terça-feira, 1 de julho de 2025

O Tempero da Vida – Chef Cheng, Arte Culinária & Amor na Finlândia.

Perde-se facilmente um carneiro quando o pastor se afasta do rebanho”. William Shakespeare

                                     

          O conceito de figuração distingue-se de outros conceitos abstratos da sociologia por incluir expressamente os seres humanos em sua formação social. Contrasta, portanto, decididamente com um tipo amplamente dominante de formação de conceitos que se desenvolve sobretudo na investigação de objetos sem vida, portanto no campo da física e da filosofia para ela orientada. Há figurações de estrelas, assim como de plantas e de animais. Mas apenas os seres humanos formam figurações uns com os outros. O modo de sua vida conjunta em grupos grandes e pequenos é, de certa maneira, singular e sempre co-determinado pela transmissão de conhecimento de uma geração a outra, por tanto por meio do ingresso singular do mundo simbólico específico de uma figuração já existente de seres humanos. Às quatro dimensões espaço-temporais indissoluvelmente ligadas se soma, no caso dos seres humanos, uma quinta, a dos símbolos apreendidos. Sem sua apropriação, sem, por exemplo, o aprendizado de determinada língua especificamente social, os seres humanos não seriam capazes de se orientar no seu mundo concretamente nem de se comunicar uns com os outros. Um ser humano adulto, que não teve acesso aos símbolos da língua e do conhecimento de determinado grupo social permanece fora de todas as figurações humanas, pois não é um ser humano. As definições são amplas e vagas, e seria legítimo indagar, escolhendo-as mais ou menos ao acaso, para inferir que resultam em termos de um controle, qualquer estímulo ou complexo de estímulos que provoca uma reação.

Assim, pois, todos os estímulos são controles, pois representam a direção do comportamento por influências grupais, estimulando ou inibindo a ação individual (os sonhos) ou coletivamente (mitos, ritos, símbolos). O controle social pode ser definido como a soma total ou, antes, o conjunto de padrões culturais, símbolos sociais, signos coletivos, valores culturais, ideias e idealidades, tanto como atos quanto como processos diretamente ligados a eles, pelo qual a sociedade de forma inclusiva, opera em cada grupo particular, e cada membro individual participante superam as tensões e os conflitos entre si, através do equilíbrio temporário, e se dispõem a novos esforços criativos. Ipso facto, em toda a dimensão da vida associativa deverá haver algum ajustamento de relações sociais tendentes a prevenir a interferência de direitos e privilégios entre os indivíduos. De maneira mais específica, são três as funções do estabelecidas pelo controle social: a obtenção e a manutenção da ordem social, da proteção social e da eficiência social. O seu emprego hic et nunc na investigação sociológica contribuiu consideravelmente para produzir uma simplificação ou redução na análise dos problemas sociais, conseguida proporcionalmente, graças à compreensão positiva da integração das contradições correspondentes no sistema de organização das sociedades e da importância relativa de cada um deles, como e enquanto expressão do jogo social.  Embora obscuro e equívoco, em seu significado, o conceito de controle social é necessário à investigação sociológica na modernidade, encontraram um sistema de referências propício à sua crítica científica, seleção lógica e coordenação metódica.    

O crescimento de um jovem convivendo e habitando comum em figurações humanas, como processo social e experiência, assim como o aprendizado de um determinado esquema de autorregulação na relação com os seres humanos, é condição indispensável ao desenvolvimento rumo à humanidade. Socialização e individualização de um ser humano, são nomes diferentes para o processo. Cada ser humano assemelha-se aos outros, e é, ao mesmo tempo, diferente de todos os outros. O mais das vezes, as teorias sociológicas deixam sem resolver o problema da relação entre indivíduo e sociedade. Quando se fala que uma criança se torna um indivíduo humano por meio da integração em determinadas figurações, como, por exemplo, em famílias, em classes escolares, em comunidades aldeãs ou em Estados, assim como mediante a apropriação e reelaboração de um patrimônio simbólico social, conduz-se o pensamento por entre dois grandes perigos da teoria e das ciências humanas: o perigo de partir de um indivíduo a-social, portanto como que de um agente que existe por si mesmo; e o perigo de postular um “sistema”, um “todo”, em suma, uma sociedade humana que existiria para além do ser humano singular, para além dos indivíduos. Embora não possuam um começo absoluto, não tendo nenhuma outra substância a não ser seres humanos gerados familiarmente por pais e mães, as sociedades humanas não são simplesmente um aglomerado cumulativo dessas pessoas. O convívio dos seres humanos em sociedades tem sempre, mesmo no caos, na desintegração social, na maior desordem social, uma forma absolutamente determinada. É isso que o conceito de figuração exprime na vida humanamente.             

O processo de concentração física de força pública se acompanha de uma desmobilização da violência ordinária. A violência física só pode ser aplicada por um agrupamento especializado, especialmente mandatado para esse fim, claramente identificado no seio da sociedade pelo uniforme, portanto um agrupamento simbólico, centralizado e disciplinado. A noção de disciplina, sobre a qual Max Weber escreveu páginas magníficas, é uma evidência capital: não se pode concentrar a força física sem, ao mesmo tempo, controla-la, do contrário é o desvio da violência física, e o desvio da violência física está para a violência física assim como o desvio de capitais está para a dimensão econômica: é o equivalente da concussão. A violência física pode ser concentrada num corpo formado para esse fim, claramente identificado em nome da sociedade pelo uniforme simbólico criado, especializado e disciplinado, isto é, capaz de obedecer como um só homem a uma ordem central que, em si mesma, não é geradora de nenhuma ordem. O conjunto das instituições mandatadas para garantir a ordem, a saber, as forças públicas e de justiça, são, portanto, separadas pouco a pouco do mundo social corrente. Essa concentração do capital físico se realiza em um duplo contexto. Para uns, o desenvolvimento do exército profissional está ligado à guerra, assim como o imposto; mas há a guerra civil, a arrecadação do imposto como uma espécie de guerra civil. 

A estratégia do passado que visava organizar novos espaços urbanos transformou-se meramente em artifícios políticos e muito pouco em torno de reabilitação de patrimônios. Depois de haver inconscientemente projetado a cidade futura, torna-se uma cidade frequentada por sua estranheza, muito mais elevada aos excessos que reduzem o presente, a nada mais que simples escombros como caixas d`água que deixam escapar seu domínio do tempo. Mas os técnicos sociais se denunciam já no quadriculamento que atrapalhavam os planejadores funcionalistas que deviam fazer tábula rasa das opacidades contidas nos projetos de cidades transparentes. Afinal qual o urbanismo que não descontroem mais do que uma guerra a questão da memória e da história aldeã, operária, com casas desfiguradas, fábricas desativadas, universidades sem vida, cacos de histórias naufragadas que hoje formam as ruínas de uma cidade fantasma ou fantasmas da cidade, antes modernista, cidade de massa, homogênea, como os lapsos de uma linguagem que se desconhece, quem sabe inconsciente. Mas elas surpreendem. O imaginário individual (sonho) e coletivo (os mitos, os ritos, os símbolos), em primeiro lugar, são as coisas que o soletram. Eles têm uma função que consiste em abrir uma profundidade no presente, mas não têm o conteúdo que provê de sentido a estranheza do passado. Suas histórias políticas deixam de ser pedagógicas para inferir um final trágico. 

O Estado de Maquiavel à Marx, se constitui do ponto de vista político-afetivo, portanto, em relação à forma de governo um duplo contexto soberano: de um lado, efeitos de poder político em relação a outros Estados, atuais ou potenciais, isto é, os princípios concorrentes – portanto, precisa concentrar “capital de força física” para travar a guerra pela terra, pelos territórios; de outro lado, em relação a um contexto interno, a contrapoderes perniciosos, isto é, príncipes concorrentes ou classes dominadas que resistem à arrecadação do imposto ou ao recrutamento de soldados. Esses dois fatores favorecem a criação de exércitos poderosos dentro dos quais se distinguem progressivamente forças propriamente militares e forças propriamente policiais destinadas à manutenção da ordem interna. Essa distinção exército/polícia, evidente hoje, tem uma genealogia extremamente lenta, as duas forças têm sido por muito tempo confundido. O desenvolvimento do imposto está ligado às despesas de guerra. O nascimento do imposto é simultâneo a uma acumulação extraordinária de capital detido pelos profissionais da gestão burocrática e à cumulação de um imenso capital informacional. É o vínculo institucional pragmático que ocorre entre Estado e estatística: o Estado está associado a um conhecimento racional do mundo social e governamental. A estatística em como representação o campo da matemática que relaciona fatos sociais e números em que há um conjunto de métodos que nos possibilita coletar dados e analisá-los, assim sendo possível realizar alguma interpretação técnica.

Após a morte de sua esposa, o chef Cheng viaja com seu filho para uma aldeia marítima remota na Finlândia a convite de “um velho amigo que conheceu em Xangai”. Faz fronteira com a Suécia a Oeste, com a Rússia a Leste e com a Noruega ao Norte, enquanto a Estônia está ao Sul através do Golfo da Finlândia. A capital do país e sua maior cidade é Helsinque, em finlandês Helsinki, e a segunda maior cidade é Tampere, localizada a cerca de 180 km ao Norte da capital. Cerca de 5,3 milhões de pessoas vivem na Finlândia, estando a maior parte concentrada no Sul do país. É o oitavo maior país da Europa em extensão e o país menos densamente povoado da União Europeia. A língua materna de quase toda a população é o finlandês, que é uma das línguas fino-úgricas e é mais estreitamente relacionado com o estoniano. O finlandês é apenas uma das quatro línguas oficiais da UE que não são de origem Indo-Europeia. A segunda língua oficial da Finlândia, o sueco, é a língua nativa falada por 5,5% da população. Ele cruza fronteiras para surpreender os moradores com verdadeiras maravilhas da culinária. A culinária de Xangai tem como escopo enfatizar os sabores originais dos ingredientes crus, utilizando condimentos para realçar o sabor. Comparada a outras culinárias chinesas, ela tem um sabor mais suave e levemente adocicado. Desnecessário dizer: o agridoce é sabor típico.

       A expressão Finlândia tem muita semelhança com o nome de outros lugares escandinavos, como Finamarca, condado da Noruega, e Finuídia, pequeno território sueco. Alguns desses nomes são, obviamente, derivados de Finnr, palavra alemã que descreve “um viajante e supostamente refere-se a um nômade, alguém sem residência fixa”. O termo Finn também costuma se referir a um grupo de 70 mil lapões com origens na Lapônia. Finn originalmente era usado para designar pessoas da “Finlândia Própria” no século XV, quando a igreja nomeou um bispo com autoridade que abrangia todo o país. Com o tempo, historicamente o termo passou a designar também toda a população. Os primeiros colonizadores suecos desembarcaram na costa finlandesa na época medieval, ainda no século XII, encontrando um país sem uma organização estatal, dividido em clãs familiares locais. Na esteira dos colonos suecos, chegaram os cruzados suecos e o Estado sueco. Os reis suecos estabeleceram seu domínio durante as Cruzadas do Norte de 1155 até 1249. Pouco tempo depois, o país foi agregado e completamente colonizado pela Suécia.  Em 1293, foi construída a fortaleza de Viburgo, no interior do golfo da Finlândia, para consolidar as conquistas suecas na Finlândia e na Carélia. Pelo Tratado de Noteburgo, em 1323, foi estabelecida entre a Finlândia sueca e a República da Novogárdia. O sueco tornou-se língua da nobreza, administração e educação.

            Finlândia, oficialmente a República da Finlândia, é um país nórdico no Norte da Europa. Faz fronteira com a Suécia a Noroeste, a Noruega ao Norte e a Rússia a Leste, com o Golfo de Bótnia a Oeste e o Golfo da Finlândia ao Sul, em frente à Estônia. A Finlândia tem uma população de 5,6 milhões. Sua capital e maior cidade é Helsinque. A maioria da população é composta por finlandeses étnicos. As línguas oficiais são o finlandês e o sueco; 84,1% da população fala o primeiro como língua materna e 5,1% o último. O clima da Finlândia varia de continental úmido no Sul a boreal no Norte. A cobertura terrestre é predominantemente bioma de floresta boreal, com mais de 180.000 lagos registrados. A Finlândia foi colonizada pela primeira vez por volta de 9000 a.C., após a última Era Glacial. Durante a Idade da Pedra, surgiram várias culturas, distinguidas por diferentes estilos de cerâmica. A Idade do Bronze e a Idade do Ferro foram marcadas por contatos com outras culturas na Fennoscandia e na região do Báltico. Fino-Escandinávia ou Fenoscândia é um termo geográfico e geológico usado para descrever a península Escandinava, a península de Cola, a região da Carélia e Finlândia. O canal Mar Branco-Báltico separa a Fino-Escandinávia do continente da Rússia. Inicialmente o termo Fino-Escandinávia foi introduzido em 1898 pelo geólogo finlandês Wilhelm Ramsay (1865-1928) para delimitar uma região geológica denominada nesta nomenclatura “escudo báltico”, que abrange Noruega, Suécia, Finlândia e o Norte da Dinamarca. Na atualidade, o termo Fino-Escandinávia também é usado para descrever o contato histórico e cultural entre os lapões, os povos fínicos, os suecos e noruegueses. Fino-Escandinávia não inclui, ao contrário dos países nórdicos, a Dinamarca, Islândia, Groenlândia. Historicamente partir do final do século XIII, a Finlândia tornou-se parte da Suécia tendo como representação do resultado das Cruzadas do Norte. Em 1809, como resultado da Guerra Finlandesa, a Finlândia foi capturada da Suécia e se tornou um grão-ducado autônomo dentro do Império Russo.

Durante este período, a arte finlandesa floresceu e o movimento de Independência começou a se firmar. A Finlândia se tornou o primeiro território na Europa a conceder sufrágio universal em 1906, e o primeiro no mundo a dar a “todos os cidadãos adultos o direito de concorrer a cargos públicos. Após a Revolução de 1917, a Finlândia declarou sua Independência”. Uma guerra civil foi travada na Finlândia no ano seguinte, com os Brancos emergindo vitoriosos. O status da Finlândia como República foi confirmado em 1919. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Finlândia lutou contra a União Soviética na Guerra de Inverno e na Guerra da Continuação, e posteriormente contra a Alemanha na Guerra da Lapônia. Como resultado, perdeu partes de seu território para a União Soviética, mas manteve sua Independência e democracia. A Finlândia permaneceu um país predominantemente agrícola até a década de 1950. Após a Segunda Guerra Mundial, industrializou-se rapidamente e estabeleceu uma economia avançada, com um Estado de bem-estar social construído no modelo nórdico. Isso permitiu que experimentasse prosperidade geral e alta renda per capita. Durante a Guerra Fria, a Finlândia adotou uma política de neutralidade. Isto é, tornou-se membro da União Europeia em 1995, da Zona do Euro em 1999 e, após a invasão russa da Ucrânia, juntou-se à Organização do Tratado Atlântico Norte em 2023.

A Finlândia é membro de organizações internacionais, como o Conselho Nórdico, o Espaço Schengen e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A nação tem um desempenho bom em “métricas de desempenho nacional, em educação, competitividade econômica, liberdades civis, qualidade de vida e desenvolvimento humano”. Sociologicamente a chamada Guerra Fria representa a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSSS), compreendendo o período entre o final da 2ª guerra Mundial (1940-1945) e a dissolução da União Soviética correu em 26 de dezembro de 1991, como resultado da declaração nº 142-Н do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração reconheceu a Independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade de Estados Independentes (CEI). A conjuntura anterior representou um conflito extraordinário de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações, no plano das relações políticas e econômicas e suas zonas conflitantes de influência político-militar. É chamada guerra “fria” porque não houve guerra direta entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida armamentista pela construção de um grande arsenal de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira metade da chamada “Guerra Fria”, estabilizando-se na década de 1960-1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Ronald Reagan (1911-2004) chamado de “Guerra nas Estrelas”. A corrida espacial foi um dos episódios que marcaram a segunda metade do século XX e foi resultado direto da chamada Guerra Fria. Ocorrida entre os anos de 1957 e 1975, a corrida espacial ficou caracterizada pela intensa exploração no espaço realizada por norte-americanos & soviéticos.

Um dos episódios geopolíticos de maior relevância da corrida espacial foi a estratégia global ocorrida com a chegada concreta do homem à Lua. É neste âmbito de transformações globais polarizadas que Socialisme ou Barbarie representou um grupo socialista libertário radical francês do período pós-guerra. Seu nome vem de uma frase de da economista marxista Rosa Luxemburgo (1871-1919) usada em um ensaio de 1916, The Junius Pamphlet. O grupo existiu durante os anos 1948 até 1965. A personalidade que o animava era Castoriadis, também reconhecido como Pierre Chaulieu ou Paul Cardan. O grupo se originou na trotskista Quarta Internacional, onde Castoriadis e Claude Lefort constituíram a chamada “Tendência Chaulieu-Montal” no Partido Comunista Internacionalista francês, em 1946. Em 1948, eles experimentaram o seu “desencanto final com o trotskismo”, levando-os a romperem com os trotskistas para formar o Socialisme ou Barbarie, cujo jornal começou a aparecer em março de 1949. Castoriadis mais tarde disse a respeito desse período que sua principal audiência e do jornal era formada pela esquerda radical: bordigistas, comunistas de conselho, alguns anarquistas e órfãos da esquerda alemã dos anos 1920. Eles foram vinculados à tendência Johnson-Forest, que desenvolveu ideias dentro das organizações trotskistas norte-americanas. Uma facção desse grupo formou mais tarde o grupo Facing Reality.

Os primeiros tempos também trouxeram debates com Anton Pannekoek e um influxo de ex-bordigistas para o grupo. Era composto tanto de intelectuais quanto de trabalhadores e concordavam com a ideia de que os principais inimigos da sociedade eram as burocracias que governavam o capitalismo moderno. eles documentaram e analisaram a luta contra a burocracia no jornal do grupo. A edição de número 13 ocorrida em janeiro-março de 1954, por exemplo, era dedicada à Revolta de 1953 na Alemanha Oriental e às greves que pipocaram em vários setores de trabalhadores franceses naquele verão. Seguindo a crença de que o que a luta diária que a classe trabalhadora encarava era o conteúdo real do socialismo, os intelectuais encorajavam os trabalhadores no grupo a relatarem cada aspecto de suas vidas no trabalho. O caráter-gueto de Socialismo ou Barbárie não deriva, contudo, apenas da guerra fria Leste-Oeste. Ao chegar a Paris, a bordo do navio Mataroa, Cornelius Castoriadis, assim como outros intelectuais - qual Kostas Axelos, por exemplo -, vem fugido da perseguição movida contra a esquerda grega. Não somente, porém, da repressão desencadeada pela aliança atlantista, como igualmente dos próprios comunistas, conforme relata, em tons quase dramáticos, Morin: - “Raríssimos foram os intelectuais europeus que, sob a ocupação nazista, se tornaram militantes da heresia trotskista. Os comunistas trotskistas, presos pela Gestapo, sofriam a mesma sorte dos comunistas stalinistas e, no interior das prisões, os stalinistas, no melhor dos casos, punham os trotskistas em quarentena e, na pior, liquidavam. Na Grécia da Liberação, o Partido Comunista decidiu, em tomada de posição do Comitê Central, pelo extermínio dos trotskistas. Condenado à morte pelos comunistas e prevendo ser abatido pelos anticomunistas, Castoriadis emigrou para a França”.

Assim sendo, o possível círculo de acolhida ao fugitivo em Paris está nos setores igualmente minoritários da IV Internacional. Mas Castoriadis bem cedo diagnostica um tronco leninista-burocrático comum a stalinismo e trotskismo. O grupo Socialismo ou Barbárie fará ruptura com a IV Internacional - ruptura esta marcada por uma dupla originalidade. De modo diferente das inumeráveis cisões anteriores do movimento trotskista, ela não se dá à moda de uma pequena capela que muda de chefe sem transformar em nada a doutrina. Ao contrário de outras dissensões que igualmente rejeitam a organização de tipo engajado politicamente leninista, ela não joga fora o bebê (Marx) junto com a água do banho (Lênin-centralismo-stalinismo). Ao romper com os heterodoxos ortodoxos - IV Internacional e dissidências da IV Internacional - em nome do marxismo, Socialismo ou Barbárie emerge como a “heresia de uma heresia” (cf. Morin, 1989). O Socialisme ou Barbarie era crítico do leninismo, rejeitando a ideia de um partido revolucionário e colocando ênfase nos conselhos de trabalhadores. Enquanto alguns membros partiram para formarem outros grupos, aqueles que permaneceram se tornaram mais e mais críticos do marxismo ao longo do tempo. Jean Laplanche, um dos membros-fundadores do grupo, recorda os primeiros dias da organização. 

O grupo socialmente era composto tanto de intelectuais quanto de trabalhadores e concordavam com a ideia de que os principais inimigos da sociedade eram as burocracias que governavam o capitalismo. Eles documentaram e analisaram a luta contra a burocracia no jornal do grupo. A edição de número 13 referente a janeiro-março de 1954, por exemplo, era dedicada à interpretação da Revolta de 1953 na Alemanha do Leste e às greves em vários setores de trabalhadores franceses naquele verão. Seguindo a ideologia de que o que a luta diária que a classe trabalhadora encarava era o conteúdo real do socialismo, os intelectuais encorajavam os trabalhadores no grupo a relatarem cada aspecto social da vida cotidiana no trabalho.  A Hungria começou o período pós-guerra como uma livre democracia pluripartidária, e as eleições em 1945 produziram um governo de coalizão sob a batuta do primeiro-ministro Zoltán Tildy. Entretanto, o Partido Comunista, apoiado pela União Soviética, que tinha recebido somente 17% dos votos, constantemente obtinha pequenas concessões em um processo nomeado “tática do salame”, que fatiava a influência do governo eleito. Depois das eleições de 1945, os poderes do Ministro do Interior - que supervisionava a Autoridade de Proteção de Estado (ÁVH) - foram transferidos do “Partido dos Pequenos Proprietários Independentes” para gente de confiança do Partido Comunista. A ÁVH empregava métodos de intimidação, falsas acusações, prisões e tortura para suprimir a oposição política. O período conjunturalmente de democracia pluripartidária acabou cedendo espaço quando o Partido Comunista se fundiu com o Partido Socialdemocrata para se tornar o “Partido Popular dos Trabalhadores Húngaro”, cuja lista de candidatos foi a votos sem oposição em 1949. A República Popular Húngara foi declarada.

Depois da 2ª guerra mundial, a Hungria sucumbiu na esfera político-ideológica de influência soviética e foi ocupada militarmente pela guerra de movimento do Exército Vermelho. Em 1949, os soviéticos tinham concluído um tratado de assistência mútua com a Hungria que garantia direitos políticos à União Soviética para uma contínua presença militar, assegurando o último controle político. Dentre 1950-1952, a Polícia de Segurança forçadamente realocou milhares de pessoas para obter propriedades e moradias para os membros do Partido Popular dos Trabalhadores, e remover a ameaça da classe intelectual e burguesa. Milhares foram presos, torturados, julgados e aprisionados em campos, deportados para o leste, ou eram executados, incluindo o fundador da ÁVH László Rajk. Em um único ano, mais de 26.000 pessoas foram forçadamente realocadas de Budapeste. Como uma consequência, empregos e moradias eram muito difíceis de obter. Os deportados geralmente experimentavam parcas condições de habitação e eram recrutados para trabalho escravo em fazendas coletivas. Muitos morreram como resultado das pobres condições de vida e desnutrição. O estudo do idioma russo e instrução política comunista foram tornados parte do currículo escolar e universitário pelo país. László Rajk (1909-1949) nasceu em Székelyudvarhely, sendo o nono filho de  saxões da Transilvânia, seus laços afetivos com o comunismo começaram como membro do Partido Comunista da Hungria (KMP). Posteriormente, foi expulso da universidade por suas ideias políticas e se tornaria operário da construção civil, até 1936, quando ingressou na Frente Popular na Guerra Civil Espanhola até 1939.

       A análise sociológica pragmática de Max Weber precisa as consequências inevitáveis dentro do movimento protestante, das tendências ascéticas da conduta dos primeiros adeptos que formam, em princípio a mais forte antítese da relativa fraqueza moral do luteranismo. A gratia amissibilis luterana, que podia ser sempre reconquistada através da contrição penitente, não continha em si nenhuma sanção para o que é, para nós, o resultado mais importante do protestantismo ascético: uma ordenação racional sistemática da vida moral como um todo. A fé luterana deixou, deste modo, inalterada a espontânea vitalidade da ação impulsiva e da emoção ingênua. Faltava o estímulo para o constante autocontrole e, assim, para uma regulamentação deliberada da vida de cada um, introduzido pela melancólica doutrina de Calvino. Um “gênio religioso” como Martin Lutero (1483-1543), na falta de melhor expressão, podia viver sem dificuldades nesta atmosfera de liberdade e, enquanto seu entusiasmo fosse bastante poderoso, sem perigo de recair no status Naturalis. Esta forma de piedade simples, sensível e peculiarmente emocional, que é o ornamento de muitos dos mais destacados tipos do luteranismo, como a sua moralidade livre e espontânea, encontra poucos paralelos no genuíno puritanismo, mais no suave anglicanismo de Hookes, Chillingsworth etc. Para o luterano comum, mesmo para o mais convicto apoiado nas ideias protestantes da Reforma, nada era mais certo que ele estar temporariamente enquanto a confissão ou o sermão durassem – acima do status Naturalis. Para o giant Max Weber relacionar a ética protestante com o espírito do capitalismo, partindo das obras de Calvino, do Calvinismo e de outras seitas “puritanas”, não serve para afiançar que a ambição dos bens materiais, como fim em si mesmo, possa elevar-se a um valor ético. Não queremos perder de vista  que a “vocação” está ligada do tipo ideal de dominação carismática.

A este tipo de dominação é que Weber se dedica no decorrer do texto. Os homens não obedecem ao líder carismático em virtude da tradição ou da lei, mas porque acreditam nele. Embora seus ideais de ética e os resultados práticos de seus ensinamentos tenham sido fundamentais nela, consequências de motivos puramente religiosos, os resultados culturais da Reforma foram em boa parte consequências imprevistas. E até mesmo indesejadas, do trabalho dos reformadores, muitas vezes bastante divergentes entre si, e até mesmo opostas ao que eles realmente desejavam. O que há de novo do ponto de vista saociologicamente da Wertfreiheit de Max Weber, refere-se à compreensão da maneira pela qual “as ideias adquirem força na História”, a fim de indicar mal-entendidos sobre o significado desses motivos. Neste sentido, o caráter providencial da “interação” dos interesses econômicos particulares, assume, todavia, uma forma diversa na perspectiva puritana. De acordo com a tendência do puritanismo a interpretações pragmáticas, o caráter providencial da divisão do trabalho dá-se a conhecer pelos seus resultados. Uma vez que Richard Baxter destaca-se entre muitos outros intérpretes teóricos da ética puritana, seu Christian Directory é o mais completo compêndio da teologia moral puritana, inteiramente orientado pela experiência prática de seu ministério. Vale lembrar que Baxter tece considerações que, em mais de um ponto, lembram a apoteose da divisão do trabalho de Adam Smith.

A especialização das ocupações leva, à medida que possibilita o desenvolvimento das habilidades do trabalhador, a progressos quantitativos e qualitativos na produção, servindo assim também ao bem comum, que é idêntico ao bem do maior número, de motivação utilitária como ocorre na literatura. O elemento caracteristicamente puritano aparece quando Baxter coloca à frente de sua discussão a seguinte proposição: “fora de uma vocação bem-sucedida as realizações do homem são apenas casuais e irregulares, e ele gasta mais tempo na vadiagem do que no trabalho”. E também quando conclui que ele o trabalhador especializado, efetuará seu trabalho ordenadamente, enquanto outro permanecerá numa contínua confusão, não conhecendo sua atividade, nem tempo nem lugar”. Razão pela qual “ter uma vocação certa é o melhor para todos”. O trabalho irregular, que muitas vezes o operário é obrigado a aceitar, é com frequência inevitável, mas sempre um indesejável estado sob a forma de qualquer transição. Falta à vida do homem “sem ofício” aquele caráter sistemático e metódico requerido pelo chamado “ascetismo secular”. Também de acordo com a ética Quaker é a vida vocacional do homem que lhe dá certo treino moral, que se expressa no zelo e no método, fazendo com que ele cumpra sua vocação. Na concepção puritana da vocação, a ênfase sempre é posta neste caráter. Fora de dúvida, abandonar a noção do sociólogo, comparativamente para o filósofo, reconhecendo algo sobre o que quese ninguém reconhece de modo pleno, seria abandonar a noção de que sua voz, do ponto de vista da fonoaudiologia sempre tem pretensão dominante à atenção dos outros participantes no âmbito da conversação.

Seria também abandonar a noção de que existe algo chamado “método filosófico” ou “técnica filosófica”, ou “ponto de vista filosófico” que capacita o filósofo profissional, ex officio, a ter visões interessantes sobre, digamos, a respeitabilidade da psicanálise, a legitimidade de certas leis dúbias, a resolução de dilemas morais, a “sanidade” das escolas de historiografia ou da crítica literária e cinematográfica, e assim por diante. Os filósofos com frequência têm visões interessantes sobre tais questões. Seu treinamento profissional é frequentemente uma condição necessária para que tenham as visões que têm. Mas isso não representa dizer que os filósofos têm uma qualidade especial de conhecimento sobre o conhecimento de onde extraem corolários relevantes. Os palpites úteis que eles podem proporcionar sobre os vários tópicos são possíveis por sua familiaridade com o plano de fundo histórico das argumentações sobre tais tópicos. E, last but not least, pelo fato sociologicamente evidente de que as argumentações sobre tais tópicos são pontuadas por clichês filosóficos triviais. Com os quais os outros participantes tropeçaram em sua leitura, mas cujos prós e contras os filósofos profissionais conhecem muito bem. Magistralmente, o sociólogo Max Weber dividiu as teorias éticas em dois agrupamentos. O primeiro compreende a ética da convicção, ou deontologia. O segundo, a ética da responsabilidade, ou teleologia. Isso não quer dizer de modo algum que a convicção exclui totalmente a responsabilidade e vice-versa. 

Na ética da responsabilidade, a decisão decorre das implicações que cada conduta enseja, obrigando o agente do conhecimento das circunstâncias. Diferentemente da ética da convicção, a ética da responsabilidade não tem como parâmetro de conduta princípios ou ideais, muito menos crenças existentes anteriormente. Segundo a ética da responsabilidade, analisam-se situações concretas e seus possíveis impactos sociais que transcendem a regressão jurídica. E se escolhe a decisão que causa maiores benefícios para a coletividade adotada em bem maior e evita um mal maior. É por extensão, alguém que, havendo incorporado a etnometodologia de um grupo social considerado, exibe naturalmente a competência social que o agrega a esse grupo e lhe permite fazer-se reconhecer e aceitar. Daí, neste caso a advertência: qualquer universidade que se disponha, através de seus próceres, com honradez a seguir os princípios éticos para concordarmos com a “autonomia relativa das instâncias”, segundo Max Weber, no plano científico e, político, como no plano administrativo, se bem entendido que, do ponto de vista axiológico, política é regulação da existência (“Existenz”) como Hegel frisou na “Introdução”, à História da Filosofia. Sendo assim em sociologia, poder decisório, luta entre interesses contraditórios, disputa por posições de mundo, confrontos mil entre forças sociais, violência em última análise. A produção política usa suportes materiais: armas, livros, processos, papéis onde se inscrevem as ordens, os atos de gestão, as sentenças ou as leis, mas não é uma produção material.

Havia uma grande diferença, que era muito chocante entre os padrões morais das cortes e dos príncipes reformados e dos luteranos, os últimos sendo frequentemente degradados pela embriaguez e pela vulgaridade. O fato é que ao luteranismo, em razão de sua doutrina de graça, faltava uma sanção psicológica da conduta sistemática que o compelisse à racionalização metódica da vida. Na Noruega, Suécia e Finlândia, vale lembrar que predominam a atividade pesqueira e a extração de madeira. É nessa região que ocorrem as mais baixas temperaturas climáticas de todo o continente europeu. Os Alpes Escandinavos representam a principal formação montanhosa da região. Estendem-se próximos ao litoral, no sentido Norte-Sul. Suas elevações são acompanhadas de planaltos, com alguns lagos e vales glaciais. Esses vales formaram-se pela erosão do gelo; posteriormente, foram invadidos pela água do mar. São os fiordes. Comuns sobretudo no litoral norueguês. O verdadeiro “muro montanhoso” é acompanhado por fiordes a oeste e ladeado por planícies que se voltam em direção à Suécia, no litoral do mar Báltico. Além de planícies alguns países da região possuem várias depressões criadas pela erosão glacial. Nessas depressões originaram-se diversos lagos, como se observa na Finlândia. Antes do século XIX, o termo Nórdico ou setentrional, era usado habitualmente no sentido de incluir a parte territorial da Rússia Europeia, os Países Bálticos naquela época, por exemplo, Livônia e Curlândia e Groenlândia. Mais recentemente, quando a Europa foi submetida à região do Mediterrâneo, as regiões próximas ao mar, incluindo particularmente países reconhecidos como Alemanha, os Países Baixos e a Áustria, passaram a ser culturalmente associadas ao termo.  

O finlandês tornou-se uma língua secundária, falada principalmente pelos camponeses e pelo clero. O Bispo de Turcu era a pessoa preeminente na Finlândia antes da Reforma Protestante. Durante a reforma, grande parte do país aderiu ao luteranismo. No século XVI, Mikael Agricola (1510-1557) publicou os primeiros trabalhos escritos na Finlândia, a primeira universidade do país, The Royal Academy of Turku, foi inaugurada em 1640. O país passou por uma grave fome entre 1676 e 1697, e cerca de um terço da população morreu. No século XVIII, uma intensa guerra entre Suécia e Rússia acarretou em duas ocupações da Rússia no país, foi a Grande Guerra do Norte, conflito que ocorreu entre 1700 e 1721, envolvendo a Rússia, Dinamarca-Noruega e Saxônia-Polônia (mais tarde Prússia e Hanôver) contra o Império Sueco. A guerra resultou na ascensão da Rússia como uma grande potência europeia e no declínio da Suécia como potência regional, na qual a Suécia enfrentou Rússia, Dinamarca, Noruega e a República das Duas Nações. Ao fim, a guerra tornou-se um conflito concentrado entre Suécia e Rússia, a chamada Guerra Finlandesa. A Apresentação também é um aspecto fundamental da culinária, com os ingredientes meticulosamente cortados e dispostos para criar visualmente um esquema de cores harmonioso. Os pratos precisam dominar três elementos: “cor, aroma e sabor”. Assim como outras culinárias chinesas, a de Xangai enfatiza o uso de temperos, a qualidade das matérias-primas e a preservação dos sabores originais dos ingredientes. Em sentido mais amplo, refere-se a estilos complexos de culinária desenvolvidos em um quadro de pensamento sob a influência das províncias vizinhas de Jiangsu e Zhejiang. A adoção da influência ocidental claramente na culinária resultou em um estilo único reconhecido como culinária Haipai.

A divisibilidade infinita do espaço implica a do tempo, como fica evidente pela natureza do movimento. Mas podemos aqui observar, afirma David Hume (2009), que nada pode ser mais absurdo que esse costume de atribuir uma dificuldade aquilo que pretende ser uma demonstração. As demonstrações não são como as probabilidades, em que podem ocorrer dificuldades, e um argumento pode contrabalançar outro, diminuindo sua autoridade. Uma demonstração ou é irresistível, ou não tem força alguma. Portanto, falar em objeções e respostas, em contraposição de argumentos numa questão como essa, é o mesmo que confessar que a razão humana é um simples jogo de palavras, ou que a pessoa que assim se exprime não está à altura desses assuntos. Há demonstrações difíceis de compreender, por causa do caráter abstrato de seu tema; nenhuma demonstração, uma vez compreendida, pode conter dificuldades que enfraqueçam sua autoridade. É uma máxima da metafísica que tudo que a mente concebe claramente inclui a ideia da existência possível, ou, em outras que ainda que imaginamos é absolutamente impossível. Não poderia haver descoberta mais feliz para a solução de todas as controvérsias que as impressões sempre precedem as ideias, e que toda ideia contida na imaginação apareceu primeiro em uma impressão correspondente.

As percepções deste último tipo são todas tão claras e evidentes que não admitem discussão, ao passo que muitas de nossas ideias são tão obscuras que é quase impossível, mesmo para a mente que as forma, dizer qual é exatamente sua natureza e composição. Façamos uma aplicação desse princípio, a fim de descobrir algo mais sobre a natureza de nossas ideias de espaço e tempo.  Entre o liberalismo de Hume e dos Fisiocratas, encontra-se a distância que separa a invenção da conformidade. Hume de um lado, os Fisiocratas de outro. Fisiocratas que viam a produção de bens e serviços como consumo do excedente agrícola, uma vez que a principal fonte de energia era o músculo humano ou animal e toda a energia era derivada a partir do excedente de produção agrícola. A unidade própria do nascente liberalismo econômico se tornaria problemática. Apesar da relativa uniformidade das reivindicações, parece que o fosso se escava entre, de um lado, uma metafísica da ordem que impõe respeito a uma norma natural, limitadora por essência e instruída pela providência regida, em última instância, pela cumplicidade secreta entre finalismo e mecanicismo, e, de outro, a marcha hesitante de uma espontaneidade cega em seu princípio, e anônima em seus efeitos sociais, que exige que a norma, em sua variedade e contingência, seja construída, inventada, em função das circunstâncias. Assim comparativamente a política econômica nacional é constituída sobre o modelo da gestão privada, sendo que a representação da economia do universo é, do mesmo modo, construída do modelo tecnológico sobre a apropriação da natureza.     

Arte culinária representa a arte de preparar e confeccionar alimentos. A palavra “culinária” refere-se a algo relacionado com o ato de cozinhar. Um profissional de culinária é uma pessoa que trabalha nas artes culinárias. Nos restaurantes pode ser também reconhecido por chefe de cozinha (chef). Os artistas culinários são responsáveis pela preparação meticulosa de refeições que são agradáveis tanto ao paladar como à vista. É-lhes cada vez mais pedido um conhecimento da ciência dos alimentos e noções de dieta e nutrição. Trabalham principalmente em restaurantes, cadeias de fast food, lojas gourmet, hospitais e outras instituições. As condições da cozinha variam consoante o tipo de negócio, restaurantes, instituições de acolhimento e lares de terceira idade, etc. O mercado de trabalho para os chefs de cozinha, gestores de restaurantes, dietéticos e nutricionistas é bastante alargado, com uma taxa de crescimento média. Uma educação superior com qualificações é cada vez mais um requisito para o sucesso nesta área de conhecimento. Segundo as estatísticas, 54% dos profissionais de culinária são do sexo feminino. A culinária reflete os costumes de um povo e em outros aspectos culturais como as religiões e a política. Não somente os alimentos, mas também os utensílios e as técnicas utilizados na culinária fazem parte de um acervo cultural claro e particular.

A população da Finlândia é de aproximadamente 5,6 milhões. A taxa de natalidade é de 7,8 por 1.000 habitantes, dando uma taxa de fertilidade de 1,26 filhos nascidos por mulher, uma das mais baixas do mundo e bem abaixo da taxa de reposição de 2,1. Em 1887, a Finlândia registrou sua maior taxa, com 5,17 filhos nascidos por mulher. A Finlândia tem uma das populações mais velhas do mundo, com uma idade média de 44,0 anos e 23,6% da população com 65 anos ou mais. A Finlândia tem uma densidade populacional média de 19 habitantes por quilômetro quadrado. Esta é a terceira menor densidade populacional da Europa, depois da Noruega e da Islândia, e a mais baixa da União Europeia. A população da Finlândia sempre se concentrou nas partes do sul do país, um fenômeno que se tornou mais pronunciado durante a urbanização do século XX. Três das quatro maiores cidades da Finlândia estão localizadas na Área Metropolitana de Helsinque: Helsinque, Espoo e Vantaa. A cidade de Tampere é a terceira maior cidade depois de Helsinque e Espoo, e Vantaa é a quarta. Outras cidades com mais de 100.000 habitantes são Turku, Oulu, Jyväskylä, Kuopio e Lahti. A população imigrante da Finlândia está crescendo. Em 2024, havia 623.949 pessoas de origem estrangeira vivendo na Finlândia (11,1% da população), a maioria delas da antiga tradição da União Soviética, Estônia, Iraque, Somália, Ucrânia, China e Índia. Os filhos de estrangeiros não recebem automaticamente a cidadania finlandesa, pois a lei de cidadania finlandesa mantém uma política consagrada de jus sanguinis, segundo a qual apenas crianças nascidas de pelo menos um dos pais finlandeses recebem a cidadania. Se nascerem na Finlândia e não puderem obter a cidadania de outro país, tornam-se cidadãos finlandeses.

Além disso, certas pessoas de ascendência finlandesa que vivem em países que já fizeram parte da União Soviética mantêm o direito de retorno, ou seja, o direito de estabelecer residência permanente no país, o que eventualmente lhes daria direito à cidadania. Em 2024, 10,3% da população finlandesa nasceu no exterior. Como resultado da imigração recente, o país tem populações significativas de estonianos étnicos, russos, ucranianos, iraquianos, chineses, somalis, filipinos, indianos e iranianos. As minorias nacionais da Finlândia incluem os Sami, os Roma, os Judeus e os Tártaros. Os Roma do grupo finlandês Kale estabeleceram-se no país no final do século XVI. Finlandês e sueco são as línguas oficiais da Finlândia. O finlandês predomina em todo o país, enquanto o sueco é falado em algumas áreas costeiras no Oeste e Sul com cidades como Ekenäs, Pargas, Närpes, Kristinestad, Jakobstad e Nykarleby e na região autônoma de Åland, que é a única região monolíngue de língua sueca na Finlândia. Em 2024, a língua nativa de 84,1% da população era o finlandês, que faz parte do subgrupo fínico da língua urálica. A língua é uma das quatro únicas línguas oficiais da União Europeia não de origem indo-europeia e não tem relação por descendência com as outras línguas nacionais dos países nórdicos. Por outro lado, o finlandês é intimamente relacionado ao estoniano e ao careliano, e mais distantemente ao húngaro e às línguas sami. O sueco é a língua nativa de 5,1% da população (finlandeses que falam sueco). O sueco é uma disciplina escolar obrigatória e o conhecimento geral da língua é bom entre muitos falantes não nativos. 

Da mesma forma, a maioria dos não-Ålanders que falam sueco podem falar finlandês. O lado finlandês da fronteira terrestre com a Suécia é unilíngue de língua finlandesa. O sueco do outro lado da fronteira é diferente do sueco falado na Finlândia. Há uma diferença considerável na pronúncia entre as variedades do sueco faladas nos dois países, embora sua inteligibilidade mútua seja quase universal. O Romani finlandês é falado por cerca de 5.000 a 6.000 pessoas; há 13.000 a 14.000 Romani na Finlândia. O Romani e a Língua Gestual Finlandesa também são reconhecidos na constituição. Existem duas línguas gestuais: a Língua Gestual Finlandesa, falada nativamente por 4.000 a 5.000 pessoas, e a Língua Gestual Finlandesa-Sueca, falada nativamente por cerca de 150 pessoas. O tártaro é falado por uma minoria tártara finlandesa de cerca de 800 pessoas cujos antepassados ​​se mudaram para a Finlândia principalmente entre as décadas de 1870 e 1920.  As línguas Sami têm um estatuto oficial em partes da Lapónia, onde os Sami, que somam mais de 10.000, são reconhecidos como um povo indígena. Cerca quarto deles fala língua Sami como língua materna. As línguas que são faladas na Finlândia são o Sami do Norte, o Sami Inari e o Sami Skolt. Os direitos dos grupos minoritários em particular os Sami, os falantes de sueco e os Romani são protegidos pela Constituição. As línguas nórdicas e o careliano são reconhecidos em partes da Finlândia.

          Um chefe de cozinha, também chamado do francês chef de cuisine, mestre-cuca e chefe executivo, é um cozinheiro com um nível diferenciado de habilidades em sua profissão e que, além de elaborar pratos, também planeja cardápios, gerencia as compras de ingredientes, organiza a cozinha e supervisiona os serviços dos cozinheiros desde o pré-preparo até a finalização de alimentos, observando métodos de cocção e padrões de qualidade. Mais do que um cozinheiro, o chefe de cozinha atua como um “gerente das cozinhas de restaurantes, hotéis, hospitais, residências e outros locais de refeições”. A palavra “chef” é uma abreviação do termo francês “chef de cuisine” que, por sua vez, origina etimologicamente do latim “caput”, que significa “cabeça”. O chefe de cozinha, ou chef executivo, é o responsável por todas as coisas relacionadas à cozinha, que normalmente inclui a criação de menus, gestão, programação e folha de pagamento dos funcionários da cozinha inteira; ordenação e chapeamento de design. supervisiona a saída de iguarias preparadas, assegurando que elas correspondam aos pedidos e sejam perfeitas sob todos os pontos de vista. O chef de cuisine, Souschef (subchefe da cozinha) é o assistente direto do chef executivo, o segundo no comando. Essa pessoa pode ser responsável por agendar a sua substituição quando o chef executivo está de folga.        

O souschef pode substituir ou auxiliar o Chef de Partie quando necessário. No entanto, não pode substituir posições menores na cozinha. Mantêm o setor de mercadorias, conforme as necessidades do estabelecimento. Prepara todas as carnes (limpa, corta, etc.). Prepara todos os peixes. Confecciona os pratos frios, molhos frios e acepipes. Distribui os gêneros às restantes partidas durante o serviço, à medida que vão sendo encomendadas pelo chef. Confecciona e decora o buffet frio, tendo para efeito, nas grandes casas o “chef de Froid”. O saucier confecciona as bases e molhos de carne. Confecciona todas as carnes e aves estufadas, salteadas e fritas. Confecciona a caça exceto a assada ou grelhada. Este cargo é ocupado pelo segundo chef nos estabelecimentos menores. O chef de partie, ou “chef de partida”, é o indivíduo encarregado a uma determinada área da produção. Nas grandes cozinhas, cada chef de partida pode ter vários cozinheiros e/ou assistentes. O aboyeur é o responsável por levar “o pedido da sala de jantar à cozinha, ou outro empregado da cozinha responsável por anunciar o pedido em voz alta para a brigada”. Pode também dar uns retoques nos pratos antes de serem levados, embora em geral seja feito por um sous-chef ou um chef de partie. O boucher é o açougueiro da cozinha. O entremétier tem a função social para preparar petiscos, entradas quentes e muitas vezes prepara, lalém disso as sopas, ovos, legumes, caldos brancos, massas e féculas. Em um sistema completo de uma brigada, um potagier prepara sopas e um légumier prepara legumes.

O garde-manger é o responsável pela preparação de alimentos frios, que incluem saladas, aperitivos frios, patês e outros itens de charcutaria. E sucessivamente o légumier. O entremétier que prepara legumes. Pâtissier prepara massas, doces, gelados e sobremesas. Especializados na confecção de bolos, sobremesas e pães e outros assados e atuam em grandes hotéis e bistrôs e restaurantes e padarias. Poissonier prepara os peixes, mas em geral não é o indivíduo que os abate. Prepara os molhos e o fumet. Confecciona o molho holandês e bearnês. Potagier é o entremétier que prepara sopas. Rôtisseur prepara carnes assadas e ao vapor e cozida também, com seu molho apropriado. Confecciona os grelhados e os fritos. Prepara e confecciona todas as batatas a serem fritas. O trancheur de acordo com Silva Filho (1996) é o que trabalha na sala de recepção dos clientes, em colaboração ao maître, e é quem prepara algumas especialidades que são finalizadas à mesa, como “destrinchar uma ave, ou preparar diante dos fregueses a Crepe Suzette ou camarão à Marie Stuart” e assim por diante.

O arquiteto divino aparece também como uma derivação conceitual do artesão. Em todo lugar em que surge uma vontade capaz de dar forma ao projeto que ela mesma concebeu, o arranjo mecânico dos elementos, sustentado pelo decreto inicial, compõe uma totalidade externa cuja finalidade escapa por natureza aos componentes para se transportar inteira para a mente do organizador. O lucro do negociante sugere o lucro da nação. A balança é sua imagem obrigatória. O produto artesanal sugere o produto divino: o relógio, divisor do tempo, a máquina se torna sua representação privilegiada. Equilíbrio, ajuste e adaptação dos meios aos fins se unem no trabalho de montagem que supõe ao mesmo tempo um projeto humano, um plano, um construtor, condicionando uma escolha entre as diferentes séries de objetos manufaturados. Sem dúvida, é por ter apreendido nessas falências a lógica da argumentação, que Hume sugere nos Diálogos, a fábula de uma repartição visível de tarefas. Seus personagens debatem uma série de ideias e argumentos cujos proponentes acreditam que através do qual poderemos vir a conhecer a natureza de Deus. Os artesãos divinos contra os que persistem em considerar a questão da divisão do trabalho como conveniência comandada pela providência, mais do que a solução do problema vital colocado como sobrevivência para a espécie.

Reconhecido pelo padrão de que não há ideias inatas na vida e que todo o conhecimento vem da experiência rigorosamente ao nexo de causalidade e necessidade,  em vez de tomar a noção de causalidade, como concedido, desafia-nos a considerar o que a experiência nos permite saber sobre a relação estabelecida entre causa e efeito, pois nada é mais usual e natural, para aqueles que pretendem oferecer ao mundo novas descobertas filosóficas e científicas que insinuar elogios ao seu próprio sistema. O homem de discernimento e de saber percebe facilmente a fragilidade do fundamento, até mesmo daqueles sistemas bem aceitos e com maiores pretensões de conter raciocínios precisos e profundos. Isto é, alguns princípios acolhidos da confiança; consequências deles deduzidas de maneira defeituosa; falta de coerência entre as partes, e de evidência no todo – tudo isso se pode encontrar nos sistemas dos mais eminentes filósofos, e parece cobrir de opróbrio a própria filosofia, pois mesmo “a plebe lá fora é capaz de julgar, pelo barulho e vozerio que ouve, que nem tudo vai bem aqui dentro”. Neste âmbito tampouco é necessário um conhecimento profundo para se descobrir a distância e imperfeição e que de fato, não há nada que não seja objeto de discussão e sobre o qual os estudiosos não manifestam opiniões contrárias. Multiplicam-se as disputas, como se tudo fora incerto; e essas são conduzidas da maneira mais acalorada, como se tudo fora certo. 

A culinária de Xangai, por outro lado, é caracterizada pelo uso extraordinário de “molho de soja, que confere aos pratos uma aparência avermelhada e brilhante”. Tanto o molho de soja escuro quanto o molho de soja comum são usados ​​na culinária de Xangai. O molho de soja escuro cria uma cor âmbar escura nos pratos, enquanto o molho de soja comum realça o sabor. As quatro palavras clássicas usadas para descrever a comida de Xangai são o que significa que a comida de Xangai usa uma quantidade considerável de óleo e molho de soja. Os pratos são preparados usando vários métodos, como assar, ensopar, brasear, cozinhar no vapor e fritar. Frutos do mar também são uma característica proeminente da culinária de Xangai, com peixe, caranguejo e frango sendo feitos "embriagados" usando bebidas destiladas e técnicas de cozimento rápidas. Carnes salgadas e vegetais em conserva são comumente usados ​​para realçar uma diversidade de pratos. Além disso, o açúcar desempenha um papel importante na culinária de Xangai quando usado per se em combinação com molho de soja. O arroz é mais bem servido do que macarrão ou outros produtos originários de trigo. A culinária de Xangai enfatiza os sabores dos ingredientes crus, utilizando condimentos para realçar o sabor. Comparada a outras culinárias chinesas, ela tem um sabor mais suave e levemente adocicado.

O agridoce é um sabor tipicamente de Xangai. A Apresentação representação um aspecto fundamental da culinária, com os ingredientes “meticulosamente cortados e dispostos para criar um esquema de cores harmonioso”. Curiosamente, no início do século XX, as famílias de Xangai não incluíam peixe regularmente em suas refeições diárias, apesar de a cidade ser uma cidade portuária. A carne era considerada um luxo, e as refeições normalmente consistiam em vegetais, feijão e arroz. As famílias consumiam carne ou peixe apenas quatro vezes por mês, no segundo, oitavo, décimo sexto e vigésimo terceiro dias, período reconhecido como Drang hun. Com a maior conscientização sobre nutrição, há uma demanda maior por alimentos com baixo teor de açúcar e gordura, e vegetais estão sendo incorporados às dietas para promover hábitos alimentares mais saudáveis. A culinária de Xangai é a mais jovem das dez principais cozinhas da China, embora ainda tenha mais de 400 anos de história. Tradicionalmente chamada de Benbang, teve origem nas dinastias Ming e Qing (1368-1840). No reinado do Imperador Jiaqing e do Imperador Guangxu da Dinastia Qing, uma barraca de comida foi montada na cidade velha de Xangai chamada “Shovel Bang”. Após a década de 1930, com o rápido desenvolvimento da indústria e do comércio de Xangai, os principais clientes da culinária Benbang representavam uma classe emergente de trabalhadores.

Como resultado, a proporção de pratos baratos na culinária Benbang começou a diminuir. Na última parte do século XIX, depois de Xangai se tornar um importante porto comercial nacional e internacional, os pratos Benbang passaram por mudanças substanciais. Após a abertura do porto de Xangai em 1843, dezesseis escolas de catering diferentes foram abertas em Xangai. A culinária de Anhui foi a primeira a ganhar popularidade em Xangai, seguida pela culinária Suxi, culinária cantonesa, culinária Huaiyang e culinária de Pequim. Na década de 1930, a culinária Suxi era predominante em quase metade dos restaurantes populares de Xangai. A culinária de Guangdong era muito popular entre os residentes de Xangai e estrangeiros. Como resultado da adoção de influências de outras culinárias, os sabores da culinária de Xangai se tornaram mais complexos. A influência ocidental na culinária de Xangai resultou no desenvolvimento de um estilo de cozinha único conhecido como culinária Haipai. Na época, comer comida ocidental era considerado moda, mas os chineses inicialmente lutaram para se adaptar a certos aspectos da culinária ocidental, como o bife malpassado. A comida ocidental em Xangai foi influenciada por muitos países, mas formou suas próprias características distintas. A comida ocidental russa de Xangai, que normalmente incluía um prato principal e uma sopa (borscht, pão com manteiga), tornou-se particularmente popular em Xangai devido aos seus benefícios econômicos. Antes de 1937, havia mais de 200 restaurantes ocidentais em Xangai, e também na Xiafei Road e na Fuzhou Road.

A faculdade pela qual repetimos nossas impressões da primeira maneira se chama memória, e a outra, imaginação. Mas se examinarmos cuidadosamente esses argumentos, veremos que eles nada provam, senão que as ideias são precedidas por outras percepções mais vívidas, das quais derivam e as quais elas representam. Melhor dizendo, que as ideias da memória são muito mais vivas e fortes que as da imaginação, e que a primeira faculdade pinta seus objetos em cores mais distintas que todas as que possam ser usadas pela última. Ao nos lembrarmos de um acontecimento passado, sua ideia invade nossa mente com força, ao passo que, na imaginação, a percepção é fraca e lânguida, e apenas com muita dificuldade pode ser conservada firme e uniforme pela mente durante todo o período considerável de tempo. Temos aqui uma diferença sensível entre as duas espécies de ideias. Mas há uma outra diferença, não menos evidente, entre esses dois tipos de ideias. Embora nem as ideias da memória nem as da imaginação, nem as ideias vívidas nem as fracas possam surgir na mente antes que impressões correspondentes tenham vindo abrir-lhes o caminho, a imaginação não se restringe à mesma ordem na forma das impressões originais, ao passo que a memória está de certa maneira amarrada quanto a esse aspecto, sem nenhum poder de variação. É evidente que a memória preserva a forma original sob a qual seus objetos se apresentaram. A principal função não é preservar as ideias simples, mas sua ordem e posição. Esse princípio se apoia em aspectos do dia a dia que podemos nos poupar o trabalho de continuar insistindo nele. 

Como a imaginação pode separar todas as ideias simples, e uni-las novamente da forma que bem lhe aprouver, nada seria mais inexplicável que as operações dessa faculdade, se ela não fosse guiada por alguns princípios universais, que a tornam, em certa medida, uniforme em todos os momentos e lugares. Fossem as ideias inteiramente soltas e desconexas, apenas o acaso as ajuntaria; e seria impossível que as mesmas ideias simples se reunissem de maneira regular em ideias complexas se não houvesse algum laço de união entre elas, alguma qualidade associativa, pela qual uma ideia naturalmente introduz outra. Esse princípio de união entre as ideias não deve ser considerado uma conexão inseparável, tampouco devemos concluir que, sem ele a mente não poderia juntar duas ideias – pois nada é mais livre que essa faculdade. Devemos vê-lo apenas como uma força suave, que comumente prevalece, e que é a causa pela qual, entre outras coisas, as línguas se correspondem de modo tão estreito umas às outras: pois a natureza de alguma forma aponta a cada um de nós as ideias simples apropriadas para serem unidas em uma ideia complexa. As qualidades originam tal associação, e a mente de uma ideia são três: semelhança, contiguidade no tempo e no espaço, e causa e efeitoDois objetos podem ser considerados como estando inseridos praticamente nessa relação.

 Seja quando um deles é a causa de qualquer ação ou movimento do outro, seja quando o primeiro é a causa da existência do segundo. Pois como essa ação ou movimento não é senão o próprio objeto, considerado sob um certo ângulo, e como o objeto continua o mesmo em todas as suas diferentes situações, é fácil imaginar de que forma tal influência dos objetos uns sobre os outros pode conectá-los na imaginação. Podemos prosseguir com esse raciocínio, observando que dois objetos estão conectados pela relação causa e efeito não apenas quando produz um movimento ou uma ação qualquer no outro, no outro mas também quando tem o poder de os produzir. Notemos que essa é a fonte de todas as relações de interesse e dever através dos quais os homens se influenciam mutuamente na sociedade que se ligam pelos laços de governo e subordinação. Um senhor é aquele que, por sua situação, decorrente quer da força quer de um acordo, tem o poder de dirigir, sob alguns aspectos particulares, as ações de outro homem. Um juiz é aquele que, em todos os casos litigiosos entre membros da sociedade, é capaz de decidir, com sua opinião a quem cabe à posse ou a propriedade de determinado objeto. Quando uma pessoa possui poder, nada é necessário para convertê-lo em ação que o exercício da vontade; em todos os casos, é considerável possível, e em muitos, provável – no caso da autoridade, a obediência do súdito é um prazer e uma vantagem para seu superior.

Está claro que, no curso de nosso pensamento social e na constante circulação de nossas ideias, a imaginação passa facilmente de uma ideia a qualquer outra que seja semelhante a ela. Assim como existe o nascimento de uma semiologia e sociologia da celebridade e até mesmo mais recentemente, uma economia da celebridade e tal qualidade, por si só, constitui um vínculo afetivo e uma associação suficiente para a fantasia. É também evidente que, com os sentidos, ao passarem de um objeto a outro, precisam fazê-lo de modo regular, tomando-os sua contiguidade uns em relação aos outros, a imaginação adquire, por um longo costume, o mesmo método de pensamento, e percorre as partes do espaço e do tempo ao conceber seus objetos. Quanto à conexão realizada pela relação de causa e efeito, basta observar que nenhuma relação produz uma conexão mais forte na fantasia e faz com que uma ideia evoque mais prontamente outra ideia que a relação de causa e efeito entre seus objetos. Para compreender toda a extensão dessas relações sociais, devemos considerar que dois objetos estão conectados na imaginação. Não somente quando um deles é imediatamente semelhante ou contíguo ao outro, ou quando é a representação propriamente dita da causa. Mas quando entre eles encontra-se inserido um terceiro objeto, que mantém com ambos alguma dessas notáveis relações. Dentre as três relações mencionadas, a de causalidade é a de maior extensão na sociedade.

Bibliografia Geral Consultada.

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