“Tenho o caminho do que sempre quis, e um Saveiro pronto pra partir”. Criolo & Milton Nascimento
A
história social registrada de Poti e seus arredores abrange mais de 26 séculos. Na
Antiguidade Clássica e no início da Idade Média, a área foi ocupada pela pólis
grega de Fásis, estabelecida pelos colonos de Mileto, liderados por um certo
Temístágoras, no final do século VII e provavelmente no início do século VI
a.C. A famosa viagem semimitológica grega de Jasão e os Argonautas em
busca do Velocino de Ouro teria entrado na Geórgia por este porto e
viajado rio acima até o que é Kutaisi. Após muitos anos de incerteza e debate
acadêmico, o local deste assentamento agora parece estar estabelecido, graças à
arqueologia subaquática em condições difíceis. Aparentemente, o lago que
o bem informado autor grego antigo Estrabão (cf. Zuliani, 1999) relatou como
delimitando um lado de Fásis agora o engolfou, ou parte dele. No entanto, uma
série de questões sobre a localização exata da cidade e a identificação de suas
ruínas permanecem em aberto devido, em grande parte, aos processos
geomorfológicos seculares da área, já que o curso inferior do Rioni é propenso
a mudanças de curso através do pantanal. Fásis parece ter sido um importante
centro de comércio e cultura na Cólquida no período clássico. A
seção ao longo do rio Fásis era vital da presumida rota comercial
da Índia para ir de encontro ao Mar Negro, atestada por Estrabão e Plínio.
Oriundo de uma família influente e de condição social elevada, Estrabão terá nascido em torno de 64 a. C. em Amásia, no Ponto (Ásia Menor). Em sua formação teve como professores figuras ilustres como Aristodemo de Nisa, o velho, foi um gramático grego nascido em Nisa, filho de Menécrates e discípulo do célebre gramático Aristarco de Samotracia. William Smith acredita também que é o mesmo personagem citado na Escolástica de Pindaro com o nome de Aristodemo de Alexandria, pois residiu ali certo tempo. Regressando a Nisa tomou como pupilo a Estrabão. Baseado em Políbio, Estrabão terá escrito, primeiramente, uma obra de cariz historiográfico, intitulada: Historika Hypomnemata, da qual nos chegaram apenas alguns fragmentos. Contudo, a obra que o notabilizou foi, de fato, a Geographia, pois Estrabão começa por inferir que a Geografia é uma preocupação do filósofo, uma vez que trata também de coisas não só humanas, mas também divinas, à semelhança da Filosofia. Sobre seu ideário os principais testemunhos datam do período compreendido entre os séculos X e XV. No entanto as versões mais antigas de alguns excertos dos livros 2, 7 e 9 foram encontradas em papiros egípcios datados dos séculos II e III. Parte do livro 1 e dos livros 8 a 17 foi encontrada em finais do século V. Importa ainda referir que a Editio Princeps, por Aldus, foi publicada em Veneza, em 1516. A Geografia está dividida da seguinte forma. Na história da civilização todo povo que atinge um certo grau de desenvolvimento sente-se naturalmente inclinada à prática da educação. Ela é o princípio por meio do qual a comunidade conserva e transmite a sua peculiaridade tanto física quanto espiritual.
Uma educação consciente pode mudar a natureza física do homem e suas qualidades, elevando-lhe a capacidade a um nível superior. Mas o espírito conduz progressivamente à descoberta de si mesmo e cria, pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores de existência humana. A natureza do homem, na sua dupla estrutura corpórea e espiritual, cria condições especiais para a manutenção e transmissão da sua forma peculiar e exige organizações físicas e espirituais, ao conjunto dos quais damos o nome de educação. Nela, a educação, o homem com sua prática social, atua a mesma força vital, criadora e plástica, que espontaneamente impele todas as espécies vivas à conservação e propagação de seu tipo social. É nela, porém, que essa expressão social atinge o mais alto grau de intensidade, através do esforço consciente do conhecimento e da vontade, dirigida para a consecução de um fim. Em nenhuma parte, o influxo da comunidade nos seus membros tem maior força que no constante ato de educar, em conformidade com o próprio sentir, cada nova geração. A estrutura política assenta nas leis e normas escritas e não escritas que a unem e unem os seus membros. O conceito de sociedade está ligado aos fatores territoriais, culturais, políticos e históricos que unem indivíduos, toda geração é assim o resultado da consciência viva, individual e coletivamente, de uma norma que rege uma comunidade humana, quer se trate da família, de uma classe social ou de uma profissão, quer se trate de um agregado humano mais vasto, como um grupo étnico ou um Estado.
A
educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino
exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma
vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valões que regem a
vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela
transformação dos valões válidos para cada sociedade. À estabilidade das normas
válidas corresponde a solidez dos fundamentos da educação. Da dissolução e
destruição das normas advém a debilidade, a falta de segurança e até a
impossibilidade absoluta de qualquer ação educativa. Acontece isto quando a
tradição é violentamente destruída ou sofre decadência interna. Fora de dúvida,
a estabilidade não é o indício seguro de saúde, porque reina também nos estados
de rigidez senil, nos momentos finais de uma cultura: assim sucede na China
confucionista pré-revolucionária, nos últimos tempos históricos da Antiguidade,
nos derradeiros dias dos Judaísmo, uma religião monoteísta com raízes antigas,
centrada na crença em um único Deus e na observância de leis e tradições
transmitidas através da Torá e outros textos sagrados. É uma religião,
filosofia e modo de vida com uma rica história, práticas e costumes distintos, em
certos períodos da história da Igrejas, da arte e das escolas
científicas. Segundo Jaeger (2011), é monstruosa a impressão gerada pela
fixidez quase intemporal da história do antigo Egito, através de milênios; mas
também entre os Romanos e a estabilidade comunal das relações sociais foi considerada como o valor mais alto e apenas se concedeu
justificação limitada aos anseios e ideais inovadores. O Helenismo ocupa uma
posição singular na história.
Termópilas é um desfiladeiro localizado na Grécia Central que serviu de lugar praticado para violenta batalha entre persas e espartanos. O conflito foi provocado pelo anseio do persa Xerxes de dominar o território e o povo espartano, o que foi negado pelo rei e general de Esparta de 491 a. C até a data de sua morte em 480 a.C. durante a batalha de Termópilas. Uma de suas ações mais importantes se deu por ocasião da invasão da Grécia pelos persas, em 481 a.C. Defendendo o desfiladeiro das Termópilas, que une a Tessália à Beócia, Leónidas e uma tropa de aproximadamente 7000 homens, sendo que apenas 300 eram espartanos, conseguiram repelir os ataques iniciais. Mas Xerxes I, rei da Pérsia, foi auxiliado pelo pastor Efialtes que o conduziu por um caminho que contornava o desfiladeiro, e pôde cercar o exército de Leónidas. Restavam apenas 300 espartanos e pouco mais de 1000 soldados tespienses e tebanos, que decidiram resistir lutando até a morte. Em 462 a.C. Efialtes foi responsável pela reforma do Areópago, controlado pela aristocracia, limitando o seu poder para julgar apenas os casos de homicídio e os crimes religiosos. Antes do século V a. C., o Areópago representava o conselho dos anciãos relativamente semelhante se pensarmos comparativamente ao extraordinário Senado romano. A origem do nome não é clara.
Etimologicamente em grego antigo, πάγος pagos significa “grande pedaço de rocha”. Areios poderia ter vindo de Ares ou do Erinyes, pois em seu pé foi erguido um templo dedicado às Erínias onde os que eram considerados assassinos costumavam encontrar abrigo para não enfrentar as consequências de seus atos criminosos. Mais tarde, o Romanos referido à colina rochosa como “Mars Hill”, após Marte, a versão romana do deus grego da guerra. Perto do Areópago também foi construída a basílica de Areopagitas Dionísio. Comparativamente sua composição era restrita aos que pelo status ocuparam cargos públicos importantes, neste caso o de Arconte. Em 594 a. C, o Areópago concordou em transferir suas funções para Solon para reforma. Ele instituiu reformas democráticas, reconstituiu seus membros e devolveu o controle à organização. Sob as reformas de Clístenes promulgadas em 508/507 a. C, o Boule (βουλή) ou conselho, foi expandido de 400 para 500 homens, e foi formado por 50 homens de cada um dos dez clãs ou phylai (φυλαί). Em 462 a. C., Efialtes passou por reformas que privaram o Areópago de quase todas as suas funções, exceto a de um tribunal de homicídio em favor de Heliaia, o tribunal supremo da Atenas antiga. A opinião generalizada entre os acadêmicos é de que a origem de seu nome é o verbo Ήλιάζεσθαι, que tem como significado συναθροίζεσθαι, “congregar”. Esta medida formal foi considerada impopular entre os aristocratas e levou ao seu assassinato em 461 a. C.A investigação moderna abriu imensamente o horizonte da história. A oikoumene dos Gregos e Romanos clássicos, que durante dois mil anos coincidiu com os limites do mundo, foi rasgada em todos os sentidos do espaço e perante o nosso olhar surgiram mundos espirituais até então insuspeitados. Quando deixa de ser um povo particular e nos inscreve como membros nos círculos de povos, começa a aparição dos Gregos.
Foi por essa razão ou racionalização que a esse grupo de povos Werner
Jaeger designou de helenocêntrico. É este o motivo porque, no decurso de
nossa história, voltamos constantemente à Grécia. Este retorno e esta
espontânea renovação de sua influência não significa que lhe tenhamos
conferido, pela sua grandeza espiritual, uma autoridade imutável, fixa e
independente do nosso destino. O fundamento de nosso regresso reside nas
próprias necessidades vitais, por mais variadas que elas sejam através da
História. É claro que, para nós e para cada um dos povos deste círculo, a
Grécia e Roma aparecem como algo de radicalmente estranho. Esta separação
analítica funda-se em parte no sangue e no sentimento, em parte na estrutura do
espírito e das instituições, e ainda na diferença da respectiva situação
histórica; mas entre esta separação e a que sentimos ante os povos orientais,
distintos pela sua raça e pelo espírito, a diferença é gigantesca. Não se trata
inclusive de um sentimento apenas de parentesco racial. É preciso distinguir a
história nesse sentido quase antropológico da história que se fundamenta na
união espiritual viva e ativa e na comunidade de um destino, quer seja o do
próprio povo, quer o de um grupo de povos estreitamente unidos. Só nesta
particularidade histórica se tem uma íntima compreensão e contato criador entre
uns e outros. Só nela existe uma comunidade de ideais e de formas sociais e
espirituais que se desenvolvem e crescem independentes das múltiplas
interrupções e mudanças sociais e politicamente através das quais varia, mas também se cruza, choca, desaparece, quando se renova uma família de diversos outros povoamentos no âmbito na genealogia. A comunidade existe na totalidade dos
povos ocidentais e entre estes e a historicidade da Antiguidade clássica.
Se considerarmos a história nesse sentido profundo, no sentido de uma comunidade radical, não poderemos supor-lhe como cenário o planeta inteiro e, por mais que alarguemos os nossos horizontes geográficos, as fronteiras dessa história jamais poderão ultrapassar a antiguidade daqueles que há vários milênios traçaram seu destino. Não é possível dizer até quando a Humanidade continuará a crescer na unidade de sentido que tal destino lhe assinala, pois o objetivo teórico e histórico de Werner Jaeger é apresentar a formação do homem grego, a Paidéia, no seu caráter particular e no seu desenvolvimento histórico. Não se trata de um conjunto de ideias abstratas em sua generalidade, mas da própria história da Grécia na realidade concreta do seu destino vital. Contudo, essa história vivida já teria desaparecido há longo tempo se o homem grego não a tivesse criado na sua forma perene. A ideia de educação representava para ele o sentido de todo o esforço humano. Era a justificação última da comunidade e individualidade humana. Mesmo os imponentes monumentos da Grécia arcaica são perfeitamente inteligíveis a esta luz, pois foram criados no mesmo espírito que os gregos consideraram a totalidade de sua obra criadora em relação aos outros povos da Antiguidade de que foram herdeiros. Augusto concebeu a missão do Império Romano em função da ideia da cultura grega. Sem a concepção grega da cultura não teria existido a Antiguidade como unidade histórica e mundo ocidental. É indiscutível que foi o momento em que os gregos situaram o problema da individualidade no cimo de seu desenvolvimento filosófico que principiou a história da personalidade europeia.
Roma
e o Cristianismo agiram sobre ela. E da inserção desses fatores brotou o
fenômeno do Eu individualizado. Mas não podemos entender de modo radical e
preciso a posição do espírito grego na história da formação dos homens, se
tomarmos um ponto de vista moderno. Vale mais partir, segundo Jaeger, da
constituição rácica do espírito grego. A vivacidade espontânea, a sutil
mobilidade, a íntima liberdade que, embora tenham parecido condições do rápido
desabrochar daquele povo na inesgotável riqueza de formas que nos surpreende e
espanta ao contato com os escritores gregos de todos os tempos, dos mais
primitivos aos mais modernos, não tem as suas raízes no cultivo da
subjetividade, como atualmente acontece; pertencem à sua natureza. Os gregos
tiveram o sendo inato do que significa natureza. Sendo o conceito elaborado por
eles em primeira mão, tem indubitável origem na sua constituição espiritual.
Muito antes de o espírito grego ter delineado essa ideia, eles já consideravam
as coisas do mundo numa perspectiva tal que nenhuma delas lhes aparecia como
parte isolada do resto, mas sempre como um todo ordenado em conexão viva, na e
pela qual tudo ganhava posição e sentido. Esta concepção é orgânica, porque
nela todas as partes são consideradas membros de um todo. Sua tendência é clara
de apreensão das leis do real. O estilo e a visão artística entre eles surgem,
em primeiro lugar, pelo descobrimento como talento estético. Assentam num instinto humano e na interpretação através de um simples
ato de visão, não na deliberada transferência de uma ideia para o reino da
criação artística.
A
idealização da arte, no entanto, só mais tarde aparece, no período clássico.
Até na oratória grega encontramos os mesmos princípios formais que vemos na
cultura ou na arquitetura. As formas literárias dos gregos surgem
organicamente, na sua multíplice variedade e elaborada estrutura, das formas
naturais e ingênuas pelas quais o homem exprime a sua vida, elevando-se daí à
esfera ideal da arte e do estilo. Também na oratória, a sua aptidão para dar
forma a um plano complexo e lucidamente articulado deriva simplesmente do
sentido espontâneo e madurecido das leis que governam o sentimento, o
pensamento e a linguagem, o lugar onde esta ideia reaparece mais tarde na
história, ela é uma herança dos gregos, e aparece sempre que o espírito humano
abandona a ideia de um adestramento em função de fins exteriores e reflete na
essência a própria educação. O fato de os gregos terem sentido esta tarefa como
algo grandioso e difícil e se terem consagrado a ela com ímpeto sem igual não
se explica nem pela sua visão artística nem pelo espírito teórico. Desde as
primeiras notícias que se disseminam na história da filosofia e têm
deles, encontramos o homem no centro do seu pensamento.
A forma humana dos seus deuses, o predomínio evidente do problema da forma humana na sua escultura e na sua pintura, o movimento consequente da filosofia desde o problema do cosmos até o problema do homem, que culmina em Sócrates, Platão e Aristóteles; a sua poesia, cujo tema inesgotável desde Homero até os últimos séculos é o homem e o seu duro destino no sentido pleno da palavra; e, finalmente, o Estado grego, cuja essência só pode ser correspondida sob o ponto de vista da formação do homem e da sua vida inteira: o grego é o antropoplástico. Tudo são raios de uma única e mesma luz, expressões de um sentimento vital antropocêntrico que não pode ser explicado nem derivado de nenhuma outra coisa e que penetra todas as formas do espírito grego. Assim, impossível não admitir que, entre os povos, a língua de Homero é, naturalmente, um problema em si. Mas adverte: trata-se de uma língua que ninguém nunca falou, afirma Knox (2011: 19). É uma língua artificial, poética – como propõe o estudioso alemão Witte, “a língua dos poemas homéricos é uma criação de versos épicos”. Era também uma língua difícil. Para os gregos da Era Dourada, isto é, o século V a. C., no qual inevitavelmente pensamos quando dizemos “os gregos”, o idioma de Homero estava longe de ser claro e era repleto de arcaísmos, no vocabulário, na sintaxe e na gramática, e incongruências: palavras e formas extraídas de diferentes dialetos e estágios distintos de desenvolvimento da língua. Ninguém nem sonharia em empregar a linguagem de Homero, à exceção dos bardos épicos, sacerdotes oraculares e parodistas eruditos. Isso não significa que fosse um poeta reconhecido apenas de eruditos e estudantes; os épicos homéricos eram familiares como as palavras do cotidiano na boca dos gregos comuns.
Os livros I e II constituem uma longa introdução à obra; os livros III ao X descrevem a Europa, particularmente a Grécia (livros VIII-X); o Livro III é dedicado à Ibéria; os livros XI ao XVII descrevem a Ásia Menor; o livro XVII descreve a África (Egito e Líbia). Justiça espanhola proíbe manifestação a favor dos presos da ETA (Euskadi ta Askatasuna). Visitou Roma pela primeira vez em torno de 44 a. C., ano da morte de Júlio César, e desde então tomou contato com a cultura deste período, através de Senarco de Selêucia e Tirânio de Amiso, estes dois em Roma, o que se refletiu numa educação esmerada. Anos mais tarde, assistiria à ascensão de Augusto e à implementação do novo regime político – o Principado. Com a derrota de Marco Antônio na célebre batalha de Áccio, em 31 a. C., a República acabou por ceder, permitindo o aparecimento da figura do Imperador. Augusto assumiu o poder e em 9 a. C. mandou construir um dos monumentos mais marcantes da época, a Ara Pacis, como símbolo de uma nova era de paz, prosperidade e favorável à produção cultural, em oposição ao longo período de guerras civis que a antecederam. Estrabão escreveu a sua magnífica obra intitulada: Geographia inspirado nesta conjuntura histórica e social, ainda que o faça sob o domínio do imperador romano Tibério, provavelmente referente ao período historiográfico de 18 de setembro do ano 14 d.C. até à sua morte, a 16 de março do ano 37 d.C.
Contudo,
à época de Estrabão, a Geografia não era uma novidade. Outros autores, já
tinham escrito sobre semelhante temática, como Políbio, Posidônio, Crates,
Hiparco, entre outros, sendo Homero considerado “o fundador da ciência
geográfica”. Apesar de reconhecer a tradição que o antecede, Estrabão defende a
pertinência da sua obra. Assim, a novidade da Geographia prende-se, sobretudo
com a ideia consciente da expansão do Império Romano e com a consequente
percepção de alargamento do território habitado. Na verdade, a concepção de
mundo surge ainda no livro 1. Baseado em Homero, Estrabão defende que o mundo
seria uma espécie de ilha, rodeada pelo Oceano e constituída por três
continentes: Europa, Ásia e África, representada pela Libia. A prova vem do
fato concreto como o próprio autor indica, sempre que o homem caminhou até aos
confins da terra, ter encontrado mar. Nesta perspectiva, o mapa-múndi descrito
por Estrabão na sua obra Geographia ganha uma configuração claramente
correspondente. Geórgia é um país transcontinental localizado na fronteira entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental. Limita-se com a Rússia a Norte e a Leste,
a Sul com a Turquia e a Arménia, a Leste e a Sul com o Azerbaijão e a Oeste com
o mar Negro.
Sua
capital é Tiblíssi, que é sua maior cidade. O país é uma República unitária,
semipresidencial, com o governo eleito através de uma democracia
representativa. Seu território é de 69 700 km² e sua população, conforme
estimativas de 2017, é de cerca de 3,718 milhões de habitantes. Mais de um
quarto da população vive na região de Tiblíssi, com outras grandes cidades
sendo Cutáissi, Batumi e Rustavi. Durante a Era Clássica, reinos independentes
estabeleceram-se no que é a Geórgia. Os reinos da Cólquida e Ibéria, cujas
orientações religiosas vinham do paganismo georgiano com posterior influência
zoroastriana, adotaram o cristianismo no início do século IV. O Reino da
Geórgia atingiu o auge de sua força política e econômica durante o reinado de
Davi IV e Tamara I, nos séculos XI e XII. No início do século XIX, a Geórgia
foi anexada pelo Império Russo. Depois de um breve período de Independência,
após a Revolução Russa de 1917, a Geórgia foi ocupada pela União Soviética em
1921, tornando-se a República Socialista Soviética Geórgia e parte da União
Soviética. Após a Independência, em 1991, a Geórgia pós-socialista sofria de
distúrbios civis e uma extraordinária crise econômica, social e política na
maior parte do século XX, até a derradeira Revolução Rosa de 2003,
depois que o novo governo introduziu reformas democráticas e econômicas.
A Geórgia possui uma cultura
bastante peculiar, sendo o único Estado no mundo a ter a língua georgiana
como oficial, a principal entre as cartevélicas são uma família de línguas
que são faladas principalmente na Geórgia, com algumas comunidades de falantes
na Turquia, Irã e Rússia. Este grupo é classificado dentro das línguas
caucasianas em geral, mas as línguas caucasianas meridionais não formam geneticamente
um mesmo filo com as línguas caucasianas do Norte-centro e as caucasianas do Nordeste.
Os georgianos, etnicamente, não se encaixam em nenhuma das etnias predominantes
da Europa ou Ásia, e eram chamados na Antiguidade de colcos ou iberos.
A maior parte da população religiosamente é adepta ao cristianismo ortodoxo, o qual é
representado pela Igreja Ortodoxa Georgiana. Possui duas regiões independentes
de fato, a Abecásia e a Ossétia do Sul, que obtiveram reconhecimento
internacional limitado após a Guerra Russo-Georgiana. O Estado, e grande parte
da comunidade internacional, considera as regiões como integrante de seu território
soberano, sob ocupação militar russa. A Geórgia é um membro do Conselho da
Europa, da Organização de Cooperação Econômica do Mar Negro, da Organização
para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), e do Eurocontrol. A nação
também aspira aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à
União Europeia (UE).
Os
Gregos antigos: Estrabão, Heródoto, Plutarco, Homero, etc. e os Romanos: Tito
Lívio, Tácito, etc., referem-se aos Georgianos antigos ocidentais como colcos,
e aos Georgianos orientais como Iberos. Na Antiguidade, os habitantes da
Geórgia eram também denominados iberos, em razão do Reino da Ibéria, que muito
confundia os geógrafos antigos, que pensavam que este termo só se aplicava aos
habitantes da Península Ibérica. O território da atualmente Geórgia era
habitado por Homo erectus desde o Paleolítico. As tribos
proto-georgianas apareceram pela primeira vez na história escrita no século XII
a.C. Os primeiros indícios de vinho foram encontrados na Geórgia, onde jarros
de vinho datados de 8 mil anos foram descobertos. Achados arqueológicos e
referências em fontes antigas revelam elementos de formações políticas e
estaduais, caracterizados por uma avançada metalurgia e técnicas de ourivesaria
que remontam ao século VII a.C. Na verdade, a prática da metalurgia na Geórgia
iniciou-se durante o sexto milênio a.C., como uma forma de associação com a
Cultura de Shulaveri-Shomu. Uma pátera, que descreve Antínoo, desenterrada
perto de Tiblíssi e exposta no Museu Nacional da Geórgia O primeiro povo reconhecido
da história da Geórgia são os Diauehi do século XXIII a.C.). Muitos séculos
depois surgem os primeiros Estados da região: Cólquida (século VII a.C.),
Sispiritis (século VII a.C.) e Ibéria (século VI a.C.).
No
século IV a.C., um reino unificado da Geórgia - um exemplo precoce da avançada
organização estatal sob um rei e uma hierarquia aristocrática foi estabelecido.
Na mitologia grega, Cólquida era o local do Velocino de Ouro procurado por
Jasão e os Argonautas em Apolônio de Rodes, no conto épico Argonáutica.
A incorporação do Velocino de Ouro no mito pode ter derivado da prática local
de utilização de lã para peneirar pó de ouro dos rios. Reconhecido por seus
nativos como Egrissi ou Lázica, Cólquida também foi o campo de batalha da Guerra
Lázica, travada entre o Império Bizantino e o Império Sassânida da Pérsia. Depois
que o Império Romano completou sua conquista da região do Cáucaso, sobre seu
arquirrival, o Império Parta, os reinos da Geórgia foram, de forma
intermitente, aliados dos romanos por quase 400 anos. Desde o século I, o culto
de Mitra, crenças pagãs e o zoroastrismo eram comumente praticados na Geórgia.
Em 337, o rei Meribanes III (284-361) declarou o “cristianismo como religião
oficial do Estado”, dando um grande estímulo para o desenvolvimento da
literatura, artes, e, finalmente, resultando numa significativa ação na
formação da nação georgiana unificada. A aceitação do cristianismo por parte do
rei Meribanes demonstrou a influência do reino vizinho sobre a Geórgia,
perdurando por quase um milênio, determinando muito do presente e de sua identidade
cultural. A aceitação levou ao declínio do zoroastrismo, de forma
lenta, que até o século V ter se tornado como uma segunda religião
estabelecida na Ibéria (Geórgia Oriental) e foi amplamente praticada.
Guerra
total é a guerra que inclui todos e quaisquer recursos e
infraestruturas associados a sociedade civil como alvos militares legítimos,
mobiliza todos os recursos da sociedade para lutar na guerra e dá prioridade à
guerra sobre as necessidades dos não combatentes. O termo foi definido como “uma
guerra que não tem restrições em termos de armas usadas, o território ou
combatentes envolvidos, ou os objetivos perseguidos, especialmente aquela em
que as leis da guerra são desconsideradas”. Em meados do século XIX, os
estudiosos identificaram a guerra total como uma classe separada de guerra. Em
uma guerra total, a diferenciação entre combatentes e não combatentes diminui
devido à capacidade dos lados opostos de considerar quase todos os humanos,
incluindo os não combatentes, como recursos que são usados no esforço de
guerra. A frase “guerra total” remonta à publicação de 1935 das memórias do
general alemão Erich Ludendorff (1865-1937) na 1ª grande guerra, Der Totale Krieg (“A
Guerra Total”). Alguns autores estendem o conceito na esfera política até a
obra clássica de Carl von Clausewitz, On War (1984), como “absoluter Krieg” (“guerra
absoluta”), embora ele não tenha usado o termo; outros interpretam Clausewitz
de maneira diferente. Guerra total também descreve em análise comprada a “guerre
à outrance” francesa durante a Guerra Franco-Prussiana.
Em
sua carta de 24 de dezembro de 1864 ao Chefe do Estado-Maior durante a Guerra
Civil Americana, o general da União William Tecumseh Sherman escreveu que a
União estava “não apenas lutando contra exércitos hostis, mas um povo hostil, e
deve tornar velhos e jovens, ricos e pobres, sentir a mão dura da guerra, bem
como seus exércitos organizados”, defendendo a marcha de Sherman para o mar, a
operação que infligiu a destruição generalizada de infraestrutura na Geórgia. O
General Emerson Curtis LeMay (1906-1990) da Força Aérea dos Estados Unidos
atualizou o conceito para a Era Nuclear. Em 1949, ele propôs pela primeira vez
que uma guerra total na era nuclear consistiria em lançar todo o arsenal
nuclear em um único golpe avassalador, indo tão longe quanto “matar uma nação”.
A Segunda Guerra Mundial foi a guerra total por excelência da
modernidade. O nível de mobilização nacional de recursos em todos os lados do
conflito, o espaço de batalha sendo contestado, a escala dos exércitos,
marinhas e forças aéreas aumentadas por meio do recrutamento, a seleção ativa
de alvos entre os não combatentes e as propriedades dos não combatentes,
desrespeito geral pelos danos colaterais e os objetivos irrestritos dos
beligerantes marcaram a guerra total em uma escala multicontinental sem
precedentes e insuperável. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1945),
nenhuma nação industrial travou uma guerra tão grande e decisiva.
O
tempo, como a unidade negativa do ser-fora-de-si, é igualmente um, sem
mais nem menos, abstrato, ideal. Ele é o ser, que, enquanto é, não é, e
enquanto não é; ele é o vir-a-ser intuído, segundo Friedrich Hegel, isto é,
analogamente, tal que são determinadas as diferenças simplesmente momentâneas,
as que imediatamente se suprassumem como exteriores, isto é, que são apesar
disso exteriores a si mesmas. O tempo é como o espaço uma pura forma de
sensibilidade ou do intuir, é o sensível, mas, assim como a este espaço, também
ao tempo não diz respeito a diferença de objetividade e de uma consciência
subjetiva contra ela. Quando se aplicam estas determinações de espaço e tempo,
então seria aquele a objetividade abstrata, este [o tempo], porém a
subjetividade abstrata. O tempo é o princípio representativo que o Eu=Eu da
autoconsciência pura; mas é o mesmo princípio ou o simples conceito ainda em
sua total exterioridade e abstração – como o mero vir-a-ser intuído, o puro
ser-em-si como um vir-fora-de-si. O tempo é igualmente contínuo como o espaço,
pois ele é a negatividade abstratamente referindo-se a si e nesta abstração
ainda não há nenhuma diferença real. No tempo, diz-se, tudo surge e perece, se
se abstrai de tudo, a saber, do recheio do tempo e do
espaço, fica de resto o tempo vazio como o espaço vazio, são então postas e
representadas estas abstrações de exterioridade, como se elas fossem na
realidade por si.
O
real é limitado, e o outro para esta negação está fora dele, a determinidade é
assim nele exterior a si, e daí a contradição de seu ser; a abstração opera
nessa exterioridade de sua contradição e a inquietação da mesma é o próprio
tempo. Por isso o finito é transitório e temporário, porque ele não é,
como o conceito nele mesmo, a negatividade total, mas tem em si, como sua
essência universal, entretanto – diferentemente da mesma essência – é
unilateral, e se relaciona à mesma como à sua potência. Só o natural, na vida,
na realidade concreta é, portanto, enquanto é finito, sujeito ao tempo; o
verdadeiro, porém, a ideia, o espírito, é eterna. A intemporalidade absoluta é
diferente da duração; é a eternidade que é sem o tempo naturalmente. Mas o
próprio tempo é, em seu conceito, eterno; pois ele, não quer
qualquer tempo, nem o agora, mas significativamente o tempo-enquanto-tempo,
é seu conceito; este tempo, porém, como cada conceito em geral, é o eterno, e
também é presente absoluto. O que não está no tempo é o sem-processo; o péssimo
e o mais perfeito não estão no tempo, dura. A modernidade é inerentemente
globalizante. Ela tanto germina a integração como a fragmentação. Nela
desenvolvem-se as diversidades como também as disparidades. A
dinâmica das forças produtivas e das relações de produção, em escala local,
nacional, regional e mundial, produz interdependências e descontinuidades,
evoluções e retrocessos, integrações e distorções, afluências e carências,
tensões e contradições.
O
péssimo, da pior qualidade, porque ele é uma universalidade abstrata, assim
espaço, assim tempo mesmo; sua duração não é vantagem. O duradouro é mais
altamente cotado do que o transitório; mas toda florescência, toda bela
vitalidade tem morte cedo. Mas também o mais perfeito dura, não só o universal
sem-vida, inorgânico, mas também o outro universal, o concreto em si, isto é, o
gênero, a lei, a ideia, o espírito. Representa o processo total ou apenas um
momento do processo que entra no tempo enquanto os momentos do conceito têm a
aparência da independência; mas as diferenças excluídas portam-se como
reconciliadas e retomadas à paz. A noção de desenvolvimento passa a ser central
depois dessa concepção na filosofia da história e, para o bem ou para o mal até
os nossos dias presentes. Mesmo a ideia de progresso, que implicava o depois poder ser
explicado em função do antes, encalhou, de certo modo nos recifes materiais do
século XX, ao sair das esperanças ou das ilusões que acompanharam a chamada
“travessia do mar” aberto pelo século XIX. Isso é provável devido à extraordinária disponibilidade de armas nucleares, hic et nunc cujo poder destrutivo e implantação tornam
uma “mobilização total dos recursos de um país”, como na Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) logisticamente impraticável e estrategicamente irrelevante.
Essas
armas são desenvolvidas e mantidas com orçamentos de defesa relativamente
modestos em tempos de paz. No final da década de 1950, o impasse ideológico da chamada
Guerra Fria entre o mundo ocidental e a União Soviética das Repúblicas
Socialistas Soviética (URSS) resultou em milhares de armas nucleares sendo
apontadas de um lado para o outro. Estrategicamente, o equilíbrio igual de
poder destrutivo possuído por cada situação lateral passou a ser reconhecido
como Destruição Mutuamente Assegurada (MAD), considerando que,
analogamente, um ataque nuclear de uma superpotência resultaria em
contra-ataque nuclear da outra. Isso resultaria em centenas de milhões de
mortes em um mundo onde, em palavras amplamente atribuídas a Nikita Khrushchev
(1894-1971): “os vivos invejarão os mortos”. Durante a Guerra Fria, as
duas superpotências procuraram evitar o conflito aberto entre suas respectivas
forças, já que ambos os lados reconheceram que tal conflito poderia facilmente
aumentar e envolver rapidamente armas nucleares. Em vez disso, as
superpotências lutaram entre si por meio de envolvimento em “guerras por
procuração”, aumento militar e confrontos diplomáticos. No caso de “guerras por
procuração”, last but not least, cada superpotência apoiou seus
respectivos aliados em conflitos armados com forças alinhadas com a outra
superpotência, no caso da Guerra do Vietnã (1955-1975) e na invasão soviética do
Afeganistão. Durante as guerras iugoslavas, a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) conduziu ataques contra a rede elétrica em
território inimigo usando bombas de grafite.
Uma
bomba de grafite é uma arma não letal usada para desativar uma rede
elétrica. A bomba funciona espalhando uma nuvem densa de filamentos de carbono
extremamente finos e quimicamente tratados sobre instalações de alta tensão
isoladas a ar, como transformadores e linhas de energia, causando
curtos-circuitos e a subsequente interrupção do fornecimento de energia
elétrica em uma área, região ou até mesmo em um pequeno país inteiro. A arma é
às vezes chamada de bomba de blecaute ou bomba leve porque seus efeitos diretos
se limitam em grande parte à instalação de energia elétrica alvo, com risco
mínimo de danos colaterais imediatos. Bombas de grafite geralmente consistem em
uma lata de metal que é preenchida com bobinas de filamento de grafite e um
dispositivo explosivo. O grafite é um condutor suficientemente bom e a
corrente que flui na fibra imediatamente o vaporiza, criando um canal fino de
gás, ionizado pela alta temperatura, ao redor do espaço anteriormente ocupado
pela fibra. O gás ionizado, também um condutor, permite que mais corrente flua,
elevando ainda mais a temperatura e criando um canal maior de gás ionizado até
que a linha de alta tensão seja efetivamente curto-circuitada. Neste ponto, ou
a proteção da linha cortam a energia, ou a linha falha devido à sobrecorrente. Em
ambos os casos, a distribuição de energia é cortada. Como os sistemas de
abastecimento de água e de tratamento de esgotos dependem da eletricidade,
surtos generalizados de cólera e de doenças transmitidas pela água, que
causaram um grande número de mortes de civis, foram a consequência direta da
utilização desta bomba.
A
Aliança Atlântica, frequentemente referida pela sigla em inglês NATO (North
Atlantic Treaty Organization) e por vezes também chamada de Aliança
Atlântica, é uma aliança militar intergovernamental baseada no Tratado do
Atlântico Norte, assinado em 4 de abril de 1949, que constitui um sistema de
defesa coletiva através do qual os seus Estados-membros concordam com a defesa
mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização. A
sede da NATO localiza-se na região de Bruxelas, na Bélgica, um dos 32 países
membros da América do Norte e Europa. O mais recente, a Suécia, concluiu o
processo de adesão em 5 de março de 2024 e entrou em 7 de março de 2024. Outros
21 países participam na Parceria para a Paz da organização, com 15
outros países envolvidos em programas de diálogo institucionalizado. O gasto
militar combinado de dos membros da organização constitui mais de 55% do total
de gastos militares de todo o mundo. Os gastos de defesa dos países membros
devem ser superiores a 2% do PIB. A OTAN afirmou que o objetivo de seus ataques
militares “era interromper a infraestrutura militar e as comunicações”. Em
junho de 2024, o ministro das relações exteriores de do Estado de Israel,
Israel Katz, em comunicado oficial de seu gabinete, afirmou que o Hezbollah
viria a ser “destruído” e o Líbano “atingido com força” em um evento chamado de
“guerra total”, no contexto do Conflito Israel–Hezbollah (2023–presente).
Em 1982, o Hezbollah foi concebido
por clérigos muçulmanos e financiado pelo Irã principalmente para lutar contra
a invasão israelense do Líbano e continuou a resistir contra a ocupação
israelense do Sul do Líbano durante a Guerra Civil Libanesa. As invasões
israelenses de 1978 e 1982 criaram uma crise humanitária no Líbano; muitas
aldeias no Sul foram destruídas e um grande número de xiitas foi deslocado de
suas casas. Além disso, os xiitas há muito tempo eram sub-representados na
política libanesa. Ambos os fatores fomentaram o ressentimento entre a
população xiita local, tornando-os um terreno fértil para o recrutamento. O
Hezbollah foi criado por comitês xiitas locais, sob a liderança de Ruhollah
Khomeini. Suas forças foram treinadas e organizadas por um contingente de 1.500
Guardas Revolucionários Iranianos que chegaram do Irã com a permissão do
governo sírio, que ocupava as terras altas do leste do Líbano. O Manifesto de
1985 publicado pelo Hezbollah listava suas três metas principais como “colocar
um fim a qualquer entidade colonialista” no Líbano, levar os Falangistas à
justiça “pelos crimes que perpetraram”, e estabelecer um regime islâmico no
país. No entanto, segundo Adam Shatz, o Hezbollah vem fazendo poucas menções a
respeito da fundação de um Estado islâmico, e não tem mais feito alianças
seguindo tendências religiosas. Os líderes do partido são responsáveis, no
entanto, por diversas declarações pedindo o fim do Estado de Israel como “entidade
sionista”, “construída sobre terras arrancadas das mãos de seus proprietários”. Hezbollah ou Hizbollah (“Partido de Alá” ou “Partido
de Deus”) é uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica
xiita libanesa.
O
Hezbollah foi fundado em 1982 por clérigos libaneses em resposta à invasão
israelense do Líbano. Inspirado pela Revolução Iraniana de 1979 e pelo modelo
de governança islâmica do aiatolá Ruhollah Khomeini (1902-1989), o Hezbollah
estabeleceu laços com o Irã. O Hezbollah é uma força significativa na política
libanesa, responsável por diversos serviços sociais, além de operar escolas,
hospitais e serviços agriculturais para milhares de libaneses. É considerado um
movimento de existência legítimo por grande parte do mundo islâmico e
árabe. O grupo, no entanto, é considerado uma organização terrorista pelos
Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, Argentina, Austrália, Israel,
Canadá, Países Baixos, pela Liga Árabe e pelo Conselho de Cooperação do Golfo.
Em 2013 a União Europeia adicionou o braço armado do Hezbollah à lista de
organizações que considera como terroristas, deixando de fora, porém o partido
político em si. O partido, que começou apenas como uma pequena milícia, já se
transformou numa organização que tem assentos no parlamento libanês, uma rádio
e uma estação de TV via satélite, além de diversos programas de desenvolvimento
social. O Hezbollah mantém um forte apoio entre a população xiita do Líbano, e
conquistou algum apoio entre o resto da população do país, incluindo sunitas,
drusos e cristãos, na sequência da Guerra do Líbano de 2006, e conseguiu
mobilizar protestos de centenas de milhares de pessoas. Com outros grupos
políticos do país iniciou os protestos políticos do Líbano de 2006-2008, em
oposição ao governo do primeiro-ministro Fuad Siniora. Disputas posteriores
envolvendo a manutenção pelo Hezbollah de sua rede de telecomunicações levaram
a disputas, e militantes da oposição, liderados pelo partido, tomaram o
controle de diversos bairros de Beirute Ocidental, anteriormente ocupados por
milicianos do Movimento do Futuro, leais a Siniora; as áreas foram
entregues então ao exército libanês.
Finalmente,
com base no Acordo de Doha em 2008, o Hezbollah recebeu o poder de veto
no parlamento libanês; além disto, formou-se um governo de unidade nacional, no
qual o partido tem um ministro, e controla onze dos trinta assentos existentes.
O Hezbollah recebe ajuda financeira do Irã e da Síria, além de doações de
libaneses e de outros xiitas pelo mundo. O partido também ganhou uma força
militar significante nos últimos anos. Apesar de uma certificação de junho de
2008, pelas Nações Unidas, de que Israel havia se retirado de todo o território
libanês, em agosto daquele ano o novo gabinete de governo do Líbano aprovou uma
proposta que assegura a existência do partido como uma organização armada, e
garante o seu direito de “liberar ou recuperar terras ocupadas”, ou seja, as
fazendas de Shebaa e os morros de Kafarshuba por Israel. Nos últimos anos, o
Hezbollah goza de certa popularidade no mundo muçulmano xiita, por ter levado
Israel a desocupar o Sul do Líbano, em junho de 2000. Todavia, também tem sido
criticado por governos sunitas de diversos países e pela Irmandade Muçulmana,
por seu envolvimento na guerra civil síria, em favor de Bashar al-Assad. O
ministro do Exterior do Barém descreveu o chefe da Hezbollah como terrorista, e
o ex-presidente do Egito, Mohamed Morsi, pediu que o Hezbollah pare sua
agressão ao povo sírio. O Secretário de Estado dos Estados Unidos da América,
Mike Pompeo, também acusou o Hezbollah de manter “células ativas” na Venezuela,
o que foi negado pelo líder da organização. Segundo ele, o Hezbollah é “solidário
com a política da Venezuela e com o estado venezuelano, contra a agressão dos
Estados Unidos”, afirmando, ainda, que o Hezbollah não tem influência na
Venezuela, nem células operando no país, e que a Venezuela também não precisa
disso.
De
1992 a 2024, a organização foi liderada por Hassan Nasrallah. Ele foi morto em
setembro de 2024, em ataque militar de Israel em Beirute, Líbano. Hassan
Nasrallah foi o principal líder do Hezbollah e responsável por levar a
organização à política libanesa. Historicamente durante a Antiguidade clássica
a área foi ocupada pela pólis grega de Fásis, fundada por colonos de Mileto,
liderados por um certo Temistágoras, no fim do século VII a. C. Após muitos
anos de incerteza e ferrenhas disputas acadêmicas, o sítio exato desta cidade
antiga parece ter sido determinado com alguma segurança, devido à arqueologia
subaquática. O lago que Estrabão havia descrito como localizado próximo a um
dos lados da cidade acabou por submergir boa parte dela. Uma série de questões
que dizem respeito à exata localização da cidade e à identificação de suas
ruínas permanecem sem respostas, devido principalmente aos processos
geomorfológicos, exercidos desde séculos na região, à medida que as camadas
mais baixas do rio Rioni acabaram sofrendo alterações no seu percurso, por toda
a área pantanosa. Fásis parece ter sido um centro importante de comércio e
cultura da Cólquida, por todo o período clássico. O trecho do rio Fásis fazia
parte da rota comercial que ligava a Índia ao mar Negro, citada por Estrabão e
por Plínio, o Velho. Na Terceira Guerra Mitridática (73–63 a.C.) Fásis
passou ao comando do general romano Pompeu, o Grande, depois de penetrar na
Cólquida pela Ibéria, quando ele assim encontrou com o legado Servílio, almirante da sua frota
naval do Euxino, ocorrida em 65 a.C.
Entretanto, foi a última e mais
longa das três Guerras Mitridáticas travadas entre o rei Mitrídates VI
do Ponto e seus aliados contra a República Romana. A guerra terminou com a
derrota completa de Mitrídates e anexação do Reino do Ponto. O Reino da Armênia
tornou-se um estado aliado de Roma. A longa guerra contra os piratas, liderada
por Pompeu, foi um desdobramento da Primeira Guerra Mitridática e só terminou
durante o intervalo entre a segunda e a terceira das guerras contra Mitrídates
VI. O rei pôntico se aproveitou da mobilização romana e se aliou a Sertório –
cuja revolta na Hispânia durou de 80 a 72 a.C. – para criar uma ameaça muito
maior contra Roma, que teria que travar a guerra em dois fronts. A causa
imediata do conflito foi a morte do rei Nicomedes IV da Bitínia, que deixou o
Reino da Bitínia como herança aos romanos em 74 a.C. Aproveitando-se da revolta
de Sertório nas províncias hispânicas, Mitrídates inicialmente não encontrou
oposição. O Senado respondeu enviando os cônsules Lúcio Licínio Lúculo,
governador da Cilícia, e Marco Aurélio Cota, governador da nova província da Bitínia,
para contê-lo. Pompeu, o outro general romano à frente de um exército
importante em seu tempo, estava na Gália e marchava para a Hispânia para
enfrentar Sertório.
O
plano original era que Cota enfrentasse a frota de Mitrídates enquanto Lúculo
avançaria por terra. A frota romana se baseou em Calcedônia enquanto o exército
de Lúculo avançou pela Frígia para invadir o Reino do Ponto. O avanço havia
começado quando Lúculo foi informado que Mitrídates havia marchado para Oeste e
atacado Cota, que se viu forçado a se abrigar atrás da muralha da Calcedônia.
Sessenta e quatro navios romanos foram capturados ou queimados e 3 mil romanos
foram mortos. Lúculo alterou seus planos e seguiu para libertar. Depois de
conseguir escapar para Nicomédia, Cota só pôde assistir, frustrado, a fuga de
Mitrídates com sua frota para a cidade de Heracleia Pôntica através do Bósforo.
Reunido a Lúculo em Nicomédia em 73 a.C., Cota recebeu a ordem de assegurar a
retaguarda do exército tomando Heracleia, reforçada com uma guarnição de 4 mil
homens de Mitrídates. Depois de chegar à costa Pôntica, Cota começou um cerco
que só terminaria com o saque da cidade em 71 a.C., dois anos depois. Neste
período, Cota foi forçado a dispensar um de seus questores, um tal Públio Ópio,
acusado de conspirar contra os romanos aceitando suborno. Ópio foi defendido no
processo por Cícero. Mitrídates enviou provisões para Amiso, que cerco de
Amiso, e faz de Cabira sua residência de inverno. Seu exército tinha 40 mil
soldados de infantaria e 4 mil ou 8 mil de cavalaria. Durante o cerco, Lúculo
recebeu Oltaco (ou “Olcalbas”), um cita que era príncipe da Dardânia, enviado secretamente
por Mitrídates para assassiná-lo.
Durante
o período imperial romano, os judeus na Frígia, como em outras partes da Ásia
Menor, formavam uma minoria próspera e estabelecida. Séculos antes, o rei
selêucida Antíoco III (228–187 a.C.) reassentou 2 mil famílias judias da
Mesopotâmia e da Babilônia na Lídia e na Frígia, com o objetivo de fortalecer o
controle selêucida na região. Isso provavelmente significou realocar mais de
10.000 indivíduos para os territórios de Antíoco no Oeste da Ásia Menor. Os judeus
receberam terras, isenções fiscais e grãos até que pudessem se sustentar com
suas próprias colheitas. Antíoco alocou terras especificamente para vinhedos,
indicando um escopo na viticultura, consistente com referências posteriores no
Talmude sobre a produção de vinho da Frígia judaica. Evidências sugerem a
existência de sinagogas em várias cidades, incluindo Icônio, que tinha uma
população etnicamente mista, mas às vezes era considerada frígia. Em Sináda (Şuhut),
um governante da sinagoga é mencionado, indicando a presença de uma sinagoga.
Em Hierápolis (Pamukkale), uma inscrição de sarcófago do século III
destaca a importância da sinagoga sagrada nas práticas funerárias. A sinagoga
frígia mais bem documentada estava na Acmônia (Ahat), onde no reinado de
Nero, Ioulia Severa, uma descendente da realeza da Galácia, financiou sua
construção. Embora seu patrocínio possa não indicar simpatia pessoal pelo
judaísmo, sugere apoio de círculos influentes.
Embora
as condições para os judeus na Acmônia parecessem favoráveis na época da
Severa, sua continuidade não é clara. No século III, as evidências da presença
judaica na Acmônia aumentaram, incluindo lápides invocando maldições bíblicas
contra violadores de túmulos, indicando a integração de práticas judaicas e
posições influentes dentro da comunidade. Visitantes da Frígia teriam estado
entre as multidões presentes em Jerusalém por ocasião do Pentecostes, conforme
registrado em Atos 2:10. Em Atos 16:6, o apóstolo Paulo e seu companheiro Silas
viajaram pela Frígia e pela região da Galácia proclamando o evangelho cristão.
Seus planos parecem ter sido ir para a Ásia, mas circunstâncias ou orientações,
“de maneiras que não nos são contadas, por impulsos internos, ou por visões
noturnas, ou pelas declarações inspiradas daqueles entre seus convertidos que
haviam recebido o dom de profecia”, os impediram de fazê-lo e, em vez disso,
viajaram para o oeste em direção à costa. A heresia cristã reconhecida
como Montanismo, e ainda reconhecida na Ortodoxia como “a heresia frígia”,
surgiu na vila não identificada de Ardabau no século II d.C. e se distinguia
pela espiritualidade extática e pelas sacerdotisas. Originalmente descrito como
um movimento rural, acredita-se agora que tenha tido origem urbana, como outros
desenvolvimentos cristãos. A nova Jerusalém que seus adeptos fundaram na vila
de Pepouza foi agora identificada em um vale remoto que mais tarde abrigou um
mosteiro. Enquanto isto, Lúculo deixou o cerco de Amiso sob o comando de Lúcio
Licínio Murena e seguiu para atacar Cabira. Oltaco tentou assassinar Lúculo
quando este dormia, mas foi impedido por Menedemo e fugiu para Mitrídates; ao
chegar, denunciou um cita que queria desertar para Lúculo.
Após
várias escaramuças, as forças romanas derrotaram as forças de Mitrídates, que fugiu
para a Armênia, governada por Tigranes, seu genro. Em paralelo, Mitrídates
enviou o eunuco Baco (ou “Báquides”) para o Ponto para matar suas irmãs,
esposas e concubinas, que estavam em Farnácia. Dentre as vítimas, estavam
Roxane e Estatira, suas irmãs, e Berenice de Quios e Monima de Mileto, suas
concubinas. Depois da derrota e da fuga de Mitrídates, Cabira se rendeu
incondicionalmente a Lúculo; Nisa, irmã de Mitrídates, foi deixada livre.
Depois de Cabira, vários governadores de guarnições de Mitrídates se renderam a
Lúculo, inclusive Estrabão, avô materno do geógrafo de mesmo nome. Marchando
adiante, Lúculo conquistou a Armênia Menor, mas Amiso, ainda cercada, permaneceu
resistindo. Eupatoria, por outro lado, que estava no caminho de Lúculo, foi
capturada e arrasada. Deixando Lúculo no oriente, Cota retornou a Roma em 70
a.C. e foi aclamado por sua vitória em Heracleia. Porém, por volta de 67 a.C.,
Cota foi acusado de se apropriar do butim de guerra pelo tribuno Caio Papírio
Carbão, um general romano, líder das forças sociais e políticas de Caio Mário
na guerra civil entre Mário e Lúcio Cornélio Sula, condenado e expulso do
Senado. Como vingança, o filho de Cota, também chamado Marco Aurélio, acusou
Carbão também de extorsão. Em 69 a.C., Lúculo liderou uma invasão do Reino da
Armênia, para onde Mitrídates VI havia fugido depois da Batalha de Cabira, e
Tigranes, o Grande, genro e aliado de Mitrídates. Ele começou a campanha
cercando a nova capital armênia, Tigranocerta. Tigranes retornou rapidamente da
Síria, onde estava lutando contra uma revolta selêucida, com seu exército
principal e tentou obrigar os romanos a uma batalha.
O
exército de Lúculo aniquilou os armênios mesmo em desvantagem numérica de mais
de dois para um na famosa Batalha de Tigranocerta. Esta batalha foi travada no
mesmo dia (no calendário juliano) que a desastrosa Batalha de Aráusio
trinta e seis anos antes. O próprio Tigranes se retirou para a região
montanhosa ao Norte de seu reino para arregimentar um novo exército e para
defender a capital tradicional, Artaxata. Enquanto isto, Lúculo marchou para o Sudeste
e invadiu Gordiena que é equivalente ao moderno Curdistão, que ficava entre a
Armênia e o Império Parta. Durante o inverno de 69-68 a.C., as duas partes
iniciaram negociações com o xá, Ársaces XVI, que estava ocupado defendendo seu
próprio reino contra um grande ataque de seu rival, o rei Fraates III da
Báctria. No verão de 68 a.C., Lúculo marchou contra Tigranes e atravessou os
montes Antitauro para atacar Artaxata. Tigranes foi provocado a atacar e, numa
grande batalha às margens do rio Arsânias, Lúculo conseguiu vitória sobre
exército armênio, mas Mitrídates conseguiu escapar. Ele desistiu do cerco e de um início prematuro do inverno no planalto armênio, suas tropas se
amotinaram, se recusando a continuar a marcha.
Lúculo
foi forçado a recuar para o Sul, de volta à região de Tigranocerta, a partir de
onde ele marchou através de Gordiena até a região da antiga Assíria. No final
do outono e início do inverno, Lúculo cercou e tomou Nísibis, a principal
fortaleza armênia no Norte da Mesopotâmia. Em Nísibis durante o inverno de
68-67 a.C., a autoridade de Lúculo foi seriamente minada por causa de seu jovem
cunhado, Públio Clódio Pulcro, que agia, aparentemente, a mando de Pompeu, que
desejava ardentemente assumir o comando da campanha no oriente. Depois que um
novo motim se espalhou por entre as legiões no oriente, o Senado finalmente
enviou Pompeu para assumir o comando de Lúculo. Esta pausa na guerra permitiu
que Tigranes e Mitrídates retomassem partes de seus respectivos reinos. Em 66
a.C., Fraates tornou-se xá dos partas e Mitrídates tentou forjar uma aliança,
mas Pompeu se antecipou e o convenceu a invadir o Armênia. Na Batalha do Rio
Lico, Pompeu derrotou o exército de Mitrídates, que fugiu novamente para a
corte de Tigranes. Desconfiado de que Mitrídates havia sido a causa da sua
briga com seu filho, também chamado Tigranes, mandou prender os embaixadores de
dele. Depois de perceber que não poderia se refugiar na Armênia, Mitrídates
fugiu novamente, desta vez para a Cólquida. De lá, ele seguiu para a região do
Lago Meiotis até chegar ao Bósforo.
Enquanto
isto, Pompeu assentou seus soldados veteranos e feridos em uma região da
Capadócia, onde seria fundada a cidade de Nicópolis. Tigranes, o filho de
Tigranes, o Grande, fugiu para a corte de Fraates, que o enviou para tomar a
Armênia, mas ele acabou derrotado. Em desgraça, o jovem se refugiou com Pompeu,
que o utilizou como guia em sua campanha pela região. Sem opções, Tigranes, o
Grande, implorou a Pompeu e conseguiu que ele aceitasse devolver-lhe o Reino do
Ponto em troca de todos os territórios que ele havia conquistado: Capadócia,
Síria, Fenícia e Sofena. O jovem Tigranes, a quem Pompeu havia prometido
Sofena, ficou irritado por não conseguir tomar para si o reino de seu pai e
acabou desagradando Pompeu, que o levou prisioneiro para Roma. Durante o
inverno de 66-65 a.C., Oroeses da Albânia atacou os romanos esperando pegá-los
de surpresa, durante a Saturnália, mas é derrotado. Pompeu, ansioso por se
vingar, foi obrigado a adiar seus planos por causa do inverno. Mitrídates fugiu
com um pequeno exército da Cólquida, a moderna Geórgia, atravessando o Cáucaso
para chegar até a Crimeia numa tentativa de juntar novo exército para
enfrentar os romanos.
Depois de suspeitar das intenções pacíficas do rei Artoces da Ibéria, Pompeu invadiu o Reino da Ibéria antes que ele estivesse preparado, capturou a fortaleza de Armástica e conquistou os territórios até o rio Ciro. Artoces tentou novamente a paz, mas, depois de ser derrotado, acabou fugindo para além do Rio Peloro. No verão, depois que os romanos cruzaram o Rio Peloro, Artoces aceitou os termos de Pompeu, entregou seus filhos como reféns e firmou a paz com os romanos. Ainda na região do Cáucaso, Pompeu conquistou o Reino da Cólquida, e conseguiu derrotar o rei Oroeses da Albânia, que também pediu a paz. Em paralelo, Pompeu renovou sua aliança com Fraates III da Pártia, que estava em guerra contra Tigranes, o Grande, mas não o chama de “rei dos reis”, o que foi considerado ofensivo. Depois de chegar a em Fásis, na Cólquida, Pompeu se encontrou com Servílio, o almirante da frota romana do Êuxino (mar Negro), refez seu caminho para passar o inverno no Reino do Ponto, anexando a região como uma nova província romana. Em 63 a.C., Mitrídates recuou para a cidadela de Panticapeu. Seu filho mais velho, Macares, o rei do Bósforo Cimério, um reino reconhecido e reorganizado pelos romanos, se recusou a ajudar o pai e acabou assassinado por ordens dele. O filho mais novo de Mitrídates, Fárnaces II, apoiado por uma população mal preparada e cansada da guerra, liderou uma revolta contra o pai. Esta traição após derrota decisiva, levou Mitrídates a tentar se matar tomando veneno.
Essas
leis são leis do puro pensar. Sabemos que o pensar é o universal em si, e,
portanto, um saber que tem nele o ser, imediatamente; e no ser toda a
realidade. Por isso tais leis são conceitos absolutos, e são indivisamente as
essencialidades tanto da forma quanto das coisas. Uma vez que a universalidade,
movendo-se em si, é o conceito simples que é cindido - o conceito dessa maneira
tem conteúdo em si, e justamente um que é todo o conteúdo; só não é um ser
sensível. É um conteúdo que não está em contradição com a forma, nem, de modo
algum, separado dela. Ao contrário: é essencialmente a própria forma, já que
essa não é outra coisa que o universal se separando em seus momentos puros.
Essa forma ou conteúdo - tal como é para a observação como observação - recebe
a determinação de um achado, dado; quer dizer um conteúdo apenas essente.
Torna-se um calmo ser de relações, um grande número de essencialidades, que
como conteúdo fixo em si e para si devem ter verdade em sua determinidade, e
assim são de fato subtraídas à forma. Mas essa verdade absoluta de determinidades
fixas, ou de múltiplas leis diversas, contradiz a unidade da consciência de si,
ou seja, a unidade do pensar e da forma em geral. O que é enunciado como lei
fixa e permanente em si pode ser somente como um momento da unidade
refletindo-se em si, e surgir apenas como uma grandeza evanescente. Mas essas
leis são arrancadas, pela operação que as examina, a esse conjunto coeso do
movimento e expostas isoladamente, o conteúdo não lhes vem a faltar, pois têm
nelas um conteúdo determinado; o que lhes falta é antes a forma, que é sua
essência.
Em
sua verdade, como momentos evanescentes na unidade do pensar, deveriam ser
tomadas como saber, ou como movimento pensante, mas não como leis do saber. Mas
o observar não é o saber mesmo, e não o conhece; ao contrário, inverte a
natureza do saber dando-lhe a figura do ser, isto é, só entende a sua
negatividade como leis do ser, na qual essas leis se mostram como em verdade
são, a saber como momentos singulares evanescentes cuja verdade é tão somente o
todo do movimento: o próprio saber. No primeiro caso, o espírito se comporta
negativamente para consigo mesmo, enquanto singularidade; no outro caso,
negativamente para consigo, enquanto universal. Conforme o primeiro lado, a
independência só confere ao encontrado a forma da individualidade consciente em
geral, e, no que respeita o conteúdo, permanece no interior da efetividade
universal encontrada. Mas, conforme o outro lado, a independência confere a
essa efetividade ao menos uma modificação peculiar, que não contradiz seu
conteúdo essencial, ou seja, uma modificação pela qual o indivíduo, como
efetividade especial e como conteúdo peculiar, se opõe àquela efetividade
universal. Essa oposição vem a tornar-se crime quando o indivíduo suprassume
essa efetividade de uma maneira apenas singular; ou vem a tornar-se outro -
outro direito, outra lei e outros costumes, produzidos em lugar dos presentes,
quando o indivíduo o faz de maneira universal para todos.
A
tentativa falhou por que o organismo de Mitrídates havia adquirido
imunidade, contra uma grande quantidade de venenos por que ele preventivamente tomava
pequenas doses frequentemente na tentativa de evitar ser assassinado. Segundo
Apiano, Mitrídates ordenou ao gaulês Bituito, seu amigo e guarda-costas, que o
matasse com sua espada. Seu corpo foi enterrado em Sinope ou Amaseia por ordem
do próprio Pompeu que deu sequência à sua vitória com a criação da província da
Síria e passou 64 e 63 a.C. pacificando a região. Em 63 a.C., ele cercou e
capturou Jerusalém depois de receber um pedido para intervir na guerra civil
entre Hircano II e Aristóbulo II pelo trono do Reino Asmoneu. Depois de ser
introduzida ao cristianismo, Fásis tornou-se a sede de diocese grega, da qual
um dos seus bispos, Ciro, tornou-se Patriarca de Alexandria, entre 630 e 641
d.C. Durante a Guerra Lázica, entre os bizantinos e os persas sassânidas
(542-562), Fásis foi atacada, sem sucesso, pelas tropas persas. No século VIII
o nome Poti foi registrado pela primeira vez nas fontes escritas georgianas, referem-se
aos três sistemas de escrita utilizados para a língua georgiana: Asomtavruli,
Nuskhuri e Mkhedruli. Destes, o Mkhedruli é o sistema de escrita padrão para o
georgiano moderno e suas línguas relacionadas, enquanto Asomtavruli e Nuskhuri
são usados principalmente pela Igreja Ortodoxa Georgiana em textos religiosos. Continuou
a ser uma localidade estruturada no desenvolvimento do comércio marítimo,
dentro do Reino da Geórgia, e era reconhecida pelos viajantes medievais
europeus como Fasso. No século XIV, a República de Gênova estabeleceu uma
feitoria comercial na cidade, que acabou tendo curta existência.
Em
1578, Poti foi conquistada pelo Império Otomano. Os turcos, que chamaram a
cidade de Faş, construíram fortificações pesadas e a transformaram num de seus
principais postos de fronteira no Cáucaso, onde havia um grande mercado de
escravos. Um exército combinado dos príncipes da Geórgia ocidental recuperou
Poti em 1640, porém a cidade caiu para os otomanos novamente em 1723. Outra
tentativa fútil de libertar a cidade do jugo otomano foi feita pelas forças
russo-georgianas em 1770 e 1771, e a partir do momento em que a Rússia tomou
conta da maior parte do território georgiano, no século XIX, suas forças
tentaram novamente destruir o forte turco em Poti. Apesar da empreitada
eventualmente ser bem-sucedida, com o auxílio de tropas georgianas, em 1809, o
Tratado de Bucareste forçou a devolução do território e da fortaleza aos
otomanos. A próxima Guerra Russo-Turca trouxe a cidade definitivamente ao
domínio russo, onde foi subordinada à gubernia (“província”) de Cutais, e
recebeu o estatuto de cidade portuária em 1858. O porto marítimo foi construído
entre 1863 e 1905. Em 1872, a cidade tornou-se o ponto final da Ferrovia
Transcaucásica, que passava diretamente por Tbilisi.
Na
Europa, existem basicamente quatro modelos constitucionais de gestão da
administração pública, o modelo nórdico (Dinamarca, Finlândia, Suécia e Países
Baixos), o modelo anglo-saxão (Reino Unido e Irlanda), o modelo renano ou
continental (Áustria, Bélgica, França, Alemanha e Luxemburgo) e o modelo
mediterrâneo (Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Na América Latina a
preferência é a representação do modelo mediterrâneo, a exemplo do
Brasil. Vale lembrar que a nação é um produto cultural, político e
social que surge na Europa a partir do fim do século XVIII e que se constitui
efetivamente em uma “comunidade política imaginada”. Nesse processo de
construção histórica, a relação entre o velho e o novo, o passado e o presente,
a tradição e a modernidade são constantes e se revestem de importância
fundamental, pois, a nação é uma comunidade de sentimento que tende a produzir
um Estado próprio, é preciso invocar antigas tradições (reais ou inventadas)
como fundamento natural da identidade nacional que está sendo criada. Isso
tende a obscurecer o caráter histórico e relativamente recente dos Estados
nacionais. Assim, como Estado-nação procura delimitar e zelar por suas
fronteiras geopolíticas, ele também se empenha em demarcar suas fronteiras
culturais, estabelecendo “o que faz e o que não faz parte da nação”. Através
desse processo se constrói uma identidade nacional que procura dar uma imagem
à comunidade abrangida por ela. Nesse sentido o processo de consolidação dos
Estados-nações é extremamente recente. Mesmo em sociedades que atualmente
parecem ser bem integradas.
Esta
exploração humana dos trópicos não se processou, em verdade, por um
empreendimento metódico e racional, não emanou de uma vontade construtora e
enérgica: fez antes com desleixo e certo abandono. Dir-se-ia mesmo que se fez
apesar de seus autores. E o reconhecimento desse fato não constitui, para
Sérgio Buarque, menoscabo à grandeza do esforço português. Isto porque existe
uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. Assim, o indivíduo do
tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo de
praticar e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias
do aventureiro – audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade,
vagabundagem – tudo, enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do
mundo, característica desse tipo. Por outro lado, as energias e esforços que se
dirigem a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; as
energias que visam à estabilidade, à paz, à segurança pessoal e os esforços sem
perspectiva de rápido proveito material passam, ao contrário, por viciosos e
desprezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e mesquinho do que o
ideal do trabalhador.
Na
obra da conquista e colonização dos novos mundos coube ao “trabalhador”, papel
muito limitado, quase nulo. Historicamente predispunha aos gestos e façanhas
audaciosos, galardoando bem os melhores homens de grandes voos. E não foi
fortuita a circunstância imediata de se terem encontrado neste continente,
empenhados nessa obra, principalmente as nações onde o tipo ideal do
trabalhador, encontrou ambiente menos propício. Essa pouca disposição para o
trabalho, ao menos para o trabalho sem compensação próxima, essa indolência,
como diz o deão Inge, não sendo evidentemente um estímulo às ações aventurosas,
não deixa de constituir, com notável frequência, o aspecto negativo do ânimo
quer gera as grandes empresas. Como explicar, sem isso, que os povos ibéricos mostrassem
tanta aptidão para a caça aos bens materiais em fins do século XVIII? “Um
português” comentava certo viajante em fins do século XVIII, “pode fretar um
navio para o Brasil com menos dificuldade do que lhe é preciso para ir de
cavalo de Lisboa ao Porto”. E essa ânsia de prosperidade sem custo, de títulos
honoríficos, de posições e riquezas fáceis, tão notoriamente característica da
gente de nossa terra, não é bem uma das manifestações precisamente mais cruas
do espírito de aventura? Nesse ponto, precisamente, os portugueses e seus
descendentes imediatos foram inexcedíveis. Procurando recriar aqui o meio de
sua origem, fizeram-no com uma facilidade que ainda não encontrou, talvez,
segundo exemplo na história. Aos portugueses e, em menor grau, aos castelhanos,
coube, sem dúvida, a primazia no emprego do regime que iria servir de modelo à
exploração latifundiária e monocultora adotada depois por outros povos.
E
a boa qualidade das terras do Nordeste brasileiro para a lavoura altamente
lucrativa de cana-de-açúcar fez com que essas terras se tornassem o cenário
onde, por muito tempo, se elaboraria em seus traços mais nítidos o tipo de
organização agrária mais tarde característico das colônias europeias situadas
na zona tórrida. E verificou-se, frustradas as tentativas de emprego do braço
indígena, que o recurso mais fácil estaria na introdução de escravos africanos.
O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que
custa ousadia, não riqueza que custa trabalho. Não foi, por conseguinte, uma
civilização tipicamente agrícola o que instauraram os portugueses no Brasil com
a lavoura açucareira. Não o foi, em primeiro lugar, porque a tanto não conduzia
o gênio aventureiro que os trouxe à América; em seguida, por causa da escassez
da população do reino, que permitisse emigração em larga escala de
trabalhadores rurais, e finalmente pela circunstância de a atividade agrícola
não ocupar então, em Portugal, posição de primeira grandeza. Poucos indivíduos
sabiam dedicar-se a vida inteira a um só mister sem se deixaram atrair por
outro negócio aparentemente lucrativo. E ainda mais raros seriam os casos em
que um mesmo ofício perdurava na mesma família por mais de uma geração, como
acontecia normalmente em terras onde a estratificação social alcançara maior
grau de estabilidade. Da tradição portuguesa, pouca coisa se conservou entre
nós que não tivesse sido modificada ou relaxada pelas condições adversas do
meio.
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