“Na ciência temos de nos interessar pelas coisas e não pelas pessoas”. Marie Curie
A
indivisibilidade de controle humano e consentimento tornam necessário que se
percebam as organizações formais como sistemas cooperativos, ampliando a
estrutura de referência dos relacionados com a manipulação de recursos da
organização. No ponto de ação da decisão executiva, o aspecto econômico da
organização proporciona instrumentos inadequados de controle da estrutura
concreta. Esta ideia poderá ser prontamente percebida se se voltar a atenção
para o papel do indivíduo na economia da organização. Do ponto de vista da
organização social como sistema formal, os homens são encarados funcionalmente,
quanto ao seu papel, como participantes de segmentos determinados do sistema
cooperativo. Na realidade, porém, os indivíduos se mostram propensos à
despersonalização, a exceder os limites de seu papel segmentário, para
participar como integrais. Os sistemas formais não podem abranger as
modificações assim introduzidas e, consequentemente, falham como instrumento de
controle, quando se confia apenas neles. O indivíduo integralmente cria novos
problemas para a organização. Em parte por causa das necessidades de sua
própria personalidade, parcialmente porque traz consigo um conjunto de hábitos
arraigados, talvez, como obrigações com determinados grupos especiais fora da
organização. Na adequação de sistemas formais de coordenação, pesquisa & desenvolvimento, as necessidades
individuais não permitem a devida atenção às metas enunciadas do sistema,
na medida que se incluem na ordem planetária. O perigo inerente à delegação surge
essencialmente daí. A delegação é um ato social em que dispomos de organização, relacionado com
designações formais de funções e poderes. Em tese, sociologicamente, estas
designações se referem a reprodução social de papéis ou funções oficiais, e não ao indivíduo, como
tal, que nem sempre coincide com as metas do sistema formal.
Há muito historicamente é lugar comum compreender que o discurso filosófico correlacionou racionalmente verdade e ser. Se verdade se encontra, justificadamente, num nexo originário com a constituição do ser, então o fenômeno da verdade remete ao âmbito da problemática ontológica fundamental. Três teses caracterizam a apreensão tradicional da essência da verdade e a opinião gerada em torno de sua primeira definição: 1. O “lugar” da verdade é o enunciado (o juízo). 2. A essência da verdade reside na “concordância” entre o juízo e seu objeto. 3. Aristóteles, o pai da lógica, não só indicou o juízo como o lugar originário da verdade, como também colocou em voga a definição da verdade como “concordância”. A famosa questão, com a qual se supunha colocar os lógicos em apuros, é: O que é a verdade? Se ela consiste na concordância do conhecimento com o seu objeto deve distinguir-se dos demais. Um conhecimento é falso quando não concorda com o objeto a que é submetido, mesmo que tenha algo que possa valer para outros objetos. O que significa “concordância”? A concordância de algo com algo tem o caráter formal da relação de algo com algo. Toda concordância e, assim também, toda “verdade” é nada mais do que a memória social de uma relação. Mas nem toda relação é uma concordância. Quer dizer, um sinal só assinala para o assinalado.
Ipso fato, a importância social da ênfase abstrata do sistema cooperativo como tal origina-se da introspecção, que permite verificar determinadas ações e consequências que são determinadas independentemente da personalidade das pessoas no caso envolvidas. Assim, ao aludir ao paradoxo da organização - a tensão criada pelas consequências inibitórias de determinados tipos de estruturas não-convencionais nas organizações, não significa que as próprias pessoas estejam em dúvida ou enfrentando dilemas. É a natureza das consequências da interação de interesses divergentes que cria a condição, resultado este que poderá surgir independentemente a percepção consciente ou das qualidades dos participantes individuais. Portanto, os sistemas de ação racional (cf. Habermas, 1987) são característicos tanto de indivíduos como na constituição de organizações. Reconhecer a relevância sociológica das estruturas formais da ciência, nada tem a ver com a importância deliberadamente, ao longo deste caminho, com a natureza da autoridade nas organizações, encarecendo os fatores sociais de coesão e persuasão como fontes legais ou coercitivas. Tal redefinição é, a mesma com que se introduziu o conceito de Eu, que se origina na filosofia da história de Friedrich Hegel, como histórico e social, e só depois no âmbito da sociologia. Da mesma forma, a definição de autoridade, por exemplo, é condicionada por fatores sociológicos de sentimento e coesão social ou, mais generalizada, a definição de organizações formais como sistemas cooperativos apenas marca os limites iniciais de elaboração de um procedimento na organização mediada pelo método de análise e processo de trabalho.
Assim, temos a passagem da representação
abstrata, para o conceito concreto através de determinações.
Aquilo que por movimento dialético separa e distingue perenemente a identidade
e a diferença, sujeito e objeto, finito e infinito, é a alma vivente de todas
as coisas, a Ideia Absoluta que é a força geradora, a vida e o espírito eterno.
Mas a Ideia Absoluta seria uma existência abstrata se a noção de que procede
não fosse mais que uma unidade abstrata, e não o que é em realidade, isto é, a
noção que, por um giro negativo sobre si mesma, revestiu-se novamente de forma
subjetiva. Metodologicamente a determinação mais simples e primeira que o
espírito pode estabelecer é o Eu, a faculdade de poder abstrair todas as
coisas, até sua própria vida. Chama-se idealidade precisamente esta supressão
da exterioridade. Entretanto, o espírito não se detém na apropriação,
transformação e dissolução da matéria em sua universalidade, mas, enquanto
consciência religiosa, por sua faculdade representativa, penetra e se eleva
através da aparência dos seres até esse poder divino, uno, infinito, que
conjunta e anima interiormente todas as coisas, enquanto pensamento filosófico,
como princípio universal, a ideia eterna que as engendra e nelas se manifesta.
Isto quer dizer que o espírito finito se encontra inicialmente numa união
imediata com a natureza, a seguir em oposição com esta e finalmente em
identidade com esta, porque suprimiu a oposição e voltou a si mesmo e,
consequentemente, o espírito finito é a ideia, mas ideia que girou sobre si
mesma e que existe por si em sua própria realidade.
A Ideia absoluta que para realizar-se colocou como oposta a si, à natureza, produz-se através dela como espírito, que da supressão da exterioridade entre inicialmente em relação simples com a natureza, e, depois, ao encontrar a si mesma nela, torna-se consciência de si, espírito que conhece a si, suprimindo assim a distinção entre sujeito e objeto, chegando assim à Ideia a ser por si e em si, tornando-se unidade perfeita de suas diferenças, sua absoluta verdade. Com o surgimento do espírito através da natureza abre-se a história da humanidade e a história humana é o processo que medeia entre isto e a realização do espírito consciente de si. A filosofia hegeliana centra sua atenção sobre esse processo e as contribuições mais expressivas de Hegel ocorrem precisamente nesta esfera, do espírito. Melhor dizendo, dialeticamente, à existência na consciência, no espírito chama-se saber, conceito pensante. O espírito é também isto: trazer à existência, isto é, à consciência. Como consciência em geral tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente isto: produzir-se, sair fora de si, saber o que ele é. Nisto consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar, ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada. O homem é per se razão.
O homem, a criança, o culto e o inculto, são razão. Ou melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a cada um. A razão não ajuda em nada a criança, o inculto. É somente uma possibilidade, embora não seja uma possibilidade vazia, mas possibilidade real e que se move em si. Assim, por exemplo, dizemos que o homem é racional, e distinguimos muito bem o homem que nasceu somente e aquele cuja razão educada está diante de nós. Isto pode ser expresso também assim: o que é em si, tem que se converter em objeto para o homem, chegar à consciência; assim chega para ele e para si mesmo. A história para Hegel, é o desenvolvimento do Espírito no tempo, assim como a Natureza é o desenvolvimento da ideia no espaço. Deste modo o homem se duplica. Uma vez, ele é razão, é pensar, mas em si: outra, ele pensa, converte este ser, seu em si, em objeto do pensar. Assim o próprio pensar é objeto, logo objeto de si mesmo, então o homem é por si. A racionalidade produz o racional, o pensar produz os pensamentos. O que o ser em si é se manifesta no ser por si. Queremos dizer com isso, que todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda atividade humana, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que, filosoficamente é em si, no interior, podendo manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente. Nesta diferença cultural se descobre toda a diferença na história do mundo. Isto é, os homens são todos racionais.
O formal desta racionalidade é que o homem seja livre. Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem: a liberdade. O europeu sabe de si, afirma Hegel, é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua substância. Se os homens falam mal de conhecer é porque não sabem o que fazem. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é. Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é o segundo, esta é a única diferença da existência (Existenz) a diferença do separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre somente enquanto existo como livre. A terceira determinação é que o que existe em si, e o que existe por si são somente uma e mesma coisa. Isto quer dizer precisamente evolução. O em si que já não fosse em si seria outra coisa. Por conseguinte, haveria ali uma variação, mudança. Na mudança existe o que chega a ser outra coisa. Na evolução, em essência, podemos também falar da mudança, mas esta deve ser tal que o outro, o que resulta, é ainda idêntico ao primeiro, de maneira que o simples, o ser em si não seja negado.
Para
Friedrich Hegel a evolução não somente faz aparecer o interior originário,
exterioriza o concreto contido já no em si, e este concreto chega a ser por si
através dela, impulsiona-se a si mesmo a este ser por si. O espírito abstrato
assim adquire o poder concreto da realização. O concreto é em si diferente, mas
logo só em si, pela aptidão, pela potência, pela possibilidade. O diferente
está posto ainda em unidade, ainda não como diferente. É em si distinto e,
contudo, simples. É em si mesmo contraditório. Posto que é através desta
contradição impulsionado da aptidão, deste este interior à qualidade, à
diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às diferenças.
Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é impulsionada
para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim a ser
atualmente, na existência. Porém do mesmo modo que se faz justiça à unidade,
pois o diferente que é posto como tal é anulado novamente. Tem que regressar à
unidade; porque a unidade do diferente consiste em que o diferente seja um. E
somente por este movimento é a unidade verdadeiramente concreta. É algo
concreto, algo distinto. Entretanto contido na unidade, no em si primitivo. O gérmen
se desenvolve assim, não muda. Se o gérmen fosse mudado desgastado, triturado,
não poderia evoluir. Na alma, enquanto determinada como indivíduo, as
diferenças estão enquanto mudanças que se dão no indivíduo, que é o sujeito uno
que nelas persiste e, assim, enquanto momentos do seu desenvolvimento.
Por serem elas diferenças, à uma forma, físicas e espirituais, seria preciso, para determinação ou descrição mais concreta, antecipar a noção do espírito cultivado. As diferenças são: 1) curso natural das idades da vida, desde a criança, desde a criança, o espírito envolvido em si mesmo – passando pela oposição desenvolvida, a tensão de uma universalidade ela mesma ainda subjetiva em contraste com a singularidade imediata, isto é, como o mundo presente, não conforme a tais ideais, e a situação que se encontra, em seu ser-aí para esse mundo, o indivíduo que, de outro lado, está ainda não-autônomo e em si mesmo não está pronto, o jovem, para chegar à relação verdadeira, ao reconhecimento da necessidade e racionalidade objetivas do mundo já presente, acabado; em sua obra, e leva a cabo por si e para si, o indivíduo retira, por sua atividade, uma confirmação e uma parte, mediante a qual ele é algo, tem uma presença efetiva e um valor objetivo (homem); até a plena realização da unidade com essa objetividade do conhecer: unidade que, enquanto real, vem dar sentido “na inatividade da rotina” que tira o interesse (cf. Habermas, 1987) enquanto ideal se liberta dos interesses mesquinhos é das complicações do presente exterior (o ancião).
O espírito manifesta aqui sua independência da própria corporalidade, em poder desenvolver-se antes que nela torne. Com frequência, crianças têm demonstrado um desenvolvimento espiritual que vai muito mais rápido que sua formação corporal. Esse foi o caso histórico, sobretudo em talentos artísticos indiscutíveis, em particular nos gênios da música. Também em relação ao fácil apreender de variados conhecimentos, especialmente na disciplina matemática; e tal precocidade tem-se mostrado não raramente também em relação a um raciocínio de entendimento, e mesmo sobre objetos éticos e religiosos. O processo de desenvolvimento do indivíduo humano natural decompõe-se então em uma série de processos, cuja diversidade se baseia sobre a relação do indivíduo para com o gênero, e funda a diferença da criança, do homem e do ancião. Essas diferenças são as apresentações das diferenças do conceito. A idade da infância é o tempo da harmonia naturalmente da paz do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Um começo tão sem-oposição quanto a velhice é um fim sem-oposição. As oposições que surgem ficam sem interesse mais profundo. A criança vive na inocência, sem sofrimento durável; no amor aos pais, e no sentimento de ser amado por eles.
Na
Roma antiga, o gênio representava o espírito ou guia de uma pessoa, ou mesmo de
uma gens inteira. Um termo relacionado é genius loci, o espírito de um local
específico. Por contraste a força interior que move todas as criaturas viventes
é o animus. Um espírito específico (ou daimon) pode habitar uma imagem
ou ícone, dando-lhe poderes sobrenaturais. Gênios são dotados sociologicamente de
excepcional brilhantismo, mas frequentemente também são insensíveis às
limitações da mediocridade bem como são emocionalmente muito sensíveis, algumas
vezes ambas as coisas. O termo prodígio indica simplesmente a presença de
talento ou “gênio excepcional” na primeira infância. Os termos prodígio e
criança prodígio são sinônimos, sendo o último um pleonasmo. Deve-se ter em
consideração que é perigoso tomar como referência as pontuações em testes
aplicados de QI quando se deseja fazer um diagnóstico razoavelmente
correto de genialidade. Há que se levar em consideração que em todos as
pontuações, e em todas as medidas, existe uma incerteza inerente, bem como os
resultados obtidos nos testes representam a performance alcançada por uma
pessoa em determinadas condições, não refletindo necessariamente toda a
capacidade da pessoa em condições ideais. A contribuição memorial permanentemente histórica e cultural dos filósofos pré-socráticos à matemática, enquanto invenção da ciência, não são
discutíveis e em grande parte fruto de tradição bem documentada.
Os
levantamentos de solos dos Estados do Nordeste apresentam escalas variando de
1:400.000 a 1:1.000.000. Portanto, alerta-se aos usuários que, devido ao nível
generalizado dos mapeamentos, é de se esperar obterem dos mesmos apenas uma
visão global generalizante dos diversos solos existentes no Estado, elemento
básico essencial para planejamentos regionais, escolha de áreas prioritárias
que justifiquem levantamentos de solos mais detalhados e seleção de áreas para
experimentação agrícola. Não se prestam, deste modo, para solucionar problemas
de glebas específicas (pequenas propriedades). No estado do Ceará o estudo da
Geografia Física destaca-se através de amplo predomínio espacialmente das
superfícies aplainadas da depressão sertaneja, posicionada em cotas modestas,
resultante de uma prolongada atuação dos processos erosivos e denudacionais que
promoveu o arrasamento do relevo sustentado pelo embasamento ígneo-metamórfico
pré-cambriano. A despeito da existência
de registros neotectônicos no estado do Ceará, sua influência parece ser analogamente
pequena na configuração do atualmente cenário geomorfológico. O predomínio de
vastas superfícies aplainadas denota um longo período de notável estabilidade
tectônica, sem grandes variações de nível de base. Estas condições devem ter
prevalecido ao longo do Cenozoico, como devem ter vigorado paleoclimas
quentes e semiáridos, provavelmente com poucas variações em relação ao clima. Todavia,
estas superfícies aplainadas encontram-se pontilhadas de montes “rochosos
isolados” (inselbergs) que se configuram em mediações de relevos
residuais elaborados em rochas mais resistentes ao intemperismo e erosão, e
que, portanto, resistiram aos processos de aplainamento generalizado, gerando
solos rasos e pouco profundos e pedregosos, porém de boa fertilidade natural
devido à grande influência presente do material originário, que caracterizam
grande parte do cenário geomorfológico extraordinário do Estado.
Os
eventos geológicos, que configuram-se na evolução geomorfológica do estado do
Ceará, está fortemente associada ao processo de abertura do Atlântico
Equatorial durante o Cretáceo sendo datado do período Aptiano, entre 125 e 110
milhões de anos, num sistema de falhamentos transcorrentes e instalação de
bacias sedimentares em pequenos ou grandes rifts abortados (pull-apart
basins), tais como as bacias do Araripe, Potiguar, Iguatu e Icó,
implantados sobre o Escudo Pré-Cambriano das Faixas de Dobramento Nordestinas.
Este embasamento ígneo-metamórfico destas Faixas de Dobramento Nordestinas
corresponde a um conjunto de orógenos amalgamados que exibe, ao longo do
percurso da Depressão Sertaneja, núcleos metamórficos mais antigos do
embasamento, de idade arqueano-paleoproterozoica; e largas faixas remobilizadas
que sofreram a orogênese Brasiliana, de idade neoproterozoica. Nestes orógenos
brasilianos, verifica-se um conjunto de rochas metamórficas intrudidas por
vastos plútons e batólitos graníticos de antigos arcos magmáticos do período
neoproterozoico. Este complexo e diversificado conjunto de litologias do escudo
Pré-Cambriano foi denominado de “Província Borborema” e reflete-se na paisagem
atual, através do grande número de relevos residuais isolados (maciços
montanhosos e inselbergs) originados a partir da resistência diferencial
ao intemperismo e à erosão, apresentada por esse vasto conjunto de litologias,
além de um complexo arranjo tectono-estruturalmente, no qual se salientam
extensas zonas de cisalhamento que cortam presentemente o estado do
Ceará.
Estudos
sobre evolução geomorfológica do Nordeste brasileiro, como os desenvolvidos,
propõem, em linhas gerais, um prolongado evento epirogenético que se estende
pelo Cretáceo e Cenozoico, destacando-se, neste contexto geomorfológico, o Planalto
da Borborema, com consequente geração de dois a quatro níveis de
aplainamento escalonados, tendo sido avaliados com base em datações
relativas. Os estudos especializados
neste âmbito sugerem a geração de, pelo menos, duas superfícies de aplainamento
para o estado do Ceará, isto é, uma superfície de idade paleógena, que
corresponderia aos topos das chapadas da Ibiapaba e Araripe, em cotas variáveis
entre 750 metros e 900 metros, o que corresponde à superfície sul-americana; e
outra superfície de idade neógena, uma superfície interplanáltica que
corresponderia ao piso da Depressão Sertaneja, embutidas em cotas inferiores a
uma extensão medida de 500 metros, o que corresponderia geomorfologicamente à
superfície Velhas. A despeito dos sólidos argumentos científicos apresentados
pelos especialistas e considerando a tese segundo a qual a Depressão Sertaneja
(ou muito provavelmente boa parte dela) tenha sido originada no Cretáceo Médio
ou Superior, não se pode desconsiderar que, durante todo o período Cenozoico,
os processos geológicos de erosão e aplainamento tenham sido constantes e
promoveram ou acentuaram uma notável planura da Depressão Sertaneja, interrompida por esparsos inselbergs e portanto, dentre os maciços
residuais.
A
“paisagem física”, na falta de melhor expressão atualmente, denuncia uma
incipiente dissecação quaternária das superfícies aplainadas, marcadas pela
ligeira incisão fluvial e pela topografia muito suavemente ondulada das vastas
áreas pediplanadas, comparativamente bem como o pequeno desenvolvimento
pedogenético dos solos, sendo dominantemente rasos a pouco profundos,
comprovada pela elevada relação silte/argila e sílica (SiO2) /alumina (Al2O3).
Entretanto, o entendimento do funcionamento e dinâmica deste conjunto de
“paisagens sertanejas” envolve, forçosamente, a compreensão de sua dinâmica
climática e sua importância para caracterizar um conjunto de terrenos, o qual
se convencionou denominar de Sertão. O estado do Ceará incluindo sua zona
costeira está inserido no denominado “polígono das secas” com regime climático
quente e semiárido, com temperaturas sempre elevadas, típico de uma zona
subequatorial, onde a maior parte de seu território registra uma precipitação
média anual inferior a 700 mm/ano, sendo que essas chuvas estão concentradas em
dois ou mais meses do ano. O trimestre chuvoso restringe-se aos meses de
fevereiro a abril. Nas áreas mais úmidas do estado (faixa costeira e os “brejos
de altitude”) o período úmido se estende de janeiro a julho. Nas áreas mais
áridas, dominadas por “caatingas hiperxerófilas”, prevalece o clima tipo BSh de
Köeppen, com predomínio de precipitações pluviométricas médias anuais entre 400
e 450 mm/ano. As taxas de evaporação são altas, a insolação é forte e a umidade
relativa é baixa. Neste sentido, deve-se levar em consideração que o regime
hídrico de semiaridez do Sertão Nordestino está diretamente associado ao fato
de que todos os sistemas produtores de chuvas que atingem a região atuam por
poucos meses promovendo, portanto, estiagens muito prolongadas que podem variar
de sete a dez meses, condição hídrica característica do Bioma da Caatinga.
Destacam-se, no estado do Ceará, dois sistemas produtores de chuvas que atingem, marginalmente, o chamado território semiárido: 1) A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que promove intensa pluviosidade no Amapá e no Norte do Pará e Maranhão, e atinge o sertão do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte apenas durante o máximo de sua oscilação no hemisfério Sul entre os meses de fevereiro a abril. Os outros meses do ano tendem a ser secos. 2) A Massa Equatorial Atlântica (mEa), portadora dos ventos alísios úmidos (ventos do quadrante leste), promove intensa precipitação no litoral oriental do Nordeste durante o inverno, porém, poucas chuvas nas áreas a sotavento do Planalto da Borborema. Portanto, o semiárido do Rio Grande do Norte e Ceará tende também a apresentar longas estiagens com curtos períodos chuvosos durante o inverno. A situação sinótica exposta (cf. Brandão, 2014) explica o regime climático de semiaridez que graça sobre a região, porém a característica climática mais penosa para a população sertaneja é a sua irregularidade pluviométrica. Neste caso, existe uma diferença fundamental entre estiagem e o histórico fenômeno da seca. A prolongada estiagem de 7 a 10 meses é um fato climático já esperado pelo sertanejo. Todavia, nos anos em que a ZCIT atua de forma atenuada no hemisfério Sul, não ocorrem chuvas no Ceará durante seu período úmido (fevereiro-abril). Isto implica em mais de ano sem chuvas ou chuvas inexpressivas. Assim, se caracteriza o fenômeno da “seca” que tanto aplica-se a população sertaneja. Os anos atípicos de 2009 e 2010 ilustram, de forma exemplar, esta situação: em 2009, quando o Nordeste Setentrional estava submetido à influência do fenômeno El Niño, a Zona de Convergência Intertropical oscilou de forma acentuada no hemisfério Sul e promoveu chuvas torrenciais, “acima” da normalidade estatisticamente de chuvas mensais no Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, entre os meses de fevereiro e junho.
Tal
evento climático acarretou inundações, perdas de colheita, danos em obras de
infraestrutura como construções, pontes, açudes, estradas etc. Em
contraposição, no ano de 2010, quando o Nordeste Setentrional estava submetido
à influência do fenômeno El Niño, a ZCIT oscilou de forma muito atenuada no
hemisfério Sul e verificou-se o fenômeno da “seca” com precipitações muito
abaixo das normais de chuvas mensais no período úmido nos mesmos estados
referidos. Tal evento acarretou do modo semelhante perdas de colheita com
severa quebra da safra agrícola e morte de animais. Do ponto de vista
geomorfológico, as chuvas concentradas e torrenciais, como as registradas no
período úmido de 2009 que ocorrem em curtos períodos de tempo geram, inclusive,
fluxos de enxurradas com alto potencial erosivo foi caracterizado por intensos
fluxos laminares de escoamento superficial. Após o período da seca, ainda com a
caatinga desfolhada, essas chuvas intensas praticamente não encontram nenhuma
barreira ao chegar ao solo. As folhas ou restos vegetais estão destruídos pela
insolação e altas temperaturas. Isso se intensifica à medida que os terrenos
são degradados historicamente pelo desmatamento climático da caatinga, gerando
um cenário de solos intensamente castigados pari passu por erosão laminar e
linear acelerada, onde os materiais finos são transportados pela erosão
aflorando e mais intensos os aspectos de pedregosidade e rochosidade, numa
pré-condição à implantação de processos de desertificação.
Pedologia representa o estudo dos solos no seu ambiente natural. Geografia física ou fisiografia é o estudo das características naturais existentes na superfície terrestre, ou seja, o estudo das condições da natureza ou paisagem natural da Terra. A superfície da Terra é irregular e varia de um lugar para outro em função da inter-relação dinâmica entre os fatores entre si e geográfica em conjunto com outros fatores. A manifestação local deste produto dinâmica é reconhecida como paisagem (cf. Strahler, 1984; Mcknight, 2005) que é em Geografia um fenômeno de interesse particular, mesmo considerado por muitos ser o objeto de estudo da geografia: Otto Schlüter, Siegfried Passarge, Leo Waibel, Jean Brunes, Carl Sauer, entre outros. Uma das teorias clássicas para explicação da evolução da paisagem como produto da dinâmica da superfície terrestre, é denominada teoria do ciclo geográfico. Este ciclo começa com o soerguimento do relevo, de proporções continentais, através de processos geológicos tais como epirogênese, também de “movimento epirogenético” ou epirogenia, sendo que a epirogênese é um tipo de “movimento tectônico” que consiste no deslocamento vertical da crosta terrestre e acontece em ambos os sentidos: para cima ou para baixo, um fenômeno geológico natural determinado pelas atividades vulcânicas.
Isto
se daria em função da compensação isostática, sendo as formas de relevo
resultantes da interação entre os tipos de rocha e os climas atuantes. Esses
processos permitem o trânsito alívio por diferentes fases. Os fatores de estos
(movimentos, ruídos) processos podem ser classificados em quatro grupos:
fatores geográficos: a paisagem é afetada tanto pela fatores bióticos e
abióticos, que são considerados geográficos só fatores abióticos de origem
exógena, tais como relevo, solo, clima e corpos d`água. O clima, com elementos
como pressão, temperatura, ventos. Água de superfície com a ação do escoamento,
o rio e a ação do mar. O gelo glacial com modelagem, entre outros. Esses são
fatores que ajudam a modelo favorecendo processos de erosão. Fatores bióticos:
o efeito de fatores bióticos no alívio geral, se opõem ao processo de
modelagem, especialmente considerando a vegetação, no entanto, existem poucos
animais que não trabalham com o processo erosivo, como cabras. Fatores
geológicos: como placas tectônicas, o diastrofismo, a orogenia e vulcanismo são
processos construtivos e de origem endógena que se opõem e interromper a
modelagem do ciclo geográfico. Fatores humanos: As atividades humanas sobre o
relevo são muito variáveis, dependendo da atividade desenvolvida neste contexto
e como muitas vezes acontece com os homens é muito difícil generalizar e podem
influenciar a favor ou contra a erosão. Embora os vários fatores que
influenciam a superfície da Terra estão incluídos na dinâmica do chamado “ciclo
geográfico”, fatores geográficos só contribuem para o “ciclo de
desenvolvimento” e seu objetivo finalmente, o peneplano. Enquanto o resto incrustado ao redor dos
fatores biológicos, geológicos e sociais puder interromper ou perturbar o ciclo
de desenvolvimento normal.
Embora
as mudanças climáticas façam parte da história do planeta desde os primórdios,
seus efeitos foram acelerados nos últimos anos pela atividade humana. É o que
alerta José Antonio Marengo, climatologista peruano, coordenador geral de
pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de
Desastres Naturais, órgão brasileiro que estuda o tema. O especialista explica
que algumas das consequências dessas mudanças já podem ser percebidas; apesar
disso, no entanto, ainda é possível implementar medidas que ajudem a reduzir o
impacto que as alterações climáticas geram. Mas o que é exatamente a mudança
climática? E quais são as causas e consequências desse fenômeno? De acordo com
a Organização das Nações Unidas, a mudança climática refere-se a mudanças de
longo prazo nas temperaturas e padrões climáticos. Portanto, diz respeito a todas as alterações
que o clima sofreu em diferentes escalas de tempo, diz o climatologista
peruano, confirma o climatologista peruano. A ONU explica que estas alterações
podem ser naturais (tais como as variações no ciclo solar, por exemplo, mas que
“desde o século 19, as atividades humanas têm sido o principal motor da mudança
climática”. O que causa a mudança climática? O especialista do Cemaden
considera que existem causas naturais e humanas para a mudança climática. Entre
as primeiras, ele menciona a distância entre o Sol e a Terra, que é um processo
astronômico natural, e as erupções vulcânicas, que liberam aerossóis capazes de
bloquear a energia solar. Entre os fatores antropogênicos envolvidos na mudança
climática, Marengo lista a queima de combustíveis fósseis por veículos ou
indústria; o metano liberado por aterros sanitários, pela agricultura e pela
pecuária; e a queima de vegetação ou biomassa como os principais. A Organização
das Nações Unidas (ONU), por sua vez, deixa claro que a geração de energia a
partir de combustíveis fósseis é um motivo de grande preocupação. – “A maior
parte da eletricidade ainda é gerada pela queima de carvão ou gás, que produz
dióxido de carbono e óxido nitroso, potentes gases de efeito estufa que cobrem
o planeta e retêm o calor do Sol”, informa ciosa a entidade. A organização
também adverte sobre as emissões da indústria e das fábricas, principalmente da
queima de combustíveis fósseis para gerar energia para produzir cimento,
componentes eletrônicos ou roupas, por exemplo, todas ações que colaboram com a
mudança climática.
Assinalar
é uma relação ente o sinal e o assinalado, mas não uma concordância. Decerto,
nem toda concordância significa uma espécie de convenientia, tal como se fixou
na definição de verdade. A ela pertence estruturalmente uma espécie de
“perspectiva”. O que é isso em cuja perspectiva concorda aquilo que, na
adaequatio, se relaciona? Ao esclarecer a relação de verdade, deve-se também
considerar a especificidade dos membros da relação. Em que perspectiva
intellectus e res concorda? Será que, em seu modo de ser e em seu conteúdo
essencial, eles proporcionam algo em cuja perspectiva pode concordar? Caso seja
impossível uma igualdade entre eles, por não pertencerem à mesma espécie, não
será, segundo então possível que ambos (intellectus e res) sejam
semelhantes? A partir dessas questões evidencia-se que, para se esclarecer a
estrutura da verdade, não basta simplesmente pressupor esse todo relacional,
mas é preciso reconduzir o questionamento a seu contexto ontológico que
sustenta esse todo como tal. Mas será necessário para isso arrolar toda a
problemática epistemológica referente à relação sujeito-objeto? Ou será que a
análise pode restringir-se à interpretação da “consciência (Bewusstsein)
imanente da verdade”, permanecendo-se, portanto, “na esfera” do sujeito?
Segundo a opinião geralmente calcada na longevidade da história da filosofia, só o conhecimento humano é o que diz respeito ao verdadeiro.
Conhecer,
porém, é julgar. Em todo julgamento, deve distinguir a ação de julgar enquanto
processo psíquico real e o conteúdo julgado enquanto conteúdo ideal. Deste
último, diz-se que é “verdadeiro”. Em contrapartida, o processo psíquico real é
simplesmente dado ou não. O conteúdo ideal do juízo é, pois, o que se acha numa
relação de concordância. E esta diz respeito a um nexo entre o conteúdo ideal
do juízo e a coisa real sobre a qual se julga. Em seu modo de ser, a
concordância é real, ideal ou nenhuma destas? Como se deve apreender
ontologicamente a relação entre o ente ideal e o real simplesmente dado? Essa
relação subsiste e consiste em juízos fáticos não somente entre o conteúdo do
juízo e o objeto real, mas também entre o conteúdo ideal e a ação real de
julgar; e aqui a relação não será manifestamente mais “intrínseca”? Enfim, a
questão é: quando é que o fenômeno da verdade se torna expresso no próprio
conhecimento? Sem dúvida, quando o conhecimento se demonstra como verdadeiro.
É, portanto, a própria verificação de si mesmo que lhe assegura a sua
verdade. No contexto fenomenal dessa verificação, é que a relação de
concordância deve tornar-se visível. O sociólogo não observa a realidade e sim
práticas. O sociólogo, assim como deve ser um homem que sente, não deve ser
jamais um homem que acredita. Questionar a unidade de um sistema de
representações, ou ideologia, a relação imaginária do homem com as suas condições reais de existência, conduz à necessidade de questionar uma
hegemonia e um poder organizacional e, mais concretamente, um poder de
Estado.
O sociólogo só muito raramente é o ideólogo (cf. Eagleton, 1997) da classe dirigente, como ocorre hic et nunc no Ceará. O Estado não satisfaz, no entanto, completamente este atípico sociólogo, mesmo o mais complacente. Ele o desconcerta também, pois manipula a guerra e a diplomacia, vivência do acontecimento e, em sentido inverso, não assegura jamais completamente a unidade de sua prática pedagógica e invariavelmente de seu discurso. Essa unidade vamos encontra-las nas igrejas católicas, pois, o estado do Ceará tem 24.556 igrejas e templos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, criado em 1934 e instalado em 1936 com o nome de Instituto Nacional de Estatística. A Arquidiocese de Fortaleza circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Ceará, possui 140 paróquias e 6 áreas pastorais. O Ceará é um estado estatisticamente com 78,8% de católicos e nas organizações encarregadas de transmitir a ordem social e cultural estabelecida e, mais frequentemente nas escolas do Ensino Médio. Além do mais, quem não está próximo, na maioria dos casos, nem da dominação econômica nem do poder político, pode sentir-se quando exerce sua atividade profissionalmente em organizações com fins específicos independentes do dinheiro e do poder e que desempenham um papel de integração social que não se encontra diretamente a serviço de interesses particulares. A bem da verdade, o “aparelho de reprodução social” em seu ersatz se confunde com o Aparelho de Estado, que produz efeitos de poder político ou com o “aparelho de gestão”.
A
cidade de Fortaleza possui mais igrejas e templos do que hospitais e
instituições de ensino, conforme novos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE). O número de igrejas e templos em Fortaleza
é mais que o dobro de estabelecimentos voltados para saúde, como hospitais,
UBS, UPAs e clínicas. Segundo o instituto, a capital cearense possui: 2337
estabelecimentos com fins educativos; 1573 estabelecimentos voltados para saúde;
4081 igrejas e templos. O resultado de Fortaleza é semelhante que o cenário
nacional. De acordo com o levantamento do IBGE, o Brasil possui mais igrejas e
templos que hospitais e escolas somados. Os novos dados apresentados pelo
instituto trazem, pela primeira vez, todas as coordenadas geográficas e os
tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços cadastrados com a
realização da pesquisa. A grande maioria dos endereços é formada por domicílios
particulares, ou seja, casas e apartamentos. Em segundo lugar estão os
estabelecimentos comerciais com “outras finalidades”, como comércio, prédios
culturais ou públicos. No Ceará, foram mapeados 4,7 milhões de endereços. A
maior parte, 3,8 milhões, eram residências particulares, correspondendo a 80%
dos endereços mapeados pelo IBGE. Cerca de 565 mil endereços no território
cearense são destinados a outras finalidades, entre elas, uso comercial. O
terceiro maior grupo de coordenadas geográficas do estado são as igrejas e
templos: no Ceará são 24.556. Segundo o IBGE, a maior precisão do levantamento
pode ser uma ferramenta importante para o planejamento urbano e para a criação
de políticas públicas específicas. É possível mapear domicílios impactados for
fenômenos ambientais como enchentes, deslizamentos, queimadas e secas. Ou fazer
a contabilização de serviços oferecidos de acordo com a densidade demográfica.
As
maiores revelações científicas nos últimos 500 anos de história social da
ciência gira em torno de cientistas que criaram novas teorias e objetos de
conhecimento. As descobertas de cientistas e sua paixão exagerada pelo
conhecimento permitiram o desenvolvimento e evolução da ciência. Albert
Einstein (1879-1955) é sinônimo de genialidade sendo considerado um dos maiores
cientistas do mundo. Com 26 anos ide idade publicou uma de suas maiores
descobertas, a Teoria da Relatividade. A revolução no mundo da ciência
foi tão grande que o ano ficou conhecido como “O Ano Miraculoso” (1925). Marie
Curie, figura como uma das únicas mulheres que conseguiu driblar a mistagogia
e chegou a receber duas vezes o Prêmio Nobel, sendo a primeira pessoa a
conquistar tal feito. Marie assumiu a escrita francesa do nome quando se mudou
para Paris, depois de formada em medicina em uma universidade polonesa
clandestina que aceitava mulheres para estudar na Sorbonne. Quando tinha 28 anos conheceu Pierre Curie,
que trabalhava em pesquisas elétricas e magnéticas e com ele ganhou seu
primeiro prêmio Nobel, pela descoberta dos elementos químicos polônio e o
rádio. Depois da morte de Pierre Curie morto lamentavelmente em um
atropelamento conseguiu a atenção da comunidade científica. Em 1911, com 42
anos, ganhou o segundo Nobel pelos estudos à radioatividade, quando não haviam
usado O termo. Foi diretora do Instituto de Rádio de Paris e fundou o
Instituto Curie. Não por acaso primeira mulher a lecionar na Sorbonne.
Talvez o primeiro aspecto a ser
discutido, antes enveredarmos pelas questões de dialogismo e de instanciação
propriamente ditas, diga respeito à utilização dos termos relacionados ao
sistema de avaliatividade e sua aplicação em língua portuguesa. O fato de se
utilizar aqui “avaliatividade”, segundo Vian Jr. (2012), em vez de apreciação
ou valoração, ou simplesmente avaliação deve-se primeiramente ao fato essencial
de se evitar inadequados posicionamentos teóricos, além da confusão
terminológica, devida, em parte, à rapidez com que os conceitos foram recebidos
no Brasil e, como diversos estudos proliferam em centros de pesquisa pelo país,
algumas traduções optaram por apreciação, outras por valoração. É mais do que
corriqueiro quando se iniciam aplicações da teoria produzida em língua
estrangeira que é transladada para o idioma português. O mesmo ocorreu, no
final da década de 1990, “com o uso da variável de registro Tenor, em inglês, e
sua tradutibilidade linguística para o português, pelo fato da variável tratar
não só dos participantes do discurso, mas das relações entre estes e os papéis
sendo desempenhados por eles como produtores dos textos”. Parece ter se firmado
o termo relações, constante, inclusive, da lista de termos sistêmico-funcionais
em português. Como se vê, à medida que a teoria vem sendo utilizado nos termos
também vem sendo depurados conforme circulam na “comunidade discursiva”, até
que se chegue ao senso comum e a um item que abarque todo o potencial de
significado e de aplicação no idioma. Nos casos dos termos apreciação ou
valoração, há vários motivos para recusá-los. No caso de “apreciação”, por ser
o melhor correspondente a “appreciation”, um dos três subsistemas de atitude.
Quanto à valoração, tem, primariamente, o sentido de “atribuir valor a algo”, o
que reduz significativamente o escopo envolvido na avaliação, uma vez que,
juntamente ao valor, agregam-se crenças, emoções, afeto, relações sociais e
tantos outros aspectos sociais e certamente políticos; e ainda pelo fato de, no subsistema de apreciação, haver
o termo inglês “valuation”, que, em determinados casos, também poderia ser
traduzido por valoração.
Senso comum ou “conhecimento vulgar”
é a compreensão do mundo resultante da herança fecunda baseada nas experiências
acumuladas por um grupo social. O senso comum descreve as crenças e proposições
que aparecem como normais, sem depender de uma investigação sociológica detalhada
para se alcançar verdades mais profundas, como as científicas. O senso comum é
a forma de conhecimento mais presente no dia a dia das pessoas que não se
preocupam prioritariamente com questões científicas. É uma forma de pensamento superficial,
ou seja, não está preocupado com causas e fundamentos primeiro de algo, apenas
faz afirmações, irrefletidas, imediatas. Isso não quer dizer que não haja
conhecimento científico entre essas pessoas ou que não haja senso comum no
âmbito científico. Bastante atrelado à cultura, o senso comum é
cultivado de geração em geração. Um tipo de conhecimento que se acumula no
nosso cotidiano e é chamado de senso comum é o baseado na tentativa. Outro tipo
de senso comum é a tradição, que, quando instalada, passa de geração para
geração. No senso comum, não há análise profunda e sim uma espontaneidade de
ações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é
natural. Segundo Ander-Egg (1985), o conhecimento popular tem cinco
características principais. Ele seria superficial, por contentar-se com as
aparências; sensitivo, por estar intimamente ligado à percepção; subjetivo, por
se tratar pragmaticamente de vivências e experiências organizadas psicologicamente pelo próprio
sujeito; assistemático, por não buscar uma sistematização ou compilação de
ideias; e acrítico, por se referir a um conhecimento provisório que nem sempre busca uma
devida reflexão sobre suas ações sociais.
Além
disso, o senso comum pode apresentar semelhanças com o saber científico,
se for levado em consideração que ambos são verificáveis, por haver a
possibilidade do experimento para a comprovação de determinada hipótese, e, por
serem verificáveis, são considerados falíveis, tendo em vista que a hipótese
pode não ser considerada adequada e, portanto, não exatos. Existem pessoas que
confundem senso comum com crença, embora sejam coisas bem diferentes. Senso
comum é aquilo que aprendemos em nosso dia a dia e que não precisamos
aprofundar para obter resultados, como por exemplo: uma pessoa vai atravessar
uma pista; ela olha para os dois lados, mas não precisa calcular a velocidade
média, a distância, ou o atrito estridente que o automóvel exerce sobre
o solo. Ela simplesmente olha e decide se dá para atravessar ou se deve
esperar. O senso comum não é a atitude tomada em si, mas sim a concepção e a
perspectiva criada pela pessoa sem a real intervenção do indivíduo. Logo, o
senso comum é um ato de interagir, sentir e pensar que tem sua dinãmica própria em raízes culturais e sociais.
Também fazem parte do senso comum os conselhos e ditos populares que são tidos
como verdades e absolutas e, como tal, seguidos pelos costumes arraigados do povo. Por exemplo: “deve-se
cortar os cabelos na Lua crescente para que cresçam mais rápido”.
Marie
Skłodowska-Curie, nascida Maria Salomea Skłodowska em Varsóvia, em 7 de
novembro de 1867 e falecida em Passy, em 4 de julho de 1934, foi uma física e
química polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade.
Foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa e
a única mulher a ganhá-lo duas vezes, além de ser a única pessoa a ganhar o
Prêmio Nobel em dois campos científicos. Teve papel fundamental no legado da
família Curie, de cinco prêmios Nobel. Também foi a primeira mulher a se tornar
professora na Universidade de Paris e, em 1995, se tornou a primeira mulher a
ser sepultada por seus próprios méritos no Panteão de Paris. Nascida em
Varsóvia, no Reino da Polônia, parte do Império Russo, ela estudou na
clandestina Universidade Volante de Varsóvia e iniciou seu treinamento
científico nesta cidade. Em 1891, aos 24 anos, seguiu sua irmã mais velha,
Bronisława, para estudar em Paris, onde obteve seus diplomas superiores e
conduziu seus trabalhos subsequentes. Ela compartilhou o Prêmio Nobel de Física
de 1903 com seu marido, Pierre Curie (1859-1906), e com o físico Henri
Becquerel (1852-1908). Ela também ganhou o Prêmio Nobel de Química de 1911. Suas
realizações incluem o desenvolvimento da teoria da radioatividade, técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta dos
elementos polônio e rádio. Sob sua direção, foram conduzidos os
primeiros estudos para o tratamento de neoplasias usando isótopos
radioativos.
Ela
fundou o Instituto Curie em Paris e sua contraparte em Varsóvia, que continuam
sendo grandes centros de pesquisa médica. Durante a 1ª guerra mundial
(1914-1918), ela desenvolveu “unidades de radiografia móvel” para fornecer
serviços de raio-X a hospitais de campanha. Apesar de ter-se tornado cidadã
francesa, Marie Skłodowska-Curie, que usava os dois sobrenomes, nunca perdeu o
senso de identidade polonesa. Ela ensinou às filhas a língua polonesa e as
levava em visitas à Polônia. Ela nomeou o primeiro elemento químico que
descobriu, polônio, em homenagem ao seu país natal. Marie Curie morreu
em 1934, aos 66 anos, em um sanatório em Sancellemoz (Alta Saboia), na França,
de anemia aplástica, causada por exposição à radiação durante sua
pesquisa científica e seu trabalho radiológico em hospitais de campanha durante
a 1ª guerra mundial. Tanto no lado paterno quanto no materno de direitos civis,
a família perdeu suas propriedades e fortúnio devido a envolvimentos
patrióticos em levantes nacionais que buscavam restaurar a Independência da
Polônia, sendo o mais recente a Revolta de Janeiro, de 1863 a 1865. A política
condenou a geração subsequente, incluindo Marie e irmãos mais velhos, a difícil luta para progredir na vida socialmente.
A
cristalografia é uma ciência relativamente recente. Foi René Just Haüy
(1743-1822), que viveu nos finais do século XVIII, princípios do século XIX,
quem conseguiu que a cristalografia se tornasse uma ciência matemática exata, a
partir da classificação de cristais de determinadas formas. Christian Westfeld
(1746-1823) definiu o conceito de “célula unitária”. Christian Weiss
(1780-1856) classificou os cristais nos diferentes sistemas cristalográficos
que são utilizados, e em 1848, Auguste Bravais (1811-1863) demonstrou que
existem apenas 14 maneiras diferentes de preencher todo o espaço com unidades
que se repetem e que não deixem vazios ou sobreposições, essas unidades são
reconhecidas como redes de Bravais. É a denominação dada às configurações
básicas que resultam da combinação dos sistemas de cristalização com a
disposição das partículas em cada uma das células unitárias de uma estrutura
cristalina, sendo estas células entendidas como os paralelepípedos que
constituem a menor subdivisão de uma rede cristalina que conserva as
características de todo o retículo, permitindo que por simples replicação da
mesma se possa reconstruir o sólido cristalino completo. Para além da sua
utilização prática em cristalografia, suas redes de Bravais constituem uma importante
técnica de análise tridimensional em geometria euclidiana. A cristalografia tem
por objetivo essencialmente o conhecimento da estrutura dos materiais a nível
atômico, independentemente do seu estado físico e de sua origem, e das relações
entre essa estrutura e suas propriedades.
Esta
definição foi se estabelecendo a partir de 1911, quando a primeira experiência
de difração de raios-X foi realizada no laboratório de Max von Laue tendo como
resultado duas descobertas fundamentais: a natureza eletromagnética dos raios-X
e a natureza descontínua da matéria. Estabeleceu-se, desta forma, o fato de
todos os materiais serem constituídos por átomos e/ou moléculas que, nos
cristais, apresentam distribuição periódica tridimensional definindo uma rede
tridimensional de difração para raios-X de comprimento de onda da ordem de 1Å,
o retículo cristalino. Entretanto, materiais que apresentam ordem apenas bi ou
monodimensional apresentam padrões de difração típicos e podem ser analisados
por técnicas difratométricas. Finalmente, partículas de dimensões adequadas,
dispersas em um meio de densidade eletrônica diferente, apresentam efeitos de
espalhamento que podem ser observados utilizando-se a técnica de espalhamento
de raios-X a baixo ângulo, usualmente conhecida por sua sigla SAXS. Nêutrons ou
elétrons, com comprimento de onda associado adequado, também são utilizados com
a finalidade de caracterização estruturalmente de materiais. Para marcar o
centenário de debates globalizados da cristalografia moderna, foi celebrado em
2014 o Ano Internacional da Cristalografia por decisão da Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em reconhecimento da cristalografia para a compreensão
da natureza e ao impacto dessa ciência no mundo contemporâneo global.
O
primeiro uso registrado da categoria social e técnico-científica Revolução
Industrial parece ter sido utilizado em uma carta de 6 de julho de 1799
escrita pelo francês Louis-Guillaume Otto (1754-1817), anunciando que a França
havia entrado na corrida para industrializar. Em seu livro Keywords: A
Vocabulary of Culture and Society, de 1976, Raymond Williams afirma na
entrada para indústria: “A ideia de uma nova ordem social baseada em grandes
mudanças industriais era clara em Southey e Owen, entre 1811 e 1818, e estava
implícita já em Blake no início da década de 1790 e Wordsworth na virada do
século XIX”. O termo Revolução Industrial aplicado à mudança tecnológica estava
se tornando mais comum no final da década de 1830, como na descrição de
Jérôme-Adolphe Blanqui em 1837 de “la Révolution Industrielles”. Friedrich
Engels em sua obra A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, de
1844-45 descreveu “uma revolução industrial, uma revolução que ao mesmo tempo
mudou toda a sociedade civil”. No entanto, embora Engels tenha escrito seu
livro na década de 1840, ele não foi traduzido para o inglês até 1800, e sua expressão não entrou na linguagem cotidiana. O crédito
por popularizar o termo, comunicativamente pode ser a Arnold Toynbee
(1889-1975), cujas palestras de 1881 deram um relato etnográfico detalhado do
termo.
Revolução
Industrial, também chamada de Primeira Revolução Industrial, foi a transição
para novos processos de produção, na Grã-Bretanha, na Europa continental e nos
Estados Unidos da América, a partir de 1760 até algum desprendimento entre 1820
e 1840. Essa transição incluiu a passagem de métodos de produção manual para a
produção mecânica, novos processos de fabricação de produtos químicos e
metalúrgicos, o uso de energia a vapor e hidráulica, o desenvolvimento de
máquinas-ferramentas e a ascensão do sistema fabril mecanizado. Além do aumento
da produção, houve também, nesse período, um crescimento populacional sem
precedentes. A indústria têxtil foi dominante da Revolução Industrial, em
termos de geração de emprego, valor da produção e volume de capital, além de
também ter sido a primeira a usar os novos métodos e técnicas. Historicamente
começou na Grã-Bretanha, onde também foram introduzidas as mais significativas
inovações tecnológicas e arquitetônicas. Em meados do século XVIII, o Reino
Unido, formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, é uma
nação insular situada no Noroeste da Europa e a principal nação do mundo,
controlando um império comercial global com colônias na América do Norte e no
Caribe, além de hegemonia militar na Índia;
particular com o proto-industrializado Mughal Bengal, através das
atividades da Companhia das Índias Orientais.
O
desenvolvimento do comércio e a ascensão dos negócios estavam entre as
principais causas da Revolução Industrial, que marcou uma grande virada na
história econômica. Comparável apenas à adoção da agricultura pela humanidade
no que diz respeito ao avanço material, a Revolução Industrial influenciou
quase todos os aspectos políticos da vida cotidiana. Em particular, a renda
média e a dimensão extraordinária de aumento da população rural e urbana começaram
a apresentar um crescimento sustentado sem precedentes. Alguns economistas
disseram que o efeito de poder de compra mais importante da Revolução
Industrial foi que o padrão de vida da população em geral no mundo ocidental
começou a aumentar consistentemente pela primeira vez na história, embora
outros tenham dito que não começou a melhorar significativamente até finais dos
séculos XIX e XX. O Produto Interno Bruto per capita era amplamente
estável antes do surgimento da economia capitalista moderna, sendo que a
Revolução Industrial iniciou uma nova Era de crescimento econômico analogamente
per capita nas economias capitalistas. Os historiadores concordam que o
início da Revolução Industrial é o evento claro na história da
humanidade desde a domesticação de animais e plantas.
A
domesticação representa um processo coevolutivo, mutualístico, biocultural e
multigeracional, tecnologicamente “no qual humanos assumem significativos
níveis de controle sobre a reprodução e cuidado de plantas e/ou animais com
objetivo de assegurar suprimentos mais previsíveis de recursos de interesse e
pelo qual plantas e animais são capazes de aumentar seu sucesso reprodutivo
sobre indivíduos que não participam dessa relação, portanto, aumentando o
fitness de ambos: humanos e domesticados”. Contudo, autores, como David Rindos
(1947-1996), sugerem que esse tipo de emprego de relação ecológica pode ser
travadas entre outras espécies além da humana. Graduou-se em Sociologia pela
Universidade Cornell em 1969. Trabalhou nas organizações Volunteers in
Service to America e New York Public Interest Research Group. Em
1976, atuou na área da paleoetnobotânica no Projeto Alambra no Chipre, e
em 1977 trabalhou no Projeto Arqueológico de Sula Valley em Honduras.
Depois voltou a Cornell e tornou-se Mestre em Botânica em 1980 e Doutor
em Antropologia e Biologia Evolutiva em 1981.
O
processo de domesticação de plantas e animais é um fenômeno mais antigo do que
a Revolução Neolítica, sendo a domesticação de lobos em cães o primeiro
exemplo reconhecido, sua data, no entanto, é discutível: alguns autores datam
em cerca de 12 mil AP, outros em cerca de 33 mil AP e outros ainda em cerca de
135 mil AP. Os gatos podem ter sido domesticados no intervalo entre 12 mil e 9 mil
AP. Antes do presente (AP) é uma marcação de tempo utilizada na
arqueologia, paleontologia e geologia, que tem como base de referência o ano base
de 1950 d.C. Outros exemplos de animais domésticos são respectivamente o
cavalo, vaca, porco, cabra, coelho, ovelha, alguns roedores como o hamster e o
porquinho-da-índia e várias aves como a galinha. Muitos deles são utilizados na
pecuária. A domesticação acompanha a História da civilização, sendo
benéfica na história da humanidade para seu desenvolvimento, porém é
extremamente prejudicial à natureza e à ecologia, já que, biologicamente em
contraste com a seleção natural, a domesticação provoca seleção artificial de
alguns seres vivos em detrimento de outros que o ser procura eliminar por
considerar hostis à sua sobrevivência. A domesticação, desse modo é fator de
redução da biodiversidade. A agricultura vista como praga
biológica acarreta uma devastação extraordinariamente violenta de florestas naturais e em seu lugar são
instaladas monoculturas. O habitat e os alimentos de animais selvagens
são dessa forma exemplarmente destruídos.
O
início e o fim precisos da Revolução Industrial ainda são debatidos entre os
historiadores, assim como o ritmo das mudanças econômicas e sociais. O
historiador marxista Eric Hobsbawm infere que a Revolução Industrial começou na
Grã-Bretanha na década de 1780 e não foi totalmente sentida até a década de
1830 ou 1840, enquanto T. S. Ashton sustentou a hipótese que ocorreu
aproximadamente entre 1760 e 1830. A rápida industrialização começou na
Grã-Bretanha, começando com a fiação mecanizada na década de 1780, com altas
taxas de crescimento na energia a vapor e na produção de ferro após 1800. A
produção têxtil mecanizada se espalhou da Grã-Bretanha para a Europa
continental e os Estados Unidos no início do século XIX, com importantes
centros de têxteis, de ferro e de carvão surgindo na Bélgica e nos Estados
Unidos e, posteriormente, na França. Uma recessão econômica ocorreu do final da
década de 1830 ao início da década de 1840, quando a adoção das primeiras
inovações da Revolução Industrial, como fiação e tecelagem mecanizada,
desaceleraram e seus mercados amadureceram. Inovações desenvolvidas no final do
período, como a crescente adoção de locomotivas, navios a vapor e fundição de
ferro a quente. Novas tecnologias, como o telégrafo elétrico, amplamente
introduzidas nas décadas de 1840 e 1850, não eram poderosas o suficiente para
impulsionar altas taxas de crescimento econômico, que começaram a ocorrer
apenas a partir de 1870, decorrente de um novo conjunto de inovações no que se
convencionou chamar, na história da economia mundial, de Segunda Revolução
Industrial. Essas inovações incluíram novos processos de fabricação de aço,
produção em massa, linhas de montagem, sistemas de rede elétrica, fabricação em
larga escala de máquinas-ferramentas e o uso de máquinas cada vez mais
avançadas em fábricas movidas a vapor.
Historiadores econômicos e autores, como Mendels e Kenneth Pomeranz (2001), argumentam que a “protoindustrialização” em partes da Europa, mundo islâmico, Império Mogol e China criaram as condições sociais e econômicas que levaram à Revolução Industrial, causando assim a Grande Divergência. Alguns historiadores, como John Clapham (1873-1946) e Nicholas Crafts (1949-2023), economista britânico reconhecido por suas contribuições à história econômica, em particular à Revolução Industrial, argumentaram que as mudanças econômicas e sociais ocorreram gradualmente e que o termo revolução é equívoco. Este ainda é um assunto de debate entre alguns historiadores. Até a década de 1980, os historiadores acadêmicos acreditavam universalmente que a inovação tecnológica era o coração da Revolução Industrial e que a principal tecnologia capacitadora era a invenção e o aprimoramento da máquina a vapor. O professor Ronald Fullerton sugeriu que técnicas de marketing, práticas de negócios e concorrência também influenciaram as mudanças na indústria manufatureira. Lewis Mumford (1895-1990) propôs que a Revolução Industrial teve suas origens no início da Idade Média, muito antes da maioria das estimativas na historiografia. Ele explica que o modelo para a produção em massa padronizada era a imprensa tipográfica e que “o modelo arquetípico da era industrial era o relógio”.
Ele também cita a ênfase disciplinar monástica na ordem e na cronometragem, bem como o fato de as cidades medievais terem igreja com sinos tocando em intervalos regulares como sendo precursores de uma maior sincronização necessária para manifestações posteriores, mais físicas, como como a máquina a vapor. Foi historiador das técnicas e da cultura, sociólogo e analista do urbanismo contemporâneo. A sua obra multifacetada abrange mais de seis décadas, e a sua vida repartiu-se pelo estudo do pensamento utopista com a História das Utopias (1922), da evolução paranoica da sociedade industrial com o livro The Myth of the Machine (1967-70), das etapas essenciais da transformação humana: In the Name of Sanity (1954), e As Transformações do Homem (1956) e das cidades em The Culture of Cities (1938) e The City in History (1961). Entre os anos 1930 e 1960, colaborou, como crítico e publicista, com a New Republic, uma revista estadunidense de comentários sobre política, cultura contemporânea e artes. Fundado em 1914 por vários líderes do movimento progressista, tentou encontrar um equilíbrio entre um progressismo humanitário e um cientificismo intelectual e, por fim, descartou este último. Durante as décadas de 1980 e 1990, a revista incorporou elementos da chamada Terceira Via e do conservadorismo, e a New Yorker, uma revista norte-americana que publica críticas, ensaios, reportagens investigativas e também ficção. Anteriormente de periodicidade semanal, a revista é atualmente publicada 47 vezes por ano, sendo que cinco dessas edições são quinzenais.
Ainda
que basicamente dedicada à cobertura da vida cultural da cidade de Nova Iorque,
o que não é pouco, do ponto de vista comunicativo, a revista tem ampla
audiência fora da cidade em razão da qualidade de seu jornalismo. Sua
característica urbana e cosmopolita é exemplificada pela seção: Talk of the
Town, que oferece interessantes comentários sobre a vida da cidade, cultura
popular e o “humor inteligente e perspicaz” de suas histórias curtas e das
famosas charges. Em meados do século XX, popularizou a crônica como gênero
literário nos Estados Unidos. No meio jornalístico, The New Yorker
desfruta da reputação de possuir uma das melhores equipes de apuração de fatos
e de edição na indústria editorial. Leccionou na Universidade de Stanford,
afirmando-se como “teorizador generalista” num meio de trabalho primus inter
pares de domínio das especializações acadêmicas. Autor comprometido e
visionário num tempo em que a civilização perdera o rumo, defendia uma
renovação do Homem, em nome do vital e do genuíno, e o recentramento do ser
deslumbrado pela evolução tecnológica. A presença de um mercado econômico
europeu de produtos domésticos também deve ser considerada um importante
impulsionador da Revolução Industrial, explicando particularmente por que ela
ocorreu na Grã-Bretanha.
Em
outras nações, como a França, mutatis mutandis, os mercados eram
divididos por regiões locais, que muitas vezes impunham pedágios e tarifas
sobre mercadorias comercializadas entre elas. A concessão dos governos de
monopólios limitados aos inventores sob um sistema de patentes em
desenvolvimento, o Estatuto dos Monopólios em 1623 é considerado um
fator econômico influente. Os efeitos das patentes sobre as invenções, bons e
ruins, no desenvolvimento da industrialização são claramente ilustrados na
história da máquina a vapor, a principal tecnologia facilitadora. Em troca de
revelar publicamente o funcionamento de uma invenção, o sistema de patentes
recompensava inventores como James Watt (1736-1819), permitindo-lhes
monopolizar a produção e desempenho industrial das primeiras máquinas a vapor,
recompensando assim os inventores e aumentando o ritmo do desenvolvimento per
se tecnológico. No entanto, os monopólios trazem consigo suas próprias
ineficiências que podem contrabalançar, ou mesmo desequilibrar, os efeitos
benéficos de divulgar a engenhosidade e recompensar os inventores. O monopólio
de Watt impediu que outros inventores, comparativamente, como Richard
Trevithick (1771-1833), William Murdoch (1873-1912) ou Jonathan Hornblower
(1753-1815), a quem Boulton e Watt processaram, introduzissem motores a vapor
aprimorados, retardando assim a disseminação da produção da energia a vapor.
A
industrialização moderna começou na Inglaterra e na Escócia no século XVIII,
onde havia níveis relativamente altos de processos de alfabetização entre os
agricultores, especialmente na Escócia. Isso permitiu o recrutamento de
artesãos alfabetizados, trabalhadores qualificados, capatazes e gerentes que
supervisionavam as fábricas têxteis e a utilização de minas emergentes de
carvão. Grande parte do trabalho ainda não era qualificado e, especialmente nas
fábricas têxteis, crianças de até oito anos “se mostravam úteis para lidar com
as tarefas domésticas e aumentar a renda familiar”. De fato, as crianças foram
retiradas da escola para trabalhar ao lado de seus pais nas fábricas. No
entanto, em meados do século XIX, forças de trabalho não qualificadas eram
comuns na Europa Ocidental e a indústria britânica cresceu, precisando de muito
mais engenheiros e trabalhadores qualificados que pudessem lidar com instruções
técnicas e, portanto, lidar com situações complexas nas relações de tecnologia.
A alfabetização era essencial para ser contratado. A invenção tecnológica da
máquina de papel e a subsequente aplicação da energia a vapor aos processos
técnicos industriais de impressão apoiaram uma expansão maciça europeia da
publicação de jornais e panfletos, o que contribuiu para aumentar a
alfabetização e as demandas de comunicação por participação política em massa.
Bibliografia
Geral Consultada.
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