, em ambiente altamente urbanizado, imediatamente após a instauração do domínio da virtualidade como sistema de interação social e midiática (cf. Durkheim, 2020), e em parte, no nível das relações de trabalho. Se a geração X foi concebida na transição para o “novo mundo tecnológico”, a geração Y foi a primeira verdadeiramente nascida neste meio, mesmo que incipiente. É importante notar que não existe geração Y no campo, se a natureza da renda da família e da cidade estão relacionadas a um histórico de trabalhos braçais e tradicionais, rurais, ou tradicionais manufatureiras. Há uma diferença significativa entre as modalidades de prosperidade econômica e níveis de interação material mundiais, quando comparadas as duas gerações (X e Y). 

           Na primeira, a quantidade de elementos lúdicos (cf. Mendonça, 2013), de brinquedos, artefatos e eletrodomésticos ou qualquer nível de produto na cadeia social é muito menor que na segunda, e em contrapartida, mais duradouro e predisposto à manutenção ao invés do descarte e a questão “atualização” (update). A dinâmica da “manutenção” e “reciclagem econômicas” foram dramaticamente alteradas na virada do milênio, encabeçadas por potências como o Japão, Tigres Asiáticos e Estados Unidos da América, onde os ciclos de descarte fazem parte da produção local. Taylor Alison Swift nasceu em Reading, 13 de dezembro de 1989 é uma cantora, compositora, produtora musical, diretora e empresária norte-americana. Reconhecida por suas composições narrativas que geralmente concentram-se em sua vida pessoal, ao qual recebem ampla cobertura midiática. Nascida em West Reading, Pensilvânia, Swift mudou-se para Nashville, Tennessee, aos 14 anos, para seguir uma carreira na música country. No mesmo período, ela assinou contrato com a Sony/ATV Music Publishing e em 2005 com a gravadora Big Machine Records, que lançou seus dois primeiros álbuns, o homônimo (2006) e Fearless (2008). Esse último, certificado de diamante nos Estados Unidos das América, foi o primeiro de todos os seus discos seguintes a alcançar o topo da Billboard 200. Seus lançamentos posteriores, Speak Now (2010), Red (2012), 1989 (2014) e Reputation (2017) venderam para o mercado de consumo, cada um, mais de um milhão de cópias em suas semanas de estreia em terras estadunidenses, tornando Swift “a primeira artista na história a realizar esse feito”. Os três últimos citados recalibraram sua imagem do country para a música pop. Após assinar com a Republic Records em 2018, ela lançou Lover (2019) e o documentário autobiográfico Miss Americana (2020).

Swift explorou estilos folk nos álbuns Folklore e Evermore (ambos de 2020) e gêneros pop moderados em Midnights (2022) e The Tortured Poets Department (2024), os dois que também “debutaram” com vendas acima de 1 milhão de cópias em seu país natal, enquanto também regravou quatro de seus discos, sob o título (Taylor`s Version) após uma disputa sobre a propriedade de suas masters com a Big Machine. E sua démarche sua carreira ela “decolou” com 12 músicas em 1° lugar na reconhecida tabela Billboard Hot 100, incluindo “We Are Never Ever Getting Back Together” (2012), “Shake It Off”, “Blank Space”, “Bad Blood”, “Look What You Made Me Do”, “Cruel Summer”, “All Too Well”, “Cardigan” e “Anti-Hero. A Eras Tour (2023–24”) e o registro etnográfico de mesmo nome são, respectivamente, a turnê musical e o filme-concerto com a maior bilheteria de todos os tempos; Swift se tornou a primeira bilionária a “ter a música como principal fonte de renda e a artista feminina de maior bilheteria em turnê”. Do ponto de vista do mercado fonográfico estima-se que Swift tenha vendido cerca de 200 milhões de cópias com seus trabalhos, sendo reconhecida como uma “recordista em vendas no mundo”. Entre seus diversos prêmios e reconhecimentos encontram-se 14 Grammy Awards, sendo o único artista a vencer quatro vezes na categoria Álbum do Ano, 1 Emmy Award, 30 MTV Vídeo Music Awards (VMA) e 84 recordes mundiais no Guinness World Records, uma edição publicada  que contém uma coleção de recordes e superlativos reconhecidos internacionalmente, tanto em termos de performances humanas como de extremos da natureza.                                            


Uma das primeiras memórias musicais de Swift é ouvir sua avó materna, Marjorie Finlay (1928-2003), cantar na igreja. Quando criança, ela gostava das trilhas sonoras dos filmes da Disney: “Meus pais perceberam que, uma vez que as palavras acabavam, eu inventava as minhas”. Swift disse que deve sua confiança à mãe, que a ajudou a se preparar para as apresentações em classes quando criança. Ela também atribui seu “fascínio por escrever e contar histórias” à mãe. Swift atraiu-se pelo aspecto narrativo da música country, e foi introduzida ao gênero ouvindo “as grandes artistas country dos anos 90” - Shania Twain, Faith Hill e Dixie Chicks. Twain, como compositora e intérprete, foi sua maior influência musical. Hill foi o modelo de infância de Swift: “Tudo o que ela disse, fez, usou, eu tentei copiá-la”. Ela admirava a atitude desafiadora das Dixie Chicks e sua capacidade de tocar seus próprios instrumentos. Cowboy Take Me Away (1999) da banda foi a primeira música que Swift aprendeu a tocar no violão. Swift também se inspirou na música de estrelas country mais antigas, incluindo Patsy Cline (1932-1963), Loretta Lynn (1932-2022), Dolly Parton e Tammy Wynette (1942-1998). Ela acredita que Parton é “um exemplo incrível para todas as compositoras por aí”. Artistas do country alternativo como Ryan Adams, Patty Griffin e Lori McKenna também inspiraram Swift.  Swift lista o irlandês Paul McCartney, The Rolling Stones, Bruce Springsteen, Emmylou Harris, Kris Kristofferson e Carly Simon como seus modelos de carreira. 

Sobre McCartney e Harris, Swift disse: “Eles se arriscaram, mas também foram o mesmo artista durante toda a carreira”. McCartney, tanto como Beatle quanto como artista solo, faz Swift se sentir “como se eu tivesse entrado em seu coração e em sua mente [...] Ele ainda está na ativa e deixando seus fãs muito felizes. Qualquer músico poderia sonhar com um legado como esse”. Ela gosta de Springsteen por ser “tão musicalmente relevante depois de tão longo de tempo”. Ela aspira a ser como Harris à medida que envelhece por priorizar a música sobre a fama. Swift diz de Kristofferson que ele “brilha nas composições”, e admira Simon por ser “uma pessoa emocional”, mas “uma pessoa forte”. Swift foi influenciada por outros artistas estrangeiros. Como pré-adolescente, ela gostava de artistas bubblegum pop, incluindo Hanson e Britney Spears, por quem Swift tinha uma “devoção inabalável”. Na época do Ensino Médio, ela ouvia bandas de emo-rock como Jimmy Eat World (1993), Dashboard Confessional (1999), Fall Out Boy (2001), e artistas de pop/ R&B como Justin Timberlake, a quem ela chamava de “crush musical”. O quinto álbum de Swift, 1989, tendo como escopo o pop, foi influenciado por alguns de seus artistas pop favoritos dos anos 1980, incluindo Peter Gabriel, Annie Lennox, Phil Collins e a Era Like a Prayer de Madonna. Após seu lançamento, Like a Prayer recebeu aclamação universal dos críticos musicais, que elogiaram seu tom introspectivo, sua coesão e o crescente mérito artístico de Madonna. Sobre ela, Swift disse: “Um elemento da carreira de Madonna que realmente ocupa o centro do palco é quantas vezes ela se reinventou. É mais fácil ficar com um olhar, uma zona de conforto, um estilo musical. É inspirador ver alguém cuja única qualidade previsível está sendo imprevisível”. Swift nomeou Pete Wentz e Lana Del Rey seus letristas favoritos.

Em publicações da Rolling Stone e The Daily Telegraph, Swift é citada como “uma das maiores compositoras de todos os tempos, além de ter sido eleita a quinta maior mulher da história da música” pela revista Bustle, o principal destino digital para jovens mulheres. Além disso, ela foi homenageada como artista e mulher da década na 47ª edição do American Music Awards, e pela Billboard, respectivamente. Também é tida como um ícone da cultura popular “devido à sua influente carreira, filantropia e empoderamento feminino”. Em 2024, a Billboard elegeu Swift como a segunda maior estrela pop do período 2000-2024. Em 2025, a revista a reconheceu como a artista feminina mais bem sucedida do século 21 em suas paradas musicais. Seu pai, Scott Kingsley Swift, é um consultor financeiro da Merrill Lynch. Scott também nasceu na Pensilvânia e é descendente de três gerações de presidentes de bancos. Sua mãe, Andrea (sobrenome de solteira Finlay), é uma “dona de casa” que anteriormente trabalhou como executiva de marketing de um fundo de investimento. Andrea passou dez anos de sua vida em Singapura, antes de se mudar para o Texas; seu pai era engenheiro de plataforma de petróleo que trabalhou entre o território do Sudeste Asiático. Swift em sua démarche recebeu o nome de gênero neutro “Taylor” porque sua mãe acreditava que este iria de fato ajudar a formar uma carreira empresarial de sucesso. A cantora possui um irmão mais novo, Austin, que foi estudante da Universidade de Notre Dame, uma universidade católica norte-americana e vinculada à Congregação de Santa Cruz. Taylor passou seus primeiros anos de vida em uma fazenda aonde eram cultivados pinheiros de Natal, no Condado de Montgomery.

 Estudou a pré-escola e jardim de infância na Alvernia Montessori School, dirigida por freiras franciscanas, sendo mais tarde educada no colégio Wyndcroft, uma instituição particular para ambos os sexos em Pottstown, também localizado no estado norte-americano de Pensilvânia. Quando a artista tinha nove anos, sua família se mudou para Wyomissing, aonde foi aluna do West Reading Elementary Center e da Wyomissing Area Junior/Sênior High School. Ela passava o verão na casa de férias de praia de seus pais em Stone Harbor, Nova Jersey, e descreveu-o, com afeto, como o lugar onde a maioria das suas memórias de infância foram formadas. A família da artista possuía vários cavalos “quarto de milha” e um pônei nascido em Shetland. O primeiro hobby da cantora foi hipismo, comumente reconhecido como equitação (inglês da Comunidade Britânica) ou hipismo (inglês norte-americano), inclui as disciplinas de equitação, condução e salto. Esta descrição ampla inclui o uso de cavalos para fins práticos de trabalho, transporte, atividades recreativas, exercícios artísticos ou culturais e esporte competitivo. Os cavalos são treinados e montados para fins práticos de trabalho, como no trabalho policial ou para controlar “animais de rebanho em uma fazenda”. Ipso facto, eles são usados ou tem utilidde de uso, ​​em esportes competitivos, adestramento, equitação de resistência, concurso completo de equitação (CCE), rédeas, saltos, estacas de tenda, polo, corrida de cavalos, atrelagem e rodeio.         

Algumas formas populares de competição são agrupadas em exposições de cavalos, onde os cavalos se apresentam em uma ampla variedade de disciplinas. Cavalos (e outros equídeos, como mulas) são usados ​​para passeios recreativos não competitivos, como caça à raposa, cavalgadas ou hacking. Há acesso público a trilhas para cavalos em quase todas as partes do mundo; muitos parques, fazendas e estábulos públicos oferecem passeios guiados e independentes. Os cavalos também são usados ​​para fins terapêuticos, tanto em competições paraequestres especializadas quanto em passeios não competitivos para melhorar a saúde humana e o desenvolvimento emocional. Os cavalos também são conduzidos em corridas de arreios, em exposições de cavalos e em outros tipos de exibições, como encenações ou cerimônias históricas, muitas vezes puxando carruagens. Em algumas partes do mundo, eles ainda são usados ​​para fins práticos, como na agricultura. Os cavalos continuam a ser utilizados no serviço público, em cerimónias tradicionais (desfiles, funerais), em patrulhas montadas pela polícia e por voluntários e em operações de busca e salvamento a cavalo. Os picadeiros, também conhecidos como arenas, permitem o treinamento do cavalo e do cavaleiro em todas as condições climáticas, como a equitação em competições em ambientes fechados.

Sua mãe a colocou em uma sela pela primeira vez quando ainda tinha nove meses de idade, e posteriormente ela competiu em rodeios. Quanto tinha nove anos, Swift se interessou por teatro musical. Ela se apresentou em várias produções da Berks Youth Theatre Academy e viajou regularmente para a Broadway para aulas de canto e atuação. Ela então voltou sua atenção para a música country; as obras musicais de Shania Twain, uma cantora e compositora canadense de música country e pop. Com 100 milhões de cópias vendidas no mundo todo, tornou-se a mais bem sucedida cantora na história da música country e uma das bem sucedidas artistas de todos os tempos, por um bom motivo a fizeram “simplesmente querer correr em uma quadra quatro vezes e ter fantasias com tudo”. Seus finais de semana eram suprassumidos em festivais locais, feiras, cafeterias, concursos de caraoquê, clubes de jardim, encontros de escoteiros e eventos esportivos. Aos onze anos, após várias tentativas falhadas, Swift venceu uma competição musical após interpretar “Big Deal” de LeAnn Rimes, uma cantora, compositora e atriz americana. Ela originalmente alcançou o sucesso como uma artista de música country aos 13 anos e desde então cruzou para o pop, o gospel contemporâneo e outros gêneros musicais, tornando-se assim o ato de abertura para um concerto de Charlie Daniels em um anfiteatro de Strausstown. Esta ambição crescente começou a isolar a jovem de seus colegas do Ensino Médio. Após assistir a um episódio de Behind the Music sobre Faith Hill, a cantora “sentia-se segura de que precisava ir para Nashville, Tennessee para buscar sua carreira musical”. Ainda em seus onze anos de vida, ela e sua mãe viajaram para Nashville para as férias de primavera e deixar fitas demo de interpretações de canções de Dolly Parton e Dixie Chicks, reconhecida por serem musicistas country para gravadoras musicais de Music Row. Várias gravadoras a rejeitaram, e ela percebeu que “todos em sua cidade queriam fazer o que eu queria fazer. 

Então, eu fiquei pensando a mim mesma, eu preciso achar um jeito de ser diferente”. Um ano depois, um técnico em informática a ensinou como tocar três acordes em um violão, inspirando-a a escrever sua primeira canção, Lucky You. Ela anteriormente tinha ganho um concurso nacional de poemas com Monster in My Closet, mas projetou sua atenção em compor músicas. Em 2003, Taylor e seus pais começaram a negociar com Dan Dymtrow, gerente musical de Nova York. Com a ajuda dele, a jovem se tornou garota-propaganda da Abercrombie & Fitch como parte da campanha Rising Stars, teve uma música incluída na compilação da Maybelline e participou de reuniões com as principais gravadoras estadunidenses. Após interpretar canções próprias em um showcase da RCA Records, a aluna da 8ª série recebeu um contrato de artista em desenvolvimento e fez frequentes viagens para Nashville com sua mãe. Quando tinha quatorze anos, o pai da musicista foi transferido para o escritório da Merrill Lynch no Tennessee, e a família se realocou em uma casa à beira de um lago em Hendersonville. Ela descreveu o momento como “um incrível sacrifício” que sua família tinha que fazer. “Meus pais notaram que eu estava obcecada, que eu não iria deixar isso de lado, que não era só uma fase”. No estado, ela foi educada na Hendersonville High School durante seu ano de caloura e o segundo ano. Para encaixar os estudos com sua Agenda de Concertos, ela transferiu-se para a Aaron Academy, uma escola cristã particular que oferecia serviços de “ensino doméstico”. Ela recebeu seu diploma do Ensino Médio em 2008, completando full time seus dois últimos anos de estudos em apenas doze meses. O primeiro single de Swift, Tim McGraw, foi lançado no verão de 2006 e seu álbum de estreia, Taylor Swift, foi lançado no dia 19 de junho de 2006.

A intérprete escreveu e co-escreveu todas as canções do projeto, que estreou na parada Billboard 200 na posição 19 e vendeu mais de 67 mil cópias na primeira semana. Em seguida, chegou à primeira posição da parada Billboard Top Country Albums e em 5° lugar na Billboard 200. Mesmo assim, o álbum ocupou a primeira posição das paradas de country durante oito semanas consecutivas. No total, ela ficou no topo das listas por 24 semanas, junto com as Dixie Chicks e com Carrie Underwood, que também são as únicas artistas country, nesta década, que ficaram no topo das paradas por mais de 20 semanas. Vendeu até agora a promissora marca de mais de cinco milhões de cópias. Em junho de 2008, no CMA Music Festival, ocorrido em Nashville, Swift assinou autógrafos por aproximadamente oito horas seguidas. Foi a sessão de autógrafos mais longa desde a maratona de 23 horas de Garth Brooks, em 1996. Em 2008, Swift colocou à venda uma reedição de seu disco, com o nome de Beautiful Eyes, somente disponível no Wal-Mart. Trata-se de um CD duplo, no qual são incluídas duas canções inéditas (Beautiful Eyes e I Heart). Na primeira semana de lançamento, o álbum vendeu 45 000 cópias, estreando na 1ª posição na tabela Billboard Top Country Albuns e na #9 na Billboard 200.

Como seu álbum de estreia homônimo em segundo lugar na mesma semana, Swift se transformou na primeira artista a atingir as duas primeiras posições da Top Country Álbuns chart desde que LeAnn Rimes o fez em 1997. Em julho de 2008, Swift se graduou na Academia Aaron, uma escola Cristã em Hendersonville, Tennessee, que oferece um programa de ensino em casa. O segundo álbum de estúdio de Swift, Fearless, foi lançado em 11 de novembro de 2008. O single principal, Love Story, foi lançado em setembro de 2008. Chegou ao número quatro na Billboard Hot 100 e número um na Austrália. Mais quatro singles foram lançados entre 2008 e 2009: White Horse`, You Belong with Me, Fifteen e Fearless. Aliás, You Belong With Me foi o single com maior número de álbuns na Billboard Hot 100, alcançando o número dois. O álbum estreou no número um na Billboard 200 e foi o álbum mais vendido de 2009 nos Estados Unidos. A primeira turnê de shows de Swift, a Fearless Tour, promoveu o álbum e arrecadou mais de US$ 63 milhões. Journey to Fearless, uma minissérie de documentários em três partes, foi “ao ar” na televisão e depois lançado em DVD e Blu-ray. Swift também se apresentou como um ato de abertura à turnê mundial Escape Together de Keith Urban.

Em 2009, o videoclipe de You Belong with Me foi nomeado Melhor Vídeo Feminino no MTV Vídeo Music Awards de 2009. Onde teve seu discurso interrompido pelo rapper Kanye West, um incidente que se tornou objeto de controvérsia, atenção generalizada da mídia e muitos memes da Internet. Naquele ano, Swift ganhou cinco American Music Awards, incluindo Artista do Ano e Álbum de Country Favorito. Foi nomeada pela Billboard como Artista do Ano de 2009. O álbum ficou em 99º lugar na lista da NPR de 2017 dos 150 maiores álbuns feitos por mulheres.  No Grammy Awards de 2010, Fearless foi nomeado em Álbum do Ano e Melhor Álbum Country, e White Horse foi nomeado em Melhor Canção Country e Melhor Performance Vocal Country Feminina. Swift foi o artista mais jovem a vencer o prêmio de Álbum do Ano. Durante a cerimônia, Swift cantou You Belong With Me e Rhiannon com Stevie Nicks, uma performance que recebeu críticas e causou reação da mídia. Jon Caramanica, do The New York Times, considerou “refrescante ver alguém tão talentoso fazer um palavrão ocasional” e descreveu Swift como “a nova estrela pop mais importante dos últimos anos”. Swift se tornou o artista mais jovem a ser nomeado Artista do Ano pela Country Music Association (CMA). Fearless também ganhou o prêmio CMA Album of the Year.                               

Taylor Swift contribuiu com os vocais de apoio de Half of My Heart, de John Mayer, um single de seu quarto álbum, Battle Studies (2009). Ela co-escreveu e gravou Best Days of Your Life com Kellie Pickler, e co-escreveu duas músicas para a trilha sonora de Hannah Montana: O Filme – You`ll Always Find Your Way Back Home e Crazier. Swift também forneceu vocais para Two Is Better Than One, do Boys Like Girls. Ela contribuiu com duas músicas para a trilha sonora do filme Valentine`s Day (2010), incluindo a música country Today Was a Fairytale, que se tornou seu primeiro número 1 na parada Canadian Hot 100 e sua segunda música número dois nos Estados Unidos da América. Enquanto filmava sua estreia cinematográfica no filme Valentine`s Day em outubro de 2009, Swift iniciou um “relacionamento romântico” com a co-estrela Taylor Lautner; eles terminaram no final daquele ano. A comédia romântica, lançada em 2010, a viu interpretar a namorada chique de um atleta do Ensino Médio, um papel que o jornal Los Angeles Times sentiu que mostrava que Swift tinha “um sério potencial cômico”. Por outro lado, em uma crítica contundente, um crítico da revista Variety a considerou “totalmente não direcionada”, argumentando que “ela precisa encontrar um diretor qualificado para reprimi-la e canalizar sua energia obviamente abundante”. Swift fez sua estreia na TV em um episódio de 2009 de CSI: Crime Scène Investigation da rede norte-americana CBS, interpretando “uma adolescente de 16 anos (ela tinha 19)”.

Foi a realização “de um sonho”, pois a cantora, fã da série, sempre dizia que queria viver uma personagem no drama policial. Ela encarnou Hayley, garota que é a principal vítima do episódio, chamado de “De Volta no Tempo” (16º da nona temporada). Logo na segunda cena, Hayley apareceu morta, de olhos abertos, no estacionamento molhado de um hotel gerenciado pelos seus pais. O investigador Nick Stokes (George Eads) ficou encarregado de resolver o caso. Mais tarde naquele ano, Swift apresentou e se apresentou como convidado musical em um episódio do Saturday Night Live e foi o primeiro anfitrião a escrever seu próprio monólogo de abertura. Em sua presença, o programa teve a maior audiência em dois meses. A Entertainment Weekly a descreveu como “a melhor apresentadora do Saturday Night Live desta temporada até agora”, observando que “ela estava sempre pronta para o desafio, parecia estar se divertindo e ajudou o resto do elenco a acertar as piadas”. Mais adiante naquele ano, Swift apresentou e se apresentou como convidado musical em um episódio do Saturday Night Live e foi “o primeiro anfitrião a escrever seu próprio monólogo de abertura”. O programa teve a maior audiência em dois meses. A Entertainment Weekly a descreveu como “a melhor apresentadora do Saturday Night Live desta temporada até agora”, observando que “ela estava sempre pronta para o desafio, parecia estar se divertindo e ajudou o resto do elenco a acertar as piadas”.

Na verdade, mutatis mutandis, a classe médica em geral acaba por marginalizar as ideias de Freud; seu único confidente durante esta época é o médico Wilhelm Fliess. Depois que o pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas recebidas por Fliess, Freud, naquele período, dedica-se a anotar e analisar seus próprios sonhos, remetendo-os à sua própria infância e, no processo, determinando as raízes de suas próprias neuroses. Tais anotações tornam-se a fonte etnográfica para a obra A Interpretação dos Sonhos. Durante o curso desta autoanálise, Freud chega à conclusão de que seus próprios problemas eram devidos a uma atração por sua mãe e a uma hostilidade em relação a seu pai. É o que constitui o famoso “complexo de Édipo”, que se torna o coração, pois, da teoria de Freud sobre a origem da neurose em todos os seus pacientes investigados. Nos primeiros anos do século XX, são publicadas suas obras em que contém essencialmente as suas teses e hipóteses de trabalho principais: “A Interpretação dos Sonhos” e “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”. Nesta época, Freud já não mantinha mais contato nem com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as tiragens das obras não animavam Freud, mas logo médicos de vários lugares: Eugen Bleuler, Carl Jung, Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi, respaldam às suas ideias e passam a compor o “Movimento Psicanalítico”.

Por sua vida inteira, Freud teve uma posição financeira modesta, também Marx ou Nietzsche. Josef Breuer foi, no início, um aliado de Freud em suas ideias e também um aliado com patrocínio financeiro. Freud criou o termo “psicanálise” para designar um método, mas também uma teoria e, na prática, uma técnica para investigar cientificamente os processos inconscientes e de outro modo inacessíveis do psiquismo. Foi com o decorrer das discussões de casos clínicos com Breuer que surgiram as ideias que culminaram com a publicação dos primeiros artigos sobre a psicanálise. O primeiro caso clínico relatado deve-se a Breuer e descreve o tratamento dado sua paciente Bertha Pappenheim, chamada de “Anna O”, no livro e posteriormente no cinema, que demonstrava vários sintomas clássicos de histeria. O método de tratamento consistia na chamada “cura pela fala”, ou “cura catártica”, na qual o ou a paciente discute sobre as suas associações com cada sintoma e, com isso, os faz desaparecer. Esta técnica tornou-se o centro de manejo das técnicas de Freud, que também acreditava, cientificamente, que as memórias ocultas ou “reprimidas” nas quais se baseavam os sintomas de histeria eram sempre de natureza sexual. Entretanto, Breuer não concordava com Freud, o que levou à separação de ideias entre eles logo após a publicação dos casos clínicos em sociedades científicas. 

Pelo menos desde 1899, com a publicação do conspícuo ensaio A Interpretação dos Sonhos, o austríaco Sigmund Freud se transformou num dos pensadores mais polêmicos da história social e, portanto, clínica. Desacreditada inicialmente, a psicanálise, o método e a técnica por ele concebido para o tratamento dos problemas psíquicos e a compreensão da mente humana, chegou a ser considerada a última palavra da ciência sobre a questão. Há quem despreze (e não são poucos) essas novas posições psicológicas e clínicas e defenda apaixonadamente as teorias de Freud cuja essência considera-se correta e aparentemente inquestionável. Mais importante do que essa discussão é descrever os fundamentos da doutrina psicanalítica e apresentar as principais contribuições que ela refez à ciência, à filosofia, à antropologia e à sociologia em seu surgimento. Simplificadamente, sabemos que a psicanálise interpreta as manifestações da psique, as tendências sexuais (ou libido), e as fórmulas morais e limitações condicionantes do indivíduo. São dois os fundamentos da teoria psicanalítica: 1) Os processos psíquicos são em sua imensa maioria inconscientes, a consciência não é mais do que um sopro vida psíquica; 2) os processos psíquicos inconscientes são dominados por nossas tendências sexuais reprodutivas. Freud pretendeu descrever a vida do ponto de vista pessoal e individual, mas pública e, recorrendo a essas tendências sexuais a que chamou de libido.       

Com esse termo, o pai da psicanálise designou a “energia sexual” de maneira mais geral e indeterminada. Assim, por exemplo, em suas primeiras manifestações sociais, a libido liga-se as funções vitais: no bebê que mama, o ato de sugar o seio materno provoca outro prazer além do de obter alimento e esse prazer passa a ser buscado por si mesmo. Na abordagem psicanalítica fundada por Sigmund Freud, o indivíduo se constitui como um ente à parte do social e que compõe o nível de análise social. Freud refere-se aos aspectos que compõem um estado instintivo humano e que acaba por se tornar inibido em prol da convivência em comunidade. A inibição destes aspectos, que são instintivos, consiste numa privação de características que são inatas aos homens, e, esta própria privação, acaba por consistir em determinados descontentamentos. Neste sentido, os homens em civilização ou civilizados demonstram-se descontentes na busca de sua felicidade, pois seus instintos não são prontamente atendidos em sociedade. No seu ensaio: “O mal-estar da civilização”, Freud elabora uma discussão filosófico-social a partir de sua teoria psicanalítica. O autor desenvolve a ideia pragmática segundo a qual, em sociedade, “não há avanço sem perdas”. A ideia central que desenvolve nesta obra é a de que a civilização é inimiga da satisfação dos instintos humanos. A sociedade modifica a natureza humana individual, constitui o homem como membro da comunidade, adaptando-o a um processo vital que torna o indivíduo um ente social. Em 1923, no livro “O Ego e o Id”, Freud expôs uma divisão da mente humana em três partes: 1) o ego que se identifica à nossa consciência; 2) o superego, que seria a nossa consciência moral, os princípios sociais e as proibições que nos são inculcadas nos primeiros anos de vida e que nos acompanham de forma inconsciente a vida inteira; 3) o id, isto é, os impulsos múltiplos da libido, dirigidos sempre para o prazer. 

A influência que Freud exerceu em várias correntes da ciência, da arte, da sociologia e da filosofia foi enorme. Mas não se deve deixar de dizer que muitos filósofos, psicólogos e psiquiatras fazem sérias objeções ao modo como o pai da psicanálise e seus discípulos apresentam seus conceitos: como “realidades absolutas” e não como suportes ou “instrumentos” de explicação que podem ser ultrapassados pela dinâmica científica e, em alguns casos, foram mesmo. Em uma de suas últimas obras “O Mal-Estar na Civilização”, publicado em 1930, Freud descreve a história da humanidade como a “luta entre os instintos de vida” (Eros) e “os da morte” (Tanatos), teoria cujo pioneirismo deu ao fator sexual que era - até Freud - uma área de quase absoluta ignorância para a ciência em geral e a filosofia. A psicanálise é o que se faz através da conversação. Em suas teorias, Freud afirma que os pensamentos são desenvolvidos por processos diferenciados, relacionando tal ideia à de que o nosso cérebro trabalha essencialmente no campo da semântica. A mente desenvolve os pensamentos num sistema intrincado de linguagem baseada em imagens, as quais são meras representações de significados latentes. Em diversas obras Freud não só desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente humana, como articula o conteúdo do inconsciente ao ato da fala, especialmente aos atos falhos. Para Freud, a consciência humana subdivide-se em três níveis analíticos: consciente, pré-consciente e inconsciente. O primeiro nível de análise contém o material perceptível; o segundo nível, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro nível contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem. Os níveis de consciência estão distribuídos entre as três entidades que formam a mente humana, ou seja, o Id, o Ego e o Superego.

Segundo Freud, o conteúdo do inconsciente é, muitas vezes, reprimido pelo Ego. Para driblar a repressão, as ideias inconscientes “apelam” aos mecanismos definidos por Freud em sua obra: “A Interpretação dos Sonhos”, como deslocamento e condensação. Estes dois, mais tarde, seriam relacionados por Romain Jacobson à metonímia e metáfora, respectivamente. Portanto, as representações de ideias inconscientes manifestam-se nos sonhos como símbolos imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala, o inconsciente consegue expelir ideias recalcadas através dos chistes ou atos falhos. Freud propõe que as piadas ou as “trocas de palavras por acidente” nem sempre são inócuas. Antes, são mecanismos da fala que articulam ideias aparentes com ideias reprimidas, são meios pelos quais é possível exprimir os instintos primitivos. Semelhante à análise dos sonhos, a análise da fala seria um caminho psicanalítico para investigar os desejos ocultos do homem e as causas das psicopatologias. – “É na palavra e pela palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial”. Freud cria uma inter-relação entre os campos da linguística e da psicanálise, que será retomada por estudiosos posteriores, como ocorre precisamente nos Séminaire de seu incontestavelmente maior intérprete: Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981).

Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do “Estádio do Espelho”. O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor e ódio. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise. Esse registro é o do simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Claude Lévi-Strauss (1908-2009) afirmava que “os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o “Grande Outro” que antecede o sujeito, que só se constitui através deste – “o inconsciente é o discurso do Outro”, “o desejo é o desejo do Outro”. O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de relatos de sonhos, naqueles fenômenos que Jacques Lacan (1901-1981)nomeia como “formações do inconsciente”. A isto comumente se refere o aforismo lacaniano segundo o qual “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”: biblioteca, escrivaninha e o célebre divã. Eis tudo o que se esperaria encontrar no ambiente de trabalho de Sigmund Freud: um aficionado por arqueologia. Era enobrecido por mais de 2 mil peças antiquíssimas: esculturas de porte médio ou menor, fragmentos de pintura em gesso, papiro e linho, recipientes e pedaços de vidro.

O Red foi lançado em 22 de outubro de 2012, incorporando novos gêneros para o Swift, como heartland rock, dubstep e dance-pop. O álbum foi um sucesso crítico e comercial e estreou no número 1 na Billboard 200, com vendas na primeira semana de 1,21 milhão de cópias. Isso marcou as maiores vendas de abertura em uma década nos Estados Unidos, e fez de Swift a primeira mulher a ter dois milhões de lançamentos de álbuns, um recorde reconhecido pelo Guinness Book. A Red Tour foi de março de 2013 a junho de 2014 e arrecadou mais de US$ 150 milhões; quebrou o recorde de vendas de ingressos na China, “com todos os 18 000 ingressos vendidos em 60 segundos”. Red ganhou vários elogios, incluindo quatro indicações ao Grammy Awards de 2014. Seu single I Knew You Were Trouble ganhou o prêmio de Melhor Vídeo Feminino no MTV Video Music Awards de 2013. Swift foi nomeada Melhor Artista Country Feminina no American Music Awards de 2012 e Artista do Ano na cerimônia de 2013. Ela recebeu o prêmio Compositora/Artista da Nashville Songwriters Association pelo quinto e sexto ano consecutivos em 2012 e 2013. Swift também foi homenageada pela Associação com um Pinnacle Award especial, fazendo dela a segunda recebedora do prêmio depois de Garth Brooks. Durante esse período, ela teve um “relacionamento de curto prazo” com o cantor britânico Harry Styles. Em 2013, Swift co-escreveu e coproduziu Sweeter than Fiction com Jack Antonoff para a trilha sonora do filme One Chance (2013) e recebeu uma indicação de Melhor Canção Original no 71º Golden Globe Awards. Ela participou da música de Tim McGraw Highway Don`t Care, com a participação também de Keith Urban. Swift tocou As Tears Go By com os The Rolling Stones em Chicago, Illinois, como parte de sua turnê 50 & Counting e disse que a banda foi uma grande influência nas perspectivas de sua carreira. Ela também se juntou à Florida Georgia Line no palco durante seu show no Country Radio Seminar de 2013 para cantar Cruise. Swift dublou Audrey, uma amante das árvores, no filme de animação O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida (2012), fez uma participação especial na série de comédia New Girl (2013), e teve um papel coadjuvante adaptação d`O Dador de Memórias (2014).

Em março de 2014, Swift se mudou para Nova York. Ela estava trabalhando em seu quinto álbum de estúdio, 1989, com os corroteristas Antonoff, Max Martin, Shellback, Imogen Heap, Ryan Tedder e Ali Payami. Ela promoveu o álbum através de várias campanhas, inclusive “convidando fãs para sessões secretas de audição de álbuns”. Creditado como seu “primeiro álbum pop oficial e documentado”, marcou uma nova fase da carreira. O álbum foi lançado em 27 de outubro de 2014, com críticas positivas. Em 1989 vendeu 1,28 milhão de cópias nos Estados Unidos durante a primeira semana de seu lançamento e estreou no topo da Billboard 200. Isso fez da Swift a “primeira artista a ter três álbuns vendendo mais de 1 milhão de cópias na semana de abertura, pela qual entrou no Guinness World. No final de 2014, ela se tornou o primeiro ato desde os Beatles a “ter quatro álbuns de estúdio consecutivos registrando pelo menos seis semanas no topo da Billboard 200”. Em junho de 2017, 1989 havia vendido mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. O single principal, Shake It Off, foi lançado em agosto de 2014 e estreou no número um na Billboard Hot 100. O álbum gerou dois singles número um adicional - Blank Space e Bad Blood (com Kendrick Lamar) -, bem como as dez primeiras entradas Style e Wildest Dreams, e outros singles, Out of the Woods e New Romantics. Vale lembrar que Shake It Off, Blank Space e Bad Blood também lideraram as paradas na Austrália e no Canadá. Depois que Blank Space alcançou o número um nos Estados Unidos imediatamente após Shake It Off, Swift se tornou a primeira mulher na história do Hot 100 a ter sucesso substituindo o outro no 1° lugar. O videoclipe de Blank Space foi brevemente o “vídeo mais rápido a alcançar 1 bilhão de visualizações no Vevo”. O vídeo de Bad Blood quebrou o recorde de 24 horas do Vevo e conquistou dois troféus nos MTV Vídeo Music Awards de 2015, incluindo Vídeo of the Year. A The 1989 World Tour ocorreu de maio a dezembro de 2015, arrecadou mais de US$ 250 milhões, quebrou vários recordes de turnê e foi a turnê com maior bilheteria do ano.

Swift foi nomeada Mulher do Ano da Billboard em 2014, tornando-se “o primeiro artista a ganhar o prêmio duas vezes”. Nesse ano, ela também recebeu o Dick Clark Award for Excellence no American Music Awards. Em 2015, Swift ganhou o Brit Award para “artista solo internacional feminina”. Swift foi um dos oito artistas a receber um prêmio de aniversário de 50 anos no Academy of Country Music Awards de 2015. Em 2016, ela ganhou três Grammy Awards de Best Pop Vocal Album, Album of the Year e Best Music Vídeo de Bad Blood. Ela se tornou a primeira mulher e o quinto ato geral a vencer o primeiro deles duas vezes como artista principal, bem como o primeiro ato a fazê-lo com álbuns de diferentes gêneros. Em 2015, Swift comprou o Samuel Goldwyn Estate em Beverly Hills, Los Angeles e trabalhou para restaurar a casa à sua condição original. É uma casa localizada no número 1200 da Laurel Lane, em Beverly Hills, Califórnia. Foi projetada pelos arquitetos americanos Douglas Honnold e George Vernon Russell para o produtor polonês-americano Samuel Goldwyn (1879-1974) e a atriz norte-americana Frances Howard (1903-1976), tendo sua construção concluída em 1934. A propriedade foi da família Goldwyn até 2015, quando foi comprada e reformada e restaurada pela cantora e compositora americana Taylor Swift. Goldwyn e Howard realizaram diversos eventos sociais na casa, com convidados como Marlene Dietrich, Charlie Chaplin, Clark Gable, Frank Capra, Katharine Hepburn, Irving Berlin, Ginger Rogers, Jock Whitney, Lucille Ball, Eleanor Roosevelt, Norma Shearer e Harpo Marx. A casa foi declarada Patrimônio Histórico Nacional em 2017 e abriga o estúdio de gravação de Swift, o Kitty Committee Studio, inaugurado em abril de 2020.      

Em março de 2015, ela começou a namorar o DJ escocês e produtor musical Calvin Harris, e em junho, eles foram classificados como “o casal de celebridades” mais bem pago no ano passado pela revista Forbes, com ganhos combinados de mais de US$ 146 milhões. Depois que Swift e Harris anunciaram o fim de seu relacionamento em junho de 2016, a música que eles escreveram juntos, This Is What You Came For, que contou com vocais de Rihanna, foi lançada para o sucesso internacional. Swift foi creditado inicialmente sob o pseudônimo de Nils Sjöberg. No mesmo mês, Swift começou a namorar o ator inglês Tom Hiddleston, a quem conheceu no evento do Met Gala que copresidiu naquele ano; o relacionamento terminou vários meses depois. Em agosto, Swift abordou o diagnóstico de câncer de sua mãe e incentivou outras pessoas a fazer exames médicos. Em 2016, a TAS Rights Management, empresa de gestão e holding de direitos de propriedade intelectual da Swift, registrou 73 marcas registradas relacionadas a Swift e aos memes da Era de 1989. Em setembro, ela começou a namorar o ator britânico Joe Alwyn. Em outubro, Little Big Town lançou Better Man, escrito exclusivamente por Swift, para seu sétimo álbum, The Breaker. A música rendeu a Swift um prêmio de Canção do Ano no 51º CMA Awards. Dois meses depois, Swift e o cantor britânico Zayn Malik lançaram juntos um single chamado I Don`t Wanna Live Forever para a trilha sonora do filme Fifty Shades Darker (2017), um filme erótico americano, continuação de Fifty Shades of Grey, baseado no best-seller e livro da autora britânica E. L. James, com direção de James Foley e roteiro de Niall Leonard. 

É protagonizado por Dakota Johnson e Jamie Dornan, com Eric Johnson, Eloise Mumford, Bella Heathcote, Rita Ora, Luke Grimes, Victor Rasuk, Kim Basinger e Marcia Gay Harden como coadjuvantes. A música alcançou o n° 1 na Suécia e o n° 2 nos Estados Unidos. No MTV Video Music Awards de 2017, a dupla ganhou o prêmio de Melhor Colaboração pelo videoclipe da música. Em 2016, segundo a revista Forbes, a cantora é a famosa que mais dinheiro ganha no mundo. Taylor Swift teve em 2016, 170 milhões de dólares (154 milhões de euros) de proveitos. Em agosto de 2017, Swift processou e venceu um julgamento civil contra David Mueller, uma ex-personalidade de programa matutino da KYGO-FM de Denver. Quatro anos antes, Swift informara “os chefes de Mueller de que ele a atacara sexualmente, apalpando-a em um evento. Depois de ser demitido, Mueller acusou Swift de mentir e processou-a por fazê-lo perder o emprego. Pouco depois, Swift contra-processou por agressão sexual’. O júri rejeitou as alegações de Mueller e decidiu em favor de Swift. Depois “limpou suas contas de redes social” e lançou Look What You Made Me Do (2017) como o single principal de seu sexto álbum, Reputation. A música foi lançada em 25 de agosto de 2017, servindo como o primeiro single do álbum e foi acompanhada por um vídeo com a letra. A canção liderou as paradas na Austrália, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos. Seu videoclipe ganhou mais de 43,2 milhões de visualizações durante seu primeiro dia no YouTube, quebrando “o recorde do site de videoclipe mais visto em 24 horas”. Em outubro, Swift lançou o segundo single do álbum, ...Ready for It?, que ficou em terceiro lugar na Austrália e em número quatro nos Estados Unidos.  

Dois singles promocionais foram lançados do Reputation, Gorgeous e Call It What You Want. Gorgeous mais tarde se tornou o quinto single do álbum na Europa. Que os rostos dos atores sociais célebres sejam frequentemente reproduzidos pode parecer algo anódino. Na verdade, trata-se de um fenômeno novo que traduzia o lugar que o teatro assumia na vida urbana do século XVIII, que se inscrevia também em uma transformação mais ampla da cultura visual. Com frequência imagina-se que a celebridade moderna esteja ligada à reprodução maciça das imagens, caraterística do século XX. As novas tecnologias de produção e de reprodução da figura humana, a partir da fotografia, e sobretudo com o cinema e a televisão, teriam transformado a história da celebridade, para fazer a visibilidade a forma dominante da notoriedade. É incontestável que essas tecnologias tenham transformado de maneira considerável o universo midiático, bom como nossa relação com a imagem. Os retratos das estrelas estão, disponíveis profusamente, fixos ou móveis, em close ou com teleobjetiva. No entanto, uma transformação da cultura visual já acontecera ao longo do século XVIII, fundada em inovações técnicas, como a gravura em couro a buril e a água-forte, que permitiam tiragens bastante importantes, outrora inacessíveis para a gravura em madeira, e imagens mais fiéis.

 A mutação era sobre social e cultural. Nos grandes centros urbanos, os retratos eram cada vez mais visíveis, em todas as formas de suporte – dos retratos pintados, expostos nos salões da Academia, as figuras de porcelana que se tornaram na moda, passado pelas inúmeras gravuras vendidas nas bancas dos comerciantes. Mas a celebridade não se reduz à visibilidade e à presença de imagens: ela se alimenta, na mesma medida, de narrativas, de discursos, de textos, como demonstra o jornalismo de fofoca. Também no âmbito do impresso, as mutações foram decisivas do século XVIII. O público alfabetizado conheceu um crescimento, e a relação com o livro, com a leitura, transformou-se largamente. Atividade erudita nos séculos precedentes, a leitura muda doravante de estatuto, conforme demonstrado pelo sucesso dos romances, dos impressos baratos, e, sobretudo, dos jornais, que se multiplicam, a partir do século XVII, por toda a Europa. Os jornais literários e as gazetas políticas, sobretudo, chamaram a atenção dos historiadores. Os primeiros asseguram a comunicação intelectual entre meios eruditos, ao lado das correspondências pessoais, que haviam estruturado, a primeira República das Letras. Os segundos inauguraram uma nova era de informação política, que não circula mais unicamente sob a forma de correspondências manuscritas ou rumores orais, mas por meio de organismos de imprensa. Para os teóricos do espaço público, foi por meios dos jornais, e nos lugares de sociabilidade reservados à sua leitura coletiva e ao seu comentário, que o uso público da razão se forjou no século das Luzes. Quando Kant, em O Que é o Iluminismo?  descreve a Auflarklärung como um processo de emancipação individual e coletivo permitido pelo uso que cada um faz da razão “diante do público que lê” (cf. Lilti, 2018), refere-se aos leitores de jornais.

E foi, em um deles, nomeadamente Berlinische Monatsshcrift, que esse texto famoso apareceu em 1784, no quadro de um debate sobre as questões do casamento religioso. Alguns anos mais tarde, Hegel poderá chegar a escrever que a leitura do jornal da manhã tornou-se “a prece do homem moderno”. Entretanto, ao lado dos homens eruditos e políticos que relatam as notícias diplomáticas e políticas, recenseiam as novidades científicas e literárias ou acolhem debates intelectuais, existem, no século XVIII, outros jornais, cada vez mais numerosos, muitos deles mais interessados na atualidade da alta sociedade e na cultural, no sentido amplo. Eles oferecem a seus leitores as notícias dos espetáculos e dos lançamentos literários, dos principais acontecimentos literários e políticos, mas também os faits divers mais notórios e, cada vez mais, anedotas sobre a vida, pública e privada, das pessoas célebres. Por mais que esses periódicos tenham chamado menos a atenção dos historiadores, eles contribuíram de maneira decisiva para moldar a consciência das camadas médias urbanas de que elas constituíram um público. A atualidade era alimentada tanto por faits divers e escândalos quanto por tratados e batalhas. O conjunto dessas transformações marca a entrada em uma nova era midiática, que, espirituosamente, um historiador propôs chamar de Print 2.0, para indicar que se trata de uma verdadeira guinada na história do impresso, de seus usos e de seus efeitos. A comunicação mediatizada, que difunde textos e imagens para um público indefinido, potencialmente ilimitado, torna-se uma condição ordinária da comunicação e concorre com as formas tradicionais fundadas na oralidade, na co-presença e na reciprocidade. O álbum foi lançado em novembro e vendeu 1,21 milhão de cópias nos Estados Unidos da América, tornando-se o álbum mais vendido do país em 2017. Com essa conquista, ela se tornou o primeiro ato a ter quatro álbuns que vendem 1 milhão de cópias em uma semana nos Estados Unidos da América. 

O álbum liderou as paradas em vários países, incluindo EUA, Reino Unido, Austrália e Canadá. As vendas mundiais da primeira semana totalizaram 2 milhões de cópias. Reputation viu Swift tomar uma nova direção, musicalmente; o álbum é reconhecido por seu som mais urbano e influências de hip hop e EDM (Electronic Dance Music), que abrange diversos gêneros de música eletrônica produzidos para festivais e raves.  Naquele mês, Swift tocou ... Ready for It? e Call It What You Want no Saturday Night Live. O programa humorístico mais antigo da TV americana está “no ar” há mais de três décadas, mas o formato tecnológico essencial não mudou: trazer uma celebridade de primeiro time para apresentar o show como convidado e jogá-lo (ou jogá-la) em esquetes com os comediantes da equipe, que já incluíram nomes que hoje são consagrados, como Will Ferrell, Jimmy Fallon, Tina Fey, Jane Curtin, Chevy Chase, Bill Murray e Mike Myers. Toda semana o show oferece também dois números musicais de alguém no topo das paradas, ou querendo chegar lá. End Game, com Ed Sheeran e o rapper intitulado: Future, seguiu em novembro como o terceiro single e alcançou o n° 18 nos Estados Unidos. Outros singles do álbum incluem New Year`s Day, lançado exclusivamente para a rádio country, e o hit Delicate. Em abril de 2018, Swift apareceu em Babe, do Sugarland. Em apoio à Reputation, ela embarcou em sua aclamada pela crítica Reputation Stadium Tour de maio a novembro de 2018. A turnê quebrou vários recordes de presença e ganhos brutos nos Estados Unidos da América, recebendo US$ 266,1 milhões e vendendo mais de 2 milhões de ingressos. Taylor Swift quebrou seu próprio recorde extraordinariamente para a turnê doméstica de maior bilheteria por uma mulher, bem como o recorde da turnê norte-americana de maior bilheteria da história da música. A turnê arrecadou US$ 345,7 milhões, fazendo dela a segunda turnê de concertos com maior bilheteria do ano. No American Music Awards de 2018, Swift venceu a Turnê do Ano, Artista do Ano, Artista Feminina Pop/Rock Favorita e Álbum Pop/Rock Favorito. Com um total de 23 prêmios, ela se tornou a artista feminina mais premiada da história do AMA, um recorde anteriormente mantido por Whitney Houston.

Whitney Elizabeth Houston (1963-2012) representou uma premiada cantora, compositora, atriz, produtora, supermodelo e empresária norte-americana. É considerada pela crítica como a “melhor cantora de todos os tempos”. Seus poderosos vocais, que alcançavam extensões muito altas, principalmente nos melismas e vibratos, aliados às tessituras suaves, e seu extremo talento artístico na composição de letras e melodias, fizeram-na ser reconhecida. O que aparece no mundo ético como ordem e harmonia de suas duas essências, uma das qualidades confirma e completa a outra, torna-se através do ato uma transição de opostos, em que cada qual se demonstra mais como anulação de si mesmo e do outro do que como sua confirmação. Transforma-se no movimento negativo, ou na eterna necessidade do destino, que devora no abismo de sua simplicidade tanto a lei divina quanto a lei humana, como também das duas consciências-de-si em que essas duas potências têm, em seu ser-aí. O fundamento do qual e sobre o qual esse movimento procede é o reino da eticidade; mas a atividade desse movimento é a consciência-de-si. Segundo Hegel (2007), como consciência ética, ela é a pura orientação simples para a essencialidade ética, o dever. Nela não existe nenhum árbitro, e nenhum conflito, nenhuma indecisão, foram abandonados o legislar e o examinar das leis. A essencialidade ética é para essa consciência o imediato, inabalável e imune à contradição. Não se oferece o triste espetáculo de uma colisão da paixão com o dever, e ainda menos cômico da colisão do dever contra dever.

Whitney Houston de fato foi a artista mais premiada de todos os tempos, de acordo com o Guinness World Records (2009). Sua lista de prêmios inclui dois Emmy Awards, sete Grammy Awards; dezesseis Billboard Music Awards, 22 American Music Awards, num total de 415 prêmios conquistados em sua carreira até 2013. Uma das artistas mais bem sucedidas da música popular, vendeu mais de 400 milhões de discos em todo o mundo. Uma colisão que segundo o conteúdo equivale à colisão entre paixão e dever, pois, a paixão é também capaz de ser representada como dever. Mas com efeito, o dever, quando a consciência se retira de sua essencialidade substancial imediata para dentro de si mesma, torna-se o Universal-formal em que se adapta igualmente bem qualquer conteúdo. Porém é cômica a colisão de deveres, por exprimir a contradição, e justamente a contradição de um Absoluto oposto; assim exprime um absoluto e imediatamente, a nulidade desse suposto absoluto, ou dever. A consciência ética, porém, sabe o que tem de fazer e está decidida a pertencer seja à lei divina, seja à lei humana. Essa imediatez de sua decisão é um ser-em-si e tem, por isso, ao mesmo tempo a significação de um ser natural. O que assigna um sexo a uma lei e o outro sexo a outra, é a natureza, e não a contingência das circunstâncias ou da escolha. 

Ou, inversamente quando ocorre em que as duas potências éticas se conferem, nos dois sexos, seu ser-aí individual e sua efetivação. A parte a eticidade consiste nessa decisão imediata, e assim para a consciência, só uma lei é a essência; e como de outra parte as potências éticas são efetivas no Si da consciência, recebem elas a significação de se excluírem e se oporem: na consciência-de-si elas são para si, assim como no reino da eticidade são apenas em-si. Em abril de 2019, Swift lançou “Me!”, em parceria com Brendon Urie do Panic! at the Disco (2023) como primeiro single do seu sétimo álbum de estúdio, Lover. Foi uma banda norte-americana de pop rock/pop punk de Las Vegas, Nevada. A banda foi formada em 2004 pelos amigos de infância Ryan Ross, Spencer Smith, Brendon Urie e Brent Wilson. A canção debutou em cem na Billboard Hot 100 e três dias depois saltou para dois, sendo o maior (salto) em uma semana na história da parada de sucessos. O vídeo clipe quebrou o recorde da Vevo, bem como do YouTube, de mais visualizações de um vídeo de uma cantora nas primeiras 24 horas com 65,2 milhões de visualizações. A música recebeu críticas mistas e Swift removeu uma letra “muito difamada” da música do álbum. Em junho, ela lançou o segundo single You Need to Calm Down que estreou e alcançou o número dois na Billboard Hot 100. Em julho, ela lançou o single promocional do álbum, The Archer. A faixa-título foi lançada como terceiro single do álbum, e tornou-se o seu terceiro single consecutivo a estrear no Top 10 da Hot 100.

Lover foi lançado em 23 de agosto de 2019 e vendeu cerca de 867 000 unidades nos Estados Unidos na primeira semana, sendo 679 000 em vendas puras, fazendo com que o álbum estreasse em primeiro lugar na Billboard 200 e tornando Swift a primeira artista feminina a ter seis álbuns vendendo mais de 500 mil cópias em uma única semana. Todas as 18 “faixas” do álbum foram mapeadas simultaneamente nas paradas da Billboard Hot 100, quebrando recordes com “mais entradas simultâneas no Hot 100 por uma artista feminina e maior quantidade de estreias simultâneas do Hot 100 por uma artista feminina”. Swift promoveu o álbum e seus singles em várias apresentações ao vivo. Em 1° de maio de 2019, Swift fez a primeira apresentação ao vivo do single Me! no Billboard Music Awards de 2019, com Brendon Urie, em Las Vegas, nos Estados Unidos. Swift e Urie cantaram a canção novamente no final da décima sexta temporada de The Voice, em 21 de maio. Swift cantou Me! solo na final da décima quarta temporada de Next Top Model Alemanha, em 22 de maio. Em 24 de maio, ela apareceu no talk show britânico The Graham Norton Show, como uma convidada musical, cantando Me!. Em 25 de maio, Swift cantou Me! nas quartas-de-final da oitava temporada de The Voice: La Plus Belle Voix, a edição francesa do The Voice. No MTV Video Music Awards de 2019, os vídeos de Me! e You Need to Calm Down receberam doze indicações. Me! venceu a categoria de “melhores efeitos visuais” e You Need to Calm Down venceu as de “Vídeo do Ano” - tornando Swift “a primeira mulher e a segunda artista a ganhar o prêmio por um vídeo que codirigiu - e Vídeo do Bem”. Swift foi ao Ato de Abertura na cerimônia de premiação.

Até o final de 2019, Lover se tornou “o álbum físico mais vendido do ano nos EUA e o álbum mais vendido por uma artista feminina em todo o mundo”. Swift foi nomeada a artista global mais vendida do ano pela International Federation of the Phonographic Industry (IFPI) e se tornou a primeira mulher a ganhar a honra duas vezes, tendo vencido anteriormente em 2014. Lover e seus singles receberam três indicações ao Grammy Awards de 2020. O álbum foi indicado a Melhor Álbum Vocal Pop, que é a terceira indicação consecutiva de Swift na categoria, após 1989 (2014) e Reputation (2017). You Need to Calm Down foi indicado para Melhor Desempenho Solo de Pop enquanto a faixa-título Lover foi indicada para Canção do Ano. Em junho de 2019, a Big Machine Records, antiga gravadora de Swift, foi adquirida pelo gerente de talentos Scooter Braun, uma “compra que incluía o domínio de seus seis primeiros álbuns de estúdio”. Em um post no Tumblr, Swift criticou fortemente a transação, afirmando que ela tentava comprar os álbuns há anos e descreveu Braun como um “valentão incessante e manipulador”. Em agosto, Swift anunciou planos para regravar os álbuns em novembro de 2020. Em novembro, Swift disse que Scott Borchetta, fundador da Braun e da Big Machine, a impediu de apresentar suas músicas mais antigas no American Music Awards de 2019 e de usar material mais antigo em seu documentário da Netflix, Miss Americana. A Big Machine negou as duas alegações e disse que eram devidos “milhões de dólares e múltiplos ativos” por Swift. Em resposta, os representantes de Swift divulgaram correspondência mostrando um executivo da Big Machine se recusando a conceder licenças para o documentário e declararam que a Big Machine devia a Swift quase US$ 8 milhões em royalties não pagos. Em 18 de novembro, a Big Machine divulgou um comunicado dizendo que “concordou em conceder todas as licenças das apresentações de seus artistas para transmitir pós-show e retransmitir em plataformas mutuamente aprovadas” para o American Music Awards, embora não tenha mencionado o Swift por nome. Swift ganhou seis American Music Awards naquele ano, incluindo o Artista da Década para os anos 2010. 

Em novembro de 2019, Swift foi incluída na lista dos Maiores Artistas de Todos os Tempos da Billboard no número oito, a colocação mais alta de um ato que estreou no século XXI.[ Nesse mesmo mês lançou uma música original que escreveu com Andrew Lloyd Webber intitulada: Beautiful Ghosts para o filme Cats (2019). Em abril de 2020, a Big Machine lançou o Live from Clear Channel Stripped 2008, um álbum ao vivo de uma performance de um programa de rádio de 2008. Swift disse que não autorizou o lançamento. Em dezembro, ela compôs, gravou e lançou um single de Natal, Christmas Tree Farm, e atuou como Bombalurina na adaptação cinematográfica do musical Cats, de Lloyd Webber. Embora os críticos tenham analisado o filme negativamente, muitos observaram o breve papel de Swift como saldo positivo do filme. Em 23 de janeiro de 2020, o documentário Miss Americana estreou no Festival Sundance de Cinema de 2020 e foi lançado na Netflix em 31 de janeiro, com críticas positivas. A obra inclui a música Only the Young, que Swift escreveu após as eleições norte-americanas de 2018. No mesmo mês, ela lançou uma versão ao vivo da música The Man e seu videoclipe. Lover Fest, a turnê de Swift em apoio ao álbum, foi adiada para 2021 devido à pandemia. Ela tocou Soon You`ll Get Better pela primeira vez como parte do concerto on-line com benefícios de One World: Together at Home. As filmagens do concerto City of Lover de 2019 da Swift em Paris foram ao ar pela ABC em 17 de maio de 2020 e foram disponibilizadas para transmissão no Hulu e Disney+ no dia seguinte. Swift também lançou versões ao vivo das faixas do álbum Lover que ela apresentou no único show em Paris após a estreia do especial de televisão. Em 2020, Swift lançou dois álbuns surpresa, sem focar muito em suas promoções. O primeiro, seu oitavo álbum de estúdio Folklore, foi lançado em 24 de julho. O segundo, seu nono álbum de estúdio Evermore, foi lançado em 11 de dezembro. 

Swift escreveu e gravou os álbuns enquanto estava isolada durante a pandemia, trabalhando com os produtores Jack Antonoff e Aaron Dessner, membro da banda The National. Ambos os álbuns incluem colaborações com Bon Iver, e Evermore apresenta colaborações com The National e Haim. O namorado de Swift, Joe Alwyn, co-escreveu e coproduziu algumas músicas de ambos os álbuns sob o pseudônimo de William Bowery. A produção do Folklore foi discutida no documentário Folklore: The Long Pond Studio Sessions, dirigido por Swift e lançado em 25 de novembro. Descritos por Swift e Dessner como “gravações irmãs”, ambos os álbuns abraçam o folk indie e o rock alternativo, deixando de lado os lançamentos pop otimistas anteriores da cantora. Nos Estados Unidos, Folklore e Evermore contaram com três singles cada um - um para rádio mainstream, um para rádio country e um para a rádio triple A. Os singles, respectivamente, foram Cardigan, Betty, Exile (com Bon Iver); e Willow, No Body, No Crime (com Haim) e Coney Island (com The National). Na Alemanha, Folklore foi apoiado por outro single, The 1. Os singles principais de cada álbum, Cardigan e Willow, estrearam no topo da Billboard Hot 100 na mesma semana em que seus respectivos álbuns estrearam no topo da Billboard 200, fazendo “com que Swift se tornasse a primeira artista a estrear no topo das paradas de singles e álbuns dos EUA simultaneamente”. Cada álbum vendeu mais de um milhão de unidades em todo o mundo em sua primeira semana, com Folklore vendendo dois milhões. Folklore quebrou o Recorde Mundial do Guinness para o maior número de streams em um álbum no primeiro dia de uma artista feminina no Spotify, com mais de 80,6 milhões de reproduções, além de ter sido o álbum mais vendido de 2020 nos EUA, com 1,2 milhão de cópias vendidas. Swift foi a musicista mais bem paga de 2020 e a cantora solo melhor paga em todo o mundo. No American Music Awards de °2020, Swift ganhou três prêmios, incluindo Artista do Ano pela terceira vez consecutiva. Folklore ganhou Álbum do Ano no 63º Grammy Awards, tornando Swift a primeira mulher  a ganhar a categoria três vezes.

Após a controvérsia de seus masters, Swift lançou a primeira regravação de seu catálogo anterior, Fearless, em 9 de abril de 2021. A regravação de seu álbum de 2008, Fearless, alcançou o topo da Billboard 200, tornando-se o primeiro álbum regravado a atingir tal feito. O lançamento oficial do álbum foi precedido por três de suas faixas musicais: Love Story (Taylor`s Version), You All Over Me (Taylor`s Version), From The Vault, com Maren Morris e Mr. Perfectly Fine (Taylor's Version) (From The Vault). Love Story (Taylor`s Version), regravação do single Love Story de 2008, fez de Swift a segunda artista, depois de Dolly Parton, a ter tanto sua obra original quanto a regravação dela na posição número 1 do Hot Country Songs. Swift lançou Wildest Dreams (Taylor`s Version), a regravação de seu single de 2015, Wildest Dreams, em 17 de setembro de 2021, após a música original conquistar um sucesso repentino no aplicativo TikTok. A segunda regravação de seu catálogo anterior, Red - regravação de seu álbum de 2012, Red - foi lançada em 12 de novembro de 2021. Seu single promocional, All Too Well (10 Minute Version) (Taylor`s Version) (From The Vault) - uma versão estendida da faixa de Red All Too Well - estreou em 1° lugar no Hot 100, tornando-se a música de duração mais longa da história a atingir o topo da parada. O curta-metragem escrito e dirigido por Swift, All Too Well, foi lançado junto à regravação em 12 de novembro de 2021, sendo estrelado pela própria Swift, Sadie Sink e Dylan O'Brien. Swift foi a musicista feminina mais bem paga de 2021, enquanto Red (Taylor`s Version), Fearless (Taylor`s Version), Evermore e Folklore foram o 2°, 5°, 6° e 8° álbuns mais vendidos do ano, respectivamente.

Além de suas atividades solo, Swift participou do single Gasoline, da edição expandida do álbum de Haim, 2020 Women in Music Pt. III, e de Renegade e Birch, presentes no álbum How Long Do You Think It's Gonna Last? da banda Big Red Machine. Em maio de 2021, Swift foi premiada com o Global Icon Award pelo Brit Awards e com o Songwriter Icon Award pela National Music Publishers` Association. Swift também foi escalada para o filme Amsterdam, dirigido por David O. Russell, lançado em 4 de novembro de 2022. O décimo álbum de estúdio da cantora, Midnights, foi lançado em 21 de outubro de 2022. O álbum foi o quinto de Swift a estrear no topo da Billboard 200, com vendas na primeira semana de mais de 1 milhão de cópias e quebrou vários recordes de vendas e streaming. No 65º Grammy Awards, All Too Well: The Short Film venceu o prêmio de Melhor Vídeo Musical e Midnights ganhou o prêmio de Melhor Álbum Pop Vocal e o quarto álbum do ano de Swift no Grammy Awards de 2024. Swift se tornou “a artista com mais prêmios de Álbum do Ano na história do Grammy”. Ela embarcou na The Eras Tour em março de 2023. Os meios de comunicação cobriram extensivamente o impacto cultural e econômico da viagem, e sua perna nos Estados Unidos quebrou o recorde de maior número de ingressos vendidos em um dia. A Ticketmaster recebeu críticas do “público e de figuras políticas por mau uso na venda de ingressos e suposto monopólio na indústria de concertos musicais”. Um filme-concerto da turnê, lançado nos cinemas de todo o mundo em 13 de outubro de 2023, se tornando o filme-concerto de maior bilheteria na história. 

A artista continuou lançando seus álbuns regravados durante a Eras Tour. É o caso de Speak Now, lançado em 7 de julho de 2023, fez de Swift “a mulher com o maior número de álbuns em primeiro lugar na história da Billboard 200, superando Barbra Streisand”. Em seguida, 1989 foi lançado em 27 de outubro de 2023 e se tornou o sexto álbum de Swift a vender 1 milhão de cópias em uma única semana nos Estados Unidos da América.  No 66º Grammy Awards, Swift anunciou seu décimo primeiro álbum de estúdio, The Tortured Poets Department, lançado em 19 de abril de 2024. Um álbum duplo, intitulado: The Anthology, foi lançado de surpresa no mesmo dia, contendo quinze canções adicionais. Tornou-se “o primeiro álbum a acumular um bilhão de streams no Spotify em uma única semana e liderou as paradas de vários países, incluindo Austrália, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido. Nos Estados Unidos, The Tortured Poets Department estreou no topo da Billboard 200 com 2,6 milhões de unidades na primeira semana e permaneceu em 1° lugar por dezessete semanas, tornando-se “o álbum de Taylor Swift com a permanência mais longa no número 1”. O álbum foi o best-seller global de 2024, com 5,6 milhões de cópias puras vendidas. Suas faixas musicais, lideradas pelo single “Fortnight”, fizeram dela a primeira artista a monopolizar os 14 primeiros lugares da Billboard Hot 100 na mesma semana; o segundo single, “I Can Do It with a Broken Heart”, alcançou o número três. Swift começou a namorar o jogador de futebol americano Travis Kelce em meados de 2023; seu relacionamento de alto nível resultou em seu status de supercasal. Em janeiro de 2024, imagens pornográficas falsas geradas por IA retratando Swift foram postadas no X (antigo Twitter) e se espalharam para outras plataformas de mídia social, estimulando críticas e demandas por reforma legal. Em maio de 2025, a artista comprou as masters de seus seis primeiros álbuns de estúdio originais da Shamrock Holdings. Em 12 de agosto de 2025, Swift anunciou o título do seu décimo-segundo álbum de estúdio, o The Life of a Showgirl. Poucos dias depois, em 26 de agosto, anunciou seu noivado junto de Travis Kelce.

Bibliografia Geral Consultada.

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