sábado, 23 de novembro de 2024

Nikola Tesla – Invenção, Iluminação Sem Fio & Eletricidade Alternada.

Esteja sozinho, este é o segredo da invenção, estar sozinho, isto é, quando as ideias nascem”. Nikola Tesla

 

            Do ponto de vista metodológico notou Norbert Elias (1994; 2006) que o conceito de civilização se refere a uma grande variedade de fatos: ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às ideias religiosas e aos costumes. Pode se referir ao tipo de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma “civilizada” ou “incivilizada”. Daí ser sempre difícil sumariar em algumas palavras tudo o que se pode descrever como civilização. Mas também não significa a mesma coisa para diferentes nações ocidentais. Acima de tudo, é grande a diferença entre a forma como ingleses e franceses empregam a palavra, por um lado, e os alemães, por outro. O conceito resume em uma única palavra seu orgulho pela importância de suas nações para o progresso do Ocidente e da humanidade. Quando no emprego que lhe é dado pelos alemães Zivilisation, significa algo de fato útil, mas, apesar disso, apenas um valor de segunda classe, compreendendo apenas a aparência externa dos seres humanos, a superfície da existência humana. A palavra pela qual os alemães se interpretam, que mais do que a qualquer outra expressa-lhes o sentimento de orgulho em suas próprias realizações e no próprio ser, é Kultur, pois são claras no emprego interno na formação da sociedade a que originalmente pertencem. O conceito tradicionalmente escritos e falado em francês e inglês de civilização per se pode ser referidos a fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou sociais.  

           No escravagismo Antigo, nada distingue, do ponto de vista do modo de produção, o escravo do agricultor independente, proprietário privado individual. Isto quer dizer que a cultura, a sociedade e a comunicação vêm articular-se a uma estrutura de relações sociais. O que os distingue é a relação com o trabalho. Se um se conduz como proprietário das condições materiais da reprodução de sua existência, no outro caso é o mestre que se conduz como proprietário das condições naturais da reprodução de sua existência material do escravo. Pode-se fazer a mesma comparação e distinção entre o escravo moderno, do século XIX, e o trabalhador agrícola no sistema técnico de trabalho, ao qual se articulam relações sociais diferentes. A interligação dos processos de trabalho é primeiramente de ordem técnica, na medida em que está contida nos meios de trabalho e envolve imediatamente trabalhadores em situações específicas de trabalho. Em seguida é de ordem social, basicamente quanto à escala e quanto ao sentido de conjunto para satisfazer necessidades sociais. É, finalmente, constitutiva, de ordem tecnológica, na medida em que a produção, circulação, utilidade de uso, dos produtos resultantes do processo de trabalho interligados, representam o próprio sistema social no âmbito de determinada cultura e/ou sociedade. Produzindo e consumindo determinados produtos/mercadoria os homens primeiro tecnologicamente produzem a sociedade e as relações nela existentes. Um sistema de racionalização de trabalho é uma estrutura onde o que está em jogo é o trabalho e a reprodução da vida. O conceito alemão Kultur alude basicamente a fatos intelectuais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de traçar uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos, econômicos e sociais, por outro lado. 

O conceito francês e inglês de civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou “comportamento”, pouco importando se realizaram alguma coisa. No conceito alemão de Kultur, em contraste, a referência a comportamento, o valor que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem absolutamente qualquer realização, é de fato considerado muito secundário. O sentido alemão de Kultur encontra sua expressão mais clara derivado no adjetivo Kulturell, que descreve o caráter e valor de determinados produtos humanos, e não o valor intrínseco. O conceito inerente a Kulturell, porém não pode ser traduzido exatamente para o francês e o inglês. A palavra kultiviert (cultivado) aproxima-se muito do conceito ocidental de civilização. Até certo ponto, representa a forma mais alta de ser civilizado: até mesmo pessoas e famílias que nada realizaram de kulturell pode ser kultiviert. Tal como analogamente a palavra “civilizado”, kultiviert refere-se primariamente à forma da conduta ou comportamento da pessoa. Descreve a qualidade das pessoas, suas habitações, suas maneiras, sua fala, suas roupas, ao contrário kulturell, que não alude diretamente às próprias pessoas, mas exclusivamente a realizações humanas peculiares. Há diferença entre os dois conceitos estreitamente vinculada a isto. Não queremos perde vista que, historicamente, a representação sociológica do conceito de “civilização” descreve um processo ou seu resultado.

Diz respeito ao que está em movimento constante, movendo-se “para a frente”. O conceito alemão de Kultur, no emprego corrente, implica uma relação diferente, com movimento. Reporta-se a produtos humanos que são semelhantes a “flores do campo”, quer dizer, a obras de arte, livros, sistemas religiosos ou filosóficos, nos quais se expressa a individualidade de um povo. O conceito Kultur delimita. Até certo ponto, o conceito de civilização minimiza as diferenças nacionais entre os povos: enfatiza o que é comum a todos os seres humanos ou – na opinião dos que o possuem – deveria sê-lo. Manifesta a autoconfiança de povos cujas fronteiras nacionais e identidade nacional foram plenamente estabelecidas, desde séculos, que deixaram de ser tema de qualquer discussão, povos que há muito se expandiram fora de suas fronteiras e colonizaram terras muito além delas. Em contraste, o conceito alemão de Kultur dá ênfase especial a diferenças nacionais e à identidade particular de grupos. Em virtude disto, o conceito adquiriu em pesquisa etnológica e antropológica uma significação muito além da área linguística alemã e da situação em que se originou o conceito. A necessidade de comunicar-se sempre foi o motor dos tipos de codificações relativamente expressivas, sendo a linguagem e a escrita, poderosos instrumentos de comunicação oral (igreja) e escrita (Estado) sujeitos as limitações de espaço, lugar e tempo, e transmissão social através do emissor e o receptor.  A relação entre esses conceitos é fundamental para entender o mundo e a história social de um território.   

Simplificadamente, pode-se dividir em quatro fases a história da codificação de signos e fonemas ao serviço da relação inter-humana: mnemônica, pictórica, ideográfica e fonética. A primeira, mnemônica, se caracterizou pelo emprego de objetos reais como dados ou mensagens entre pessoas que viviam alheios e não pertenciam ao mesmo sistema convencional de comunicação. Ao antigos peruanos, escreve Albert A. Sutton (1867-1923), os chineses, e inclusive tribos mais recentes, utilizaram com muita frequência o quipo, representando cada um dos cordões usados do ponto de vista comunicativo pelos peruanos, no tempo da monarquia Inca, que formavam um método mnemônico, fundado nas cores e ordem dos cordões, número e disposição de nós, etc., ou série de cordas atadas, seja para comemorar acontecimentos felizes, saudáveis,  seja para servir como instrumentos técnicos e sociais de cálculo, previsão, imaginação, ou resguardar na memória individual (os sonhos) e coletiva (os mitos, os ritos, os símbolos) as vidas dos mortos. Na segunda, pictórica, a comunicação tem como representação a imagem e se transmite mediante a pintura, a comunicando a relação dos objetos. Estas gravuras aparecem não só na pintura rupestre, e também sobre objetos variados: utensílios, armas ou artigos de valor empregados para o intercâmbio comercial. Na terceira, ideográfica, resulta de uma associação de símbolos pictográficos com objetos e ideias. Nesta fase os signos se empregam cada vez mais na representação de ideias, numa progressiva separação da estrutura do objeto que tenciona comunicar e a modelação cada vez mais simbólica que aproximará no signo alfabético, na escritura. A expressão ideográfica serviu para as formas primitivas de relatos etnográficos da pesquisa antropológica/sociológica, tal como podemos valorarizar na escritura ideográfica das culturas pré-colombianas ou mesopotâmicas, ainda que o máximo tipo cultural deste sistema de comunicação tenha correspondido a escrita hieroglífica dos egípcios. A última, fonética, se estabelece quando o signo representa um som, fora das palavras inteiras, de sílabas ou do que chamamos letras, como unidade fonética menor. 

A invenção do alfabeto foi o ponto máximo da codificação da comunicação histórica e socialmente política, e foi propiciada precisamente por aqueles povos de maior desenvolvimento social e de maior inter-relação comercial com outros povos. O alfabeto representou uma chave de intercomunicação e ao mesmo tempo um aríete de penetração cultural em mãos dos povos da antiguidade criadores das primeiras rotas de comércio marítimo e terrestre. Desde Friedrich Hegel sabemos que o sistema social condiciona o sistema de comunicação globalmente. A comunicação sempre vem unida à existência da mudança de mercadoria e à busca de matérias-primas que já mobilizou aos antigos. As rotas comerciais e de expansão imperial depredatória da Antiguidade foram autênticos canais informativos, lentos e precários, que abasteceram aos homens de um conhecimento aproximado dos limites do mundo e das tentações dos outros considerados desde cada particular forma etnocêntrica do indivíduo na sociedade. A rota do Cabo, contornando África, viria a ser explorada pelos holandeses, e outras potências europeias. As rotas das especiarias passavam por intermediários mercantilistas antes de serem revendidos na Europa medieval. Era um tempo que emergia sobre a concepção de medo. Há mil anos, na mesma Europa que agora se prepara para ingressar, próspera e unida como nunca, no terceiro milênio do calendário cristão, que fastidioso, pretende que os homens viviam socialmente o pior dos mundos através da memória da morte.

O irreversível desmoronamento político e socialmente, século após século, do que ainda restava sobre os escombros da civilização greco-romana, depois sucedeu-se do fim do Império Romano do Ocidente, no século V, transformara o território europeu em campo de batalha onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings, bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos, um sem-fim de povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de “bárbaros”. Além da violência simbólica e física das religiões, a miséria, a ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000. Os proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, com fortificações feitas de árvores e espinheiros e habitações cercadas de paliçadas. Registrou um observador do ano 888: - “Cada qual quer se fazer rei a partir das próprias entranhas”. A cidade, como sede da política e da administração, centro do comércio e do conhecimento, à maneira de Roma, Atenas ou Alexandria na Antiguidade clássica, virtualmente inexistia na paisagem ocidental desse período. Havia burgos descendentes dos centros principalmente aqueles por terem sido fundado pelos conquistadores romanos, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de almas, nascidos da presença, nas proximidades, in statu nascendi de um mosteiro ou de um vale fértil, como descreve Eco (1983) ou ocorrido do fato cultural de se situarem no centro de uma região dominada por um príncipe.

Nada, porém, que se comparasse a Constantinopla (Istambul), capital do Império Romano do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e porto movimentado. A grande maioria dos contêineres movidos por grandes navios de contêineres marítimos são de 20 pés (1 unidade equivalente) e 40 pés (2 unidades equivalentes) de contêineres de transporte padrão ISO, com unidades de 40 pés superando as unidades de 20 pés. De certa forma, o número real de contêineres movimentados está entre 55% -60% do número de unidades equivalentes contadas. Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente muitos braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os animais selvagens, e terrores imaginários historicamente constituídos na Europa, como monstros e demônios, espreitavam os aldeões que adentravam a mata em busca de carne de caça e de mel, a única fonte de açúcar dos europeus de sobrevivência. Vista pelos olhos de hoje eludidos na metrópole, a vida cotidiana tinha tons de pesadelo.

Os judeus, disse uma vez Léon Poliakov, são franceses que, ao invés de não irem mais à igreja, não vão mais à sinagoga. Na tradução humorística de Haggadah, essa piada designava crenças no passado que deixaram de organizar práticas. As convicções políticas parecem, hoje, seguir o mesmo caminho. Alguém seria socialista por que foi, sem ir às manifestações, sem reunião, sem palavra e sem contribuição financeira, em suma, sem pagar. Mas reverencial que identificatória, a pertença só se marcaria por aquilo que se chama uma voz. Este resto de palavra, como o voto de quatro em quatro anos. Uma técnica bastante simples manteria o teatro de operações desse crédito. Basta que as sondagens abordem outro ponto que não aquilo que liga diretamente os adeptos ao partido, mas aquilo que não os engaja alhures, não a energia das convicções, mas a sua inércia. Os resultados da operação contam então com restos da adesão. Fazem cálculos até mesmo com o desgaste de toda convicção. Pois esses restos, esses cacos, como insinua Leonardo Boff, indicam ao mesmo tempo o refluxo daquilo em que os interrogados creram na ausência de uma credibilidade mais forte que os leva para outro lugar. A capacidade de crer parece estar em recessão em todo o campo político. A tática é a arte do fraco. O poder se acha amarrado à sua visibilidade. Mas a vontade de “fazer crer”, de que vive a instituição, fornecia nos dois casos um fiador a uma busca de amor e/ou de identidade. Importa então interrogar-se sobre os avatares do crer em nossas sociedades e sobre as práticas originadas a partir desses deslocamentos. Durante séculos, supunha-se que fossem indefinidas as reservas de crença. Aos poucos a crença se poluiu, como o ar e a água. Percebe-se ao mesmo tempo não se saber o que ela é. Tantas polêmicas e reflexões sobre os conteúdos ideológicos em torno do voto e os enquadramentos institucionais para lhe fornecer não foram acompanhadas de uma elucidação acerca da natureza do ato de crer. 

Os poderes geriam habilmente a autoridade. Hoje são sistemas administrativos, sem autoridade, que dispõem de força em seus aparelhos e menos de autoridade legislativa. Nikola Tesla nasceu de família sérvia na aldeia Smiljan, condado de Lika, no pertencente ao Império Austríaco, em 10 de julho de 1856. Seu pai, Milutin Tesla (1819–1879), era um padre ortodoxo sérvio. A mãe de Tesla, Đuka Tesla (1822-1892), cujo pai também era um padre ortodoxo sérvio, “tinha um talento para fabricar ferramentas artesanais, aparelhos mecânicos e a capacidade de memorizar poemas épicos sérvios”. Đuka nunca recebeu uma educação formal. Tesla creditou sua memória eidética e habilidades criativas à genética e influência de sua mãe. Os progenitores de Tesla eram do Oeste da Sérvia, perto de Montenegro. Tesla era o quarto de cinco filhos. Ele tinha três irmãs, Milka, Angelina e Marica, e um irmão mais velho chamado Dane, morto em um acidente de cavalo quando Tesla tinha cinco anos. Em 1861, Tesla frequentou a escola primária em Smiljan, onde estudou alemão, aritmética e religião. Em 1862, a família dele mudou-se para a vizinha Gospić, Lika onde seu pai trabalhou como pároco, o presbítero da Igreja Católica responsável por administrar uma Paróquia. Nikola concluiu o Ensino Fundamental, seguido pelo Ensino Médio. Em 1870, Tesla mudou-se para o Norte, para Karlovac para cursar o Ensino Médio no Ginásio Real Superior. Eram ministradas em alemão, pois era uma escola dentro da Fronteira Militar Austro-Húngara.

            A maioria da população da Sérvia, Montenegro e da entidade Republika Srpska da Bósnia e Herzegovina são membros da Igreja Ortodoxa Sérvia. Está organizado em metrópoles e eparquias localizadas principalmente na Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro e Croácia. Outras congregações estão localizadas na diáspora sérvia. A Igreja Ortodoxa Sérvia é autocéfala, ou eclesiasticamente independente, membro da Comunhão Ortodoxa. O Patriarca sérvio é o primeiro entre iguais em sua Igreja. Ela alcançou o status de autocéfala em 1219 sob a liderança de São Sava, tornando-se o Arcebispado independente de Žiča. Seu status foi elevado ao de patriarcado em 1346 e ficou reconhecido depois como o Patriarcado Sérvio de Peć. Este patriarcado foi abolido pelos turcos otomanos em 1766, embora a Igreja sérvia continuasse a existir com seus típicos exarcas em territórios povoados por sérvios no Império Otomano, a Monarquia dos Habsburgos, a República de Veneza e o Primeiro Império Francês. A Igreja Ortodoxa Sérvia moderna foi restabelecida em 1920 após a unificação do Patriarcado de Karlovci, a Metrópole de Belgrado e Metrópole de Montenegro. As guerras iugoslavas impactaram gravemente vários ramos da Igreja Ortodoxa Sérvia. Muitos clérigos da Igreja Ortodoxa Sérvia apoiaram a guerra, enquanto outros eram contra. Muitas igrejas na Croácia foram danificadas ou destruídas durante a Guerra da Croácia (1991–95). Os bispos e sacerdotes e muitos fiéis das eparquias de Zagreb, de Karlovac, da Eslavônia e da Dalmácia tornaram-se refugiados. Os últimos três foram quase completamente abandonados após o êxodo extraordinário dos sérvios da Croácia em 1995. A eparquia da Dalmácia teve sua sé transferida para Knin, depois que a República Sérvia de Krajina foi estabelecida. A eparquia da Eslavônia teve sua sé transferida de Pakrac para Daruvar.

Após a Operação Tempestade, dois mosteiros foram particularmente danificados, o mosteiro de Krupa construído em 1317 e o mosteiro de Krka construído em 1345. As eparquias de Bihać e Petrovac, Dabar-Bósnia e Zvornik e Tuzla também foram deslocadas devido à guerra na Bósnia e Herzegovina. A eparquia de Dabar-Bosnia foi temporariamente transferida para Sokolac, e a sé de Zvornik-Tuzla para Bijeljina. Mais de cem objetos de propriedade da Igreja na eparquia Zvornik-Tuzla foram destruídos ou danificados durante a guerra. Muitos mosteiros e igrejas na eparquia Zahumlje também foram destruídos. Numerosos fiéis dessas eparquias também se tornaram refugiados. Em 1998, a situação havia se estabilizado em ambos os países. O clero e muitos dos fiéis voltaram; a maior parte das propriedades da Igreja Ortodoxa Sérvia foi devolvida ao uso normal e as propriedades danificadas e destruídas foram restauradas. O processo de reconstrução de várias igrejas ainda está em andamento, notadamente a catedral da Eparquia do Alto Karlovac em Karlovac. Devido à Guerra do Kosovo, depois de 1999, vários locais sagrados ortodoxos sérvios na província foram deixados ocupados apenas pelo clero. Desde a chegada das tropas militares da OTAN em junho de 1999, 156 igrejas e mosteiros ortodoxos sérvios foram danificados ou destruídos. No rescaldo dos distúrbios de 2004 no Kosovo, 35 igrejas e mosteiros ortodoxos foram queimados ou destruídos por albaneses. Com a guerra milhares de sérvios mudaram-se de Kosovo devido aos inúmeros ataques de albaneses de Kosovo contra igrejas sérvias e sérvios. 

O processo socialmente de reorganização da igreja entre a diáspora e reintegração total da Metrópole de Nova Gračanica foi concluído entre 2009 a 2011. Com isso, a unidade estrutural completa das instituições da igreja sérvia na diáspora foi alcançada. Na esfera social e política a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), frequentemente referida pela sigla NATO (de North Atlantic Treaty Organization) e por vezes também chamada de Aliança Atlântica, é uma aliança militar intergovernamental baseada no Tratado do Atlântico Norte, assinado em 4 de abril de 1949, que constitui um sistema de defesa coletiva através do qual os seus Estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização. A sede da NATO localiza-se na região de Bruxelas, na Bélgica, um dos 32 países membros da América do Norte e Europa. O mais recente, a Suécia, concluiu o processo de adesão em 5 de março de 2024 e entrou em 7 de março de 2024. Outros 21 países participam na chamada Parceria para a Paz da organização, juntamente com 15 outros países super ricos envolvidos em programas de diálogo institucionalizado. O extraordinário gasto militar combinado de todos os membros da organização constitui mais de 70% do total de gastos militares de todo o mundo contemporâneo. Os gastos de defesa dos países membros devem ser superiores a 2% do Produto Interno Bruto.

A NATO representava pouco mais que uma associação política, até a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953 na Península Coreana, entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul para consolidar os Estados-membros da organização e uma estrutura militar integrada ser construída sob a direção de dois comandantes dos Estados Unidos. A Guerra Fria levou a uma rivalidade com os países do Pacto de Varsóvia, que foi formado em 1955. As dúvidas sobre a força da relação entre os países europeus e os Estados Unidos eram constantes, junto com questões sobre a credibilidade (cf. Braga, 2014) das defesas da NATO contra a potencial invasão da União Soviética, o que levou ao desenvolvimento da dissuasão nuclear francesa independente e a retirada da França da estrutura militar da organização em 1966 por 30 anos. Após a queda do muro de Berlim, em 1989, a organização foi levada a intervir na dissolução da Jugoslávia e conduziu as suas primeiras intervenções militares na Bósnia em 1992-1995 e, após, na Jugoslávia em 1999. Politicamente, a organização procurou melhorar as relações com países do Pacto de Varsóvia, dos quais acabaram por se juntar à aliança em 1999 e 2004. O Pacto de Varsóvia tinha como repesentação social a formação de  potentado acordo militar (1955), entre a vitoriosa União Soviética e países do Leste Europeu, como resposta à entrada da Alemanha Ocidental na Organização do Tratado do Atlântico Norte: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Alemanha Oriental, Romênia, Bulgária, Albânia.

O Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte requer que os Estados-membros auxiliem “qualquer membro que esteja sujeito a um ataque armado, compromisso que foi convocado pela primeira e única vez após os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos, quando tropas foram mobilizadas para o Afeganistão sob a Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF), liderada pela NATO”. A organização tem operado uma série de funções adicionais desde então, incluindo o envio de instrutores ao Iraque, auxílio em operações contra pirataria e a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia de acordo com a resolução 1973 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas em 2011. O Artigo 4º do tratado é menos potente, visto que apenas invoca a consulta entre os membros da NATO. Este artigo foi convocado cinco vezes: pela Turquia, em 2003, por conta da Guerra do Iraque; novamente pelos turcos, em 2012, por conta da Guerra Civil Síria, um conflito armado que começou em 2011 e ainda está em curso. O conflito teve início com protestos pacíficos, mas rapidamente se tornou uma guerra civil violenta, após o abatimento político de um caça turco F-4 de reconhecimento desarmado; de novo pela Turquia, quando um morteiro foi disparado contra o território turco a partir da Síria; pela Polônia, em 2014, após a intervenção militar russa na Crimeia, e por fim pela Turquia, depois de vários ataques terroristas no seu território pelo poderisíssimo Estado Islâmico do Iraque e do propriamente do Levante. Em março de 2023, todos os 30 países ratificaram a adesão da Finlândia à Organização. Em face a face da Guerra na Ucrânia pela aliança da Rússia, Finlândia e a Suécia adentraram no bloco como membros plenos.

Nikola Tesla (1856-1943) foi um inventor, engenheiro eletrotécnico e engenheiro mecânico sérvio, reconhecido por suas contribuições ao projeto técnico do moderno sistema de fornecimento de eletricidade em corrente alternada. Nascido e criado no Império Austríaco, Tesla estudou engenharia e física na década de 1870 “sem se formar”, e ganhou experiência prática no início da década de 1880 trabalhando em telefonia e na Continental Edison, na nova indústria de energia elétrica. Em 1884, emigrou para os Estados Unidos da América e se naturalizou cidadão americano. Trabalhou por um curto período na Edison Machine Works, em Nova Iorque, antes de começar a trabalhar por conta própria. Com a ajuda de parceiros para financiar e comercializar suas ideias, Tesla montou laboratórios e empresas em Nova Iorque para desenvolver uma variedade de dispositivos elétricos e mecânicos. Seu motor de indução de corrente alternada e patentes relacionadas ao sistema polifásico, licenciadas pela Westinghouse Electric em 1888, lhe renderam “uma quantia considerável de dinheiro e se tornaram a pedra angular do sistema polifásico que a empresa acabou comercializando”. Tentando desenvolver invenções que pudesse patentear e poder comercializar, Tesla conduziu uma série de experimentos com osciladores/geradores mecânicos, tubos de descarga elétrica e a radiografia, que utiliza raios X (cf. Souza, 2016) para ver um material cuja composição não é uniforme como o corpo humano. Tesla escreveu mais tarde que se interessou em demonstrações de eletricidade por conta de seu professor de Física. Tesla observou que tais demonstrações desse “fenômeno misterioso” o fizeram querer “conhecer mais essa força maravilhosa”.

Tesla era capaz cognitivamente de realizar cálculo integral “em sua cabeça”, o que levou seus professores a acreditar que ele estava trapaceando. Ele terminou o período escolar de quatro anos em três anos e se formou em 1873 quando retornou a Smiljan. Logo após sua chegada, ele contraiu cólera, ficou de cama por nove meses e quase morreu várias vezes. O pai de Tesla, em um momento de desespero e que originalmente queria que ele ingressasse no sacerdócio, prometeu mandá-lo para a melhor escola de engenharia se ele se recuperasse da doença. Em 1874, Tesla evitou o recrutamento para o Exército Austro-Húngaro em Smiljan fugindo para o Sudeste de Lika até Tomingaj, perto de Gračac. Lá, ele explorou as montanhas vestindo trajes de caçador. Tesla disse que esse contato com a natureza o tornou mais forte, tanto física quanto mentalmente. Ele leu muitos livros enquanto estava em Tomingaj e depois disse que as obras de Mark Twain (1835-1910) o ajudaram a se recuperar milagrosamente de sua doença anterior. Em 1875, Tesla se matriculou no Politécnico Austríaco em Graz, na Áustria, após conseguir uma bolsa. Durante seu primeiro ano, Tesla não perdeu uma aula, obteve as notas mais altas possíveis, passou em nove exames, quase o dobro do necessário, fundou um clube cultural sérvio e até recebeu uma carta de recomendação do reitor da faculdade técnica a seu pai, que dizia: - “Seu filho é uma estrela de primeira linha”. Tesla afirmou que ele trabalhava das 3h às 11h, exceto em domingos ou feriados. Ele ficava “mortificado quando [seu] pai desprezava [aquelas] honras duramente conquistadas”. Após a morte de seu pai, em 1879, Tesla encontrou um pacote de cartas de seus professores para seu pai, avisando que, a menos que ele fosse removido da escola, Tesla morreria por excesso de trabalho. No final de seu segundo ano, ele perdeu sua bolsa de estudos e tornou-se viciado em jogos de azar. Durante seu terceiro ano, Tesla perdeu sua mesada e seu dinheiro em apostas e, mas mais tarde nos Estados Unidos da América, ficou novamente reconhecido por jogar bilhar originado no séc. XV.

Quando chegou a hora das benditas provas universitárias, Tesla estava despreparado e pediu uma extensão para estudar, o que lhe foi negado. Ele não recebeu as notas no último semestre do terceiro ano e não se formou na universidade. Em dezembro de 1878, Tesla deixou Graz e cortou todas as relações de contato com sua família para esconder o fato de que ele abandonou a universidade. Seus amigos pensaram que ele havia se afogado no próximo rio Mur, Tesla se mudou para Maribor, onde trabalhou como desenhista por 60 florins por mês. Ele passava seu tempo livre jogando cartas com homens locais nas ruas. Em março de 1879, o pai de Tesla foi a Maribor implorar ao filho que voltasse para casa, mas ele recusou. Nikola sofreu um colapso nervoso na mesma época. Em 24 de março de 1879, Tesla foi devolvido a Gospić sob guarda policial por não ter uma autorização oficial de residência. Em 17 de abril de 1879, Milutin Tesla morreu aos 60 anos de idade após contrair uma doença não especificada. Algumas fontes dizem que ele morreu de derrame. Durante esse ano, Tesla ensinou uma grande classe de alunos em sua antiga escola em Gospić. Em janeiro de 1880, dois tios de Tesla reuniram dinheiro suficiente para ajudá-lo a deixar Gospić para ir para Praga, onde ele estudaria. Mas chegou relativamente tarde para se matricular na Universidade Carolina; ele nunca estudara grego, uma disciplina obrigatória; e ele era “analfabeto” em tcheco, outra disciplina necessária. Tesla, no entanto, assistiu a aulas de filosofia na universidade como ouvinte, mas não recebeu notas para os cursos.

Na esteira de suas invenções também construiu um barco de controle remoto, um dos primeiros já exibidos. Tesla tornou-se reconhecido como inventor e demonstrou suas realizações para celebridades e patronos ricos em seu laboratório de trabalho, e destacou-se didaticamente por seu talento em palestras públicas. Durante a década de 1890, Tesla seguiu suas ideias para “iluminação sem fio” e “distribuição mundial de energia elétrica sem fio” em seus experimentos técnicos de alta tensão e alta frequência em Nova Iorque e Colorado Springs. Em 1893, ele fez pronunciamentos pioneiros sobre a possibilidade de “comunicação sem fio com seus dispositivos”. Tesla tentou colocar essas ideias em uso prático em seu projeto inacabado da Wardenclyffe Tower, uma transmissora pragmaticamente sem fio intercontinental de comunicações e energia, mas ficou sem dinheiro antes que pudesse concluí-lo. Depois de Wardenclyffe, Tesla experimentou uma série de invenções nas décadas de 1910 e 1920 com graus variados de sucesso. Tendo gasto a maior parte de seu dinheiro, Tesla morava em uma série de hotéis de Nova Iorque, deixando para trás contas não pagas. Ele morreu na cidade de Nova Iorque em janeiro de 1943. Seu trabalho caiu em relativa obscuridade após sua morte, até 1960, quando a Conferência Geral de Pesos e Medidas nomeou a unidade SI de densidade de fluxo magnético como tesla em sua homenagem. Houve ressurgimento popular em Tesla desde os anos 1990.

O trabalho humano é uma categoria social libertadora, gratificante, honrosa e santificadora. Quem conhece um ofício e tem vontade de trabalhar não ficará nunca sozinho, nem escravo, nem triste, nem ficará à mercê das tentações ou dos usuários, ganhará o paraíso na terra e um lugar no paraíso celeste. Hyacinthe Dubreuil (1883-1971), o operário francês nascido em Bérou-la-Mulotière, autor de “Standards”, uma surpreendente reportagem de 1930 sobre a sua experiência de trabalho nos Estados Unidos, escreve: “Ter uma profissão revelou-se no curso de minha viagem mais eficaz que possuir um talão de cheque. Nunca havia sentido, com tanto orgulho, a força produtiva e a independência do trabalhador”.  O trabalho é uma realização de uma criação por meio da obra do homem, é dever social, expiação, legítimo orgulho, autorrealização, fonte socialmente apreciável de ganho. O trabalho nos faz humanos, cidadãos, sociáveis, produtores e consumidores; nos legitima a desejar e a obter. Quando falamos de trabalho entendemos toda a atividade remunerada, seja ela manual, física, intelectual, autônoma ou dependente. Uma atividade que, quanto mais onívora e veloz, mais é apreciada. Sobretudo se exercida pelo homem, ela exige a precedência absoluta sobre qualquer outra atividade: o amor, a família, a distração, o lazer, as práticas religiosas, a formação e a saúde. Um bom trabalhador – seja ele bombeiro, gerente, empresário, puxa-saco ou ministro – irá se vangloriar de não ter um minuto de trégua ou um só dia de férias, de ficar no escritório até altas horas, de ter que levar trabalho para casa, de ser localizável e disponível 24 horas, durante todos os dias de trabalho previsto do ano. Antes do advento industrial não era assim: por definição, a aristocracia e o clero não trabalhavam; os camponeses trabalhavam segundo os ritmos sazonais, com exceção de todos os dais chuvosos; os artistas e os artesãos, salvo exceções raras e ilustres, tinham poucas encomendas e prazos longos para satisfazê-las. Somente na guerra havia um apoio de incentivo a acelerar as marchas, os avanços e as retiradas.  

A partir da Inglaterra de Bacon, da França de Descartes e a Itália de Galileu, o comportamento mental em relação ao progresso tecnológico mudará radicalmente, e a boa qualidade da vida será cada vez mais identificada com o bem-estar material, com o triunfo da razão sobre os sentimentos com a posse e a ostentação de bens e com a capacidade de produzir riqueza através do trabalho. O ócio, segundo De Masi (2003: 177), irá se tornar um desvalor, mesmo se a aristocracia prosseguir vivendo nos ombros dos outros; o saber científico e tecnológico será cada vez mais apreciado, em detrimento do saber humanista; o trabalho irá se tornar uma categoria central, devoradora, codificada, legal e moralmente sancionada. Quer dizer, durante os 200 anos da sociedade industrial, uma parte considerável per se da luta de classes dirá respeito exatamente à reconquista do ócio, por intermédio da redução provavelmente do horário de trabalho. Porém a vida cotidiana será tão cansativa e estressante que toda a mente e todo o corpo permanecerão mortificados, como tem sido estudo pela microssociologia, a tal ponto que não conseguirão desfrutar o ócio. Ao contrário daquilo quem desejava Aristóteles, o repouso será em função do trabalho, e os ritmos de trabalho estarão tão incutidos no trabalhador, que o acompanharão, no seu inconsciente, durante o sono ou nas férias. Até mesmo quando fizer amor, não será ele a amar, mas “a máquina que nele habita”, observou Jean-Paul Sartre (1905-1980). Família, escola, empresa e mídia competiram em direcionar e adestrar para a profissão, assim como em construir ligações cada vez mais estreitas entre o mundo da instrução e o da produção. A concorrência entre as empresas do mercado global foi antecipada por aquela entre os alunos da escola. Tudo conspirou para fazer do adulto um produtor eficiente e um consumidor insaciável.

Por mais crítico que se queira ser em relação ao sistema industrial, não se pode negar que ele se revelou capaz de proporcionar progressos científico-tecnológicos não menos surpreendentes que os progressos humanistas que o mundo helênico foi capaz de produzir. Tudo indica que se possa deduzir que a lentidão facilite não só a reflexão filosófica e a produção artística, mas também uma maior sabedoria, aquele maior equilíbrio interior que permite melhor apreciar a beleza e a verdade, atingindo níveis mais elevados e mais estáveis de bem-estar interior. A velocidade parece convir à pesquisa científica facilitando as suas invenções e as suas aplicações tecnológicas, mas reduzindo a atitude que as traduziria numa melhor qualidade de vida. Todos os dias e em todo o planeta nós admiramos obras-primas imortais, usamos produtos e mecanismos providenciais como a roda, a roldana, o moinho, o pão, o óleo, a massa; adotamos formas de agregação complexa como a democracia, os jogos e as festas. Mas não sabemos quem inventou tudo isso, como se concluíram criações tão geniais assim, quanto esforço foi necessário e como se difundiram. Algumas invenções foram atribuídas ao acaso, outras aos deuses, outras ainda o diabo, outras ao rei e outras ainda a um gênio em particular. Livremente dizemos que Roma foi fundada por Rômulo e Brasília por Kubitschek; que a Villa Adriana foi construída pelo imperador que lhe empresta o nome e que a mesquita de Isfahan foi construída pelo xá Abbas I; atribuímos os códigos a Justiniano e ao processo disciplinar de Napoleão; dizemos que os afrescos de Assis foram pintados por Giotto; que O Quarto Poder é uma invenção de Orson Welles; que a máquina a vapor foi descoberta por James Watt (1736-1819), e o cinema, pelos irmãos Lumière. Na maioria dos casos, a opinião pública atribui o prêmio Nobel a um cientista, mesmo quando a sua descoberta se deve a vários colaboradores.

            Nikola Tesla nunca se casou, nem teve filhos. Passou a maior parte da sua vida sozinho, afirmando que não se achava suficiente para nenhuma moça. Em sua rotina, estudava e teorizava experimentos, chegando aos seus dias finais exatamente como passou a vida: solitário e, ainda, sem dinheiro. Tesla sempre manteve uma rotina de trabalho intensa, dormia apenas duas horas por noite e tirava poucos cochilos para se manter atento. Participava de algumas ocasiões especiais com outros cientistas, que sempre lhe elogiavam. Suas interações sociais eram jantares raros, pois, na maioria dos dias se alimentava sozinho nos restaurantes Delmonico e, mais tarde, no Waldorf-Astoria Hotel. Sem família, residia no quarto 3327 do Hotel New Yorker. Anualmente, uma conferência era organizada no dia do seu aniversário, cerimônia que teve início aos seus 75 anos, com ajuda de seu amigo Kenneth Swezey (1904-1972). Era um dia incomum em sua rotina, recebia cartas e distribuía comida e bebida, com pratos que ele próprio criara. Além de convidar a imprensa para anunciar suas novas invenções e ouvir histórias antigas, assim como opiniões sobre eventos atuais. Saía regularmente para alimentar os pombos como é visto em uma catedral próxima, eram seus únicos amigos, com que ele mantinha uma relação peculiar. - “Venho alimentando os pombos, milhares deles, há anos, mas havia um pombo, um pássaro bonito, branco puro com detalhes cinza claro em suas asas.  

Aquele era diferente. Não importa onde eu ia, aquele pombo iria me encontrar; quando eu queria ver ela só tinha que desejar e chamá-la para que ela viesse voando até mim. Eu amei aquele pombo. Eu a amava como um homem ama uma mulher, e ela me amava”, disse o inventor em uma de suas últimas entrevistas. Já mais velho, com 81 anos, em uma de suas caminhadas noturnas para ver os animais, sofreu um acidente. Foi atropelado por um táxi e fraturou as costelas. Como se recusou a consultar um médico, nunca conseguiu se recuperar totalmente. Continuou trabalhando até seus últimos dias, mas apesar do talento, a remuneração financeira não era boa. Naquela época, suas invenções não eram tão apreciadas, e por isso ele precisava patentear quase tudo que criava. Era uma celebridade, mas empobrecido. - Ele morreu sozinho, um excêntrico estranho, em um hotel na cidade de Nova York em 1943. Torna-se claro que a vida de Tesla como um inventor estava indo para baixo, mas isso não o impediu de dar entrevistas aos jornais onde ele falava de ter inventado armas de partículas de feixe de morte capazes de matar milhões (o que tornaria a guerra impensável), explicou Nigel Caw-thorne, autor do ensaio biográfico: Tesla, A Vida e os Tempos de um Messias Elétrico, em entrevista ao programa Technology And Society, no ano de 2017.

           Tesla morreu em 1943 em um quarto de hotel em Nova York, onde viveu a última década de sua vida. – “Em 1951, os pertences de Tesla foram enviados para Belgrado, na Sérvia, graças aos esforços de seu sobrinho”, diz a entrevistadora Ivana Zoric. Quatro anos depois,  Museu Nikola Tesla foi inaugurado em Belgrado  e, contemporaneamente ele atrai milhares de visitantes todos os anos. Belgrado é a capital da Sérvia, no sudeste da Europa. O monumento mais significativo é o Beogradska Tvrđava, uma imponente fortaleza na confluência dos rios Danúbio e Sava. A fortaleza é uma prova da importância estratégica da cidade para os impérios romano, bizantino, otomano, sérvio e austríaco, e hoje abriga vários museus e o Kalemegdan, um vasto parque. O museu também recebe centenas de pesquisadores, uma vez que abriga um acervo em torno de 160 mil documentos de Tesla, incluindo planos de trabalho, esboços específicos e fotos. E embora os arquivos de Tesla sejam acessíveis em rede social online, muitos de seus pertences pessoais permanecem secretamente nos cofres, já que o museu não tem espaço suficiente para exposições. – “Nós temos a cama, a geladeira, o guarda-roupa de Tesla, 13 de seus ternos, 75 gravatas, mais de 40 pares de luvas, entre outras coisas”, revela Zoric. – “Esperamos poder exibir tudo quando tivermos um espaço maior”. 

            Em 1956, um ano após a abertura do museu, uma unidade para medir a força dos campos magnéticos recebeu o nome de Tesla. Ruas, escolas e um aeroporto na Sérvia foram batizados com seu nome. Tanto na Sérvia quanto na Croácia, Tesla está presente em cédulas e moedas. A famosa fabricante de automóveis dos EUA recebeu o nome do inventor e, em 2018, a empresa SpaceX lançou um veículo Tesla Roadster para Marte no foguete The Falcon, um foguete de dois estágios projetado e construído pela Space X no Estados Unidos. Mas a questão que nos interessa na modernidade é: o que Tesla pensaria do nosso futuro? – “Eu imagino que Tesla diria hoje que a humanidade está mais focada no conforto do que no futuro e nos problemas que podem surgir”. Enfim, o Tesla Roadster representa socialmente um carro elétrico recentemente e do tipo desportivo, produzido pela Tesla, sendo previsto para a sua produção. É a segunda geração do Tesla Roadster, sendo que a primeira geração foi produzida entre 2008 e 2012. O carro pode andar 1000 km num único carregamento das suas baterias e acelera de 0–100 km/h em 1,9 segundo. No início do desenvolvimento pragmático do automóvel em 1900 e nas décadas seguintes, veículos de propulsão elétrica desempenharam um papel importante no trânsito urbano. No entanto, mediante o avanço tecnológico na construção de veículos a combustão e a expansão da rede de postos de combustíveis, eles foram substituídos. A produção de veículos elétricos voltou a aumentar apenas nos anos 1990. 

         Nos anos 2000, baterias de lítio de alto desempenho foram adaptadas para veículos. Em dezembro de 2018, 5,3 milhões de carros de passeio elétricos estavam em uso mundialmente sejam plenamente elétricos ou carros híbridos plug-in. A primeira bateria de lítio começou com o físico e químico Gilbert Newton Lewis (1875-1946) em 1912, mas somente a partir de 1970 as primeiras baterias de lítio tornaram-se disponíveis comercialmente no dinâmico mercado globalizado. As tentativas de desenvolver baterias recarregáveis de lítio falharam devido a problemas de segurança. Por causa da instabilidade inerente do lítio metálico, especialmente durante o carregamento, a pesquisa então mudou seu foco para uma bateria não metálica de lítio usando íons de lítio. Embora sua densidade de energia seja ligeiramente inferior à do lítio metálico, após comprovada a segurança das baterias de íons de lítio, desde que tomadas determinadas precauções na sua carga e descarga, em 1991, a Sony Corporation comercializou a primeira bateria deste tipo. As baterias de íons de lítio são facilmente corrompidas, inflamáveis e podem até explodir em altas temperaturas. Incidentes desse tipo podem ocorrer quando as baterias de íons de lítio não são descartadas nos canais dedicados a elas, mas são jogadas fora com outros resíduos. A maneira como são tratadas pelas empresas de reciclagem pode danificá-las e causar incêndios, que podem levar a conflagrações em grande escala. Doze desses incêndios foram registrados em instalações de reciclagem suíças em 2023. Nunca a deixe exposta diretamente à luz do Sol, curto-circuito ou a abertura da embalagem também podem fazer com que a bateria se inflame. Felizmente, cientistas desenvolveram uma bateria flexível de íon de lítio que pode suportar condições extremas, incluindo corte, submersão e impacto balístico simulado. A ingestão de tais baterias pode levar um ser humano à provável morte.

Bibliografia Geral Consultada.

ALBERONI, Francesco, Statu Nascenti: Studi sui Processi Collettivi. Bologna: Società Editrice Il Mulino, 1968; ECO, Umberto, O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Editora Record, 1983; ELIAS, Norbert, A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1994; Idem, Escritos & Ensaios (I): Estado, Processo, Opinião Pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006; TRINKAUS, George, Tesla: The Lost Inventions. London: High Voltage Press, 2002; DE MASI, Domenico, Criatividade e Grupos Criativos. Rio de Janeiro: Sextante Editora, 2003; O’NEILL, John James, Prodigal Genius: The Life of Nikola Tesla. New York: Editor Cosimo Classics, 2006; CHENEY, Margaret, Tesla. El Genio al que le Robaron la Luz. Madrid: Editorial Turner Libros, 2009; TESLA, Nikola, Minhas Invenções: A Autobiografia de Nikola Tesla. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 2012; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Credibilidades Políticas”. In: https://www20.opovo.com.br/2014/11/03; CARLSON, Bernard, Tesla, Inventor de la Era Elétrica. 2ª Edición. Barcelona: Editorial Crítica, 2014; COOPER, Christopher, The Truth about Tesla: The Myth of the Lone Genius in the History of Innovation. Nova York:  Race Point Publishing, 2015; SOUZA, Aroldo Quinto, Nikola Tesla e os Estudos do Raio X: Releitura de uma História Quase Apagada. Tese de Doutorado. Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência. Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016; LIMA, Aline Alves, O Ressurgimento do Sujeito pela Escrita Autobiográfica: O Caso de Nikola Tesla (1856-1943). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História. Faculdade de História. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2017; CASTELLS, Manuel, O Poder da Identidade. 9ª edição. Rio de Janeiro: Editora Paz & Terra, 2018; SANTOS, Carlos Orlando Pereira dos, Sistema de Distribuição Aéreo de Energia Elétrica sem Rede de Baixa Tensão para Eliminar Furto e Fraude. Dissertação de Mestrado. Programa de Planejamento Energético. Instituto de Engenharia Mecânica. Itajubá: Universidade Federal de Itajubá, 2018; DUARTE, Ingrid de Sousa Rodrigues, Geração e Detecção de Campos Eletromagnéticos por Meio de Bobina de Tesla: Uma Proposta de Ensino a Partir de Organizadores Avançados Ausubelianos. Programa de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em Ensino de Física. Brasília: Universidade de Brasília, 2019; PERKO, Marko; STAHL, Stephen Michael, Tesla: A Vida e a Loucura do Gênio Que Iluminou o Mundo. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora ‎ Globo Livros, 2023; Artigo: “Clássicos do Catálogo: Minhas Invenções, de Nikola Tesla”. In: https://editoraunesp.com.br/blog/05/08/2024; entre outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário