“A sociedade não é de espetáculos, mas de vigilâncias”. Michel Foucault
A
Vida dos Outros (Das Leben der Anderen) é um filme
alemão, escrito e dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck, nascido na Colônia,
em 2 de maio de 1973, é um diretor de cinema alemão, mais reconhecido por
escrever e dirigir o filme A Vida dos Outros, vencedor do Oscar de
melhor filme estrangeiro em 2006, e do blockbuster O Turista,
nomeado a três Prêmios Globo de Ouro em 2010, estrelado por Angelina Jolie e
Johnny Depp, estreando na direção cinematográfica de longas-metragens. A trama,
sociologicamente falando, gira em torno do “monitoramento político de Berlim
Oriental por agentes da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental”. Ulrich
Mühe como o capitão da Stasi, Gerd Wiesler, Ulrich Tukur como seu
superior, Anton Grubitz, Sebastian Koch como o dramaturgo Georg Dreyman e Martina
Gedeck como a amante de Dreyman, uma atriz renomada chamada Christa-Maria
Sieland. O filme foi lançado pela Buena Vista International na
Alemanha em 23 de março de 2006. Ao mesmo tempo, o roteiro foi publicado pela
Suhrkamp Verlag. The Lives of Others ganhou o Oscar de Melhor
Longa-Metragem Internacional. O filme já
havia obtido 7 prêmios Deutscher Filmpreis, incluindo os de melhor filme,
melhor diretor, melhor roteiro, melhor ator e melhor coadjuvante, após um novo recorde com 11 indicações.
A Stasi, forma abreviada de Ministério
para a Segurança do Estado (Ministerium für Staatssicherheit) representava
a principal organização política de polícia secreta e inteligência da República
Democrática Alemã (RDA). Criada em 8 de fevereiro de 1950, centrava suas
operações de espionagem terrorista na capital comunista, Berlim Oriental, onde
mantinha um extenso complexo em Lichtenberg e outros menores dispersos pela
cidade. Um filme biográfico ou cinebiografia – mutatis mutandis - também
reconhecido no jargão cinematográfico sob o anglicismo biopic, tendo
como contração a expressão inglesa: biographical motion picture, tem
como representação social um filme que dramatiza a vida política de uma personalidade
real. Na maioria das vezes, relata etnograficamente a vida de um personagem do
passado, sem que necessariamente se trate de uma figura de importância
histórica. Esses filmes demonstram uma personagem histórica e o nome verdadeiro
do protagonista às vezes é usado. A Stasi é reconhecida como um dos serviços de
inteligência mais efetivos do mundo globalizado. Seu principal objetivo era
espionagem política sobre a população da Alemanha Oriental comunista,
majoritariamente via uma enorme rede de espionagem de civis-informantes.
A repressão política representava uma dentre as prioridades, combatendo a oposição através de tortura psicológica de dissidentes, num método chamado Zersetzung, que é traduzido como “decomposição”. No total, mais de 250 000 alemães foram presos por razões políticas pela Stasi durante os 40 anos de sua existência. A antiga sede da Stasi em Berlim é o Stasimuseum, um museu onde realmente os visitantes podem inteirar-se das atividades de Aparelho Repressivo de Estado (ARE). A partir de 1990, vários funcionários da Stasi “foram levados a julgamento por crimes cometidos contra a sociedade civil. Após a reunificação da Alemanha, qualquer cidadão pode acessar seus dados coletados pela agência durante sua existência. A Zersetzung era um método de tortura psicológica usada pela inteligência da Alemanha Oriental. Era aplicada em opositores do governo do país entre as décadas de 1970 a 1980. Métodos eram definidos a Zersetzung, uma delas era “a manipulação e o controle abusivo para prevenir atividades antigovernamentais”. A Stasi utilizou psicologia operacional em sua extensa rede dentre 170 mil agentes e mais de 500 mil “colaboradores informais” (inoffizielle Mitarbeiter) para lançar ataques psicológicos planejados contra alvos para prejudicar sua saúde mental e reduzir as chances de ação política organizadas ou hostil ou de produção de efeitos de poder do Estado. Entre “colaboradores” estavam jovens de até 14 anos.
A
Zersetzung foi aprovada durante uma diretiva para revisar as ações
finalistas do Ministério da Segurança do Estado. A diretiva nº 1/76, listava a Zersetzung,
como “ação legalizada pela República Democrática Alemã” (RDA). A Diretiva nº
1/76 sobre o desenvolvimento e revisão dos procedimentos técnico-metodológicos
operacionais, realizada em janeiro de 1976, delineava o Zersetzung como
prática comum com utilidade de uso do Ministério da Segurança do Estado (Stasi).
De acordo com os arquivos e dados estatísticos oficializados pela Stasi após o
Wende, cerca de 10 mil pessoas foram vitimizadas e 5.000 tiveram danos
irreversíveis, no qual desestabilizaram sua saúde psicológica, recebendo as
pensões para o tratamento das vítimas do chamado Zersetzung. O número de
solicitações para consultar os arquivos do Ministério da Segurança do Estado
desde 1991 soma 7.353.885. Quase a metade (46%) veio de pessoas que queriam
saber o que a polícia secreta da Alemanha Oriental, popularmente reconhecida
como Stasi, sabia sobre elas, sua vida privada, suas opiniões políticas
e até mesmo planos de fuga do país. Tudo isso e mais pode ser encontrado
nos Relatórios dos Informantes, que em 40 anos de República Democrática Alemã
(RDA) somam 111 km de arquivos.
Sociologicamente
falando o Zersetzung representou uma técnica de guerra psicológica usada
pelo Ministério da Segurança do Estado para reprimir oponentes políticos na
Alemanha Oriental durante aquelas décadas. Zersetzung serviu para
combater dissidentes alegados e reais por meios secretos, usando métodos
secretos de controle abusivo e manipulação psicológica para impedir atividades
antigovernamentais. As pessoas eram comumente visadas de forma preventiva e
preventivamente para limitar ou interromper atividades “politicamente
incorretas que poderiam ter cometido”, e não com base em crimes que realmente
cometeram. Os métodos de Zersetzung foram projetados para quebrar, minar
e paralisar as pessoas por trás de “uma fachada de normalidade social” em uma
forma de “repressão silenciosa”. A sucessão de Erich Honecker (1912-1994) a
Walter Ulbricht (1893-1973) como Primeiro Secretário do Partido de Unidade
Socialista da Alemanha em maio de 1971 viu uma evolução dos “procedimentos
operacionais” (“Operative Vorgänge”) conduzidos pela Stasi longe do terror
aberto da era Ulbricht em direção ao que veio a ser reconhecido como Zersetzung
(“Anwendung von Maßnahmen der Zersetzung”), que foi praticamente formalizado
pela Diretiva nº 1/76 sobre o chamado “Desenvolvimento e Revisão de
Procedimentos Operacionais” em janeiro de 1976.
Erich
Honecker foi um político alemão, que serviu como presidente da Alemanha
Oriental de 1976 até 1989. Em 1971 substituiu Willi Stoph no cargo de
secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA) e Walter
Ulbricht no cargo do Presidente do Conselho Nacional de Defesa. Walter Ulbricht
foi um político alemão, membro do Partido Comunista da Alemanha (KPD) e depois
secretário-geral do Partido Socialista Unificado (SED), que resultou da fusão
forçada pelos soviéticos do Partido Social-Democrata da Alemanha (SDP) com o
Partido Comunista da Alemanha (KDP), na República Democrática Alemã. Ocupou o
cargo de Presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã entre
12 de setembro de 1960 e 1º de agosto de 1973. Foi o responsável por mandar
construir o Muro de Berlim, embora dois meses antes tivesse negado tal
intenção. Apoiou a intervenção soviética na Checoslováquia, durante a Primavera
de Praga, mandando inclusive tropas da RDA para pôr fim ao levantamento liberal
na Checoslováquia. Em 29 de outubro de 1976 foi eleito Presidente do Conselho
de Estado pelo parlamento da República Democrática Alemã (RDA). Seu governo foi
marcado por reformas econômicas e melhorias nas relações internacionais do
país, incluindo aproximação com a República Alemã Ocidental, embora o
Estado policial, encabeçado pela Stasi, tenha sido ampliado para suprimir a
oposição política interna.
A
partir da década de 1980, mesmo com o começo do colapso dos regimes
comunistas na Europa Oriental e as reformas liberais na União Soviética,
reconhecidas como perestroika (reestruturação), foi uma série de
reformas políticas e econômicas implementadas na União Soviética durante a
década de 1980, lideradas por Mikhail Gorbachev e glasnost, termo russo
que significa “transparência” ou “abertura” lideradas por Gorbachev
(1931-2022), Honecker permaneceu irredutível
e se recusava a realizar reformas políticas, mantendo um sistema totalitário
de orientação stalinista. Mikhail Gorbachev foi o último líder da União
Soviética, servindo como Secretário-Geral do Partido Comunista de 1985 a 1991 e
como chefe de Estado até a dissolução do país em 1991. Ele implementou reformas
políticas e econômicas como a Glasnost (transparência) e a Perestroika
(reestruturação). Suas políticas foram cruciais para o fim da Guerra Fria e
para a dissolução da União Soviética. Os protestos pedindo democracia e
liberdade econômica se alastraram pela Alemanha Oriental. Honecker chegou a
pedir para Gorbachev para intervir militarmente na Alemanha a fim de reprimir
as manifestações anticomunistas, mas o premier soviético se recusou. Em outubro
de 1989, Honecker perdeu apoio do Politburo alemão e foi forçado a renunciar
pela liderança do partido. Menos de um ano após sua saída do poder, o regime
comunista da Alemanha Oriental entraria em colapso. Em novembro de 1990, um mês
após a reunificação da Alemanha, foi iniciado um inquérito oficial. Honecker
foi preso e refugiou-se, depois de estadias num hospital militar das forças
armadas soviéticas perto de Berlim, em Moscou, na União Soviética, em 13 de
março de 1991. Devido à ordem de prisão existente, foi extraditado de volta
para o território alemão em 29 de julho de 1992, onde foi preso e julgado por
ser um dos responsáveis do Schießbefehl, representando politicamente a
“ordem de atirar”, em todas as pessoas que tentavam cruzar o Muro de Berlim e a
fronteira fortificada entre a Alemanha Ocidental e a Oriental. Devido a sofrer
de câncer terminal, foi solto em 27 de agosto de 1993 e morreu no exílio, no
Chile, em 29 de maio de 1994.
Florian
Von Donnersmarck nasceu em 1973 em Colônia, Alemanha Ocidental, na família
aristocrática católica romana Henckel von Donnersmarck e cresceu em Nova
Iorque, Bruxelas, Frankfurt e Berlim Ocidental. É fluente em inglês, francês,
russo e italiano. Depois de graduar na escola secundária clássica Evangelisches
Gymnasium zum Grauen Kloster, estudou literatura russa em Leningrado por dois
anos e passou no exame do estado Soviético para professores de russo como
língua estrangeira. É bacharel em artes, filosofia, política e economia no New
College, Oxford e possuí um diploma de direção de cinema da Universidade de
Televisão e Cinema de Munique. Filho mais novo de Leo-Ferdinand (1935-2009),
Conde Henckel von Donnersmarck, um ex-presidente da divisão alemã da Ordem de
Malta, sua mãe, Anna Maria von Berg, nascida em 5 de março de 1940, é uma
escoteira literária alemã, socióloga e ex-ativista política. Henckel von
Donnersmarck nasceu Condessa Anna-Maria von Berg-Schönfeld em 5 de março de
1940 em Magdeburg, filho do Conde Karl Ludwig Hans-Hubert von Berg e da
Condessa Barbara von der Asseburg-Neindorf. Foi ativa no movimento estudantil
da Alemanha Ocidental membro da Sozialistischer Deutscher Studentenbund.
Em 1945, quando tinha quatro anos, a sua família fugiu da sua casa na Saxónia
durante a expulsão dos alemães pelo exército soviético e instalou-se em Berlim
Ocidental com alguns dos seus parentes.
Henckel
von Donnersmarck foi ativa no movimento estudantil da Alemanha Ocidental, um
movimento social de esquerda que consistia em protestos estudantis em massa na
Alemanha Ocidental que rejeitavam o tradicionalismo e se opunham à inclusão de
ex-oficiais nazistas no governo pela autoridade política alemã. Ela se juntou
ao Sozialistischer Deutscher Studentenbund, anteriormente o braço
colegiado do Partido Social-Democrata da Alemanha, que se tornou afiliado à Außerparlamentarische
Opposition, que clamava pela liberdade constitucional de opinião e
imprensa, pela liberdade de reunião e pela democratização da política
universitária. Durante esse tempo, ela visitou Wolf Biermann enquanto ele
estava em prisão domiciliar. É uma descendente direta do General Von Blücher,
Príncipe de Wahlstatt, que juntamente com o Duque de Wellington, derrotou
Napoleão em Waterloo. Ele detém a cidadania alemã e austríaca. Seu tio, Gregor
Henckel-Donnersmarck, é o abade emérito em Heiligenkreuz Abbey, um mosteiro
cisterciense nos bosques de Viena, onde Florian passou um mês escrevendo o
primeiro rascunho de A Vida dos Outros. Henckel von Donnersmarck é
casado com Christiane Asschenfeldt, ex-Diretora Executiva Internacional da
Creative Commons. Eles têm três filhos que vivem em Los Angeles. Em 1977,
enquanto ainda era criança em Nova Iorque, ele assistiu o seu primeiro filme no
Museu de Arte Moderna. Ele esperava assistir Doctor Doolittle, mas ao invés
disso foi exposto ao melodrama alemão Varieté (1925). Ipso facto, “ele
cita esta experiência como o início de seu interesse por cinema”.
Em
1996, ele ganhou um estágio de direção com Richard Attenborough no filme In
Love and War, e depois foi estudar na aula de direção de ficção da Universidade
de Televisão e Cinema de Munique (Hochschule für Fernsehen und Film München),
Alemanha, alma mater de diretores tão diversos como Wim Wenders e Roland
Emmerich. Seu primeiro curta-metragem, Dobermann (que ele escreveu, produziu,
dirigiu e editou), quebrou o recorde da escola do número de prêmios
conquistados por uma produção estudantil. Tornou-se uma sensação em festivais
internacionais, Donnersmarck viajou o circuito de festivais por mais de um ano.
Seu primeiro longa-metragem foi Das Leben der Anderen (A Vida dos
Outros), quando Donnersmarck passou três anos escrevendo, dirigindo e
finalizando. O filme conquistou prêmios no European Film Award de melhor
filme, melhor ator e melhor roteiro em 2006. Donnersmarck ganhou o prêmio da Los
Angeles Film Critics Association de melhor filme estrangeiro, foi nomeado
para o Golden Globe Awards (que foi premiado a Clint Eastwood) e em 25
de fevereiro de 2007 ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Seu filme
seguinte, O Turista, foi reescrito, dirigido e concluído por
Donnersmarck em menos de 11 meses (dizendo a Charlie Rose que ele queria um
tempo depois de ter escrito um roteiro obscuro sobre suicídio), um thriller
romântico, estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp. Foi nomeado a três
Globos de Ouro: Melhor musical ou comédia, Depp para Ator de musical ou comédia
e Jolie para Atriz de musical ou comédia. Ganhou também três nomeações ao Teen
Choice Awards, vencendo os dois prêmios de atuação; e o prêmio Redbox Movie
Award de filme de drama mais alugado na temporada de 2011. Até agora, arrecadou
US$ 278,3 milhões nas bilheterias em todo o mundo, levando o The Hollywood
Reporter, a proclamá-lo como um “hit internacional”. Em 2007,
Donnersmarck foi um dos 115 novos membros a serem convidados para a associação
na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Os
pais de Florian Henckel von Donnersmarck eram ambos da Alemanha Oriental. Originalmente
eram do Leste; os von Donnersmarcks pertenciam à nobreza da Silésia, mas a
região foi transferida da Alemanha para a Polônia após a 2ª Guerra Mundial. Ele
disse que, em visitas lá quando criança, antes da queda do Muro de Berlim, ele
podia sentir o medo que eles tinham como súditos do estado. E que a ideia do
filme surgiu quando tentava criar um roteiro para uma aula de cinema. Ele
estava ouvindo música e se lembrou de Máximo Gorki dizendo que a peça musical
favorita de Lenin era Appassionata, de Beethoven. Gorki relatou uma
conversa com Lenin: E, apertando os olhos e rindo baixinho, [Lênin] acrescentou
sem alegria: Mas não consigo ouvir música com frequência, mexe com meus nervos,
me dá vontade de dizer coisas doces e dar tapinhas na cabeça de pessoas que,
vivendo num inferno imundo, conseguem criar tamanha beleza. Mas hoje não
devemos dar tapinhas na cabeça de ninguém, senão teremos a mão arrancada; temos
que bater na cabeça deles, bater sem piedade, embora, idealmente, sejamos
contra qualquer violência contra as pessoas. Donnersmarck disse a um repórter
do New York Times: - - “De repente, tive a imagem de uma pessoa sentada
em uma sala deprimente com fones de ouvido na cabeça e ouvindo o que ele supõe
ser o inimigo do estado e o inimigo de suas ideias, e o que ele está realmente
ouvindo é uma bela música que o toca. Sentei-me e em algumas horas escrevi o
tratamento”. O roteiro foi escrito
durante uma longa visita ao mosteiro de seu tio, a Abadia de Heiligenkreuz. É o
mais antigo mosteiro cisterciense continuamente ocupado do mundo.
Embora
a cena de abertura se passe na prisão de Hohenschönhausen, que agora é o
local de um memorial dedicado às vítimas da opressão da Stasi, o filme não pôde
ser rodado lá porque Hubertus Knabe, o diretor do memorial, recusou-se a dar
permissão a Donnersmarck. Knabe se opôs a “transformar o homem da Stasi em um
herói” e tentou persuadir Donnersmarck a mudar o filme. Donnersmarck citou A
Lista de Schindler como um exemplo de tal desenvolvimento de enredo sendo
possível. A resposta de Knabe: “Mas essa é exatamente a diferença. Havia um
Schindler. Não havia nenhum Wiesler”. Donnersmarck uniu-se ao diretor de
fotografia Hagen Bogdanski para dar vida à história social. Ao descrever sua
inspiração para a paleta de cores cinza brechtiana do filme, o diretor de
fotografia Bogdanski relembra as ruas de Berlim Oriental da época: “Elas eram
muito escuras. Tudo acontecia lá dentro, em privado”. O filme foi recebido com
grande aclamação. O site agregador de filmes Rotten Tomatoes relata uma
classificação de 92%, com base em 149 críticas positivas de 163, e uma
classificação média de 8,31/10. O consenso crítico do site afirma: “Ao
contrário de filmes de espionagem mais tradicionais, The Lives of Others
não sacrifica o personagem por perseguições de capa e espada, e as performances
(notavelmente a do falecido Ulrich Muhe) permanecem com você”. Ele tem
uma pontuação de 89 de 100 no Metacritic, com base em 39 críticos.
Construída
sob o signo de ruptura, a obra analítica de Michel Foucault subverteu,
transformou, amplificou nossa relação com o saber e a verdade
institucionalizada. Será preciso balizar: a perversidade da economia do poder e
não tanto a fraqueza ou a crueldade é o que ressalta da crítica dos seus
reformadores. O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma
arte do corpo humano, que visa unicamente o aumento de suas habilidades, nem
tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo
mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente.
Forma-se então uma política de coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma
manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus
comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o desarticula
e o recompõe. A divisão do trabalho na universidade não visa o aprofundamento
das relações técnicas, mas a penas seu quadriculamento: uma disciplina linear
das pesquisas. Mesmo de corte etnográfico, fabrica corpos submissos e
exercitados, os chamados “corpos dóceis”. A disciplina aumenta as forças em
termos econômicos de utilidade e diminuem essas mesmas forças em termos
políticos de obediência programada. É neste sentido que Michel Foucault
ressalta que o espaço disciplinar tende a se dividir em tantas parcelas quando
corpos ou elementos há a repartir. A disciplina organiza o espaço analítico.
Lugares determinados se definem para satisfazer não só a necessidade de vigiar,
de romper as comunicações perigosas, de criar um espaço útil, um
dispositivo que afixa e quadricula, decompondo a confusão da ilegalidade e do
princípio do mal.
Na
disciplina, os elementos são intercambiáveis, pois cada um se define pelo lugar
que ocupa na série, e pela distância que o separa dos outros. A unidade não é,
portanto, nem o território (unidade de dominação), nem o local (unidade de
residência), mas a posição na fila, o lugar que alguém ocupa numa
classificação, o ponto em que se cruzam uma linha e uma coluna, o intervalo
numa série de intervalos que se pode percorrer sucessivamente. A disciplina,
arte de dispor em fila, e da técnica, para a transformação dos arranjos,
individualiza os corpos pela localização que não os implanta, mas os distribui
e os faz circular numa rede de relações. A organização de um espaço serial
representou uma das grandes modificações técnicas do ensino elementar. Permitiu
ultrapassar o sistema tradicional: um aluno que trabalha alguns minutos com o
professor, enquanto fica ocioso e sem vigilância o grupo confuso dos que estão
esperando. Determinando lugares individuais tornou possível o controle de cada
um e o trabalho simultâneo de todos. Organizou uma nova economia do tempo de
aprendizagem. Fez funcionar o espaço escolar como uma “máquina de ensinar”, mas
também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar. O tempo penetra o corpo, e
com ele todos os controles minuciosos do poder. O controle disciplinar não
consiste simplesmente em ensinar ou impor uma série de gestos definidos; impõe
a melhor relação entre um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição
de eficácia e de rapidez. No bom emprego do corpo, que permite um bom emprego
do tempo, nada deve ficar ocioso: tudo deve ser chamado a formar o suporte requerido.
Um corpo disciplinado forma o contexto de realização do mínimo gesto dos
recursos multimodais, por exemplo: a conjunção de aspectos verbais, gestos, corpo e mundo material) com
rigor abrangendo por inteiro, da ponta do pé à extremidade do indicador.
A
aprendizagem corporativa com a utilização de bolsistas, introduzidas pelas
castas que formam pequenos grupos de pesquisas nas universidades públicas,
surgiu originalmente em 1667, confiados durante certo tempo a um mestre que
devia realizar “sua educação e instrução”, depois colocados para a aprendizagem
junto aos diversos mestres tapeceiros da manufatura; após seis anos de
aprendizagem, quatro anos de serviço e uma prova qualificatória, tinham direito
a “erguer e manter loja” em qualquer cidade do reino. Encontramos aí a divisão
técnica do trabalho corporativo: relação de dependência ao mesmo tempo
individual e total quanto ao mestre; duração estatutária da formação que se
conclui com uma prova qualificatória, mas que não se decompõe segundo um
programa preciso; troca total entre o mestre que deve dar seu saber e o
aprendiz que deve trazer seus serviços, sua ajuda mútua e muitas vezes uma
retribuição. A forma de domesticidade se mistura a uma transferência claramente
do processo de conhecimento. A escola é dividida em três classes. A primeira
para os que não têm nenhuma noção de desenho; a segunda para os que já têm
alguns princípios e, na terceira, aprendem as cores, fazem pastel, iniciam-se
na teoria e na prática do tingimento. Regularmente, os alunos fazem deveres
individuais: cada um desses exercícios, marcado com o nome e a data da
execução, é depositado nas mãos do professor. Os melhores são recompensados,
reunidos no fim do ano e comparados entre eles, permitem estabelecer os
progressos, o valor atualmente, a representação do lugar relativo de cada aluno, e os que podem
seguir para a classe superior.
Pode-se
dizer historicamente que a disciplina produz, a partir dos corpos que
controla quatro tipos de individualidade, ou antes, uma individualidade dotada
de quatro características: é celular, pelo jogo da repartição espacial, é
orgânica, pela codificação das atividades, é genética, pela acumulação do
tempo, é combinatória, pela composição das forças. E, para tanto, utiliza
quatro grandes técnicas: constrói quadros; prescreve manobras; impõe
exercícios; enfim, para realizar a combinação das forças, organiza táticas.
Esta representa a arte de construir, com os corpos localizados, atividades
codificadas e as aptidões formadas, aparelhos em que o produto das diferentes
forças se encontra majorado por sua combinação calculada é sem dúvida a forma
mais elevada da prática disciplinar. Uma técnica extensiva utilizada nos
laboratórios das universidades. É possível que a guerra como estratégia seja a
continuação da política. A política, como técnica da paz e da ordem interna,
procurou pôr em funcionamento o dispositivo do exército perfeito, da massa
disciplinada, da tropa dócil e útil, do regimento na manobra e no exercício. Se
há uma série guerra-política que passa pela estratégia, há uma série
exército-política que passa pela tática. A vigilância se torna um operador
econômico decisivo, na medida em que é ao mesmo tempo uma peça interna no
aparelho de produção e uma engrenagem específica em torno das relações do poder
disciplinar.
Na
essência de todos os sistemas disciplinares, funciona um pequeno
mecanismo penal. É beneficiado por uma espécie de privilégio de justiça, com
suas leis próprias, seus delitos especificados, suas formas particulares de
sanção, suas instâncias de julgamento. As disciplinas estabelecem uma infrapenalidade,
quadriculam um espaço deixado pelas leis, qualificam e reprimem um conjunto de
comportamentos que escapava aos grandes sistemas de castigo por sua relativa
indiferença. Na oficina, na escola, no exército, funciona como repressora toda
uma micropenalidade do tempo (atrasos, ausências, interrupções das tarefas), da
atividade (desatenção, negligência, falta de zelo), da maneira de ser
(grosseria, desobediência), dos discursos (tagarelice, insolência), do corpo
(atitudes incorretas, gestos não conformes, sujeira), da sexualidade
(imodéstia, indecência). Ao mesmo tempo é utilizada, a título de punição, uma
série de processos sutis, que vão do castigo físico leve a privações ligeiras e
a pequenas humilhações. Trata-se ao mesmo tempo de tornar penalizáveis as
frações mais tênues de conduta social, e de dar uma função punitiva aos
elementos aparentemente indiferentes do aparelho disciplinar: levando ao
extremo, que tudo possa servir para punir a mínima coisa; que cada indivíduo se
encontre preso numa universalidade punível-punidora.
Mas
a disciplina traz consigo uma maneira específica de punir, e que é apenas um
modelo reduzido do tribunal. O que pertence à penalidade disciplinar é a
inobservância, tudo o que está inadequado à regra, tudo o que se afasta dela,
os desvios. É passível de pena o campo indefinido do não conforme. O
regulamento da infantaria prussiana impunha tratar com “todo o rigor possível”
o soldado que não tivesse aprendido a manejar corretamente o fuzil. O castigo
disciplinar tem a função de reduzir os desvios. Deve, portanto, ser
essencialmente corretivo. De modo que o efeito corretivo que dela se espera
apenas de uma maneira acessória passa pela expiação e pelo arrependimento; é
diretamente obtido pela mecânica de um castigo. Castigar é exercitar. Ipso
facto, o exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção
que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite
qualificar, classificar, punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade
através da qual eles são diferenciados e sancionados. Em todos os dispositivos
de disciplina, o exame é altamente ritualizado. Nele vêm-se reunir a cerimônia
do poder. A forma da experiência, a demonstração da força; estabelecimento
da verdade. O indivíduo é o átomo fictício de uma representação social. A realidade fabricada por essa tecnologia específica de poder: a disciplina.
O panóptico de Bentham, é uma máquina de dissociar o par-ser-visto: no anel periférico, se é totalmente, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto, pois é a figura arquitetural dessa composição. O princípio é reconhecido: na periferia uma construção em anel; no centro, uma torre: esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, uma para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então colocar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um estudante. Pelo efeito da contraluz, pode-se perceber a torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, as pequenas silhuetas cativas nas celas da periferia. Tantas jaulas, tantos pequenos teatros, em que cada ator está sozinho, perfeitamente individualizado e constantemente visível. O dispositivo panóptico organiza unidades espaciais que permitem “ver sem parar e reconhecer imediatamente. O princípio da masmorra é invertido; ou, de suas três funções – trancar, privar de luz e esconder – só se conserva a primeira e se suprime duas. A plena luz e o olhar de um vigia captam melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha” (cf. Foucault, 2014: 194).
Bentham
não diz se se inspirou, em seu projeto, no zoológico que Le Vaux construíra em
Versalhes: primeiro zoológico cujos elementos não estão, como tradicionalmente,
espalhados em um parque: no centro, um pavilhão octogonal que, no primeiro
andar, só comportava uma peça, o salão do rei; todos os lados se abriam com
largas janelas, sobre sete jaulas (o oitavo lado estava reservado para a
entrada), onde encerradas diversas espécies de animais. O panóptico descrito
pela analítica do poder, é um zoológico real; o animal é substituído pelo
homem, a distribuição individual pelo grupamento específico e o rei pela
maquinaria de um poder furtivo. Fora essa diferença, o Panóptico, também, faz
um trabalho de naturalista. Permite estabelecer as diferenças: nos doentes,
observar os sintomas de cada um, sem que a proximidade dos leitos, a circulação
dos miasmas, os efeitos do contágio misturem os quadros clínicos; nas crianças,
anotar os desempenhos (sem que haja limitação ou cópia), perceber as aptidões,
apreciar os caracteres, estabelecer classificações rigorosas e, em relação a
uma evolução normal, distinguir o que é “preguiça ou teimosia” do que é
“imbecilidade incurável”; nos operários, anotar as aptidões de cada um,
comparar o tempo que levam para fazer um serviço, e, se são pagos por dia,
calcular seu salário em vista disso. Mas o panóptico pode ser utilizado como
uma “máquina de fazer experiências”, modificar o comportamento, treinar ou
retreinar os indivíduos. Experimentar remédios e verificar seus efeitos. Tentar
diversas punições sobre os prisioneiros, segundo seus crimes e temperamento, e
procurar as mais eficazes.
Ensinar simultaneamente diversas técnicas aos operários, estabelecer qual é a melhor. Tentar experiências pedagógicas – e particularmente abordas o famoso problema da educação reclusa, usando crianças encontradas ; ver-se-ia o que acontece quando aos dezesseis ou dezoito anos rapazes e moças se encontram; poder-se-ia acompanhar “a genealogia de qualquer ideia observável”; criar diversas crianças em diversos sistemas de pensamento, fazer alguns acreditarem que dois e dois são quatro e que a lua é um queijo, depois de juntá-los todos quando tivessem vinte ou vinte e cinco anos; haveria então discussões que valeriam bem os sermões ou as conferências para as quais se gasta tanto dinheiro: haveria pelo menos ocasião de fazer descobertas no campo da metafísica. O Panóptico é um local privilegiado para tornar possível a experiência com homens, e para analisar com toda certeza as transformações que se pode obter neles. Mais do que isso: pode até se constituir em aparelho de controle, pois em sua torre, o diretor pode inspecionar todos os empregados submetidos a seu serviço; poderá julgá-los continuamente, modificar seu comportamento, impor-lhes métodos que considerar melhores; e ele mesmo, por sua vez, poderá ser facilmente observado. O Panóptico funciona categoricamente como uma espécie de Laboratório de poder. Através da observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no corpo dos homens: um aumento de saber vem se implantar em todas as frentes do poder, descobrindo objetos que devem ser conhecidos em todas as superfícies de saber-poder.
Para sermos breves, em cada uma de
suas aplicações, na esfera da ação individual e coletiva, permite aperfeiçoar o
exercício do poder de várias maneiras: porque pode reduzir o número dos que o
exercem, ao mesmo tempo em que multiplica o número daqueles sobre os quais é
exercido. Permite intervir a cada momento e a pressão constante age antes mesmo
que as faltas, os erros, os crimes sejam cometidos. Porque, nessas condições,
sua força é nunca intervir, é se exercer espontaneamente e sem ruído. É construir
um mecanismo de efeitos em cadeia. Porque é um intensificador para qualquer
aparelho de poder: assegura sua economia (em material, em pessoal, em tempo);
assegura sua eficácia por seu caráter preventivo, seu funcionamento contínuo e
seus mecanismos automáticos. É uma maneira astuciosa de obter poder. É uma
espécie de “ovo de Colombo” na ordem da política. Ele cria dispositivos
discursivos com efeitos de vir se integrar a uma função qualquer, de educação,
de terapêutica, de produção, de castigo; de aumentar essa função, ligando-se
intimamente a ela; de construir um mecanismo misto no qual as relações de poder
(e de saber) podem-se ajustar exatamente, e até nos detalhes, aos processos que
é preciso controlar; de estabelecer uma proporção direta entre o “mais-poder” e
a “mais produção”.
Enfim,
o dispositivo panóptico não é simplesmente uma charneira. Um local de trocas
simbólicas e experimentais entre um mecanismo de poder e uma função. É capaz de
reformar a moral, preservar a saúde, revigorar a indústria, difundir a
instrução, aliviar os encargos públicos, estabelecer a economia como que sobre
um rochedo, desfazer, em vez de cortar, tudo isso com uma simples ideia
arquitetural. Na realidade, qualquer instituição panóptica, mesmo que seja tão
cuidadosamente fechada quanto aquelas controladas por uma casta, poderá sem
dificuldade ser submetida ser submetida a essas inspeções ao mesmo tempo
aleatórias e incessantes: e isso não só por parte dos controladores designados,
mas por parte do público, que pode ser agregado à analítica do poder, como
membro da sociedade com direito de vir constatar com seus olhos como funcionam
as universidades, os hospitais, as fábricas, as prisões. Não há,
consequentemente, risco de que o crescimento de poder devido à máquina
panóptica possa degenerar em tirania, pois a máquina de ver é uma espécie de
câmara escura em que se espionam os indivíduos; ela se torna um edifício
transparente onde o exercício do poder disciplinar poderá ser democraticamente
controlado, com a redução de mandato colocaria em xeque como função estabelecer
as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pública. Não
queremos perder de vista que o panoptismo é o princípio geral de uma nova
“anatomia política”, cujo objeto e fim não são as relações de soberania do Eu.
São relações de disciplina-bloco, na constituição de uma instituição fechada,
entorpecida pelo ódio e pré-estabelecida à margem, mormente voltada para funções negativas: realizar para
o mal, romper as comunicações, suspender o tempo.
Uma
crítica no Daily Variety por Derek Elley descreveu o filme como “um
drama soberbamente escalado”, que “equilibra os muitos fios dramáticos e
emocionais entre os jogadores com equilíbrio e clareza”. Richard Corliss da
revista Time nomeou o filme um dos 10 melhores filmes de 2007,
classificando-o em segundo lugar e elogiando um “thriller comovente e
perturbador”. O crítico de cinema Roger Ebert deu ao filme quatro de quatro,
descrevendo-o como “um filme poderoso, mas silencioso, construído de
pensamentos ocultos e desejos secretos”. AO Scott, analisando o filme no The
New York Times, escreveu que Lives é bem planejado e acrescentou: “O
suspense vem não apenas da estrutura e do ritmo das cenas, mas também, mais
profundamente, da sensação de que, mesmo em uma sociedade opressora, os
indivíduos são sobrecarregados com o livre-arbítrio. Você nunca sabe, de um
momento para o outro, qual curso qualquer um dos personagens escolherá”. O
crítico do Los Angeles Times, Kenneth Turan, concordou que a tensão vem
de ser “meticulosamente planejado” e que “coloca seus personagens principais em
situações difíceis onde o que eles são forçados a apostar é seu talento, suas
próprias vidas, até mesmo suas almas”. O filme “demonstra de forma convincente
que, quando bem feito, dilemas morais e políticos podem ser os dilemas mais
intensamente dramáticos de todos”. O comentarista americano John Podhoretz
chamou o filme de “um dos maiores filmes já feitos e certamente o melhor filme
desta década”.
William
F. Buckley Jr. escreveu em sua coluna distribuída que, depois que o filme
acabou, “me virei para meu companheiro e disse: Acho que este é o melhor
filme que já vi”. John J. Miller, da National Review Online, o
nomeou número um em sua lista dos “Melhores Filmes Conservadores” dos últimos
25 anos. Vários críticos apontaram a sutil construção de detalhes do filme como
um de seus principais pontos fortes. O filme é construído “em camadas de
textura emocional”, escreveu Stephanie Zacharek na revista online Salon.
Josh Rosenblatt, escrevendo no Austin Chronicle, chamou o filme de “um
triunfo de grandeza silenciosa”. Lisa Schwarzbaum, escrevendo na Entertainment
Weekly, indicou que parte da sutileza se deve ao fato de que seus “momentos
mais tensos acontecem com o mínimo de ação”, mas que o diretor ainda “transmite
tudo o que ele quer que saibamos sobre escolha, medo, dúvida, covardia e
heroísmo”. Um artigo no First Things faz um argumento filosófico em
defesa da transformação de Wiesler. O compositor dissidente da Alemanha
Oriental, Wolf Biermann, demonstrou-se cautelosamente entusiasmado com o filme,
escrevendo num artigo de março de 2006 no Die Welt: “O tom político é
autêntico, fiquei comovido com o enredo. Mas porquê? Talvez eu tenha sido
conquistado apenas sentimentalmente, devido à sedutora massa de detalhes que
parecem ter sido retirados do meu próprio passado entre a proibição total do
meu trabalho em 1965 e a desnaturalização em 1976”. Anna Funder, autora do
livro Stasiland, em uma crítica ao The Guardian, chamou The
Lives of Others de um “filme soberbo”, apesar de não ser fiel à realidade.
Ela afirma que não era possível para um agente da Stasi ter ocultado
informações de seus superiores, pois os próprios funcionários da Stasi eram
vigiados e quase sempre operavam em equipes. Em uma pesquisa da BBC de 2016, os
críticos votaram no filme como o 32º melhor desde 2000. Em 2025, o filme ficou
em 48º lugar na lista do The New York Times dos “100 melhores filmes do
século 21” e foi um dos filmes votados para a edição “Escolha dos leitores” da
lista, terminando em 107º lugar.
De
acordo com o autor alemão Christoph Hein, o filme é vagamente baseado em sua
história de vida. Em um artigo de 2019, ele lembra que Donnersmarck o
entrevistou em 2002 e que seu nome foi mencionado nos créditos de abertura da
estreia. Na opinião de Hein, os eventos excessivamente dramáticos do filme têm
pouca semelhança com sua experiência de vida, e é por isso que ele pediu a
Donnersmarck que apagasse seu nome dos créditos. Nas palavras de Hein, “o filme
não retrata a década de 1980 na RDA”, mas é um “conto assustador que se passa
em uma terra de fantasia, comparável à Terra-média de Tolkien”. Também ganhou o Prêmio BAFTA, a sigla para
Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (British Academy of Film and
Television Arts). É uma organização britânica que concede prêmios anuais para
excelência em filmes, televisão e jogos. O BAFTA é frequentemente comparado ao
Oscar nos Estados Unidos da América e é considerado o equivalente britânico ao
prêmio de cinema de Melhor Filme Não em Língua Inglesa e o Prêmio de Cinema
Europeu de Melhor Filme, enquanto foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme
Estrangeiro. O filme The Lives of Others custou US$ 2 milhões e
arrecadou mais de US$ 77 milhões em todo o mundo. Lançado 17 anos após a queda
do Muro de Berlim, marcando o fim da República Democrática Alemã, foi o
primeiro filme dramático notável sobre o assunto após uma série de comédias como
Adeus, Lenin! e Sonnenallee. Essa
abordagem foi amplamente aplaudida na Alemanha, e o filme foi elogiado por sua
interpretação e análise social precisa, apesar de algumas críticas de que o
personagem de Wiesler foi retratado de forma irrealista e com simpatia
indevida. A autenticidade do filme foi considerada louvável, visto que o
diretor cresceu fora da Alemanha Oriental e tinha 16 anos quando ocorreu a
queda do Muro de Berlim.
Em
1989, com a queda do Muro de Berlim, a República Democrática termina e,
com ela, a sua nova vida. Criada em 8 de fevereiro de 1950, centrava suas
operações na capital comunista, Berlim Oriental, onde mantinha um extenso
complexo em Lichtenberg, uma cidade da Alemanha, localizado no distrito de
Holf, no estado de Baviera e outros menores dispersos pela cidade. A Stasi é
reconhecida na esfera política como um dos serviços políticos públicos de
inteligência mais efetivos do mundo. Seu principal objetivo era espionar a
população da Alemanha Oriental, via uma enorme rede de espionagem de
civis-informantes. A repressão política era uma das prioridades, combatendo a
oposição através de tortura psicológica de dissidentes, num método chamado eficaz
chamado Zersetzung, que é traduzido como “decomposição”. No total, mais
de 250 000 alemães foram presos por razões políticas pela Stasi durante os 40
anos de sua existência. A antiga sede da Stasi em Berlim representa o
Stasimuseum, um museu onde “os visitantes podem inteirar-se das atividades”. A
partir de 1990, vários funcionários da Stasi foram levados a julgamento por
crimes cometidos contra a população em geral. Após a reunificação da Alemanha, ocorrida
no final década de 1980, principalmente com a queda do Muro de Berlim e a crise do regime socialista,
chamada por Habermas (1990) de Revolução retificada (Rectying Revolution),
pode-se acessar dados estatísticos coletados pela agência durante sua
existência.
Nunca
é demais repetir a distinção apontada por Jürgen
Habermas do ponto de vista da sociedade capitalista, quando estuda as
relações entre “técnica e ciência como ideologias”. Isto é importante. Diz
Habermas, “quero distinguir entre 1) enquadramento institucional de uma
sociedade ou de um mundo vital sociocultural, e, 2) os subsistemas de ação
racional relativa a fins que incrustam nesse enquadramento. Na medida em que as
ações são determinadas pelo marco institucional são ao mesmo tempo dirigidas e
exigidas mediante expectativas de comportamento, sancionadas e recíprocas. Na
medida em que são determinadas pelos subsistemas de ação racional teleológica,
regulam-se por modelos de ação instrumental ou estratégica. A garantia de que
elas sejam com suficiente probabilidade determinadas regras técnicas e as
estratégias esperadas só pode obter-se mediante a institucionalização, e com
isto obtém-se a distinção do conceito weberiano de racionalização”. Neste sentido, a superioridade do modo de
produção capitalista sobre os anteriores, funda-se nas duas questões seguintes:
a) na instauração de um mecanismo econômico que garante em longo prazo a
ampliação dos subsistemas de ação racional teleológica, e b) na criação de uma
legitimação econômica sob a qual o sistema de dominação pode adaptar-se às
novas exigências de racionalidade desses subsistemas progressivamente. Max
Weber concebe esse processo social de adaptação como “racionalização” e em
1904/05 afirmava o seguinte: - Ninguém sabe ainda a quem caberá no futuro viver
nessa prisão ou se, um vigoroso renascimento de velhos pensamentos e ideias, ou
ainda se nenhuma dessas duas – a eventualidade de uma petrificação mecanizada
caracterizada por esta convulsora espécie de autojustificação. Estes podem ser designados como “especialistas sem espírito, sensualistas sem
coração, nulidades que imaginam ter atingido um nível de civilização nunca antes
alcançado”.
Habermas
distingue ainda duas tendências, uma racionalização “partir de baixo” e uma
racionalização “a partir de cima”. No primeiro caso, surge uma permanente
pressão adaptativa logo que, com a institucionalização de um intercâmbio
territorial de bens e da força de trabalho, por um lado, e da empresa
capitalista, por outro, se impõe à nova forma de produção. No sistema de
trabalho social, fica assegurado o progresso cumulativo das forças produtivas
e, assim, uma expansão horizontal dos subsistemas de ação racional teleológica
– sem dúvida, à custa de crimes econômicos.
Por este meio, as formas tradicionais sujeitam-se cada vez mais às
condições da racionalidade instrumental ou estratégica: a organização do
trabalho e do tráfico econômico, a rede de transportes, de notícias e de
comunicação, as instituições do Direito privado e, partindo da administração
das finanças, a burocracia estatal. Surge deste modo, a infraestrutura de uma
sociedade sob a coação à modernização. Ela apodera-se, pouco a pouco de todas as
esferas vitais: da defesa do sistema escolar, da saúde e até da família, e
impõe tanto na cidade como no campo uma urbanização da forma de vida, i, é,
subculturas que ensinam o indivíduo a poder “deslocar-se” de um contexto de interação para a ação racional teleológica. À pressão para a
racionalização a partir de cima, pois, as tradições que legitimam a dominação e
orientam a ação, em especial as interpretações cosmológicas do mundo, esvaziam o
caráter vinculante com a imposição da racionalidade teleológica.
Assim,
as legitimações enfraquecidas são substituídas por outras novas que, por
seu turno, nascem da crítica à dogmática das interpretações tradicionais do
mundo e pretendem possuir um caráter científico, e que por outro lado, mantém
funções legitimadoras e subtraem as relações de poder existentes tanto à
análise como à consciência pública. Só assim surge ideologias em sentido
estrito. Substituem as legitimações tradicionais da dominação, ao
apresentarem-se com a pretensão da ciência moderna e ao justificarem-se a
partir da crítica às ideologias. O pensador alemão tem como escopo de sua
análise os chamados “países capitalistas avançados” que desde o último quartel
do século XIX apresentam duas tendências evolutivas: 1) um incremento da
atividade intervencionista do Estado, que deve assegurar a estabilidade do
sistema e, 2) uma crescente interdependência de investigação técnica, que
transformou as ciências na primeira força produtiva. Ambas as tendências
destroem aquela constelação de marco institucional e subsistemas de ação racional
dirigida a fins, pela qual se caracteriza o capitalismo de tipo liberal. Por
isso mesmo, é que não se cumprem, assim, condições relevantes de aplicação para
a economia política na versão que Marx, com razão, lhe dera relativamente ao
capitalismo liberal, ou seja, já não pode também desenvolver-se uma teoria
crítica da sociedade na “forma exclusiva de uma crítica da economia política”.
Na medida em que a atividade estatal visa à estabilidade, crescimento do
sistema econômico, a política assume peculiar caráter negativo: orienta-se
para prevenção das disfuncionalidades, evitamento dos riscos que possam
ameaçar o sistema; a política visa não a realização de fins
práticos, mas a resolução de questões técnicas.
Enfim,
o filme “A Vida dos Outros” (2006), dirigido por Florian Henckel von
Donnersmarck, é um drama alemão que se passa em Berlim Oriental, em 1984,
durante a chamada Guerra Fria. O filme acompanha a vida do capitão Gerd
Wiesler, um agente da Stasi (polícia secreta da Alemanha Oriental), que
é designado para espionar o dramaturgo Georg Dreyman e sua amante, a atriz
Christa-Maria Sieland. A análise do filme revela uma crítica contundente ao
regime socialista e à vigilância constante imposta pela Stasi, além de explorar
temas como a perda da privacidade, a manipulação da informação e a busca por
liberdade e autenticidade. O filme retrata de forma realista o ambiente
opressivo da Alemanha Oriental, onde a Stasi exercia um controle absoluto sobre
a vida dos cidadãos. A vigilância constante, a falta de liberdade de expressão
e a paranoia eram características marcantes desse período. Gerd Wiesler, inicialmente,
um agente frio e dedicado à sua função, se transforma ao longo da história,
desenvolvendo uma certa empatia por Dreyman e sua arte. A atuação de Ulrich
Mühe, que interpreta Wiesler, é magistral, transmitindo a complexidade de seu
personagem. Georg Dreyman, dramaturgo renomado, Dreyman representa a
resistência cultural e intelectual contra o regime. Sua arte se torna um
símbolo de liberdade e esperança para aqueles que vivem sob a opressão. Christa-Maria
Sieland, uma atriz talentosa, mas atormentada por seus próprios demônios e
pressões externas, Sieland se vê dividida afetivamente entre sua lealdade a
Dreyman e a sua necessidade de sobreviver em um ambiente
hostil.
O
filme problematiza a moralidade da vigilância estatal e a invasão da privacidade
dos cidadãos. A Stasi, com seu aparato de espionagem, controla todos os
aspectos da vida das pessoas, criando um clima de desconfiança e medo. A Stasi
utiliza a manipulação da informação para controlar a opinião pública e
desacreditar seus inimigos. O filme mostra como a verdade pode ser distorcida e
utilizada como arma pelo poder. A busca por liberdade e autenticidade é um tema
central. Dreyman e Sieland lutam para manter sua integridade e expressar suas
verdadeiras opiniões, mesmo sob a constante ameaça da Stasi. O filme sugere que
mesmo em um ambiente tão opressor, é possível encontrar redenção. A mudança de
Wiesler, de agente da Stasi para protetor de Dreyman, demonstra que a
humanidade pode prevalecer mesmo nas situações mais difíceis. O filme é marcado
por um estilo realista e minimalista, com uma atmosfera densa e tensa. A
fotografia em tons frios e a trilha sonora melancólica contribuem para criar a
sensação de opressão e isolamento. O filme: A Vida dos Outros foi
aclamado pela crítica e pelo público, recebendo diversos prêmios, incluindo o
Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O filme é considerado uma obra-prima do
cinema alemão e uma reflexão poderosa sobre a história e a condição humana. É
um filme de impacto social que aborda temas relevantes e atemporais. Sua
análise revela a complexidade da natureza humana e a importância da liberdade,
da privacidade e da busca pela verdade. O filme nos lembra que a luta pela
liberdade e pela autenticidade, isto é, uma batalha constante, que exige
coragem e determinação, mesmo em face da adversidade.
Sociologicamente falando o Zersetzung representou uma técnica de guerra psicológica usada pelo Ministério da Segurança do Estado para reprimir oponentes políticos na Alemanha Oriental durante aquelas décadas. Zersetzung serviu para combater dissidentes alegados e reais por meios secretos, usando métodos secretos de controle abusivo e manipulação psicológica para impedir atividades antigovernamentais. As pessoas eram comumente visadas de forma preventiva e preventivamente para limitar ou interromper atividades “politicamente incorretas que poderiam ter cometido”, e não com base em crimes que realmente cometeram. Os métodos de Zersetzung foram projetados para quebrar, minar e paralisar as pessoas por trás de “uma fachada de normalidade social” em uma forma de “repressão silenciosa”. A sucessão de Erich Honecker (1912-1994) a Walter Ulbricht (1893-1973) como Primeiro Secretário do Partido de Unidade Socialista da Alemanha em maio de 1971 viu uma evolução dos “procedimentos operacionais” (“Operative Vorgänge”) conduzidos pela Stasi longe do terror aberto da era Ulbricht em direção ao que veio a ser reconhecido como Zersetzung (“Anwendung von Maßnahmen der Zersetzung”), que foi praticamente formalizado pela Diretiva nº 1/76 sobre o chamado “Desenvolvimento e Revisão de Procedimentos Operacionais” em janeiro de 1976.
Erich Honecker foi um político alemão, que serviu como presidente da Alemanha Oriental de 1976 até 1989. Em 1971 substituiu Willi Stoph no cargo de secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA) e Walter Ulbricht no cargo do Presidente do Conselho Nacional de Defesa. Walter Ulbricht foi um político alemão, membro do Partido Comunista da Alemanha (KPD) e depois secretário-geral do Partido Socialista Unificado (SED), que resultou da fusão forçada pelos soviéticos do Partido Social-Democrata da Alemanha (SDP) com o Partido Comunista da Alemanha (KDP), na República Democrática Alemã. Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã entre 12 de setembro de 1960 e 1º de agosto de 1973. Foi o responsável por mandar construir o Muro de Berlim, embora dois meses antes tivesse negado tal intenção. Apoiou a intervenção soviética na Checoslováquia, durante a Primavera de Praga, mandando inclusive tropas da RDA para pôr fim ao levantamento liberal na Checoslováquia. Em 29 de outubro de 1976 foi eleito Presidente do Conselho de Estado pelo parlamento da República Democrática Alemã. Seu governo foi marcado por reformas econômicas e melhorias nas relações internacionais do país, incluindo uma aproximação com a República Alemã Ocidental, embora o Estado policial, encabeçado pela Stasi, tenha sido ampliado para suprimir a oposição política interna.
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Geral Consultada.
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