quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Contos de Nova Iorque – Arte & Lições de Vida, de Martin Scorsese.

                                      Não há tal coisa tão simples. Simples é difícil”. Martin Scorsese

            Comédia representa um gênero de ficção que consiste em discursos ou obras que pretendem ser humorísticos ou divertidos por induzir o riso (cf. Melo, 2016), especialmente no teatro, cinema, comédia stand-up, televisão, rádio, livros ou qualquer outro meio de entretenimento. Comédia dramática é a junção da representação social dos gêneros comédia e drama. O gênero teatral da comédia grega pode ser descrito como uma performance dramática que coloca dois grupos, idades, gêneros ou sociedades uns contra os outros em um divertido agon ou conflito. Estas obras geralmente apresentam uma história séria, porém abordada de forma engraçada.  Os gregos e romanos limitaram o uso da palavra comédia a descrições de peças teatrais com finais felizes. Aristóteles definiu a comédia como uma imitação de homens piores que a média, onde a tragédia era uma imitação de homens melhores que a média. Os personagens retratados nas comédias não eram piores que a média em todos os sentidos, apenas na medida em que eram ridículos, que é uma espécie do feio. O ridículo pode ser definido como um erro ou deformidade que não produz dor ou dano aos outros; a máscara, por exemplo, que provoca o riso é algo feio e distorcido sem causar dor. Na Idade Média, o termo se expandiu para incluir poemas narrativos com finais felizes. É nesse sentido que Dante usou o termo no título de seu poema, La Commedia. A palavra passou a ser cada vez associada a qualquer tipo de performance destinada a causar riso. O termo comédia tornou-se sinônimo de sátira e, mais tarde, de humor em geral.

            A Poética de Aristóteles foi traduzida para o árabe no mundo islâmico medieval, onde foi elaborada por escritores árabes e filósofos islâmicos, como Abu Bishr e seus alunos Alfarábi, Avicena e Averróis. Eles dissociaram a comédia da representação dramática grega e, em vez disso, identificaram-na com temas e formas poéticas árabes, como hija (poesia satírica). Eles viam a comédia simplesmente como a “arte da repreensão” e não faziam referência socialmente a eventos leves e alegres, ou aos começos perturbadores e finais felizes associados à comédia grega clássica. Após as traduções latinas do século XII, o termo comédia ganhou um significado mais geral na literatura medieval. As traduções latinas de Aristóteles realizadas por Robert Grosseteste (1175-1253) e Willem van Moerbeke (1215-1286) foram as obras de referência para os filósofos e teólogos que introduziram o pensamento do filósofo grego no Ocidente. Os tradutores medievais adotavam o método de tradução literal, ou seja, “transpunham o texto grego para o latim, palavra a palavra, se possível na mesma ordem”. Alguns tradutores também escreviam prefácios ou prólogos nos quais ofereciam indicações relativas às modificações dos textos-fonte. No final do século XX, estudiosos preferiram usar o termo riso para se referir a toda a gama do cômico, a fim de evitar o uso de gêneros ambíguos e problematicamente definidos, como o grotesco, a ironia e a sátira.   

       Martin Scorsese descreve detalhadamente as características sufocantes da indústria cultural sobre o protagonista Lionel Dobie (Nick Nolte), um ator e ex-modelo norte-americano. Iniciou a carreira no teatro, em Pasadena (Califórnia), tendo participado em inúmeras peças teatrais. Mas ficou mundialmente reconhecido em 1976, quando participou da série televisiva Rich Man, Poor Man, no papel de Tom Jordache. O ator já recusou inúmeros papéis que trouxeram sucessos aos que acabaram por protagonizá-los. Entre as suas famosas recusas estão Guerra das Estrelas, Indiana Jones e Superman. Nick Nolte tem dois filhos, Brawley Nolte (1986) e Sophie Nolte (2007). Brawley também é ator e trabalhou ainda criança com Mel Gibson em 1996 no filme “O Preço de um Resgate”. Embora o ressurgimento da indústria financeira tenha melhorado a “saúde econômica”, na falta de melhor expressão, da cidade na década de 1980, a taxa de crimes de Nova Iorque continuou a subir per se até o início da década de 1990. Nos anos 1990, os índices estatísticos de criminalidade começaram a cair dramaticamente devido ao aumento da presença policial e da gentrificação e muitas novas ondas de imigrantes chegaram da Ásia e da América Latina. Importantes setores novos, como o Silicon Alley, surgiram na economia da cidade e a população de Nova Iorque alcançou o seu maior número da história no censo de 2000. A cidade sofreu ataques de 11 de setembro de 2001, quando cerca de três mil pessoas morreram na destruição das duas torres do World Trade Center. No lugar das torres destruídas, em 3 de novembro de 2014 foi inaugurado One World Trade Center e como World Trade Center Memorial Museum, inaugurado em setembro de 2012; outras três novas torres de escritórios e um centro de transporte modernizarão a Lower Manhattan e modificarão o skyline de Nova Iorque.  

                                                     

           Gentrificação é um conceito sociológico que acarreta a substituição física, econômica, social e cultural de um bairro ou uma área urbana proletária para burguesa após a compra de propriedades, e sua consequente revalorização no mercado através do influxo de residentes e empresas mais abastados. É um tema comum e controverso na política e planejamento urbano. A gentrificação geralmente aumenta o valor econômico de um bairro, mas o deslocamento demográfico resultante pode se tornar um grande problema social. A gentrificação, muitas vezes, vê uma mudança na composição racial ou étnica de um bairro e na renda familiar média à medida que a habitação e os negócios se tornam mais caros e os recursos que antes não eram acessíveis são ampliados e melhorados. O processo de gentrificação é tipicamente o resultado do aumento da atração para uma área por pessoas com renda mais alta que se espalham por cidades, vilas ou bairros vizinhos. Outras etapas são maiores investimentos em uma comunidade e na infraestrutura relacionada por empresas de desenvolvimento imobiliário, governo local ou ativistas comunitários e desenvolvimento econômico resultante, maior atração de negócios e menores taxas de criminalidade. Além desses benefícios potenciais, a gentrificação pode levar à migração e deslocamento da população. Em casos extremos, a gentrificação pode ser provocada por uma bomba de prosperidade. No entanto, alguns veem o medo do deslocamento, que domina o debate sobre a gentrificação, como um obstáculo à discussão sobre abordagens progressistas genuínas para distribuir os benefícios das estratégias de redesenvolvimento urbano. Associados aos políticos, ao grande capital e aos promotores culturais, os planejadores urbanos, agora planejadores-empreendedores, tornaram-se peças-chave dessa dinâmica. Esse modelo de mão única, que passa invariavelmente pela gentrificação de áreas urbanas consideradas degradadas para torná-las novamente atraentes ao chamado grande capital” através de megaequipamentos culturais, tem dupla origem, norte-americana (Nova Iorque) e europeia (a Paris do Beaubourg), atingindo seu ápice de popularidade e marketing em Barcelona, e difundindo-se pela Europa nas experiências de Bilbao, Lisboa e Berlim.

Este fenômeno é realmente mundial, e é encontrado principalmente em países desenvolvidos ou em desenvolvimento onde renda média e a população são crescentes e os bairros nobres começam a “invadir” seus vizinhos menos nobres, empurrando para mais distante as periferias. Existem diversos exemplos em países como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Espanha, entre outros. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura criou uma mesa redonda para debater como o processo de gentrificação vem ocorrendo no sudeste asiático, nos países árabes, na Espanha, e em outros países, em comparação com o que ocorre tradicionalmente na América do Norte. Essa mesa redonda objetiva reunir especialistas mundiais para debater quais são as consequências físicas dessas modificações, e quais suas implicações socioeconômicas e culturais para os habitantes de distritos históricos em cidades tão diversas como Seul, Lahore, Karachi, Moscou, Marraquexe, Quito, Cuenca, Barcelona e Málaga e Istambul, dentre outras. São criticados por alguns estudiosos do urbanismo e de planejamento urbano devido ao seu caráter excludente e privatizador. Outros estudiosos, como o sociólogo Richard Sennett da Universidade Harvard, consideram demagógico o caráter das críticas, argumentando que problemas urbanos não se resolvem com benevolência para com as camadas mais pobres da população e, na sua opinião, só se resolvem com alternativas que recuperem a economia degradada. Segundo autores de orientação ideológica de esquerda, os processos de gentrificação estariam colocando em risco a coesão social e a inclusão de distritos históricos, levando mesmo, em alguns casos, a uma transformação social brutal e a despejos forçados.

          Martin Scorsese nasceu no Queens, em Nova Iorque, em 17 de novembro de 1942. É um brilhante cineasta, produtor de cinema, roteirista e ator norte-americano vencedor do Oscar de melhor diretor por Os Infiltrados (2007). Filho do Sr. Charles Scorsese e da Sra. Catherine Scorsese, Scorsese é descendente de sicilianos e, quando criança, queria ser padre. Muitos dos seus filmes fazem alusão à religião de sua juventude da qual, porém, definitivamente se afastou jovem, como fica claro em Mean Streets (1973), mas principalmente em The Last Temptation of Christ (1982), baseado no romance de Níkos Kazantzákis (1883-1957). Muito cedo foi atraído pelo mundo espetacular do cinema. Admitiu sua “obsessão pelo cinema” no documentário de 3 horas e 45 minutos que realizou: A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies (1995). Scorsese frequentou a escola de cinema da Universidade de Nova Iorque; fazia filmes curtos, um dos quais – The Big Shave (1967) – ficou famoso na conjuntura. O primeiro filme a sério – Who´s That Knocking At My Door (1967), com o colega da Harvey Keitel, tornando-se reconhecido dos chamados “movie brats” dos anos 1970: Francis Ford Coppola, George Lucas e Brian de Palma.  Foi Brian de Palma que o apresentou a Robert de Niro, de quem se tornou amigo íntimo, tendo trabalho juntos em vários projetos: Mean Streets ou Caminhos Perigosos (1973), Taxi Driver (1976), New York, New York (1977), Touro Indomável (1980), The King of Comedy (1982), Goodfellas (1990), Cabo do Medo (1991), Cassino (1995) e O Irlandês (2019). Em 1972 dirigiu Boxcar Bertha para o famoso produtor de filmes B, Roger Corman que também tinha dado a primeira oportunidade a Coppola. Boxcar Bertha ensinou Scorsese do ponto de vista pragmático a fazer“filmes baratos e depressa”, preparando-o para o seu primeiro filme com de Niro, Mean Streets, de 1973. Aclamado pela crítica, Mean Streets foi o pontapé inicialmente de saída para Scorsese e de Niro. A atriz Ellen Burstyn, escolheu Scorsese para dirigir o filme Alice Doesn’t Live Here Anymore (1974), pelo qual ganhou o Oscar de melhor atriz. Em 1976, Scorsese surpreendeu o cinema com Taxi Driver

         O filme é protagonizado por Robert de Niro e Jodie Foster, com performances brilhantes, num ideário considerado dos “mais violentos e crus sobre a vida em Nova Iorque alguma vez levado à tela”. Cinco anos mais tarde, Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, foi quase assassinado por um jovem que justificou o seu ato com a obsessão que sentia pela personagem de Jodie Foster neste filme. Taxi Driver (1976) recebeu quatro nomeações para o Oscar, incluindo o de melhor filme, e encorajou Scorsese a avançar para o seu primeiro projeto arrojado, New York, New York (1977). Este tributo musical à cidade natal de Scorsese, resultou num enorme fracasso de bilheteria, e a má recepção que teve levou Scorsese a uma depressão nervosa (cf. Macêdo, 2024); mesmo assim conseguiu a inspiração para realizar o que será provavelmente o melhor filme de rock, The Last Waltz, que documenta o último concerto dos The Band em 1978. Neste ano fez também um outro documentário chamado American Boy. Convencido de que não faria mais nenhum filme, devido ao seu estado de saúde aparentemente precário, colocou todas as suas energias na realização de Raging Bull; amplamente reconhecido como sendo uma obra-prima, o filme recebeu oito nomeações para os óscares, incluindo as de “melhor filme”, “melhor ator” (Robert de Niro) e pela primeira vez, a de “melhor diretor”. Robert de Niro ganhou, mas Martin Scorsese perdeu para o primeiro filme do extraordinário Robert Redford. Isto manteve Scorsese na produção disciplinar de filmes, mas sem um grande êxito aparentemnte de bilheteira, teve portanto, que continuar a lutar nesta arena para os conseguir realizar. 

Até meados da década de 1980, Scorsese fez mais três filmes menores, The King of Comedy (1982), After Hours (1985) e The Color of Money (1986). Este último, protagonizado por Paul Newman e Tom Cruise, deu a Newman seu primeiro Óscar como ator principal, assim deu a Scorsese a segurança para iniciar um projeto que há muito lhe era querido, The Last Temptation of Christ. Mas Scorsese filmou com um pequeno orçamento, sabendo que o filme seria controverso e que por isso não lhe traria grandes dividendos comerciais. No entanto, nada lhe fazia prever o furor que o filme causaria: grandes protestos nacionais, incluindo alguns favoravelmente, nunca antes vistos por causa de um filme. Scorsese recebeu a sua segunda nomeação para melhor diretor, que, no entanto, viria a perder para Barry Levinson que estreou na direção em1982. O apoio que lhe foi dado por importantes figuras políticas, impediu que ele se tornasse um proscrito em Hollywood, e deu-lhe o ímpeto para filmar Goodfellas, especificamente sobre a dependência de drogas, que se tornou seu maior sucesso de bilheteria. Com Goodfellas, Scorsese retornava à sua nativa Nova Iorque, e voltava a trabalhar com Robert de Niro e Joe Pesci. Este filme sobre a vida de um gangster, foi considerado o melhor filme sobre a máfia desde a produção e direção de Godfather de Francis Ford Coppola, e assegurou a Scorsese um lugar praticado e, porque não dizer exitoso, entre os melhores diretores que sempre alcançam as escarpas abruptas na escala da fama. Conseguiu a terceira nomeação, mais uma vez perdeu para um estreante, desta vez Kevin Costner. 

Nova Iorque tem suas raízes historicamente na sua fundação em 1624 como um “posto de comércio por colonos neerlandeses”, sendo nomeada Nova Amsterdã, em 1626. A cidade e seus arredores foram tomados pelo Reino da Inglaterra em 1664, passando a fazer parte do Império Britânico, e sendo seu nome alterado para Nova Iorque, depois que o Rei Carlos II da Inglaterra concedeu as terras para seu irmão, o Duque de Iorque e posteriormente Rei Jaime II da Inglaterra. Nova Iorque serviu como a capital dos Estados Unidos de 1785 até 1790, sendo a maior cidade do país desde 1790. A Estátua da Liberdade recebeu milhões de imigrantes que vieram para a América de navio no final do século XIX e início do século XX. A cidade é considerada um dos mais importantes centros da diplomacia mundial. Juntamente com Genebra, Comitê Internacional da Cruz Vermelha e sede europeia da Organização das Nações Unidas, Basileia (Banco de Assentamentos Internacionais) e Estrasburgo (Conselho da Europa), Nova Iorque é uma das poucas cidades do mundo que serve de sede a uma das mais importantes organizações internacionais, sem ser, na esfera político-administrativa a capital de um país.

            A região originariamente era habitada por nativos das tribos lenapes no momento da “descoberta” europeia, em 1524, por Giovanni da Verrazano (1485-1528), um explorador florentino a serviço da coroa francesa, que chamou de Nouvelle Angoulême. O assentamento europeu começou com a fundação de uma colônia holandesa de comércio de peles, que mais tarde seria chamada “Nieuw Amsterdam”, na ponta Sul de Manhattan em 1614. O diretor-geral colonial holandês Peter Minuit comprou a ilha de Manhattan dos lenapes em 1626 pelo valor de 60 florins, cerca de mil dólares em 2006; uma outra lenda diz que Manhattan foi comprada por 24 dólares no valor de contas de vidro. Entretanto, os primeiros moradores de Nova Iorque foram 23 judeus de origem portuguesa que chegaram em 7 de setembro de 1654 na Nova Amsterdã, um entreposto da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fugindo da Inquisição no Recife. Das 16 naus que partiram às pressas do Recife, uma foi saqueada na Jamaica e 23 judeus viajaram à ilha de Manhattan, sem bens, onde estabeleceram e trabalharam no comércio.

Em 1664, a cidade foi entregue para os ingleses e rebatizada para “New York” (Nova Iorque) pelo Duque de York e Albany. No final da Guerra Anglo-Holandesa, os holandeses ganharam o controle da ilha de Run (um ativo muito mais valioso) em troca do controle inglês sob Nova Amsterdã (Nova Iorque), na América do Norte. Várias guerras intertribais entre os nativos americanos e algumas epidemias ocasionadas pela chegada dos europeus provocaram perdas consideráveis ​​para a população lenape entre os anos de 1660 e 1670. Em 1700, a população lenape tinha diminuído para apenas 200 membros. Em 1702, a cidade perdeu 10% de sua população para a febre amarela. Nova Iorque sofreu nada menos que sete importantes epidemias de febre amarela no período ente 1702 e 1800. Nova Iorque cresceu em importância social e política como porto comercialmente enquanto esteve sob o domínio do fabuloso império britânico. A cidade sediou o influente julgamento de John Peter Zenger (1697-1746) um impressor e jornalista alemão que vivia na cidade de Nova York em 1735, ajudando a estabelecer a liberdade de imprensa na América do Norte. Em 1754, a Universidade Colúmbia foi fundada em navios fretados por Jorge II da Grã-Bretanha como Faculdade do Rei em Lower Manhattan. O Stamp Act Congress se reuniu em Nova Iorque em outubro de 1765, assim como os Filhos da Liberdade, organização secreta de patriotas americanos originada nas Treze Colônias durante a Revolução Americana, se organizaram na cidade, escaramuçando durante os dez anos com as tropas britânicas paralisadas no país. 

Muitos distritos e pontos turísticos de Nova Iorque se tornaram reconhecidos graças aos seus quase 50 milhões de visitantes anuais. A Times Square, batizada de “a encruzilhada do mundo”, é a região iluminada onde se concentram os famosos teatros da Broadway, sendo um dos cruzamentos de pedestres mais movimentados do mundo e um importante centro da indústria do entretenimento mundial. A cidade abriga algumas das pontes, arranha-céus e parques de maior renome no mundo. O distrito financeiro de Nova Iorque, ancorado por Wall Street em Lower Manhattan, protagoniza o setor econômico como um dos maiores centros financeiros do mundo, e é o “lugar praticado” da Bolsa de Valores de Nova Iorque, a maior bolsa de valores do planeta pelo total de capitalização de mercado de suas empresas listadas. O mercado imobiliário de Manhattan está entre os mais valorizados e caros do mundo. A Chinatown de Manhattan incorpora a maior concentração de chineses do Ocidente. Ao contrário da maioria dos sistemas de metrô do mundo, o Metropolitano de Nova Iorque é projetado para fornecer o serviço de 24 horas por dia, 7 dias por semana. Inúmeros colégios e universidades estão localizados na cidade, incluindo a Universidade Columbia, a Universidade de Nova Iorque e a Universidade Rockefeller, que estão classificadas entre as 100 melhores do mundo.

Durante a Revolução Americana, a Batalha de Long Island, considerada a maior batalha ocorrida nessa guerra, foi travada em agosto 1776 inteiramente em terras atualmente ocupadas pelo borough do Brooklyn, um burgo da cidade de Nova Iorque, coextensivo com o condado de Kings, no estado norte-americano de Nova Iorque. Após a batalha, em que os estadunidenses foram derrotados, deixando subsequentes batalhas menores seguirem o mesmo rumo, a cidade tornou-se a base militar e política britânica de suas operações na América do Norte. A cidade foi um refúgio para legalistas até o fim da guerra em 1783. A única tentativa de uma solução pacífica para a guerra aconteceu no Casa de Conferência em Staten Island entre os delegados estadunidenses, incluindo Benjamin Franklin (1706-1790), e o general britânico Lord Howe, em 11 de setembro de 1776. Logo após o início da ocupação britânica, ocorreu o Grande Incêndio de Nova Iorque, uma conflagração de grande porte que destruiu cerca de um quarto dos edifícios na cidade, incluindo a Igreja da Trindade. A montagem do Congresso da Confederação fez de Nova Iorque a capital do país em 1785, logo após a guerra. Nova Iorque foi a última capital dos Estados Unidos sob os Artigos da Confederação e a primeira capital sob a Constituição dos Estados Unidos. Em 1789, o primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington (1732-1799), foi empossado; o primeiro Congresso dos Estados e a Suprema Corte dos Estados Unidos foram montados e a Carta dos Direitos dos Estados Unidos foi elaborada, tudo no âmbito do Federal Hall, em Wall Street.

No século XIX, a cidade foi transformada pela imigração socialmente e pelo desenvolvimento. Uma proposta visionária de desenvolvimento, o Plano dos Comissários de 1811, expandiu a “grade de ruas” por toda Manhattan e a abertura do Canal de Erie em 1819, ligando o Atlântico aos vastos mercados agrícolas do interior norte-americano. A política local caiu sob o domínio do Tammany Hall, uma máquina política apoiada por imigrantes irlandeses. A Grande Fome Irlandesa trouxe um grande influxo de imigrantes irlandeses e, em 1860, um em cada quatro nova-iorquinos, ou seja, mais de 200 mil pessoas havia nascido na Irlanda. Várias proeminentes figuras literárias estadunidenses viveram em Nova Iorque durante os anos 1830 e 1840, incluindo William Cullen Bryant, Washington Irving, Herman Melville, Rufus Wilmot Griswold, John Keese, Nathaniel Parker Willis e Edgar Allan Poe. Membros da velha aristocracia comerciante fizeram lobby para a criação do Central Park, que se tornou “o primeiro parque ajardinado” numa cidade estadunidense em 1857. Uma significante população negra livre ativamente também existia em Manhattan e no Brooklyn. Escravos existiam em Nova Iorque em 1827, mas durante os anos 1830, Nova Iorque tornou-se um centro do ativismo abolicionista interracial no Norte. A população negra de Nova Iorque era de mais de 16 mil pessoas em 1840. A população não branca de Nova Iorque era de 36 620 pessoas em 1890. A revolta durante o recrutamento militar durante a Guerra Civil Americana (1861-1865) levou aos motins de 1863, um dos piores incidentes civis na história americana. Em 1898, a cidade de Nova Iorque obteve sua atual formação, com a consolidação do Brooklyn que, era uma cidade separada, juntamente com o Condado de Nova Iorque, incluía partes do Bronx, o Condado de Richmond e a parte ocidental do condado de Queens. 

A abertura do metrô, em 1904, ajudou a conectar urbanamente toda a cidade. Na primeira metade do século XX, a cidade se tornou um centro mundial para a indústria, comunicação e comércio. No entanto, este desenvolvimento não veio sem um preço. Em 1904, o navio a vapor General Slocum pegou fogo no rio East, matando 1021 pessoas a bordo. Em 1911, o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, o pior desastre industrial da cidade até os ataques políticos de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, tirou a vida de 146 trabalhadores e estimulou o crescimento da União Internacional das Damas Trabalhadoras de Vestuário e grandes melhorias nos padrões de segurança das fábricas. Na década de 1920, a cidade era um destino privilegiado para afro-americanos durante a Grande Migração do Sul estadunidense. Em 1916, Nova Iorque era o lugar da maior população urbana da diáspora africana na América do Norte. O renascimento de Harlem floresceu durante a era da Lei Seca, coincidente com um maior boom econômico que viu o horizonte se desenvolver com a construção de arranha-céus. A Lei Seca foi um período de proibição da produção, venda e transporte de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, que durou de 1920 a 1933. A lei foi estabelecida pela 18ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos e foi uma resposta ao movimento pela temperança do século XIX. Nova Iorque se tornou a área urbanizada mais populosa do mundo em 1920, ultrapassando Londres, e sua região metropolitana ultrapassou a marca de dez milhões em 1930, tornando-se a primeira megacidade da história humana. Os anos difíceis da Grande Depressão viram a eleição do reformista Fiorello La Guardia (1882-1947) como prefeito e a queda do Tammany Hall, após 80 anos de domínio político.

O retorno de veteranos da Segunda Guerra Mundial criou um boom económico pós-guerra e o desenvolvimento de novos bairros no leste do Queens. Nova Iorque saiu da guerra incólume como a principal cidade do mundo, com Wall Street liderou o lugar dos Estados Unidos como a potência econômica dominante do mundo. A sede da Organização das Nações Unidas (ONU), concluída em 1950, enfatizou a influência política de Nova Iorque e a ascensão do expressionismo abstrato na cidade precipitou deslocamento de Nova Iorque como o centro do mundial da arte, deixando Paris em segundo plano. Na década de 1960, a cidade começou a sofrer de problemas econômicos e com índices de criminalidade em ascensão. Contos de Nova York representa um filme estadunidense de 1989, do gênero comédia dramática, contendo três curtas-metragens cujo tema nevrálgico é a cidade de Nova York: Life Lessons, dirigido por Martin Scorsese. A primeira história, “Lições de Vida” (1989), é dirigida por Martin Scorsese. Nick Nolte interpreta Lionel Dobie, um pintor renomado que cultiva um “amor obsessivo” (cf. Biscaro, 2023) no plano egoísta do trabalho individual pela assistente, Paulette (Rosanna Arquette), sua namorada que planeja deixá-lo.

Bibliografia Geral Consultada.

MAFFESOLI, Michel, O Conhecimento Comum. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988; THOMPSON, David; CHRISTIE, Ian, Scorsese por Scorsese. Rio de Janeiro: Edições 70, 1989; BAUDRILLARD, Jean, A Transparência do Mal. Campinas: Papirus Editora, 1990; KAPLAN, E. Ann, A Mulher e o Cinema: Os Dois Lados da Câmera. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1995; MERLEAU-PONTY, Maurice, Le Cinema et la Nouvelle Psychologie. Paris: Éditions Gallimard, 1996; BENET, Vicente, La Cultura del Cine: Introducción à la História y à la Estética del Cine. Barcelona Espanha: Paidos Ibérica Ediciones, 2004; JAY, Martin, A Imaginação Dialética: História da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais, 1923-1950. Rio de janeiro: Contraponto Editora, 2008; INADA, Jacqueline Feltrin, “O Conceito de Felicidade em Freud”. In: Kínesis, Vol. I, n° 01, narço-2009, pp.58-67; SCHICKEL, Richard, Conversas com Scorsese. São Paulo: Editor Cosac Naify, 2011; HARRIS, Mark, Cenas de uma Revolução: O Nascimento da Nova Hollywood. Porto Alegre: L&PM Editor, 2011; ALPENDRE, Sérgio, O Mal-estar da Sociedade Americana e sua Representação no Cinema (1975 1978). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicação e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013; MELO, Elderson Melo de, O Riso Invade a Educação: Uma (Des)proposta para a Pedagogia do Cômico. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016; LEPORE, Jill, Estas Verdades: A História da Formação dos Estados Unidos.1ª edição. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2020; PARIS, Clarinice Aparecida, A Função Ética da Psicanálise diante do Sofrimento Psíquico Engendrado Pelo Neoliberalismo. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2023; BISCARO, Matheus Pinto, Encurralado: Um Conto sobre a Paranoia, a Máquina e a Masculinidade na Hollywood dos anos de 1970. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2023; MACÊDO, Marcelle Maciel da Veiga, Facetas Paradoxais do Consumo: Mal-estar e Felicidade. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicanálise. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2024; entre outros. 

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