“O silêncio é o melhor remédio para a ignorância”. Iman Ali Nahy Al-Balagha
É a mais famosa coleção de sermões, cartas, tafsirs e narrações atribuídas a Ali, primo e genro de Maomé. Foi coletada por Xerife Razi, um estudioso xiita do século X. Reconhecido por seu conteúdo eloquente, é considerado uma obra-prima da literatura do islamismo xiita, terceira somente ao Alcorão e narrações proféticas. Nahjul al-Balaghah compreende várias questões de imersão cultural que abrangem os principais problemas da metafísica, teologia, fiqh, tafsir, hadith, profetologia, imanato, ética, filosofia social, história, política, administração, educação cívica, ciência, retórica, poesia e literatura. O livro reflete não apenas o espírito do início do Islã e os ensinamentos do Alcorão e do profeta islâmico Maomé, mas também serve como um guia para atravessar o futuro, à luz desses ensinamentos. Nahj al Balagha tem como representação social uma coleção de 241 sermões, 79 cartas e 489 enunciados. De acordo com cada nova publicação contra volumes anteriores, o número de sermões, cartas e declarações variou 238-241, 77 a 79, e 463-489. O livro narra a partir de Ali em uma ampla variedade de temas, que vão desde a criação do mundo, criação de Adão, fim do Universo que continuará se expandindo, e a chegada do Imame Mádi. Uma vez que o livro é obra literária destinada a demonstrar a eloquência de Ali, não reuniu todos os sermões de Ali. Em vez disso, apenas os segmentos considerados que possuem maior valor literário estão incluídos.
Uma fonte alternativa do conteúdo do livro de Maomé Baqir al-Mahmudi representa todos discursos existentes de Ali, sermões, decretos, epístolas, orações e palavras que são encontradas em Nahjul al-Balaghah. Assim, com excepção de alguns aforismos, a fonte original de todo o conteúdo de Nahjul al-Balaghah foi determinada. Nahjul al-Balaghah foi escrito por Xerife Razi, um estudioso do século X. Mais de 300 anos depois de Ali. Até então, os sermões tinham sido transmitidos por via oral, entre as gerações, e portanto, o texto foi aberto à mudança e má interpretação. Não há cadeia de narração. As últimas páginas foram deixadas vazias, Xerife Razi diz que se deparou com novos sermões; destacando que Xerife Razi escreveu nada que se deparou. Xerife Razi não seguiu o mesmo nível de escrutínio como seguido por colecionadores de Hadith portanto Nahjul al-Balaghah não foi considerado como Sahih (autêntico ou correto) para o nível das coleções de Hadith. Vários estudiosos têm procurado rastrear as fontes de diferentes declarações e cartas coletadas em Nahjul al-Balaghah aos trabalhos compilados séculos antes do nascimento de Xerife Razi. A pesquisa mais meticulosa neste contexto foi feita por um estudioso sunita indiano Imtiyaz Ali Arshi, morreu em 1981. Ele conseguiu remontar as primeiras fontes de 106 sermões, 37 cartas e 79 palavras dispersas de Ali em seu próprio livro Istinad-e Nahj al-Balaghah, originalmente escrito em Urdu, e logo traduzido tanto para o idioma árabe em 1957, depois em inglês e persa.
Holy Spider tem como representação um longa-metragem de ficção policial coproduzido internacionalmente entre Alemanha, Dinamarca, França, Suécia lançado em 2022, dirigido pelo cineasta iraniano-dinamarquês Ali Abbasi que frequentou a Politécnica de Teerã até 2002, quando emigrou para a Suécia para estudar arquitetura no KTH Royal Institute of Technology em Estocolmo. O pecado é visto socialmente como uma violação das leis e normas estabelecidas pela religião, e o Islã ensina que ele é “um ato, não um estado”. A crença islâmica é que Deus julgará as ações de cada indivíduo no Dia do Juízo Final, pesando suas boas ações contra seus pecados, e aqueles cujos pecados superarem as boas ações serão punidos no inferno (Jahannam). O pecado (khiṭʾ) no Islã é qualquer ação que viole os mandamentos de Deus, um conceito central na ética islâmica. Termos como dhanb e khaṭīʾa são usados para se referir a pecados intencionais, enquanto khiṭʾ refere-se a pecados em geral, e ithm a pecados graves. Deixar de realizar as orações diárias (Salah), não pagar o zakat (que é caridade obrigatória), não jejuar no Ramadã sem motivo justificado, não realizar o Hajj (a peregrinação a Meca) quando financeiramente capaz, cortar laços familiares, cometer zina (adultério/fornicação), usar substâncias tóxicas (como por exemplo, álcool, que naturalmente mais visado), praticar jogos de azar e mentir sobre a religião são considerados pecados. Pecado é um termo utilizado no contexto punitivo-religioso para o sentido da “transgressão ou qualquer violação deliberada da lei religiosa, moral ou divina”.
Cada cultura tem sua própria interpretação do que significa “cometer um pecado”. Embora os pecados sejam geralmente considerados ações, qualquer pensamento, palavra ou ato considerado imoral, egoísta, vergonhoso, prejudicial ou alienante pode ser denominado pecaminoso. Além dos pecados mencionados, existem os “grandes pecados”, aqueles que são particularmente graves e que podem levar à punição. No contexto islâmico, por exemplo, a idolatria é considerada um pecado imperdoável, incluindo a criação socialmente de imagens relacionadas religiosamente ao divino, bem como na formação do caráter a arrogância e o egoísmo. A sociedade iraniana é fortemente influenciada pelos princípios islâmicos, e o conceito de pecado desempenha um papel significativo na vida cotidiana e nas relações sociais. A legislação iraniana, baseada em princípios islâmicos, prevê “punições para crimes relacionados ao pecado, incluindo penas de morte para alguns delitos graves”. Questões relacionadas a direitos humanos e civis no Irã, como “crimes sem vítimas e a punição de certos atos”, são frequentemente debatidas e avaliadas em relação aos princípios islâmicos e às leis do país. O Zoroastrismo, antigo iraniano, também possui suas próprias perspectivas sobre o pecado, enfatizando a importância do trabalho, da dedicação e da ética.
O
KTH Royal Institute of Technology é uma universidade pública situada em
Estocolmo, Suécia, onde tem quatro campi. Foi fundado em 1827 e é a
maior instituição de Ensino Superior em tecnologia da Escandinávia e uma das
universidades técnicas líderes da Europa. Sua história social começa neste ano,
quando o Teknologiska Institutet começou a dar cursos nos domínios
tecnológicos com forte componente prática, com o objetivo merceológico de
acompanhar a crescente procura de engenheiros no período de industrialização da
Suécia. A escola era apreciada pela conjugação teórico-prática que dava
sustentação aos próprios cursos. Em 1877, recebeu o nome de Kungliga
Tekniska högskolan, reconhecendo assim a sua ligação à investigação.
Estendeu os seus domínios além dos quatro ramos em 1867: mecânica,
química, engenharia civil e engenharia de minas. Apareceram as áreas
de arquitetura (1877), engenharia eléctrica (1901), engenharia naval (1912),
topografia e física (1932), informática (1983) e economia (1990). Em 1917 a
escola procurou instalar-se num novo campus no Norte de Estocolmo, desenhado
pelo arquiteto Erik Julius Lallerstedt (1864-1955). Na década de 1950 foram
instalados os primeiros reatores nucleares e emissores de TV da Suécia.
Oferece instalações para áreas de biotecnologia e as
telecomunicações.
A cidade de Estocolmo foi fundada por volta de
1250, possivelmente por Berger Jarl, o regente do reino. O seu núcleo histórico
estava então na ilha de Stadsholmen, sendo conhecida como a cidade entre as
pontes, até aparecer a designação cidade antiga, hoje Gamla Stan. No século XIV
era já considerada a capital do reino da Suécia. Continuou a ganhar
importância, e no século XVII albergava todo o poder real do país, isto é, rei,
parlamento e “instituições de poder” (ämbetsverk). Com a ascensão da
Suécia a grande “potência regional” (stormakt), adquiriu um carácter
internacional, atingindo uma população de 80 000 habitantes. Graças à
industrialização, a cidade cresceu fortemente, e a sua área metropolitana,
apelidada de Grande Estocolmo, continua a aumentar de extensão. Estocolmo é a
capital e a maior cidade da Suécia. Sua localização, centrada em 19 ilhas e
ilhotas, na saída do lago Mälaren para o mar Báltico, juntamente com a área
continental circundante pertencente às províncias da Uppland e da Södermanland,
tem sido historicamente importante. O termo “comuna de Estocolmo” designa o
município que abrange a parte central de Estocolmo. O termo “cidade de
Estocolmo” é geralmente usado para designar conjuntamente o espaço abrangido
pelas comunas de Estocolmo, Nacka, Solna e Sundbyberg. O termo “área
metropolitana de Estocolmo” indica o “condado de Estocolmo”. Em 2008, a área
metropolitana era o lar de cerca de 21% da população da Suécia e
contribuía com mais de 1/3 do PIB do país.
Ipso
facto, é o maior geograficamente e mais importante centro
urbano, cultural, político, financeiro, comercial e administrativo da Suécia
desde o século XIII. É a sede do governo sueco, representado na figura do Riksdagen,
o parlamento nacional do país, além de ser a residência oficial dos membros da
monarquia sueca. Tem uma população total de 1 617 407 habitantes (2021),
abrangendo não só a comuna de Estocolmo, mas também Nacka, Solna e Sundbyberg.
É a sede da comuna de Estocolmo, a capital do condado de Estocolmo e a sede da
diocese de Estocolmo. Uma vez que a capital sueca está situada sobre ilhas
reconhecidas urbanisticamente por sua beleza, a cidade “é destino de turistas
de todo o mundo, tendo sido apelidada nos últimos anos de Veneza do Norte”.
Estocolmo é reconhecida arquitetonicamente pelos seus edifícios e monumentos
extremamente bem preservados, por seus arborizados parques, por sua riquíssima
vida cultural e gastronômica, e pela gigantesca qualidade de vida que oferece a
seus moradores. Há décadas, Estocolmo figura estatisticamente como uma das
cidades mais visitadas dos países nórdicos, com uma população mais de um milhão
de turistas internacionais anualmente. Nos últimos anos, tem sido citada entre
as cidades mais habitáveis do mundo, sendo uma das mais limpas, organizadas e
seguras do mundo.
Depois de obter o bacharelado em artes em 2007, ele se matriculou na Escola Nacional de Cinema da Dinamarca, obtendo seu diploma em 2011 com o curta-metragem M for Markus. Ele vive em Copenhague e com um passaporte iraniano. Em 2018, Abbasi estreou seu segundo filme, Gräns. Ganhou o prêmio Un Certain Regard no Festival de Cinema de Cannes, e foi selecionado como representante sueco para melhor filme estrangeiro no 91º Oscar. Embora o filme não tenha recebido uma indicação nessa categoria, ele ganhou “uma indicação para melhor maquiagem e penteados”. Seu terceiro longa-metragem, Holy Spider, foi lançado em 2022 e como uma coprodução em língua persa entre Suécia, Dinamarca, França e Alemanha. Baseado na história real de Saeed Hanaei, um serial killer que tinha como alvo trabalhadoras do sexo e matou 16 mulheres de 2000 a 2001 em Mashhad, o filme retrata uma jornalista fictícia investigando um serial killer em Mashhad, no Irã. É uma cidade na província do Coração Razavi, da qual é capital. Localiza-se no Nordeste do país, próximo das fronteiras do Afeganistão e com o Turquemenistão. Com mais de três milhões de habitantes, é a segunda maior cidade do país. Até 2004, existiam 28 províncias.
A partir daquele ano a
província do Coração foi dividida em 3 novas províncias: Coração do Norte,
Coração Razavi e Coração do Sul. Tem 118 851 km² e segundo censo de 2019, havia
6 768 000 residentes. As províncias são governadas pelo governador-geral. O
filme retrata a investigação de uma jornalista fictícia buscando elucidar o
caso, em meio a incompetência da polícia local. Selecionado para a competição
pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 2022, teve sua estreia
mundial em 22 de maio de 2022. Zar Amir Ebrahimi venceu o prêmio de interpretação
feminina. Foi selecionado como o representante da Dinamarca na categoria Melhor
Filme Internacional na 95ª edição do Oscar. O filme foi selecionado para
competir pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes de 2022,
onde estreou em 22 de maio de 2022. Zar Amir Ebrahimi, que estrelou o filme,
ganhou o prêmio de melhor atriz do festival. Não por acaso, o filme foi
selecionado como representante dinamarquês para melhor filme internacional no
95º Oscar, e fez parte da pré-lista de dezembro daquele ano. O último filme de
Abbasi, The Apprentice, “um retrato social de um jovem chamado Donald
Trump”, estreou no Festival de Cinema de Cannes de 2024. Vários contratos de
distribuição estiveram em vigor para os Estados Unidos da América, Oriente
Médio, Ásia, América do Sul, bem como de forma inclusiva para Europa Oriental e
Ocidental.
Hanaei
nasceu em 1962 e tinha relacionamento disfuncional com sua mãe, que o
abusava violentamente; mais tarde, ele afirmou que ela “frequentemente o arranhava
com as unhas com força suficiente para tirar sangue e tentava morder pedaços de
sua carne”. Na época de seus assassinatos, ele era casado e tinha três filhos.
Ele era trabalhador da construção civil de profissão e serviu como voluntário
na Guerra Irã-Iraque, um conflito militar travado entre o Irã e o Iraque,
resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países. A guerra
começou quando os iraquianos invadiram o território iraniano em 22 de setembro
de 1980. Saddam Hussein, ditador do Iraque, esperava que o caótico Irã
pós-revolução não tivesse condições de resistir ao avanço de suas tropas e
invadiu sem declarar guerra formalmente, mas o progresso foi lento e o ataque
acabou sendo repelido. Em 1982, os iranianos lançaram sua contraofensiva e tomaram
a iniciativa. A guerra passou então a abranger aspectos religiosos,
nacionalistas e sectários, com os curdos e xiitas demonstrando apoio ao Irã no
esforço de guerra. O resultado foi um banho de sangue, com grandes perdas de
vidas especialmente entre a população civil. O Conselho de Segurança das Nações
Unidas buscou várias resoluções para tentar acabar com as hostilidades, mas a
guerra só foi formalmente encerrada em 20 de agosto de 1988 após a Resolução
598 da ONU firmar um cessar-fogo aceito por ambos os lados. Na conclusão do
conflito, as fronteiras retornaram ao status pré-guerra dos Acordos de Argel de
1975. Os últimos prisioneiros de guerra, contudo, só foram soltos em 2003, após
a destituição de Saddam Hussein do poder.
A guerra foi extremamente custosa em termos de vidas e dinheiro para ambos os lados: Números oficiais apontam que mais de meio milhão de combatentes morreram, com um número similar de civis também perdendo a vida; milhares de pessoas foram feridas e outras milhares foram deslocadas de suas casas, causando uma crise humanitária. Centenas de bilhões de dólares também foram gastos, mas no final nenhum ganho territorial foi visto por qualquer um dos beligerantes. Este conflito foi comparado a Primeira Guerra Mundial em termos de táticas usadas, com uso grande de trincheiras com arame farpado e armadilhas, ninhos de metralhadoras e ataques de baioneta em ondas humanas pela terra de ninguém. Outro ponto marcante da guerra foi o uso indiscriminado de armas químicas, como o gás mostarda, por parte dos iraquianos contra tropas e civis iranianos e curdos. Muitos países muçulmanos e ocidentais apoiaram o Iraque com dinheiro, equipamentos e informações de inteligência como as imagens de satélite. Algumas nações apoiaram o Irã, muitas de forma clandestina, como o caso Irã-Contras. O conflito deixou ambos os lados extremamente fatigados, mas trouxe também alguns desdobramentos. O Iraque, embora financeiramente quebrado, tinha agora um poderoso exército a sua disposição. O Irã, apesar das perdas sofridas, viu sua revolução islamita sedimentada. A ONU, embora declaradamente não tenha tomado partido, não buscou imediatamente condenar as atrocidades cometidas a olhos vistos pelo Iraque, como seus ataques químicos contra civis, e se recusaram a identificar os iraquianos como os agressores, deles terem sido os primeiros a atacar até 11 de dezembro de 1991, quando Saddam passou a ser o principal antagonista da região após a Guerra do Golfo.
Hanaei tinha como alvo prostitutas na cidade oriental de Mashhad, um importante local de peregrinação religiosa onde fica o santuário do Imam Reza. Ele frequentemente tinha como meta viciados em drogas. Os assassinatos foram referidos como “assassinatos de aranha” pela imprensa iraniana “porque Hanaei atraiu as mulheres para sua casa, estrangulou-as e jogou seus corpos”. Saeed Hanaei ou Said Hanai (1962-2002) foi um assassino em série iraniano, preso em 2001 pelos assassinatos em torno de 16 mulheres em Mashhad. Era reconhecido como o “Assassino de Aranhas” pela maneira como atraía suas vítimas, principalmente prostitutas, de volta para sua casa antes de estrangulá-las. Sua prisão causou polêmica no Irã, com alguns extremistas religiosos expressando, curiosamente, “apoio à sua auto descrita luta” contra a “corrupção moral”. Ele foi executado pelo Estado por enforcamento em 8 de abril de 2002. O santuário Imam Reza é um complexo de santuários, imamzades e mausoléus xiitas, localizado em Mashhad, na província de Razavi Khorasan, Irã. l-Rida foi contemporâneo dos ca`ifas abássidas Harun al-Rashid (786–809) e seus filhos, al-Amin (809–813) e al-Ma`mun (813–833).
Em
um afastamento repentino da política antixiita estabelecida pelos
abássidas, possivelmente para mitigar as frequentes revoltas xiitas, al-Mamun
convidou al-Rida para Merv em Khorasan, sua capital de fato, e o designou como
herdeiro aparente, apesar da relutância de al-Rida, que aceitou a oferta com a
condição de que ele não interferisse nos assuntos governamentais. A nomeação de
Ali al-Rida pelo abássida al-Mamun imediatamente invocou uma forte oposição,
particularmente entre os abássidas, que se revoltaram e instalaram Ibrahim ibn
al-Mahdi, meio-irmão de Harun al-Rashid, como o anticalifa em Bagdá.
Percebendo a severidade da oposição iraquiana, al-Mamun e sua comitiva deixaram
Khorasan para Bagdá, acompanhados por al-Rida. O Imam, no entanto, morreu
misteriosamente quando o grupo chegou a Tus em setembro de 818. Sua morte
ocorreu logo após o assassinato de al-Fadl ibn Sahl, 13 de fevereiro de 818
d.C., o vizir persa de al-Mamun, que era visto publicamente como responsável
por suas políticas pró-xiitas. O califa é frequentemente visto como responsável
por ambas as mortes, pois fez concessões ao grupo árabe para facilitar seu
retorno a Bagdá.
Tus
foi posteriormente substituída por uma nova cidade, chamada Mashhad, que se
desenvolveu ao redor do túmulo de al-Rida como o local mais sagrado do Irã,
para onde milhões de muçulmanos xiitas se reúnem anualmente em peregrinação.
Também estão contidos no complexo a Mesquita Goharshad, um museu, uma
biblioteca, quatro seminários, um cemitério, a Universidade Razavi de Ciências
Islâmicas e outros edifícios. O complexo é um dos locais mais sagrados do
islamismo xiita, é um importante centro turístico iraniano, e foi descrito como
“o coração do Irã xiita” com 25 milhões de xiitas iranianos e não iranianos
visitando o santuário a cada ano, a partir de 2007. O santuário cobre uma área
de 267.079 m², enquanto os sete pátios que o cercam cobrem uma área de 331.578
m², totalizando 598.657 m² (6.443.890 pés quadrados). O complexo foi adicionado
à Lista do Patrimônio Nacional do Irã em 6 de janeiro de 1932, administrado
pela Organização do Patrimônio Cultural, Artesanato e Turismo do Irã e,
em 2 de fevereiro de 2017, foi adicionado à lista provisória de Patrimônios
Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO).
Apesar das suas
perdas territoriais, o Irã reinventou a noção iraniana de realeza e manteve uma
relativa independência política, mas enfrentou grandes desafios à sua
soberania, predominante por parte dos impérios russo e britânico. Conselheiros
estrangeiros tornaram-se poderosos nos tribunais e nas forças armadas. Eles
eventualmente dividiram o Irã Qajar na Convenção Anglo-Russa de 1907,
criando zonas de influência russa e britânica e uma zona neutra. Ambos os
pátios também foram reformados durante a monarquia de Mozaffar ad-Din Shah.
Após o golpe de dezembro de 1911, a artilharia russa bombardeou os
revolucionários que se refugiaram no santuário. Todo o complexo foi muito
danificado em 1911, mas foi reparado depois de algum tempo. Em 13 de julho de
1935 (11º Rabi al-Thani 1354 AH), durante a rebelião da Mesquita de Goharshad,
as forças armadas de Reza Shah, o monarca reinante do Irã e fundador da
dinastia Pahlavi, invadiram o santuário e massacraram as pessoas reunidas na
Mesquita de Goharshad. As pessoas estavam protestando contra as políticas de
modernização do Xá, que muitos, especialmente entre o clero xiita, consideravam
anti-islâmicas, incluindo a proibição do hijab para mulheres no Irã. Pouco
antes da Revolução Iraniana, em 21 de novembro de 1978, tropas sob as ordens do
regime de Mohammad Reza Shah, filho e sucessor de Reza Shah, mataram em torno
de 12.000 pessoas dentro do santuário. Foi caracterizado por uma monarquia
autoritária, com modernização e ocidentalização, mas também por crescente
descontentamento popular que culminou na Revolução Islâmica de 1979. A cozinha
do harém recebe de 10.000 a 40.000 visitantes por dia e, em eventos ocasionais,
há registro etnográfico de que cozinha para até 250.000.
Durante
o Ramadã, a Cozinha Comunitária alimenta aproximadamente um milhão de
peregrinos e cidadãos. Em 20 de junho de 1994, ocorreu uma explosão de bomba no
santuário. Para maximizar o número de vítimas, a explosão ocorreu na Ashura, um
dos dias mais sagrados para os muçulmanos xiitas, quando centenas de peregrinos
se reuniram para comemorar a morte de seu terceiro imã, Husayn ibn Ali. O
ataque deixou pelo menos 25 mortos e pelo menos 70 feridos. A bomba era
equivalente a 4,5 quilos (10 libras) de Trinitrotolueno, de acordo com
especialistas. Embora um grupo militante sunita tenha reivindicado a
responsabilidade, o governo iraniano colocou a culpa nos Mujahedin do Povo do
Irã, e outros acusaram um militante paquistanês. Em 5 de abril de 2022, ocorreu
um ataque a faca no santuário, matando dois clérigos xiitas e ferindo um
terceiro. O autor, identificado como o estrangeiro Abdullatif Moradi, foi
imediatamente preso, juntamente com outros seis acusados de auxiliá-lo. As
vítimas eram membros ativos de comunidades culturais e de construção sem fins
lucrativos, motivadas pelo antixiismo.
Holy
Spider representa um filme de suspense policial em
língua persa de 2022, coproduzido, coescrito e dirigido por Ali Abbasi,
estrelado por Mehdi Bajestani e Zar Amir Ebrahimi. O jornalista Arezoo Rahimi,
radicado em Teerã, chega à cidade sagrada iraniana de Mashhad para investigar
um assassino em série que tem como alvo prostitutas de rua viciadas em
drogas, apelidado de “Assassino de Aranhas” pela mídia. O assassino segue um
padrão: pega mulheres em sua motocicleta, leva-as para um apartamento e as “estrangula
com seus lenços de cabeça, antes de finalmente descartar seus corpos em áreas
desertas nos arredores da cidade”. Rahimi se une a Sharifi, editora de um
jornal local, para descobrir a identidade do assassino. Sharifi mantém contato
com o assassino, Saeed Azimi, tendo sido escolhida por Saeed como uma espécie
de assessora de imprensa. Saeed afirma estar “limpando a cidade” em nome do
Imam Reza, o oitavo Imam xiita; ele é visto em lágrimas no santuário do Imam.
Veterano da Guerra Irã-Iraque, Saeed é casado, tem três filhos e trabalha como
operário da construção civil. Em seus esforços para investigar os assassinatos,
Rahimi encontra resistência, tanto de parentes e amigos das vítimas, que temem
ser ainda mais marginalizados por suas ligações com prostitutas, quanto de
policiais que demonstram indiferença devido ao estigma social da prostituição.
Um
policial tenta intimidar Rahimi com seu histórico; sua denúncia sobre o
comportamento inadequado de um chefe anterior resultou em sua demissão. Por
fim, Rahimi e Sharifi se sentem confiantes o suficiente na agenda, no local e
nos padrões do assassino para atraí-lo para uma armadilha. Rahimi, se
passando por uma prostituta, embarca na motocicleta de Saeed. Sharifi a segue
de carro, mas os despista nas ruas secundárias da cidade. Rahimi, armada com um
canivete e um gravador, planeja arrancar uma confissão do assassino e fugir,
mas logo é dominada. Depois de gritar por socorro em voz alta, ela consegue
escapar e ir até a polícia com as provas. Nos dias seguintes, Saeed é preso
pela polícia. À medida que o caso vai a julgamento, Saeed conquista forte apoio
público. Quando lhe é oferecida a oportunidade de alegar insanidade, ele
reforça suas motivações religiosas, insistindo que é apenas “louco” pelo oitavo
imã e por Deus. Quando Rahimi entrevista Saeed na prisão, ele confessa
ter matado 16 mulheres e declara, de forma ameaçadora, que Rahimi teria sido
sua 17ª vítima. No dia seguinte, Saeed é considerado culpado e condenado a 100
chicotadas e à morte. Saeed recebe a visita de seu sogro Haji e de seu
advogado em sua cela, que lhe garantem que ele será poupado da pena de morte e no dia de sua execução, será secretamente levado de carro.
Quando
chega o dia, Saeed é poupado das 100 chicotadas, mas, ao ser levado para a sala
de execução, entra em pânico quando ninguém vem resgatá-lo, sendo executado por
enforcamento. Após se despedir de Sharifi, Rahimi embarca em um ônibus de volta
a Teerã. Durante a viagem, ela analisa as evidências em vídeo coletadas durante
o caso, com uma pausa para uma entrevista com o filho adolescente de Saeed,
Ali, na qual ele descreve com orgulho como seu pai dominava e estrangulava suas
vítimas, antes de recriar os assassinatos de seu pai com sua irmã mais nova no
papel de vítima. Abasi era um estudante em Teerã quando os assassinatos de
2000-2001 aconteceram e ficou perplexo com a resposta conservadora que anunciou
Hanaei como um herói e com o tempo que a polícia levou para capturá-lo. Abbasi
começou a escrever versões do filme logo após ver Hanaei entrevistado no
documentário de Maziar Bahari de 2002, And Along Came a Spider, Abbasi
disse: “De uma forma muito estranha, senti simpatia pelo cara, realmente contra
a minha própria vontade. Acho que havia um elemento psicótico no aspecto de
busca de prazer de seus assassinatos, a sexualidade distorcida e tudo mais, mas
também havia essa estranha inocência nele. Era mais sobre como uma sociedade
cria um assassino em série”. Os rascunhos iniciais seguiram os eventos mais
fielmente, mas Abbasi se desviou deles e inventou o personagem de
uma jornalista, pois sentiu, deveria se concentrar não apenas no
assassino, mas na misoginia.
Além disso, ele achou difícil pesquisar os eventos devido à passagem do tempo e à inacessibilidade de certos documentos, bem como da família de Hanaei, motivando-o a mudar para uma narrativa com elementos mais fictícios. Abbasi disse: - Minha intenção não era fazer um filme sobre um serial killer. Eu queria fazer um filme sobre uma sociedade de assassinos em série. A misoginia profundamente enraizada na sociedade iraniana, não é especifica religiosa ou política, mas cultural. Em vez de fazer outro filme sobre as diferentes maneiras pelas quais um homem pode matar e mutilar mulheres, queremos sublinhar a complexidade da questão e os riscos de diferentes lados, especialmente em nome das vítimas. A personagem Rahimi foi baseada em uma jornalista que apareceu no documentário de Maziar Bahari discutindo o caso diante das câmeras e entrevistando Hanaei. Embora fosse de Mashhad, ela não investigou os crimes, mas “cobriu” os julgamentos com um artigo sobre a execução de Hanaei que inspirou Abbasi. Em suas últimas palavras “este não era o nosso acordo”, sugerindo que havia algum tipo de acordo com as autoridades. O filme é uma coprodução entre a One Two Films da Alemanha, a Profile Pictures da Dinamarca, a Nordisk Film Production da Suécia, a Why Not Productions da França e a Wild Bunch International.
A
produção é 41,36% alemã, 31,05% dinamarquesa, 15,3% francesa e 12,29% sueca.
Abbasi disse que isso ocorreu porque o governo iraniano interferiu. A produção
então voltou para a Jordânia, onde as filmagens finalmente começaram em maio de
2021 e duraram 35 dias. Abbasi disse que Bajestani estava correndo um risco
enorme ao interpretar o assassino. Amir Ebrahimi estava inicialmente envolvido
no filme apenas como diretor de elenco, mas foi escalado como jornalista depois
que um ator desistiu do papel. Na cena em que a personagem de Somayeh realiza
uma felação, foi utilizado um pénis protético. Antes de tudo, politicamente,
temos que admitir que o poder produz um saber, e não simplesmente favorecendo-o
porque o serve, ou aplicando-o porque é útil; que poder e saber estão
diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição correlata
de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo
relações de poder. Essas relações de “poder-saber” não devem então ser
analisadas a partir de um sujeito do conhecimento que seria ou não livres em
relação ao sistema de poder; mas é preciso considerar ao contrário que o
sujeito que conhece, os objetos a conhecer e as modalidades de conhecimentos
são outros tantos efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber
e de suas transformações históricas.
Portanto,
não é a atividade do sujeito de conhecimento que produziria um saber, útil ou
arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o
atravessam e que o constituem, que terminam as formas e os campos possíveis do
conhecimento. Analisar o investimento políticas do corpo, de tal forma que o
sofrimento, a ferida narcísica e a morte sejam sempre a um só tempo
reivindicadas e temidas, a microfísica do poder supõe que se renuncie – no que
se refere ao poder – à oposição articulada em torno da violência-ideologia, à
metáfora da propriedade, ao modelo do contrato ou ao da conquista; no que se
refere ao saber, que se renuncie à oposição do que é “interessado” e do que é
“desinteressado”, ao modelo de conhecimento e ao primado do sujeito, de recolocar
as técnicas punitivas, quer elas se apossem do corpo no ritual dos suplícios,
quer se dirijam à alma na história desse
corpo político. Considerar as práticas mais como um capítulo da anatomia
política do que uma consequência jurídica. Esta alma real e incorpórea não é
absolutamente substância; é o elemento onde se articulam os efeitos de certo
tipo de poder e a referência de um saber, a engrenagem pela qual as relações de
poder dão lugar a um saber possível, e o saber reconduz e reforça os efeitos de
poder.
Sobre
essa realidade-referência, segundo Foucault, vários conceitos foram construídos
pari passu e campos de análise foram demarcados: psique, subjetividade,
personalidade, consciência etc. Sobre ela, técnicas e discursos científicos
foram edificados; a partir dela, valorizaram-se as reivindicações morais do
humanismo. Mas não devemos nos enganar: a alma, ilusão dos teólogos, não foi
substituída por um homem real, objeto de saber, de reflexão filosófica ou de
intervenção técnica. O homem de que nos falam e que nos convidam a liberar já é
em si mesmo o efeito de uma sujeição bem mais profunda que ele. Uma “alma” o
habita e o leva à existência, que é ela mesma uma peça no domínio exercido pelo
poder sobre o corpo. A alma, efeito e instrumento de uma anatomia política; a
alma prisão do corpo. O que estava em jogo não era o quadro rude demais ou
ascético demais, rudimentar demais ou aperfeiçoado demais da prisão, era sua
materialidade na medida em que ele é instrumento e vetor de poder; era toda
essa tecnologia do poder sobre o corpo, que a tecnologia da “alma” – a dos
educadores, dos psicólogos e dos psiquiatras – não conseguiram mascarar nem
compensar, pela razão de que não passa de um de seus instrumentos. O que
determina a escolha de um ponto de vista sobre o sujeito e o mundo são os objetivos pragmáticos.
Deixamos
de lado a posse de uma teoria fundada em exigências lógicas ou achados
empíricos incontestáveis. Isto quer dizer, que poder, interesse, dominação,
realidade material, são indispensáveis à análise que nos habituaram a aceitar
como verdadeira, pela força ou pela persuasão dos costumes. Para efeitos da
ação, só existem eventos descritivos. A descrição preferida do intérprete será
a mais adequada às suas convicções morais e não a mais iluminada pela Razão.
Política é regulação da existência coletiva, poder decisório, disputa por
posições de mando no mundo, confrontos entre mil formas. Violência em última
análise. Assim, é também diferente da produção simbólica porque se exercita
sobre o interesse dos agentes sociais, quando não sobre o seu próprio corpo.
Não produz mensagens, discursos cotidianos, produz, todavia, obediências,
obrigações, submissões, controles. Poder é uma relação social de mando e
obediência. São decisões tomadas que se impõe num dado território ou unidade
social. Todavia, convertem-se em atividades coercitivas, administrativas,
jurídico-judiciárias e deliberativas. A
mesma pulsão escópica frequenta a ficção do real que cria leitores, que muda de
legibilidade, e per se a complexidade urbana. Não é mais suficiente para
compreender as estruturas de poder deslocar para os dispositivos e os
procedimentos técnicos uma multiplicidade humana, capaz de transformar,
disciplinar e depois gerir, classificar e hierarquizar todos os desvios
concernentes à aprendizagem, saúde, justiça, forças armadas ou trabalho.
Na
política contemporânea o que faz andar são relíquias de sentido e às vezes seus
detritos, os restos invertidos de grandes ambições. Nome que no sentido preciso
da história e da memória deixaram de ser próprios. Nesses núcleos
simbolizadores se esboçam e talvez se fundem três funcionamentos distintos,
mas, todavia, conjugados, das relações políticas entre práticas espaciais e
significantes: o crível, o memorável e o primitivo. Outro aspecto da conjuntura
é o crescimento do aparelho de produção, cada vez mais extenso e complexo, cada
vez mais custoso também e cuja rentabilidade urge fazer crescer. A sociedade
disciplinar, no momento de sua plena eclosão, assume ainda com o imperador o
velho aspecto do poder de espetáculo. Além disso, o desenvolvimento dos modos
disciplinares de proceder responde a esses dois processos, ou sem dúvida, à
necessidade de ajustar sua correlação. O desenvolvimento das disciplinas marca
a aparição de técnicas elementares e ajustadas do poder que derivam de uma
economia totalmente diversa: mecanismos de poder que, em vez de vir em dedução,
integram-se à eficácia simbólica produtiva dos aparelhos, ao crescimento dela e
à utilização do que ela produz. As disciplinas substituem o esquema do
envelhecido princípio “retirada-violência” que regia a economia ideológica e do
poder através do princípio “suavidade-produção-lucro”. Devem ser tomadas como
técnicas que permitem ajustar, segundo esse princípio, a multiplicidade dos
homens e mulheres e a multiplicação dos aparelhos de produção: a produção de
saber nas universidades e de aptidões tecnicistas na escola, a produção de
saúde nos hospitais, a produção maquínicas da força coletiva de trabalho e de controle da coletividade com a autonomia do exército.
Mas o corpo também está diretamente mergulhado num campo político; as relações de poder têm alcance imediato sobre ele; elas o investem, o marcam, o dirigem, o supliciam, sujeitam-no a trabalhos, obrigam-no a cerimônias, exigem-lhe sinais. Este investimento político do corpo está ligado, segundo relações complexas e recíprocas, à sua utilização econômica; é, numa boa proporção, como força de produção que o corpo é investido por relações de poder e de dominação; mas em compensação sua constituição como força de trabalho só é possível se ele está preso num sistema de sujeição. Onde a necessidade é também um instrumento político cuidadosamente organizado, calculado e utilizado; o corpo só se torna força útil se é ao mesmo tempo corpo produtivo e submisso. Essa sujeição não é obtida só pelos instrumentos da violência simbólica ou da ideologia; pode muito bem ser direta, usar a força contra a força, agir sobre elementos materiais sem ser violenta; pode ser calculada, organizada, tecnicamente pensada, pode ser sutil, não fazer uso de armas nem de terror, como vem ocorrendo desde tempos imemoriais e, no entanto, continuar a ser de ordem física. Quer dizer que poderá haver um “saber” delicado na manifestação do corpo que não é exatamente a ciência de seu funcionamento, e um controle de suas forças que é mais a capacidade de vencê-las: esse saber e esse controle é o que se chama “tecnologia política do corpo”. Essa tecnologia é difusa, raramente formulado em discursos contínuos e sistemáticos. Compõe-se de peças ou de pedaços; utiliza um material e processos sem relação entre si.
O
mais das vezes, apesar da coerência de seus resultados, ela não passa de “uma
instrumentação multiforme”. Além disso, seria impossível localizá-la, como um
emblema de cultura, uma farsa, quer num tipo definido de instituição, quer num
aparelho de Estado. Estes recorrem a ela; utilizam-na, valorizam-na ou impõem
algumas de suas maneiras de agir. Ela mesma, em seus mecanismo e efeitos, se
situa num nível diferente. Trata-se de alguma maneira de uma microfísica do
poder posta em jogo pelos aparelhos e instituições, mas cujo campo de validade na
realidade se coloca de algum modo entre esses grandes funcionamentos e os
próprios corpos com sua materialidade e suas forças. O estudo desta microfísica
supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas
como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma
“apropriação”, mas a disposições, a manobras, a táticas, a funcionamentos; que
se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade,
que um privilégio que se pudesse deste; que lhe seja dado como um modelo antes
a batalha dos saberes perpétua, mas que o contrato que faz uma coesão ou
uma conquista que se apodera de um domínio que não é um “privilégio” adquirido
ou conservado das frações da classe dominante, mas o efeito de suas
posições estratégicas – efeito manifestado e às vezes reconduzido pela posição
dos que são dominados.
Esse
poder, por outro lado, não se aplica pura e simplesmente como uma obrigação ou
uma proibição, aos que “não têm”; ele os investe, passa por eles e por meio
deles; apoia-se neles, do mesmo modo que eles, em sua luta contra esse poder,
apoiam-se por sua vez nos pontos em que ele os alcança. O que significa que essas relações se
aprofundam dentro da sociedade, que não se localizam nas relações do Estado com
os cidadãos ou na fronteira das classes e que não se contentam em reproduzir ao
nível dos indivíduos, dos corpos, dos gestos e dos comportamentos, a forma
geral da lei ou do governo; que se há continuidade realmente elas se articulam
bem, nessa forma, de acordo com toda uma série de complexas engrenagens, não há
analogia nem homologia, mas especificidade do mecanismo e de modalidade.
Finalmente, não são unívocas; definem inúmeros pontos de luta, focos de
instabilidade que penetram comportando cada um em seus riscos de conflito, de
lutas e de inversão pelo menos transitória da relação de forças. A derrubada
desses micropoderes não obedece à lei real do tudo ou nada; ele não é
adquirido de uma vez por todas por um novo controle dos aparelhos nem por um
novo funcionamento ou uma destruição das instituições; em compensação nenhum de
seus episódios localizados por ser inscrito na história social senão pelos
efeitos em toda a rede em que se encontra. Politicamente ela deve também
dominar todas as forças que se formam a partir da própria constituição de uma
multiplicidade organizada; deve neutralizar os efeitos de contrapoder que dela
nascem e que formam resistência ao poder que quer dominá-la: agitações,
revoltas, organizações espontâneas, conclui-os, ou seja, tudo o que pode se
originar das conjunções horizontais. Daí o fato crível delas, as disciplinas,
utilizarem processos de separação e de verticalidade. E de introduzirem entre
os diversos elementos de planos de barreiras tão estanques quanto possível, de
definirem redes hierárquicas precisas, em suma de oporem à força intrínseca e
adversa da multiplicidade o processo da pirâmide contínua e individualizante,
como é notável na estrutura autoritária de universidades públicas nordestinas brasileiras.
Elas
devem também fazer crescer a utilidade singular de cada elemento da
multiplicidade, mas por meios que sejam os mais rápidos e menos custosos, ou
seja, utilizando a própria multiplicidade como instrumento desse crescimento:
isto é, para extrair dos corpos o máximo de tempo e de forças, esses métodos de
conjunto que são horários, os treinamentos coletivos, os exercícios, a
vigilância ao tempo global e minuciosa, e que seus efeitos de utilidade
próprios às multiplicidades, tornem-se mais útil que a simples soma dos
elementos. É para fazer crescer os efeitos utilizáveis do múltiplo que as
disciplinas definem táticas de distribuição, de ajustamento recíproco dos
corpos, dos gestos e dos ritmos, de diferenciação das capacidades, de
coordenação recíproca em relação a aparelhos ou a tarefas que proporcionam. A
disciplina tem que fazer funcionar as relações de poder não acima, mas na
própria trama das multiplicidades, da maneira mais discreta possível,
articulada do melhor modo que as outras funções dessas multiplicidades como
próprio, e também o menos dispendiosamente: atendem a isso instrumentos de
poder anônimos e coextensivo à multiplicidade que regimentam, como a vigilância
hierárquica, o registro contínuo, o julgamento e a classificação perpétuos. Em
suma, substituir um poder que se manifesta pelo brilho dos que o
exercem, por um poder que objetiva insidiosamente aqueles aos quais é aplicado;
formar um saber a respeito destes, mais que patentear os sinais faustosos que
circundam a prosopopeia das disciplinas, segundo Foucault, representam o
conjunto das minúsculas invenções técnicas que permitiriam fazer crescer a
extensão útil das multiplicidades, fazendo diminuir os inconvenientes do poder
que, justamente para torna-las úteis, deve regê-las. A analítica do poder de Michel Foucault é insidiosa.
O
Irã é um dos países mais antigos do mundo. Em 1.500 a. C., povos indo-arianos
chegaram à região procedentes do rio Volga e da Ásia Central. Na região se
estabeleceram as duas principais tribos arianas, os persas e os medos. Ambas
chamaram estas terras de Irã, forma abreviada de Iran-sahr (país dos
arianos). Outro povo viveu no Sul do Irá, na região que os gregos depois
chamariam Persis, de onde procede o nome Pérsia, com que a região ficou
historicamente reconhecida. Por sua localização espacial, o Irã esteve situado
na encruzilhada de um conjunto de civilizações, impérios e rotas estratégicas,
ligando Europa e Ásia. O Irã histórico e geográfico limita com o berço das
grandes civilizações da Mesopotâmia, com o Império Russo, com a Ásia Central,
com a Turquia, com a Península Arábica e o Golfo Pérsico, com a Índia,
incluindo o atual Paquistão. O país foi teatro de permanentes invasões e alvo
da cobiça de vizinhos imediatos e, na história contemporânea, disputado pelas
potências. A cimitarra é uma espada de lâmina curva mais larga na
extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada por certos povos
orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos guerreiros
muçulmanos. É a espada mais típica do Oriente Médio e da Índia muçulmana. Originária
da Pérsia foi adotada pelos árabes e espalhou-se por todo o mundo islâmico até
o século XIV. É originalmente uma espada de cavaleiros e cameleiros. Em muitos
desses países, comparativamente, entretanto, suas espadas retas continuaram a ser preferidas para guerreiros a pé
ou para fins cerimoniais.
Comparável à katana japonesa, a cimitarra
é também uma espada curva de um só gume extremamente cortante e ágil, feita com
aço da melhor qualidade e também usada por piratas. As cimitarras reais são
armas ágeis, leves e elegantes, mas, no cinema tornou-se um “clichê” demasiado
frequente representá-las como armas imensas, geralmente nas mãos de um
corpulento guarda de harém. Réplicas de tais armas na imaginação coletiva de
Hollywood costumam ter cerca de 1 metro de comprimento, pesam o triplo de uma
cimitarra, tanto quanto um montante. Exigiriam as duas mãos para serem
manejadas. A cimitarra, scimitar em inglês, saif em árabe, shamshir
no Irã, kilij na Turquia, pulwar no Afeganistão, talwar ou
tulwar na Índia e Paquistão, representa uma espada de lâmina curva mais
larga na extremidade livre, com gume no lado convexo, utilizada por certos
povos orientais, tais como árabes, turcos e persas, especialmente pelos
guerreiros muçulmanos. É a espada mais típica do Oriente Médio e da Índia
muçulmana. Originária da Pérsia, foi adotada pelos árabes e espalhou-se pelo
mundo islâmico até o século XIV.
É
uma espada de cavaleiros e cameleiros. Em muitos desses países, espadas retas
continuaram a ser preferidas para guerreiros a pé, ou para fins cerimoniais.
Comparável à katana japonesa é também uma espada curva de um só gume
extremamente cortante e ágil, feita com aço da melhor qualidade e também usada
por piratas. Uma cimitarra tem de 90 cm a 1 m de comprimento e pesa de 1,0 kg a
1,5 kg. A cimitarra curta é uma variante menor e mais ágil da cimitarra,
frequentemente usada aos pares, uma em cada mão. Uma típica espada cimitarra
tem em torno de 56 cm de comprimento e pesa 500 gramas. A saif (espada em
árabe) é a clássica espada longa árabe, usada desde os tempos pré-islâmicos. Os
cavaleiros e cameleiros árabes passaram a preferir a cimitarra por volta do século
XIV, mas a saif reta continuou a ser usada por guerreiros a pé e a ser o
símbolo do status de nobres e príncipes. Uma típica saif tem cerca de 1 metro
de comprimento total e pesa em torno de 1,2 kg. A escarcina representa
uma pequena cimitarra outrora usada pelos persas. Seu aspecto é similar ao de
uma adaga. As cimitarras reais são armas ágeis, leves e elegantes, mas, no
cinema tornou-se um clichê demasiado frequente representá-las como armas
imensas, geralmente nas mãos de um corpulento guarda de harém. Réplicas de tais
armas da imaginação individual antropologicamente (o sonho) e coletiva (os
mitos, os ritos, os símbolos) da cinematografia de Hollywood, nos Estados
Unidos da América (EUA), costumam ter 1 metro, mas pesam o triplo de uma
cimitarra normal, isto e, tanto quanto um montante. Exigiriam a habilidade das
mãos para manejo. Na sociedade iraniana, o conceito de pecado está ligado ao Islã, a religião predominante no país, e é definido
como qualquer ação que vá contra os mandamentos de Deus.
Bibliografia
Geral Consultada.
BLACKBURN, Richard James, O Vampiro da Razão: Um Ensaio de Filosofia da História. 1ª edição. Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 1992; KATOUZIAN, Homa, State and Society in Iran: The Eclipse of the Qajars and the Emergence of the Pahlavi’s. Londres: I. B. Tauris, 2006; RICHARD, Yan, L`Iran, Naissance d`une République Islamique. Paris: Éditions de la Martiniere, 2007; MEIHY, Murilo Sebe Bon, Por Devoção à República: Nação e Revolução no Irã entre 1978 e 1988. Dissertação de Mestrado. Departamento de História. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2007; COGIOLLA, Osvaldo, A Revolução Iraniana. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 2008; AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin, Foucault e a Revolução Iraniana: As Relações de Gênero e as Seduções do Islamismo. São Paulo: Editor É Realizações, 2011; COSTA, Renato José da, A Influência dos Ulemás Xiitas nas Transformações Políticas Ocorridas no Irã Durante o Século XX: O Wilayat al-faqih e o Pragmatismo dos Aiatolás como Inviabilizadores na Expansão da Revolução Iraniana. Tese de Doutorado em História. Departamento de História Social. Universidade de São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2013; LANNES, Suellen Borges, A Formação do Império Árabe-Islâmico: História e Interpretações. Tese de Doutorado. Instituto de Economia. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013; FOUCAULT, Michel, “A quoi rêvent les Iraniens?”. In: Le Nouvel Observateur, n° 727, Octobre 1978; pp. 16-22; 48-49; Idem, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 42ª edição. Petrópolis (RJ): Editoras Vozes, 2014; PELEGRINI, Mauricio Aparecido, Michel Foucault e a Revolução Iraniana. Dissertação de Mestrado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2015; GOMES, Fabrício Alé, O Papel do Irã no Equilíbrio de Poder do Oriente Médio. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Rio de Janeiro: Escola Marechal Castello Branco, 2018; RITMAN, Alex, “Cannes: On the Hunt for an Iranian Serial Killer in Trailer for Ali Abbasi`s Competition Entry Holy Spider (Exclusive)”. In: The Hollywood Reporter, 17 de maio de 2022; CARVALHO, Marcelo Henrique de Souza, O Enigma da Democracia: Biopolítica, Estado de Exceção e Paradigma da Imunização. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Filosofia. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2025; entre outros.
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