“A água não era apenas transparente, mas deslumbrantemente, brilhantemente transparente”. Mark Twain (1871)
Uma tese elementar da “modernização reflexiva”, que representa a questão recursiva do ponto de vista da análise do filme: “Romance em Alturas” (2020) afirma o seguinte: quanto mais as sociedades são modernizadas, mais os agentes (sujeitos) adquirem a capacidade de refletir sobre as condições sociais de sua existência e, assim, modificá-las. Essa tese apresenta variações no ensaio: Modernização Reflexiva. Política, Tradição e Estética na Ordem Social Moderna, de Ulrich Beck, Anthony Giddens e Scott Lash (2012), quando é considerada pelas suas consequências para as teorias da mudança social nas áreas da cultura e da tradição (Giddens), da estetização e da economia (Lash) e da política e subpolítica (Beck). Dessa maneira, a controvérsia entre os modernistas e os pós-modernistas é superada por um terceiro caminho, a saber: a modernização reflexiva. Entretanto, o que o conceito significa certamente também é controvertido, mesmo entre os autores que abraçam esta questão. Antes de abordarmos a questão da distinção entre “reflexão” (conhecimento) e “reflexividade” (autodissolução) essas diferenças e contrastes podem ser elaborados como respostas para quatro indagações. Primeira, quem é o sujeito da modernização reflexiva? Neste caso as respostas variam: os sujeitos principais da modernização reflexiva são os agentes individuais e coletivos ou os cientistas e as pessoas comuns, as instituições e as organizações e também as estruturas. Segunda, qual é o meio da modernização reflexiva? A resposta parece ser o conhecimento em suas várias formas reais, como reconhecimento científico, reconhecimento especializado, reconhecimento do dia a dia. Temos aí uma aporia, na verdade, o oposto absoluto se afirma: o não conhecimento, o dinamismo inerente, o não visto e o não desejado.
Terceira, quais são as consequências da modernização reflexiva? Isto parece ser menos discutido. Giddens concentra-se na “desincorporação” e na “reincorporação”, Beck na individualização, enquanto Lash se concentra na estetização e nas formações comunitárias, mas isto, evidentemente, inclui também reações no espectro social do esoterismo, dos movimentos religiosos, dos novos movimentos sociais ou do neonacionalismo, juntamente com a invenção do político após o fim do conflito Oriente-Ocidente. Uma quarta pergunta, qual é a considerado o motor da modernização reflexiva? – também é respondida pelos autores dos ensaios contidos no livro, sem controvérsia, se interpretarem as coisas de maneira adequada, quer dizer, não uma nova modernização, mas aquela conhecida no modelo da sociedade industrial (capitalista, democrático), como Anthony Giddens demonstra no livro As Consequências da Modernidade (1990) – está se tornando global ou, simplesmente, reflexiva. Em relação à pergunta dos agentes (sujeitos), as ênfases são colocadas diferentemente nos vários esboços teóricos. Ao enfatizar a dimensão estética, Lash parece ter seu interesse mais voltado para os agentes individuais (e sociais), enquanto Anthony Giddens lida tanto adicional quanto centralmente com mo papel dos “sistemas especialistas” e com a “reflexividade institucional”. Para Ulrich, as estruturas mudam as estruturas, pelas quais se torna possível e obrigatória a ação.
O neonacionalismo é considerado um fenômeno da Europa Ocidental. Ele tem suas origens no período pós- Guerra Fria e as mudanças que a terceira fase da globalização trouxe aos estados da Europa Ocidental. A integração e o alargamento da União Europeia deram origem a uma série de mudanças econômicas, sociais e políticas, causando incertezas em nível individual e coletivo das sociedades. O empoderamento da União Europeia, ampliando seus membros e os referendos sobre a Constituição da União Europeia, formou a ideia de um quase-estado transnacional e de uma nação global sob democracia liberal como a ideologia política única que governa esse estado transnacional. Depois que o referendo sobre o Tratado para estabelecer uma Constituição para a Europa foi rejeitado, a delegação de soberania nacional na União Europeia foi vista pelos neonacionalistas como um ato estratégico que visa à acumulação de poder que compromete a soberania nacional dos Estados e seus direitos de autodeterminação. Os eventos dramáticos que marcaram o mundo islâmico na década de 1980, e per se como a Revolução no Irã, o assassinato do presidente egípcio e a morte do presidente do Paquistão, deram início ao aumento populacional da imigração para os países da Europa Ocidental. Os problemas que os imigrantes encontraram em relação à recepção planejada para sua iminente chegada, acomodação e integração doméstica do Estado anfitrião motivaram a reestruturação física da política e de ajustes governamentais de políticas públicas regionais que integravam a diversidade de imigrantes.
A inclusão social de princípios “estrangeiros”
próximos aos elementos tradicionais que constituem o caráter do Estado
anfitrião como critério de política levou ao sentimento da ameaça que o neonacionalista
sentia. Esse processo de enquadramento como “islamização” se transformou no
fator social explicativo para um comportamento coletivo defensivo específico,
além de declarada xenofobia. Os conflitos e a violência que se seguiram após a
desestabilização política em alguns dos Estados islâmicos levaram à
categorização do Islã como tendo um caráter antidemocrático, que está em aparente
desacordo com a democracia liberal ocidental. Após os ataques de 11 de Setembro
(2001), essa imagem do Islã se tornou dominante. O sentimento da “ameaça
islâmica” às sociedades modernas e sua cultura que se espalhou pelos estados da
Europa Ocidental resultou no aumento da consciência e do orgulho nacional em
termos de cultura e folclore, e na necessidade de proteger a identidade
cultural nacional. O neonacionalismo é o sucessor do nacionalismo clássico.
Tanto nacionalistas quanto neonacionalistas veem a nação como uma família, mas
diferem nos critérios da afiliação. O Estado e a nação como representação da família
cujos membros são indissociáveis na homogeneidade étnica, racial, genético,
religiosa ou cultural como critérios de pertencimento. Eles tomam a associação
histórica como o principal fator social para a concessão de filiação à família
nacional, o que a torna inclusiva e fundamentalmente diferente de seus
predecessores relativamente em termos condicioonados de inclusão. Com o nacionalismo clássico, o neonacionalismo
não exige etnia e raça para estruturar uma ordem hierárquica em termos do que é
“certo” e “errado”.
A principal distinção que faz com que os neonacionalistas se afastem de seus antecessores é sua posição social sobre as diferenças e a relação entre diversos grupos e comportamento. No cerne do nacionalismo romântico tradicional, reside a noção política de desempenho correto da “supremacia branca” base nos princípios estabelecidos pelo Ocidente, que servem como padrão universal de condutas e modelo de aplicação universal sobre o qual as ações e colonizações missionárias tiveram êxito. recebeu justificativa no passado. Em contraste, os neonacionalistas sustentam que o comportamento correto entre os membros da sociedade civil se baseia na reciprocidade. As diferenças não devem ser enquadradas como um problema que requer ação a ser superada. Como as diferenças são naturalmente dadas e fazem parte da identidade do indivíduo e do coletivo, elas devem ser integradas à sociedade civil com base em tolerância e respeito mútuos, sem serem hierarquicamente ordenadas, produzindo reivindicações normativas e categorizando “bom ou ruim”. Com base na tolerância social e respeito entre os diversos grupos sociais, os neonacionalistas sustentam que os migrantes devem receber direitos básicos de viver de acordo com seu próprio contexto culturalmente, mas, ao mesmo tempo, espera-se que eles se integrem à sociedade civil doméstica adotando os princípios básicos da cultura ocidental. O neonacionalismo está em forte defesa da questão de igualdade de gênero. Baseado no Código islâmico que não coloca homens e mulheres em igualdade cultural e determina a “homossexualidade”, um pecado, a cultura insiste na integração dos muçulmanos que desejam ingressar nos países da Europa Ocidental com os princípios modernos da igualdade de gênero.
Na cena fílmica Eden retorna ao Lago Tahoe, onde ela passou os verões crescendo e se reencontra com um amigo de infância. O romantismo, também reconhecido como “movimento romântico” ou definidor de uma Era romântica, é um movimento artístico e intelectual que se originou na Europa no final do século XVIII. Na maior parte da Europa, atingiu o seu auge entre aproximadamente no período entre 1800 e 1850. O romantismo caracterizou-se pela ênfase na emoção e individualismo, bem como na glorificação do passado e da própria natureza, preferindo o medieval ao clássico. Ele foi em parte uma reação à Revolução Industrial e à ideologia predominante do Iluminismo, especialmente a racionalização científica da Natureza. Foi incorporado mais fortemente nas artes visuais, na música e na literatura; também teve um grande impacto na historiografia, na educação, no xadrez, nas ciências sociais e nas ciências naturais. O movimento enfatizou a emoção intensa como uma fonte autêntica de experiência estética. Concedeu uma nova importância às experiências de simpatia, admiração social, admiração e terror, em parte ao naturalizar essas instintivas emoções como respostas ao belo e ao sublime. Os românticos enfatizaram a nobreza da arte popularmente e das práticas culturais antigas, mas também defenderam a política radicalmente, o comportamento não convencional e a espontaneidade autêntica. Em contraste com o racionalismo e o classicismo, o Romantismo reviveu o medievalismo e justapôs uma concepção pastoral de um passado europeu mais autêntico, com uma visão crítica das mudanças sociais recentes, incluindo as relações sociais mediante a dinâmica da “explosão” da urbanização, provocadas pela esfera global da Revolução Industrial.
O conjunto de palavras com raiz etimológica
“romana” nas diversas línguas europeias, como “romance” e “romanesco”, tem uma
história culturalmente erigida na complexidade. No século XVIII, as línguas
europeias, nomeadamente o alemão, o inglês, o francês e o russo, utilizavam o
termo “romance” no sentido de uma obra de ficção narrativa popular, como uma novela.
Este uso derivou do termo “línguas românicas”, que se refere à linguagem
vernácula ou popular em contraste com o latim formal. A maioria desses romances
assumiu a forma de “romance de cavalaria”, contos de aventura, devoção e honra.
O conceito de “romântico”, em inglês romantick e em alemão romantisch,
ligadas assim aos “romances medievais”, surgiu anteriormente ao conceito “romantismo”
como uma escola literária definida; progressivamente no século XVIII, histórias
de horror e amor passaram a se associar aos “romances de cavalaria”, formando
uma conotação de “gênero sentimental”, e o campo semântico do adjetivo passou a
indicar aquilo que tinha características de narrativa. E no século XVII, “Romantische”
também foi uma palavra com utilidade de uso para se referir a pinturas de
paisagem, evocando suas qualidades emotivas. Foi com a crítica literária de
pensadores alemães no final do século XVIII que ganhou corpo o seu significado
secundário, e comparativamente de “crítico à civilização” ou à sociedade, ao
mesmo tempo tornando-o uma categoria histórica-filosófica, em que se situava o “romântico”
em contraposição ao “clássico” da Antiguidade. Enfim, passou a ser considerado
um tipo distinto de gênero literário e artístico em geral na sociedade.
Os romances ou “novelas de
cavalaria”, segundo as designações modernas ou ainda livros de cavalaria, segundo
a designação antiga, representam um gênero literário que se encontra,
principalmente, em prosa, mas havendo também exemplares em verso, escritos na
Época Medieval, com grande sucesso e popularidade na Espanha e, em menor
medida, em Portugal, França e Península Itálica no século XVI E.C. A expressão Era
Comum é uma alternativa para os mais publicamente usados d. C e a. C, já
que Era Comum não faz explicitamente o uso de títulos religiosos para Jesus,
como Cristo ou Senhor, que são utilizados nas notações a. C e d. C,
respectivamente. Eram histórias fantásticas que contavam as proezas e façanhas
de um herói e a busca pelo seu amor. De carácter místico e simbólico, relatam
aventuras penetradas de espiritualidade cristã e subordinam-se a um ideal
místico, que sublima o amor profundo. Eles surgem no final do séc. XV, sendo o
último exemplar original (Boecia Policisne) publicado em 1602. Deixaram
de estar na moda a partir de 1550, e Miguel de Cervantes, no séc. XVII, decide
satirizá-los ao escrever um dos maiores clássicos da literatura ocidental, Dom
Quixote. Quer dizer, a imagem que temos da Idade Média é bastante mais
influenciada pelo romance de cavalaria do que por qualquer outro género
literário medieval. Quando pensamos em Época Medieval vem-nos logo à cabeça a
imagem dos cavaleiros, das donzelas em perigo, dos dragões e monstros e tudo
isso se encontra nos romances de cavalaria. Originalmente, os romances de
cavalaria foram escritos em francês antigo, anglo-normando, occitano,
franco-provençal e depois em português, castelhano, inglês, italiano (“Poesia
siciliana”) e alemão. Durante o início do séc. XIII, as chamadas “novelas de
cavalaria” foram cada vez mais escritas em prosa. Nos romances posteriores a
esse século, particularmente os de origem francesa, há uma marcada tendência
para enfatizar os temas do “amor cortês”, tais como os de fidelidade na
adversidade social.
Considera-se
que três obras declaradamente programáticas foram fundantes do romantismo no
ano de 1798: O Pólen de Novalis; os Fragmentos de Friedrich Schlegel
na revista Athenaeum, e as Baladas Líricas de Wordsworth e Coleridge. Athenaeum
foi uma revista literária alemã fundada em 1798 por August Wilhelm Schlegel
(1767-1845) e Karl Wilhelm Friedrich Schlegel (1772-1829) em Berlim. É
considerada a publicação que fundou o movimento romântico alemão em seus
primórdios. Seu último número foi publicado em 1800. A partir de 1803 foi bem sucedida
pela revista Europa de Friedrich Schlegel. Apesar de chamados de “classicistas
de Weimar”, foram Christoph Wieland, Johann Gottfried Herder, Johann Wolfgang
(von) Goethe e Friedrich (von) Schiller que lançaram o termo romantisch
em uma grande discussão literária na Alemanha. Goethe afirma que fora ele e
Schiller que inventaram a distinção entre classicismo e romantismo e,
apesar de suas diversas críticas analíticas contra o romantismo em vida,
importantes obras de Goethe foram consideradas românticas ou serviram de
plataforma inspiradora para o romantismo. Inicialmente, toda poesia de uma
tradição que não derivava da clássica e que emergia a fim aos temas da cavalaria
e do cristianismo era chamada de romântica, o que se encontra nos
primeiros compêndios de história da literatura, como os de Johann Gottfried
Eichhorn (1799) e de Friedrich Bouterwek (1801-1805). Este último utilizou o
termo “altromantisch” para composições da Idade Média, e “neuromantisch” para
autores da Renascença. A distinção tipológica propriamente dita, que delimitava
o romântico em contraste ao clássico, se iniciou com autores como Herder e
Schiller, mas foi formulada principalmente com os irmãos Schlegel, que expandiram
o romantismo como tendência de espírito para além da categoria histórica.
Friedrich
Schlegel (1772-1829) foi o mais influente teórico da arte romântica, avançando
uma agenda literária que buscava dar ao romantismo um caráter universal e
progressivo. Com o termo “poesia romântica”, é provável que se referisse a
todas as artes, não apenas as literárias, e também há evidência de que nisso
incluiria a música. Ele escreveu no fragmento 116 da Athenaeum: - “A
poesia romântica é uma poesia progressiva e universal. Seu objetivo não é
apenas reunir todas as espécies separadas de poesia e colocar a poesia em
contato com a filosofia e a retórica. Ela tenta e deve misturar e fundir poesia
e prosa, inspiração e crítica, a poesia da arte e a poesia da natureza (...).
Outras poesias estão acabadas e já podem ser plenamente analisadas. A poesia
romântica ainda está em estado de devir, essa é, de fato, a sua verdadeira
essência: que deva estar sempre se tornando e nunca se encontra perfeita. Não
pode ser esgotada por nenhuma teoria e apenas uma crítica divinatória ousaria
tentar caracterizar seu aspecto idealmente. Só ela é infinita, como só ela é
livre”. Em 1797, havia escrito ao seu irmão August: - “Mal posso enviar-lhe a
minha explicação da palavra romântico porque ocuparia 125 páginas! Em sua obra
pré-romântica Schlegel criticava literariamente o caráter formal de “desencantamento do mundo” que sucedeu
com a racionalidade da cultura moderna, porém, reconsiderou que essa
racionalidade possibilitava a “criação memorável”, de uma nova literatura e de
um olhar espetacular que considerasse o mistério, a magia e o encantamento da natureza
humana.
As características modernas como a fragmentação e o estar inacabado evocavam, segundo ele, um anseio constante por uma infinitude; para ele, a literatura romântica tem como marca principal a ironia, que, sinuosa ao provocar tensões e oscilações, aponta ao “senso de infinito” e ao desconhecido. Isso leva a poesia romântica a ser “fiel aos fatos e verdadeiro no reino do visível e cheia de significado secreto e relação com o invisível”. Em um fragmento, afirma que o texto romântico deve “tentar (...) encantar a mente”. Friedrich escreveu depois em seu ensaio de 1800 Gespräch über die Poesie (em português “Diálogo sobre Poesia”): “Procuro e encontro o romântico entre os modernos mais antigos, em Shakespeare, em Cervantes, na poesia italiana, naquela era de cavalaria, amor e fábula, do qual deriva o fenômeno e a própria palavra”. August Wilhelm Schlegel (1767-1845) tentou demonstrar que havia um tipo caracteristicamente moderno de poesia que não era influenciada pela Antiguidade. Ele descrevia a poesia romântica como universal, imutável e imortal, e que uma característica definidora era seu apelo ao cristianismo ao invés de uma orientação à mitologia clássica. August foi nisso muito influente e realizou palestras públicas entre 1798 e 1808, afirmando a existência de um discurso ou cultura romântica. Seu conceito de “moderno” abrangia desde autores da Idade Média como Dante Alighieri e Francesco Petrarca, até aos mais modernos em sentido estrito, incluindo William Shakespeare, Milton, Jean-Jacques Rousseau e Johann Wolfgang Goethe. O romantismo foi delimitado por ele com uma relação de contraste, e, por defender o “potencial coesivo” do cristianismo, acabou por infundir um teor psicológico e espiritual à estética romântica, de anseio pelo infinito.
Muitos ideais românticos infinitamente foram articulados pela primeira vez por pensadores alemães no movimento Sturm und Drang, que elevou a intuição e o sentimentalismo acima do racionalismo iluminista. Os acontecimentos e ideologias da Revolução Francesa também tiveram influência direta no movimento; muitos dos primeiros românticos em toda a Europa simpatizaram com os ideais e conquistas dos revolucionários franceses. O romantismo celebrou as conquistas de indivíduos heroicos, especialmente artistas, que começaram a ser representados como líderes culturais, como um luminar romântico, Percy Bysshe Shelley, descreveu os poetas como os “legisladores não reconhecidos do mundo” em sua “Defesa da Poesia”. O romantismo também priorizou a imaginação única e individualmente do artista acima das restrições da forma clássica. Na segunda metade do século XIX, o realismo surgiu como uma resposta ao romantismo e foi, de certa forma, uma reação contra ele. O romantismo sofreu um declínio geral durante este período, visto que foi ofuscado por novos movimentos culturais, sociais e políticos, muitos deles hostis às ilusões e preocupações percebidas dos românticos. Teve um impacto duradouro na civilização ocidental, e muitos artistas e pensadores românticos, neorromânticos e pós-românticos criaram as suas obras mais duradouras após o fim da Era Romântica como tal.
Segundo a magnanimidade de Michael Löwy (2014: 45-46),
os pessimistas culturais e críticos românticos da modernidade dividem-se em
geral em dois polos: os “passadistas”, ou tradicionalistas, que sonham com um
retorno ao paraíso pré-capitalista; e os utopistas, que investem a nostalgia do
passado num projeto de futuro. Max Weber tinha simpatia por ambos, tanto por
Stepan George, poeta lírico do glorioso passado germânico, quanto Geörgy
Lukács, o judeu revolucionário (futuro comunista) -, mas também mantinha certa
distância crítica. Na verdade, ele próprio e vários de seus amigos sociólogos
pertenciam a outra categoria: a dos românticos resignados, isto é, os
que não acreditavam na possibilidade de restauração dos valores pré-modernos, e
muito menos em uma utopia futura. O romantismo resignado desenvolveu-se na
Alemanha sobretudo a partir do século XIX, quando o processo de
industrialização capitalista do país parecia irreversível; consequentemente, a
modernidade capitalista teve de ser aceita como fatalidade, um destino inexorável.
Sem abandonar suas críticas a essa civilização, em geral muito profundas e
mordazes, o sociólogo de Heidelberg pregou uma “resignação heroica”, a negação
de qualquer ilusão e aceitação do destino moderno. Segundo Raymond Aron, a
filosofia da história de Weber “evita o desespero somente por uma espécie de
heroísmo ascético, o homem não é reconciliado nem com seu meio nem com ele
mesmo”. Como Thomas Mann – que é próximo dele por diversos aspectos – Weber
encontra inspiração para seu pessimismo cultural na filosofia de Nietzsche. É
evidente que os dois pensadores são radicais distintos, observa Fritz
Stern, “por seu estilo e pelo caráter universitário de seu projeto, Max Weber
estava do lado oposto de Nietzsche”.
Por outro lado, a reflexividade, embora compreendida de maneiras muito distintas, é um dos temas mais importantes para a prolongada discussão sobre modernidade versus pós-modernidade que se tornou cansativa e, assim como muitas discussões desse tipo, acabou resultando pouco produtiva. Entretanto, a ideia de “modernização reflexiva”, independente da usabilidade ou não esse termo como tal, rompe as amarras em que essas discussões tenderam a manter a inovação conceitual. A noção de destradicionalização, entendida de modo adequado, é um segundo tema comum. Mas falar atualmente, em destradicionalização parece, de início, estranho, sobretudo em razão da ênfase que algumas formas do pensamento pós-moderno colocam no retorno à tradição. Entretanto, falar de destradicionalização não significa falar de uma sociedade “sem tradições” – longe disso. Ao contrário, o conceito refere-se a uma ordem social em que a tradição muda seu status. Em um contexto de cosmopolitanismo global, as tradições precisam se defender, pois estão quase sempre sendo contestadas. É de particular importância, neste aspecto, o fato de o “substrato oculto” da modernidade, envolvendo tradições que afetam os gêneros, a família, as comunidades locais e outros aspectos da vida social cotidiana, ter ficado exposto e submetido à discussão pública. As implicações são profundas e ao mesmo tempo de âmbito mundializado. Um terceiro enfoque, segundo os autores, é uma preocupação com questões ecológicas. Concordamos que as questões ecológicas não podem ser simplesmente reduzidas a uma preocupação com o ambiente.
Os paradoxos do conhecimento humano
que alimentaram as visões pós-modernas – em que eles estão com frequência
relacionados à morte da epistemologia – podem ser agora compreendidos em termos
mais mundanos, sociológicos. Hoje em dia, os mundos social e natural estão
totalmente influenciados pelo conhecimento humano reflexivo; mas isso não
conduz a uma situação que nos permita ser, coletivamente, os donos do nosso
destino. Muito ao contrário: o futuro se parece cada vez menos com o passado e,
em alguns aspectos básicos, tem se tornado muito ameaçador. Como espécie não temos mais uma sobrevivência
garantida, mesmo a curto prazo – e isto é uma consequência de nossos próprios
atos, como coletividade humana. A noção de “risco” é fundamental para a cultura
moderna justamente porque grande parte do nosso pensamento tem de ser do tipo
“como se”. Em muitos aspectos de nossas vidas, tanto individual quanto
coletivamente, temos de construir regularmente futuros potenciais, na vida cotidiana, sabendo que essa
mesma construção social pode, na verdade, impedir que eles venham a acontecer. Novas
áreas de imprevisibilidade humana são muito frequentemente criadas pelas próprias
tentativas que buscam certamente poder por isso controlá-las.
Nessas circunstâncias sociais ocorrem transições importantes na vida cotidiana, tanto no caráter da organização social quanto na estruturação dos sistemas globais. As tendências para a intensificação da globalização interagem com – e são causa de – mudanças na vida cotidiana. No presente, muitas mudanças ou tomadas de decisão políticas de muita influência sobre nossas vidas não derivam da esfera ortodoxa da tomada de decisão: o sistema político formal. Ao contrário elas moldam ajudam a redefinir o caráter da ordem política ortodoxa. Consequências políticas práticas fluem da análise dessas questões. Nossos vários diagnósticos do que poderiam ser essas ramificações políticas diferem entre si. Entretanto, todos nós negamos a paralisia da vontade política que aparece na obra de tantos autores que, após a dissolução do socialismo, acreditam não haver mais lugar para programas políticos ativos. O que ocorre é mais ou menos o contrário. O mundo da reflexividade, em que a interrogação das formas torna lugar comum, é um que em muitos casos estimula a crítica ativa.
O Lago Tahoe é um grande lago de água doce situado nas montanhas da Serra Nevada dos Estados Unidos da América. Situado a uma altitude de 1897 metros, localiza-se na fronteira entre os estados de Califórnia e Nevada, a Oeste de Carson City. O lago Tahoe é o maior lago alpino da América do Norte, e sua profundidade é de 501 metros, o que faz dele o segundo lago mais profundo do país, atrás apenas do lago Crater, em Oregon. Historicamente o lago foi formado há cerca de dois milhões de anos e faz parte da Bacia do Lago Tahoe; seu desenho atualmente foi formado durante a última Era do Gelo. É reconhecido pela beleza natural de transparência de suas águas e pelo panorama formado pelas montanhas que o cercam de todos os lados. A área em torno do lago é reconhecida como Lake Tahoe ou simplesmente Tahoe. O lago representa uma das principais atrações turísticas dos estados da Califórnia e Nevada. Nele se encontram inúmeros estações de esqui, atrações turísticas e locais para recreação ao ar livre no verão. A neve e o esqui são os principais atrativos para a economia e a reputação. O lado do lago situado em Nevada tem grandes cassinos. Diversas rodovias permitem o acesso o ano todo, ligando a cidade a Reno, Carson City e Sacramento.
O escopo principal da League to Save Lake Tahoe é restaurar a famosa clareza do Lago Tahoe. Quando a transparência de sua água foi medida pela primeira vez pelo Tahoe Research Group no final da década de 1960, era possível ver a profundidades de mais de 100 pés. Mas o Lago Tahoe está perdendo sua clareza a uma taxa de mais de um pé por ano devido ao aumento de sedimentos finos na água e ao crescimento não natural de algas. Em 2005, o nível médio de clareza era de 72,4 pés. Os principais nutrientes que alimentam o crescimento de algas, nitrogênio, fósforo e sedimentos finos estão entrando no lago em uma taxa não natural devido à erosão excessiva, à destruição de pântanos, aos altos níveis de desenvolvimento, ao escoamento urbano e à poluição do ar. O consenso entre os cientistas é que temos um tempo limitado para parar ou reverter a perda de clareza do Lago Tahoe. Se não agirmos imediatamente, a água do Lago Tahoe pode ficar verde e turva. Como eles afirmam em defesa ecológica: por mais de 45 anos, a League tem sido uma defensora de medidas sociais e comportamentais fortes para proteger ecologicamente o lago. Apoiamos soluções - afirmam eles - como o desenvolvimento de um sistema de transporte público eficaz, a restauração de pântanos e riachos naturais, a implementação de medidas fortes de controle de erosão e a regulamentação da taxa de desenvolvimento. Além disso, trabalhamos para educar moradores e visitantes sobre oportunidades de agir e ajudar a restaurar o meio ambiente.
Samuel Langhorne Clemens nasceu na Florida, Missouri, em 30 de novembro de 1835 e faleceu em Redding, Connecticut, em 21 de abril de 1910, mais reconhecido pelo pseudônimo Mark Twain, foi um escritor e humorista estadunidense crítico do racismo. É também mais conhecido pelos romances The Adventures of Tom Sawyer (“As aventuras de Tom Sawyer”,1876) e sua sequência Adventures of Huckleberry Finn (1885), este último frequentemente chamado de “O Maior Romance Americano”. Twain cresceu em Hannibal, Missouri, que mais tarde serviria de inspiração e cenário para inglês sankanka, Huckleberry Finn e Tom Sawyer. Após trabalhar como tipógrafo em diversas cidades, ajudou Orion, seu irmão mais velho, na administração de um jornal. Na ocasião, exerceu diferentes funções, como impressor, tipógrafo e colunista. Tornou-se em seguida piloto de barcos a vela no Rio Mississippi, antes de se dirigir ao Oeste para juntar-se a Orion em diligências a serviço do governo. A jornada de trabalho com o irmão terminou quando decidiu trabalhar como mineiro na extração de prata. Frustrado em mais esse intento, experimentou posteriormente carreira no jornalismo. Enquanto repórter, escreveu o conto humorístico The Celebrated Jumping Frog of Calaveras County (1865), que alcançou imensa popularidade e atraiu para seu autor atenção nacionalmente. Seus diários de viagem, lançados depois, também foram um sucesso. Mark Twain encontrara satisfatoriamentre sua aptidão.
Ele obteve grande êxito como escritor e palestrante. Seu raciocínio perspicaz e suas sátiras incisivas renderam-lhe a admiração de seus pares e o enaltecimento dos críticos, e Twain manteve boas relações com presidentes, artistas, industriais e a realeza europeia. Ele foi laureado como o “maior humorista americano de sua época”, sendo definido por William Faulkner (1897-1962) como o “pai da literatura americana”. Apesar disso, faltava-lhe perspicácia financeira. As somas consideráveis que amealhou com seus escritos e palestras foram desperdiçadas em diversos empreendimentos, em particular o Paige Compositor, o que acabou por forçá-lo a declarar falência. Com a ajuda de Henry Huttleston Rogers, no entanto, Twain superou seus problemas financeiros. Ele trabalhou arduamente para certificar-se de que todos os seus credores fossem pagos, mesmo que a condição de falido o isentasse da responsabilidade legal. Nascido durante uma das passagens do famoso Cometa Halley, Twain morreu 74 anos depois, pouco depois do astro voltar a se aproximar da Terra. – “Será a maior decepção da minha vida se eu não for embora com o cometa” (1909) - “O Todo-Poderoso disse, indubitavelmente: cá estão esses dois inexplicáveis fenômenos; eles chegaram juntos, e devem partir juntos”.
William Cuthbert Faulkner foi um escritor norte-americano, considerado um dos maiores romancistas do século XX. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura de 1949. Posteriormente, ganhou o National Book Awards em 1951, por Collected Stories e em 1955, pelo romance Uma Fábula. Foi vencedor de dois prêmios Pulitzer de Ficção, o primeiro em 1955 por Uma Fábula e o segundo em 1962 por Os Desgarrados. Utilizando a técnica de interpretação do “fluxo de consciência”, consagrada por James Joyce, Virginia Woolf, Marcel Proust e Thomas Mann, Faulkner narrou a decadência do Sul dos Estados Unidos, interiorizando-a em seus personagens, a maioria deles vivendo situações desesperadoras no condado imaginário de Yoknapatawpha. Por muitas vezes descrever múltiplos pontos de vista e não raro, simultaneamente, e impor bruscas mudanças de tempo narrativo, a obra faulkneriana é tida como extremamente complexa e desafiadora. Faulkner nasceu trinta anos após o Sul dos Estados Unidos da América ter sido derrotado na extraordinária Guerra da Secessão. Antes, toda a região apresentava uma rígida estrutura socialmente, construída sob a supremacia dos supremacistas brancos de origem inglesa e de religião protestante; assim sendo, a tradição puritana e colonial marcou-o em todos seus aspectos econômicos, políticos e religiosos.
Em 1861, com a Guerra da Secessão, desmorona todo um universo familiar a negros e brancos. Durante quatro anos, o Sul é devastado, desfazem-se a delicadeza e as maneiras gentis e instaura-se a degeneração moral e física dos chamados “poor white” (“brancos pobres”) e das famílias arruinadas pela abolição. Faulkner cresceu em meio a esse ambiente, que se refletiu marcadamente em sua obra. Não tentou escrever nem reproduzir a situação do sul decadente. Ao contrário, procurou refazê-la, reconstruí-la. Através de uma incansável reconstituição de fatos e pessoas, trabalhou em busca das raízes profundas. Faulkner descendia de antiga e ilustre família sulista à qual pertencem diversos políticos. Seu avô, William C. Falkner (o u foi acrescentado pelo escritor) foi herói da guerra civil americana, construiu uma linha de estrada de ferro e foi morto depois de sair vencedor de uma eleição local. É retratado pelo autor como o velho Coronel Sartoris do romance Sartoris (1929) e em várias novelas. Também seu avô, banqueiro, e seu pai, comerciante, são transformados em personagens em algumas novelas e em Os Desgarrados. Faulkner abandonou os estudos para trabalhar no banco do avô. Propenso à melancolia e à solidão, escrevia poemas, lia e tentava pintar, era amigo de Phil Stone, advogado que tinha relações com os jovens escritores T. S. Eliot, Robert Frost, Ezra Pound e Sherwood Anderson. Por medir somente 1, 65 metros de altura, Faulkner foi recusado pelo serviço militar americano e acabou por alistar-se na Força Aérea canadense, mas não chegou a participar da Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918 na Europa.
Autores
notaram a extrema confusão que reina na demasiado rica terminologia do
imaginário: signos, imagens, símbolos, alegorias, emblemas, arquétipos,
esquemas (schémas), esquemas (schèmes), ilustrações,
representações, diagramas e sinepsias são termos empregados pelos analistas do
imaginário social. O esquema é uma generalização dinâmica e afetiva da imagem,
constitui a factividade e a não-substantividade geral do parcours imaginário. O
esquema aparenta-se ao que Jean Piaget, na esteira de Herbert Silberer, chama
“símbolo funcional” e ao que Gaston Bachelard na filosofia chama de “símbolo
motor”. Faz a junção ente dos gestos inconscientes da sensório-motricidade,
entre as dominantes reflexas e as representações. São esses esquemas que na
antropologia do imaginário formam o “esqueleto dinâmico”, o esboço funcional da
imaginação. A diferença entre os gestos reflexológicos que Gilbert Durand (descreve
analogamente e os esquemas é que estes últimos já não são apenas abstratos
engramas teóricos, mas trajetos encarnados em representações concretas bem mais
precisas. Os gestos diferenciados em esquemas vão determinar, em contato com o
ambiente naturalmente e social, os grandes arquétipos que Jung os definiu. Os
arquétipos ou constituem as substantificações dos esquemas. Carl Jung vai
buscar esta noção em Jakob Burckhardt e faz dela sinônimo de origem primordialmente,
de enagrama, de margem originalmente, de protótipo social.
O pensador evidencia claramente o caráter de trajeto antropológico dos arquétipos quando escreve que a imagem primordial deve incontestavelmente estar em relação com certos processos perceptíveis da natureza que se reproduzem sem cessar e são sempre ativos, mas por outro lado é igualmente indubitável que ela diz respeito também a certas condições inferiores da vida do espírito e da dinâmica da vida em geral. Bem longe de ter a primazia sobre a imagem, a ideia seria tão-somente o comprometimento pragmático do arquétipo imaginário num contexto histórico e epistemológico dado. Neste sentido, o mito representa um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema tende a compor uma narrativa. O mito é já um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em ideias culturais. O mito explicita um esquema ou um grupo de esquemas. Do modo que o arquétipo promovia a ideia, o símbolo o nome, concordamos com Durand que o mito promove a doutrina religiosa, o sistema filosófico ou, como bem anteviu Émile Bréhier, a “narrativa histórica e lendária”. Foi este princípio, que Carl Jung sentiu abrangido por seus conceitos de “Arquétipo” e “Inconsciente coletivo”, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares tanto em física quanto em psicologia. Ocorre que a sincronicidade se manifesta às vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos os casos são violados princípios associados ao paradigma cientificamente vigente.
As leis naturais são verdades estatísticas, absolutamente válidas ante magnitudes macrofísicas, mas não microfísicas. Isto implica um princípio de explicação diferente do causal. Cabe a indagação metodológica se em termos muito gerais existem não somente uma possibilidade senão uma realidade de acontecimentos acausais. A acausalidade como representação socialmente é esperável quando parece impensável a causalidade. Ante a casualidade só resulta viável a avaliação numérica ou o método estatístico. As agrupações ou séries de casualidades hão de ser consideradas casuais enquanto não se ultrapasse os limites de “observação da probabilidade”. A probabilidade representa sempre um número decimal entre 0 e 1, ou uma porcentagem entre 0% e 100%. Se ultrapassado, implica-se um princípio acausal ou “conexão transversal de sentido” na compreensão do evento. Depois de servir o exército na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), fez doutorado pela Universidade Harvard em 1954, tornando-se per se instrutor na mesma instituição; depois de alguns anos, obteve o título de professor. Kissinger foi conselheiro de relações exteriores de todos os presidentes dos Estados Unidos, de Eisenhower a Gerald Ford, sendo Secretário de Estado dos Estados Unidos, isto é, o cargo equivalente ao de Ministro das Relações Exteriores, no Brasil, e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em Portugal, conselheiro leal de Richard Nixon.
Depois
de passar – mutatis mutandis - um ano na Universidade do Mississippi, em
Oxford, onde estudou inglês, francês e espanhol, Faulkner foi trabalhar em uma
livraria em Nova York. Logo estava de volta a Oxford, onde exerceu as
profissões de carpinteiro, pintor de paredes e chefe dos Correios e publicou
seu primeiro livro, a coletânea de poemas The Marble Faun (1924). No ano
seguinte, partiu para Nova Orleans, uma cidade na Louisiana, onde conheceu
Sherwood Anderson (1876-1941), a única influência literária que ele admite ter obtido.
Escreveu artigos para jornais e revistas e publicou o primeiro romance, Paga
de Soldado (1926). Tendo se estabelecido definitivamente em Oxford,
Faulkner casou-se com Estela Oldham em 1929 e publicou Sartoris, a
primeira obra passada no mítico Condado de Yoknapatawpha, cenário da
maior parte de suas obras subsequentes. Sartoris é um romance escrito por
William Faulkner publicado em 1929. O livro retrata o declínio da aristocracia
de Mississipi em virtude da Guerra de Secessão. A edição de 1929 é uma versão
abreviada dos escritos originais de Faulkner. O texto completo, portanto, foi
publicado em 1972, sob o título de Flags in the Dust. William Clark
Faulkner, bisavô de Faulkner, serviu como modelo para o personagem
Colonel John Sartoris. Faulkner, além disso, desenvolveu os demais com base nas
pessoas que moravam na sua cidade natal, em Oxford. Seu amigo Ben Wasson foi
representado por Horace Benbow, enquanto o irmão de Faulkner, Murry, foi a
inspiração para a versão de jovem de Bayard Sartoris. Nos anos seguintes
publicou seus principais livros, aqueles com os quais receberia, lentamente, o
respeito da crítica, mas não o favorecimento dos leitores: de toda sua
produção, somente Santuário (1931) e Os Desgarrados foram sucesso comunicativo de público.
Passou a intercalar períodos de recolhimento com outros em Hollywood, com quem sempre teve uma relação conturbada, mas a quem recorria quando precisava de dinheiro. Lá trabalhou como roteirista, habitualmente com Howard Hawks. Comprou uma fazenda com o que ganhou no cinema, em 1936, mas passava o tempo caçando, pescando e ouvindo as lendas dos humildes de sua terra. Viajou pelo Japão, França e Filipinas, participando de Encontros de escritores ou dando palestras. Foi nomeado Escritor Residente da Universidade de Virgínia, onde passou a viver parte do ano. Em 1950, enquanto arava a terra, recebeu a notícia de que ganhara o Prêmio Nobel referente ao ano anterior. Eterno tímido, costumava dizer que preferia a companhia de seus amigos caçadores e da gente simples de sua fazenda ao brilho das rodas literárias. Tornara-se escritor movido por uma extraordinária “força interior”, ou, “capacidade de potência” que lhe proporcionava, nos melhores momentos, alçar-se à altura de seus autores prediletos: James Joyce, Cervantes, Herman Melville, Honoré de Balzac, Charles Dickens, Fiódor Dostoievsky, Leon Tolstói, Thomas Mann, Gustave Flaubert, Joseph Conrad, Goethe e os poetas românticos ingleses. Afirmava que não saía de casa sem levar William Shakespeare, em um bolso religiosamente o Antigo Testamento, em outro. Faulkner faleceu de complicações cardíacas em 6 de julho de 1962, felizmente logo depois de poder lançar seu derradeiro romance “Os Desgarrados”.
Martin Seymour-Smith, em seu volumoso ensaio: “Os 100 Livros que Mais Influenciaram a Humanidade” (2004), lembra que seu propósito não oferece ao leitor a lista dos cem amis famosos, mais emocionantes, melhores ou mesmo maiores textos já escritos. E se pergunta: O que realmente pretendemos dizer com esse termo quando o usamos? Ele é aceito facilmente e com muita boa vontade (especialmente por acadêmicos, aparentemente de sangue frio, mas, na verdade, sentimentais, que deveriam ter maior rigor), mas não será francamente uma questão mais genérica? Ou seja: grande não será aquilo que me emociona e que me agrada? Não será aquilo que eu acho melhor e maior? Não será um modo de a pessoa contida liberar sentimentos, cuja crua rudeza o intelecto não admite possuir? Vale a pena criar toda uma nova categoria de significado para definir esse vago e incômodo conceito de grandeza de um modo mais preciso? Segundo o princípio do filósofo inglês William of Ockham (1285-1347) de que entidades não devem ser multiplicadas – de que não devemos criar complicações desnecessárias, introduzindo hipóteses sem as quais podemos passar muito bem – evidentemente não vale a pena. Há, é claro, aqueles que definem grandeza como o que é mais influente, mas não se pode dizer que seja um pensamento largamente disseminado. Isto é, para ele, alguns pensadores da maior envergadura nem sequer queriam influenciar ou, pelo menos no início, não procediam como se esta fosse a sua intenção. Queriam, isso sim, expressar a verdade do modo como ela se apresentava a eles e pouco se importavam com a sua influência.
Na
Grã-Bretanha, comparativamente, esse método chama-se por vezes de blairismo,
mas não é essencialmente diverso do que nunca foi chamado de majorismo,
mas já foi classificado como toryismo, socialismo, thatcherismo,
e assim por diante. As pequenas diferenças de ênfase hic et nunc
realmente não importam muito. Talvez ser trate apenas do mero espírito da
personagem de Franz Kafka, José F, que morre nas mãos dos assassinos munidos de
facas. Mas há sempre um bocado de intimação religiosa para suportar esse novo
conceito de quer tudo é-sempre-realmente-para-o-melhor. O pensador
norte-americano Noam Chomsky, que pode ser visto à parte de toda essa
beneficência, não procura tal suporte, não importando quais sejam seus
sentimentos em relação a Deus. Mas, para as pessoas de direita, Deus está
sempre ali, pelo menos, oficialmente.
Quanto ao Deus verdadeiro, sua influência, como tentei demonstrar de
forma polêmica, sem dúvida, persiste no que podemos chamar de linhas de
pensamento gnóstica e anarquista, desde o Evangelho da Verdade, passando
de Wiliam Godwin, Henry Thoreau, Jean-Paul Sartre até Martin Buber e o próprio
Noam Chomsky. Estre livro também não é
uma lista de obras-primas literárias, embora muitos dos textos incluídos (como A
República, de Platão), possam posam ser assim classificados. Outros não
podem, como O Capital, por exemplo. Embora o livro de Marx seja uma obra
importante e excessivamente criticada pelo que fizeram com sua teoria, na
prática trata-se de uma obra, em sua maior parte, notoriamente ilegível. Quando
sabemos de alguém que realmente gostou de todo o texto, sabemos também que
estamos diante de uma obsessão que pouco tem a ver com o livro.
Enfim, a obra de Faulkner forneceu o roteiro
para vários filmes. Destes, pelo menos O Mercador de Almas (1958)
tornou-se um clássico, graças ao diretor Martin Ritt e ao elenco, encabeçado pelo
talento de Paul Newman, Joanne Woodward e Orson Welles. No entanto, deu-se
também o caminho inverso: a partir da década de 1930, sempre que precisava de
dinheiro, Faulkner partia para Hollywood ajudando na elaboração de roteiros,
geralmente para filmes de Howard Hawks (1896-1977), um renomado cineasta,
produtor e escritor da Era
clássica do cinema de Hollywood (1920-1960). Vencedor de um prêmio Oscar
pelo conjunto temático da obra e eleito o quarto maior diretor do cinema
mundial pela Entertainment Weekly, Hawks ficou reconhecido por sua
versatilidade e qualidade como realizador, tendo sido autor de comédias,
dramas, westerns e épicos altamente aclamados. Fez 42 filmes, mas jamais ganhou
um Oscar de melhor diretor. Antes de estrear na direção cênica em 1942 com “O
Caminho da Glória (1942)”, foi um trabalhador motivado pela sociedade de
“encaixe” como motorista de caminhão, piloto, ascensorista, montador de
películas e roteirista. Tinha tendência para inventar histórias sobre o “negócio”
cinematográfico, como é de conhecimento da esfera da economia, envolve o setor
da produção, distribuição e exibição de filmes, além de outros conteúdos
audiovisuais, de forma a inflacionar as próprias contribuições na Sétima Arte.
Uma destas histórias sustentava que, em conversa com Ernest Hemingway (1899-1921),
lhe tinha dito que conseguiria fazer um bom filme com o pior que ele alguma vez
tivesse escrito.
O
escritor terá desafiado Hawks a realizar um filme baseado em To Have and
Have Not (Ter ou não ter) - um dos grandes clássicos de Hawks. Ele morreu
aos 81 anos em virtude de uma violenta queda sofrida em sua própria casa. Pelas
suas contribuições para a indústria cinematográfica, Howard Hawks tem a sua
estrela no passeio da fama em 1708 Vine Street. Foi um dos cineastas juntamente
com D.W. Griffith, Charles Chaplin, Satyajit Ray e Vincente Minnelli, a serem
homenageados por Jean-Luc Godard em O Desprezo (1963). Alguns deles ainda
hoje são reverenciados pela crítica, como: À Beira do Abismo (2011) e Uma
Aventura na Martinica (1944). O primeiro é baseado no romance do mesmo
nome, assinado por Raymond Chandler, e o segundo em Ter e Não Ter (1937),
de Ernest Hemingway. Da convivência de Faulkner com o cinema resultaram várias
anedotas, entre elas a que diz que, ao ser apresentado a William Clark Gable,
na época o indiscutível “Rei de Hollywood”. Ele teve papéis em mais de 60
filmes de variados gêneros durante uma carreira que durou 37 anos, três décadas
dos quais atuou como protagonista. Ipso facto, teria perguntado: - “Muito
bem, Sr. Faulkner, o que o senhor faz para viver?”. Ao que o escritor teria
respondido: “Eu escrevo romances. E o senhor?”. Os agentes humanos monitoram os
contextos e locais e regionais de interação social, tendo em vista sua reprodutibilidade
técnica, mantendo, assim, as práticas e atividades sociais estabilizadas,
ao mesmo tempo em que contribuem para reprodução dessas mesmas atividades. Paul
Javal (Michel Piccoli) é um roteirista que vai para Roma trabalhar numa
adaptação de Odisseia, de Homero, que o diretor Fritz Lang está rodando
na cidade. É um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga, atribuídos
a Homero. É uma sequência da Ilíada, outra obra creditada ao autor, e é um
poema fundamental no cânone ocidental. Historicamente, é a segunda obra da
literatura ocidental, a primeira sendo a própria Ilíada. A Odisseia, assim como
a Ilíada, é um poema elaborado ao longo de séculos de tradição oral, tendo tido
sua forma fixada por escrito, provavelmente no fim do século VIII a. C.
A
linguagem homérica combina dialetos diferentes, inclusive com reminiscências
antigas do idioma grego, resultando, por isso, numa língua artificialmente,
porém compreendida. Composto em hexâmetro dactílico era cantado pelo aedo
(cantor), que também tocava, acompanhando, a cítara ou fórminx, como consta na
própria Odisseia (canto VIII, versos 43-92) e também na Ilíada (canto
IX, versos 187-190). O poema relata etnograficamente o regresso de Odisseu, ou
Ulisses, como representava no mito romano, herói da Guerra de Troia e
protagonista que dá nome à obra. Como se diz na proposição, é a história do
“herói de mil estratagemas que tanto vagueou, depois de ter destruído a
cidadela sagrada, que viu cidades e reconheceu costumes de muitos homens e que
no mar padeceu mil tormentos, quanto lutava pela vida e pelo regresso dos seus
companheiros”. Odisseu leva dez anos para chegar à sua terra natal, Ítaca,
depois da Guerra de Troia, que também havia durado longos dez anos. Paul
é casado com a bela Camille (Bardot) que constantemente fica a pressionando a
aceitar uma carona do produtor do filme, Jeremy Prokosch. Durante uma longa
cena doméstica, Camille fala de seu desprezo pelo marido. O rompimento da
relação acontece em Capri, onde são realizadas as externas do filme. O
Desprezo é um filme franco-italiano de 1963, do gênero drama, dirigido por
Jean-Luc Godard, com roteiro inspirado na novela Il Disprezzo, do escritor
Alberto Moravia e estrelado por Brigitte Bardot. Aclamado pela crítica e
considerado um dos melhores filmes de Godard e da nouvelle vague, o
filme foi produzido por Carlo Ponti. O cineasta alemão Fritz Lang tem uma
participação especial como ele mesmo. No Brasil, numa combinação cinematográfica de mercado voltou a ser exibido nos
cinemas em novembro de 2023 na programação do Festival Varilux.
Bibliografia
Geral Consultada.
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